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Crise e o futuro da família

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Academic year: 2018

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CRISE E O FUTURO DA FAMfuAzyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

MARIA ISOLDA C. BRANCO BEZERRA DE MENEZES

zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

Prof.a do Dept.P de Psicologia da U.F.C.

Verifica as diferentes representações de 50 casais (25 casais em que a mulher é assalariada e 25 em que é doméstica) da classe média de Fortaleza (idade de 20 a 60 anos) sobre a crise da famíl ia atual. A crise da famíl ia atual foi anal isada tendo em vista as duas vertentes explicativas: a crise social mais ampla proveniente do processo de transformação econômico-social e a crise específica de valores. Con-sidera que não existe a "família", mas diferentes tipos de famílias nas diversas sociedades e classes sociais, portanto a análise não pode ser unilateral, levando em conta a variação universal na mudança dos padrões de comportamento intra e extra familiares. A perspectiva da crise é vista numa abordagem teórico-comparativa entre funcionalis-tas e marxisfuncionalis-tas. A metodologia utilizada consiste num estudo quali-tativo de análise de discurso dos depoimentos dos referidos casais.

1. Considerações

Teóricas sobre a Crise da Família

Neste artigo, examinaremos, a partir de nossos dados empíricos e depoimen-.tos dos informantes, as representações ideológicas dos diferentes casais - em que a mulher é assalariada ou doméstica - referentes à crise, perspectivas futuras da família e aos novos padrões de relacionamento conjugal.

*

A reflexão teórica sobre o futuro da farnrlla permitir-nos-é fazer uma análise partindo de alguns pressupostos que nos auxiliarão a conceituar e caracterizar a "crise" da família. Segue-se a análise dos dados sobre o futuro da família nos ca-sais em que a mulher é assalariada. O destaque conced ido aos depoimentos sobre 'Televisão" deve-se ao fato de que, ao percebermos a importância e significação desse meio de comunicação no discurso de nossos casais, julgamos oportuno aprofundar mais essa questão .

• Este texto constitui um dos tópicos de nossa tese de mestrado: DINÂMICA DO GRUPO CONJUGAL: TRABALHO ASSALARIADO OU DOMÉSTICO DA MULHER.

(2)

A análise dos depoimentos dos casais, em que a mulher é doméstica, possibi-lita-nos verificar a perspectiva que possuem sobre o futu ro da fam íIia. A idéia da discussão sobre "o Machismo" e o "Feminismo" surgiu-nos a partir das conside-rações de algumas das mulheres domésticas sobre o assunto.

Uma afirmação das mais freqüentes e quase consensual sobre a família, na atualidade, é de que ela está atravessando uma "crise". Parece oportuno lembrar a origem desta palavra, para desfazer alguns equívocos.

Krisis

(do grego) significa etimologicamente juízo e esforço, e não iminência de desastre, nem morte: senão questionamento. Isso serve para ajudar na reflexão de muitos para quem "crise" é sinônimo de desparecimento, morte. (Godoy - 1981: 15) 1

A interpretação dessa "crise" está vinculada à concepção de família e das re-lações que ela estabelece com a sociedade. Se considerarmos que não existe "a família" mas diferentes tipos de famílias, numa mesma época, em cada socieda-de, segundo o grupo social considerado, e que coexistem formas ou tipos diversi-ficados de farnflias, definidos historicamente pelas etapas de desenvolvimento da sociedade, podemos verificar que a fam (Iia sofre transformações permanentes.

Dentro da argumentação que vimos desenvolvendo de que as transformações econômicas, estruturais, repercutem na família, embora não sejam as únicas

cau-sas da mudança de seus padrões, procuraremos situar

zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

l nossa análise da "crise da

família" tendo em vista as duas vertentes explicativas: a "crise social mais am-pla", proveniente do processo de transformação econômica, a partir do incre-mento da industrialização, e da urbanização, e a crise mais específica de "valo-res".

Consideraremos igualmente essa crise, apesar de ser vivida também nas ou-tras classes sociais, é mais visível na classe que estamos anal isando - a classe mé-dia - devido ser a mais exposta aos efeitos da modernização, portanto, submeti-da às experiências de diferentes formas e modelos familiares.

O desconhecimento da evolução histórica da família poderia assegurar-nos que ela estaria em uma de suas primeiras crises. A falsidade desta crença pode ser assim considerada: "A família ... vem se transformando. Não há nenhum motivo para supor-se que de repente ela tenha se tornado imutável.

À

medida que se transforma a sociedade da qual é um elemento e um reflexo, a família seguirá transformando-se. As mudanças da família são lentas, com largos períodos de imobilidade e curtos períodos em que sofre uma transformação rápida. Hoje pa-rece que estamos em um destes últimos períodos." (Godoy, 1981: 25) 2

Na interpretação da crise da família, é preciso que tenhamos uma posição crítica e flexível, porque a variação universal na mudança dos padrões de com-portamento intra e extra-familiares é tão diversa que não nos permite fazer uma análise unilinear.

À família são atribuídas as funções de educação, socialização, prevenção, produção e reprodução. Com as modificações sofridas a partir das

transforma-1 GODOY, H. Alejandra.

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R e la c io n e s c o n ju g a le s : l'e x is te n c is d e i m a x is m o 4s u s c o n s e c u e n -cies. Chile, dez. 1981. p. 15 (T.D.)

2 GODOY, op, cit., p. 25

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Rev. de Psicologia, 1 (1): Pág. 83-105, jan.jdez. 1983

ções estruturais, reconhecidas no estudo do desenvolvimento histórico da tarnr-lia, tem havido alterações em algumas de suas funções. Houve, por exemplo, modificações em sua função econômica: de "unidade de produção" passou a constituir-se mais como "unidade de consumo". O desaparecimento de algumas dessas funções tradicionais produziu uma revalorização das funções artetívas: es-sa revalorização deixou em evidência as contradições internas que encontramos no matrimônio tradicional.

"Atualmente se espera que a família satisfaça principalmente as necessidades afetivas: as que são mais subjetivas, mas multifacéticas, e difíceis de satisfa-ção dentro de um sistema contraditório. Com efeito, por um lado se super-valorizam os aspectos afetivos, porém ao mesmo tempo se fomenta um con-sumismo indiscriminado. Por outra parte, se supõe que a família deve ser um sistema fechado, porém se exige também um alto rendimento individual dentro da sociedade. Assim mesmo, cada sexo deve sofrer variadas contradi-ções em sua interrelação com a família e com o meio social; as que geral-mente consistem em exigências esteriotipadas de acordo com o sexo e simul-taneamente, exigências de comportamento não tradicional. Por exemplo: se espera que o homem participe intensamente nos papéis familiares de tipo afetivo; porém no trabalho se continua exigindo dele uma dedicação quase exclusiva. No que respeita à mulher, por exemplo, se espera que assuma res-ponsabilidades financeiras na famrlia, porém sem descuidar o cuidado das crianças nem os trabalhos domésticos. Por outra parte, a socialização dife-renciada por sexo cria igualmente sérias dificuldades. É assim que o homem é socializado para inibir suas expressões de afeto, não obstante hoje se espe-ra que no matrimônio seja capaz de grandes demonstrações de afeto. Por ou-tro lado, a mullher é socializada principalmente para seus papéis de mãe-es-posa, no entanto atualmente se espera que trabalhe fora do lar e que produ-za bastante em sua profissão." (Godoy, 1981: 31) 3

Goode vê a "crise" da família numa perspectiva de transformação atribuída a dois motivos: um correspondente às próprias tensões e transformações que a fa-mília está experimentando, como conseqüência do processo de industrialização e urbanização embora não acredite que as modificações nos padrões familiares sejam só função da industrialização "é mais provável que mudanças ideológicas e de valores, em parte independentes de industrialização, exerçam, também, certa influência sobre a ação da tamrlia". (Goode, 1969: 31) 4

Goode não só concorda que o processo de industrialização seja o fator mais responsável pelas transformações nos padrões familiares, como discorda que haja "uma forma específica de farnrlia relacionada aos estádios" específicos da evolu-ção econômica e técnica". 5 Considera que há relações entre as variáveis econô-micas, tecnológicas e a família, mas não houve demonstração dessas relações.

