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FEMM FUNDAÇÃO EDUCACIONAL MIGUEL MOFARREJ FIO FACULDADES INTEGRADAS DE OURINHOS

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FEMM – FUNDAÇÃO EDUCACIONAL MIGUEL MOFARREJ FIO – FACULDADES INTEGRADAS DE OURINHOS

CURSO DE FARMÁCIA

PANORAMA MUNDIAL DA ATENÇÃO FARMACÊUTICA E DO USO RACIONAL DE MEDICAMENTOS

CRISTIANE SOARES DE CARVALHO

OURINHOS - 2014

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CRISTIANE SOARES DE CARVALHO

PANORAMA MUNDIAL DA ATENÇÃO FARMACÊUTICA E DO USO RACIONAL DE MEDICAMENTOS

Artigo apresentado como pré-requisito para conclusão do curso de Farmácia das FIO – Faculdades Integradas de Ourinhos, tendo como

Orientadora a Prof. Ma. Cristiane Fátima Guarido

Ourinhos - 2014

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FOLHA DE APROVAÇÃO

Cristiane Soares de Carvalho

Panorama Mundial de Atenção de Farmacêutica e do Uso Racional de Medicamentos

Avaliador 1: Profª. Ma. Cristiane F. Guarido Assinatura: __________________

Avaliador 2: Prof. Me. Maurício M. Nambu Assinatura: __________________

Avaliador 3: Prof. Dr. Paulo R. Obreli Neto Assinatura: __________________

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Dedicatória

Dedico este trabalho primeiramente а Deus, por ser meu guia e permitir que

tudo isso acontecesse ao longo de minha vida e a meus pais pelo amor,

incentivo e apoio incondicional.

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Epígrafe

“O sucesso nasce do querer, da determinação e persistência em se chegar a um objetivo. Mesmo não atingindo o alvo, quem busca e vence obstáculos, no mínimo fará coisas admiráveis.”

José de Alencar

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AGRADECIMENTOS

- A Deus, em primeiro lugar, pоr tеr mе concedido o dom da vida, a saúde, força e disposição pаrа que se concretizasse esse trabalho.

- A minha família, pоr me darem coragem, força e apoio para seguir em busca de meus objetivos. Mãe, sеυ cuidado е dedicação fоі que deram, еm alguns momentos, а esperança pаrа seguir. Pai, sυа presença significou segurança е a certeza dе qυе não estou sozinha nessa caminhada e que apesar de todas as dificuldades me fortaleceram e acreditaram em mim.

- Ao meu namorado meu melhor amigo e companheiro Leandro, por toda paciência, carinho, amor e compreensão.

-A minha orientadora, coordenadora e professora Cristiane Guarido pelo apoio, confiança, atenção e ensinamentos durante todo esse período.

- A todos os meus professores pоr mе proporcionar о conhecimento nãо apenas racional, mаs а manifestação dо caráter е afetividade dа educação nо processo dе formação profissional, pоr tanto qυе sе dedicaram а mim, nãо somente pоr terem mе ensinado, mаs por terem mе feito aprender. А palavra mestre, nunca fará justiça аоs professores dedicados аоs quais sеm nominar terão оs meus eternos agradecimentos.

- Aos meus colegas de turma os quais compartilhei angústias, alegrias e tristezas, com certeza continuarão presentes еm minha vida

.

- A todos qυе direta оυ indiretamente fizeram parte dа minha formação, о mеυ

muito obrigado.

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Panorama Mundial da Atenção Farmacêutica e do Uso Racional de Medicamentos.

INTRODUÇÃO

A profissão farmacêutica, assim como todas as outras profissões, vem sofrendo transformações ao longo do tempo. A atenção farmacêutica também vem se evoluindo, sendo responsável pelo tratamento medicamentoso visando alcançar resultados satisfatórios na saúde e garantindo a qualidade de vida do paciente (PEREIRA & FREITAS, 2008; ANGONESI & SEVALHO, 2010).

Na atenção farmacêutica o principal beneficiário é o paciente, assegurando um tratamento medicamentoso apropriado, cômodo, eficaz e seguro. O profissional farmacêutico se encarrega de reduzir a morbidade e a mortalidade relacionadas com os medicamentos atendendo às necessidades individuais de cada pacientes. (ANGONESI & SEVALHO, 2010).

