AROMATERAPIA
Óleos essenciais
São substâncias naturais, destiladas das essências que as plantas produzem pelo metabolismo secundário. Complexas, têm poder volátil e fragrâncias variadas de acordo com as plantas que as produzem. São responsáveis pelos odores aromáticos que nelas encontramos.
Estas substâncias podem ser encontradas nas flores, nas folhas, nos caules, nas hastes, nos pecíolos, nas cascas ou nas raízes. São produzidas por muitas plantas ao redor do mundo, especialmente pelas famílias botânicas das lauráceas, das mirtáceas, das labiadas, das rutáceas e das umbelíferas, dentre outras. São constituídas por centenas de substâncias diferentes (chamadas de ativos químicos) como moléculas de terpenos (mono, sesqui e diterpeno) e terpenóides (álcoois, ácidos, aldeídos, cetonas, lactonas, cumarinas, ésteres, fenóis, entre outros).
De forma geral, os óleos essenciais são misturas complexas de substâncias voláteis, lipofílicas, hidrofóbicas, odoríferas e líquidas. A lipofilicidade dos óleos essenciais será muito útil em tratamentos estéticos faciais e corporais, em massagens ou na produção de produtos estéticos e medicinais.
A qualidade dos óleos essenciais
As propriedades das moléculas aromáticas e sua ação sinérgica determinam as propriedades e indicações terapêuticas dos óleos essenciais. A relação íntima que une a estrutura química e a atividade aromaterapêutica compõe o fundamento da armaterapia científica. É impossível definir as propriedades de um óleo essencial sem levar em conta todas as moléculas que o constituem.
Por consequência, os critérios de qualidade dos óleos essenciais devem ser estabelecidos em função da composição bioquímica ideal e integral das essências, tais como foram sintetizadas na natureza, e não como foram modificadas ou reconstituídas pelo homem.
Apenas o respeito à totalidade dos critérios de qualidade poderá garantir a autenticidade dos óleos essenciais, sua relativa inocuidade e sua plena eficácia terapêutica. Mesmo uma pequena alteração no perfil molecular pode gerar um aumento de efeitos indesejáveis, como alergias, dermocausticidade, neurotoxicidade e outros, além da diminuição da eficácia.
Identificação da espécie botânica
Imperativamente, os óleos essenciais que são utilizados com propósito medicinal devem vir de plantas armáticas correta e precisamente identificadas, ou seja, identificadas por seu binômio latino que compõe seu nome botânico. O primeiro termo do binômio designa o gênero – como o Cupressus; o segundo, a espécie, como sempervirens. Cupressus sempervirens é o nome botânico da espécie comumente conhecida como cipreste-europeu.
Obrigatoriedade nos rótulos de óleos essenciais (segundo a Anvisa)
Nome botânico: O mais simples é indicar o gênero e espécie para determinar de qual planta o óleo essencial foi extraído (como citado acima).
Parte da planta: De que parte da planta foi extraído o óleo essencial.
Tipo de Extração: qual foi o tipo de extração utilizado para se obter o óleo essencial.
Lote: Cada colheita e envaze deverão ser registrados e o número deste lote deve constar no rótulo para que seja possível a rastreabilidade.
Validade: É o prazo dado pelo órgão competente do país durante o qual o fabricante se responsabiliza pela estabilidade do óleo essencial - desde que seja mantido em condições corretas de armazenagem.
Controle de qualidade do produto final
A maior parte dos óleos essenciais vendidos como 100% puros e naturais estão na verdade adulterados com óleos vegetais ou minerais, moléculas de síntese barata, usadas em perfumaria, agentes químicos emulsificantes, terebintina, álcool. Essas alterações tornam os óleos essências potencialmente alergênicos e tóxicos, ou até mesmo cancerígenos. Também é possível a adulteração com a adição de óleos essenciais de fragrância semelhante, porém de baixo preço. Existe ainda a adulteração pela supressão de determinadas moléculas, como é o caso de óleos essenciais desterpenizados.
Com a adulteração, por exemplo, uma tonelada de óleo essencial 100% puro de alecrim- verdadeiro, destilado no Marrocos, pode ser transformada em sete toneladas pela indústria que as
revenderá por um preço mais baixo.
Deve-se observar as análises laboratoriais que atestam a qualidade dos óleos essenciais.
Categorias de óleos essenciais
No mercado, existem categorias diferentes para os óleos essenciais.
A – Óleos essenciais com padrão de qualidade industrial
Aqui são encontrados óleos essenciais que provêm de espécies botânicas não corretamente identificadas, cultivadas industrialmente, colhidas sem consideração quanto à melhor época, destiladas rápida e incompletamente em alta temperatura e sob grande pressão atmosférica e são usualmente retificados. Esses óleos não devem ser usados com finalidade terapêutica.
B – Óleos essenciais 100% puros e naturais
São extraídos de plantas que não necessariamente possuem alguma certificação botânica ou são orgânicos. A colheita nem sempre é realizada na melhor época. A destilação é incompleta (modo rápido, em alta temperaturas, por exemplo). Seu uso para tratamentos terapêuticos é possível, mas desaconselhado.
C – Óleos essenciais autênticos e quimiotipados
Esses óleos essenciais são 100% puros, 100% naturais e 100% completos (integrais). São os mais usados na aromaterapia médica. Devem possuir um modo muito criterioso de extração, com material botânico totalmente certificado e com laudos muito precisos.
USO SEGURO DOS ÓLEOS ESSENCIAIS
Segurança envolve um estado de estar livre de risco ou ocorrência de ferimentos, danos ou perigo. Indivíduos que praticam aromaterapia precisam estar cientes das questões de segurança envolvidas no uso de óleos essenciais para se evitar potenciais efeitos adversos.
Toxicidade
Na definição mesma de todo princípio ativo existe a evidência de que uma atividade terapêutica potente possa apresentar toxicidade no contexto do tratamento de uma doença. O medicamento,
natural ou sintético, pode gerar efeitos secundários. Na aromaterapia, o nível de toxicidade vai depender da dosagem ou percentual utilizado em cada tratamento e a forma de aplicação.
Dominique Baudoux, em O grande manual da Aromaterapia, cita: “Quando lidamos com o tema toxicidade em aromaterapia, a primeira constatação é o baixo número de publicações científicas sobre a toxicidade dos óleos essenciais comparativamente ao número bem elevado de artigos e publicações que exaltam as mais diversas e variadas propriedades farmacológicas dessas quintessências vegetais. Após usar os óleos essenciais por mais de 30 anos, constato que os riscos de toxicidade são limitados principalmente às reações de pele e mucosas. Essa constatação tranquilizante não nos deve fazer perder de vista que a densidade molecular dos óleos essenciais os coloca no mais alto nível de ação farmacológica e, por consequência, a vigilância e o respeito às dosagens deverá ser nosso guia na condução de protocolos de cuidados a pacientes”.
Em toda avaliação de risco, um valor farmacológico é imprescindível: a DL50, o seja, a dose que mata 50% da população viva submetida a essa dose. A partir desta DL50 se cria o grau de toxicidade de uma planta ou, aqui no caso, de um óleo essencial para os seres humanos.
Por este motivo, devemos ter em conta que o percentual de cada ativo e o modo de uso devem ser rigorosamente seguidos. A maioria dos casos de acidentes envolvendo a toxicidade foi resultante da indicação de ingestão dos óleos essenciais sem o devido estudo.
A toxicidade mais frequentemente encontrada é a do tecido cutâneo:
• Fotoxicidade: Afeta o sistema tegumentar, gerando a fotossensibilização. A aplicação cutânea de óleos essenciais fotossensibilizantes é possível desde que se respeitem precauções elementares como abster-se de expor a pele ao sol de forma prolongada no período de 6 a 8 horas após a aplicação desse tipo de óleo.
• Causticidade: As moléculas cáusticas para a pele (em estado puro) pertencem às famílias bioquímicas dos aldeídos aromáticos e fenóis aromáticos. Entre estes, óleos que contenham timol, carvacrol e guaiacol e, numa medida claramente bem menor, eugenol, devem ser obrigatoriamente diluídos.
• Ação irritante: As famílias bioquímicas implicadas (irritantes em estado puro) são os aldeídos terpênicos, os éteres terpênicos e os terpenos. Citronelal, neral e geranial não podem ser utilizados em aplicação cutânea sem diluição.