3 Godoy, op.cit .,31

4 GOODE, N.C r is e d a in s titu iç ã o fa m ilia r . Rio de Janeiro, Salvat, 1969. p. 31.

5Idem. p.5

(3)

Outro fator, mais indireto, está ligado ao fato de que hoje problemas mais sérios (tais como protestos, sexo e delinqüência) têm na família uma ressonância espe-cial.

Apesar de, em sua análise das "crises familiares", estabelecer uma relação en-tre essas crises e o processo de transformação social intenso, a revolução indus-trial que está afetando os países tecnológica e economicamente mais avançados não leva, no entanto, na devida consideração, as contradições da sociedade indus-trial, simplificando e reduzindo sua análise, por não perceber como tais contradi-ções estruturais se refletem e chegam a abalar a vida familiar.

O futuro da famflia para os marxistas, apesar de muitas vezes ser erronea-mente percebido por aqueles que julgam que seu desejo maior é a destruição da família, pode ser avaliado por alguns testemunhos.

Os marxistas, embora acusados de quererem a destruição da família, o que desejam é a abolição da propriedade privada, indissolubilidade do casamento e os privilégios do homem, bem como a constituição de uma família baseada na liber-dade e no amor onde haja igualliber-dade entre os sexos. Quando Marx fala da abol i-ção da família, "não se trata de abolir a relai-ção homem-mulher (valorizado nos

manuscritos de

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1844) nem mesmo de trabalhar diretamente para abolir uma for. ma condenada da fam íIia. Para Marx é necessário agir sobre as formações sociais,

sobre as infra-estruturas econômicas, é inútil procurar abolir as superestruturas, as instituições reflexas, espelho da sociedade capitalista. Elas se transformarão ou cairão por si mesmas quando a sociedade tiver evolu ído, sido transformada. IBre-chon, 1976:62) 6

Engels (Brechon, 1976: 701. 7 quando se refere ao futuro da família, consi-dera que só no socialismo, com a propriedade coletiva, haverá a verdadeira mo-nogamia, o desaparecimento da prostituição e a igualdade entre os sexos na famí-lia. A economia doméstica privada se transformará em indústria social e a educa-ção das crianças será pública. Considera que o casamento fundado sobre o amor é o único moral e que deve durar enquanto o amor persistir. Bebel retoma avisão histórica de Engels, explicando cada forma de família por um estado das relações de produção e considera que o estado de relação entre homem e mulher em uma sociedade é revelado r da situação social desta sociedade. (Brechon, 1976: 75) 8

Lenine, participando das idéias de seus antecessores marxistas, considera que para o estabelecimento da igualdade entre homens e mulheres é necessário que se eduquem os homens, porque são poucos os que se preocupam em ajudar a mu-lher, participar das tarefas domésticas. Em relação à família e ao amor, considera que deve haver liberdade de amor, isto é, um amor libertado de tudo que o alie-nava: a propriedade privada e o patrimônio a transmitir. Mas a liberdade do amor, para Lenine, não é o amor sem regras, não é o amor irresponsável; para ele não se deve jamais separar no amor a satisfação do instinto sexual e o aspecto so-cial: a criança nasce do amor e a ele é sujeito. (Brechon, 1976: 81) 9

6 BRECHON, Pierre.

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L a fa m ille : idées tradictionelle et idées nonvelles. Pairs, Centurion,

1976. p.62.

7 Id. ibid. p. 70 8 Id. ibid., p. 75 9 Id. ibid., p. 81

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Rev. de Psicologia, J (l):Pág. 83-JOS,jan./dez.1983

A análise histórica da famflia permite-nos verificar que a crise é de natureza social, não é possível negá-Ia ou liquidá-Ia como um simples sintoma de degene-rescência ou decadência.

Houve enfraquecimento da autoridade familiar a partir da participação da mulher no processo produtivo: a "crise" da famflia assume também o aspecto de 'um acerto de contas, não apenas em face da grosseira opressão que a mulher, mais fraca, sofre e depois de modo completo os filhos sofreram por parte do che-fe de família, até os inrcios da época que agora começa, mas também diante da injustiça econômica que nela se praticava, da exploração do trabalho doméstico numa sociedade que, no restante, obedecia às leis do mercado". (Canevacci 1981: 218). 10

A contextualização da "crise" da família no Brasil poderá ser vista através de algumas considerações de (Fukuy 1981: 66)

11

que, adotando perspectiva própria, colabora na definição da nossa "crise". "Sempre houve uma suposição de que a família era o lugar da harmonia e do equilíbrio; a crise está se eviden-ciando no momento em que está se admitindo o desequilíbrio, o confronto, a troca, o questionamento do masculino e do feminino; o surgimento da individua-lidade parece ser o elemento novo". O que importa hoje é a nova forma de iden-tificar e conviver com os conflitos confrontando-os, porque no passado eles sem-pre existiram, só que eram silenciados. As pessoas hoje percebem, e por essta ra-zão procuram os terapeutas. Os conflitos individuais com repercussões familiares geram "crise" mas essas podem ser consideradas como fatores de crescimento.

2. Análise dos Dados Quantitativos Sobre o Futuro da Família

(Ca-sais MD/MMD, MA/MMA) *

.

O futuro da famflia, uma das questões mais inquietantes do momento histó-rico que estamos vivendo, além de ser objeto de estudo de pesquisadores das mais diferentes áreas das ciências sociais, constituiu, dentro de nossa pesquisa, um dos aspectos da investigação.

Verificar como os diferentes casais percebem a estrutura, funções e transfor-mações da famflia; a existência ou não de uma "crise" que é vista como desestru-turando ou reorganizando antigas formas familiares foram algumas das nossas in-quietações que serão motivo de análise nesse caprtulo.

As respostas a essas questões podem ser vistas na (Tabela 1

I.

onde estão as "categorias analíticas" que servirão de pontos de referência para nossa análise e

"MD = Mulher Doméstica

MMD

=

Marido de Mulher Doméstica MA = Mulher Assalariada

MMA = Marido de Mulh.er Assalariada

10 CANEVACCI, Massino.D ia lé tic a d a fa m ília . São Paulo, Brasiliense, 1981. p. 218. 11 FUKUY, Lia. Em crise a tarnflia. C a d e r n o d ePesquisa.A F a m ília e m q u e s tã o . (37: 66,

maio 1981).

