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Consolidação de Contas O Estudo de Caso de uma Empresa Metalomecânica

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Consolidação de Contas

O Estudo de Caso de uma Empresa Metalomecânica

Filipa Alexandra da Silva Ferreira Mendes Docente: Profª Doutora Kátia Lemos

Dissertação apresentada ao Instituto Politécnico do Cávado e do Ave para obtenção do Grau de Mestre em Contabilidade e Finanças

Barcelos, abril, 2017

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Consolidação de Contas

O Estudo de Caso de uma Empresa Metalomecânica

Filipa Alexandra da Silva Ferreira Mendes Docente: Profª Doutora Kátia Lemos

Dissertação apresentada ao Instituto Politécnico do Cávado e do Ave para obtenção do Grau de Mestre em Contabilidade e Finanças

Barcelos, abril, 2017

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iv RESUMO

A constante evolução dos mercados e a expansão das empresas e dos investidores tem uma importante consequência em diversas vertentes, como a informação financeira proveniente das fusões e aquisições entre as empresas. As contas consolidadas são Demonstrações Financeiras de um conjunto de entidades pertencentes a um grupo, com o objetivo de proporcionarem uma imagem verdadeira e apropriada da situação financeira e económica desse grupo. Este processo contabilístico permite agregar as demonstrações financeiras individuais das empresas do grupo, numa única entidade (empresa-mãe), tendo como principal objetivo proporcionar informação útil por forma a apoiar os decisores na tomada de decisão, conhecer a situação económica e financeira do grupo e a sua respetiva evolução, bem como os direitos e obrigações sobre o capital das empresas do grupo.

O propósito desta dissertação centra-se no estudo das demonstrações financeiras consolidadas e a sua aplicabilidade no estudo de caso. É feita a descrição e análise dos procedimentos adotados pela entidade em estudo na elaboração das suas contas consolidadas, bem como a inclusão de outra empresa do grupo no perímetro de consolidação. Para além da abordagem teórica e prática da consolidação de contas, no âmbito do estudo de caso, será analisado o impacto da inclusão de outra empresa no perímetro de consolidação, através de uma análise económico-financeira. A metodologia adotada é de caráter qualitativo, uma vez que estamos perante a análise de um estudo de caso, centrando-se a recolha da informação junto da única entidade em estudo.

Após a análise dos resultados, verificamos que a inclusão da empresa em questão no perímetro de consolidação tem um impacto pouco significativo nos resultados das demonstrações financeiras consolidadas, mas que na análise comparativa dos indicadores é clara uma variação negativa. O resultado líquido da Subsidiária C tem um efeito negativo no capital próprio, a inclusão da subsidiária no perímetro de consolidação tem um efeito negativo no resultado líquido do período e consequentemente no capital próprio traduzindo-se também num aumento do passivo nas demonstrações financeiras consolidadas do grupo, diminuindo a atratividade do grupo perante os possíveis investidores.

Palavras-chave: Consolidação de contas, perímetro de consolidação, Goodwill, análise económico-financeira.

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v ABSTRACT

The constant evolution of markets as well as the expansion of companies and investors has an important consequence in several areas concerning the financial information resulting from the mergers and acquisitions between companies. The consolidated accounts are Financial Statements of a group of entities which aim is to provide a true and fair view of the financial and economic situation of that group. This accounting process allows the aggregation of the individual financial statements of the group companies into a single entity (parent company), whose main objective is to provide useful information to support decision-makers in decision-making, to know the economic and financial situation of the group and its evolution as well as the rights and duties concerning the capital of the corporate group.

The aim of this dissertation is to analyze the consolidated financial statements and its applicability in the case study. Therefore, we developed a description and an analysis of the procedures adopted by the entity under study concerning the preparation of its consolidated accounts and the inclusion of another group company in the perimeter of consolidation. In addition to the theoretical and practical approach regarding the consolidation of accounts, according to the case study, the impact of the inclusion of another company in the perimeter of consolidation will be considered through an economic and financial analysis. In order to develop this paper, we adopted a qualitative methodology which is the most appropriated methodology once we are analyzing a case study which is focus on the collection of the information with the only entity under study.

After analyzing the results, we verified that the inclusion of the company regarding the perimeter of consolidation has an insignificant impact on the results of the consolidated financial statements. However, in what concerns the comparative analysis of the indicators, there is a negative variation. The result for the period of Subsidiary C has a negative effect on shareholders equity. The inclusion of the subsidiary in the perimeter of consolidation has a negative effect income for the period and consequently on shareholders equity which contributes to the liability increase in the groups consolidated financial statements, reducing the group's attractiveness to potential investors.

Key Words: Accounting consolidation, perimeter of consolidation, Goodwill, economic and financial analysis, perimeter of consolidation.

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vi AGRADECIMENTOS

A realização de uma dissertação de mestrado não é um projeto individual e ao longo do seu desenvolvimento foram inúmeros os apoios, individuais e institucionais que contribuíram para que pudesse finalizar a mesma. É com enorme gratidão e estima que expresso aqui o meu verdadeiro reconhecimento.

Desta forma, agradeço aos que me acompanharam e ajudaram na elaboração e conclusão deste trabalho: à Profª Doutora Kátia Lemos, por ter aceitado o desafio de orientar esta dissertação, pelos preciosos ensinamentos, conhecimentos e sugestões transmitidas durante a sua elaboração, assim como pela amizade e simpatia, pela disponibilidade e apoio manifestados ao longo de todo o decurso do período curricular do mestrado, revelando-se de valor incalculável para a concretização deste desafio.

À empresa presente no estudo de caso por toda a informação facultada e por me deixar aprender com o seu exemplo.

Um obrigado especial ao meu irmão e aos meus pais que sempre me apoiaram e continuam a fazer parte da minha formação enquanto pessoa.

Aos amigos de sempre pelo apoio incondicional, em especial à Ana Esteves por me fazer sempre acreditar. Aos amigos que tive oportunidade de fazer nesta etapa, Miguel Rodrigues, Carlos Silva e Artur Carqueijó, sem vocês não seria a mesma coisa.

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vii LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

