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Aula 01. Aula 10 Semântica, Coerência. Linguagem. P/ PRF Prof. José Maria C. Torres. 1 de Prof. José Maria Aula 00

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Prof. José Maria

Aula 00

DIREÇÃO FINAL – Língua Portuguesa p/ PRF em 2 aulas

Aula 01

DIREÇÃO FINAL – LÍNGUA PORTUGUESA P/ PRF

Prof. José Maria C. Torres

Aula 10 – Semântica, Coerência Lógica, Figuras e Funções de Linguagem

Língua Portuguesa p/ TCU

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Língua Portuguesa para TCU Prof. José Maria

Aula 10

Olá, meus amigos!

Esta aula contemplará os seguintes tópicos do edital:

3 A linguagem e a lógica. 5 A pragmática na linguagem: o significado contextual. 6 A semântica vocabular:

antônimos, sinônimos, homônimos, parônimos e heterônimos. 9 A linguagem lógica e a figurada. 12 As funções da linguagem.

Resumidamente, vamos abordar Semântica, Figuras e Funções de Linguagem. Peço que vocês privilegiem os exercícios, para que esses conteúdos sejam mais facilmente assimiláveis.

É a reta final, moçada! Não vamos fraquejar justamente agora, hein?

Vamos que vamos!

Uma excelente aula a todos! Bom proveito!

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Aula 10

Sumário

SUMÁRIO ... 3

SEMÂNTICA – SIGNIFICAÇÃO DE PALAVRAS ... 4

Sinonímia e Antonímia ... 4

Polissemia ... 7

Significação Contextual ... 7

Significação literal x não literal ... 9

Efeito de Sentido ... 9

Pressupostos ... 9

Subentendidos ... 10

Compatibilidade e Incompatibilidade Semântica ... 10

Hipônimos e Hiperônimos ... 11

A LINGUAGEM E A LÓGICA ... 12

INCOERÊNCIA EXTERNA ... 14

INCOERÊNCIA INTERNA ... 14

FIGURAS DE LINGUAGEM ... 15

Figuras de Palavras ... 15

Figuras de Pensamento ... 20

Figuras de Estilo ou Construção ... 24

FUNÇÕES DE LINGUAGEM ... 30

QUESTÕES COMENTADAS ... 38

LISTA DE QUESTÕES ... 96

GABARITO ...134

RESUMO DIRECIONADO ... 135

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Aula 10

Semântica – Significação de Palavras

A SEMÂNTICA é a seção que se ocupa do estudo da SIGNIFICAÇÃO em geral, em frases inteiras, palavras e até em segmentos menores do que as palavras, como os prefixos e os sufixos.

No estudo da significação, é essencial que façamos a distinção entre SIGNIFICADO e SENTIDO. O primeiro está associado ao sentido “dicionarizado”, ou seja, o sentido inicial, primário; já o segundo está associado a um sentido ampliado, além do “dicionarizado”.

Como exemplo, podemos citar

nosso mascote, o GAVIÃO. Trata-se de ave de rapina famosa por sua precisão na captura de suas presas. Ao o escolhermos como símbolo do Direção Concursos, quisemos imprimir ao nosso aluno as características do foco e do resultado, tão caras a essa linda ave. Assim, o aluno gavião é aquele direcionado, focado, preciso. Isso nos mostra que o sentido leva em consideração aspectos variados, como quem disse o enunciado, em que circunstâncias, com que objetivo.

Vamos enumerar alguns conceitos fundamentais de Semântica, presentes nos enunciados das questões da FGV. É interessante que vocês saibam manejar bem esses conceitos, compreendendo a definição de cada um e, principalmente, sua aplicabilidade. Vejamos:

Sinonímia e Antonímia

A relação de sinonímia ocorre quando palavras possuem significado equivalente, ao passo que a de antonímia ocorre quando as palavras possuem significados opostos, excludentes.

É muito importante mencionar que mesmo significado não implica necessariamente mesmo sentido.

Como assim, professor?

Observem as seguintes frases:

I - José pagou-me um jantar.

II - José pagou-me uma janta.

Moçada, os vocábulos jantar e janta são sinônimos. Ambos possuem o mesmo significado. A palavra

“janta”, porém, por ser palavra mais popular, contribui para criar um efeito de sentido menos solene, mais vulgar que jantar - termo mais prestigiado. Chegar para o pai da moça e dizer “Quero convidar sua filha para uma janta”

definitivamente não pega bem!

As provas de concurso estão explorando cada vez mais um repertório vocabular por parte do candidato. São muitas as questões que exploram sinonímias de palavras de uso bem incomum no cotidiano.

Professor, e como fazer para descobrir o significado de um vocábulo que não conhecemos?

Não é fácil, confesso, mas algumas estratégias podem ajudar.

A primeira delas é analisar a formação da palavra, buscando associá-la a alguma família de cognatos (palavras que compartilham da mesma raiz). Quer um exemplo?

Vamos supor que sejamos questionados acerca do significado de “celeridade”. Com um certo esforço, é possível notar que tal palavra guarda proximidade de formação com “acelerar”, “aceleração”, “célere”. Reunidas,

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formam uma família de cognatos, o que nos faz associar o significado de “celeridade” a algo que é acelerado, rápido. Resumindo: celeridade é sinônimo de rapidez.

O mesmo procedimento pode ser adotado com a palavra “irrisão”. Tal palavra guarda semelhança de formação como “irrisório”, “riso”. Reunidas, formam uma família de cognatos, o que nos faz associar o significado de “irrisão” a algo que é irrisório, que gera riso, zombaria. Resumindo: irrisão é sinônimo de desdém, zombaria.

Outra estratégia é identificar o campo semântico que engloba o vocábulo cujo significado se desconhece.

Professor, e que seria campo semântico?

Há várias definições entre os gramáticos para campo semântico, algumas até conflitantes. Vamos entender aqui o campo semântico como a reunião de palavras que guardam uma relação de sentido por se associarem a uma mesma ideia.

Como assim, professor?

Quando falamos em amor, tristeza, ódio, carinho, saudade, estamos falando de quê? De sentimentos, concordam? Tais palavras pertencem ao campo semântico de sentimentos.

Quando falamos em livros, cadernos, lápis, apontadores, compassos, esquadros, estamos falando de quê?

De materiais escolares, concordam? Tais palavras pertencem ao campo semântico de materiais escolares.

Leia o trecho a seguir:

Contra a maré

A tribo dos que preferem ficar à margem da corrida dos bits e bytes não é minguada. Mas são esses renitentes que fazem a tecnologia ficar mais fácil.

Pergunta-se qual o significado da palavra “renitentes”? Como descobrir?

O título é uma pista. Note que os renitentes, contextualmente, estão associados à figura do “contra a maré”.

Esta, por sua vez, diz respeito a ir contra uma tendência. Os renitentes, portanto, estão no mesmo campo semântico de “contra a maré”, o que nos faz entender que se trata de indivíduos teimosos, insistentes.

Mesmo usando essas estratégias, ainda assim é difícil amarrar alguns significados, o que nos força realmente a adquirir conhecimento e repertório vocabular. Não tem jeito! Minha recomendação é ir ao encontro do “pai dos burros” – o dicionário - à medida que vocês forem resolvendo exercícios de prova e se depararem com vocábulos nos textos cujo significado desconhecem.

