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Repositório Institucional UFC: Centro de Inovação e Cultura Empreendedora

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Academic year: 2018

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Victor Arthur Cândido Oliveira Barreto

com orientação de Romeu Duarte Universidade Federal do Ceará Curso de Arquitetura e Urbanismo

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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação Universidade Federal do Ceará

Biblioteca Universitária

Gerada automaticamente pelo módulo Catalog, mediante os dados fornecidos pelo(a) autor(a)

B264c Barreto, Victor Arthur Cândido Oliveira.

Centro de Inovação e Cultura Empreendedora / Victor Arthur Cândido Oliveira Barreto. - 2017. 162 f. : il. color.

Trabalho de Conclusão de Curso (graduação) - Universidade Federal do Ceará, Centro de Tecnologia, Curso de Arquitetura e Urbanismo, Fortaleza, 2017.

Orientação: Prof. Dr. Romeu Duarte Junior.

1. Empreendedorismo. 2. Inovação. 3. Desenvolvimento Socioeconômico. 4. Patrimônio. 5. Arquitetura. I. Título.

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Banca Examinadora:

Prof. Dr. Romeu Duarte Junior

Orientador

Profª. Drª. Margarida Julia Farias de Salles Andrade

Professora convidada

Arq. Drª. Neliza Maria e Silva Romcy

Arquiteta convidada

Victor Arthur Cândido Oliveira Barreto

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AGRADECIMENTOS

À minha família, por sempre acreditar e apostar em mim e, em especial, aos meus pais, Cleide e Gildi-van, exemplos máximos de humildade, generosida-de e perseverança sem os quais eu não seria nada. Obrigado por todo o apoio, presença, carinho e amor que me foram dados por toda a minha vida.

À Alana, pela paciência, pela amizade, pelo afeto e por me fazer um homem melhor. Obrigado por todo o seu amor.

À Raíssa, irmã de coração, mentora, sócia, parceira e, sobretudo, amiga.

Ao meu primo-irmão, Pedro Lucca, que me inspirou a encarar essa jornada pela Arquitetura e Urbanis-mo.

Ao GA: Alana, Isadora, Rafaella, Raquel, Renata e Yuri. Obrigado pelo companheirismo, pela alegria compartilhada e pelo convívio nesses 6 anos.

À Allan, Ana Paula, Bárbara, Bianca, Catarina, Eduardo, Ianna, Igor, João Fernandes, Gabriel, Lu-cas e Raquel pela amizade, pelo apoio e por me fazerem crescer tanto como líder, liderado, profis-sional e como ser humano.

Ao Movimento Empresa Júnior, Consultec Jr, FEJECE e Brasil Júnior pela experiência sem paralelo, que me guiou à escolha desse tema e que me formou como líder e gestor através de valores tão importan-tes, me tornando um empreendedor comprometido e capaz de transformar o Brasil.

Aos meus professores e mestres da Universidade Federal do Ceará, que tanto contribuíram na minha formação profissional, o meu mais profundo agra-decimento pelo sacrifício diário e pelo aprendiza-do; ao Eng. Paulo Cunha do Nascimento, por todo o auxílio no desenvolvimento deste projeto; à Profª. Dra. Margarida Julia Farias de Salles Andrade, por sua presença na minha educação histórica enquan-to arquiteenquan-to e pela sua participação na banca; à arquiteta Dra. Neliza Maria e Silva Romcy pela so-licitude em participar da banca de forma tão gentil.

Ao Prof. Dr. Romeu Duarte Junior, por aceitar par-ticipar dessa empreitada, pela paciência e pela orientação em todos esses meses de trabalho. Muito obrigado!

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RESUMO

O desenvolvimento socioeconômico e a necessida-de necessida-de recuperar um objeto arquitetônico necessida-de grannecessida-de valor para a história da capital cearense foram os pontos de partida deste trabalho, que busca resol-ver estas questões através da materialização de um espaço que integre diferentes atores do cenário em-preendedor local enquanto reabilita um edifício his-tórico, resgatando seu uso original e incentivando a ocupação do Centro Histórico de Fortaleza por novas empresas, negócios e empreendedores.