• Alergia: Óleos essenciais com alérgenos terpenos e aromáticos devem ser utilizados com precaução em qualquer paciente atópico, o que implica realizar o teste de alergia antes do uso do óleo essencial.
Neurotoxicidade: A toxicidade para o sistema nervoso pode ocorrer quando algumas moléculas constituintes dos óleos essenciais - tais como as cetonas terpênicas, se utilizadas em altas doses, passam através da barreira hematoencefálica. Também pode correr a desestruturação da bainha de mielina por sua ação lipolítica.
Nefrotoxicidade: Pelo uso tópico, este tipo de toxicidade é mais raro. Porém, em pacientes com algum tipo de insuficiência renal, será indicada a não utilização de óleos essenciais tais como o junípero, abeto e alguns pinheiros.
Hepatoxicidade: A classe bioquímica dos fenóis aromáticos (timol, carvacrol, guaiacol, eugenol) demonstra risco de hepatotoxicidade quando se usa óleos essenciais com esses fenóis em protocolos com dosagem elevada e por períodos de tempo longos, principalmente pela ingestão.
• Fatores que influenciam a segurança dos óleos essenciais incluem:
1. Qualidade do óleo essencial que está sendo utilizado;
2. Cuidados especiais com crianças pequenas, gestantes e idosos.
Precauções no uso dos óleos essenciais
Salienta-se que, de modo geral, cuidados especiais devem ser tomados com bebês, crianças pequenas, gestantes e idosos.
- O uso de óleos essenciais durante a gravidez é um tema ainda não totalmente compreendido. Sem dúvidas a aromaterapia pode ser útil durante a gravidez, mas apenas sob a orientação de um profissional qualificado. Há recomendações da utilização de óleos essenciais somente a partir do quinto mês de gestação e é importante se conhecer sobre as restrições de uso de determinados óleos essenciais.
A principal preocupação durante o período gestacional parece ser o risco de os constituintes do óleo essencial atravessarem a placenta. Segundo Tisserand e Balacs (2013), atravessar a placenta não significa necessariamente que haja risco de toxicidade para o feto; isso dependerá da toxicidade e da concentração plasmática do composto. É provável que os metabólitos do óleo essencial atravessem a placenta devido ao contato íntimo (mas não direto) entre o sangue materno e o embrionário ou fetal.
Há recomendações de não se aplicar os óleos essenciais na cintura abdominal (abdômen e parte inferior das costas), privilegiando-se os locais de aplicação distantes como o alto das costas e do tórax, a parte interna dos braços, as pernas e o rosto, além dos pulsos (usados na olfação). Outras
recomendações incluem:
a) Óleos que possuem “fito-hormônios” não devem ser utilizados durante o período gestacional. São eles o gerânio, rosa, jasmim, sálvia esclaréia, artemísia, semente de cenoura e erva-doce.
b) Óleos essenciais que NÃO devem ser usados na gestação (risco de efeito abortivo): alecrim, anis, arnica, artemísia, bétula, cânfora, canela, cedro, cipreste, hissopo, jasmim, junípero, manjericão, manjerona, mirra, orégano, poejo e tomilho.
c) Óleos essenciais com propriedades emenagogas que NÃO devem ser usados na gestação:
alecrim, hissopo, manjericão, mirra, artemísia e junípero.
- Para crianças e bebês, use quantidade extra diluída;
Bebês requerem uma vigilância constante em todas as instâncias, na hora de selecionar os óleos essenciais, suas diluições e formas de utilização. Segundo Dominique Baudoux (em “O grande manual da Aromaterapia”), de maneira geral, os óleos essenciais ricos em cetonas e em óxidos terpênicos estão descartados de quaisquer protocolos de cuidados com bebês com menos de 30 meses. Os únicos óleos essenciais com algumas moléculas cetônicas utilizáveis por bebês são estes:
-lavanda-spike;
-camomila-romana;
-alecrim verdadeiro qt verbenona;
-sempre-viva-verdadeira (imortelle);
-lavandim-super;
-eucalipto-hortelã (a partir de 12 meses).
Outras recomendações para bebês e crianças incluem:
a) Para bebês recém-nascidos, permite-se o uso de camomila romana e lavanda (de 1 a 3 gotas em 30 ml de óleo carreador, amêndoas-doce ou calêndula);
b) Bebês de 2 a 12 meses: camomila romana, lavanda, tangerina e tea tree (de 3 a 5 gotas em 30 ml de óleo carreador);
c) Crianças de 1 a 5 anos: além dos óleos acima citados, acrescente eucalipto glóbulos, gerânio, cedro, bergamota e copaíba (5 a 10 gotas em 30 ml de óleo carreador);
d) Crianças de 5 a 7 anos: além de todos os óleos essenciais já citados, acrescente gengibre (5 a 12 gotas em 30 ml de óleo carreador);
e) Crianças de 7 a 12 anos: podem ser utilizados todos os óleos acima citados além do cipreste, alecrim, hortelã pimenta ou Brasil, limão tahiti ou siciliano (5 a 15 gotas em 30 ml de óleo carreador);
Observação:
• Após 12 anos, poderá ser utilizada a dosagem acima de 1% quando for necessário;
• Após 12 anos, a maioria dos óleos essenciais poderá ser utilizada;
- Mantenha os frascos longe do alcance das crianças;
- Mantenha os óleos longe dos olhos. Caso aconteça de cair ou espirrar óleo essencial dentro dos olhos, nunca lave com água. Use algo oleoso como óleo vegetal;
- A não ser em casos indicados, não aplique óleos essenciais puros diretamente na pele, pois podem causar reações. As exceções são lavanda, tea tree e copaíba;
- É aconselhável fazer um teste de sensibilidade na pele de quem receberá os óleos essenciais que contenham quantidade significativa de aldeído e fenol, os quais são considerados dermocáusticos. Faça o teste em locais que não recebam muito sol ou não tenham muito contato externo;
- Os óleos essenciais são inflamáveis, portanto, mantenha-os longe do fogo e do plástico;
- Se estiver tomando remédios homeopáticos, consulte seu médico antes de usar alguns óleos essenciais. Não utilize, em especial, hortelã pimenta (Mentha piperita), hortelã Brasil (Mentha arvencis), alecrim (Qt Cânfora e Cineol) ou tomilho (Qt Timol). Estes óleos possuem ativos que são considerados antídotos aos medicamentos homeopáticos.
- No caso de hipertensão, evite os óleos de alecrim, sálvia officinalis e tomilho;
- No caso de hipotensão, evite os óleos de manjerona e ylang ylang;
- No caso de epilepsia, evite os óleos de erva-doce, alecrim e sálvia officinalis;
- Alguns óleos essenciais que não devem ser usados antes da exposição ao sol são o de bergamota,
limão siciliano, limão tahiti, grapefruit, petit grain, laranja, tangerina, ou seja, todos os cítricos e óleos que possuem em sua composição as furanocumarinas;
- Fígado: não utilize o óleo essencial de erva-doce, tampouco os fenóis aromáticos em doses elevadas, pois são hepatotóxicos.
Dosagem/diluição a aplicar
A maioria das misturas à base de óleos essenciais terá entre 1% e 4% de diluição (seguindo a escola inglesa), o que normalmente não representa uma preocupação de segurança. Já a escola francesa utiliza dosagem em maior concentração. À medida que se aumenta a concentração de óleos essenciais na diluição, aumentam-se as chances de ocasionar alguma reação alérgica ou irritativa na pele. Porém, a capacidade do óleo essencial de resultar em algum efeito adverso depende das moléculas contidas em cada óleo essencial individualmente. Em outras palavras, cada óleo possui seu limiar irritativo intrínsico. Além disso, a área em que o óleo é aplicado e outros fatores relacionados aos níveis de sensibilidade do próprio cliente contribuem para os possíveis efeitos tóxicos resultantes da aromaterapia.
Integridade da Pele
A pele danificada, doente ou inflamada é frequentemente mais permeável aos óleos essenciais e pode ser mais sensível às reações dérmicas. Nestas condições, é potencialmente perigoso colocar óleos essenciais não diluídos diretamente na pele, pois resultaria em maior quantidade de óleo essencial capaz de ser absorvido pela pele, o que pode gerar sensibilização tecidual.
Idade do Paciente
Bebês e crianças pequenas são mais sensíveis aos óleos essenciais, sendo indicado para eles diluições entre 0,25% a 1,0%, dependendo da condição.