Fiz uma lista de vocábulos eruditos, presentes nas mais recentes provas da banca FGV. Espero que essa listagem se repita na sua prova!

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OBLITERAR = destruir, eliminar,

desaparacer A avaliação moral teve como consequênciaobliterargravemente o juízo.

PALAVRA SIGNIFICADO EXEMPLO NUMA FRASE

DEMOVER = provocar renúncia Quando algo nos desagrada, não há quem consiga, nosdemoverdeste sentimento.

IRRISÃO = zombaria Nossa alma incapaz e pequenina/Mais complacências queirrisãomerece. (Mário Quintana)

RESFESTELAR = satisfazer-se Por enquanto, vou merefestelarna boa notícia.

PRÓCERES = chefes, influentes Assasssinaram o prócereda máfia italiana.

FARISAÍSMO = hipocrisia Ofarisaísmoé tão nocivo quanto o populismo para o Brasil.

INVECTIVA = insulto Só se recorre às invectivas quando faltam as provas.

LOQUAZ = falador O silêncio em certas circunstâncias das nossas vidas é a voz mais alta eloquaz.

IRRUPÇÃO = entrada súbita,

repentina A irrupçãodas mídias sociais como instrumeno de campanha revolucionou as eleições.

ESCRUTÍNIO = exame minucioso O futuro ministro passou pelo escrutíniodo Senado.

ÉGIDE = proteção Mantém-se sob a égidede seus pais o mimado jogador de futebol.

IDIOSSINCRASIA = característica

peculiar A Pátria não é capanga de idiossincrasiaspessoais.

PLATITUDE = trivialidades,

obviedades Para muitos, existe aquelaplatitude de que “os políticos são todos uns corruptos” .

INSIGNE = notório, ilustre O autor é oinsigneprofessor desta Universidade.

INCÓLUME = intacto Passamos incólumespela maior crise econômica da história.

PÉRFIDO = cruel Estávamos cercados por umpérfido grupo de vândalos.

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Polissemia

Consiste na propriedade de uma só palavra assumir mais de um sentido.

Exemplos:

Ele bateu o carro (= colidiu o carro contra algo) O sino bateu (= soou)

Os dados da pesquisa batem com as previsões (= coincidem)

Note que o verbo bater pode significar colidir, soar, coincidir, etc. O contexto é que definirá qual é o seu significado.

Significação Contextual

O significado da palavra dentro do contexto em que ela está.

Exemplo:

A partida decisiva contra os dois finalistas tem tudo para ser o jogo do ano, mas as torcidas uniformizadas vão estar presentes.

Nesse contexto, torcidas uniformizadas tem evidente significação negativa (senão não teria sentido o uso da conjunção mas).

SISUDO = sério O seu semblante sisudoafasta muitas pessoas.

TACITURNO = triste, que falam

pouco Os faladores não nos devem assustar, eles revelam-se:

os taciturnos incomodam-nos pelo seu silêncio.

PUSILÂNIME = covarde Era um homem corajoso diante dos perigos epusilânimediante dos aborrecimentos.

PREMENTE = angustiante,

urgente A votação de uma reforma é uma questão premente.

TEMPERANÇA = moderação Agiu com temperança, mesmo sob forte pressão.

RECRUDESCER = intensificar Devido ao recrudescimentodo conflito, adotamos uma postura de meros observadores.

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No edital do TCU, há uma referência direta ao significado contextual de vocábulos e expressões.

5. A pragmática na linguagem: o significado contextual.

A impressão que tenho é de que esse assunto será uma tônica na sua prova, portanto devemos dar uma atenção especial a ele. Aqui vale a pena definir o objeto de estudo da Teoria Pragmática da Linguística. Sem se prender a aspectos demasiadamente técnicos, apresento a seguinte descrição:

A PRAGMÁTICA é a ciência que estuda o uso da linguagem. Ela surgiu como oposição à ideia de que o sentido está exclusivamente no texto. A Pragmática busca estabelecer a relação entre o conhecimento linguístico, em termos sintáticos (construção das frases) e termos semânticos (significado das frases), com o contexto em que essas frases foram empregadas. Em outras palavras, ela leva em consideração não somente a língua, mas também a situação de comunicação.

Esse tipo de estudo é fundamental porque os sentidos dos enunciados só podem ser compreendidos, mediante o contexto em que os interlocutores (os envolvidos com o ato de interação) estão inseridos e os conhecimentos de mundo partilhados por eles.

Vamos exemplificar?

Com certeza! Deem uma olhada na tirinha a seguir:

Note que o efeito de humor é resultado de um mal-entendido entre os falantes. O termo “religiosamente”

foi tomado ao pé da letra pelo falante da direita, significando “de maneira religiosa”, como se estivesse rezando para que aquilo terminasse logo. Obviamente, esse não é o sentido pretendido pelo falante da esquerda. O sentido contextual da expressão “religiosamente” está associado à ideia de hábito, costume – o “cooper” é feito de forma regrada e habitual pelo falante da esquerda.

Esse é um exemplo de aplicação prática da Teoria Pragmática.

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Significação literal x não literal

O sentido literal (também denominado denotativo) de uma palavra ou expressão é aquele que é depreendido apenas a partir das formas explícitas no texto, sem necessidade de recorrer a pressuposições ou subentendidos. É o significado resultante da interpretação ao pé da letra.

Já o sentido não-literal (também denominado conotativo)é aquele que, além do sentido ao pé da letra, leva em consideração dados do contexto, da situação e subentendidos do universo cultural.

Exemplos:

A classe média vive com a corda no pescoço.

Suas tentativas de conseguir a aprovação do projeto deram com os burros n’água.

Ele perdeu a cabeça com a lentidão do atendimento.

Observe que as expressões corda no pescoço, burros n’água e perdeu a cabeça não podem ser interpretadas no sentido literal.

Efeito de Sentido

É a reação provocada por um significado. Para compreender o que é efeito de sentido, basta confrontar duas expressões que têm o mesmo significado, mas que provocam efeitos de sentido diferentes.

Quando se fala de efeito de sentido, é indispensável salientar o fato de que palavras sinônimas, embora possuam o mesmo sentido, não produzem o mesmo efeito de sentido.

Exemplos.

I) Ele não era um professor. Era o professor.

Ao determinar “professor” com o artigo definido, está-se dando ao substantivo um efeito de notoriedade, importância.

II) Não importa o que aquela mulherzinha diga de você.

O emprego do diminutivo –zinha confere tom depreciativo ao substantivo “mulher”.

Pressupostos

São significados implícitos, depreensíveis a partir de indicações dadas por certas palavras ou mecanismos que aparecem na superfície do texto.

Em outros termos, pressupostos são significados que não vêm expressos diretamente por palavras que ocorrem no texto, mas são depreendidos indiretamente, por estarem implicados nas que vêm expressas.

Exemplo:

Fechem a porta, por favor. – O pressuposto é que a porta está aberta. Caso contrário, não faria sentido pedir que a fechassem.

O professor ainda não chegou. – O pressuposto é que ele já deveria ter chegado ou que vai chegar.

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Subentendidos

São informações implícitas depreendidas de acordo com a interpretação do leitor. Quando ocorrem divergências com o senso comum, produzem-se situações de surpresa ou comicidade.