Assim, este trabalho é a convergência do interesse individual com a necessidade coletiva, erguendo--se com a finalidade de ser uma proposta para o primeiro passo rumo à edificação do ecossistema empreendedor no Ceará.

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[ 1 ] APRESENTAÇÃO

[ 2 ] O EMPREENDEDORISMO E A INOVAÇÃO

Justificativa [p. 17]

Objetivo geral [p. 19]

Objestivos específicos [p. 19]

[ 4 ] O CENTRO DE INOVAÇÃO E CULTURA EMPREENDEDORA

Memorial descritivo [p. 73]

Programa de atividades [p. 77]

Programa de necessidades [p. 79]

Referências [p. 81]

Escola Jesus, Maria e José [p. 89]

O desenvolvimento de um ecossistema empreendedor no Ceará [p. 23]

O conceito da Hélice Tríplice como alicerce do ecossistema empreendedor [p. 37]

[ 3 ] A ÁREA ESCOLHIDA

Histórico do Centro [p. 49]

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[ 6 ] CONSIDERAÇÕES FINAIS [ 5 ] O PROJETO

Partido e conceituação [p. 109]

Estudo ambiental [p. 115]

Projeto arquitetônico [p. 116]

Estudo estrutural e materialidade [p. 137]

Estudo condicionamento ambiental [p. 141]

[ + ]

Referências bibliográficas [p. 151]

Referências digitais [p. 155]

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A criação de um ambiente propício para o desenvol-vimento de atividades e iniciativas empreendedoras é um fator de relevância primordial para o estabeleci-mento de uma cultura empreendedora em qualquer local. No Estado do Ceará, diversos movimentos com o intuito de usar o empreendedorismo como vetor de potencialização das atividades produtivas, prosperi-dade econômica e bem-estar social, têm surgido nos últimos anos. Tanto iniciativas governamentais, quanto iniciativas privadas e acadêmicas englobam diversas organizações voltadas para a inovação tecnológica e para a canalização de oportunidades de geração de negócios e idéias.

A população cearense tem uma capacidade empre-endedora de grande destaque, com algumas das maiores indústrias e iniciativas empreendedoras do país residindo em nosso estado. Contudo, para muitos empreendedores, ainda falta um ambiente fértil que catalise seus esforços e o conecte com pessoas e or-ganizações que incentivem, invistam e colaborem com suas ideias e seus negócios, desperdiçando um poten-cial imenso de desenvolvimento de capital humano e tecnológico local (LEYDESDORFF; ETZKOWITZ, 1996; 1998; ETZKOWITZ; LEYDESDORFF ,2000; THERG, 2013).

Assim, espaços que integrem as pessoas e suas ideias despontam como os novos ambientes de trabalho no século XXI; inseridos no contexto da inovação tec-nológica e do empreendedorismo, existem diversas

referências de Hubs de Inovação, Centros de

Empre-endedorismo e Escritórios de Coworking. Eles se

es-tabeleceram em diversos níveis, sejam eles regionais

JUSTIFICATIVA

- como o Núcleo de Gestão do Porto Digital no Reci-fe, nacionais - como o Cubo Digital em São Paulo ou internacionais - como o Campus da Google Inc., na Califórnia.

Atualmente, já despontam alguns escritórios de

coworking como alternativa para essa demanda.

Po-rém, esses equipamentos abarcam primordialmente a necessidade espacial dos negócios, carecendo ainda de completa integração e alinhamento de diversas organizações voltadas à inovação, ao incentivo, à colaboração e ao investimento de recursos entre os di-versos atores do ecossistema empreendedor cearense.