Para idosos é recomendado administrar óleos essenciais via tópica, iniciando pela dosagem de 0,5%. Certos óleos essenciais devem ser evitados ou usados em forma altamente diluída, sob a orientação de um profissional experiente. Idealmente, óleos essenciais podem ser incluídos em uma porcentagem menor em uma mistura profissionalmente formulada. Por exemplo: devem ser tomados cuidados especiais com óleos essenciais potencialmente tóxicos, como Birch e Wintergreen, que são ricos em salicilato de metila. Outros são o eucalipto glóbulos, rico em
1,8 cineol, e hortelã pimenta, que é rico em mentol.
CONCEITO DE DOSAGEM
As diferentes escolas de aromaterapia seguem caminhos parecidos, mas em algum momento se distanciaram.
Quando, em 1937, a nomenclatura “Aromaterapia“ criada por René-Maurice Gattefossé (1881-1950), a forma de aplicabilidade e as dosagens já eram pré-estabelecidas pelo uso das ervas.
Após a realização de inúmeras pesquisas, foram criadas e estabelecidas as dosagens corretas para a prescrição de óleos essenciais de modo mais seguro e assertivo, já com embasamento o científico.
ESCOLA INGLESA
Criada por Marguerite Maury. Em discordância com o modo que estavam sendo empregados os óleos essenciais na França, e discordando destas prescrições, principalmente por via oral, Marguerite passou a usar os óleos essenciais na área cosmética. Em 1962, publicou suas descobertas em um livro falando dos benefícios da aromaterapia na estética.
Também criou o que chamamos hoje de “massagem holística“, detalhando as manobras especiais, e a sua forma de indicar a prescrição individual. Neste registro, ela citou que cada óleo possui sua peculiaridade terapêutica, com características individuais. Lembrou também que os clientes/pacientes são seres individuais e, por isso, precisam de prescrição individual: cada um tem suas características biopsicossociais e deve ser olhado como um ser único.
No Reino Unido, a dosagem ficou estabelecida no percentual de 1% até 4%, em média.
Temos a sugestão de dosagens:
1% – Gestantes, crianças após 12 anos, idosos (quando saudáveis), peles sensíveis ou sinergia facial.
2% – Massagem corporal.
3% – Massagem em local de pouca permeabilidade cutânea.
4% – Áreas pequenas, locais doloridos, chakras, perfumes, etc.
ESCOLA FRANCESA
Na escola francesa, a referência é René-Maurice Gattefossé (1881-1950). Em 1937, escreveu um livro que ainda é impresso na atualidade e está disponível para leitura. Teve como seguidor o médico Jean Valnet, que era cirurgião do exército francês na Segunda Grande Guerra.
Valnet utilizou os óleos essenciais para tratar, com êxito, os feridos da guerra que estavam com gangrena, reduzindo assim a necessidade de amputação dos membros. Escreveu um livro, “A Prática da Aromaterapia” e, em 1960, sua obra popularizou-se na área médica em toda a França.
Sua prática foi introduzida na área médica sistêmica e psiquiátrica.
Na França, a dosagem ficou estabelecida no percentual de 1% até 10%, em média.
GUIA DOS COMPOSTOS QUÍMICOS
Em geral, os óleos essenciais são constituídos de componentes químicos que têm em sua constituição os elementos: hidrogênio, carbono e oxigênio. Eles são divididos em dois grupos: os hidrocarbonos, que são constituídos exclusivamente de terpenos (monoterpenos, sesquiterpenos e diterpenos); e os oxigenados, compostos de uma grande quantidade de ésteres, aldeídos, cetonas, alcoois, fenóis, óxidos, ácidos, lactonas, enxofre e nitrogênio.
Compostos Químicos: principais famílias químicas -Toxicologia
Nos últimos 100 anos, foi possível agrupar a maioria dos óleos essenciais em grupos químicos principais de acordo com a composição de moléculas de hidrogênio, carbono e oxigênio:
1 – Terpenos (ou hidrocarbonos) – Contêm carbono e hidrogênio;
2 – Terpenóides (ou oxigenados) – Contêm carbono, hidrogênio e oxigênio.
Os óleos essenciais são basicamente compostos por moléculas voláteis. O carbono, o hidrogênio e o oxigênio se combinam para formar estruturas moleculares que podem ser agrupadas em famílias químicas de carbono e hidrogênio.
As principais famílias químicas com as quais iremos lidar são ésteres, alcoois, aldeídos, cumarinas, cetonas, lactonas, óxidos, fenóis, ftalidas, metil-éter-fenóis e terpenos. Os componentes
químicos de cada família têm uma estrutura molecular característica e tendem a ter efeitos farmacológicos similares, quer sejam anti-inflamatórios, analgésicos, sedativos e assim por diante.
A grande maioria dos óleos essenciais é composta de monoterpenos (hidrocarbonetos com 10 átomos de carbono), sesquiterpenos (hidrocarbonetos como 15 átomos de carbono), diterpenos (hidrocarbonetos com 20 átomos de carbono) e derivados do fenilpropano (hidrocarboneto com núcleo benzênico).
A volatilidade é um fator que permite, comparativamente, distinguir óleos essenciais de óleo vegetais ou óleos fixos, compostos por triglicerídeos de ácidos graxos de cadeias médias e longas, portanto, não apresentando a volatilidade dos óleos essenciais.
• Os monoterpenos são os mais voláteis;
• Os sesquiterpenos são menos voláteis que os monos;
• Os diterpenos praticamente não são voláteis.
Além da influência dos tipos de terpenos, as diferentes propriedades dos óleos essenciais são dadas pelos grupos funcionais ligados a eles como álcool (radical hidroxila), aldeído (radical carbonila), cetona (radical carbonila), ácido (radical carboxila), éster (carbonila + hidroxila), fenol (hidroxila em núcleo aromático) e óxido (oxigênio).
Aldeídos
• Aldeídos terpênicos
Os aldeídos são derivados terpênicos com o grupo funcional carbonila (C=O) ligado entre carbono e hidrogênio. Os aldeídos são substâncias que, por conterem cadeias alifáticas (terpênicas) ou cíclicas (aromáticas) ligadas ao grupo aldeído (-CHO), são facilmente sintetizadas quimicamente e muito procuradas na perfumaria comercial. Distinguimos os aldeídos entre os terpênicos e os aromáticos, que apresentam algumas propriedades semelhantes.
Os aldeídos terpênicos determinam as principais características de muitos óleos essenciais.
Sua nomenclatura é feita com a terminação ‘al’, ou possuem a denominação aldeído.
Os aldeídos terpênicos possuem propriedades antissépticas de amplo espectro e são bastante ativos. Se forem usados na forma de aerossol, combatem de modo muito eficaz as bactérias encontradas no ar. São excelentes para tratar patologias microbianas. Possuem forte ação fungicida
e antiviral. Por provocarem hiperemia, são muito benéficos para tratamentos em estrias e celulites pelo aumento de sua vasodilatação.
Em geral, os aldeídos terpênicos têm ação sedativa. Os aldeídos mais importantes, achados em óleos com aroma mais cítricos como lemongrass, litsea cubeba, verbena, eucalipto citriodora e citronela, são o citral e o citronelal. Além de sedativos, alguns desses componentes, como o citral, têm propriedades antissépticas, anti-infecciosas, anti-inflamatórias, relaxantes e sedativas
Se forem utilizados sem cuidado, tornam a pele sensível provocando, em algumas pessoas, erupções que aparecerão sempre que um óleo contendo aldeído for utilizado.
Exemplo de aldeídos terpênicos:
Litsea cubeba citral Citronela citronelal Eucalipto citriodora citronelal Lemongrass citral Verbena citral
• Aldeídos aromáticos
Os aldeídos aromáticos são bactericidas de amplo espectro, além de fungicidas, parasiticidas poderosos e viricidas. Excelentes tonificantes e estimulantes do sistema nervoso central, estão presentes em alguns óleos essenciais de aromas envolventes - considerados afrodisíacos. Podem ser bastante irritantes para a pele e as mucosas. Segundo algumas pesquisas recentes, aumentam as defesas do organismo.
Exemplo de aldeídos aromáticos
Canela aldeído cinâmico (cinamaldeído) Cominho cuminaldeído
Melaleuca quinquenervia benzaldeído
Os aldeídos aromáticos não devem ser utilizados em crianças com menos de 5 anos de idade.