Exemplo:

Imagine-se chegando a um restaurante com sua família (pai, mãe e irmão). Aí você chama o garçom e lhe pergunta:

- Há uma mesa para quatro pessoas?

O garçom checa no recinto e retorna dizendo:

- Sim, há uma mesa para quatro pessoas.

Ele, então, dá as costas para você e vai embora atender outros clientes.

Nesse exemplo, foi gerada uma situação atípica, pois, quando você fez a pergunta, esperava não apenas que o garçom respondesse sim, mas também que ele providenciasse a mesa para acomodar você e seus familiares. De acordo com o senso comum, essa interpretação deveria estar subentendida.

Compatibilidade e Incompatibilidade Semântica

Nem todas as palavras são semanticamente compatíveis entre si; há aquelas que se combinam e aquelas que se rejeitam.

Exemplos:

I - O verbo conquistar só é semanticamente compatível com um complemento de valor positivo.

Assim, é adequado dizer:

O time conquistou o título tão cobiçado.

O piloto conquistou o primeiro lugar em prova muito disputada.

Se dermos a esse verbo um complemento de valor semântico negativo, a frase ficará mal formada. Assim, é inadequado dizer:

O jogador conquistou um cartão vermelho assim que entrou em campo.

Os infratores conquistaram uma pena severa de dez anos de detenção.

II - A expressão Graças a só é compatível com complemento de valor semântico positivo.

Graças à competência dos diretores, a empresa conquistou o primeiro lugar entre as melhores para se trabalhar.

Se lhe dermos um complemento não positivo, o verbo mudará de sentido:

Graças ao crime organizado, o Brasil ainda não pode ser considerado uma nação de primeiro mundo.

Nesse caso, ou a expressão “Graças a” assume valor irônico – com sentido de deboche - ou ocorreu por parte do autor da frase um equívoco semântico. No caso deste último caso, devemos empregar outro conector causal, como “Devido a”.

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Hipônimos e Hiperônimos

Os hiperônimos, como o próprio nome indica, são palavras gerais, nomes genéricos, que englobam um conjunto de seres e coisas, os chamados hipônimos.

Por exemplo, quando analisamos gato e animal, temos que gato é hipônimo e animal, hiperônimo. Por quê?

Ora, todo gato é um animal. Entre gato e animal, dizemos que há uma relação de hiponímia-hiperonímia.

Dessa forma, podemos reunir os hipônimos Brasil, Cuba, Argentina, Chile, França sob o hiperônimo país;

podemos reunir os hipônimos lápis, borracha, caderno, lapiseira, apontador sob o hiperônimo material escolar; e assim por diante.

Um dos hiperônimos mais famosos é coisa. Afinal, tudo pode ser reunido sob o nome genérico de “coisa”.

Note nos exemplos a substituição de hipônimos – em azul – por hiperônimos – em laranja:

Graças a Deus eu não experimentei a força e eficiência do air bag, pois nunca fui vítima de um acidente. Mas sou totalmente a favor do equipamento. Jamais soube de casos em que pessoas que dirigiam um carro com esse dispositivo tiveram um ferimento mais grave. (...) Na compra de um automóvel, o brasileiro deve levar em conta os diversos parâmetros de segurança, e não somente a disponibilidade do air bag. Este último item, sozinho, não pode ser considerado o salvador da pátria.

É mesmo difícil imaginar qualquer ação humana que não seja precedida por algum tipo de investigação. A simples consulta ao relógio para ver que horas são, ou a espiada para fora da janela para observar o tempo que está fazendo, ou a batidinha na porta do banheiro para saber se tem gente dentro... Todos esses gestos são rudimentos de pesquisa

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A linguagem e a lógica

Pessoal, vocês já estão mais carecas do que eu de saber que a FGV é uma banca peculiar. Pois bem, aprendamos mais uma: quando a FGV fala em coerência lógica, ela está preocupada em analisar a redação ao pé da letra, tomando como referência os sentidos denotativos.

Como assim, professor?

Às vezes entendemos determinados sentidos expressos num discurso, pois associamos este a um contexto de comunicação do cotidiano. No entanto, quando analisamos estritamente do ponto de vista lógico, o discurso carece de razoabilidade. Sei que tudo isso é muito enigmático, mas, com os exemplos a seguir, tudo vai ficar bem!

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FGV – MPE RJ/2019

Uma das marcas de um texto é a sua coerência, que tanto pode ser a do mundo lógico como a do mundo textual: a frase abaixo que é marcada pela coerência é:

A) O turista se afogou na praia de Copacabana e foi retirado da água desacordado;

B) O estudante estrangeiro fez o curso de Direito no Rio até se tornar conhecido na área;

C) O ministro explicou ontem, um mês após seu afastamento, as razões de sua demissão;

D) Nenhum morador morreu em função do desabamento, exceto o morador do andar térreo;

E) Ao contrário do que disse a imprensa, o candidato não foi reprovado, mas sim aprovado em lugar de destaque.

RESOLUÇÃO:

A questão ilustra claramente como a FGV trata os conceitos de coerência: a do nível textual está associada ao contexto de comunicação; a do nível lógico, ao aspecto literal, denotativo do discurso. Podemos até mesmo associar sentido lógico ao sentido denotativo.

Na letra A, temos uma incoerência lógica: ninguém se afoga na praia, mas sim no mar.

Na letra B, temos uma incoerência lógica, pois o fim de um curso de graduação não está condicionado ao fato de a pessoa ter alcançado notoriedade na área. Se assim fosse, muitos concluiriam seus cursos em 20, 30 anos! Rsrs Na letra C, temos uma incoerência lógica. Ora, se ele foi demitido há um mês, não faz mais sentido chamá-lo de ministro, mas sim de ex-ministro.

Na letra D, temos uma incoerência lógica, pois aqui reside uma contradição. Ora, se o morador do térreo morreu devido ao desabamento, não faz sentido dizer que ninguém morreu.

A letra E é a única que apresenta coerência do ponto de vista lógico.

Resposta: E

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FGV – TCE AM/2021

Muitas expressões carecem de lógica; a frase abaixo que se mostra logicamente adequada é:

A) Os débitos do aluguel foram pagos em uma parcela única;

B) Ninguém chegou na hora, exceto o Heitor;

C) Bebeu na festa a mesma bebida de ontem;

D) Ligue para mim que eu trago o pedido até você;

E) Houve um acidente fatal, com duas vítimas.

RESOLUÇÃO:

Mais uma vez a coerência lógica é alvo de cobrança na FGV.

Na letra A, temos uma incoerência lógica, pois não faz sentido se falar em “uma parcela única”: ou se diz “uma parcela”, ou se diz “parcela única”. A construção original resulta em uma redundância.

Na letra B, temos uma incoerência lógica, pois aqui reside uma contradição. Ora, se Heitor chegou na hora, não faz sentido dizer que ninguém chegou na hora.

Na letra C, temos uma incoerência lógica. Aqui a mais sutil. No nível textual, não se percebe uma incoerência. Eu e você conseguimos entender claramente a mensagem – hoje estou tomando o mesmo tipo de bebida de ontem.

