1 - Nome da Prática: Implantação de Educação Ambiental praticada internamente e externamente por o Projeto Social Florestinha, com crianças e adolescentes carentes.
2 – Caracterização da Situação:
O Projeto Florestinha é um trabalho socioambiental desenvolvido pela Polícia Militar Ambiental, o qual trabalha com crianças e adolescentes carentes de 7 a 16 anos, tirando-lhes das ruas, ou não permitindo que fiquem nas ruas, dando-lhes a chance de ter uma profissão e ensinando-lhes a serem cidadãos com sensibilidade ambiental. O projeto iniciou-se em 23 de novembro de 1992, no município de Campo Grande-MS com 50 crianças, em instalações localizadas em uma reserva ambiental de 180 hectares, no bairro Jardim Presidente, denominada Matas do Segredo. Atualmente, o projeto na Capital funciona no parque Cônsul Assaf Trad.
No início, o trabalho era realizado em convênio com o PROMOSSUL (Secretaria de Promoção Social do MS – Atualmente SETAS). Em 2009 foram municipalizadas as ações sociais, passando a ser a parceria no projeto na Capital com a Secretaria Municipal de Ação Social-SAS. Ainda em 2009, em razão de problemas na estrutura predial, o Projeto mudou-se para o Parque Cônsul Assaf Trad, nas proximidades de onde funcionava, o que permitiu atender ao mesmo público.
Basicamente, a preocupação inicial era social e a ideia surgiu também devido ao vandalismo que as crianças e adolescentes dos bairros praticavam no Parque, fiscalizado pela Polícia Militar Ambiental, especialmente, utilizando fogo e abatendo animais silvestres com uso de estilingues. Então, ao invés de tê-los como inimigos, instituiu-se o Projeto Florestinha e as crianças e adolescentes foram trazidas para o lado dos policiais e os problemas ambientais e de depredação do Parque extinguiram-se. Além disso, com o atendimento às crianças, previne-se o cometimento de delitos, em grande parte devido à ociosidade de jovens carentes, obrigatoriamente negligenciados de cuidados dos pais que precisam ambos trabalhar.
Este projeto social é reconhecido pela UNICEF e foi homenageado pela Câmara Municipal de Campo Grande, com o prêmio “Ecologia e Ambientalismo”, depois que os integrantes passaram a desenvolver atividades de Educação Ambiental. Possui grandes resultados alcançados, pois, várias crianças que por ele passaram tornaram-se jornalistas, geógrafos, biólogos, engenheiros, militares e vários outros profissionais, os quais reconhecidamente admitem a influência do projeto no encaminhamento de suas vidas.
A ideia que gerou a nova prática surgiu, em razão da preocupação ambiental da Instituição (Polícia Militar Ambiental), com o ambiente e, que produz resultado social de grande significância. Existia a preocupação para que os participantes do Projeto fossem sensibilizados com as questões ambientais, com palestras internas que eram ministradas pelos policiais. Porém, a ideia principal, aqui inscrita foi de ir além, e treiná-los para que eles pudessem ministrar trabalhos de Educação Ambiental para alunos de escolas públicas e privadas, bem como para visitantes.
3 – Descrição da Prática Inovadora:
A inovação da prática deu-se, a partir do treinamento e utilização de crianças e adolescentes de um Projeto Social, existente há 22 anos, para executarem Educação Ambiental, em substituição aos Policiais Militares Ambientais (desde 2010). Além de racionalizar recursos humanos e materiais, com economia de dinheiro público, a ideia permite melhores resultados da Educação Ambiental, pois há menos resistência e mais abertura dos estudantes com relação à discussão dos temas, com as crianças e adolescentes do Projeto Florestinha. Dessa forma, os policiais que faziam Educação Ambiental, passaram a ser utilizados para cuidar de mais participantes, em ampliação ao Projeto e para fiscalização ambiental.
3.1 – Objetivos que se propõe e resultados visados:
A prática inovadora na realização da atividade de Educação Ambiental, função institucional da Polícia Militar Ambiental, por crianças e adolescentes do Projeto Florestinha, em substituição aos Policiais Ambientais deu-se em razão da racionalização dos recursos humanos escassos da Unidade. Antes eram três policiais para cuidar do Projeto e do prédio onde funcionava e cinco para fazerem Educação Ambiental. Atualmente, são apenas dois para cuidar das crianças do Projeto, as quais fazem a Educação Ambiental.