Toxicidade dos Aldeídos
Não possuem toxicidade acentuada, mas alguns destes óleos podem trazer certa reatividade à pele e às mucosas, podendo provocar tosse ou alguma irritação aos olhos. Os aldeídos aromáticos (aldeído cinâmico – canela) são mais dermocáusticos que os aldeídos terpênicos (citronelal – citronela).
Alcoois
Álcool monoterpênico
Um dos grupos mais usuais na composição dos óleos essenciais são os álcoois, que têm propriedades antissépticas e antivirais, além de serem revigorantes. Caracterizam-se por uma cadeia alifática ou cíclica, insaturada ou não, ligados por uma hidroxila. São classificados em álcoois mono, bi ou polivalentes, álcoois monoterpênicos e sesquiterpênicos. Os álcoois sesquiterpênicos formam uma molécula de quatro isoprenos, com 20 átomos de carbono.
Geralmente não são tóxicos e são comumente encontrados na composição de óleos essenciais. Entre os terpênicos, temos o linalol, presente no ho wood, pau rosa e na lavanda; o citronelol, encontrado na rosa e no gerânio; o geraniol, encontrado no gerânio e na palmarosa; além de borneol, nerol, terpenol, farnesol, vetiverol, cedrol e outros.
Os álcoois terpênicos são um dos compostos mais úteis em aromaterapia. Sua nomenclatura é feita com a terminação ‘ol’ (não confundir com os fenóis, que possuem a mesma terminação. A hidroxila está ligada ao núcleo benzênico):
Lavanda linalol Pau rosa linalol Rosa citronelol Gerânio citronelol Palmarosa geraniol Hortelã Pimenta mentol
Tea Tree terpin-4-ol
Os álcoois monoterpênicos (monoterpenóis) apresentam propriedades estimulantes e tonificantes gerais do sistema neurovegetativo (sistema nervoso autônomo), sendo então energizantes, aquecedores e tônicos gerais. Parecem ser livres de qualquer efeito danoso, inclusive irritação na pele. Apresentam fortíssimas propriedades antissépticas, sendo excelentes fungicidas, atuando diretamente nos microrganismos patogênicos e não alterando a microbiota do intestino.
Borneol, geraniol e linalol são excelentes antialérgicos, estimulantes hepáticos e bons vasoconstritores. Também são anti-infecciosos potentes, com largo espectro.
Álcool sesquiterpênico
São divididos entre os alcoois sesquiterpênico acíclico e cíclico.
Em suas propriedades gerais são flebotômicos e linfotônicos, além de possuírem ação “estrogen- like”. Alguns são reparadores hepáticos, cardiotônicos e antifúngicos também.
Néroli Nerolidol Cipreste Cedrol Eucalipto Glóbulos Globulol Camomila Romana Farnesol Semente de cenoura Carotol Patchouli Patchoulol
Toxicidade dos Álcoois
Os óleos essenciais que contém álcoois são bons para tratar de crianças, pois, geralmente, não são tóxicos e não irritam a pele.
Cetonas
As cetonas são derivados terpênicos com o grupo funcional carbonila (C=O) ligado entre dois carbonos. São um dos constituintes mais tóxicos encontrados em alguns óleos essenciais como o de buchu, sálvia officinalis e artemísia. Mas nem toda cetona é perigosa. Entre as não tóxicas estão a jasmona, encontrada no jasmim, e a fenchona, encontrada no óleo essencial de erva-doce.
As cetonas geralmente são encontradas em óleos essenciais utilizados em tratamentos respiratórios porque auxiliam na fluidificação do muco e na descongestão, apresentando propriedades mucolíticas (liberam e aumentam o fluxo de muco) e citofiláticas (benéficas à pele).
Além das cetonas mencionadas, podemos citar a cânfora, a carvona, a metilnonilcetona, a pinocanfona, etc.
As cetonas monoterpênicas determinam as principais características de muitos óleos essenciais. Sua nomenclatura é feita com a terminação ‘ona’.
São mucolitílicos potentes e lipolíticos. Quando usados em baixas dosagens são simpatotônicos e estimulantes do sistema nervoso central. Podem ainda exercer ação de relaxamento muscular.
Artemísia tujona Hissopo pinocanfona Poejo pulegona Sálvia Officinalis tujona Tuia tujona Erva Doce fenchona Menta mentona
Toxicidade das Cetonas Terpênicas
A toxicidade das cetonas varia conforme os teores contidos em cada óleo essencial e também segundo sua forma de aplicabilidade, sensibilidade e idade da pessoa que utilizará o óleo essencial.
Via oral, este ativo apresenta uma alta toxicidade, representando perigo à saúde. Deve ser prescrito somente em casos de absoluta necessidade pelo profissional de saúde. Por este motivo é mais seguro não utilizar óleos com elevado teor de cetonas em mulheres grávidas, bebês e pessoas com epilepsia. Além disso, quando usados, a concentração deve ser no máximo de 1% a 2%.
Cetonas sem traços, ou seja, sem grau de toxicidade são encontradas nos seguintes óleos:
Bergamota, Gengibre, Jasmim, Rosa damascena, Néroli e Lavanda.
Metil-éter-fenóis
São moléculas constituídas de um anel aromático fenílico e uma cadeia lateral de propano (três carbonos). Esta estrutura básica de nove átomos de carbono é então modificada pelos vários grupamentos que se ligam a ela. Nessas moléculas, a dermocausticidade é perdida, algo muito conhecido no fenol, que neste caso sofre metilação. Uma ligação dupla na cadeia lateral permite uma forte interação com o anel aromático, tornando algumas moléculas desse grupo muito ativas farmacologicamente.
Manjericão metilchavicol ( estragol ) Estragão metilchavicol ( estragol ) Erva Doce anetol
Melaleuca cajuputi beta-Asarona Hissopo mirtenol
Toxicidade dos metil-éter-fenóis
Embora possuam grupos muito suaves, alguns derivados podem ser tóxicos, principalmente se os óleos são usados em altas concentrações. Apenas o anetol, em sua forma cis, apresenta certa toxicidade para o sistema nervoso. A forma trans é bem menos tóxica. Não devem ser utilizados em doses elevadas e prolongadas pois acarretariam uma toxicidade crônica.
Ésteres terpênicos
São derivados terpênicos com o grupo funcional resultante da reação química entre a carboxila (COOH) e a hidroxila (OH). Possuem sua origem na reação entre um álcool e um ácido ou mais raramente com um fenol.
Os ésteres são provavelmente o maior grupo de compostos presentes nos óleos essenciais.
São formados por ácidos orgânicos, que raramente existem por si só nos óleos essenciais e, se existem, são em pequenas quantidades. Eles se combinam com um álcool para formar os ésteres, que geralmente têm um radical pelo qual são reconhecidos, ‘ato’. Por exemplo: acetato de linalina.
Têm efeito calmante e tonificante, anti-inflamatório e antifúngico. Ajudam na formação de tecido cicatrizante e reduzem espasmos musculares. Estas qualidades os tornam particularmente úteis para tratamentos de pele. A lavanda (Lavandula angustifolia) é o melhor exemplo conhecido de um óleo essencial com um elevado teor de ésteres.
Apresentam ainda propriedades antifúngicas e espasmolíticas (atingindo o ponto máximo no óleo de camomila romana).
Possuem excelente ação anti-inflamatória sem causar nenhuma irritação às mucosas ou à pele. Sua ação antisséptica não é muito acentuada, com exceção do cinamato de metila, eficiente nos tratamentos das infecções respiratórias e urinárias crônicas. Ésteres são excelentes antiespasmódicos em grau menor ou maior, conforme o ácido que os originou, tendo ação mais acentuada nos benzoatos, nos salicilatos e nos antralatos. Entre os ácidos acéticos, temos, por exemplo, o acetato de linalila, presente em muitos óleos essenciais. Seu aroma tem uma conotação olfativa floral e levemente ácida. Harmonizante e suave, é um excelente calmante e, ao mesmo tempo, tonificante. É muito indicado para taquicardias, cólicas abdominais e um grande sedativo para as crianças - um exemplo é a lavanda. Outros exemplos destes óleos são a bergamota, o petitgrain, o ylang ylang e a sálvia esclaréia.
Lavanda acetato de linalila Bergamota acetato de linalila Sálvia Esclaréia acetato de linalila
Camomila Romana ésteres ácidos da angélica Ylang Ylang acetato de benzila
Hortelã Pimenta acetato de metila Pau Rosa benzoato de benzila Camomila Romana angelato de isobulita Wintergreen salicilato de metila
São importantes para compor o odor final da preparação de perfumes, pois frequentemente apresentam um odor intenso de fruta.