O uso inadequado e abusivo de medicamentos, faz com que farmacêuticos se aprofundem na inclusão ao uso racional de medicamentos para garantir que o paciente receba o medicamento apropriado à sua situação clínica, garantindo a eficácia, segurança e conveniência para o mesmo, visando obter os efeitos desejados e a identificação de possíveis eventos adversos decorrentes do tratamento (MEDEIROS et al., 2011; CUNHA et al., 2012).

O trabalho em conjunto, associando a atenção farmacêutica e o uso racional de medicamentos visa à educação da população em relação ao uso de medicamentos de maneira em que o farmacêutico seja o educador contribuindo na prevenção de doenças e na promoção da saúde (VINHOLES, ALANO, GALATO, 2009; CUNHA et al., 2012).

OBJETIVO

Descrever o atual panorama mundial da atenção farmacêutica e do

uso racional de medicamentos.

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METODOLOGIA

Foram utilizadas busca bibliográfica a partir de 2008, através das bases de dados lilacs, scielo e medline e utilizados como descritores as palavras: atenção farmacêutica e uso racional de medicamentos.

REFERENCIAL TEÓRICO

Uma breve história da Atenção Farmacêutica e do Uso Racional de Medicamentos

A perda do papel do farmacêutico nas farmácias após a industrialização, fez com que a sociedade visse o farmacêutico, como um mero vendedor de medicamentos. A insatisfação provocada por esta condição levou na década de 1960, estudantes e professores da Universidade de São Francisco nos Estados Unidos, a criarem o movimento denominado Farmácia Clínica (PEREIRA &

FREITAS, 2008; ANGONESI & SEVALHO, 2010). Esta nova atividade objetivava a aproximação do farmacêutico ao paciente e à equipe de saúde, possibilitando o desenvolvimento de habilidades relacionadas à farmacoterapia (PEREIRA & FREITAS, 2008).

Após o movimento da Farmácia Clínica, em meados da década de 1970, alguns autores se empenharam em redefinir o papel do farmacêutico em relação ao paciente, pois segundo eles a Farmácia Clínica estava restrita ao ambiente hospitalar e voltada principalmente para a análise da farmacoterapia dos pacientes, na qual o farmacêutico ficava próximo apenas à equipe de saúde (PEREIRA & FREITAS, 2008).

Dessa forma, visando nortear e estender a atuação do profissional farmacêutico para as ações de atenção primária em saúde, tendo o medicamento como insumo estratégico e o paciente como foco principal, Mikel et al. (1975) iniciaram a construção inconsciente do conceito de Atenção Farmacêutica, que só viria a receber essa terminologia no final da década de 1980. Nesse artigo, os autores afirmavam que o farmacêutico deveria prestar

“a atenção que um dado paciente requer e recebe com garantias do uso seguro

e racional dos medicamentos” (PEREIRA & FREITAS, 2008).

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Segundo Pereira e Freitas (2008), a definição proposta por Mikel et al.

(1975) foi ampliada e adaptada por Brodie, Parish e Poston (1980), que sugeriu incorporar a ela que o farmacêutico deveria oferecer e realizar todos os serviços necessários para um tratamento farmacoterapêutico eficaz.

Em 1990, Hepler e Strand embora reconhecessem a importância da farmácia clínica para a profissionalização da farmácia, consideraram que algumas de suas definições situavam o medicamento em primeiro plano em detrimento do paciente. Então eles defenderam que os farmacêuticos, além de apoiar a concepção funcional da farmácia clínica, deveriam estar preparados para assumir a responsabilidade sanitária de prevenir a morbimortalidade relacionada com os medicamentos, sendo assim a profissão farmacêutica deveria ser baseada em uma filosofia apropriada de prática e uma estrutura organizada que orientasse a prática (ANGONESI & SEVALHO, 2010).

O termo Pharmaceutical Care foi utilizado pela primeira vez em 1990 por Hepler e Strand na literatura científica, que foi traduzido em nosso país para Atenção Farmacêutica. Nesse artigo foi sugerido que “Atenção Farmacêutica seria a provisão responsável do tratamento farmacológico com o objetivo de alcançar resultados satisfatórios na saúde, melhorando a qualidade de vida do paciente”. Este conceito foi discutido, aceito e ampliado, na reunião de peritos da Organização Mundial de Saúde (OMS) em 1994, realizada em Tóquio.