A ideia visa ainda a atingir melhores resultados nos trabalhos, tendo em vista que a Educação Ambiental passou a ser trabalhada de forma lúdica pelos participantes do Projeto, por meio de teatro de fantoches, oficinas de museu de fauna, reciclagem de papel, plantio de mudas, com discussões dos temas e sendo realizada por criança e adolescentes. Ou seja, como o trabalho é realizado até o nível médio e as crianças e adolescentes do Projeto são de 7 a 16 anos, as discussões das questões entre os participantes (alunos de escolas públicas e privadas) e os agora educadores, fluem muito melhores, aos policiais ministrando palestras.
3.2 – Público Alvo:
Em princípio, os alunos do Projeto Florestinha, pois recebem qualificação na área ambiental e de Educação, bem como o desenvolvimento cultural pela atividade do teatro que é apresentado, além da melhora social pela convivência em grupo e desenvoltura para falar em público. Em segundo plano, os alunos das escolas que participam das atividades de Educação Ambiental, na Capital e interior, uma vez que recebem exemplos de cidadania e sensibilização ambiental.
3.3 – Concepção e trabalho em Equipe:
A implantação da ideia foi do Chefe de Educação Ambiental e Comunicação da Polícia Militar Ambiental e os treinamentos foram realizados por ele, biólogos, turismólogos e outros policiais militares ambientais especialistas.
3.4 – Ações e Etapas da Implementação:
1 – Implantação do Projeto em uma casa no Parque Cônsul Assaf Trad e início das atividades (2009), em parceria com a Secretaria de Assistência Social do Município, para atendimentos dos integrantes do Projeto e parceria com a Secretaria Municipal de Educação, para a garantia de público (alunos).
2 – Convencimento da administração da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano–SEMADUR, para a parceira e transformação do Projeto em um Centro de Educação Ambiental, para garantir público e melhoria nos recursos materiais. Este objetivo foi alcançado, quando foi instituído no Projeto o Centro de Educação Ambiental Florestinha (CEA FLORESTINHA). Só em 2013, as crianças e adolescentes do Projeto Florestinha atenderam 11.917 alunos de escolas públicas e privadas da Capital e Interior, como os municípios de Paraíso das Águas, Dois Irmãos do Buriti, Nova Andradina e Naviraí.
Só na Capital foram 20 escolas atendidas. Além disso, apresentaram o teatro de fantoches em eventos na Capital para aproximadamente 4.370 pessoas.
3 - Todas as informações sobre as atividades e atendimentos são lançadas em um blog dos Centros de Educação Ambiental, da parceria com a SEMADUR (www.ceaflorestinha.bolgspot).
4 – Recursos utilizados:
4.1 - Uma viatura (Polícia Militar Ambiental - PMA); projetor de multimídia, bonecos, biombo de teatro e animais taxidermizados e material para confecção da oficina de reciclagem, além de dois policiais. Custo Estimado/anual (R$ 120.000,00).
Mobília de auditório, caixas de som, mobília de escritório, ar condicionado, construção de sala e alguns banheiros (SEMADUR). – Custo Estimado (R$110.000,00).
Parte Social – um educador, uma cozinheira e um funcionário de serviços gerais e alimentação – Secretaria Municipal de Assistência Social – SAS. Custo Estimado/anual (R$
360.000,00).
4.2 – A eficiência na utilização dos recursos humanos:
Antes (Recursos) Custo Estimado Depois da ideia
Oito Policiais para Educação Ambiental e cuidar do Projeto – Com implantação da ideia – somente dois para cuidar do Projeto
média Salarial – R$
3.500,00 x13x8 = 364.000,00.
2 policiais. 3.500,00 x13x2 = 91.000,00.
Parcerias – SEMADUR – Economia anual para o Estado.
R$ 110.000,00
Parceria com a Secretaria de Assistência Social – SAS (existia antes)
R$ 360.000,00
5 – Caracterização da Situação Atual:
5.1 – A ideia é continuar com as parcerias com a Secretaria Municipal de Educação (SEMED) e realizar avaliação por meio de questionários nas escolas atendidas, com alunos e professores. Isso será concretizado pela própria Secretaria.