Toxicidade dos Ésteres
Reações bioquímicas transformam os ésteres óxidos em substâncias neurotóxicas. Apiol e miristicina, administrados por via oral em doses excessivas, podem induzir a fenômenos alucinógenos, com sintomas de crises convulsivas e consequente coma, semelhante a uma intoxicação alcoólica em razão da transformação metabólica de substâncias semelhantes às moléculas do tipo anfetamínico e mescalínico. Todos os óleos ricos em ésteres-óxidos são abortivos e absolutamente contraindicados para gestantes e crianças.
Exemplo destes óleos essenciais:
Noz Moscada
Macis (casca da noz moscada) Salsa
Fenóis
Os fenóis são derivados terpênicos com o grupo funcional hidroxila (OH) ligado diretamente a anéis aromáticos. Isto torna os compostos muito reativos, portanto, muito irritantes. Diferenciam- se em mono, di e trifenóis, dos quais, nos óleos essenciais, os monofenóis são os mais representativos.
Todos os fenóis monoterpênicos possuem propriedades bactericidas fortíssimas: 92% das bactérias patogênicas demonstram sensibilidade e apenas 8% apresentam resistência aos fenóis.
Devido às propriedades bactericidas e efeito estimulante muito forte, os óleos essenciais que possuem o majoritário “fenol” podem irritar a pele. Por isso, devem ser usados em baixas concentrações. Não podem ser utilizados abusivamente, quer em frequência quer em quantidade.
Entre os fenóis mais conhecidos estão o eugenol, o timol e o metileugenol; e entre os óleos mais comuns que contêm fenóis podemos citar o de cravo, tomilho e orégano. Além de serem os melhores antissépticos, bactericidas e terem efeito estimulante, eles também são antiespasmódicos, anti-infecciosos e antimicrobianos.
Fortes tônicos do sistema nervoso, podem provocar inquietações. Reforçam a imunidade.
São poderosos antiviróticos, antifúngicos, termogênicos, rubefacientes. Somente em dosagens excessivas, por via oral, tornam-se hepatotóxicos, principalmente o eugenol. Não devem ser usados em pessoas com distúrbios de coagulação do sangue ou que utilizem medicamentos que contenham em sua fórmula a heparina - pois o eugenol retarda a atividade das plaquetas.
Tomilho timol Cravo eugenol Orégano carvacrol
Toxicidade dos Fenóis
Por serem muito poderosos e estimulantes, não devem ser utilizados por gestantes, bebês e crianças. Geram hepatotoxicidade alta quando ingeridos e dermocausticidade quando usados pela via administrativa oral. Em altas doses no sistema tegumentar poderão causar uma forte irritação pela mesma ação dermocáustica.
Lactonas
Óleos essenciais que possuem este princípio ativo em sua atuação terapêutica são extremamente eficazes nos tratamentos de excesso de mucosidade e problemas parasitários, além de serem hepatoestimulantes.
Como são encontradas em quantidades muito pequenas nos óleos, não são tóxicas. São mais efetivas que as cetonas para abaixar a temperatura e liberar catarro pelas propriedades mucolitílicas.
Possuem acentuada ação antisséptica e anti-infecciosa, principalmente as alantolactonas.
Patologias severas como enfisema, fibrose cística, além de bronquites crônicas obstrutivas, devem ser tratadas com óleos que contenham este ativo.
Louro Artemorina Louro Costunolido Murta Murta Qt cineol
Toxicidade das Lactonas
Teoricamente, as lactonas são moléculas neurotóxicas. Na prática, porém, se as dosagens indicadas forem utilizadas corretamente, esta toxicidade será inexistente. Devido às baixas dosagens presentes nos óleos essenciais, se tornam muito úteis e interessantes.
Cumarinas
Cumarinas geralmente são sedativas do sistema nervoso central e calmantes, anticonvulsivantes e antiespasmódicas. Ao mesmo tempo, são reequilibrantes e refrescantes. São notáveis por suas propriedades anticoagulantes, o que as torna bons hipotensivos. São importantes indicações para tratamento de insônia, astenias profundas, rosácea, varizes e hemorróidas.
As cumarinas (furan e piro) são moléculas aromáticas com uma toxicidade que deve ser levada em consideração. A fototoxicidade se apresenta nos indivíduos que se expuserem à ação prolongada ao sol, já que estas moléculas excitam a melanogênese e possivelmente a hiperpigmentação. Esta toxicidade se torna útil quando precisamos pensar em tratamentos onde a fotossensibilizacão seja recomendada, como no caso do vitiligo.
Em casos nos quais seja necessário o uso de óleos essenciais com cumarina, o cliente/paciente deverá esperar um período de no mínimo de seis a oito horas entre a aplicação e a exposição ao sol.
Bergamota bergapteno Anis umbeliferona Canela Casca cumarina
Diversos óleos cítricos psoralena Camomila Germânica herniarina
Toxicidade das Cumarinas
Cumarinas são fotossensibilizantes e não devem ser usadas antes de exposição ao sol. São, então, extremamente fototóxicas.
Óxidos
Distinguimos entre os monóxidos, os dióxidos e os terpenos furânicos, além dos ésteres óxidos. Os óxidos são derivados terpênicos com um oxigênio ligado entre dois carbonos. O 1,8- cineol, também chamado eucaliptol, praticamente constitui uma classe em si. Encontrado em todas variedades de eucaliptos, apresenta forte efeito expectorante, além de agir como descongestionante respiratório. Mucolitílico poderoso, antivirótico, imunorregulador e neurotônico. Um dos óxidos mais importantes é, sem dúvida, o cineol, que é um dos componentes do óleo essencial de eucalipto.
Ele também é encontrado em outros óleos, principalmente nos canforados naturais, como os óleos essenciais de alecrim, louro, etc.
Alecrim cineol Eucalipto 1,8-cineol Hissopo óxido de linalol
Toxicidade dos óxidos
Somente a dosagem excessiva pode causar diversos distúrbios passageiros. O óleo essencial da erva de santa maria possui o ascaridol, que é antiparasitário - porém é extremamente neurotóxico. Em caso de uso deste óleo essencial, a recomendação é de dosagem baixa.
Ftalidas
Ftalidas são um composto químico com a fórmula molecular C8H6O2. São ativos químicos presentes em alguns óleos essenciais tais como o aipo (Apium graveolens) e levistico (Levisticum officinalle). Podem reduzir níveis de hormônios do estresse no sangue. São excelentes para desintoxicação do organismo, drenantes poderosos e depurativos renais. São clareadores de manchas pigmentares.
Aipo sedanolida Levístico ligustilida
Toxicidade da Ftalidas
Até o presente momento, não há estudos que forneçam alguma informação sobre a toxicidade deste ativo.
Terpenos
Os mais comuns são os hidrocarbonos, que incluem o limoneno (antiviral), encontrado em 90% dos óleos essenciais cítricos, e pineno (antisséptico), encontrado em grande quantidade no óleo essencial de pinho, por exemplo; além de canfeno, cadineno, cariofileno, cendreno, sabineno e mirceno. Alguns sesquiterpenos como o camazuleno são encontrados no óleo essencial de camomila e atualmente, são de grande interesse na área de pesquisas médicas, devido aos ésteres que têm propriedades anti-inflamatórias e bactericidas. Sua nomenclatura é feita com a terminação
‘eno’.
São classificados em:
Monoterpenos (10 átomos de carbono) Limão limoneno Pinho pineno
Junípero pineno Lavanda ocimeno Tea Tree terpinoleno Semente de cenoura beta pineno Alecrim beta pineno
Aumentam a filtração glomerular (diurético). Por este motivo, pessoas que sofrem de insuficiência renal não deverão usar o óleo essencial de junípero. Também são calmantes, analgésicos e antissépticos.
Toxicidade dos Monoterpenos
Como já mencionado, os óleos essenciais ricos em pineno (junípero) devem ser empregados com cautela em casos de insuficiência renal aguda, pois sobrecarregam os rins e podem resultar em uma nefrite. Também podem ocasionar alguma irritação em pessoas que possuem certa sensibilidade cutânea.