 AFT - Ativos Fixos Tangíveis

 AI - Ativos Intangíveis

 AOA - Kwanzas

 CEE - Comunidade Económica Europeia

 DFC - Demonstrações Financeiras Consolidadas

 DL - Decreto lei

 EBITDA - Earnings Before Interest,Taxes,Depreciation and Amortization

 EUR - Euro

 IAS - International Accounting Standards

 IASB - International Accounting Standards Board

 IFRS - International Financial Reporting Standard

 MEP - Método da Equivalência Patrimonial

 NCRF - Normas Contabilísticas e de Relato Financeiro

 OCC - Ordem dos Contabilistas Certificados

 SNC - Sistema de Normalização Contabilística

 UE - União Europeia

 USD - Dólar Americano

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viii ÍNDICE

ÍNDICE DE FIGURAS ...x

ÍNDICE DE TABELAS ... xi

INTRODUÇÃO ... 1

1. O PROCESSO DE PREPARAÇÃO E ELABORAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS CONSOLIDADAS... 3

1.1. A IMPORTÂNCIA DA CONSOLIDAÇÃO DE CONTAS ... 3

1.2. ENQUADRAMENTO NORMATIVO ... 5

1.3. COMPREENSÃO DO CONJUNTO A CONSOLIDAR ... 7

1.3.1. OBRIGATORIEDADE DA CONSOLIDAÇÃO ... 7

1.3.2. DISPENSA DE CONSOLIDAÇÃO ... 8

1.3.3. CONTAS INDIVIDUAIS VS CONTAS CONSOLIDADAS ... 9

1.4. PROCEDIMENTOS DE PRÉ-CONSOLIDAÇÃO ... 10

1.4.1. PERÍMETRO DE CONSOLIDAÇÃO ... 10

1.4.2. DEFINIÇÃO DOS MÉTODOS DE CONSOLIDAÇÃO A ADOTAR ... 12

1.4.3. HARMONIZAÇÃO DAS POLÍTICAS CONTABILÍSTICAS ... 15

1.4.4. CONVERSÃO CAMBIAL ... 15

1.4.5. DATA DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS A CONSOLIDAR ... 17

1.4.6. ANULAÇÃO DOS EFEITOS DECORRENTES DA ADOÇÃO DO MÉTODO DA EQUIVALÊNCIA PATRIMONIAL ... 17

1.5. PROCEDIMENTOS DE CONSOLIDAÇÃO... 17

1.5.1 SOMA DE SALDOS DAS RUBRICAS DAS DEMOSNTRAÇÕES FINANCEIRAS INDIVIDUAIS ... 18

1.5.2 A ELIMINAÇÃO DA PARTICIPAÇÃO FINANCEIRA ... 18

1.5.3. INTERESSES QUE NÃO CONTROLAM ... 20

1.5.4. ELIMINAÇÃO DAS OPERAÇÕES INTRAGRUPO ... 21

2. ESTUDO DE CASO ... 25

2.1. OBJETIVOS DO ESTUDO E METODOLOGIA DE INVESTIGAÇÃO ADOTADA ... 25

2.2. APRESENTAÇÃO DO GRUPO ... 25

2.3. ESCOLHA DO MÉTODO DE CONSOLIDAÇÃO ... 27

2.4. HARMONIZAÇÃO DAS POLÍTÍCAS CONTABILÍSTÍCAS... 27

(9)

ix

2.5. CONVERSÃO CAMBIAL ... 28

2.6. ANULAÇÃO DOS EFEITOS DE ADOÇÃO DO MÉTODO DA EQUIVALÈNCIA PATRIMONIAL ... 29

2.7. ELIMINAÇÃO DA PARTICIPAÇÃO FINANCEIRA ... 31

2.8. RECONHECIMENTO DOS INTERESSES QUE NÃO CONTROLAM ... 33

2.9. ELIMINAÇÃO DAS OPERAÇÕES INTRAGRUPO ... 34

2.10. ANÁLISE DE ALGUNS INDICADORES ECONÓMICO-FINANCEIROS ... 40

CONCLUSÕES, LIMITAÇÕES E SUGESTÕES PARA INVESTIGAÇÃO FUTURA ... 46

APÊNDICE ... 48

APÊNDICE 1: Eliminação dos efeitos da adoção do método da equivalência patrimonial como operação de pré-consolidação ... 48

APÊNDICE 1.1: Balanço ... 48

APÊNDICE 1.2: Demonstração dos Resultados ... 50

APÊNDICE 2: Soma dos saldos das empresas do grupo, empresa-mãe, subsidiária A e Subsidiária C ... 51

APÊNDICE 2.1: Balanço ... 51

APÊNDICE 2.2: Demonstração dos Resultados ... 53

APÊNDICE 3: Eliminação da participação financeira e reconhecimento dos interesses que não controlam ... 54

APÊNDICE 3.1: Balanço ... 54

APÊNDICE 3.2: Demonstração dos Resultados ... 56

APÊNDICE 4: Eliminação das operações Intragrupo ... 57

APÊNDICE 4.1: Balanço ... 57

APÊNDICE 4.2: Demonstração dos Resultados ... 59

APÊNDICE 5: Demonstrações Financeiras Consolidadas ... 60

APÊNDICE 5.1: Balanço ... 60

APÊNDICE 5.2: Demonstração dos Resultados ... 62

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 63

ANEXOS ... 65

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x ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1: Perímetro de Consolidação ... 11 Figura 2: Operações Intragrupo ... 23 Figura 3: Perímetro de consolidação do grupo ... 27

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xi ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1: Percentagem de Participação e Percentagem de Controlo ... 12

Tabela 2: Métodos de Consolidação ... 12

Tabela 3: Análise Comparativa Métodos de Consolidação ... 15

Tabela 4: Taxa de Câmbio média 2015 ... 28

Tabela 5: Taxa de Câmbio 2015 ... 29

Tabela 6: Taxa de câmbio à data de aquisição Subsidiária A ... 29

Tabela 7: Taxa de câmbio à data de aquisição Subsidiária C ... 29

Tabela 8: Registos de Eliminação dos efeitos de adoção do MEP relativos a anos anteriores - Subsidiária A ... 30

Tabela 9: Registos de Eliminação dos efeitos de adoção do MEP referentes ao ano 2015 - Subsidiária A ... 30

Tabela 10: Registo de Eliminação da Participação Financeira na Subsidiária A ... 32

Tabela 11: Registo Eliminação Participação Financeira Subsidiária C ... 33

Tabela 12: Reconhecimento dos Interesses que não Controlam ... 34

Tabela 13: Anulação dos Ativos Intangíveis na Subsidiária A ... 35

Tabela 14: Anulação de vendas de AFT entre as duas entidades (Anos anteriores) - Subsidiária A ... 35

Tabela 15: Anulação depreciações de Ativos Fixos Tangíveis - Subsidiária A ... 36

Tabela 16: Anulação empréstimos entre a empresa-mãe e a Subsidiária A ... 36

Tabela 17: Anulação de vendas entre a empresa-mãe e a subsidiária A, realizadas em 2015 ... 37

Tabela 18: Anulação de vendas entre a subsidiária A e subsidiária C, realizadas em 2015 ... 37

Tabela 19: Registo AFT ao preço de custo Subsidiária A ... 37

Tabela 20: Anulação de saldos das dívidas clientes/fornecedores entre empresa-mãe e subsidiária A ... 38

Tabela 21: Anulação de saldos das dívidas clientes/fornecedores entre subsidiária A e subsidiária C ... 38

Tabela 22: Anulação de ganhos não realizados incluídos nos inventários da Subsidiária A ... 38

Tabela 23: Anulação de ganhos não realizados incluídos nos inventários da Subsidiária C ... 39

Tabela 24: Especialização outras débitos Subsidiária A ... 39

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Tabela 25: Anulação dívida interna - Subsidiária A ... 40

Tabela 26: Análise Económica e Financeira ... 41

Tabela 27: Indicadores de Liquidez ... 42

Tabela 28: Indicadores de Autonomia, Solvabilidade e Endividamento ... 44

Tabela 29: Indicadores de Rendibilidade ... 45

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1 INTRODUÇÃO

Com o crescimento do fenómeno da globalização económica, assistimos ao desenvolvimento das empresas, quer a nível nacional, quer a nível internacional. Este crescimento pode conseguir-se através do próprio desenvolvimento ou pela aquisição de outras entidades. A constituição de agrupamentos de empresas é feita mediante a aquisição de unidades económicas ou pela constituição de novas empresas, dando origem ao que normalmente se designa por Grupos (Silva, 2007).

A constante evolução dos mercados e a expansão das empresas e dos investidores tem uma importante consequência em diversas vertentes, como a informação financeira proveniente das fusões e aquisições entre as empresas. A necessidade de uma informação financeira elaborada de acordo com as normas internacionais que permita preparar, consolidar, auditar e interpretar essa informação homogeneamente por forma a avaliar a realidade económica financeira do grupo.

As contas consolidadas consistem num conjunto de Demonstrações Financeiras de um conjunto de entidades pertencentes a um grupo, com o objetivo de proporcionarem uma imagem verdadeira e apropriada da situação financeira e económica desse grupo. Este processo contabilístico permite agregar as demonstrações financeiras individuais das empresas que integram o grupo numa única entidade, tendo como principal objetivo proporcionar informação útil, por forma a apoiar os decisores na tomada de decisão e no conhecimento sobre a situação económica e financeira do grupo e sua respetiva evolução. As contas consolidadas são úteis para diversos utilizadores, uma vez que devem responder a exigências de informação externa e necessidades de informação interna.