No entanto, quando analisamos do ponto de vista lógico – ao pé da letra, denotativo -, não há como a mesma bebida tomada ontem ser tomada novamente hoje, a não ser que vomitemos a bebida de ontem no copo para que possamos tomá-la novamente. Peço desculpas se alguém sentiu algum mal-estar com a minha explicação! rsrs Na letra D, temos uma incoerência lógica, pois não faz sentido “trazer até você”. Faz sim sentido “trazer até mim”

ou “levar até você”.

A letra E é a única que apresenta coerência do ponto de vista lógico. O que torna coerente a sentença é a presença do numeral “duas” quantificando o número de vítimas fatais.

Resposta: E

E aí? Ficou claro o que a FGV quer dizer quando fala em coerência lógica? É muito importante frisar que coerência implica compatibilidade entre todos os significados inscritos no texto e, por consequência, ausência de contradição entre eles.

Podemos identificar dois tipos de incoerência: a externa e a interna.

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Incoerência Externa

Ocorre quando há incompatibilidade entre os significados inscritos no texto e os dados de realidade; entre o que diz o texto e o nosso conhecimento de mundo.

Exemplo:

O Brasil é um país completamente imune a qualquer onda de violência.

A solução para o conflito árabe-israelense é simples, basta que haja vontade dos dois lados em ceder aquilo que foi tomado do outro.

COMENTÁRIOS: Afirmar que o Brasil é imune à violência e julgar o conflito árabe-israelense como simples de resolver são afirmações incompatíveis com a realidade que vivemos.

Incoerência Interna

Ocorre quando há incompatibilidade entre os significados inscritos no texto, ou seja, presença de contradição.

Exemplo:

Pior fez o quarto-zagueiro Edinho Baiano, do Paraná Clube, entrevistado por um repórter da rádio Cidade. O Paraná tinha tomado um balaio de gols do Guarani de Campinas, alguns dias antes. O repórter queria saber o que tinha acontecido. Edinho não teve dúvidas sobre os motivos:

- Como a gente já esperava, fomos surpreendidos pelo ataque do Guarani.

COMENTÁRIOS: Ora, se já era esperado, como pode ter sido uma surpresa?

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Figuras de Linguagem

Moçada, vamos estudar as figuras de linguagem, assunto que considero leve e prazeroso. Vocês vão confirmar isso comigo, tenho certeza!

Pois bem, sabemos que nem sempre é possível explicar literalmente o significado de certos sentimentos, reações e das diversas manifestações do mundo em que vivemos. Quando isso ocorre, recorremos a nossa capacidade criativa de associação, o que torna possível a utilização das figuras de linguagem. Admitamos: seria muito “sem graça” a vida se sempre tivéssemos de nos expressar de forma literal. Daí o motivo de existir a linguagem figurada.

Isso posto, dividiremos esse estudo em três partes: figuras de palavra, de pensamento e de estilo. Mas já deixo bem claro que essa divisão é apenas didática. Você não precisa se preocupar com esse formalismo. O importante é entender o emprego de cada uma das figuras, ok?

Figuras de Palavras

As figuras de palavras ocorrem quando empregamos uma palavra ou expressão num sentido diferente do usual (sentido denotativo). Vejamos as principais figuras:

Metáfora

Considerada a mãe das figuras, a metáfora consiste numa comparação no nível ideológico ou subjetivo.É criada entre termos que se apresentam distantes em termos de significado uma relação de semelhança.

Um teste para reconhecer a metáfora é enxergar a o implícito “como se fosse”.

Exemplos:

Lá fora, a noite é um pulmão ofegante (= ... a noite é (como se fosse) um pulmão ofegante) Amor é fogo que arde sem se ver (= Amor é (como se fosse) fogo que arde...)

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Observação:

Amor é fogo que arde sem se ver.

Como a comparação está subentendida, temos uma metáfora.

Amor é como um fogo que arde sem se ver.

Como a comparação é explicitada pelo conector “como”, temos uma símile ou comparação.

Catacrese

Trata-se de uma “metáfora desgastada”. O uso desse sentido figurativo já se tornou tão usual que não é necessário um esforço de interpretação. É tão comum que não há mais um equivalente literal que possa traduzir essa figura.

Exemplos:

Manga da camisa.

Dente de alho Asa da xícara Barriga da perna Perna da mesa.

Comparação ou Símile

Elementos de universos diferentes são aproximados por um conector comparativo (como, feito, tal qual, ...).

Exemplos:

Amou daquela vez como se fosse a última Beijou sua mulher como se fosse a última E cada filho seu como se fosse o único Subiu a construção como se fosse máquina (Chico Buarque)

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IMPORTANTE

Nas últimas provas da FGV, muito se tem perguntado sobre a identificação de “estruturas comparativas” nas redações. Nesse caso, a banca identifica como estrutura comparativa tanto a comparação propriamente dita – denotativa ou conotativa -, como a metáfora.

Vejamos um exemplo de questão recente:

FGV – FUNSAÚDE/2021

Assinale a opção que apresenta a frase que não contém em seu interior uma estrutura comparativa.

(A) “A medicina cria pessoas doentes, a matemática, pessoas tristes, e a teologia, pecadores.”

(B) “As grandes doenças da alma, bem como aquelas do corpo, renovam o homem.”

(C) “A doença é o preço que a alma paga por ocupar o corpo, como o aluguel que um inquilino paga pelo lugar em que mora.”

(D) “José era médico, agora é coveiro; aquilo que faz como coveiro, já o fazia quando doutor.”

(E) “Quem pode decidir quando os doutores discordam?”

RESOLUÇÃO:

Na letra A, é estabelecida uma comparação entre a medicina, a matemática e a teologia.

Na letra B, o trecho isolado por vírgulas “bem como aquelas do corpo” evidencia a comparação entre as doenças da alma e as do corpo.

Na letra C, temos uma metáfora no trecho “A doença é (como se fosse) o preço...”. Além disso, há a comparação explícita no trecho “como o aluguel que um inquilino...”.

Na letra D, há uma comparação entre o passado e o presente de José.

Na letra E, não há uma relação de comparação, e sim de tempo.

Resposta: E

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Metonímia

A metonímia ocorre quando uma palavra é empregada no lugar de outra. Trata-se, portanto, de uma substituição, que pode se dar de várias formas:

Exemplos:

- O autor pela obra:

Li Machado de Assis

Machado de Assis está no lugar de uma de suas obras (Dom Casmurro, por exemplo).

- O continente pelo conteúdo:

Tomei duas taças.

 taça está no lugar da bebida – vinho ou champanhe - A parte pelo todo:

Ele tem duzentas cabeças de gado.

 cabeça está no lugar do “gado todo”

- A causa pela consequência:

Este trabalho lhe custou alguns cabelos brancos.

cabelos brancos está no lugar de preocupação

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Sinédoque

É um tipo particular de metonímia, em que há a substituição do todo pela parte.

Exemplos:

Derrubaram todas as árvores. Não sobrou uma folha sequer. (folha = árvore)

As chaminés estão fugindo da cidade e migrando para o interior. (chaminés = indústrias)

Antonomásia

É um tipo de metonímia que consiste na identificação de uma pessoa não por seu nome, mas por um atributo ou título que a distingue das demais.