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OBJETIVO GERAL

Como objetivo geral, pretende-se por meio deste trabalho pretende, utilizando todo o conhecimento e experiência assimilados ao longo da graduação, ela-borar uma proposta de equipamento que integre os atores do cenário empreendedor no Estado do Ceará, potencializando a criação novos negócios, a inova-ção tecnológica e o desenvolvimento de ideias que impactem a sociedade cearense. Aliada a essa pro-posta, propõe-se o restauro da Escola Jesus Maria e José, localizada no Centro de Fortaleza, reutilizando seu espaço em seu propósito inicial, como ambiente de aprendizagem e suporte àqueles que precisam.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

[a] Criar um espaço de trabalho que incentive a inte-gração entre seus usuários.

[b] Elaborar uma proposta de Restauro que recupere o uso e a importância da Escola Jesus, Maria e José em Fortaleza.

[c] Potencializar o Ecossistema Empreendedor através de um ambiente que materialize os seus princípios e promova a prosperidade sócio-econômica da socie-dade.

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A temática central deste trabalho é a formalização de um espaço voltado ao incentivo do Ecossistema Em-preendedor cearense. Porém, antes de entrar neste mérito, é necessária a compreensão de conceitos bá-sicos que o envolvem.

Ainda que seja uma questão semântica, hoje, os ter-mos empreendedorismo, empreendedor e inovação sofreram uma dilatação nos seus sentidos originais e, muitas vezes, são usados para se referirem a pesso-as e situações que não representam seu real sentido. Diversas vezes, o termo é usado incorretamente para se referir a uma pessoa que inicia um negócio ou é autônoma.

O empreendedor, todavia, é aquele ou aquela que busca, continuamente, valor econômico através de crescimento e, como consequência, está sempre

in-satisfeito com o status quo. A diferença fundamental

é estabelecida pela capacidade ou disposição de encarar riscos, valor intrínseco ao empreendedor, que constantemente procura gerar valor, ainda que a longo prazo. Aqueles que buscam somente o sustento próprio ou familiar, boa parte dos que, erroneamen-te, denominam-se empreendedores, não se encaixam nesta definição. Assim, podemos usar a conceituação

do Babson College, que define: “Empreendedorismo é

uma forma de pensar em agir, guiada por visão holísti-ca e liderança, foholísti-cada em agregar valor” (ISENBERG, 2011).

Inovação, por outro lado, pode ser entendida de várias maneiras, mas é principalmente definida pelo processo de explorar com sucesso novas ideias. Essas ideias podem se aplicar a produtos, processos e mo-delos de negócios, e são mensuradas através de dois

O DESENVOLVIMENTO DE UM

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métodos (SIMANTOB, 2003, p.20):

- Inovações incrementais, que refletem pequenas

me-lhorias contínuas em produtos, linhas de produtos, ser-viços ou processos e representam pequenos avanços nos benefícios percebidos pelo consumidor e não mo-dificam de forma expressiva o modo como o produto é consumido ou o modelo de negócio. Exemplo: aumen-to das ferramentas inseridas dentro de um aparelho celular.

- Inovações radicais, que representam mudanças

drás-ticas na maneira que o produto ou serviço é consumi-do. Geralmente, traz um novo paradigma ao segmen-to de mercado, modificando o modelo de negócios vigente. Exemplo: surgimento do smartphone.

A importância da inovação na sociedade aplica-se tanto aos objetivos mercadológicos de uma empresa - como ter acesso a novos mercados, expandir seu pú-blico consumidor ou aumentar seus lucros - quanto à população em geral - quando inovações nos setores da agroindústria, da química e da biotecnologia pro-porcionaram a criação de novos métodos, produtos e alimentos, como nos estudos de Norman Borlaug com variedades de trigo-anão mais resistentes que pude-ram ser levadas ao México, Índia e Paquistão.