Uma das motivações para a elaboração deste estudo parte das limitações encontradas no que diz respeito à literatura sobre o tema, que se revela muito escassa. Outra motivação inerente à escolha do tema advém do facto de trabalhar no departamento de contabilidade da empresa em estudo, esperando poder contribuir para a reflexão sobre os melhores procedimentos a adotar, tendo em consideração as exigências contidas no normativo aplicável.

O propósito desta dissertação centra-se no estudo dos procedimentos de consolidação de contas previstos no normativo contabilístico aplicável e sua aplicabilidade no estudo de caso. É feito um enquadramento normativo, tendo em consideração as exigências contidas nas Normas Contabilísticas e de Relato Financeiro do Sistema de Normalização Contabilística e, posteriormente, efetua-se uma descrição e análise aos procedimentos adotados pela entidade em estudo na elaboração das suas contas consolidadas. Finalmente, o nosso contributo consiste na elaboração das demonstrações financeiras consolidadas do grupo com a inclusão de mais uma subsidiária que, por opção, havia sido excluída do perímetro de consolidação. Para além da abordagem teórica e prática da consolidação de contas, no âmbito do estudo de caso, será

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analisado o impacto da inclusão desta nova subsidiária através de uma análise económico- financeira comparativa.

Na presente investigação adota-se uma metodologia de caráter qualitativo, uma vez que estamos perante a análise de um estudo de caso, centrando-se a recolha da informação junto da única entidade em estudo. Toda a informação utilizada foi recolhida junto da empresa objeto de estudo, sendo as demonstrações financeiras, quer as individuais quer as consolidadas, referentes ao período contabilístico de 2015.

Esta dissertação é composta por dois capítulos. No primeiro capítulo realiza-se a revisão de literatura, onde é feita referência a conceitos relacionados com a consolidação de contas, abordando a importância da consolidação, o enquadramento normativo e a compreensão do conjunto a consolidar. Neste capítulo, é dado destaque aos procedimentos de pré-consolidação e de consolidação, essenciais para a obtenção das demonstrações financeiras consolidadas.

O segundo capítulo é dedicado ao estudo de caso. Em primeiro lugar, são definidos os principais objectivos de estudo e explicada, a metodologia adotada. Posteriormente, são explicados os procedimentos adotados no âmbito do estudo de caso e avaliados os resultados obtidos.

Por fim, são apresentadas as principais conclusões desta investigação, bem como as suas limitações e pistas para futuras investigações.

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3 1. O PROCESSO DE PREPARAÇÃO E ELABORAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES

FINANCEIRAS CONSOLIDADAS

1.1. A IMPORTÂNCIA DA CONSOLIDAÇÃO DE CONTAS

A consolidação de contas surgiu nos Estados Unidos da América, no final do século XIX, permitindo que a informação financeira respeitante a um grupo de empresas se tornasse útil e importante para os seus utilizadores. Inicialmente esta informação não era uma obrigação das empresas, mas eram muitas as que apresentavam contas consolidadas como forma de atrair investimento. O conceito de consolidação surgiu, posteriormente, na Europa em meados do século XX, sendo alvo de normalização contabilística e de vários ajustamentos nas normas internacionais de contabilidade ao longo dos anos.

A consolidação de contas visa apresentar as contas de um grupo económico como se de uma única empresa se tratasse, expurgando os efeitos das transações feitas pelas empresas pertencentes ao perímetro de consolidação, eliminação de saldos recíprocos e margens de lucro não realizadas, desta forma temos uma imagem real da situação financeira do grupo.As demonstrações financeiras consolidadas são uma fonte de informação para os acionistas fornecendo informação essencial para a tomada de decisão dos órgãos de gestão, são também um elemento fundamental a fornecer à banca para efeitos de análise de risco das operações de crédito.

Em Portugal, a consolidação de contas é obrigatória desde 1991, com a introdução no Plano Oficial de Contabilidade português das disposições contidas na VII Diretiva Comunitária.

Inicialmente, não passava de um processo para que as empresas cumprissem as suas obrigações legais, mas atualmente, devido em grande parte à forte concorrência entre os mercados, é também utilizada como uma ferramenta de gestão. Segundo Rodrigues (2015), a consolidação de contas fornece informação essencial, quer para utilizadores internos, quer para utilizadores externos.

Com a crescente evolução, quer da indústria quer dos mercados, o conceito de globalização passou a ter outra dimensão. Com o intuito de conquistar outros mercados, as instituições expandiram os seus horizontes e passaram a conhecer o conceito de concentração de atividade empresarial, ou seja, as empresas passaram a deter partes de capital noutras empresas. Esta prática está presente quer em empresas com o mesmo setor de atividade, quer em empresas com setores de atividade bastante distintos, tornando assim os grupos empresariais mais diversificados. Como consequência do crescimento dos grupos de sociedades, surge a técnica de consolidação de contas, cujo objetivo é fornecer informação económica e financeira da empresa mãe ou do grupo de sociedades (Silva et al, 2005).

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O surgimento das concentrações de atividades empresariais aparece com a reestruturação das empresas, a competitividade existente nos mercados, todos estes fatores contribuíram para que a informação contabilística elaborada individualmente não fosse suficiente para a análise dos grupos de empresas. Segundo García (1992), as contas individuais passaram a não ser suficientes para transmitir uma imagem fiel e autêntica da situação financeira e dos resultados da empresa-mãe.

Segundo Alcantara et al, (2009) as contas consolidadas surgiram devido à globalização da economia, uma vez que, com o intuito de se tornarem mais fortes, as empresas pequenas uniram-se. A importância de uma correta análise financeira deste tipo de contas é fundamental por forma a mostrar uma correta posição financeira, quer interna quer externa do grupo.

A informação presente na consolidação de contas pode ser útil para vários utilizadores.

Segundo Iudícibus et al, (2000) um dos objetivos da consolidação é apresentar aos acionistas e credores, a posição financeira da empresa controladora e das suas controladas, como se o grupo fosse uma única empresa. Com este objetivo, a informação que consta nas Demonstrações Financeiras Consolidadas (DFC) deve conter todas as características qualitativas exigíveis, como a compreensibilidade, a relevância, a fiabilidade e a comparabilidade.

As contas consolidadas são uma resposta à evolução dos mercados atuais, pois esta prática consegue evidenciar de forma clara a posição financeira do grupo. A informação consolidada, do ponto de vista do investidor e do credor, possibilita uma avaliação mais criteriosa e transparente em relação aos créditos e lucros dos investimentos realizados.

Outro objetivo na elaboração das contas consolidadas prende-se com a melhoria da informação contabilística dos grupos de empresas. As demonstrações financeiras das entidades, quando analisadas separadamente, podem dar-nos uma visão distorcida da realidade. Segundo Silva et al. (2005) a consolidação permite o estabelecimento de contas únicas representativas da atividade global de um conjunto de sociedades ligadas por interesses comuns.

Maldonado (2003) diz que a principal vantagem para um grupo que elabora contas consolidadas é a possibilidade de analisar as demonstrações financeiras como se de uma única entidade se tratasse. Sendo assim, as empresas que constituem o perímetro de consolidação apenas deverão transmitir resultados provenientes de transações com o exterior.

“As contas consolidadas tendem cada vez mais a ser utilizadas para informação interna, atenta à íntima conexão que existe entre a informação e a gestão” (Silva et al, 2005:393). Esta temática tem vindo a ser adotada pelos órgãos de gestão, na ótica da tomada de decisões, uma vez que permite medir os resultados obtidos pelo grupo de empresas consolidadas, e obter um maior conhecimento da realidade económica e financeira do mesmo.