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indicam as representações de nossos diferentes casais sobre o futuro da família.

A quantificação dos dados

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permitir-nos-é verificar as tendências gerais percebidas pelos grupos conjugais.

As "categorias analíticas" existentes na (Tabela 1) foram organizadas a

par-tir de uma leitura exaustiva das entrevistas. Elas foram constitu ídas pelos

"nú-cleos de idéias" presentes nos discursos dos informantes.

A categoria "Família e Sociedade" reúne os dados referentes aos problemas estruturais citados pelos informantes, tais como: problemas sócio-econômicos, o

papel da tecnologia no desenvolvimento social futuro e a influência dos meios de

comunicação de massa. Nas categorias "perspectivas positivas e negativas sobre a família" estão incluídas as percepções otimistas ou pessimistas que os casais têm

sobre o futuro da família. A cateqoria "situação do casamento" significa a

preo-cupação dos casais com o futuro dessa instituição e a categoria "filhos" resume as verbalizações dos informantes sobre a situação dos filhos, que consideram

im-portante para o futuro da famflia.

~ digno de registro que só os MMA (24%) tenham demonstrado

preocupa-ções estruturais. Os MD/MMD têm uma perspectiva mais negativa sobre a família (MD: 29%; MMD; 29%). enquanto entre os MA/MMA há um certo equil íbrio

en-tre as duas perspectivas (MA: 23%; MMA: 20% - perspectiva positiva; MA: 20%; MMA: 23% - perspectiva negativa). Enquanto as MA (27%) e os MMA (13%) es-tão mais preocupados com os filhos, os MD (14%) e MMD (14%) estão mais

vol-tados para a situação do casamento.

Tabela 1

Percepção sobre a farnüia do futuro

Tipos de casal

MO(%) MMO(%) MA(%) MMA(%)

Fami'lia e Sociedade 9 7 24

Perspectiva Positiva sobre a Farnfl ia 14 19 23 20

Perspectiva Negativa sobre a Fami'lia 29 29 20 23

Situação do Casamento 14 14 10 3

Fami'lia e Filhos 9 10 27 13

Outras Expectativas 24 14 10 13

Sem Resposta 10 5 3 3

100 100 100 100

3. Depoimentos

Sobre o Futuro

da Família

-

Casais em que a

Mu-lher

é

Assalariada

(MA/MMA)

Consideremos agora como se põe para nossos entrevistados a problemática

da "crise" que vimos abordando, bem como sua "visão do futuro" das relações

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familiares. Através da análise dos discursos dos casais, em que a mulher é assala-riada, observamos que eles percebem a vinculação existente entre a problemática familiar e a social; vêem a "crise da família" numa perspectiva otimista; a liberta-ção da mulher é vista negativamente; a influência da TV é considerada maior que

a dos próprios pais, veiculando, através das novelas, uma "ideologia negativa" a respeito do casamento. Os depoimentos que se seguem ilustram estas

observa-ções:

"Eu penso que ... eu não acredito nesse negócio de dizer que a família está em crise e vai acabar. .. eu acredito no fato de que se a família está em crise

vai melhorar. Em relação à família do futuro, agora do futuro bastante ...

não é nem 5 nem 10 anos acredito que vão passar umas gerações pra poder se estabelecer uma nova farnrlia em que realmente ... você ... o homem

di-gamos assim, passe a ser educado ... e ... com aquela compreensão de que

vai viver com a mulher de igual para igual" (MMA)

"Vamos dizer assim ... posso dizer que até tenho muito medo, muito medo

devido às condições financeiras, tanto tóxico, tanta fome, tem tanta criança

marginal por aí; às vezes nem é devido ser ruim mesmo, mas às vezes é a si-tuação que obriga fazer aquilo, então isso me preocupa muito" (MMA)

"Minha filha, quer saber uma coisa, eu me preocupo tanto que às vezes eu

resolvo não pensar e rezar e pedir a Ele que me dê forças e coragem;

antiga-mente não tínhamos rádio, nós não tínhamos televisão, nós não tínhamos ... quer dizer, você só recebia aquela formação dos pais. Hoje eu tenho a

im-pressão que o que influencia menos a família, os filhos, na educação dos

fi-lhos, são os pais, sinceramente. Porque eles recebem muito melhor o que vêem lá fora do que o que a gente diz. Então hoje, tem a televisão, que é

au-dio-visual. Transmitindo tudo sem nenhuma censura, porque eu acho que as autoridades não se preocupam com isso nem a sociedade, conhece seus

ca-nais. Você abre, os filmes só agressão, roubo. Até os desenhos animados é só agressão. Você vê, é marido traindo mulher, mesmo nos desenhos animados.

Os programazinhos, os mínimos são poucos filmes de televisão que podem se dizer bons mesmo. Então você tem a parte da sociedade. Nós estarnos pre-sentes na coisa negativa dentro de casa, existe todo dia." (MA)

"No futuro vai existir assim, como se diz, o mulheril todo solto, sabe não vai existir aquela mulherzinha, que vai casar, ficar direitinha, ficar com seu

ma-rido, mas ... a televisão hoje é um exemplo. Você vê essas novelas hoje em dia, devo dizer livre. Só vê troca de casal, uma mulher casa duas, três vezes,

quatro vezes. Então isso eu não considero que seja família ... não, família é aquela que permanece unida, junto, sabe partilhando de tudo, das alegrias,

das tristezas. Eu tenho a impressão que futuramente não vai existir muita coisa não." (MA.)

Os MA/MMA têm uma visão positiva do futuro. Vêem também

favoravel-mente a ciência e a tecnologia, postas a serviço do homem, apesar das constata-ções das várias dificuldades apresentadas pelo mundo atual. Para eles, haverá uma

transformação na estrutura autoritária da família; as relações tornar-se-ão mais

"democráticas" tanto entre os casais como entre pais e filhos.

(5)

"A fam/lia do futuro, eu acho que tem tudo pela frente, uma tecnologia muito mais avançada, não é guerra. Daqui pra frente eu acho que as crianças daqui a dez, quinze anos, vão ser muito mais precoces do que as de hoje, e acho que o futuro para elas é brilhante. Agora as dificuldades que estamos enfrentando com a inflação, alguns casais não têm estruturas pra agüentar uma inflação grande, como o assalariado, mas eu acho que isso é passageiro, e eu acho que daqui pra frente só quem vai ganhar são os que vêem daqui a vinte anos." (MMA)

"A família vai melhorar, eu acho que os pais não vão interferir tanto na vida dos filhos, o marido não vai poder interferir na vida da mulher, vão ser assim uma vida, ~ad~ um cuidando de si e no fim dá tudo mais certo do que agora,

porque

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hoje nos temos estes atritos devido ao pai querer mandar demais nos filhos, querer dominar a mulher, a mulher querer mandar no marido, mas

então eu acho assim que nós vamos melhorar mesmo, as famílias para o fu-turo vão ser bem mais libertas de preconceitos." (MA)

As mulheres assalariadas e seus maridos questionam o valor do "processo de socialização infantil", as conseqüências da desestruturação familiar sobre as cri-anças. O medo permeia todo o discurso dos casais, refletindo a insegurança dian-te das transformações estruturais e familiares. Os casais admitem, ao mesmo tem-po, os novos tipos de família ou sua inexistência. Há insegurança diante da con-servação ou transformação dos valores tradicionais; ao mesmo tempo o temor pelas "idéias novas", "modernas", atesta a situação de instabilidade dos casais e a consciência de que está havendo uma mudança na estrutura familiar. Evidenciam claramente a evolução da "farnílla extensa" para a "família nuclear".

