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A PROFISSIONALIZAÇÃO DA ROTINA NA EDUCAÇÃO INFANTIL

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Academic year: 2022

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66 ISBN 978-85-7846-516-2 A PROFISSIONALIZAÇÃO DA ROTINA NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Gislaine Franco de Moura – UEL Email: gislaine.franco.moura@gmail.com Jaqueline Delgado Paschoal – UEL Email: jaquelinedelgado@uol.com.br

Eixo 1: Didática e Práticas de Ensino na Educação Básica

Resumo

O presente teve como objetivo demonstrar a importância do trabalho pedagógico de qualidade na Educação Infantil. Justifica-se a importância da pesquisa, pois a educação é direito da criança e dever do estado. Nesse sentido, as escolas infantis devem, prioritariamente, promover a aprendizagem e o desenvolvimento das crianças, por meio da profissionalização das rotinas. Como metodologia, optou-se pela pesquisa bibliográfica, fundamentada em documentos legais como:

Constituição Federal (1988); LDB (1996); Política Nacional de Educação Infantil (2006); Parâmetros Nacionais de Qualidade para a Educação Infantil (2006) entre outros, e autores como: Zabalza (1998), Angotti (2006), Assis (2006), Kishimoto (2002) e Kramer (1995; 2006). Os resultados indicam que as determinações legais possibilitaram a reorganização do trabalho pedagógico nas escolas infantis, de modo que a integração entre o ensinar, o cuidar e o educar, façam parte das ações dos professores, sobretudo no que tange à rotina pedagógica.

Palavras-chave: Educação Infantil, Qualidade, Rotina.

Introdução

A Educação Infantil na atualidade se constitui um espaço que integra ações de cuidados, educação e ensino, além de promover o desenvolvimento integral da criança, constituindo-se um direito da criança e dever do Estado.

Para tanto, os momentos da rotina devem ser bem planejados e compreendidos, sendo profissionalizados e qualificados. A qualidade, portanto, deve estar presente em todos os momentos no atendimento à criança dessa etapa da educação básica. O conceito de qualidade é relativo conforme Corrêa (2003), já que são diferentes entendimentos que perpassam tal conceito, o que impossibilita uma definição precisa do termo. É complexa a definição como verdade absoluta quanto à

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67 serviços prestados, mas pode-se dizer, que, pensar a concepção de qualidade é considerar o tipo de atendimento que é oferecido ás crianças e suas famílias.

Mesmo sabendo da relevância do tema, é possível perceber que nem sempre a organização da rotina é profissionalizada e de qualidade, não valorizando momentos importantes para a aprendizagem e o desenvolvimento das crianças. Nesse sentido, elegeu-se como questão-problema: Quais os aspectos que subsidiam uma rotina profissionalizada e de qualidade? Para atender este questionamento, o objetivo geral foi demonstrar a importância do trabalho pedagógico de qualidade na Educação Infantil.

Desse modo, como metodologia, utilizamos da pesquisa bibliográfica, tomando por base a legislação e autores como: Zabalza (1998), Angotti (2006), Assis (2006), Kishimoto (2002); Kramer (1995; 2006), entre outros.

Desenvolvimento

A discussão a respeito da qualidade do atendimento à criança pequena é relativamente nova, acompanhou as mudanças ocorridas no país no decorrer das décadas e ocupou um espaço significativo no debate educacional, o que orientou também a criação de políticas públicas com objetivos de melhora (PASCHOAL E BRANDÃO, 2015, p. 203).

É indispensável um trabalho qualificado, que reconheça a criança como sujeito de direitos, inclusive o direito às experiências ricas e aprendizagens significativas que contribuam para o seu desenvolvimento pleno. É fundamental, portanto, práticas que permitam o acolhimento, conforto, respeito e humanização dos pequenos e, ao mesmo tempo, o desenvolvimento do pensamento e contato com diferentes experiências sensoriais, expressivas, corporais e verbais.

As rotinas estáveis e estruturadas são aspecto chave para a qualidade na educação, pois podem ser facilitadores do trabalho pedagógico e atuação dos professores, e ao mesmo tempo organizador para a criança, estimulando sua autonomia, assim “as rotinas atuam como as organizadoras das experiências quotidianas, pois esclarecem a estrutura e possibilitam o domínio do processo a ser seguido e, ainda, substituem a incerteza do futuro” (ZABALZA, 1988, p. 52).