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A informação financeira é uma mais-valia para as empresas, e com o crescimento dos grupos económicos, a obtenção desta informação a nível do grupo de empresas é fundamental por forma a avaliar a realidade económica e financeira e definir decisões estratégicas. A consolidação de contas requer diversos procedimentos ao longo do seu processo, desta forma alcançamos uma imagem fiel e verdadeira das contas da entidade em análise.

1.2. ENQUADRAMENTO NORMATIVO

A harmonização e a normalização contabilística são conceitos fundamentais, que se encontram na base da evolução do normativo internacional. A harmonização contabilística surgiu para que seja possível a informação comparativa, no que diz respeito à normalização esta trata de impor uma uniformidade de métodos e práticas contabilísticas, desta forma empresas sedeadas em diferentes países pertencentes à União Europeia regem-se pelos mesmos princípios contabilísticos, facilitando a análise das demonstrações financeiras.

Em Portugal, as demonstrações financeiras consolidadas surgiram, quando aprovada a 7ª Diretiva do Conselho das Comunidades Europeias, os Estados Membros passaram a exigir a elaboração das contas consolidadas, desta forma contribuindo para a harmonização contabilística.

No que diz respeito ao normativo internacional do Internacional Accounting Standards Board (IASB), as normas que abordam a temática da consolidação de contas são as seguintes:

 IAS1 28 – Investimentos em Associadas e joint ventures;

 IAS 312 – Interesses em Empreendimentos Conjuntos;

 IFRS3 3 – Concentração de Atividades Empresariais;

 IFRS 10 – Demonstrações Financeiras Consolidadas.

Lopes (2010), aborda esta temática e segundo ele, as demonstrações financeiras consolidadas refletem as demonstrações financeiras de um grupo apresentadas como as de uma única entidade económica. As normas internacionais, indicadas anteriormente, são utilizadas na elaboração, preparação e apresentação das demonstrações financeiras consolidadas de um grupo de empresas.

Com a existência de transações entre as empresas do grupo, e com a existência de participações de capital cruzadas e de diferentes percentagens de capital detido, o processo de consolidação pode ser extremamente complexo. Por outro lado, o enquadramento jurídico que regula as práticas de consolidação tem vindo a evoluir com a publicação de normas cujo objetivo

1 Internacional Accounting Standard (IAS)

2 Entretanto substituída pela IFRS 11 – Joint arrangements

3 Internacional Financial Reporting Standard (IFRS)

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se prende com a normalização contabilística internacional de modo a tornar comparáveis as demonstrações financeiras de empresas a operar em diferentes países.

A IFRS 10 surgiu com o objetivo de substituir a IAS 27, alterando assim a definição de controlo. Na IAS 27, o controlo surgia no âmbito do poder de gerir e orientar uma entidade, no entanto este conceito altera-se ligeiramente na IFRS 10, “A nova definição de controlo foca-se na existência de ‘poder’ e retorno variável. Poder é a capacidade de gerir as atividades que influenciam de forma significativa os retornos de um investimento, quer sejam positivos ou negativos” (Rodrigues, 2015: 104).

No estudo feito por Vasek e Gluzová (2014), o controlo é uma característica essencial uma vez que é através do mesmo que são definidas as empresas a ter em consideração no perímetro de consolidação, e uma correta definição do grupo é vital para a relevância das contas consolidadas. A autora defende que a nova definição de controlo presente na IFRS 10 é baseada nos seguintes pressupostos:

 Poder sobre a empresa investida;

 Exposição para a variabilidade do retorno da investida;

 Capacidade de utilização do poder para afetar o retorno.

A IFRS 3 é aplicada a entidades que tem por objetivo especificar o relato financeiro por parte de uma entidade, quando esta empreende uma concentração de atividades empresariais, segundo a norma todas as concentrações de atividades empresariais devem ser contabilizadas pela aplicação do método de compra. A empresa adquirente deve reconhecer os ativos, passivos e passivos contingentes identificáveis da empresa adquirida pelos seus justos valores à data de aquisição, e reconhece também o goodwill, que é posteriormente amortizado.

O conceito de consolidação de contas surgiu em Portugal na década de 80, com o objetivo de reforçar a competitividade das empresas, quer no mercado nacional quer no mercado internacional. No que diz respeito ao normativo português, este deve estar de acordo com as indicações provenientes da comissão europeia, sendo estas originárias do IASB. As empresas cotadas em bolsa, desde 2005, viram-se obrigadas a apresentar as suas contas consolidadas tendo por base as IAS e IFRS emitidas pelo IASB e adotadas pela união europeia. Em 2010 entrou em vigor o Sistema de Normalização Contabilística (SNC), que tem por base o normativo da IASB, e segundo Guimarães (2010: 49), “tivemos uma melhoria significativa da estrutura conceptual da Contabilidade, como suporte teórico fundamental da prática contabilística”.

No normativo português, o SNC regula a temática da consolidação de contas, tendo como base teórica as seguintes normas:

 NCRF413 - Interesses em empreendimentos conjuntos e investimentos em associadas;

 NCRF 14 - Concentrações de atividades empresariais;

4 Norma Contabilística e de Relato Financeiro (NCRF)

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 NCRF 15 - Investimentos em subsidiárias e consolidação;

Em Portugal, uma entidade procede à elaboração das contas consolidadas atendendo às normas do SNC ou às normas do IASB, o que nomeadamente trará aos relatos financeiros das empresas em Portugal condições de comparabilidade com os relatos financeiros de empresas multinacionais, contribuindo assim para a harmonização contabilística.

Um dos objetivos da NCRF 13 é o de prescrever o tratamento para o reconhecimento, mensuração e divulgação dos interesses em empreendimentos conjuntos e para os investimentos em associadas. O tratamento contabilístico a ter no que diz respeito a concentrações de atividades empresariais está presente na NCRF 14, estas devem ser contabilizadas pela aplicação do método de compra, tal como preconizado na IFRS 3. O adquirente deve reconhecer os ativos, passivos e passivos contingentes identificáveis pelos seus justos valores à data de aquisição, bem como reconhecer o goodwill.

Na NCRF 15, encontramos uma orientação prática para o tratamento contabilístico a seguir nos investimentos em subsidiárias e quais os procedimentos necessários para a elaboração das contas consolidadas. A norma tem como objetivo prescrever o tratamento para os investimentos em subsidiárias, no âmbito das regras de valorização dos investimentos financeiros em subsidiárias nas demonstrações financeiras individuais da empresa-mãe e na apresentação de DFC.

1.3. COMPREENSÃO DO CONJUNTO A CONSOLIDAR

1.3.1. OBRIGATORIEDADE DA CONSOLIDAÇÃO

Não são todas as empresas que têm a obrigatoriedade de elaborar demonstrações financeiras consolidadas, no art.º 6 do DL 158/20095, encontramos os requisitos que uma empresa-mãe detém para que esta tenha de proceder à elaboração das contas consolidadas.

Segundo o art.º 6 do DL 158/2009, “Qualquer empresa-mãe sujeita ao direito nacional é obrigada a elaborar demonstrações financeiras consolidadas do grupo constituído por ela própria e todas as subsidiárias”. A noção fundamental a reter é a de controlo, uma vez que a elaboração das DFC é obrigatória desde que exista controlo significativo, ou desde que a empresa-mãe e a subsidiária sejam geridas como se de uma única empresa se tratasse. No caso de a empresa-mãe ser titular de capital, esta vê-se obrigada à elaboração das DFC, sempre que ocorra uma das seguintes situações (art. 6º):

5 Que aprova o Sistema de Normalização Contabilística, que entrou em vigor em janeiro de 2010 e alterado pelo DL 98/2015 (que entrou em vigor em situações que se iniciem em ou após 1 de janeiro 2016).