uma interrogativa que eu ainda não tenho visão bem definida para lhe dar. Porque eu acho o seguinte: Será que nossos jovens ... levam alguma coi-sa que foi estruturada neles, do que foi inculcado neles, do que foi planejado neles ou será que eles jogaram tudo para o ar e ficaram vazios? Eu não sei ... acredito que não ... acredito que levam um bocado para a base, acredito que vai ser uma família diferente da nossa hoje, ser uma família de entrar e sair. Eu acho ... às vezes eu fico preocupada quando eu me lembro que os meni-nos já estão tão grandes, o fulano já tem

18

anos, às vezes eu fico preocupa-da ... às vezes eu tomo um susto! Meu Deus será que é capaz dele chegar aqui casado ... me casei. .. eu fico com medo, mas ao mesmo tempo você tem medo por outro lado, se eles não quiserem casar, se eles não quise-rem ... ? Então você fica maluca ... as preocupações de hoje são enormes ... você fica com medo será que fulano de tal vai levar logo para o altar ou será que ele não quer porque tem os dois lados ... a gente fica com muito medo ... às vezes eu me angustio muito com isso, com o mundo de hoje. E às vezes eu não se se a farnflia de amanhã vai ser uma farnf'lia ainda que que a gente pode chamar: pai, mãe, filhos reunidos eu não sei ... porque antiga-mente era pai, mãe, tios, sobrinhos, irmãos, primos. Tudo era família, depois foi restringindo, restringindo ficou pais, mães, filhos quando muito a em-pregada, e um sobrinho uma coisa que ainda aparece pra passar uns dias ...

gfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

r r (MA)

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" E temo por ela justamente por causa dessas idéias novas, modernas demais, que estão sendo jogadas todo dia. Eu acho que ela sofre perigo, digo não de-ve se .acabar, mas dede-ve ficar assim muito ... nem sei qual é o adjetivo que devo usar, com tanta separação com tantas influências aí, a criança às vezes é criada com a mãe e com o pai que não é seu, e assim fica a história, ela vive com meio-irmão, vai visitar pai, vai visitar mãe, e é briga daqui, dacolá, sei nãc, eu acho que aí é a tal história: só vai gerar adultos inseguros." (MA) Não há uma linearidade nos relatos dos nossos informantes. Percebemos nos discursos dos entrevistados determinadas tendências para explicações mais psi-cossociais. Existem aqueles entre os MA/MMA que não vêem o futuro da família com otimismo, por isso sugerem medidas de ordem social e psicológica que de-vem ser tomadas para salvar a fam íl ia.

"Bom seriam atitudes assim de nível social, melhorar a qualidade de vida do povo. Seria um ponto básico, melhorar a qualidade de vida em termos de ha-bitação, de alimentação, da saúde, pro cara poder pensar, porque só pensa quem tem onde morar, quem tem saúde, e quem tem barriga cheia; quem não tem isso não pensa e depois de dar isto então viriam outros pontos que eu considero secundários: seria assim educação social, convivência em cen-tros comunitários, ampliar a visão desse povo que está aí, mostrar pra eles que o mundo existe lá fora, que é muito maior do que eles estão aí vivendo; os valores da sociedade que atualmente são atingidos para eles, realmente, não são válidos, os valores são outros completamente diferentes." (MMA)

"Eu acho que melhor é melhorar o relacionamento dentro de casa, eu acho que está péssima a situação que está aqora;ninguém conversa mais com nin-guém, então do jeito que está atualmente eu acho que está péssima; nós esta-mos naquela fase do marido chegar em casa ligar a televisão no quarto para as crianças ficarem trancadas assistindo os programas delas e outra para os pais, então ninguém conversa mais, as crianças não têm diálogo com os pais e os pais não estão preocupados com isso. O homem geralmente não assume esta parte de orientação dos filhos, quem assume é a mulher -geralmente sozi-nha; então a mulher pega aquela carga sozinha e sem ter orientação fica aquele "rebu" total dentro do ambiente familiar." (MA.)

O trabalho da mulher é visto como determinação econômica com sérias re-percussões para a dinâmica familiar.

"Eu acho que a tendência da família é se desorganizar totalmente, entrar no caos que a sociedade está entrando a cada dia, você vê que hoje o problema social destrói a tarntlia de todas as maneiras que você pode imaginar, atual-mente em todas as tarnrllas você vê tanto o fato do homem quanto a mulher passar muito pouco tempo em casa e isto não por opção, mas por obrigação, porque se eles não pagam as taxas que são impostas sobre eles que são altís-simas você deve trabalhar muito para dar conta da tarefa." (MMA)

(6)

3.1. Influência da televisão na estrutura familiarzyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

A Televisão foi permanentemente considerada pelos casais, cujas mulheres

são assalariadas, como um, dentre os fatores mais responsáveis pela

desestrutura-ção familiar. Entretanto, não caberia aqui a discussão sobre os efeitos da Televi· são, o que já tivemos oportunidade de fazer em um de nossos trabalhos. 12

Julgamos 'oportuno colocar alguns depoimentos dos diferentes casais que

ex-pressam a maneira de pensar de nossos informantes. Sobre o assunto há uma con-vergência de opiniões, entre os casais em que as mulheres são assalariadas, sobre a

influência das "novelas", consideradas altamente prejudiciais para as crianças e para as famílias.

Consideramos que a apresentação permanente da realidade das metrópoles do Sul, a exposição diária dos telespectadores aos conflitos familiares de uma

si-tuação social distinta da nossa pode estar causando preju ízo em termos de elabo-ração do "momento" que estamos vivendo. Pois se trata, a nosso ver, de estágios de evolução econômica e cultural bem diferentes - o de nossa sociedade local e

nordestina e o do Centro-Sul do

Pars,

Assim, não nos é permitido pensar que vi-vemos as mesmas dificuldades dos casais do Sul, como aparecem refletidos na Te-levisão.

Na nossa etapa de desenvolvimento sócio-econômico, a participação da

mu-lher no mercado de trabalho ainda é pouco significativa, sua consciência diante dos problemas levantados pelos movimentos feministas é bastante.' reduzida o que impossibilita a luta por seus direitos e reivindicações; o "rnachisrno" ainda é

bastante forte, apesar de algumas transformações já se fazerem sentir. Diante dis-so, torna-se bastante perturbadora a assimilação dos padrões familiares do Sul. Percebemos, então, que esta exposição diária à problemática distinta da nossa es-tá gerando conflitos, porque não há uma assimilação crrtica, e sim, na maioria das vezes, uma acomodação passiva diante de problemas quase sempre ligados à desestruturação familiar.

Percebemos o "conteúdo latente" do pensamento das MA quando assim se expressam sobre as atitudes dos casais: ... "quando estão se beijando, um casal

se beijando, já pensou uma menina com dez anos, o que a TV ensina sobre ... " Se refletirmos sobre essa reticência poderemos perceber que nela está irnpl ícita

uma atitude de censura em relação ao sexo que não permite sequer seja verbaliza-da a palavra "sexo".