Exemplos:

Castro Alves = Poeta dos Escravos Gregório de Matos = Boca do Inferno Pelé = O Rei do Futebol

Xuxa = Rainha dos Baixinhos (Nossa! Haha... essa é antiga!)

Sinestesia

Trata-se de agrupar sensações originárias de diferentes órgãos do sentido.

Exemplos:

O seu doce olhar me seduzia.

“doce” está associado ao sentido do paladar; “olhar”, ao da visão.

Vozes veladas, veludosas vozes, volúpias dos violões, vozes veladas, vagam nos velhos vórtices velozes dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas.

(Cruz e Souza)

“veludosas” está associado ao sentido do tato; “vozes”, ao da audição.

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Figuras de Pensamento

Além de modificar os planos sonoro, lexical e sintático, é possível também alterar intencionalmente o campo semântico ou de significado. Quando procedemos dessa forma, estamos fazendo uso das figuras de pensamento.

Em outras palavras, dizemos uma coisa querendo dizer outra.

Eis as principais:

Hipérbole

Transmite-se com a hipérbole a ideia do exagero, de forma a enfatizar os sentimentos e as reações expressadas no texto.

Exemplos:

Chorei rios de lágrimas.

Nem que uma pessoa chore a vida toda ininterruptamente, será possível encher um rio com lágrimas rsrs.

“Eu nunca mais vou respirar, se você não me notar, eu posso até morrer de fome se você não me amar”

(Cazuza)

 Não é muito exagero dizer que não mais vai respirar se a amada o abandonar? Rsrs.

Eufemismo

É a utilização de uma linguagem mais amena com a intenção de abrandar uma palavra ou expressão que possam chocar o seu interlocutor.

Exemplos:

É possível que haja redução na oferta dos postos de trabalho.

redução na oferta dos postos de trabalho = desemprego, demissão O nobre deputado faltou com a verdade.

faltou com a verdade = mentiu Você não foi bem na prova.

não foi bem = foi mal

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Aula 10

Ironia

É um enunciado que diz algo com a intenção de significar justamente o contrário daquilo que está sendo dito.

Para tanto torna-se fundamental o contexto.

Exemplos:

Muito competente! Fez o projeto daquela ponte que liga nada a lugar nenhum.

Acho que não podemos levar a sério “Muito competente”!

Marcela amou-me durante quinze dias e onze contos de réis.

Acho que não podemos levar a sério “amou-me”!

A ironia foi ferramenta predileta de Machado de Assis. Observe:

Dito isto, expirei às duas horas da tarde de uma sexta-feira do mês de agosto de 1869, na minha bela chácara de Catumbi. Tinha uns sessenta e quatro anos, rijos e prósperos, era solteiro, possuía cerca de trezentos contos e fui acompanhado ao cemitério por onze amigos. Onze amigos!Verdade é que não houve cartas nem anúncios. Acresce que chovia - peneirava uma chuvinha miúda, triste e constante, tão constante e tão triste, que levou um daqueles fiéis da última hora a intercalar esta engenhosa ideia no discurso que proferiu à beira de minha cova: "Vós, que o conhecestes, meus senhores vós podeis dizer comigo que a natureza parece estar chorando a perda irreparável de um dos mais belos caracteres que têm honrado a humanidade. Este ar sombrio, estas gotas do céu, aquelas nuvens escuras que cobrem o azul como um crepe funéreo, tudo isso é a dor crua e má que lhe rói à natureza as mais íntimas entranhas;

tudo isso é um sublime louvor ao nosso ilustre finado."

Bom e fiel amigo!Não, não me arrependo das vinte apólices que lhe deixei.

(Memórias Póstumas de Brás Cubas – Machado de Assis)

Percebeu a sutileza? Dá para levar a sério “Bom e fiel amigo”, “engenhosa ideia”...? Rsrs.

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Aula 10

Antítese e Paradoxo

Antítese e paradoxo são figuras de linguagem caracterizadas por declarações que trazem consigo ideias opostas.

Mas qual a diferença?

Simples. As oposições presentes na antítese são conciliáveis, ou seja, elas podem coexistir (existirem juntas). Já as oposições presentes no paradoxo são inconciliáveis, ou seja, NÃO podem coexistir!

Vejamos o exemplo da bela música do Skank: Te ver Te ver e não te querer

É improvável, é impossível Te ter e ter que esquecer É insuportável

É dor incrível...

Vejamos:

"Te ver" e "...não te querer" são ideias opostas. Mas que coexistem, ou melhor, têm que coexistir (como é difícil esquecer a pessoa de que se gosta, não é mesmo?)

Da mesma forma "Te ter" e "... ter que esquecer" são ideias opostas que coexistem, para azar do eu-lírico.

Temos, portanto, dois exemplos de ANTÍTESES.

Agora, observe o próximo trecho:

É como mergulhar no rio E não se molhar

É como não morrer de frio No gelo polar

Como alguém pode "... mergulhar no rio" e "... não se molhar"?

Como alguém pode "... não morrer de frio" estando "... no gelo polar"?

Trata-se de oposições completamente inconciliáveis, que não coexistem. São, portanto, PARADOXOS!

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Aula 10

O mais famoso paradoxo, com toda certeza, é o trecho abaixo, de Luís Vaz de Camões:

Amor é fogo que arde sem se ver;

É ferida que dói e não se sente;

É um contentamento descontente;

É dor que desatina sem doer;

Em destaque temos oposições completamente inconciliáveis. Contentamento descontente!? Só pode ser um paradoxo!

Prosopopeia ou Personificação

É a atribuição de características ou ações humanas a seres inanimados ou irracionais.

Exemplos:

As plantas me espiam do jardim.

A TV ordena o que é bom ou ruim.

Preciso conversar mais com as flores do meu jardim.

Gradação

É a maneira ascendente ou descendente como as ideias podem ser organizadas na frase.

Exemplos:

Respirou e pôs um pé adiante e depois o outro, olhou para o lado e o caminhar virou trote, que virou corrida, que virou desespero.

Note que temos uma escala crescente: “caminhar” < “trote” < “corrida” < “desespero”

Apóstrofe

Consiste no chamamento ou interpelação a uma pessoa ou coisa que pode ser real ou imaginária, pode estar presente ou ausente. É usada para dar ênfase.

Exemplos:

Ó mar salgado, quanto do teu sal são lágrimas de Portugal!

Senhor Deus dos desgraçados! Dizei-me vós, Senhor Deus!

Deus! Deus! Onde estás que não respondes?

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Figuras de Estilo ou Construção

No processo de construção dos textos, é comum haver inversões, omissões e repetições de palavras ou sons que podem nos levar a produzir algum efeito de expressividade. Essas alterações intencionais constituem o que chamamos de figuras de estilo e de construção.

Eis as principais:

Elipse

É a omissão de um termo sintático da oração que pode ser facilmente identificado pelo contexto.

Exemplos:

Quanta maldade na Terra! (verbo haver omitido)

Na charge acima, a primeira fala subentendeu o verbo “curar”, que consiste na interpretação mais razoável.

Os autores da tira produziram, no entanto, o efeito de humor ao subentender, na segunda fala, um verbo menos provável para situações como essa: “provocar”, “gerar”, “produzir”. A elipse, nesse caso, serviu para expressar um efeito cômico.

