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ANÁLISE DE ALGUNS INDICADORES ECONÓMICO-FINANCEIROS

2. ESTUDO DE CASO

2.10. ANÁLISE DE ALGUNS INDICADORES ECONÓMICO-FINANCEIROS

Para uma melhor perceção do impacto económico da inclusão da Subsidiária C no perímetro de consolidação, serão analisados rácios económico-financeiros. Para o efeito será efetuada uma análise comparativa destes rácios, tendo por base as contas consolidadas da empresa-mãe com a Subsidiária A e as contas consolidadas da empresa-mãe com a Subsidiária A e a Subsidiária C. Desta forma, poderemos averiguar se a inclusão da Empresa C tem um impacto positivo ou negativo nas contas consolidadas.

A análise financeira “equivale à realização de uma radiografia” da empresa, numa perspetiva de evolução temporal, podendo assim detetar pontos fortes e fracos e propondo soluções válidas para ultrapassar as fraquezas encontradas (Martins, 2002).

Na elaboração dos indicadores económico-financeiros foram utilizadas as demonstrações financeiras consolidadas elaboradas pelo grupo para efetuar a comparação, desta forma conseguimos perceber o impacto da subsidiária C nas demonstrações financeiras consolidadas.

Para os fins propostos, é essencial analisar os principais rácios que mostrem o efeito que a inclusão de outra empresa no perímetro de consolidação tem nas contas consolidadas. Esta abordagem permite demonstrar se a subsidiária C é vantajosa do ponto de vista económico-financeiro.

A análise dos rácios financeiros tem por base as relações que existem entre as diversas rubricas que constituem as demonstrações financeiras, tornando a sua análise e interpretação mais simples. Para a análise em apreço decidiu-se utilizar os rácios de liquidez, de autonomia e solvabilidade, de rotação e de rendibilidade.

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Contudo, antes de se proceder à determinação dos rácios acima referidos, foi efetuada uma análise baseada em informação proveniente da demonstração dos resultados, através da

obtenção dos valores referentes ao volume de negócios, ao Earnings Before Interest,Taxes,

Depreciation and Amortization (EBITDA) e ao resultado líquido do período. O volume de negócios é a soma das vendas e das prestações de serviços e oferece-nos uma análise rápida à quantia líquida dos rendimentos provenientes da atividade normal da empresa.

O EBITDA, que significa lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização, é um indicador financeiro que representa os valores gerados por uma empresa, através da sua atividade operacional, não tendo em consideração os efeitos financeiros e os impostos.

O resultado líquido é o resultado residual que a empresa obtém, num determinado período de tempo, depois de serem deduzidos os proveitos, os gastos e os impostos. Este resultado ilustra a real situação financeira de uma empresa, uma vez, que é através deste valor que percebemos que no período de análise a empresa teve ou não resultados favoráveis. O valor do resultado líquido é extremamente importante para a análise económica e financeira e também utilizado em diversos rácios de rendibilidade importantes.

Tabela 26: Análise Económica e Financeira

Fonte: Elaboração Própria

Quanto à análise dos rácios económico-financeiros mencionados na tabela 26, verificamos que o grupo com a inclusão da subsidiária C no seu perímetro de consolidação aumentou em 3% o valor referente ao volume de negócios. O mesmo não acontece com o valor do EBITDA e com o valor do resultado líquido do período, os quais sofreram uma variação negativa. Constata-se, assim que o resultado líquido negativo da subsidiária C influencia negativamente os indicadores pois, conforme se pode verificar no apêndice 2.2., os resultados líquidos da empresa-mãe e da subsidiária A apresentam-se com valor positivo.

Descrição Empresa-mãe e Subsidiária A Empresa-mãe, Subsidiária A e

Subsidiária C Variação

Volume de Negócios 32.614.782 33.593.281 3%

EBITDA 4.547.258 4.452.893 -2%

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Indicadores de Liquidez

Os indicadores de liquidez permitem comparar o grau de liquidez dos ativos e o grau de exigibilidade das dívidas. A liquidez geral analisa a cobertura das dívidas exigíveis num horizonte temporal inferior a um ano sobre os ativos que se pretendam transformar em meios líquidos no curto prazo. Este indicador permite antecipar possíveis problemas de insolvência, uma vez que o mesmo proporciona informação relevante no que diz respeito à saúde financeira de uma entidade. Segundo Neves (2004), o valor apurado neste rácio devia ser superior a 1, para que a empresa tenha mais equilíbrio financeiro.