Nesta reunião, foi definido o papel chave do farmacêutico: “estender o caráter de beneficiário da Atenção Farmacêutica ao público, em seu conjunto e reconhecer, deste modo, o farmacêutico como dispensador da atenção sanitária que pode participar, ativamente, na prevenção das doenças e da promoção da saúde, junto com outros membros da equipe sanitária” (PEREIRA

& FREITAS, 2008).

Já o Uso Racional de Medicamento (URM) foi definido pela Organização

Mundial da Saúde (OMS), em 1985, na cidade de Nairóbi, Quênia,

estabelecendo que os pacientes devam receber a medicação apropriada para

sua situação clínica, nas doses que satisfaçam as necessidades individuais,

por um período adequado e ao menor custo possível para eles e sua

comunidade (CUNHA et al., 2012).

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Contribuições de diferentes países para execução da Atenção Farmacêutica e do Uso Racional de Medicamentos

Alguns países desenvolvidos, tais como Estados Unidos, Canadá, Espanha, Alemanha, França, Suécia, entre outros, encontraram menores dificuldades para implantar e implementar a Atenção Farmacêutica, pois além de possuírem um serviço de saúde bastante estruturado, já reconheciam o farmacêutico como profissional imprescindível na área de saúde, devido à sua atuação na Farmácia Clínica (PEREIRA & FREITAS, 2008).

Na Europa, um estudo multicêntrico, avaliou a provisão de atenção farmacêutica aos idosos, verificando o aumento na qualidade de vida e a redução dos custos ligados à saúde. Os idosos manifestaram um melhor controle da doença e alto nível de satisfação. A opinião dos médicos e farmacêuticos foi favorável a atenção farmacêutica (bvms.saude.gov.br).

Nos Estados Unidos, foi estimado que quando farmacêuticos participaram ativamente da revisão das prescrições e da orientação aos idosos quanto ao uso da farmacoterapia, ocorreu uma diminuição dos gastos do sistema de atenção à saúde (bvms.saude.gov.br).

A experiência canadense teve início nos anos 70, com a discussão da então denominada “Opinião Farmacêutica”, que difundiu progressivamente pelo país a partir de 1983, evoluindo para a Atenção Farmacêutica. Hoje, em algumas províncias canadenses como Quebec, Saskatchewan, Nova Escócia, Columbia Britânica e Terra Nova, os farmacêuticos recebem honorários pelo serviço de Atenção Farmacêutica (PEREIRA & FREITAS, 2008).

Em meados da década de 90, surgia na Espanha o termo “Atención Farmacéutica”, com o desenvolvimento de modelo de seguimento farmacoterapêutico, denominado Método Dáder, criado por um grupo de investigação em Atenção Farmacêutica da Universidade de Granada. Nesse país também foram realizados consensos para definir conceitos, modelos de acompanhamento e classificar Problemas Relacionados aos Medicamentos (PRM) (PEREIRA & FREITAS, 2008).

Na Espanha foi produzido um consenso em 2001, que incluiu as outras

atividades voltadas para o paciente no conceito de Atenção Farmacêutica: A

participação ativa do farmacêutico na assistência ao paciente na dispensação e

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seguimento do tratamento farmacoterapêutico, cooperando com o médico e outros profissionais de saúde, a fim de conseguir resultados que melhorem a qualidade de vida dos pacientes. Também previu a participação do farmacêutico em atividades de promoção à saúde e prevenção de doenças (ANGONESI & SEVALHO, 2010).

O que a perspectiva espanhola define como Seguimento Farmacoterapêutico assemelha-se ao conceito de Atenção Farmacêutica elaborado pelo grupo de Minnesota. O Consenso Espanhol expressou que:

Seguimento farmacoterapêutico individualizado é a prática profissional na qual o farmacêutico se responsabiliza pelas necessidades do paciente relacionadas com os medicamentos mediante a detecção, prevenção e resolução de problemas relacionados com a medicação (PRM), de forma continuada, sistematizada e documentada, em colaboração com o próprio paciente e com os demais profissionais do sistema de saúde, com o fim de alcançar resultados concretos que melhorem a qualidade de vida do paciente. Assim, a perspectiva espanhola é diferente do grupo de Minnesota, enquanto os americanos consideram a Atenção Farmacêutica uma prática única e diferente das demais atividades realizadas pelo farmacêutico e com um processo racional de tomada de decisão, os espanhóis reconhecem as atividades farmacêuticas tradicionais como a dispensação como parte deste novo modelo de prática, pois em todas elas o farmacêutico está assumindo a responsabilidade pela redução da morbimortalidade relacionada aos medicamentos. No entanto, os mesmos pilares filosóficos sustentam as duas perspectivas (ANGONESI & SEVALHO, 2010).