Zeugma

É um caso particular de elipse, que ocorre quando um termo omitido já havia sido citado no texto.

Exemplos:

FedEx. Poupa tempo, dinheiro e algo igualmente precioso: sua paciência.

No anúncio acima, houve a omissão do verbo já citado “poupar” antecedendo “dinheiro” e “algo igualmente precioso”.

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Anacoluto

É a interrupção da frase ocasionada pela inserção de um elemento sem vínculo sintático. É muito comum na fala, pois temos o costume de antecipar o assunto da conversa e, em seguida, fazer os comentários sobre esse assunto.

Exemplos:

“Aquela mina de ouro, ela não ia deixar que outras espertas botassem as mãos.” (José Lins do Rego) O filme que eu vi ontem, eu achei que ia adorá-lo.

Muito malandro junto, um atrapalha o outro.

Anáfora

A repetição de palavras no início dos versos ou, nos textos em prosa, no início das oraçõescria uma figura chamada anáfora.

Exemplos:

Quando não tinha nada eu quis Quando tudo era ausência esperei Quando tive frio tremi

Quando tive coragem liguei Quando chegou carta abri Quando ouvi Prince dancei Quando o olho brilhou, entendi Quando criei asas, voei

Quando me chamou eu vim Quando dei por mim tava aqui Quando lhe achei, me perdi Quando vi você, me apaixonei (Chico Cesar)

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Hipérbato

A inversão brusca da ordem usual dos termos de uma oração ou orações de um períododenomina-se hipérbato.

Exemplos:

Ouviram do Ipiranga as margens plácidas de um povo heróico o brado retumbante.

(Ordem Usual ou Direta: “As margens plácidas do Ipiranga ouviram o brado forte de um povo heróico.”)

Polissíndeto

O polissíndeto consiste na repetição da mesma conjunção entre orações ou palavras em sequência.

Exemplos:

[...] Comíamos. Como uma horda de seres vivos, cobríamos gradualmente a terra. Ocupados como quem lavra a existência, e planta, e colhe, e mata, e vive, e morre, e come. Comi com a honestidade de quem não engana o que come: comi aquela comida e não o seu nome.

(Clarice Lispector)

Pleonasmo

O pleonasmo pode ser usado como um recurso de ênfase. A repetição ou redundância, à primeira vista desnecessária, cria um efeito expressivo. Trata-se de um recurso empregado em textos literários.

Exemplos:

Quero vivê-lo em cada vão momento E em seu louvor hei de espalhar meu canto E rir meu riso e derramar meu pranto Ao seu pesar ou seu contentamento

No entanto, alguns pleonasmos são viciosos e devem ser corrigidos, pois a ideia repetida informa uma obviedade e não desempenha qualquer função expressiva: subir pra cima, descer pra baixo, monopólio exclusivo, entrar para dentro, etc.

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Onomatopeia

A onomatopeia representa sons específicos de animais, objetos e de fenômenos naturais, além de ruídos associados a reações, emoções e comportamentos humanos.

Exemplos:

Veja como Manuel Bandeira trabalha esse recurso sonoro com criatividade

Trem de ferro

(Tom Jobim e Manuel Bandeira) Café com pão

Café com pão Café com pão

Virgem Maria que foi isto maquinista?

Agora sim Café com pão Agora sim Café com pão Voa, fumaça Corre, cerca Ai seu foguista Bota fogo Na fornalha Que eu preciso Muita força Muita força Muita força

Deu para perceber que os versos estão dispostos de uma tal maneira, que imitam a partida de uma locomotiva?

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Aliteração

É a repetição de um mesmo som consonantal.

Exemplos:

A boiada seca Na enxurrada seca A trovoada seca Na enxada seca

Segue o seco sem secar que o caminho é seco sem sacar que o espinho é seco

sem sacar que seco é o Ser Sol

Sem sacar que algum espinho seco secará E a água que sacar será um tiro seco E secará o seu destino seca

(Marisa Monte)

Assonância

É a repetição de um mesmo som vocálico.

Exemplos:

[...] Sou um mulato nato No sentido lato

Mulato democrático do litoral [...]

(Caetano Veloso)

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Paronomásia

Trata-se da exploração sonora gerada pelo encadeamento de parônimos, palavras de significados distintos, porém com semelhanças na grafia e na pronúncia.

Menina, amanhã de manhã Menina a felicidade

É cheia de praça É cheia de traça É cheia de lata É cheia de graça Menina a felicidade É cheia de pano É cheia de peno É cheia de sino É cheia de sono Menina a felicidade É cheia de ano É cheia de eno (Tom Zé ou Perna)

Note a similaridade sonora entre “praça”, “traça” e “graça”; “sino” e “sono”; “pano” e “peno”; “ano” e “eno”.

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Funções de Linguagem

Depois de ter compreendido o conceito de linguagem e variações linguísticas, é hora de entender quais são os possíveis propósitos da linguagem. Trata-se do conceito de funções de linguagem, que correspondem aos objetivos presentes no discurso e como estes moldam a linguagem. Se o meu propósito é informar, a minha linguagem deve atender a uma série de características específicas. Se o propósito é convencer, ou expressar, ou orientar, as características são outras.

Muitas vezes, estão presentes no texto uma série de funções: o texto tanto informa, como expressa, como argumenta, etc. Daí é necessário que identifiquemos qual a função de linguagem predominante.

É importante conhecermos alguns conceitos, antes de detalharmos as funções de linguagem: os elementos da comunicação.

Elementos Básicos da Comunicação

a) Emissor: É quem transmite a mensagem.

b) Receptor: É quem recebe a mensagem.

c) Mensagem: É o conteúdo transmitido.

d) Canal: É o meio de transmissão da mensagem (internet, telefone, ar, cartaz, jornais, etc.) e) Código: São os símbolos utilizados na comunicação (palavras, gestos, números, etc.) f) Referente: É o contexto da comunicação em que estão inseridos emissor e receptor.

São conceitos simples, mas a ênfase de um ou outro elemento define a função de linguagem

predominante. Vamos a elas:

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Função Referencial

O objetivo da função referencial é informar. Isso significa que o foco dessa função está no elemento mensagem, que deverá apresentar as seguintes características:

- Presença da clareza, objetividade, impessoalidade e informatividade;

- Ausência da 1ª pessoa do singular, do vocativo e das digressões (interrupções de pensamento);

- Sem excessos de adjetivos e advérbios;

- Predomínio da linguagem denotativa;

- Foco nos fatos, e não nas impressões.

Nas notícias de jornal, por exemplo, deve predominar a função referencial, pois nesse texto interessa informar acerca de fatos acontecidos. O autor não relata o que ele acha sobre o acontecido (subjetivismo), mas sim o que de fato ocorreu (objetividade). Dessa forma, o relato independe da pessoa (impessoalidade).

Observe o exemplo a seguir:

O texto reproduzido a seguir foi alterado para que comprometesse o efeito da objetividade.

Procure excluir os acréscimos subjetivos, adequando-o à função referencial.