A liquidez reduzida tem a mesma finalidade do anterior, mas admite que os inventários não poderão imediatamente ser transformados em dinheiro. Este rácio permite analisar informação quanto à capacidade da empresa solver as suas dívidas numa perspetiva de curto prazo (Neves, 2004).

Na tabela 27 são analisados os rácios de liquidez para os dois conjuntos de demonstrações financeiras consolidadas por forma a analisar o impacto que a subsidiária C tem nas demonstrações financeiras consolidadas.

Tabela 27: Indicadores de Liquidez

Descrição Empresa-mãe e Subsidiária A Empresa-mãe, Subsidiária A e

Subsidiária C Variação

Liquidez Geral 2,54 2,48 -2%

Liquidez Reduzida 1,26 1,20 -5%

Fonte: Elaboração Própria

Analisando o impacto que a subsidiária C tem no que diz respeito à liquidez geral, é facilmente percetível uma quebra nos valores, influenciada pela menos boa liquidez da subsidiária C. Em ambas as análises o valor excede o ideal, ou seja é superior a 1, indicando que há excessos de tesouraria que poderiam ser reinvestidos.

Liquidez Geral = Ativo Corrente/Passivo Corrente

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Autonomia Financeira = Capital Próprio/Ativo

Comparativamente com a liquidez geral, a liquidez reduzida regista uma quebra maior, sendo a variação de 5%. Os valores ideais no que diz respeito a este rácio são ente 0,9 e 1,1 sendo que o grupo excede ligeiramente e, por isso, podemos considerar que ainda se enquadra dentro dos parâmetros normais, indicando que existe capacidade de pagar as dívidas de curto prazo com as disponibilidades e com os valores que se espera vir a receber dos clientes.

Indicadores de Estrutura Financeira

Outros indicadores importantes na análise são os da autonomia financeira, solvabilidade total e endividamento. O indicador da autonomia financeira proporciona informação quanto à proporção dos ativos que podem ser financiados através dos valores do capital próprio da empresa. Este indicador mede o grau de dependência da empresa relativamente aos capitais alheios, conseguindo assim analisar a capacidade de negociação perante os financiadores.

A solvabilidade é um rácio financeiro que indica a capacidade da empresa solver os seus compromissos com terceiros, podendo também medir a dependência da empresa face aos seus financiadores.

O rácio do endividamento tem como objetivo analisar o risco de não cumprimento por parte das empresas, ou seja, medir os meios colocados à disposição por parte de terceiros no financiamento das atividades da empresa.

No quadro seguinte os rácios anteriormente apresentados são também analisados nas diferentes perspetivas: o impacto nas contas consolidadas da empresa-mãe e subsidiária A sem e com a inclusão da subsidiária C.

Solvabilidade Total = Capital Próprio/Passivo

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Tabela 28: Indicadores de Autonomia, Solvabilidade e Endividamento

Descrição Empresa-mãe e Subsidiária A Empresa-mãe, Subsidiária A e

Subsidiária C Variação

Autonomia Financeira 0,573 0,567 -1%

Solvabilidade Total 1,34 1,18 -12%

Endividamento 0,74 0,76 3%

Fonte: Elaboração Própria

Passando à análise da autonomia financeira, no ano 2015, a inclusão da subsidiária C no perímetro de consolidação teve um impacto negativo de cerca de 1%, na análise é percetível uma ligeira quebra da autonomia financeira. Tendo como base que os valores ideais deste rácio sejam superiores a 33% notamos que, mesmo com os resultados menos positivos da Subsidiária C o grupo mantém um bom nível de autonomia financeira.

A solvabilidade também apresenta uma queda, por sua vez agora mais significativa, quando incluída a subsidiária C no perímetro de consolidação do grupo. Em ambas as análises percebemos a boa capacidade de a empresa solver os seus compromissos no médio e longo prazo, uma vez que os resultados são superiores a 1 (sendo ideal que os valores deste indicador se situem acima de 1).