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 Detenha a maioria dos direitos de voto;

 Tenha o direito de designar ou destituir o órgão de gestão, com poderes que lhe permitam gerir as políticas financeiras e operacionais;

 Exerça influência dominante, por contrato ou cláusula no contrato social;

 Seja detentor de pelo menos 20% dos direitos de voto e a maioria dos titulares do órgão de gestão, que tenha estado em funções durante o período a que se reportam as demonstrações financeiras consolidadas, bem como no exercício precedente e até ao momento em que estas sejam elaboradas, tenham sido exclusivamente designados como consequência desse exercício;

 Disponha, por si só ou através de acordo com outros titulares, a maioria dos direitos de voto do capital da entidade.

1.3.2. DISPENSA DE CONSOLIDAÇÃO

A empresa-mãe não está obrigada à elaboração de contas consolidadas em duas situações distintas: quando se trata de uma empresa de um pequeno grupo, ou quando uma empresa-mãe seja também uma subsidiária.

Segundo o artigo 7º do DL 158/2009 uma empresa encontra-se dispensada da elaboração de DFC, desde que não ultrapasse dois dos três limites seguintes, durante dois períodos consecutivos:

 Total do Balanço: 6 milhões de euros;

 Volume de negócios líquido: 12 milhões euros;

 Número médio de empregados: 50.

Está também dispensada da obrigação de elaboração de contas consolidadas, qualquer empresa-mãe que seja também uma subsidiária, ou seja quando a sua própria empresa-mãe esteja subordinada à legislação de um estado membro da UE e:

 Seja titular de todas as partes de capital da entidade dispensada; ou

 Seja detentora de mais de 90% de capital de uma entidade dispensada da obrigação e no caso de os sócios minoritários não solicitarem a elaboração das DFC pelo menos 6 meses antes do fim do período.

Encontra-se ainda dispensada da obrigatoriedade de elaboração de DFC empresas onde a empresa-mãe apenas seja detentora de subsidiárias que não sejam materialmente relevantes para que as demonstrações financeiras reflitam com veracidade a posição financeira do grupo.

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EXCLUSÕES DE CONSOLIDAÇÃO

Segundo o artigo 8º do DL 158/2009, as empresas podem ser excluídas da consolidação, quando não seja materialmente relevante para a realização do objetivo de as demonstrações financeiras darem uma imagem verdadeira e apropriada da posição financeira do grupo. No caso em que duas ou mais entidades sejam incluídas nas circunstâncias anteriormente referidas, mas que no seu conjunto sejam materialmente relevantes, estas devem ser incluídas no perímetro de consolidação.

Para além disso, de acordo com o mesmo artigo, uma entidade pode também ser excluída de consolidação, sempre que se verifique algum dos seguintes requisitos:

 “Restrições severas e duradouras que prejudiquem substancialmente o exercício pela empresa-mãe dos seus direitos sobre o património ou gestão dessa entidade;

 As partes de capital desta entidade tenham sido adquiridas exclusivamente tendo em vista a sua cessão posterior, e enquanto se mantiverem como detidas para venda;

 Se trate de um caso em que as informações necessárias para elaborar as demonstrações financeiras consolidadas não podem ser obtidas sem custos desproporcionados ou sem demora injustificada”

Uma subsidiária não deve ser excluída do perímetro de consolidação pelo simples facto de as atividades empresariais serem diferentes das outras atividades do grupo. As regras de exclusão da elaboração de DFC não se aplicam quando estas são preparadas tendo por base as normas internacionais da IASB.

1.3.3. CONTAS INDIVIDUAIS VS CONTAS CONSOLIDADAS

Sendo um grupo de empresas um fator importante na economia é exigida informação contabilística complementar da que é apresentada individualmente. No caso de uma sociedade adquirir partes de capital de outra entidade, como estratégia de crescimento, esta fica automaticamente com mais recursos para atingir os objetivos anteriormente definidos.

Segundo Rodrigues (2006), quando uma sociedade elabora contas consolidadas, irá constar no ativo do seu balanço as ações que possui nas suas filiais ou associadas, não prestando qualquer tipo de informação sobre a natureza dos recursos da entidade adquirida. Nas contas individuais das entidades estes recursos aparecem “mascarados” numa conta que não permita traduzir a real capacidade produtiva enquanto sociedade-mãe de um grupo. No caso da empresa- mãe alargar a sua capacidade produtiva através de novos investimentos, estes irão constar nas suas contas pelo valor de aquisição, permitindo assim traduzir nas contas individuais dessa entidade os meios que estão disponíveis para alcançar os objetivos definidos. Podemos constatar que a informação prestada individualmente é bastante limitada para um conhecimento da realidade económico-financeira.

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A distorção dos resultados das contas individuais, quando aplicados a um grupo de empresas, pode ser solucionado com a elaboração das contas consolidadas, tendo por base o critério de grupo, ao invés de cada empresa elabora separadamente. A consolidação de contas é criadora de informações úteis, na medida em que as mesmas são, em alguns casos, bastante complementares à informação individual, divulgando assim informações que não seriam obtidas através das contas da sociedade-mãe (Rodrigues, 2006).

A elaboração das contas consolidadas apresenta vantagens relativamente à informação prestada pelas contas individuais, uma vez que estas fornecem uma melhor informação do que as contas individuais, proporcionando uma visão verdadeira e apropriada sobre o grupo como se esta fosse uma única entidade. A agregação das contas da empresa-mãe e as suas subsidiárias permitem uma análise generalizada das empresas que constituem o grupo, pois possibilitam uma melhor compreensão da real posição económica do grupo.

1.4. PROCEDIMENTOS DE PRÉ-CONSOLIDAÇÃO

A informação financeira é uma mais-valia para as empresas e, com o crescimento dos grupos económicos, a obtenção desta informação ao nível do grupo de empresas é fundamental, por forma a avaliar a realidade económica e financeira e definir decisões estratégicas. A consolidação de contas requer diversos procedimentos ao longo do seu processo, de forma a alcançarmos uma imagem fiel e verdadeira das contas da entidade em análise.

Os procedimentos de pré-consolidação são fundamentais uma vez que os mesmos agregam um conjunto de operações prévias, que auxiliam na preparação das demonstrações financeiras individuais das empresas pertencentes ao grupo a consolidar à luz dos princípios contabilísticos adotados pela empresa mãe.

1.4.1. PERÍMETRO DE CONSOLIDAÇÃO

Uma das primeiras fases no processo de elaboração de DFC consiste num estudo aprofundado das empresas que constituem o grupo a consolidar. Será necessário avaliar a dimensão do grupo, as atividades de cada uma das empresas, a localização das entidades e todas as ligações que possam condicionar o processo de consolidação. Todas as empresas que não estejam excluídas da consolidação, segundo do DL 158/2009, devem constar no perímetro de consolidação.

A delimitação do perímetro de consolidação deve ter por base a percentagem de controlo detida pela empresa-mãe, por forma a conseguirmos elaborar um organograma onde conste a

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empresa-mãe e todas as suas participações. Na opinião de Rodrigues (2015), a percentagem de controlo exprime o grau de dependência da participada relativamente à investidora, através de partes de capital.

Segundo Rodrigues (2015), no que diz respeito à percentagem de interesse ou de participação, esta exprime a fração de capital social da participada detida direta ou indiretamente pela empresa-mãe, através de subsidiárias em outras entidades. Nas participações diretas, a percentagem de participação corresponde à percentagem de controlo, enquanto que nas participações indiretas, a percentagem de participação é determinada pelo produto da percentagem de capital detido pela empresa-mãe na sua subsidiária e desta na entidade detida indiretamente. O controlo é quebrado quando estamos perante uma empresa-mãe que não controla a subsidiária que por sua vez detém percentagem de capital em outra entidade.

Os lucros e prejuízos da entidade participada devem ser reconhecidos nas DFC da empresa mãe, tendo em consideração a percentagem de capital detida.