Estudos disponíveis apontam para uma possível evidência da eficácia dos serviços clínicos farmacêuticos. Em uma pesquisa realizada na Espanha em pacientes coronarianos, os resultados clínicos evidenciaram uma diminuição da taxa anual de novos infartos neste grupo de investigação e menor utilização dos serviços de saúde (bvms.saude.gov.br).

A Farmácia Clínica chegou ao Brasil muito timidamente, e apenas

alguns hospitais chegaram a colocar em prática esse modelo. O primeiro

serviço foi implantado em Natal, no Rio Grande do Norte, em 1979. Em relação

à Atenção Farmacêutica, o processo brasileiro também se iniciou tardiamente e

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com confusão conceitual. O próprio Conselho Federal de Farmácia (CFF), em publicações nos anos de 1996 e 1997, apresentou o conceito de Atenção Farmacêutica como sendo o de assistência farmacêutica (ANGONESI &

SEVALHO, 2010).

Então, em 2002, um grupo de profissionais coordenado pela Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS) reuniu-se com o objetivo de discutir a uniformização de termos e conceitos e para a promoção da Atenção Farmacêutica no país. Os resultados desses trabalhos foram publicados em um relatório que posteriormente deu origem a uma Proposta de Consenso Brasileiro de Atenção Farmacêutica. O conceito de Assistência Farmacêutica foi revisado, e no entendimento dos participantes é diferente de Atenção Farmacêutica, tem características multiprofissionais e engloba todas as atividades relacionadas ao abastecimento e utilização de medicamentos (ANGONESI & SEVALHO, 2010).

As ações de Assistência Farmacêutica envolvem aquelas referentes à Atenção Farmacêutica considerada na Política Nacional de Assistência Farmacêutica como: "Modelo de prática farmacêutica, desenvolvida no contexto da Assistência Farmacêutica e compreendendo atitudes, valores éticos, comportamentos, habilidades, compromissos e co-responsabilidades na prevenção das doenças, promoção e recuperação da saúde, de forma integrada à equipe de saúde. É a interação direta do farmacêutico com o usuário, objetivando uma farmacoterapia racional e a obtenção de resultados definidos e mensuráveis, voltados para a melhoria da qualidade de vida. Essa interação também deve envolver as concepções dos seus sujeitos, respeitadas as suas especificidades biopsicossociais, sob a ótica da integralidade das ações de saúde" (www.crf-pr.org.br).

Além do conceito de Atenção Farmacêutica, foram definidos nesse mesmo encontro da OPAS macro componentes da prática profissional para o exercício da Atenção Farmacêutica, tais como: educação em saúde (promoção do uso racional de medicamentos), orientação farmacêutica, dispensação de medicamentos, atendimento farmacêutico, acompanhamento farmacoterapêutico e registro sistemático das atividades (PEREIRA &

FREITAS, 2008).

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No Brasil, a Atenção Farmacêutica vem sendo discutida e encaminhada junto às instituições de saúde e de educação como uma das diretrizes principais para redefinição da atividade farmacêutica em nosso país, embora nas condições específicas da realidade brasileira, ainda restem algumas questões a serem enfrentadas na transposição desse referencial, principalmente no Serviço Único de Saúde (SUS), em que a garantia do acesso ao medicamento ainda se constitui o principal obstáculo a ser transposto pelos gestores. Em nosso país, as farmácias perderam seu “status” de estabelecimento de saúde e, hoje, são considerados estabelecimentos comerciais (setor privado) ou depósitos de medicamentos (setor público), afastando o farmacêutico de sua atividade primária (PEREIRA & FREITAS, 2008).

Porém isto está mudando, pois a categoria farmacêutica vive um momento histórico com a aprovação da Lei 13.021/2014 que Dispõe sobre o exercício e a fiscalização das atividades farmacêuticas, tornando a farmácia um estabelecimento de saúde (BRASIL, 2014).