No que diz respeito ao rácio do endividamento, este teve um aumento de cerca de 3%, mostrando novamente a influência negativa da subsidiária C nas contas consolidadas do grupo. Os níveis ideais quanto a este rácio variam entre 50% a 66% e o grupo em estudo, em ambas as vertentes de análise tem resultados ligeiramente superiores, podendo mostrar dificuldades no cumprimento.

Indicadores de Rendibilidade

Os indicadores de rendibilidade analisam o sucesso ou o insucesso da gestão da empresa, revelando se o grupo é ou não eficiente na utilização dos mais variados recursos.

A rendibilidade dos capitais próprios, de uma forma simples e resumida, representa a remuneração proveniente dos capitais investidos pelos acionistas do grupo. É um indicador bastante utilizado por entidades externas por forma a medir a atratividade da mesma para os possíveis investidores.

Segundo Menezes (2001), o valor da rendibilidade dos capitais próprios depende do nível inicial dos resultados líquidos obtidos durante o exercício em análise, desta forma este indicador pode ser influenciado por fatores da natureza económica, inorgânicas, financeiros e fiscal.

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A rendibilidade do ativo é um indicador que avalia a eficiência e a capacidade de gestão dos ativos detidos pela empresa em termos de produção de resultados financeiros, ou seja, fornece informação sobre qual a capacidade dos ativos detidos pela empresa gerarem resultados.

Tabela 29: Indicadores de Rendibilidade

Descrição Empresa-mãe e Subsidiária A Empresa-mãe, Subsidiária A e

Subsidiária C Variação

Rendibilidade dos Capitais Próprios 0,10 0,09 -4%

Rendibilidade do Ativo 0,058 0,056 -4%

Fonte: Elaboração Própria

Em ambas as rendabilidades abordadas, verificamos o impacto negativo que a subsidiária C tem nas contas consolidadas do grupo. O resultado líquido negativo da subsidiária C no ano 2015 explica a variação negativa de 4% para a rendibilidade dos Capitais Próprios e para rendibilidade do ativo.

Na análise dos resultados anteriormente apresentados, quer em relação aos indicadores de liquidez, quer aos de autonomia financeira e endividamento, quer aos indicadores de rendibilidade, é notória uma variação negativa dos valores obtidos, quando incluída a Subsidiária C no perímetro de consolidação. Esta variação negativa é proveniente dos resultados menos positivos nas contas individuais da subsidiária C no ano 2015. O resultado líquido da Subsidiária C tem um efeito negativo no capital próprio, a inclusão na subsidiária C no perímetro de consolidação tem um efeito negativo no resultado líquido do período e consequentemente no capital próprio traduzindo-se também num aumento do passivo nas demonstrações financeiras consolidadas do grupo, diminuindo a atratividade do grupo perante os possíveis investidores.

Rendibilidade dos Capitais Próprios = Resultado Líquido/ Capitais Próprios

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CONCLUSÕES, LIMITAÇÕES E SUGESTÕES PARA INVESTIGAÇÃO FUTURA

As demonstrações financeiras consolidadas são um complemento das demonstrações financeiras individuais da empresa-mãe, permitindo a compreensão da situação económico-financeira do conjunto das empresas que integram o grupo. A análise exclusiva das demonstrações financeiras individuais de cada uma das empresas não permite uma visão completa do conjunto das entidades que compõem o grupo, como um todo. Deste modo, a elaboração das demonstrações financeiras consolidadas tem como propósito o fornecimento de

informação relevante para os diversos stakeholders do grupo, facilitando o processo de tomada de

decisão sobre operações que envolvam o grupo no seu conjunto.

Este trabalho dá enfoque ao processo de preparação das demonstrações financeiras consolidadas, tanto numa vertente normativa e legal, visando ser um guia essencial para a elaboração das DFC, bem como apresenta uma componente prática, baseando-se no mundo empresarial real. Para além de fundamentar o conhecimento nesta área, também se pretendeu aplicar esta prática num estudo de caso, com o objetivo de analisar o impacto que o perímetro de consolidação pode ter nas contas consolidadas.