Sesquiterpenos (15 átomos de carbono) Camomila Germânica camazuleno Cedro cedreno Gengibre bisaboleno Gengibre zingibereno Orégano germacreno-D Ylang Ylang farneseno Mirra elemeno Cipreste cadineno Patchouli patchouleno Copaiba beta cariofileno Copaiba copaeno
Os sesquiterpenos possuem propriedades antialérgicas, calmantes, antiespasmódicas, antissépticas, epitelizantes e tonificantes. Sua ação como anti-inflamatório e calmante, em estados de estresse negativo, os tornam necessários em formulações - tanto na aromatização ambiental, quanto no uso tópico. Anti-hipertensivos, são indicados quando há picos de hipertensão causados pelo estresse. Na área de estética, são muito úteis em tratamentos de edemas por sua ação no descongestionamento venoso e linfático, bem como no tratamento de varizes e veias varicosas.
Também possui ação analgésica e anti-alérgica.
Toxicidade dos sequiterpenos
Se seguidas as dosagens indicadas, os sequiterpenos não apresentam toxicidade.
Diterpenos (20 átomos de carbono)
Geralmente não são voláteis e não são dissolvidos em água, podendo apenas serem solúveis em água na forma de glicosídeos. São os precursores das giberelinas, que regulam o crescimento das plantas, além das vitaminas E e K.
Compostos nitrogenados
Esta classe é muito pouco encontrada pois aparece em percentual muito baixo nos óleos essenciais, não expressando uma atividade mensurável. Apresentam, no entanto, uma ação fragrante nos óleos essenciais.
A Rosa damascena apresenta o damascenona, e o patchouli apresenta alcaloides terpênicos.
SINOPSE DOS ATIVOS QUÍMICOS NAS EMOÇÕES PARA TRATAMENTO DO SISTEMA TEGUMENTAR
Família Química Ação Terapêutica no emocional e mental
Aroma Ativos
Monoterpeno Estimulante Calmante do SNC Analgésico
Antiespasmódico
Fresco Oxigenante Leve
Canfeno Beta-Pineno Felandreno Mirceno Limoneno Terpineno Sesquiterpeno Sedativo
Hipotensivo Antialérgico
Anti-inflamatório potente Antiespasmódico
Calmante e suavizante do sistema nervoso Relaxante muscular
Forte Poderoso Penetrante
Bisaboleno Cedreno Zingibereno Curcumeno Camazuleno Germacreno Beta-cariofileno Cariofileno Vetiveron Valeranon Álcool monoterpênico
(monoterpenol)
Suporte do sistema imunológico
Sedativo Neurotônico Tônico cardíaco
Fresco Floral Oxigenante
Borneol Citronelol Geraniol Linalol Mentol Nerol
Alfa-Terpineol Globulol Terpin-4-ol
Álcool sesquiterpênico (sesquiterpenol)
Suporte do sistema imunológico
Sedativo Neurotônico
Poderoso Quente Penetrante
Farnesol Bisabolol Santalol Cedrol Fenol Estimulante do sistema
imunológico
Estimulante do sistema nervoso
Estimulante
Muito poderoso Quente
Penetrante
Timol Eugenol Carvacrol Anetol Ésteres Relaxante do sistema
nervoso central
Balanceador do humor Tônico do sistema nervoso Tônico cardíaco
Doce Frutado
Acetato de geranila Acetato de eugenila Acetato de citronelila Acetato bornílico Acetato de benzila
Aldeídos Calmante
Sedativo do sistema nervoso central Anti-inflamatório Hipotensor Espasmolítico
Cítrico Frutado Doce
Neral Felandral Geranial Citronelal Citral Vanilina
Cetona Hipotérmico
Anti-inflamatório
Poderoso agente de cura de lesões
Calmante
Sedativo do sistema nervoso
Poderoso Frio
Penetrante
Mentona Jasmona Carvona Verbenona Borneona Cânfora Jasmona
Óxido Estimulante mental
Estimulante respiratório Descongestionante
Fino Floral Oxigenante
1,8-cineol Óxido de linalol Óxido de rosa Safrol
Lactonas Mucolítico e expectorante Anti-inflamatório
Suave relaxante muscular
Aromático Alantolactona Santalolactona
Furanocumarina Anticonvulsivante Sedativo
Neurotônico
Fresco Cítrico
Bergapteno
Exemplos:
Monoterpeno
Limoneno Limão Siciliano
Limão Tahiti Tangerina Laranja Néroli
Pinho Siberiano
Mirceno Pinho (Junípero e outros)
Alfa-pineno Pinho
Alecrim Angélica Junípero
Ravensara e outros
Beta-pineno Pinho
Gálbano Limão
Noz Moscada
Pimenta Negra e outros
D-limoneno Bergamota
Citronela Lemongrass
Palmarosa Cajepute Capim Limão Tangerina Grapefruit
Terpinoleno Eucalipto Glóbulos
Tea Tree
Beta-felandreno Pinho
Cipreste Olíbano
Óleos ricos em monoterpenos:
Bergamota Pimenta Negra Grapefruit Junípero Limão Tahiti Limão Siciliano Limette
Mandarina Laranja Pinho
Sesquiterpeno
Bisaboleno Camomila Germânica
Mirra
Beta-cadineno Junípero
Beta-cariofileno Cravo
Lavanda Ylang Ylang
Camazuleno Camomila Germânica Camomila Romana
Alfa-cedreno Cedro
Junípero
Alfa-curcumeno Gengibre
Alfa-farneseno Camomila Germânica
Rosa
Beta-santaleno Sândalo
Alfa-ylangeno Ylang Ylang
Alfa-vetiveno Vetiver
Zingebereno Gengibre
Óleos ricos em sesquiterpenos:
Camomila Germânica Gengibre
Mirra Patchouli Vetiver Cedro Petit Grain Olíbano Melissa
Aromaterapia e Dermatologia
Química e sua atuação no sistema tegumentar Monoterpenos:
• Ação bactericida e antiviral, possuindo assim efeitos antimicrobianos;
• Aumento da penetração de outros ativos;
• Irritação e sensibilização: produto da oxidação dos monoterpenos;
• Cítricos, Olíbano, coníferas (Pinheiro, Espruce, Cipreste, Junípero), Tea Tree, Manjerona;
• Pineno, limoneno, terpineno, mirceno.
Sesquiterpenos:
• Ação anti-inflamatória, antipruridogênica, sendo os mais poderosos para proteção dos tecidos;
• Camomila Alemã, Ylang-Ylang, Copaíba, Pimenta Negra, Cedro, Mirra;
• Camazuleno, farneseno, germacreno, cariofileno, himacaleno, tujopseno, furanoeudesmadieno, curzereno.
Álcool Monoterpênico:
• Ação bactericida e antifúngica;
• Sensibilização: produto da oxidação, mas não tóxica;
• Lavanda, Ho Wood, Néroli, Petit Grain, Camomila Romana, Gerânio, Rosa, Palmarosa;
• Linalol, geraniol, citronelol, nerol, mentol, mirtenol, terpin-4-ol;
• Ação antimicrobiana: Linalol, geraniol, mentol;
• Ação antifúngica: Geraniol, linalol, mentol.
Álcool Sesquiterpênico:
• Ação anti-inflamatória e cicatrizante;
• Penetração na pele menor do que a do álcool monoterpênico;
• Cedro, Sândalo Missoure, Vetiver, Camomila Alemã, Sândalo Amyris, Patchouli, Cipreste;
• Bisabolol, cedrol, santalol, vetiverol, patchoulol, eudesmol.
Fenol
• Efeitos terapêuticos: antibacteriano, antisséptico;
• Irritativos para a pele;
• São citotóxicos, inclusive hepatotóxicos;
• Orégano, Cravo, Tomilho, Alho, Folha de Canela;
• Timol, carvacrol, eugenol, metil eugenol;
• Eleitos para tratamento de infecções agudas.
Aldeídos
• Efeitos terapêuticos: bactericida, antifúngico e antivirais;
• Possuem ação sedativa e anti-inflamatória, sendo muito benéficos para transtornos de pele causados pelo estresse negativo;
• Irritativos e causam sensibilização na pele;
• Lemongrass (Capim-cidreira), Litsea Cubeba, Citronela, Casca da Canela;
• Citral, citronelal, aldeído cinâmico.
Cetonas
• Efeitos terapêuticos: efetiva ação regenerativa da pele, excelente cicatrizante, previne formação de escaras e queloides;
• Alta estabilidade, muito importante na metabolização hepática;
• Potencialmente neurotóxicos e abortivos;
• Alecrim, Alcaravia, Funcho, Artemísia, Hissopo, Hortelã Pimenta, Hortelã Do Brasil;
• Cânfora, carvona, fenchona, tujona, pinocanfona, mentona.