O fracassado Protocolo de Kyoto (...) estabelece que os países industrializados devem reduzir até 2012 a emissão dos tenebrosos gases causadores do sinistro efeito estufa em pelo menos míseros 5% em relação aos níveis absurdos de 1990. Essa ridícula meta estabelece, é óbvio, valores superiores ao exigido para países em desenvolvimento. E o que mais eles queriam? Até 2001, mais de 120 países, incluindo nações industrializadas da Europa e da Ásia, já haviam ratificado o protocolo. Só faltava elas se recusarem! No entanto, pra variar, nos EUA, o presidente George W. Bush, o bacana, anunciou que o país não ratificaria

“Kyoto”, com os argumentos já sabidos de que os custos prejudicariam a economia americana, coitadinha, e que o acordo era pouco rigoroso com os privilegiados países em desenvolvimento.

Ora, para adequamos o texto, eliminemos os excessos de adjetivos e os trechos de caráter subjetivo. Veja como ficaria:

O fracassado Protocolo de Kyoto (...) estabelece que os países industrializados devem reduzir até 2012 a emissão dos tenebrosos gases causadores do sinistro efeito estufa em pelo menos míseros 5% em relação aos níveis absurdos de 1990. Essa ridícula meta estabelece, é óbvio, valores superiores ao exigido para países em desenvolvimento. E o que mais eles queriam? Até 2001, mais de 120 países, incluindo nações industrializadas da Europa e da Ásia, já haviam ratificado o protocolo. Só faltava elas se recusarem! No entanto, pra variar, nos EUA, o presidente George W. Bush, o bacana, anunciou que o país não ratificaria

“Kyoto”, com os argumentos já sabidos de que os custos prejudicariam a economia americana, coitadinha, e que o acordo era pouco rigoroso com os privilegiados países em desenvolvimento.

Com as alterações propostas, o foco deixa de ser as impressões do autor e se volta para os fatos em

si.

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Função Conativa

Gente, não vamos confundir “Conativa” com “Conotativa”, ok? Trata-se da função da linguagem cujo objetivo é persuadir (=convencer). Isso significa que o foco dessa função está no receptor. Essa função apresenta as seguintes características:

- Presença comum de tons apelativos e de argumentação (defesa de posicionamento);

- Presença comum de vocativos e verbos no imperativo;

- Emprego frequente de adjetivos e advérbios

- Adequação da linguagem ao tipo de interlocutor (jovem, adulto, idoso, mulher, homem, etc.)

Como dito, o objetivo principal é chamar a atenção do interlocutor, atraindo-o para o posicionamento defendido.

Está muito presente essa função na publicidade, cujo objetivo final é convencer as pessoas pela

compra de um produto ou serviço ou pela adesão a uma causa ou ideia.

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Business Intercontinental da Iberia.

Mais espaço entre as poltronas.

Note que um dos recursos que chama a atenção do interlocutor é o humor. Obviamente nem sempre este é empregando como elemento de persuasão. Muitas vezes, a própria informação é elemento de convencimento, como é o caso do texto de caráter dissertativo-argumentativo, em que estão presentes tanto a função referencial como a conativa.

Função Emotiva

O objetivo da função emotiva é expressar. Isso significa que o foco dessa função está no elemento emissor, que externará sensações, impressões, reações. As principais características da função emotiva são:

- Foco no emissor (subjetivismo)

- Uso de vocativos e verbos na 1ª pessoa - Uso constante de adjetivos e advérbios

- Linguagem Conotativa (metáforas, ironias, etc)

O centro das atenções passa a ser, portanto, o “eu”, também conhecido como “eu-lírico” (trata-se do emissor que expressa alguma sensação).

Diferentemente da função referencial, o que importa não é mais o que de fato ocorreu, mas sim o

que o “eu-lírico” acha que ocorreu. Predomina, dessa forma, o subjetivismo.

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Observe o exercício a seguir:

Pense em mim Leandro & Leonardo

Em vez de você ficar pensando nele, Em vez de você viver chorando por ele, Pense em mim, chore por mim,

Liga pra mim, não, não liga pra ele, Pra ele! Não chore por ele!

Se lembre que eu há

Muito tempo te amo! Te amo! Te amo!

Quero fazer você feliz!

Vamos pegar o primeiro avião Com destino a felicidade.

A felicidade pra mim é você.

Sobre a letra “Pense em mim”, é possível afirmar que:

a) predomina a função conativa da linguagem, na medida em que se evoca o interlocutor através de vocativos que expressam pedido ou convite.

b) predomina a função poética da linguagem, na medida em que se privilegia a forma em detrimento do conteúdo.

c) predomina a função emotiva da linguagem, na medida em que se destaca mais o emissor do que o receptor.

d) predomina a função conativa da linguagem, na medida em que se referencia na canção unicamente o receptor da mensagem.

e) predomina a função emotiva da linguagem, na medida em que se descrevem minuciosamente os sentimentos do emissor.

E então, qual opção você marcou como resposta? Foi que falei: muitas vezes, há mais de uma função presente no texto. É quando temos que decidir qual delas nele predomina. Vejamos:

O texto tanto apresenta a função emotiva como a conativa. A evidência da primeira está no

emprego da 1ª pessoa; já a da segunda está no emprego dos verbos no modo imperativo e da

interlocução por meio do pronome “você”.

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O que ocorre é um predomínio da função conativa, pois a finalidade do texto é um convite, um pedido (Pense em mim, não nele).

Função Metalinguística

A língua não é autossuficiente. Ele precisa, muitas vezes, ser explicada. Como assim, professor? Viu só? Essa sua pergunta já é uma prova de que simplesmente a língua não é capaz de explicar tudo. A pergunta “Como assim?” exige que expliquemos com outras palavras, de forma mais detalhada, o que foi dito.

Estamos falando da função metalinguística, que consiste em explicar a língua se utilizando da própria língua.

Quando explicamos para um ou outro sobre regras de acentuação, funções de linguagem, quando dou uma aula de Língua Portuguesa, estamos fazendo uso da metalinguagem. É a língua explicando a própria língua!

As expressões “ou seja” e “isto é” são indicativas da metalinguagem, por exemplo. O que está à direita dessas expressões são a reprodução com outras palavras do que está à esquerda. Trata-se de uma paráfrase, que consiste em reproduzir algo com outras palavras.

Veja que anúncio interessante de uma rede de restaurantes italiana:

Se há duas palavras com sentidos diametralmente opostos, são “fast” e “food”.

Observe que o anúncio obviamente traz a função conativa da linguagem como predominante, pois

o objetivo dele é convencer o leitor a usufruir dos serviços do restaurante. Mas note que a função

metalinguística também se faz presente, pois é criada uma relação de antonímia (daqui a pouquinho

vamos falar de Semântica) entre “fast” e “food”, que requer uma explicação: pressa (“fast”) não combina

com uma boa comida (“food”).

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Função Fática

O objetivo da função fática é iniciar uma comunicação ou estimular sua continuidade. Para isso, busca-se testar o canal (o meio pelo qual a comunicação se processa).

Quando falamos “Alô” no telefone, estamos testando o canal. Se outro lado também responder

“alô”, é sinal de que o canal está funcionando e de que estamos aptos a iniciar a conversa.

Quando falamos “E aí? Tudo bem?” e outro lado responde “Estou bem. E você?”, é sinal de que o canal funciona. A conversa daí já pode iniciar!

Podemos dizer que o objetivo da função fática é “quebrar o gelo”. O “gelo”, no processo de comunicação, seria o silêncio.