"A Televisão ensina, e olha uma criança que pudesse assistir novela de TV

dessas, só assiste cenas de amor, cenas de roubo, de mentiras mesmo que

es-sas novelas são uma enrolada e o que se passa na vida real mesmo. Então uma menina como essa minha, que vive socada na televisão, sabe tudo.

En-tão ela me diz: Ah! que coisa gostosa, meu Deus eu fico toda arrepiada, ela

12 MENEZES, Isolda C. Branco Bezerra de. A Influência da TV nas atitudes infantis.

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R . C o m . S o c ia l, Fortaleza, 8 (1/2) 1978.

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diz - quando estão se beijando um casal se beijando já pensou, uma menina

de dez anos, o que a TV ensina sobre? .. " (MA,)

"Eu sempre acho que novela é uma verdadeira falsidade, muito vulgar esses papéis. Eu acho muito avançado, as mulheres são muito vulgares, agem sem

dar satisfação ao marido, marido troca a mulher por outra. Eu acho que na vida real isso pode existir mas chama-se desajuste, porque o que se vê na no-vela: o marido vai trabalhar, ela vai para o outro lado, o marido chega,

almo-ça, a mulher não está presente, eles nunca se encontram; eu acho que na vida real é dose para leão o marido agüentar, essas novelas são mais exibição: a mulher nunca sai com responsabilidade, como para o trabalho é mais assim

meio social, banho de piscina, clubes, amigas, fazer unhas etc. Acho que a mulher dever cuidar de si, mas na novela tudo é diferente, eu acho que a no-vela é que faz com que o homem não aceite os direitos iguais," (MMA.)

A influência da TV é vista igualmente pelos casais em que a mulher é assala-riada ou doméstica. Ambos responsabilizam-na por apresentar cenas deseducati-vas para a formação das crianças e acentuar os conflitos conjugais. ~ interessante registrar a concepção das mulheres domésticas sobre o problema da separação

apresentado nas novelas; parecem não admitir que casais separados possam ser

amigos.

"Porque eu não gosto daquele tipo de vida que eles fazem nas novelas,

sepa-ra e junta com outro, ficam amigos do mesmo jeito, eu não gosto; eu assisto

novelas mas muita coisa da novela eu sou contra," (MD)

"Eu acho que a novela é justamente bolada. , , primeiramente as novelas

to-das não vi nenhuma ainda que não induzisse a pessoa a desentendimento, seja

marido e mulher, seja pai e filho, seja sobre, seja ... só leva ao desentendimento, eu acho que novela desvia a pessoa ter atividade de botar a inteligência para

fun-cionar e fazer uma novela justamente ao contrário levando as pessoas a se

ama-rem, a se entenderem. Quero dizer essas pessoas que bolam novelas estão fazendo

um grande mal à sociedade em geral. .. " (MMD.)

4. Depoimentos Sobre o Futuro da Família - Casais em que a

mu-lher é doméstica (MD/MMD)

Percebemos, se nos reportarmos aos dados de nossa (Tabela 1)que a pers-pectiva nos casais, principalmente da Mulher Doméstica, é predominantemente negativa, pessimista, e tradicicr=l tanto em relação àfamília do futuro, como ao casamento. Há uma preocupação com os valores religiosos. Na análise da "mu-dança social" há uma caracterização da situação de transição em que nossa

socie-dade se encontra: mudança de valores e a percepção de que os fatores que estão afetando mais diretamente essa mudança são: o trabalho da mulher e os meios de

comunicação de massa. Nos discursos das mulheres domésticas há uma acusação

ao fato de a mulher trabalhar fora de casa e à sua independência, o que muitas vezes é expresso de forma expl ícita e de outra implicitamente. O discurso dos

MMD ébem diferente dos relatos verbais de suas mulheres. Eles acreditam mais

(7)

no futuro da família e consideram a responsabilidade da sociedade em fornecer o apoio para a instituição familiar. São esses seus depoimentos:

"Não vai existir farnrtia, no futuro, vão existir casais. A perspectiva é negra e negativa." (MD.)

"Vão ser poucas farrulias: a tendência é desaparecer o casamento." (MD.) "Isso parece que está perto de acabar, as escrituras dizem que estamos no fim." (MMD.)

"Tenho a impressão que vai ser meio violento, os filhos não vivendo em casa,

mulher para um canto, homem para o lado. Acho que bem desajustada. Se a pessoa ficar com Deus ainda pode se segurar".

"Vai ser uma famllia que não vai ter amor. Porque vai ver que eu não sou

um cara tão velho e me chamam de quadrado. Então a família do futuro vai ser essa sem amor ao pai, àmãe. Família independente." (MMD.)

"Olhe, eu acredito que nós estamos agora numa fase de transformação e que algumas famílias aparecem muito bem ajustadas, mas também aparecem as-sim meio depravadas. O meu pensamento para o futuro talvez seja aquilo que eu disse: eu acredito que os jovens de hoje estão recebendo essa carga

tremenda de informações boas e más, mas que eles vão superar isso; e eles é que são células dessas famrlias do futuro; eu acredito demais nessa famllia do futuro. Agora nós vamos passar para uma fase de transição meio danada que é essa que nós estamos passando, então essa geração ... a minha pagou

um ônus, mas talvez a sua ou da gente mais nova que você, vá pagar um ônus

bem pesado e um ônus ... ônus para a felicidade. Talvez

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seja vamos dizer uma desagregação da família, essa coisa toda". (MMD)

"Nossa família é tradicionalista patriarcal. Mas com a sociedade de

consu-mo, os MCM, essa mudança rápida a fam ília hoje passou a ter mais

dificulda-des; as mulheres antigas andavam pouco fora de casa, viviam para o lar, enquanto o homem angariava os bens para dentro de casa. Hoje há

necessi-dade da mulher trabalhar fora de casa, somos obrigados a deixar os filhos

com pessoas despreparadas, daf começa a dissolução do lar. Acho importan-tíssimo a sociedade criar apoio para a família". (MMD)

Os depoimentos das psicólogas Nóbrega & Hantzschal (1981: 65) 13são bas-tante esclarecedores como expressões da "crise conjugal" em termos da mudança de valores: "Homens e mulheres estão profundamente envolvidos em debates

so-bre amor e paixão, simetria e assimetria das relações, sexo desvinculado de afeto,

liberação sexual, fidelidade e a discussão do masculino e feminino. Por outro la-do, o desejo da mulher de assumir uma existência não discriminada e a

perplexi-dade do homem diante dessa nova mulher são alguns dos índices representativos

da crise que atravessa a família atual." Percebemos o "conteúdo latente" na

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e x

-pressão: "as mulheres não estão para isso, respeitar o marido, marido respeitar a

mulher e tudo, aí vem ... " Se procurarmos penetrar no que está por trás dessa

13 NÓBREGA, Julieta & HANTZSCHAL, Tessy. Em Crise a família. C a d e r n o d e P e s q u is a A F a m ilia e m q u e s tã o , (37):65,1981.

9<1 Rev. de Psicologia, I (I): Pág. 83-105, jan./dez. 1983

afirmação, possivelmente encontraremos uma acusação às mulheres como sendo

as maiores responsáveis pela desestruturação familiar. .