Essa Lei 13.021/2014 diz que o farmacêutico e o proprietário dos estabelecimentos farmacêuticos deverão agir sempre solidariamente, realizando todos os esforços para promover o uso racional de medicamentos, é dever do farmacêutico estabelecer protocolos de vigilância farmacológica de medicamentos, produtos farmacêuticos e correlatos, visando a assegurar o seu uso racionalizado, a sua segurança e a sua eficácia terapêutica (www.cff.org.br).

Para que a farmácia retorne à atividade de estabelecimento de saúde, desempenhando importante função social e tendo o farmacêutico como líder, torna-se necessário investir na formação que resulte na melhoria do atendimento e, consequentemente, na conscientização da população para o uso correto dos medicamentos. Para isto, o farmacêutico deve possuir o conhecimento teórico, aliado à habilidade de comunicação nas relações interpessoais (PEREIRA & FREITAS, 2008).

Atualmente, a OMS e outras Associações Farmacêuticas de relevância

internacional consideram que a Atenção Farmacêutica é atividade exclusiva do

farmacêutico e que este deve tê-la como prioridade para o desenvolvimento

pleno de sua profissão (PEREIRA & FREITAS, 2008).

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A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) traz dados que apontam as dimensões do uso irracional de medicamentos, afirmando que 15%

da população mundial consomem mais de 90% da produção farmacêutica; 50%

de todos os medicamentos são prescritos, dispensados ou usados irracionalmente; os hospitais gastam de 15% a 20% de seus orçamentos para tratar agravos decorrentes do mau uso de medicamentos e 40% dos pacientes que adentram os prontos-socorros com intoxicação são vítimas dos medicamentos (CUNHA et al., 2012).

Segundo a OMS, entre as intervenções fundamentais para a promoção do uso racional de medicamentos está a educação da população a respeito dos medicamentos, a qual pode estar associada à Atenção Farmacêutica (VINHOLES, ALANO, GALATO, 2009).

O processo de promoção da Atenção Farmacêutica no país foi apoiado pela Organização Pan Americana de Saúde (OPAS) e pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e envolveu pesquisadores, formuladores de políticas, entidades e diversos profissionais. Ainda que sua definição continue em uma discussão terminológica intensa em cada país, é interessante ressaltar que, no Brasil, o termo Atenção Farmacêutica considera a promoção da saúde, incluindo a educação em saúde, como componente do conceito, o que constitui um diferencial marcante em relação ao conceito adotado em outros países, sendo este incentivado pela Organização Mundial de Saúde (VINHOLES, ALANO, GALATO, 2009).

Estratégias para execução do Uso Racional de Medicamentos (URM)

A promoção do uso racional dos medicamentos é um dos principais pontos da Política Nacional de Medicamentos, dentre as formas de promover o uso racional de medicamentos, destacam-se a implantação e utilização de uma Relação de Medicamentos Essenciais, Formulário Terapêuticos e Protocolos Clínicos e Terapêuticos (www.crf-pr.org.br).

A RENAME - Relação Nacional de Medicamentos Essenciais,

juntamente com o Formulário Terapêutico Nacional, pode ser um importante

auxilio na escolha da melhor terapêutica. À população e usuários do SUS, a

RENAME expressa um compromisso com a disponibilização de medicamentos

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selecionados nos preceitos técnico-científicos e de acordo com as prioridades de saúde de nossa população (www.crf-pr.org.br).

Os esforços para a readequação de atividades e práticas farmacêuticas objetivando o uso racional dos medicamentos é essencial numa sociedade que os fármacos constituem o arsenal terapêutico mais utilizado (www.ccs.uel).

A atenção farmacêutica contribui para o uso racional de medicamentos, na medida em que desenvolve um acompanhamento sistemático da terapia medicamentosa utilizada pelo indivíduo buscando avaliar e garantir a necessidade, a segurança e a efetividade no processo de utilização de medicamentos. Satisfaz as necessidades sociais ajudando os indivíduos a obter melhores resultados durante a farmacoterapia (www.ccs.uel).

