Mármores de
Pero Pinheiro
Geologia no Verão
Levantamento Geológico da Área de Pero Pinheiro (inédito Ernst Henry – esc. 1/ 20.000)
MÁRMORES DE PERO PINHEIRO MÁRMORES DE PERO PINHEIRO
INTRODUÇÃO
A vila de Pero Pinheiro localizada no concelho de Sintra, a Nordeste desta, está hoje ligada pelas infra-estruturas rodoviárias à capital.
O nome de Pero Pinheiro está associado à industria dos mármores há mais de dois séculos.
Mais de quatro centenas de empresas e mais de 6000 postos de trabalho, Exportações que se estimam superiores a 10 milhões de contos anuais. Além de quase 20 milhões de contos facturados para o mercado nacional.
O mercado final é a industria da construção (80% de acordo com as estatísticas internacionais) e as obras funerárias, além da escultura e as peças de decoração.
A actividade de extracção de rocha para uso como elemento de construção e decoração assentou no famoso LIOZ. Trata-se de um calcário sedimentar que se deve caracterizar como um biosparito.A carta geológica indica a formação como CIII - Cretácico - Cenomaniano - Calcário com rudistas.
A pedra LIOZ imortalizada em poema de António Gedeão, está no Memorial que é o Convento de Mafra. Os grandes mestres da Arquitectura usaram-na. Porque não relembrar o autor do Hotel Ritz, Mestre Porfírio Pardal Monteiro e o irmão Torquato Pardal Pinheiro que tinha as grandes fábricas de cantaria de Pero Pinheiro, e explorava a pedra na Carrasqueira, contigua à fábrica.
São os mestres e trabalhadores de pedreira ( cabouqueiros) e os das oficinas que talham a pedra (canteiros) que tornaram a pequena povoação do concelho num marco industrial e referência internacional.
excerto da Carta Geológica 1/ 50.000 do IGM (Folha 34 A)
Esboço do conhecimento da geologia de Pero Pinheiro
Com o início dos estudos geológicos em Potugal o grande geólogo Paul Choffat foi o primeiro a dedicar-se ao estudo da Geologia de Sintra. Foi autor da Cartografia Geológica do Mesozoico e do Cenozoico. Na grande memória descrevendo o Sistema Cretácio de Portugal, apresenta vários cortes geológicos. O Cenomaniano é descrito litológica e paleontológicamente.
No final do século XIX o então Tenente de Engenharia F. Pereira de Sousa, que inventariava os materiais de construção para fins militares fez a caracterização das explorações, das oficinas de serração, polimento, corte e cantaria e descreve obras onde os materiais foram empregues. Nesses trabalhos aparecem já resultados de ensaios fisíco-mecânicos dos materiais.
Os estudos geológicos continuaram. Com Georges Zbyzweski, O. da Veiga Ferreira na Arqueologia, F. Moitinho de Almeida que pacientemente foi recolhendo todos os estudos geotécnicos e geohidrológicos. Nos anos 60 o Serviço de Fomento Mineiro avalia com sondagens a área dos calcários de Pero Pinheiro com vista a exploração para Rocha Ornamental. O trabalho é acompanhado pelos Eng. Octávio Rabaçal Martins e Dr. G. Manupella. Diversos trabalhos incluem dados importantes sobre a área. A mais recente Carta Geológica 1/50.000 inclui já uma visão moderna da área.
A descrição das principais Rochas Ornamentais está no Catálogo das Rochas Ornamentais Portuguesas.
Pedreira de Amarelo de Negrais (Negrais)
A Exploração de Rocha Ornamental na Área de Pero Pinheiro
As explorações de Rocha Ornamental estendam-se desde a Fervença até à vila dos Negrais.
A actividade extractiva está fisicamente condicionada pela ocupação de superfície. Económicamente e pelas disponibílidades materiais de empresas socialmente dependentes dos recursos humanos disponíveis para o trabalho em pedreira.
Como actividade extractiva (mineira) associa-lhe o impacto ambiental negativo da extracção, dos materiais não aproveitados (rejeitados) e das antigas explorações que se tornam em reservatórios de àgua.
Como actividade industrial produtora de uma matéria prima, as pedreiras foram dirigidas por mestres
cabouqueiros. A evolução técnica e económica tem imposto novas
exigências às empresas e à actividade.
A quantidade de Rocha Ornamental produzida é hoje muito superior ao passado.
Frente de Desmonte (Pedra Furada)
O Trabalho da Pedra em Pero Pinheiro
Tomando como matéria prima blocos de Rocha Ornamental, com diversas origens (Mármore de Estremoz - Borba - Vila Viçosa; Calcários do Maciço Calcário Estremenho) as empresas transformadoras de Pero Pinheiro, serram o bloco, produzindo chapa. As chapas são polidas e cortadas com outros equipamentos.
O trabalho manual de acabamento e cantaria é hoje reduzido e muito limitado.
A Industria das Rochas Ornamentais e a Geologia
A industria da Pedra Natural depende do conhecimento das Reservas Geológicas de Rocha Ornamental para abrir uma pedreira.
Os técnicos das fábricas e oficinas serram os blocos aproveitando planos estruturais naturais. Os acabamentos das pedras a aplicar em construção dependem do tipo de material e das estruturas geológicas naturais.
Sendo as Pedras Naturais um material destinado à Construção e à Decoração,o produto final destina-se ao conforto e uso de todos.
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Chapas de Lioz (A. Moucheira, Lda)
Pedreira de Amarelo de Negrais (Negrais)
Acabamentos de Mármores e Granitos
B I B L I O G R A F I A
– Fleur y, E. (1917) “Notes sur l’érosion en Por tugal – II – Les Lápies des Calcaries au Nord du Tage” – Com. Comis. Ser v.
Por tugal, t. XII, Lisboa, p 127 –274
– Almeida, Moitinho de; Kulberg, M. C .; Manupella, G.; Ramalho, M. (1991) Car ta Geológica de Por tugal Folha 34 A – Sintra – I.G.M.
– Corbella, E.; Zini, R – Manuale dei Marmi Pietre Graniti ed. Villardi
– Mar tins, O. R. (1991) “Estudo dos Calcários Ornamentais da Região de Pero Pinheiro”
–Estudos Notas e Trabalhos, D.G.G.M. Tomo 33 pag. 105 – 163