Ecossistemas empreendedores desenvolveram-se de formas diversas em vários locais do planeta, seja no Vale do Silício e em Cambridge, nos Estados Unidos, seja em Tel Aviv, Israel. Replicar os processos que cul-minaram em espaços efervescentes de ideias, negó-cios e tecnologias é impossível, nem os próprios idea-lizadores desses ambientes conseguiriam. Dito isso, o processo indicado é estabelecer parâmetros que

men-surem o desenvolvimento de um ecossistema de modo a torná-lo um ambiente de perene produção intelec-tual e economicamente auto-sustentável (ISENBERG, 2011). Traduzir e aplicar efetivamente essas diretrizes para a realidade cearense é um desafio que só pode ser vencido com políticas públicas eficazes, investi-mento e suporte do setor privado e produção de co-nhecimento das universidades.

Os princípios de cultivo do empreendedorismo fazem parte de uma estratégia maior, a de encarar o ecos-sistema empreendedor como novo paradigma para políticas econômicas públicas.

Tal estratégia visa corrigir erros resultantes do modo como os direcionamentos públicos foram concebidos e executados, incluindo (ISENBERG, 2011):

[a] Pouca prioridade pública voltada ao empreende-dorismo;

[b] Falta de clareza nos objetivos das políticas empre-endedoras;

[c] Inadvertido enfraquecimento de aspirações empre-endedoras;

[d] Rejeição de investidores;

[e] Consequências de programas mal estruturados, como evasão de cérebros.

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rismo e seu sucesso. Para tal, é necessário uma equi-pe indeequi-pendente com o treinamento, poder, manda-to, capacidade e recursos suficientes para impactar holisticamente o ecossistema e, então, dissolver-se.”

— ISENBERG, 2011, p. 13 (tradução livre).

Veremos, nos seguintes tópicos, os princípios que de-vem guiar essa estratégia, aplicados ao contexto ce-arense e baseados nos estudos do Babson College, dirigido por Daniel Isenberg.

1. DISTINGUIR AUTÔNOMOS, MPES E EMPREENDE-DORES

A primeira implicação deste princípio é compreender que cada um desses atores tem necessidades de polí-ticas e ambientes diferentes. Enquanto micro e peque-nas empresas (MPEs) e profissionais autônomos atu-am muito mais gerando empregos para uma parcela maior da população (SEBRAE, 2014), empreendedo-res atuam diretamente no desenvolvimento econômico. Condensar essas categorias é um erro, ao supor que há uma evolução linear de autônomo para MPE e des-ta para empreendimentos de alto-crescimento.

Assim, com os recursos governamentais limitados, o Estado deveria investir diretamente no setor que tem a maior probabilidade de gerar grandes resultados, os empreendedores. Micro e pequenas empresas e pro-fissionais autônomos, consequentemente, brotarão ao longo do caminho, derivando desses incentivos.

Uma política de Estado eficaz, voltada ao incentivo

de atividades empreendedoras, também deve ter em mente que, ainda que a entrada em programas rela-cionados a essas atividades seja democrática, a alo-cação de recursos deve tomar uma abordagem darwi-niana. Não se deve investir em negócios fadados ao fracasso, a falha deve ser encarada através de uma perspectiva social mais ampla, onde uma empresa que não deu certo redistribui seus recursos humanos, monetários e físicos para novas iniciativas. Temos o péssimo histórico de subsidiar organizações falidas e ultrapassada ao invés de abrir espaço e fundos para novas entidades capazes de manter o mercado ativo e gerar mais valor para a sociedade. São empreen-dimentos promissores que devem concentrar a maior parte dos recursos voltados à empresas (GOMES;

PE-REIRA, 2015). [4]

Como exemplo, podemos citar Pernambuco, um

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do brasileiro que tem a maior parte de sua economia voltada principalmente para a extração de matéria--prima natural (SECEX, 2015). Contudo, um dos setor que mais se desenvolve é o da tecnologia, com Re-cife abrigando o maior Parque Tecnológico do Brasil (IBGE, 2015).

Políticas estatais são fundamentalmente importantes para a atender as necessidades dos diversos atores do ecossistema, mas só serão realmente eficazes ao trabalharem criando condições para o desenvolvimen-to de uma estrutura adequada e de condições férteis. Ao desenvolver diretrizes que tratam empreendedores, microempresários e profissionais autônomos de forma similar, o resultado acaba sendo um agravamento nos obstáculos de crescimento dessas três categorias.