"Estamos mudando, está havendo transição de valores e eu acho que ISSO d insegurança assim para os jovens, eles não sabem ... porque

às-vezes

a far:ní-lia orienta com determinados valores, já fora são outras completamente

dife-rentes, eu acho que há um certo desequiHbrio e exatamente isto é que vai causar problemas; as famrlias do futuro, no jovem de amanhã, se choc~m

es-tes valores a famüla em geral dá uns determinados valores, lá fora sao ou-tros, e o [overn às vezes tem aquela indecisão, não sabe o certo, o que vai

ser-vir, eu tenho impressão que isto éque causa este problema futuro." (MMD) "A tarntlia do futuro eu penso que não vai. .. se controlar mais e t11tfu;""não

sei como é que vai ser não. Não sei porque essa liberdade, tudo isso, não sei como é que vai ser não o futuro de vocês; que já não é que eu vou ter essas aspirações, mas hoje em dia, não sei não.icorn essa independência de mulher e tudo que as mulheres não agüentam mais nada de marido. Porque eu acho que há, deve haver respeito mútuo, grande respeito, e as mulheres não estão

pra isso, respeitar o marido, marido respeitar a mulher e tudo e aí

vem ... " (MD.)

Como não há linearidade no pensamento dos casais e sim tendências gerais

para ver a família de uma forma otimista ou pessimista, há também os que vêem diferentemente o "futuro" e a "crise familiar". Esses casais sugerem uma

"reno-vação de valores" para a melhor organização da família do futuro.

"Eu mesmo estou querendo pensar, sabe que eu me preocupo bastante com

meus filhos e com minhas filhas mulheres principalmente, sabe, porque eu acho que a famrlia tem uma responsabilidade incrível na sociedade porque

no futuro elas vão ser o que nós vamos fazer agora, o que as informações vão fazer deles agora, sabe, do mundo que eles enfrentam, vão fazer agora, a família do futuro, acho que vai ser um troço muito legal, muito mais

afina-do afina-do que a g~nte; aí então vai ser só contratos." (MD.)

"Não estamos numa crise, e a muaança está meio brusca. Eu acho que mais

adiante as famílias vão se entender melhor, principalmente entre pais e fi-lhos." (MMD.)

"Eu acho que se não houver ajuda, uma espécie de renovação de "valores",

eu acho que vai ser um problema muito sério esse da família daqui a alguns

anos." (MMD.)

Consideramos o depoimento de uma das mulheres domésticas bastante

ex-pressivo em termos da desestruturação familiar futura: .,

" A mudança éimprevisível. Mas se o feminismo vencer, a família vai desapa-recer. Isso porque no machismo e feminismo não há acomodação nem

re-núncia, cada um tem um ponto de vista rígido, não dá certo". (MD.)

Diante disso, pensamos discutir um pouco os depoimentos e mostrar a

per-cepção de nossos casais sobre o "machismo" e o "feminismo".

(8)

4.1. Machismo

Não pretendemos aqui entrar na discussão da opressão masculina, mas situar apenas alguns aspectos da "crise" do niachismo e colocar algumas das caracterís-ticas do "machismo nordestino".

A "crise" do machismo vem sendo discutida pelos próprios homens, que, de

repente, vêm reconhecendo a necessidade de saber qual a origem dessas suas ati-tudes, a fim de se situarem melhor diante de si mesmos e das reivindicações da

nova mulher. Conscientes de que ambos são oprimidos e de que se a luta se esta-belecer no nível do masculino X feminino o sistema é quem mais se beneficiará,

os homens resolveram examinar sua própria situação. Perceberam que a "crise de identidade" não é só da mulher; o resgate da sua identidade, que foi culturalmen-te prejudicada, está exigindo um esforço maior.

Um ligeiro

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perfil-do "machismo do homem nordestino" nos permitirá avaliar suas características fundamentais. Alguns nordestinos consideram ainda um

"va-lor" a mulher ficar em casa, cuidando de seu lar, dos filhos e dele. A aceitação do

trabalho da mulher provém do alto nível das dificuldades financeiras atuais, mas não é valorizado, e é considerado por muitos como um dos grandes fatores res-ponsáveis pela desestruturação familiar. A participação do homem na educação

dos filhos e nas tarefas domésticas ainda é vista como diminuição e desvaloriza-ção de seu papel de "macho".

A "fidelidade" é ainda um valor que não chega ao limite de se "lavar a honra

com sangue", mas trás conseqüências bastante graves em termos da relação. A "posse" do corpo da mulher, através do casamento, está ainda bastante

impreg-nada na mentalidade dos nordestinos, cuja origem tem relação com o sistema da

"propriedade privada". A "virgindade" é ainda, para muitos, um valor contradi-tório porque os jovens ainda estão condicionados a estabelecer uma ligação entre

o comportamento futuro de sua mulher e o fato de ela ter ou não o "hímen in-tacto"; ou seja, existem as "moças de programas", com as quais se pode "transar

e descartar" e as "futuras esposas", que precisam levar consigo, no matrimônio, alguma garantia, em termos dos valores antigos, como a virgindade. O

"rnachis-mo" se evidencia também na forma de o homem usar seu poder. Em muitos

ca-sos, apesar de a mulher trabalhar, seu dinheiro é controlado pelo marido e as de-cisões são sempre dele. Como ilustração do machismo no Ceará temos o caso da morte de Celizete.

*

"Celizete banhou seu corpo com querosene e nele ateou fogo no dia 04/12/1980. Sobre sua morte fala seu irmão: "Não suportando as imposições e depois de abandonada pelo marido, minha irmã achou que não havia mais razão para viver e pôs fim a 12 anos de sofrimento e à própria vida". Celizete foi vítima, como tantas outras mulheres, na atualidade, da violência de seu esposo, Raimundo José Moreira, gerente de um dos bancos de Fortaleza. A expressão máxima de seu machismo está nos 12 mandamentos por ele estabelecidos:

1. Nunca lhe ofender com palavras ásperas.

2. Não realizar negócio algum sem a sua devida autorização.

3. Durante a sua ausência, por motivo de viagens a serviço do banco. não sair em passeio por qualquer motivo, tais como: praias, cinema, festas em clube ou residencial.

4. Cumprir todas as Obrigações de uma dona de casa, tais como cozinhar, providenciar roupas para que estejam sempre em condições normais de uso e mar.ter a casa sempre arrumada, inclusive os ai imentos comprados nos dias necessários.

96

Rev. de Psicologia, 1 (1): Pág. 83-105, jan.rdez. 1983

Há uma certa identificação nas opiniões entre os diferentes casais, sobretu-do em relação ao machismo. A diferença percebida é que as mulheres

assala.ria-das têm uma opinião definida a respeito do machismo e as mulheres doméstlca.s limitam-se muito a acusar os homens, demonstrando um certo grau de

ressenti-mento. A denúncia do machismo foi feita como sendo uma "mentalidade" ine-rente não só aos homens mas também as mulheres.

"O machismo, eu acho que é moda, eu acho que no fundo os homens têm medo das mulheres tomarem o lugar deles, que não é o que a gente quer, a gente não tá nem a fim de tomar o lugar de homem nenhum, a gente tá a

rim é só mesmo de ter uma oportunidade igual a eles, então eu acho que por

medo existe o machismo, é fundamentalmente o medo do homem que faz

com que ele seja machão." (MA.) '.