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68 Quando se fala do tema, deve-se destacar atividades fundamentais e diversificadas na realidade da criança, com situações diversificadas, assim:

Em uma rotina de qualidade, deve haver espaços para atividades previsíveis, como o momento da acolhida, da entrada, da roda de conversa, do lanche, do parque e da saída, e deve haver também espaços para momentos espontâneos, como brincar, correr, conversar, etc. para se estabelecer uma rotina que respeite as necessidades das crianças, faz-se necessário perceber a criança como um sujeito ativo, permitindo um espaço para diálogo e reflexão.

Na perspectiva de uma Educação Infantil de qualidade, ao vivenciar as atividades cotidianas bem como a sua autonomia, aprende também a questionar e expor suas ideias (DO VALE, 2012, p.119).

É possível dizer que esta organização está sujeita aos profissionais nela envolvidos, pois a profissionalização está diretamente ligada à capacidade do professor de interagir com a criança, identificar suas necessidades, e organizar um bom planejamento, com intencionalidade e objetivos, afim de promover práticas teoricamente pautadas e conscientes. A formação do professor interfere diretamente em sua atuação, portanto, é indispensável que a formação inicial e continuada dos profissionais que atuam nesta fase do ensino (assim como nas demais) seja também de qualidade.

[...] o trabalho com as crianças de 0 a 6 anos exige, além do conhecimento de como fazer, também o conhecimento do que fazer, incluindo assim os métodos e técnicas para a efetivação do trabalho da professora de Educação Infantil (Raupp, 2008, Apud MASSUCATO e AZEVEDO, 2012 p. 158).

A formação inicial e continuada do professor torna-se portanto, fator considerável para a qualidade de seu trabalho, refletindo no dia-a-dia da instituição e atendimento às crianças e suas famílias.

Desde sua chegada à escola, a criança precisa sentir-se confortável e pertencida ao ambiente, assim, a acolhida é um momento de fazer com que seja recebida e valorizada, com um ambiente planejado para ela.

A alimentação também é um momento importante da rotina, sendo uma possibilidade de ricas ações de ensino sobre saúde, autocuidado, necessidades do fisiológicas, consciência de desperdícios, entre outros conhecimentos elaborados e aprimoramento de capacidades. Neste sentido, Rossetti-Ferreira (2000, p. 122) afirma que “a alimentação faz parte do processo

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69 educativo e é uma parte importante do desenvolvimento infantil. O processo educativo e o desenvolvimento infantil acontecem continuamente”.

O descanso pode ser outro grande instrumento educativo, pois, conforme Cronfli (2002) nas fases mais profundas do sono, o organismo libera substâncias reguladoras da saúde e sistema nervoso e também hormônios do crescimento e apetite. Para o sono na escola, as crianças devem ter o seu relógio biológico respeitado, considerando sua idade e o tempo que necessitam para seu repouso.

Da mesma maneira, o banho, quando acontece na instituição, precisa ser pensado e visto como momento educativo, sendo que segundo Batista (2009), no banho e nas trocas, o toque, as massagens são eficientes contatos corporais, que estimulam e ensinam. A expressão do professor, influencia as relações que a criança terá consigo e com os demais e na formação de uma autoimagem positiva.

Sendo assim, é indiscutível que a rotina que envolve os momentos aqui destacados são de grande importância na organização do trabalho pedagógico, e que para serem efetivos, devem ter qualidade e assim, conceberá a criança em todos os seus aspectos, pois “O educador e o bebê interagindo enquanto este está tomando banho, ou as crianças conversando durante o almoço estão trocando experiências e significados, ampliando seu repertório de ações” (OLIVEIRA et al.

1992, p. 69):

A rotina profissionalizada envolve o cuidado, o ensino e a educação, assim também, devem ser considerados momentos como a experimentação, o desenho, a pintura, a brincadeira, a arte, o movimento, a música, a literatura, entre outros, que são extremamente relevantes para a construção do conhecimento das crianças.

Atividades de expressão, desenho, pintura brincadeira de faz-de- conta, modelagem, construção, a dança, a poesia e a própria fala.

Estas atividades [...] são essenciais para a formação da identidade, da inteligência e da personalidade da criança, além de construírem as bases para a aquisição da escrita como um instrumento cultural complexo (FARIA, 2005, p.24).

A brincadeira e o jogo devem receber um olhar especial, pois, conforme Assis (2006), o brincar é a atividade principal da criança, não pela quantidade de tempo que ela passa brincando, mas pela contribuição que atividade

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70 traz para o seu desenvolvimento, assim “é a atividade principal; não porque a criança de hoje passa a maior parte do tempo se divertindo, o que não deixa de ser verdade, mas porque o jogo dá origem a mudanças qualitativas na psique infantil”

(LEONTIEV, 2001, apud ASSIS, 2006, p. 95).

