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Recuperação Judicial Especial: aplicável às micro, pequenas e empresas de pequeno porte 1

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Academic year: 2022

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Recuperação Judicial Especial: aplicável às micro, pequenas e empresas de pequeno porte1

Autor: Gabriel Beserra do Nascimento, e Francisco Segundo de Sousa2 Orientador: Prof. Dra. Lidyane Maria Ferreira de Souza3 Resumo

Esse estudo compreende pesquisa de literatura sobre o instituto da Recuperação Judicial Especial aplicável às microempresas e empresas de pequeno porte dentro do Direito Empresarial, à luz do direito constitucional brasileiro e outras normas pertinentes. Tomando por base a legislação federal aplicável e as posições de alguns doutrinadores, o estudo constata relativa frustração no processo evolutivo da atualização legislativa do reconhecimento das reais necessidades das empresas frente o atual cenário de dificuldade econômica e estagnação do produto interno bruto.

Palavras Chaves: Direito Empresarial, Lei de Falências, Recuperação Judicial, Requisitos, Procedimentos, Aplicabilidade as Microempresas e Empresas de Pequeno Porte.

Abstract

This study comprises literature research on the Special Judicial Recovery Institute applicable to microenterprises and small businesses within the corporate law and the Brazilian constitutional law and other legal provisions. Based on the federal legislation and the positions of some doctrinators, the study finds relative frustration in the evolutionary process of the legislative update of the recognition of the real needs of companies facing the current scenario of economic difficulty and stagnation of gross domestic product.

1Resumo do texto apresentado para o Seminário de Ensino, Pesquisa e Extensão, do Centro de Ensino Superior do Seridó da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Caicó – RN, maio/2018.

2Alunos do Curso de Graduação em Direito do CERES / UFRN.

3Professor Adjunto do Departamento de Direito do CERES / UFRN.

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Keywords: Business law, bankruptcy, Reorganization, requirements, procedures, Applicability microenterprises and small businesses.

Introdução

Parte das empresas brasileiras se apresenta na forma de pequenas empresas e de pequeno porte. Devido à natural limitação de pessoal e recursos, em cumprimento a requisito Constitucional, a lei facilitou os trâmites aplicáveis nos processos falimentares. Este estudo apresenta uma orientação para o processo de Recuperação Judicial Especial, conforme art. 70 da lei 11.101/2005, a elas aplicável. O legislador estipulou uma forma simplificada aplicável às micro, pequenas e médias empresas, com particularidades que aqui se expõe como proceder, considerando a necessidade de abrigar a condição econômico e o desequilíbrio financeiro da empresa, para fazer uso do instrumento legal, numa tentativa de recuperação dos negócios.

Objetivo

Apresentar a Recuperação Judicial Especial aplicada às empresas com menos recursos, de forma prática, didática e facilitadora para os futuros operadores do Direito Empresarial.

Metodologia

O trabalho foi realizado pelo método de fichamento a partir da leitura disponível na Biblioteca Setorial do CERES / Caicó, sobre a Lei de Falências, nº 11.101/2005 e disposições correlatas, com o ensejo de elaboração de material a ser apresentado no Seminário de Ensino, Pesquisa e Extensão do CERES / Caicó – RN, empreendido com auxílio e coordenação da professora orientadora.

Resultados

É necessário identificar quais as empresas são retratadas no presente estudo. Conforme a legislação, art. 3º da Lei Complementar 123/2006, o critério de classificação utilizado é o da Receita Bruta Anual, estabelecendo em até R$ 60 mil, como Microempreendedor Individual (MEI) e Empresário Individual (EI); em até R$ 360 mil as Microempresas (ME); e de R$ 360 mil a R$ 3,6 milhões as Empresas de Pequeno Porte (EPP).

De acordo com o artigo 47 da Lei 11.101/2005, Lei de Falências, o objetivo da Recuperação Judicial (RJ) é a superação da situação de crise econômico-financeira do devedor, a manutenção da fonte produtora, dos empregos e satisfação dos interesses dos credores. Para tanto, o instituto trouxe requisitos e condições diferenciadas em relação a RJ comum ou

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ordinária, porém como uma condição optativa do devedor, devendo este quando da apresentação da inicial expressamente identificar tal opção. Estes requisitos diferenciados servem para cumprir o principio do tratamento favorecido para empresas de pequeno porte constituídas sob a lei brasileira, conforme art. 170, IX, da CF/88.