Ésteres
• Efeitos terapêuticos: anti-inflamatórios e antipruridogênicos; exercem efeitos relaxantes no sistema nervoso central; excelentes para tratamentos de transtornos dermatológicos por estresse negativo ou doenças autoimunes;
• Sálvia Esclareia, Lavanda, Petit Grain, Bergamota, Gerânio, Ylang-Ylang, Palmarosa, Jasmim, Camomila Romana;
• Acetato de linalila, acetato de geranila, acetato de benzila, benzoato de benzila.
Metabólitos secundários que se mostram mais irritativos para a pele
• Fenóis
Timol – Tomilho Eugenol – Cravo Carvacrol – Orégano
• Aldeídos:
Cinâmico – Canela
O Citral se mostra mais irritativo em mucosas. Os óleos essenciais que mais possuem citral são Litsea Cubeba, Lemongrass e Eucalipto Citriodora.
Sensibilizadores da Pele
Alguns óleos essenciais possuem ativos chamados de sensibilizadores da pele e que hoje são listados tanto em perfumes como em produtos cosméticos. Alguns exemplos:
• Linalol: Lavanda, Coriandro, Pau-rosa, Ho Leaf ou Ho Wood (QT Linalol)
• Geraniol: Gerânio e Palmarosa.
• D-Limoneno: Cítricos, Pinho e Mentas.
Óleos essenciais na estética 1. Facial
- Acne: Tea Tree, Alecrim, Lavanda, Gerânio;
- Alterações pigmentares: Limão Siciliano, Laranja, Olíbano, Vetiver; Semente de Cenoura;
- Cicatrizes: Palmarosa, Tea Tree, Semente de Cenoura, Gerânio, Lavanda;
- Envelhecimento Cutâneo: Gerânio, Semente de Cenoura, Palmarosa, Cedro, Patchouli, Vetiver;
Olíbano;
- Rosácea: Cedro, Lavanda, Bergamota, Patchouli;
- Olheiras: Cipreste e Gerânio;
- Rugas: Gerânio, Palmarosa, Cedro, Patchouli, Semente de Cenoura, Vetiver, Olíbano.
2. Corporal
- Alterações vasculares: Cipreste, Gerânio, Limão Siciliano, Junípero;
- Celulite: Gengibre, Junípero, Laranja, Tangerina, Cedro, Canela, Eucalipto Glóbulos;
- Edema: Grapefruit, Junípero, Alecrim, Gerânio, Cipreste, Cedro, - Estrias: Lemongrass, Litsea Cubeba, Palmarosa;
- Gordura localizada: Laranja, Limão Siciliano, Cravo, Tangerina, Gengibre, Canela, Hortelã Pimenta, Gerânio, Grapefruit.
3. Capilar
- Alopécia em geral: Alecrim, Hortelã Pimenta, Gengibre, Semente de Cenoura, Cedro, Ylang Ylang;
- Eflúvio Telógeno: Lavanda, Limão Siciliano, Alecrim, Hortelã Pimenta;
- Alopécia androgenética: Gerânio, Gengibre, Alecrim, Hortelã Pimenta, Cedro;
- Alopécia areata: Lavanda, Gerânio, Gengibre, Alecrim, Hortelã Pimenta, Cedro;
- Dermatite seborreica: Hortelã Pimenta, Limão Siciliano, Alecrim, Tea Tree;
- Psoríases: Bergamota, Cedro, Patchouli, Lavanda.
4. Unhas
- Onicomicose: Cravo, Tomilho, Orégano, Tea Tree;
- Pé de Atleta: Lemongrass, Gerânio, Litsea Cubeba, Tea Tree.
5. Tipos de Pele
Pele seca
• Camomila Romana
• Olíbano
• Néroli
• Palmarosa
• Gerânio
• Patchouli
• Rosa
• Sândalo Amyris
• Cedro
• Semente de Cenoura
Pele oleosa
• Cipreste
• Tea Tree
• Petit Grain
• Limão Siciliano
• Alecrim
• Junípero
• Laranja
• Tangerina
Pele normal
• Palmarosa
• Rosa
• Lavanda
• Gerânio
• Camomila Romana
• Ho Wood
6. Indicações
Óleos essenciais adstringentes
• Cipreste
• Limão Siciliano
• Limão Tahiti
• Junípero
• Alecrim
• Laranja
Óleos essenciais cicatrizantes
• Gerânio
• Lavanda
• Mirra
• Camomila Germânica
• Olíbano
• Rosa
• Néroli
• Copaíba
• Tea tree
Óleos essenciais clareadores
• Olíbano
• Tea Tree
• Limão Siciliano
• Vetiver
• Olíbano
Óleos essenciais para peles maduras
• Rosa
• Semente de Cenoura
• Gerânio
• Palmarosa
• Sândalo Amyris
• Vetiver
• Olíbano
• Cedro
Óleos essenciais demulcentes: amenizam, dão emoliência e minimizam a coceira
• Sândalo Amyris
• Lavanda
• Cedro
• Camomila Romana
Óleos essenciais drenantes
• Grapefruit
• Laranja
• Limão Siciliano
• Junípero
• Cipreste
• Tangerina
• Alecrim
Desintoxicação
• Junípero
• Limão Siciliano
• Gerânio
• Lemongrass
• Litsea Cubeba
• Alecrim
• Hortelã Pimenta
Emagrecimento:
Laranja Limão
Grapefruit Cravo
Canela Gengibre Junípero Erva-Doce Hortelã Pimenta
Edema:
Lemongrass Limão Siciliano Alecrim
Gerânio Litsea Cubeba Grapefruit Hortelã Junípero Cedro Laranja
Peles sensíveis:
Camomila Romana Patchouli
Olíbano Ho wood Cipreste
Cedro Vetiver Lavanda
Harmonia dos Aromas
No século XIX, um francês chamado Monsieur Piesse criou uma classificação para aromas baseando-se na ideia de harmonia musical e sua escala. Transpôs a ideia de que cada fragrância teria uma correspondência com as notas musicais. Assim como há um balanço harmônico quando há a criação de um novo som ou música, em decorrência da combinação das notas, haveria um novo aroma inspirado na perfeita interação de óleos classificados em notas altas, médias ou baixas.
Esta visão purista de Monsieur Piesse, apesar de há muito tempo ter sido descartada, ainda serve de inspiração para muitos perfumistas. Alguns aromaterapeutas usam esta mesma visão quando criam as sinergias específicas para seus pacientes, pois, pela definição, aromaterapia para algumas escolas é “A ciência e a arte no uso dos óleos essenciais”.
Hoje a divisão dos óleos fica entre notas altas, médias e baixas devido à sua volatilidade (peso molecular) de seus componentes químicos. Os óleos de notas altas, também chamados de notas de cabeça, volatilizam mais rapidamente, são os primeiros aromas sentidos dentro de uma sinergia ou perfume. Os óleos de notas médias são também chamados de nota de coração, ou o corpo do perfume (ou da sinergia), pois formam a alma do blend preparado e emergem após a primeira impressão, ficando por um período mais longo na percepção olfativa do que as notas altas.
Os óleos de notas baixas ou de base volatilizam mais lentamente, pois são aromas mais pesados e agem também como fixadores.
Além disto, também podemos separar os óleos para realizar as sinergias em alguns grupos segundo sua conotação olfativa.
GRUPOS CLASSIFICAÇÃO EXEMPLOS
Grupo A Amadeirados Cedro
Grupo B Resinosos Olíbano
Grupo C Especiarias Gengibre
Grupo D Herbais Alecrim
Grupo E Cítricos Laranja
Grupo F Florais Gerânio
Grupo G Terrosos Vetiver
Volatilidade de óleos essenciais segundo as descrições acadêmicas da Perfumaria Alta
Alta
Alta Média
Média Alta
Média Média
Média Baixa
Baixa Alta
Baixa Média
Baixa Baixa Eucalipto
Glóbulos
Laranja Bergamota Estragão Canela Canela do Ceilão
Mirra Benjoim Eucalipto
Citriodora
Limette Cardamomo Camomila Romana
Cipreste Canela da China
Baunilha Cedro Grapefruit Verbena Frangipani Cravo Louro Orégano Cistus Hortelã
Pimenta Citronela Coriandro Gerânio Manjerona Estragão Olíbano Hortelã do
Brasil
Lemongrass Erva Doce Junípero Noz Moscada Íris Sândalo Misoure Limão
Siciliano Litsea Cubeba Gengibre Lavanda Sálvia
Esclaréia Bálsamo de
Tolu Petit grain Tangerina Acácia Palmarosa Tomilho Copaíba
Tea Tree Mandarina Pinho Néroli Patchouli
Limão Tahiti
Manjericão Ylang Ylang Elemi
Niaouli Alecrim Jasmim Vetiver
Ho Wood Pimenta
Negra
Sândalo
Amirys
Anis Estrelado Rosa
CONCEITO DE SINERGIA
É a união de componentes, aqui no caso, de óleos essenciais, que ao se misturarem, interagem e potencializam seus ativos químicos, resultando numa combinação de maior eficácia e gerando aromas diferenciados e personalizados.