É importante que as histórias sejam contadas, lidas ou representadas, pois são indispensáveis na formação do pensamento infantil, já que permitem experiências que levam a criança a imaginar, criar, abstrair, se divertir, comunicar, enriquecer vocabulário, formar relações virtuais, associar conhecimentos novos ao que já possuem. Ainda que não leia a palavra escrita, as imagens também podem ser lidas e assim também desenvolvem a percepção visual, conhecimento de mundo, habilidade de comparação, identificação, interpretação e raciocínio.

A Arte pode ser manifestada pela dança, música, pinturas, esculturas, teatro etc., e é crucial para a formação da criança, pois pode incorporar sentidos, sentimentos, movimento, valores, expressão, conhecimento de mundo, entre outros. Por meio dela, criança pode expor sentimentos e ideias e relacionar-se com mundo ao seu redor, assim também, “adquire sensibilidade e competência para lidar com formas, cores, imagens, gestos, sons e demais expressões” (FERREIRA, 2015, p. 9).

Conclusão

A profissionalização da rotina com qualidade é imprescindível para a aprendizagem e desenvolvimento da criança, pois, possibilita o direito de brincar e de aprender por meio das artes, a literatura, a linguagem, literatura, expressão, matemática, movimento, música, natureza e sociedade e tantas outras formas de expressão. Isso quer dizer que todos os momentos da rotina são importantes, desde o banho, a acolhida, a roda, o lanche, o descanso, as brincadeiras e atividades direcionadas, pois envolvem ações de cuidado, educação e ensino.

Quando atividades cotidianas são feitas com qualidade desde a formação inicial do professor, planejamento, execução e avaliação, é possível promover o desenvolvimento integral da criança, o que é o seu direito e dever dos demais envolvidos.

Percebe-se enfim, que os resultados desta pesquisa apontam que por meio de determinações legais, foi possível a reorganização do trabalho

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71 pedagógico nas instituições de educação infantil, permitindo uma profissionalização da rotina pela integração entre cuidados, ensino e educação.

Referências Bibliográficas

ASSIS, Muriane Sirlene Silva. Práticas de Cuidado e de Educação na Instituição de Educação Infantil: o olhar das professoras. In: ANGOTTI, M. (org.). Educação Infantil: para que, para quem e por quê? Campinas, SP: Editora Alínea, 2006.

BATISTA, Cleide Vitor Mussini. Entre fraldas, mamadeiras, risos e choros: por uma prática educativa com bebês. Maxiprint. Londrina: 2009.

CORRÊA. Bianca, C. Considerações sobre qualidade na educação infantil.

Cadernos de Pesquisa, n. 119, julho/ 2003. p. 85-112.

CRONFLI, Regeane T. A importância do sono. Revista Cérebro & Mente.

Universidade Estadual de Campinas, dez. 2002.

DO VALE, Isabel Cristina de Oliveira. Educação Infantil: um olhar para a inserção.

In: COUTINHO, Scalabrin Coutinho, DAY Gisele e VERENA Wiggers. Práticas Pedagógicas na Educação Infantil: Diálogos á partir da formação profissional.

São Leopoldo: Oikos; Nova Petrópolis: Nova Harmonia, 2012.

FERREIRA, Ana Patrícia. A Importância do Ensino de Artes Visuais na Educação Infantil: Especialização em Ensino de Artes Visuais. 1990. 39.

Monografia (Especialização em Ensino de Artes Visuais) Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, 2015.

MASSUCATO, Jaqueline Cristina. AZEVEDO, Heloisa Helena Oliveira; Identidade da Educação infantil e de seus professores: perspectivas de reconstrução. Revista de Educação PUC-Campinas, 17(2): 151-161, jul./dez., 2012.

OLIVEIRA, Zilma de Moraes (et. Al.). Creches: crianças, faz de conta e Cia.

Petrópolis, RJ: Vozes, 1992.

PASCHOAL, Jaqueline Delgado; BRANDÃO, Carlos da Fonseca. A contribuição da legislação para a organização do trabalho pedagógico na educação infantil

brasileira. HISTEDBR. Campinas, no 66, p. 196-210, dez2015 – ISSN: 1676-2584

ROSSETTI-FERREIRA, M. C. A necessária associação entre educar e cuidar.

Pátio Educação Infantil. Porto Alegre: Artmed, 2003, n. 1.

ZABALZA, Miguel A. Qualidade em educação infantil. Trad.Beatriz Affonso Neves.

Porto Alegre: ArtMed, 1998.

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