A conscientização da comunidade é um pré-requisito quando se espera alcançar elevado nível de saúde. Entre os diversos fatores que influenciam no estabelecimento e manutenção da saúde do indivíduo, o medicamento está envolvido em grande parte dessas atividades. Dessa forma, torna-se necessário que a população esteja orientada sobre como proceder em relação ao uso de medicamentos, para que estes tenham uma ação efetiva e segura. A abrangência do processo de educação permite abordar inúmeros aspectos, como a conservação, a automedicação, grupos de risco, gravidez e lactação, bebidas alcoólicas, prazo de validade e outros (VINHOLES, ALANO, GALATO, 2009).

Atualmente, no Brasil, coexistem, por um lado, a dificuldade de acesso de parcela significativa da população aos medicamentos essenciais e, por outro, o uso abusivo e irracional pelas classes que têm maior poder de compra (VINHOLES, ALANO, GALATO, 2009).

Sabe-se, porém, que o uso de medicamentos não se resume apenas a

uma prática terapêutica, pautada no modelo biomédico. O ato de tomar

medicamentos envolve muito mais que a ingestão física de substâncias

farmacêuticas para fins terapêuticos. Cada medicamento reúne em si vários

elementos, como práticas científicas, agendas políticas, interesses comerciais,

além de outros componentes sociais e da mídia. Os medicamentos não são

somente compostos químicos, mas entidades culturais. Eles são produtos da

cultura humana, mas também produtores de cultura, afetando as

representações da vida e da sociedade (CUNHA et al., 2012).

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Nesse contexto, a abordagem sobre o uso de medicamentos precisa considerar suas dimensões culturais e sociais, seu caráter antropológico, visto que os medicamentos são dotados de várias dimensões, impregnadas de sentidos e significados em contextos e situações singulares (CUNHA et al., 2012).

Num estudo realizado sobre os livros didáticos de biologia, no que diz respeito ao conteúdo sobre medicamentos, os autores concluíram que estes necessitam ser adequados às novas legislações e conteúdos que abordem o URM, para que dessa forma possam atender as recomendações dos Parâmetros Curriculares Nacionais – PCN (CORREA et al.,2013).

Torna-se imprescindível a abordagem de temas como: automedicação, adesão ao tratamento medicamentoso, propagandas e reportagens sobre medicamentos, riscos para a saúde que podem representar todos os medicamentos (reações adversas), administração de medicamentos, dentre outros (CORREA et al.,2013).

Os alunos do Ensino Médio, de um modo geral, estão na fase em que começam a perceber que podem ter “voz ativa” e a influenciar mais intensamente o meio familiar e social. Durante o período da adolescência são experimentadas vivências significativas, que podem contribuir tanto para a vulnerabilidade do indivíduo (que aceita opiniões alheias sem condições de fazer uma análise crítica da mesma), quanto servir para a formação de um indivíduo “seguro” (com capacidade de opinar com critérios). Nesta fase, costumam experimentar vários comportamentos na busca de sua identidade e independência. Dessa forma, o hábito construído no seio familiar poderá sofrer alterações mais facilmente. Em relação ao uso de medicamentos, essas mudanças de atitudes não costumam ocorrer, pois a escola ou a sociedade possui hábitos iguais aos do senso comum (CORREA et al.,2013).

Existem vários fatores que estimulam a irracionalidade do uso de

medicamentos, dentre eles o desconhecimento dos profissionais da saúde

sobre a regulamentação da boa prescrição médica e da dispensação de

medicamentos, bem como o desvirtuamento da concepção sobre o processo

saúde-doença e a deficiência na formação técnica dos profissionais (SOUZA,

BORGES, 2011).

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Percebe-se que, em relação ao uso de medicamentos, uma mudança de paradigmas é necessária, pois não basta ter acesso a um medicamento de qualidade garantida, sua utilização deve ocorrer de modo seguro e consciente.

Essa transformação só ocorrerá quando os aspectos educativos sobre o uso de medicamentos forem priorizados, tanto para os profissionais de saúde quanto para os pacientes (SOUZA, BORGES, 2011).

Há necessidade de estimular a atuação profissional, principalmente de acadêmicos, sendo esse o primeiro passo para o sucesso da Atenção Farmacêutica, uma vez que a sociedade começa a reconhecer a importância do atendimento realizado pelo farmacêutico (PEREIRA & FREITAS, 2008).