Criação de uma sinergia
É importante observar que, na divisão das gotas dos óleos essenciais, alguns florais e os cítricos serão utilizados em maior quantidade pois são mais voláteis, ou seja, evaporam mais rápido.
Em seguida, utilizam-se as folhas, que têm volatilidade média e, em menor quantidade, as madeiras, que apresentam menor volatilidade.
As sinergias devem sempre ser iniciadas pelas notas mais básicas/baixas, para que os outros óleos de maior volatilidade (cabeça/alta e coração/média) não evaporem rapidamente ao serem colocados em um recipiente.
Para uma massagem relaxante, segue o exemplo:
• 5 gotas de óleo essencial de Lavanda – Nota média/média;
• 3 gotas de óleo essencial de Laranja - Nota alta/média;
• 2 gotas de óleo essencial de Lemongrass - Nota/alta média;
• 2 gotas de óleo essencial de Cedro - Nota baixa/baixa.
O primeiro óleo essencial a ser colocado no veículo sempre será o de nota baixa (aqui no exemplo o cedro), pois este será o fixador. Depois, adicionaremos os outros óleos essenciais.
Óleos Essenciais na Estética - Indicações
1. OE Alecrim
NOME CIENTÍFICO: Rosmarinus officinalis L NOME COMUM (POPULAR) E SINÔNIMOS
Rosmarinus coronarium; Alecrim (Bras); Romero (Esp); Rosemary (Ingl); Romarin (Franc);
Rosmarino (Ital).
PARTE UTILIZADA DA PLANTA: Galhos, copas em floração e folhas TIPO DE EXTRAÇÃO: Destilação à vapor
COMPOSIÇÃO QUÍMICA: O Alecrim possui 3 quimiotipos QT, são eles:
Alecrim QT1 (cânfora):
alfa-pineno 4,4%% até 22,0% (monoterpeno);
1,8-cineol 15% a 25% (eucaliptol);
cânfora 20% a 40% (cetona);
limoneno 4% (monoterpeno);
1-borneol 1% a 5% (álcool).
Alecrim QT2 (cineol):
alfa-pineno 5,5,% até 7,8% (monoterpeno);
1,8-cineol 39,0% até 57,7% (eucaliptol);
cânfora 7,4% até 14,9% (cetona);
limoneno 0,0% até 5,8% (monoterpeno);
1-borneol 2,0 % até 9,0% (álcool).
Alecrim QT3 (verbenona):
alfa-pineno 9,6% a 12,7% (monoterpeno);
1,8-cineol 6% a 15% (eucaliptol);
cânfora ( de 11,3% até 14,9%
limoneno 1,5% até 2,1% (monoterpeno);
1-borneol 3,0% a 4,5%% (álcool);
linalol 0,7% até 1,7%,( álcool ).
As diferenças na composição de cada quimiotipo estão em sua aplicação – o quimiotipo cânfora é o mais usado, também o mais específico, como tônico cardíaco e para dores musculares.
O quimiotipo cineol é o mais usado em tratamentos respiratórios, como asma, bronquites e sinusites. O quimiotipo verbenona é o mais apropriado no caso de irritação da bexiga e fortalecedor do fígado, é considerado o menos irritante e de excelente qualidade para preparações para pele.
Pele: É útil para a pele flácida, pois o alecrim é um ótimo adstringente – tonificante– e pode atenuar a congestão e o inchaço. Excelente para a pele oleosa e sem brilho. Sua ação estimulante tem demonstrado ser benéfica para problemas de couro cabeludo, podendo combater e prevenir a caspa e estimular o crescimento capilar.
Tipo de pele: Oleosa, desvitalizada e manchada
PRECAUÇÕES
Sua ação altamente estimulante talvez não seja adequada para pessoas com epilepsia ou hipertensão arterial. Deve ser evitado durante a gravidez, pois é emenagogo. Pode anular o efeito de medicamentos homeopáticos. Pela toxicidade das cetonas, não é um óleo recomendado a crianças.
Também não indicamos em mulheres lactantes.
OBSERVAÇÕES/CURIOSIDADES
Quantidade para extração: 100 kg de matéria-prima para 01 kg de óleo essencial Nota: Média
Aroma: Canforado, forte, herbal, refrescante e penetrante.
2. OE Cipreste
NOME CIENTÍFICO: Cupressus sempervirens NOME COMUM (POPULAR) E SINÔNIMOS
Cipreste; Cipreste-italiano; Cipreste-comum; Cipreste-do-mediterrâneo; Cipreste-piramidal; Cedro- bastardo; etc.
PARTE UTILIZADA DA PLANTA: Folhas, galhos e pinhas.
TIPO DE EXTRAÇÃO: Destilação à vapor.
COMPOSIÇÃO QUÍMICA:
Alfa pineno (20,% até 52,7%);
Cedrol (2,0% até 7,0%);
Delta-3-Carene (15,2% até 21,5%);
Alfa - acetato terpenílico (4,1% até 6,4%);
( + ) - Limoneno (2,3% até 6,3%);
Beta - Pineno (0,8% até 2,9%);
Sabineno (0,7% até 2,8%);
Beta - Mirceno (em média 2,7%);
Delta - Cadineno (1,7% até 2,6);
entre outros.
Pele: Exerce uma ação equilibradora sobre os fluidos. Controla a perda excessiva de água e pode, portanto, ser útil à pele madura. Também pode beneficiar a pele oleosa e com sudorese excessiva, além de curar rapidamente as feridas, em virtude de suas propriedades cicatrizantes.
Muito utilizado em cosmética estética, para tratamento de bolsas e olheiras.
Tipo de pele: Oleosa e mista, e com vasinhos.
PRECAUÇÕES
Regula o ciclo menstrual e, portanto, não deve ser usado durante a gravidez. Seu efeito sobre as varizes é bastante conhecido, mas deve-se tomar cuidado ao aplicar o óleo – a massagem deve ser bem suave.
OBSERVAÇÕES/CURIOSIDADES
Quantidade para extração: 100 kg de matéria-prima para 01 kg de óleo essencial Nota: Média para baixa
Aroma: Amadeirado e levemente picante, mas refrescante 3. OE Gerânio
NOME CIENTÍFICO NOME CIENTÍFICO: Pelargonium graveolens ou Gerânio X asperum Ehrh ex Willd
NOME COMUM (POPULAR) E SINÔNIMOS Gerânio, gerânio-rosa, etc.
PARTE UTILIZADA DA PLANTA: Folhas e flores.
TIPO DE EXTRAÇÃO: Destilação a vapor.
COMPOSIÇÃO QUÍMICA:
Citronelol: (24,8% até 27,7%);
Geraniol: (15,7% até 18,0%);
Formiato de citronelila: (0,5% até 8,6%);
Isomentona: (5,7% até 6,1%);
10 - epi - gama - Eudesmol: (5,5% até 5,7%);
Formiato de geranila: (3,65 até 3,7%);
Butirato de geranila: (1,5% até 1,9%);
Tiglato de geranila: (1,5% até 1,9%);
Beta - cariofileno: (1,2% até 1,3%);
Proprionato de geranila: (1,0% até 1,1%);
(Z) - Óxido de rosa: (0,9% até 1,0%).
Pele: É útil para todos os tipos de pele, pois equilibra a oleosidade. Pode ser eficaz contra eczema, queimaduras, herpes-zóster, herpes e frieiras. Também pode ser ótimo para peles oleosas, congestionadas e cansadas – é um excelente purificador da pele em geral. Revigora peles pálidas, pois o Gerânio aumenta o fluxo de sangue.