Um dos melhores exemplos ilustrativos da função fática é a bale canção de autoria de Paulinho da Viola “Sinal Fechado”. Veja:

Sinal Fechado – Olá! Como vai?

– Eu vou indo. E você, tudo bem?

– Tudo bem! Eu vou indo, correndo pegar meu lugar no futuro... E você?

– Tudo bem! Eu vou indo, em busca de um sono tranqüilo...Quem sabe?

– Quanto tempo!

– Pois é, quanto tempo!

– Me perdoe a pressa - é a alma dos nossos negócios!

– Qual, não tem de quê! Eu também só ando a cem!

– Quando é que você telefona? Precisamos nos ver por aí!

– Pra semana, prometo, talvez nos vejamos...Quem sabe?

– Quanto tempo!

– Pois é...quanto tempo!

O título da canção não é à toa. A conversa entre os dois amigos que há muito tempo não se viam durou o período do “Sinal Fechado”. Conversa, vírgula! O que houve foi uma tentativa de iniciar uma conversa, por meio de sucessivos testes no canal de comunicação: “Como vai?”, “Estou bem! E você?”,

“Quanto tempo!”, “Pois é...”.

Parece até contraditório: você gosta demais de uma pessoa e, depois de muito tempo sem vê-la,

ao se encontrarem... falta assunto! Como pode?

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Função Poética

O alvo da função poética é a construção da mensagem, por meio da escolha das palavras que vão compor o texto, da preocupação com a sonoridade (rimas no caso da poesia), estilo (forma de escrever), etc.

Um ponto importante é que a função poética não está presente unicamente na poesia não! Ela pode estar presente no texto em prosa também, pois nele imprimimos nosso estilo de escrita. Uns escrevem de forma elegante, outros em períodos curtos, enfim, cada um com seu cuidado.

Analisemos o exercício a seguir:

Lutar com palavras é a luta mais vã.

Entanto lutamos mal rompe a manhã.

São muitas eu pouco.

Algumas, tão fortes como o javali.

Não me julgo louco, Se fosse, teria

poder de encantá-las.

Mas lúcido e frio, apareço e tento apanhar algumas para meu sustento num dia de vida...

Carlos Drummond de Andrade

Pergunta: Que funções de linguagem podemos encontrar no trecho de texto acima?

Comentário:

Podemos identificar a função poética primeiramente, por meio das rimas “vã”, “manhã”; “tento”,

“sustento”, etc. O emprego da 1ª pessoa do singular em “São muitas eu pouco”, “Não me julgo louco”

são marcas de função emotiva. O próprio conteúdo do texto explora a função metalinguística, haja vista

que se fala sobre a linguagem, fazendo-se referência ao “Lutar com as palavras”.

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Questões Comentadas

1.

FGV – PC RJ/2022 Texto 2

“Um homem acusado de tráfico de drogas e associação para o tráfico foi preso, neste sábado (13/11), por policiais civis da 110ª DP (Teresópolis) e militares. Contra ele foi cumprido um mandado de prisão. O criminoso foi capturado após informações de inteligência. Ele foi encaminhado para o sistema prisional, onde ficará à disposição da Justiça.”

No texto 2 há a ocorrência de três vocábulos que poderiam ser confundidos com seus parônimos: tráfico/tráfego, cumprido/comprido, mandado/mandato.

A frase abaixo em que o vocábulo destacado está bem empregado é:

a) absolver / absorver – O juiz decidiu absorver todo o grupo já que todas as provas eram circunstanciais;

b) aprender / apreender – O grupo de policiais aprendeu uma grande quantidade de drogas no galpão da empresa;

c) delatar / dilatar – O delegado resolveu delatar o prazo da investigação a fim de ajudar o trabalho dos agentes;

d) despensa / dispensa – A administração do presídio guardava numa espécie de dispensa todas as frutas;

e) fluir / fruir – Após o conserto a água fluía da torneira com toda a facilidade.

RESOLUÇÃO

Na letra A, devemos empregar “absolver”; na letra B, “apreendeu”; na letra C, “dilatar”; na letra D,

“despensa”. A letra E está correta – “fluir” significa “correr”; “fruir”, “aproveitar”.

Resposta: E

2.

FGV – PC RJ/2022

Todas as frases abaixo foram retiradas de um relatório de seguranças de um shopping; a única opção em que NÃO ocorre nenhuma impropriedade léxica, ou seja, mau emprego de vocábulos, é:

a) O segurança de plantão cometeu um ato de heroísmo ao salvar os meninos de atropelamento;

b) O entregador escorregou graças à gordura derramada na porta de entrada;

c) Os seguranças foram hospitalizados e um deles goza de muito má saúde;

d) Os motoristas não tinham alternativa: ou saíam rapidamente ou pagariam multas;

e) A vítima do atropelamento era observada com discrição pelos clientes que passavam.

RESOLUÇÃO

Letra A – ERRADA – O verbo “cometer” é compatível semanticamente com um complemento de natureza negativa – cometer um crime, um erro, uma falta grave, etc.

Letra B – ERRADA – A expressão “graças à” é compatível com um complemento de natureza semântica positiva, não sendo o caso de “gordura derramada na porta de entrada”. Seria como dizer que a pessoa está agradecendo à gordura por ter escorregado, o que não faz sentido.

(39)

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Letra C – ERRADA – O verbo “gozar” combina com complemento de natureza semântica positiva, o que não é o caso de “má saúde”.

Letra D – ERRADA – Trata-se de uma redação contraditória: afirma-se que não há alterativa, mas se apresentam duas escolhas possíveis.

Letra E – CERTA Resposta: E

3.

FGV – PC RJ/2022

Em todas as frases abaixo foi empregado o verbo cair; a frase em que foi proposto um substituto adequado para esse verbo é:

a) O palanque caiu devido ao peso excessivo / desmoronou;

b) A rocha caiu sobre o povoado, destruindo casas / ruiu;

c) Os lutadores caíram abraçados sobre a lona / precipitaram-se;

d) A árvore, de velha, caiu sobre a estrada / tombou;

e) A claridade que cai nas vidraças ilumina tudo / se despenca.

RESOLUÇÃO

Letra A – ERRADA – O verbo “desmoronar” implica uma fragmentação completa do objeto – pensemos no desmoronamento de um prédio, que deixa de ser prédio e passa a ser entulho. Não é o que ocorre propriamente numa queda de palco – não ocorre a fragmentação completa do palco, e sim uma deformação da sua estrutura.

Letra B – ERRADA – O verbo “ruir” tem a ver com decomposição, o que não é o caso da frase. A rocha não se decompôs, e sim caiu sobre um povoado.

Letra C – ERRADA – O movimento de precipitar ocorre de cima para baixo – pensemos na precipitação das gotas de chuva. Não é propriamente o que ocorre com os lutadores – estes fazem movimentos para que o oponente tombe, inclinando-se para frente, para trás ou para os lados.

Letra D – CERTA – O verbo “tombar” está associado ao movimento de cair ou para frente, ou para trás, ou para os lados. É justamente o que ocorreu com a árvore, que se inclinou em direção ao chão.

Letra E – ERRADA – O verbo “cair” está num sentido figurado – a claridade se reflete nas vidraças, e não despenca.

Resposta: D

Referências

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