"Eu acho até certo ponto o machismo um negócio chavão, criado pra servir

de capa e de cobertura a muito comportamento de pessoas que prati~am,

que executam esse comportamento, assim não tem segurança, cha~a a flgu~a do machismo para mostrar que aquilo tudo é a figura do preconceito,

acredi-to que na medida que haja um bom relacionamento, ~ue haja ~~ trabalh~ entre as pessoas, eu acho que não tem negócio de rnachisrno, feminismo, COi-sa nenhuma não, eu acho que eu posso perfeitamente admitir uma pessoa ser

um pouco mais direta, ou um pouco mais irreverente do que a outra sem

chamá-Ia de machista ou feminista." (MMA.)

"Eu acho ridículo, superado. Não tá com nada. Superado demais. Eu acho

que as vezes esse negócio desse machismo ... isso af vem de muito comple-xo. Porque você vê aí o seguinte: esses homens dito machões, lamento, às

ve-zes eles nem são. Às vezes eles não são de nada. Eu tenho muito medo, Tem cara que manda muito na mulher e não sei que, e topa e aquela coisa, você pode saber que ele não é de nada. Depois aquele negócio da gente dizer que só fala muito em mulher, em mulher, ou então quer se afirmar e procura

re-trato de mulher nua, porque isso não tem nada a ver. O sujeito está olhando. E revista de mulher nua. E o andar com 2, 3 retratos, às vezes o sujeito não

tem condições de jeito nenhum. Porque a mulher pro homem é muita coisa.

5. Nunca mais tomar atitudes ele ir embora, a exemplo da tomada no dia 11/09/1980, pe-lo vôo 163 da-V ASP no horário de 17h30min. . _

6. Transferir todo o patrimônio que estiver em seu nome, para seu mando. Nao podendo desta data em diante comprar nada em seu próprio nome. . . 7. Em caso de ser empregada em qualquer atividade empresarial, o seu ordenado. depois d~

tirado determinada quantia para compras de objeto de uso. pessoal com a devida autori-zação, o restante será entregue ao seu marido para a garantia do futuro do casal. 8. Sempre reconhecer a autoridade do marido em qua2quer oc.asião. . 9. Não reclamar o horário de saída ou chegada que nao lhe sela dado conhecimento. 10. Não levar problemas de família para perturbar o sossego do casal,

11. Não dar nenhuma ajuda financeira para a família afora o permitido. , . 12. Não emprestar nada que pertença ao casal, para parentes ou estranhos sem a legitima

permissão nem vender objeto algum serro au_torização.. .

06S.: - Todos os itens deste documento, deverao ser cumpridos rigorosamente pela referen-ciada.

(9)

Porque a vida sexual do homem, a mulher se desgasta muito menos que o

homem." (MD.) .

"Machismo hoje na América Latina, o machismo existe mesmo, o machismo não é só no homem, é uma questão de mentalidade, a mulher também é

machista, tem mulher que gosta que o marido domine, que ele resolva tudo. E ela fica só naquela, muito bom para a mulher, mas não é certo, as raízes

do machismo vêm de longe, daquele tempo em que os Árabes dominavam a Península Ibérica, que tinham aqueles haréns, muitas mulheres, e a mulher

ainda hoje lá no Ayatollah Khomeini tem aquele negócio preto, então essa

herança cultural passou para a Espanha e Portugal, quando vieram para cá os colonizadores; eles trouxeram isso, um pouco, como se diz amenizado,

va-"mos dizer atenuado, mas o machismo veio; como era o machismo? Lendo Gilberto Freire você vai ver é que o homem aqui no Brasil colonial ele tinha

a senzala todinha à disposição, as neguinhas e a mulher, a esposa dele, não

tinha direito de dizer nada." (MMD.)

Algumas mudanças começam a surgir nas atitudes masculinas, evidenciadas no esforço apresentado pelos jovens que tentam Iibertar-se dos "traços mach

is-tas" introjetados em seu processo de socialização e buscam uma redefinição de

seus papéis de esposo, pai e dono de casa. O desejo de assumir a "paternidade", o esforço para participar nas "tarefas domésticas" e na educação dos filhos são

também outros dos sinais de transformação nas atitudes dos novos casais. Essas

características não são rígidas, dependem em alguns casos da idade dos casais; apresentam-se muitas vezes de forma contraditória e são diferentes nos casais

mais novos e mais velhos.

4.2. Feminismo

As mulheres assalariadas vêem o "feminismo" como a consciência que toda mulher deve ter de seus direitos e de seu lugar no mundo e não como uma luta

contra o homem. Percebem o preju ízo da possessividade e a importância do res-peito recíproco. Os maridos das mulheres assalariadas visualizam o "feminismo" de uma forma mais abrangente, numa perspectiva mais estrutural; discordam

também da colocação conflituosa entre homens e mulheres e consideram que, se a luta das feministas é contra a "injustiça social", há necessidade de compreensão

e solidariedade dos homens.

"Pelo que eu .. , nunca me detive muito a ler sobre este problema de feimi-nismo. Mas pelo que eu tenho visto, é sempre um ataque ao homem. A

ques-tão é de conscientização. Porque não é o homem que vai dizer que a mulher deve trabalhar, ela que deve achar que deve trabalhar, ela que deve achar que

pode desempenhar as funções do homem; não vai esperar que o homem

che-gue lá e diga: "tome o lugar éseu. Então, é uma questão de conscientização das mulheres e não de guerrear o homem. Porque na hora que ela tem valor mesmo, ela chega lá e não tem homem que dê jeito. "Também não, a mulher

deve ser feminina pra atrair o homem, sabe só pra isto, mas eu acho que to-dos os dois devem ter direitos iguais, eu acho que ninguém é de ninguém;

sa-98 Rev. de Psicologia, 1(1): Pág. 83-105, jan./dez. 1983

be este negócio da mulher dizer: este homem é meu e o homem dizer: esta

mulher é só minha, não, eu acho que eles devem se entender, porque nin-guém é de ninguém, cada um deve ter sua vida independente um do outro deve procurar organizar sua vida independente um do outro." (MA.) ,

"Bem, eu acho que toda classe que está se sentindo prejudicada de alguma

maneira ... deve gritar. Deve se manifestar e deve procurar os direitos que lhe são negados. Então, dentro desta perspectiva, sou totalmente a favor do

feminismo. Agora, evidente que nesse movimento há pessoas ... as mulheres que não têm uma certa profundidade disso, então colocam uma ... uma bri-ga ... conflito entre homem e mulher ... ~ lógico que acontece isso, mas ...

o movimento no sentido de uma valorização da mulher, de maiores direitos. de ... ora, isso é ... não há nem como questionar isso, uma vez que nós luta-mos contra a injustiça social, nós não poderíamos ser contra um movimento

que quer colocar a mulher dentro de um contexto socialmente justo, dentro desse aspecto eu sou totalmente a favor." (MMA)

As mulheres domésticas (MD) admitem a "dependência" que possuem de seus maridos e vêem nos filhos o maior obstáculo a uma possível separação.