O pequeno empresário devedor, com mais de 2 anos de exercício da atividade regularizado, deverá se submeter aos requisitos comuns do art. 48 e 51 da Lei nº 11.101/2006 (NEGRÃO, 2015, p. 233). Os artigos estabelecem como condição aos empresários: a) não podem ser falidos; b) não ter solicitado igual recurso a menos de cinco anos; c) seus administradores terem sido condenados por qualquer dos crimes previsto na mesma lei; d) na petição inicial expor as causas concretas da situação patrimonial do devedor e das razões da crise econômico-financeira; e) apresentar as demonstrações contábeis relativas aos últimos três anos, no que couber nas regras específicas e simplificadas da legislação contábil aplicáveis aos mesmos, contabilidade simplificada, conforme art. 27 da Lei Complementar 123/2006.

Alguns dos relatórios obrigatórios são também solicitados no art. 51, II, e §2º da LF, como a demonstração de resultado desde o último exercício e o relatório gerencial de fluxo de caixa e de sua projeção. Não são aplicáveis: f) a relação completa de credores; g) a relação de empregados; h) a certidão de regularidade do registro público de empresas; i) a relação de bens particulares dos sócios; j) extratos atualizados das contas bancárias e investimentos; l) as certidões dos cartórios de protestos da sede e filiais; m) a relação de ações judiciais que figure como parte, subscrita pelo devedor.

Havendo satisfeitas todas as condições, deverá o devedor adentrar ao judiciário com o pedido, relembrando da necessária expressão na inicial de se tratar da escolha pelo trâmite simplificado.

Deferido o pedido, o devedor deverá apresentar o Plano Especial de Recuperação Judicial, de renegociação do passivo, em até 60 dias da publicação da decisão que deferir o processamento da recuperação, conforme art. 71, da LF, e abrangerá todos os créditos existentes na data do pedido, ainda que não vencidos, exceto os decorrentes de recursos federais, os fiscais e os dos §§3º e 4º do art. 49, da LF.

Os comandos do artigo são novidade trazida pela alteração legislativa da Lei Complementar, nº 147/2014, pois antes abrangiam apenas os créditos quirografários, bem como alteração na forma de quantificação dos juros e correção monetária, os quais passaram a ser à

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taxa Sistema de Liquidação e Custódia (SELIC), e a possibilidade de inserção no plano de abatimento no valor das dívidas.

Conforme art. 6º, da LF, deferido o processamento da recuperação judicial, com o recebimento da petição inicial, suspende-se o curso da prescrição e de todas as ações judiciais de execução em face do devedor no prazo improrrogável de 180 dias, com exceção dos créditos não abrangidos pelo plano, conforme art. 71, PU.

Cumprida essas etapas, que em muito se aproximam da RJ Ordinária, passa-se às diferenças do plano especial, que se inicia na forma de aceitação do plano. Isto porque a decisão da aceitação do plano se dará pelo juiz, se cumpridos todos os requisitos, sem necessidade de uma assembleia de credores. Há, no entanto, o imbróglio de não poder ser deferida se pelo menos 50% dos credores de uma das classes dos créditos, do art. 83, da LF, não aceitar, havendo assim de ser decretada a improcedência do pedido e decretar a falência.

Diferente do plano ordinário, no especial só existe uma forma do meio de recuperação permitido, que é a dilação do pagamento das dívidas em até 36 parcelas mensais e sucessivas.

Essas parcelas são ainda corrigidas pela SELIC, sendo que a primeira deve ser paga em até 180 dias da distribuição do pedido de recuperação judicial.

A petição inicial apresentada deverá conter:

“III – a relação nominal completa dos credores, inclusive aqueles por obrigação de fazer ou de dar, com a indicação do endereço de cada um, a natureza, a classificação e o valor atualizado do crédito, discriminando sua origem, o regime dos respectivos vencimentos e a indicação dos registros contábeis de cada transação pendente;”

Já o Plano Especial aprovado, por sua vez, deverá expor o detalhamento do meio de recuperação e seu resumo, a demonstração da viabilidade econômica e o laudo econômico- financeiro e de avaliação do ativo do devedor.