No exemplo seguinte é possível analisar a percentagem de participação e a percentagem de controlo de uma empresa no capital da outra.

Figura 1: Perímetro de Consolidação

Fonte: Elaboração própria, adaptado de Oliveira (2015)

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Tabela 1: Percentagem de Participação e Percentagem de Controlo

Fonte: Elaboração própria, adaptado de Oliveira (2015)

1.4.2. DEFINIÇÃO DOS MÉTODOS DE CONSOLIDAÇÃO A ADOTAR

“A consolidação das contas visa substituir no balanço da empresa consolidante o valor das partes de capital por ela detidas pelo valor que lhe corresponde no património das empresas consolidadas.” (Silva et al, 2005: 400)

O normativo contabilístico aborda três métodos de consolidação, que podem ser aplicados em função da relação presente entre a empresa-mãe e as entidades participadas que estejam incluídas no perímetro de consolidação. No quadro seguinte é possível analisar os métodos de consolidação existentes, bem como associá-los aos tipos de participações financeiras sujeitas à elaboração de DFC.

Tabela 2: Métodos de Consolidação

Fonte: Elaboração própria com base na Nota de Enquadramento à rubrica “41- Investimentos Financeiros”, SNC

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Método de Consolidação Integral

O método de consolidação integral é considerado de aplicação geral em situações em que a empresa-mãe exerce controlo sobre as empresas a consolidar, os restantes métodos são fundamentais para casos em que, quando aplicáveis, respondem melhor aos objetivos pretendidos.

Este método consiste na integração nas demonstrações financeiras da empresa-mãe, das demonstrações financeiras das suas subsidiárias como se de uma única entidade se tratasse.

Todos os elementos presentes no balanço das empresas que constituem o perímetro de consolidação devem ser integrados na sua totalidade no balanço consolidado, considerando também os interesses que não controlam6, ou seja os direitos de terceiros.

Segundo (Rodrigues 2015), depois da integração das demonstrações financeiras das subsidiárias nas demonstrações financeiras da empresa-mãe, seguidamente deve proceder-se à elaboração dos seguintes procedimentos:

- Eliminação da participação financeira da empresa detentora do capital próprio da subsidiária à data de aquisição, reconhecendo o goodwill e eventuais diferenças de mensuração em ativos e passivos da subsidiária;

- Reconhecimento da parcela dos interesses que não controlam sobre os capitais próprios e sobre os resultados da subsidiária;

- Saldos, transações intragrupo e resultados não realizados intragrupo são eliminados na totalidade.

Na utilização do método integral é considerada a totalidade dos ativos, passivos, rendimentos e gastos. Quando a empresa-mãe não detêm 100% do capital da sua subsidiária, a parcela dos resultados do período e dos capitais próprios pertencentes aos interesses que não controlam deve ser evidenciada.

Método de Consolidação Proporcional

Teoricamente o método de consolidação proporcional é associado à teoria do proprietário, ou seja, as contas consolidadas devem apenas abranger elementos do património do proprietário (o grupo). Na perspetiva de (Silva et al, 2005), o método da consolidação proporcional consiste na integração no balanço e na demonstração dos resultados da empresa consolidante da parte

6 Anteriormente denominados de interesses minoritários, passaram a designar-se de interesses que não controlam com as recentes alterações no normativo internacional e consequentemente na mais recente alteração ao SNC.

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proporcionalmente detida, nos elementos respetivos do balanço e demonstrações dos resultados das empresas consolidadas.

Este método é aplicado a entidades sobre as quais a empresa-mãe exerce controlo conjunto, ou seja, um relacionamento empresarial onde o poder de controlo está distribuído por um grupo de sociedades participantes, todas com um equivalente poder, onde o poder de decisão é partilhado com as restantes entidades.

Neste método a integração é feita pela percentagem correspondente à participação da empresa-mãe em cada uma das empresas consolidadas, não havendo assim lugar a interesses que não controlam.

De acordo com (Rodrigues 2015) aquando da aplicação deste método, é necessário ter em atenção os seguintes aspetos:

- Eliminação do investimento financeiro da empresa detentora com a quota-parte do capital social da subsidiária (capital próprio na data de aquisição, caso a origem do investimento tenha sido uma aquisição);

- Saldos e transações de operações com empresas incluídas na consolidação são eliminados, bem como os resultados não realizados, pela percentagem de participação da investidora.

Método da Equivalência Patrimonial

O método da equivalência patrimonial (MEP), de aplicação obrigatória em empresas associadas, sobre as quais a empresa-mãe exerça uma influência significativa, “consiste na substituição no balanço da empresa consolidante do valor contabilístico das partes de capital por ela detidas pelo valor que proporcionalmente lhe corresponde nos capitais próprios da empresa participada” (Oliveira, 2015: 110).

Ao contrário dos outros métodos de consolidação, não haverá lugar à eliminação do valor de participação, mas sim uma substituição da quantia escriturada do investimento pela percentagem detida pelo investidor no justo valor líquido dos ativos e passivos da investida.

Para que seja mais percetível o impacto que a escolha do método de consolidação tem nas demonstrações financeiras consolidadas, segue um quadro síntese:

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Tabela 3:Análise Comparativa Métodos de Consolidação

Fonte: Elaboração própria, adaptado de Oliveira (2015) 1.4.3. HARMONIZAÇÃO DAS POLÍTICAS CONTABILÍSTICAS

Um dos critérios para uma correta elaboração das DFC prende-se com a recolha de informação nas empresas presentes no perímetro de consolidação. Uma vez que a consolidação de contas tem como objetivo elaborar DF de um grupo como se de uma única empresa se tratasse, é fundamental que esta informação seja uniforme e consistente nos princípios contabilísticos e critérios de mensuração.

“As empresas compreendidas na consolidação devem seguir os mesmos princípios e procedimentos contabilísticos aplicados pela empresa-mãe nas suas demostrações financeiras”

(Lopes, 2010: 79).

Na eventualidade de alguma das empresas não estar a agir em conformidade com as políticas contabilísticas da empresa-mãe, será necessário proceder a reclassificações, reavaliações e correções, por forma a atingir uma harmonização das políticas contabilísticas entre todas as entidades pertencentes ao grupo consolidado.

1.4.4. CONVERSÃO CAMBIAL

Devido à diversificação da economia e dos mercados, são inúmeras as empresas que detêm percentagem de capital em empresas localizadas em países diferentes, onde as contas são expressas na moeda dos países onde essas empresas operam. Uma vez que é fundamental a harmonização contabilística, aquando da elaboração das DFC, as contas terão de ser convertidas para a mesma moeda em que opera a empresa-mãe.

Por razões práticas, é usada uma taxa de câmbio que se aproxime das taxas de câmbio à data das transações, como uma taxa média do período, para transpor os itens de rendimentos e

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gastos. No caso em que existe uma grande variação das taxas de câmbio, não é apropriado o uso da taxa média (NCRF 23: §39).

Um dos grandes objetivos deste procedimento será obter valores expressos na moeda de referência tão próximos quanto possível dos valores obtidos se fosse aplicada a taxa em vigor no momento das operações (Silva, 1998).

Os resultados e posição financeira de uma entidade cuja moeda funcional não seja a moeda de uma economia hiperinflacionária devem ser transpostos para uma moeda de apresentação, utilizando dos seguintes procedimentos (NCRF 23: §38):

 Os ativos e passivos de cada balanço apresentado devem ser transpostos à taxa de fecho na data desse balanço;

 Os rendimentos e gastos de cada demonstração dos resultados devem ser transpostos às taxas de câmbio nas datas das transações;

 Todas das diferenças de câmbio resultantes devem ser reconhecidas como um componente separado de capital próprio.