Mui-tas concordam com a luta da mulher por sua independência financeira direitos iguais; mas onde há uma postura realmente definida e radical é sobre a não

acei-tação da libertação sexual da mulher. Os maridos das mulheres domésticas

(MMDl, além de reconhecerem a legitimidade da luta das mulheres, fazem uma

crítica histórica, ressaltando os fatores de mudança social que contribuíram para

zyxwvutsrqponmlkjihgfedcbaZYXWVUTSRQPONMLKJIHGFEDCBA

modificação da mentalidade das mulheres e uma autocrítica da situação dos

ho-mens.

"Eu acho certo, eu acho que a mulher deve ser independente. Eu tiro por

mim, porque elas se deixaram levar ... se eu quero trabalhar, se eu quero es-tud~r, se eu quero fazer uma coisa eu acho que dependo dele. Ele nem quer ouvir falar em trabalho, porque ele diz que não tem necessidade. Inclusive o

ma~idode minha irmã é divorciado, ele dizia que vivia muito bem com a pri-meira mulher, mas se separaram quando ela começou a trabalhar. A maioria não aceita a mulher ser Independente, ele quer que viva dentro de casa. Ele

às. vezes diz: "O que é que você quer mêdiga que eu lhe pago", mas eu acei-tei P?rque eu sei que não daria certo a separação e eu, Deus me livre, eu que-ro viver com ele até o fim da vida, principalmente por causa dos meus fi-lhos." (MD.)

"É essa liheração sexual que eu acho que a mulher perde, essa luta por direi-tos iguais na Iiberação sexual que acho que ela perde, perde num tocante a moral da mulher porque nunca ela vai chegar a se liberar sexualmente como

o homem. Nunca mesmo, eu acho que o movimento é válido na medida em

que a luta por uma independência financeira igual, por uma luta na pol ítica igual, por direitos iguais nesse ponto, sabe, eu não considero liberação sexual válido de jeito nenhum." (MD.)

"Eu acho que não interfere uma coisa na outra, a mulher pode ser feminina

e liberta e satisfazer as duas coisas. O movimento Feminino sendo para esse

fim, a libertação da mulher sem uma guerra contra o homem, eu acho que

(10)

seja correto. A mulher por muitos anos e em parte por tradição ela sempre

foi dominada. ~ que no tempo dos ancestrais talvez se justificasse porque havia muita igonorância, pois os homens primitivos dominavam as mulheres

porque eram mais fracas. Então o homem, sendo forte, dominava a mulher e a subjugava e a mulher não tinha vez, era mais fraca e tinha c;ue se

confor-mar àquela situação. Mas a sociedade evoluiu e hoje nós temos outra

menta-lidade, a mulher pode disputar com o homem no campo social sob qualquer aspecto com igualdade de condições, a diferença que ela tem de ombros para

o homem ela ganha em resistência. O homem é mais explosivo, mais forte e

a mulher tem mais capacidade de suportar, muito maior que o homem, en-tão isso tudo é o equillbrio da natureza. De forma que com o

desenvolvi-mento da sociedade e com a situação que nós estamos hoje, acho que a

mu-lher pode ter os mesmos direitos do homem, não vejo nenhuma diferença; e

se for o problema de formação de famrlia. também eu acho que não influi, pois o que faz a tarnflia é o companheirismo que éxiste entre o casal. A

par-te sexual é apenas um complemento, embora alguns têm idéia e talvez por isso fracassem. As dificuldades que existem é porque a mulher sempre foi

acomodada por duas razões: uma que trás uma tradição de longas datas e ou-tra porque a própria tarrulia já despeja em cima da mulher todas as

responsa-bilidades da moral da tarnrlia e ela fica sobrecarregada. Enquanto o homem fica de ombros abertos, fazendo o que bem entende e isto eu acho mais um

ato de esperteza do que propriamente uma situação de fato." (MMD.)

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5. Análise Comparativa Entre os Casais MA/MMA e MD/MMD

Sentimos que não há uma linearidade nem homogeniedade de opiniões

en-tre os informantes; as diferenças percebidas entre as opiniões dos diferentes

ca-sais, em relação à família do futuro, reforçam, de certo modo, as nossas hipóte-ses.

Os casais em que a mulher é assalariada (MA/MMA), apesar de conscientes

de que a farnflia sofre as conseqüências das transformações sócio-econômicas da sociedade, acreditam na famflia do futuro e sugerem medidas de ordem social e

psicológica que deveriam ser tomadas para evitar a desestruturação familiar. Há uma grande preocupação com a influência da TV na educação infantil e na

deses-truturação familiar. O problema do trabalho da mulher é visto por ela como ne-cessidade de sobrevivência e realização profissional, apesar de haver quem pense diferentemente sobre a independência da mulher.

Os outros casais em que a mulher é doméstica (MD/MMD) percebem

tam-bém que as transformações estruturais estão favorecendo as mudanças na estru-tura familiar, só que em sua percepção predominam os prejuízos, a desestrutura-cão, negação dos valores antigos. A. independência das mulheres assalariadas e seu trabalho são censurados e considerados, até certo ponto, pelas mulheres

domésti-cas, como um dos fatores desestruturadores da tarnilia. Consideram o

"Machis-mo" e o "Feminismo" como fatores decisivos na destruição da família. Apesar

100 Rev. de Psicologia, 1 (1): Pág. 83-105, jan./dez. 1983

disso, há os que consideram que no futuro haverá só "conn at " qu i o será bom; apesar da "crise", haverá possibilidade de os filhos s nt nd rum m Ihor que os pais.

O "conteúdo latente" do discurso das mulheres domésn '1 p I

bretudo, nas acusações, feitas às mulheres em geral, pois, ap ar di n fOI mula das explicitamente, percebemos através da coerência de seus di 111o qUI IJ

são dirigidas às mulheres assalariadas.

Não é facilmente perceptível, para alguém que tem exp ri O(!tl" 1111.11111

trama da vida social, quais os determinantes estruturais mais abrunq 011 qu in terferem nos padrões de comportamento. Nessa perspectiva é mai ou 11100 1111

vitável que um fator como a Televisão inegavelmente influente, mas 1110111110, (

ja apontado como o responsável pela desestruturação do grupo f mil I11

Por um lado, as mulheres domésticas, por não estarem ins rid I no II 111.1 de produção, têm na TV o principal canal de acesso à problemática 11I lUI1d.11I global. Entretanto, são as mulheres assalariadas que identificam 1Tl11I1.101I1/0 com maior freqüência os efeitos da TV sobre a família.

Em relação às tendências das representações dos casais, perceb mo UII1 11I tude mais progressista nos discursos dos MA/MMA na medida em qu icom 11

ção de "crise" não é sinônimo de desestruturação, mas de crescimento, d volu ção. Apresentam muito senso de realidade, consciência da repercus o do piO blemas sociais na estrutura famil iar. Há uma expectativa positiva em r Idç 10 di mocratização das relações familiares.

Uma atitude mais conservadora permeia o discurso dos MD/MMD, plllllIpI' mente das mulheres domésticas, que possuem uma visão negativa pessum I .11

bre o futuro da farnilia. Os MD/MMD estabelecem uma certa relação nu Id sestruturação familiar e o trabalho assalariado da mulher.

Há uma visão moralista e de culpabilidade em relação às mulheres ,I .11.1111 das, expressa na censura permanente à independência e autonomia da mullun

Onde percebemos um certo avanço na mentalidade das mulheres dom 111.1 é em sua atitude contra o machismo.

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