O plano deverá ser publicado por edital, com fixação do prazo de 30 dias para eventuais impugnações, sendo que outra variação, quanto à restrição da administração da empresa, impõe a autorização judicial para o devedor aumentar despesas ou contratar pessoal.

A partir desses procedimentos o plano deverá seguir conforme aprovado, ou seja, sem mais requisitos legais, exceto detalhes técnico-administrativos necessários.

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Neste ínterim, se fala na possibilidade de o juiz entender que não foram cumpridos todos os requisitos legais no pedido se caberá à decretação da falência ou não, como por exemplo, se não for atendido o prazo legal para apresentação do plano.

Estudos estatísticos (SERASA EXPERIAN, 2018) mostram que desde 2005, no Brasil, foram apresentados 35.609 pedidos de Recuperação Judicial por empresas microempresas e empresas individuais, ainda 17.034 pedidos por empresas de médio porte, e 9.480 requerimentos realizados por grandes empresas. Os números equivalem a 0,18% das micro e empresas individuais aderindo ao instituto, e 1,64% das médias e grandes empresas requerendo. O número de médias e grandes empresas é nove vezes maior que das pequenas e empresas individuais em termos percentuais, que solicitam o instituto de recuperação. O contraste é que 75,5% das empresas do Brasil são MEI e microempresas, e apenas 7,8% são das demais classificações, de acordo com publicação de janeiro de 2018 pela empresa de consultora Boa Vista SCPC.

Conclusão

O processo de recuperação especial veio para facilitar para as pequenas empresas os trâmites legais e burocráticos necessários, permitindo assim a recuperação do estado momentâneo de dificuldade e o progresso econômico, porém o estudo identificou que há certa dificuldade na instrumentalização do instituto. Os requisitos admissionais não foram alterados, tampouco os créditos tributários, que foram inclusive incrementados quando se excluem da recuperação os recursos de origem federal. Esses dados levam ao entendimento de que maior quantidade de empresas que usufruem da recuperação judicial especial tem pequena quantidade de trabalhadores.

A situação complica quando se tem, por exemplo, um pequeno negócio comercial com cinco trabalhadores de baixa qualificação profissional específica nas áreas de contabilidade e direito e que estejam em dificuldades financeiras devido ao presente cenário econômico nacional. O rol de exigências legais para admissão do processo ainda é demasiado extenso, com exigências de certidões cartorárias, tributários, demonstrativos de resultados complexos, que não estão ao razoável nível exequível para o pequeno empreendedor. Além disto, as custas processuais e os honorários advocatícios colaboram para aumentar os débitos, promovendo um obstáculo técnico-financeiro quase intransponível.

Referencias:

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BARROSO, Luiz Roberto. A nova interpretação constitucional: ponderação, direitos fundamentais e relações privadas. 3 ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2008.

BOA VISTA SCPC. Número de novas empresas sobe 13,6% em 2017. Disponível em:

<https://www.boavistaservicos.com.br/noticias/indicadores-economicos/abertura-de-

empresas/numero-de-novas-empresas-sobe-136-em-2017>. Acessado em 27 de abril de 2018.

BONAVIDES, Paulo. Curso de Direito Constitucional. 28º ed. São Paulo: Malheiros, 2013.

COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de direito comercial: direito empresarial. 15 ed. São Paulo:

Saraiva, 2014. 3 v.

COELHO, Fábio Ulhoa. Novo manual de direito comercial: direito de empresa. 29 ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2017.

FAZZIO JÚNIOR, Waldo. Lei de falência e recuperação de empresas. 5 ed. São Paulo: Atlas, 2010. 3 v.

MAMEDE, Gladston. Direito empresarial brasileiro: falência e recuperação de empresas. 6 ed.

São Paulo: Atlas, 2014. 4 v.

NEGRÃO, Ricardo. Manoel de direito comercial e de empresa: recuperação de empresas e falência. 10 ed. São Paulo: Saraiva, 2015. 3 v.

SERASA EXPERIAN. Indicadores econômicos. Disponível em:

<https://www.serasaexperian.com.br/amplie-seus-conhecimentos/indicadores-economicos>.

Acessado em 27 de abril de 2018.

SHARP JÚNIOR, Ronald Amaral. Direito comercial e de empresas. Rio de Janeiro: Elsevíer, 2009.

Referências

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