As diferenças de câmbio referidas anteriormente não são reconhecidas nos resultados porque as alterações nas taxas de câmbio têm pouco ou nenhum efeito sobre os fluxos de caixa presentes e futuros das unidades operacionais. Quando as diferenças de câmbio se relacionam com uma unidade operacional estrangeira, que esteja consolidada, mas não totalmente detida, as diferenças de câmbio acumuladas resultantes da transposição e atribuíveis a interesses minoritários são imputados a, e reconhecidas como parte de interesses que não controlam no balanço consolidado. (NCRF 23: §41 b)).

Os resultados e posição financeira de uma entidade cuja moeda funcional seja a moeda de uma economia hiperinflacionária devem ser transpostos para uma moeda de apresentação diferente usando os seguintes procedimentos (NCRF 23: §41):

 Todas as quantias devem ser transpostas à taxa de fecho na data do balanço mais recente, exceto que

 Quando as quantias são transpostas para a moeda de uma economia não hiperinflacionária, as quantias comparativas devem ser aquelas que tenham sido apresentadas como quantias do ano corrente nas demonstrações financeiras relevantes do ano anterior (não ajustadas para alterações subsequentes no nível de preço ou alterações subsequentes nas taxas de câmbio).

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1.4.5. DATA DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS A CONSOLIDAR

Uma das questões fundamentais a ter em consideração aquando da elaboração das contas consolidas é a data das mesmas, uma vez que as empresas incluídas no perímetro de consolidação podem estar sujeitas a prazos diferentes dos da empresa mãe.

As demonstrações financeiras da empresa-mãe e das suas subsidiárias usadas na preparação das demonstrações financeiras consolidadas devem ser preparadas a partir da mesma data de relato. Quando as datas não coincidem a subsidiária deve preparar, apenas para efeito da consolidação, demonstrações financeiras adicionais a partir da mesma data das demonstrações financeiras da empresa mãe (NCRF 15: §16).

1.4.6. ANULAÇÃO DOS EFEITOS DECORRENTES DA ADOÇÃO DO MÉTODO DA EQUIVALÊNCIA PATRIMONIAL

A anulação dos efeitos decorrentes do MEP, não estão presentes na NCRF 15, mas segundo Oliveira (2015), a aplicação deste método pode afetar positivamente ou negativamente a quantia escriturada dos investimentos financeiros. Este valor deve ser retirado da quantia escriturada para que na rubrica “Participações financeiras – Método de Equivalência Patrimonial”

conste apenas o custo de aquisição.

1.5. PROCEDIMENTOS DE CONSOLIDAÇÃO

Depois de todas as operações de pré-consolidação concluídas, começam as operações de consolidação propriamente ditas, que visam evidenciar a situação financeira e os resultados do grupo.

São diversas as fases que constam nos procedimentos de consolidação, e inúmeras as diferentes vertentes de análise, dependendo do perímetro de consolidação, do método de consolidação escolhido, da moeda em que operam as empresas. Nos parágrafos seguintes, abordaremos de forma mais aprofundada os procedimentos de consolidação a ter em consideração aquando da elaboração das DFC, de acordo com a NCRF 15 e o método de consolidação integral.

O método de consolidação integral, “método considerado por excelência” no que diz respeito à elaboração das demonstrações financeiras consolidadas permite-nos obter uma visão global e abrangente do grupo em análise.

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1.5.1 SOMA DE SALDOS DAS RUBRICAS DAS DEMOSNTRAÇÕES FINANCEIRAS

INDIVIDUAIS

Ao preparar as demonstrações financeiras consolidadas, são combinadas as demonstrações financeiras da empresa-mãe com as suas subsidiárias, linha a linha, adicionando itens idênticos de ativos, passivos, capital próprio, rendimentos e gastos (NCRF 15: §12).

As demonstrações financeiras individuais, incluídas na soma de saldos devem estar homogeneizadas de acordo com os critérios valorimétricos e políticas contabilísticas adotadas pelo grupo.

1.5.2 A ELIMINAÇÃO DA PARTICIPAÇÃO FINANCEIRA

A eliminação da participação financeira é o primeiro procedimento da elaboração das DFC após a soma das rubricas. A NCRF 15 refere que a quantia escriturada do investimento da empresa-mãe nas suas subsidiárias terá de ser eliminada, bem como a parte correspondente do capital próprio de cada subsidiária.

Oliveira (2015: 118) enumera alguns valores a considerar aquando da elaboração das contas consolidadas:

 Custo de aquisição da participação;

 Valor contabilístico dos capitais próprios da participada;

 Fração correspondente aos interesses que não controlam;

 Justo valor líquido dos ativos, passivos e passivos contingentes identificáveis da participada;

 Diferença de Aquisição, ou seja, a diferença entre o custo de aquisição e a quota- parte do valor contabilístico do capital próprio da participada, à data de aquisição;

 Diferença de mensuração, ou seja, diferença entre o justo valor e o valor contabilístico dos ativos e dos passivos da participada;

 Diferença de consolidação, a diferença entre o custo de aquisição e a quota-parte no justo valor líquido dos ativos, passivos e passivos contingentes da participada (goodwill ou negative goodwill).

O goodwill corresponde a benefícios económicos futuros resultantes de ativos que não são capazes de ser individualmente identificados e separadamente reconhecidos (NCRF 14: §9).

Representa o excesso do custo de aquisição sobre a proporção detida pelo comprador no justo valor dos ativos, passivos e passivos contingentes identificáveis na data de aquisição. O valor do goodwill é justificado pela expetativa do investidor em obter benefícios económicos futuros, de ativos passíveis de não serem devidamente identificáveis (Rodrigues, 2015).

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Na opinião de Rodrigues (2006), por vezes as empresas sentem dificuldade no reconhecimento dos seus Ativos Intangíveis e apenas uma minoria reconhece estes ativos, detidos pela sociedade adquirida, na elaboração das DFC. Na sua generalidade, não existem elementos que fundamentem a sua identificação e a fiabilidade na sua mensuração, sendo por isso reconhecidos no goodwill da entidade.

As dificuldades existentes nas contas individuais no que respeita aos ativos intangíveis são também sentidas nas contas consolidadas. Barros e Rodrigues (2013) são da opinião que quer nas contas individuais quer nas consolidadas, apenas são reconhecidos ativos intangíveis que tiverem por base uma transação. No que diz respeito aos Ativos Intangíveis gerados internamente, o seu tratamento não é homogéneo: nas contas individuais, quer da empresa-mãe quer das subsidiárias, estes não são reconhecidos; nas contas consolidadas do grupo são reconhecidos alguns intangíveis gerados internamente nas subsidiárias, identificados no âmbito da transação subjacente à aquisição da participação social. Ainda nas contas consolidadas, alguns dos ativos intangíveis da participada podem aparecer “mascarados” na conta goodwill.

“As grandes fusões e aquisições que ultrapassam as fronteiras de cada país, a expansão dos serviços e o número de operações crescentes nesse setor, bem como a velocidade e a expansão das mudanças tecnológicas, com especial referência para o impacto da tecnologia da informação e a crescente sofisticação e integração dos mercados financeiros, conjugado com o crescimento exponencial dos mercados de capitais a nível mundial, estes fatores deram visibilidade e notoriedade a um conjunto de ativos intangíveis e, particularmente, ao goodwill surgido nessas grandes operações de concentração empresarial” (Rodrigues, 2003: 164).

Os fatores descritos anteriormente, contribuem para que existam diferenças entre o valor de mercado e o valor contabilístico das organizações, esta diferença é causada uma vez que nos resultados das entidades não se encontram evidenciados os ativos intangíveis. Rodrigues (2013), considera que um intangível de uma forma resumida contém as seguintes características: não tem presença física, embora não seja um ativo fictício, apresenta um elevado grau de incerteza no que diz respeito à capacidade de gerar lucros futuros e por fim, é um elemento de difícil valorização financeira.