Avaliar a capacitação e o perfil do profissional farmacêutico para esta nova atividade e, se necessário, desenvolver estratégias para prepará-los e treiná-los, cuja pedra fundamental, pelo menos no plano teórico, foi lançada nas novas diretrizes curriculares para os cursos de Farmácia “Formação Generalista”. O sistema formador deve aproveitar as modificações propostas no “Farmacêutico Generalista”, incluir nos currículos dos cursos de Farmácia treinamento clínico e em ambulatórios, aprendizagem baseada em soluções de problemas, de modo a ampliar seus conhecimentos em fisiopatologia, medicamentos e terapêutica. Além do conhecimento técnico, a formação deve contemplar o desenvolvimento de habilidades de comunicação em linguagem adequada com a equipe de saúde e, principalmente, com o usuário (PEREIRA

& FREITAS, 2008).

Considerações Finais

De acordo com este estudo, observou-se que a atenção farmacêutica e o uso racional de medicamentos devem caminhar juntos, porém o farmacêutico deve assumir a responsabilidade com a farmacoterapia e a atuar como promotor do uso racional de medicamentos.

Deve-se priorizar o atendimento ao paciente, fazendo com que o

farmacêutico participe do cuidado ao usuário de medicamentos interferindo,

principalmente no uso adequado do mesmo, refletindo assim, de forma positiva

nos resultados da terapia medicamentosa. No Brasil, a exemplo de outros

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países, deve haver mais incentivo na formação do profissional farmacêutico, já que a atenção farmacêutica visa à educação em saúde.

REFERÊNCIAS

ANGONESI, D.; SEVALHO, G. Atenção farmacêutica: fundamentação

conceitual e crítica para um modelo brasileiro. Ciência & Saúde Coletiva.v.15, n.3, p.3603-3614, 2010.

BRASIL. CONGRESSO NACIONAL. Lei 13.021, de 8 de agosto de 2014.

Dispõe sobre o exercício e a fiscalização das atividades farmacêuticas.

Disponível em URL: http://pfarma.com.br/lei-farmacia-13021-2014.html Acesso em: 16 out 2014.

CORREA, A.D. et al. Uma abordagem sobre o uso de medicamentos nos livros didáticos de biologia como estratégia de promoção de saúde. Ciência e Saúde Coletiva.v.18, n. 10, p. 3071-3081, 2013.

CRF – SP O PERCURSO HISTÓRICO DA ATENÇÃO FARMACÊUTICA NO MUNDO E NO BRASIL Disponível em URL:

http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/percurso_historico_atencao_farmac eutica.pdf Acesso em 20 nov 2014.

CUNHA, K.O.A. et. al. Representações sobre o uso racional de medicamentos em equipes da estratégia saúde da família. Rev. Esc. Enferm.USP.v.46, n.6, p.1431-1437, 2012.

Disponível em

URL:http://www.ccs.uel.br/espacoparasaude/v4n2/doc/atencaofarmauso.htm, Acesso em 18 jul 2014.

Disponível em URL:

http://www.cff.org.br/pagina.php?id=714&menu=5&titulo=Lei+13.021%2F2014+

+Disp%C3%B5e+sobre+o+exerc%C3%ADcio+e+a+fiscaliza%C3%A7%C3%A3 o+das+atividades+farmac%C3%AAuticas Acesso em 26 nov 2014.

Disponível em URL:

http://www.crfpr.org.br/uploads/comissao/6330/manual_caf_sus.pdf, Acesso em 26 nov 2014

MEDEIROS, E.F.F. et. al. Intervenções interdisciplinares enquanto estratégia para o uso racional de medicamentos em idosos. Ciência & Saúde

Coletiva.v.16, n.7, p.3139-3249, 2011.

PEREIRA, L.R.L.; FREITAS, O. A evolução da atenção farmacêutica e a

perspectiva para o Brasil. Rev. Bras. Ciênc. Farm. v.44, n.4, p.601-6012, out-

dez, 2008.

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SOUZA, I.F.; BORGES, D.B. Uso Racional de Medicamentos: Importância da Prescrição e da Dispensação. Instituto Salus. maio-junho, 2011

VINHOLES, E.R.; ALANO, G.M.; GALATO, D. A percepção da comunidade

sobre a atuação do serviço de atenção farmacêutica em ações de educação

em saúde relacionadas à promoção do uso racional de medicamentos. Saúde

Sociedade. v.18, n.2, p.293-303, 2009.

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