“Há uma grande diferença entre construir um sistema de rodovias e dizer ao povo aonde devem dirigir.”

— ISENBERG, 2011, p. 4 (tradução livre).

2. ALOCAR PRIORIDADE PÚBLICA MÁXIMA AO EMPREENDEDORISMO

É imperativo que os líderes públicos compreendam o que é empreendedorismo e porque esse tema deve se tornar central nas políticas econômicas do município, do estado e do país. Hoje, vê-se essa temática como diretriz em universidades, governo e organizações. Inovação é uma das palavras-chave nos encontros de líderes e em comícios eleitorais. Palavras usadas para atrair capital financeiro e o apoio de líderes em-presariais. Contudo, poucos governantes entendem a extensão das repercussões de uma estratégia pública que empregue o empreendedorismo como fator

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damental no desenvolvimento de uma economia mais dinâmica, forte e diversa.

Há uma transcendência ao óbvio quando discutimos o impacto do movimento empreendedor na sociedade, posto que ele vai muito além de criar novos empregos e atinge vários pontos:

- Valorização e apoio a um mecanismo de supor-te à coleta razoável de taxas. O despontamento de iniciativas irregulares, tais como feirantes da Rua José Avelino ou ambulantes nos entornos do Centro Cultural Dragão do Mar são danosos à economia e à arreca-dação do município. Encerrar ou regularizar tais mo-dalidades de comércio é uma forma de criar melhores condições para o surgimento e manutenção de inicia-tivas empreendedoras que aumentem a arrecadação estatal, gerem mais empregos e promovam maior

di-namismo econômico na sociedade. [5]

- Advento de lideranças públicas e cases de

suces-so. De iniciativas privadas podem surgir diversas

lide-ranças públicas nos mais diversos setores do governo como participantes ativos do processo de mudança e crescimento da economia.

Governos e prefeituras precisam alocar mais e melho-res recursos no que tange à políticas empreendedoras, com valores relevantes de seus orçamentos dedicados ao suporte a negócios de grande potencial, como é

realizado nos programas BarcelonaActiva e Buenos

Aires Empreende. Este último já capacitou mais de

10.000 pessoas com educação empreendedora e téc-nicas de modelo de negócio, organizou eventos para mais de 20.000 pessoas e co-invest, junto a 4

acele-radoras em 7 empresas. [6]

3. INTERVIR HOLISTICAMENTE COM UMA PERS-PECTIVA COMPREENSIVA DO ECOSSISTEMA

Intervir holisticamente no ecossistema implica com-preender os fatores (ou domínios) atuantes, que eles se relacionam e que a maioria dessas relações não é regulada. É importante perceber que não se pode incentivar um desses fatores sem que os outros sejam

afetados, positiva ou negativamente. [7]

Atualmente, no Ceará, temos diversos exemplos de ini-ciativas e políticas de incentivo à educação empreen-dedora, assim como testemunhamos o surgimento de novos Polos Tecnológicos no município de Fortaleza. Esses programas, quando planejados e executados separadamente, podem trazer consequências per-versas para o ecossistema local, tais como a evasão dos estudantes que passaram por cursos ou atividades empreendedoras para ambientes mais propícios e que melhor atendam suas ambições.

Como iniciativas incentivadoras no Ceará temos, so-mente na Universidade Federal do Ceará, o Centro de Empreendedorismo (CEMP), o Parque de Desenvolvi-mento Tecnológico, o Instituto de Pesquisa e Desenvol-vimento Tecnológico e a Fundação Núcleo de Tecno-logia Industrial do Ceará (do Governo do Estado, mas instalado dentro da UFC, no Campus do Pici). Existem, ainda, outras entidades que atuam como incubadoras ou educadoras.