Contabilisticamente, encontramos dois tipos de ativos intangíveis, os identificáveis e os não identificáveis, sendo que os últimos são identificados como goodwill, principalmente quando gerados internamente. Desta forma podemos reconhecer a importância do goodwill para uma avaliação mais realista do património de uma empresa ou de um grupo.

Segundo a NCRF 14 § 43:47, o adquirente deve mensurar o goodwill adquirido inicialmente pelo seu custo e subsequentemente pelo custo menos amortizações acumuladas, menos qualquer perda por imparidade acumulada.

Posteriormente ao reconhecimento inicial, o goodwill deve ser amortizado no período da sua vida útil, que, quando não estimada com fiabilidade, deverá ser de 10 anos. O goodwill deve

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ser também sujeito a um teste de imparidade se os acontecimentos ou alterações nas circunstâncias indicarem que pode estar com imparidade.

GOODWIIL NEGATIVO

Nos casos em que o custo das ações ou quotas é inferior à proporção detida pelo comprador no justo valor líquido dos ativos, passivos e passivos contingentes da adquirida, estamos perante goodwill negativo, resumidamente o justo valor é superior ao valor de compra.

O goodwill negativo pode ser atribuído a diferentes situações: são esperadas perdas operacionais futuras ou extraordinárias, decorrentes da reestruturação da investida, estas estão incorporadas no preço de compra e não estão incorporadas nos passivos e passivos contingentes identificáveis. O mesmo acontece quando é feita uma compra de ocasião, seja qual for a razão que justifique, pessoal, económica entre outras.

Segundo a NCRF 14 (§ 50), antes de reconhecer um ganho numa compra, a preço baixo, o comprador deve reavaliar toda a situação e verificar se todos os ativos e passivos foram devidamente avaliados. Deve rever os procedimentos usados para mensurar os seguintes elementos reconhecidos à data de aquisição:

 Os ativos identificáveis e os passivos assumidos;

 Numa concentração de atividades empresariais por fases, o interesse do capital próprio na adquirida anteriormente detida pelo adquirente;

 Mensuração do custo da concentração;

No caso em que os valores iniciais se confirmem, deverá então ser reconhecido o goodwill negativo como um ganho do período.

1.5.3. INTERESSES QUE NÃO CONTROLAM

Os interesses que não controlam, anteriormente denominados como interesses minoritários, são a parte dos ativos líquidos de uma subsidiária atribuível a interesses de capital próprio que não sejam detidos, direta ou indiretamente através de subsidiárias, pela empresa-mãe (NCRF 14: §9).

Os mesmos acontecem quando a empresa-mãe não detém 100% das ações ou quotas da sua subsidiária, ou seja, vamos estar perante acionistas ou quotistas minoritários, que detêm apenas uma pequena percentagem da subsidiária.

No caso em que a empresa-mãe não é detentora 100% do interesse na subsidiária, a empresa-mãe tem de calcular uma parcela desses ativos, passivos, gastos e rendimentos que pertencem aos acionistas ou quotistas que não controlam.

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Tendo como base a NCRF 15 (§12), os interesses que não controlam nos ativos líquidos das subsidiárias consolidadas, são identificados separadamente do capital próprio dos acionistas da empresa-mãe.

Os interesses que não controlam nos ativos líquidos consistem em:

 Na quantia dos interesses que não controlam à data da concentração original, tendo como base de cálculo a NCRF 14 – Concentração das atividades empresariais;

 Na parte minoritária das alterações do capital próprio desde a data de concentração.

De acordo com a NCRF 15 (§21 e §22), os interesses que não controlam devem ser apresentados no balanço consolidado, dentro do capital próprio, mas separadamente do capital próprio dos acionistas da empresa mãe. Nos resultados do grupo, os interesses que não controlam, devem ser também divulgados separadamente.

Segundo Lopes e Trabucho (2010), os interesses que não controlam correspondem a partes de capital das subsidiárias detidas pelos acionistas que não pertencem ao grupo, por não serem considerados acionistas da empresa-mãe. Estes passam a ser apresentados no balanço consolidado na rubrica do capital próprio, separadamente dos acionistas da empresa mãe. A quantia reconhecida aos interesses que não controlam inclui a sua parte no justo valor dos ativos e passivos identificáveis das subsidiárias aquando da aquisição. Os resultados gerados pelo grupo são apresentados na sua totalidade, sendo depois apresentado em parcelas separadas a parte correspondente aos interesses que não controlam.

1.5.4. ELIMINAÇÃO DAS OPERAÇÕES INTRAGRUPO

Os saldos intragrupo acontecem entre empresas compreendidas na consolidação.

Segundo Lopes (2004) deve proceder-se à eliminação dos débitos e créditos entre as empresas do grupo, tendo em consideração que as contas consolidadas visam apresentar as demonstrações financeiras como se de uma única empresa se tratasse.

Como consta no § 14 da NCRF 15, os saldos, transações, rendimentos e ganhos e gastos e perdas intragrupo devem ser eliminados na sua totalidade.

Tendo por base o autor Oliveira (2015: 126-127), a eliminação dos saldos intragrupo deve obedecer às seguintes regras:

 As dívidas entre a empresa-mãe e a subsidiária, consolidada pelo método integral, devem ser anuladas na totalidade;

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 As dívidas entre duas subsidiárias, consolidadas pelo método integral, devem ser anuladas na sua totalidade;

 As dívidas entre duas entidades consolidadas, uma integrada globalmente e outra proporcionalmente, devem ser anuladas pela fração mais baixa de participação da entidade consolidante em cada uma delas;

 As dívidas entre a empresa-mãe e uma entidade controlada conjuntamente, consolidada pelo método proporcional, devem ser anuladas pela percentagem de participação da primeira na segunda;

 As dívidas entre duas consolidadas, ambas integradas proporcionalmente, devem ser anuladas pela fração mais baixa de participação da consolidante em cada uma delas;

 As dívidas entre duas entidades consolidadas, ambas integradas proporcionalmente, mas em que uma depende da outra, devem ser anuladas pela fração resultante do produto das suas participações.

No que diz respeito ao método da equivalência patrimonial, e uma vez que não há integração dos elementos das demonstrações financeiras individuais, não será necessário proceder à anulação intragrupo.

As operações não recíprocas são as que provocam alterações nos resultados das contas consolidadas, por não haver compensação de gastos e rendimentos, a anulação destas operações expurga os resultados não realizados decorrentes de operações internas.

A venda de inventários é um caso de uma operação não recíproca. Na eventualidade de entre a empresa-mãe e as suas subsidiárias, existir transação de inventários, como mercadorias e matéria-prima, será necessário proceder à eliminação da margem praticada pela empresa vendedora, evitando-se a duplicação deste valor nos resultados das contas consolidadas. Este procedimento acontece quando os inventários, provenientes de transações internas, não foram consumidos nem vendidos pela entidade compradora.

É necessário também ter em atenção a relação entre as empresas, ou seja, o regime dos preços de transferência, este é um normativo anti-abuso que tem subjacente o princípio da plena concorrência. Este regime encontra-se associado a entidades que estejam em situação de relações especiais, caso das empresas pertencentes ao perímetro de consolidação, e é respeitante a operações sobre bens, direitos ou serviços, bem como operações financeiras. No que diz respeito à consolidação de contas o regime dos preços de transferência é uma forma de controle no que diz respeito às transações quer de bens e serviços que são feitas entre as empresas incluídas no perímetro de consolidação, desta forma sabemos que é comprido o principio da plena concorrência.

Exemplo de operações não recíprocas são os inventários adquiridos intragrupo e ainda não vendidos e as alienações intragrupo de ativos fixos tangíveis e de ativos intangíveis, estas operações geram resultados internos não realizados (Oliveira, 2015).

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