Ao longo da elaboração da dissertação, foram estudados todos os procedimentos de pré-consolidação e de pré-consolidação, essenciais para a elaboração das demonstrações financeiras consolidadas, tendo sempre como base o normativo contabilístico em vigor. Quanto ao estudo de caso, foram replicadas e analisadas as demonstrações financeiras consolidadas do grupo em estudo e incluída outra empresa do grupo no perímetro de consolidação, com o intuito de analisar o impacto que a alteração no perímetro de consolidação poderá ter nos principais indicadores económico-financeiros.

Após os procedimentos acima identificados, as conclusões mais pertinentes a que se chega, em resposta aos objetivos definidos são as que se apresentam de seguida:

O goodwill adquirido, no âmbito de uma concentração de atividades empresariais, deve ser mensurado inicialmente pelo seu custo e subsequentemente pelo custo menos amortizações acumuladas, menos qualquer perda por imparidade acumulada.

A escolha do método de consolidação de contas a adotar advém da percentagem de controlo: caso exista o controlo exclusivo é utilizado o método integral, se for controlo conjunto utiliza-se o método de consolidação proporcional e, por fim, quando apenas existe influência significativa deve adotar-se o método da equivalência patrimonial.

O método de consolidação integral é o “método considerado por excelência” na

elaboração das demonstrações financeiras consolidadas e o único previsto na NCRF 15.

De acordo com este método, deverão ser identificados os interesses que não controlam, os quais, passam a ser apresentados no balanço consolidado numa rubrica do capital próprio,

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separadamente dos acionistas da empresa mãe. A quantia a reconhecer inclui a sua parte no justo valor líquido dos ativos e passivos identificáveis das subsidiárias.

Os saldos, rendimentos e ganhos e gastos e perdas provenientes das transacções entre as empresas do grupo devem ser eliminados na sua totalidade. Os efeitos nos resultados desta eliminação deverão ser repartidos entre os interesses que controlam e os interesses que não controlam, de acordo com as respectivas percentagens de participação.

Relativamente ao estudo de caso apresentado no capítulo 2, pode concluir-se que a inclusão da subsidiária C no perímetro de consolidação tem variações pouco significativas nas demonstrações financeiras do grupo, sendo talvez esse o motivo que justifica o facto de a empresa-mãe não ter incluído no perímetro de consolidação. Mesmo com pequenas variações, a subsidiária C tem um impacto negativo nos resultados em geral, como comprovado nos indicadores económico-financeiros estudados. Assistimos a uma diminuição da autonomia financeira do grupo, revelando um maior recurso da empresa na utilização de capitais alheios. Relativamente ao endividamento verifica-se um aumento do mesmo, sendo este proveniente de um aumento do passivo. No que respeita às rendibilidades analisadas, o cenário com que o grupo se depara reflete-se numa diminuição geral das mesmas, conseguindo, no entanto, manter níveis

de rendibilidade superiores aos considerados ideais

.

Com a inclusão de uma nova subsidiária no perímetro de consolidação do grupo obtemos valores mais aproximados do real estado económico-financeiro do grupo, desta forma os órgãos de gestão tem em sua posse informação mais fiável que certamente pode ajudar na escolha de estratégias de mercado mais apropriadas para o crescimento do grupo. Com a melhoria da informação que consta nas demonstrações financeiras do grupo, melhorou também a informação que a banca tem sobre o grupo, desta forma, melhora a análise do risco referente às operações de crédito.

O estudo apresenta, contudo, algumas limitações: por um lado, o facto de o período de análise se limitar a um único período contabilístico. Se o mesmo fosse mais abrangente, poderíamos chegar a resultados diferentes. Por outro lado, o facto de se tratar de um grupo de pequena dimensão, no qual apenas existem participações em subsidiárias, sendo, por isso, apenas utilizado o método de consolidação integral. Finalmente, outra limitação encontrada é o facto de as subsidiárias estarem sedeadas em Angola, dificultando por vezes a recolha de informação.

Deste modo, sugere-se para futura investigação realização de estudos análogos que abranjam um período mais alargado, uma vez que no estudo de caso apenas foi tido em consideração um ano e grupos de maior dimensão, que incluam participações em subsidiárias, entidades conjuntamente controladas e associadas, que permitam a análise dos procedimentos a adotar de acordo com os diferentes métodos de consolidação.

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