5.2 – Resultados Quantitativos e qualitativos concretamente mensurados:
Atendimentos diretos:
Ano Público Atendido 2010 3958
2011 6342 2012 10675 2013 11.917
Os resultados qualitativos surgiram com a implementação de outras oficinas de trabalho de Educação Ambiental, com temas diferenciados. Inicialmente realizava-se somente Teatro de Fantoches e palestra geral. Atualmente realizam-se as Oficinas temáticas:
1. Reciclagem de papel, com palestra sobre os problemas relacionados aos resíduos sólidos.
2. Visitação ao museu de animais e peixes taxidermizados (empalhados), com palestra sobre fauna, pesca, atropelamentos de animais silvestres, etc.
3. Apresentação do teatro de fantoches, com peças sobre as questões ambientais, como: desmatamentos, incêndios florestais e resíduos sólidos, etc.
4. Plantio de Mudas, com palestra sobre desmatamento, erosões e importância da flora e recomposição de vegetação para proteção do solo, etc.
6 – Lições aprendidas:
A maior lição é que se pode racionalizar os recursos públicos, utilizando o que se tem disponível, com estratégias adequadas e vontade de fazer acontecer.
6.1 – Soluções adotadas para a superação dos principais obstáculos encontrados:
A superação dos obstáculos com a ideia foi que neste caso existia a dificuldade de efetivo para cuidar do Projeto Social e para efetivar um trabalho de Educação Ambiental, que é função institucional prioritária nas atividades da Polícia Militar Ambiental. Com a implantação da ideia, melhoraram os trabalhos e atividades do Projeto Social Florestinha, que passou a ser socioambiental, com melhores estímulos aos participantes, bem como, a disposição de efetivo que pôde ser utilizado para a função preventiva operacional.
6.2 – Fatores Críticos de sucesso:
O maior fator de sucesso foi a aceitação do público alvo (principalmente alunos do ensino fundamental e médio) para o trabalho de Educação Ambiental realizado por pessoas de mesmas idades e ideias (crianças e adolescentes do Projeto), em substituição aos policiais ambientais, que aparentam ao público educando, serem pessoas mais inatingíveis, de um mundo diferente dos seus.
A compreensão das instituições parceiras de que os objetivos da Educação Ambiental seriam melhores alcançados, por meio da efetivação desses jovens discutindo entre eles os problemas. Todas acataram a ideia, especialmente, a Assistência Social, pois compreendem
que o relacionamento dos integrantes do Projeto Florestinha, com os alunos, auxilia sobremaneira no desenvolvimento em todos os aspectos, principalmente, na autoestima.
Os fatores críticos são mínimos, pois existe o propósito da Polícia Militar Ambiental de cada vez mais investir na parte social, no intuito de prevenir delitos de várias naturezas, ao não permitir, ou retirar as crianças e adolescentes das ruas, enquanto seus pais trabalham, bem como a prevenção aos crimes ambientais por meio da Educação Ambiental, forma mais adequada de minimizá-los, pois, quando há a necessidade de se reprimir, o dano já foi causado e muitas vezes é irreversível.
A Instituição conta com um quadro de profissionais/estagiários, colocados à disposição do Projeto pelas instituições parceiras, nas áreas de: psicologia, biologia, engenharia ambiental, assistência social, educação artística direcionada, educação física direcionada, ensino fundamental, bem como uma cozinheira, uma auxiliar de cozinha e uma faxineira, além de disponibilização de profissionais da área da saúde.
Há também o subsídio à alimentação diária, considerando as atividades do Projeto nos dias úteis, em expediente integral (Secretaria de Assistência Social).
Como o Projeto é militarizado e baseado na disciplina e hierarquia, a Policia Militar Ambiental fornece periodicamente fardamento para atividades externas e diárias do projeto, bem como material de papelaria para a implementação das instruções.
O Projeto Florestinha fará 22 anos em novembro, o que indica uma firmeza de propósito. Há quase cinco anos os participantes executam trabalhos de Educação Ambiental, por meio de palestras e teatro de fantoches, em escolas da Capital e interior, bem como no Parque Assaf Trad, onde funciona o Projeto.
6.3 – Por que a prática pode ser considerada uma inovação?
Porque é inédita. Não existe no País, nenhuma Polícia Militar Ambiental, ou projeto social, realizando Educação Ambiental, com este nível e metodologia. Além do mais, o trabalho educativo junto às crianças e adolescentes carentes tornam-nos agentes multiplicadores das ações conservacionistas, especialmente no sentido de influenciar o comportamento dos demais estudantes e membros da comunidade local.