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das áreas, mas que, com uma perspectiva holística do ecossistema, atinja todos os domínios indiretamente, ou seja, entendendo que estes domínios atuam em conjunto, num equilíbrio muito delicado, e relacionan-do-os de forma a criar um solo fértil para novas idéias e tecnologias.

4. ESTABELECER UM OBJETIVO DE UMA INICIATIVA DE GRANDE POTENCIAL ENTRANDO NO SISTEMA PARA CADA PARCELA DA POPULAÇÃO

A prática de definir objetivos específicos, mensuráveis, alcançáveis, realistas e temporais (do inglês, SMART

Objectives) é comum no meio empresarial, onde o al-cance de metas e de resultados são a medida mais fundamental de compreensão do crescimento e con-solidação de qualquer negócio. No meio político e nos governos, contudo, esse costume não é tão sólido quanto deveria. Isso é um grande obstáculo ao alcan-ce de objetivos de impacto relevante, principalmente quando se trata de visões tão complexas quanto o de-senvolvimento de um ecossistema empreendedor.

Portanto, estabelecer um objetivo de alcançar cases de sucesso é algo fundamentalmente importante para consolidar a cultura empreendedora. Segundo Geert Hofstede (1997), a cultura organizacional de qual-quer entidade se manifesta de diversas formas, uma delas, é a dos heróis. Eles são pessoas reais ou ficcio-nais que, valorizadas dentro de uma cultura, tornam--se exemplos personificados dos valores e das práticas prezados pela organização. São paradigmas com-portamentais que ajudam a estabelecer um padrão de ação para os indivíduos e colaboram com a formação de uma mentalidade positivista.

Quando um sistema com feedback positivo chega a um limiar de crescimento estimulado, ele se torna au-tossustentável e passa a gerar exemplos de sucesso por si só, iniciando um círculo virtuoso de incentivo às novas gerações.

“As pessoas começam a falar sobre o assunto e ele se torna socialmente aceitável, instituições começam a se forma, o governo o reconhece como algo positivo que está acontecendo e pode passar a escutar novos empreendedores de influência para iniciar reformas em suas estrutura e políticas. O Ecossistema se forta-lece, gerando mais empreendedores que fortalecem ainda mais o ecossistema. Sucesso gera sucesso.”

— ISENBERG, 2011, p. 9 (tradução livre).

Essa é uma situação que já ocorre no Ceará, onde o empreendedorismo passou a tomar conta dos diálo-gos nos mais diversos setores. As empresas passam a tratar inovação como assunto sério e requalificam suas estruturas para se tornar sempre mais inovadoras. Uni-versidades acolhem o empreendedorismo como dire-trizes estratégicas e programas públicos de incentivo ao micro e pequeno empresário passam a ser forma-dos.

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res, investidores e gerentes.

A constatação deste princípio é que a meta de incenti-vo deve ser focada em profundidade e não abrangên-cia, ou seja, nas poucas iniciativas com alto potencial de impacto, ao invés das diversas organizações com grandes chances de fracasso. O objetivo estabelecido deve visar a prospecção e o suporte aos negócios com mais capacidade de repercutir positivamente e não na sobrevivência da maior quantidade possível de negó-cios, estratégia que se mostra um colossal desperdício de recursos.

Por fim, a valorização e a divulgação dos exemplos de sucesso mostram-se fatores de catalização do espírito empreendedor no ecossistema, condição que colabo-ra com a evolução do ambiente em direção à sua sus-tentabilidade.

5. FOCAR EM ÁREAS MUITO ESPECÍFICAS E CON-CENTRADAS

Ao redor do planeta, o empreendedorismo, enquanto movimento, tende a se organizar em áreas geográ-ficas muito especígeográ-ficas. Isso se deve à facilidade de concentração de recursos humanos, financeiros, in-formações e mercados que gravitam em torno desses núcleos. Esse processo é muito semelhante à urbani-zação das cidades brasileiras, em especial Fortaleza, que concentra 45% do PIB cearense (IPECE, 2014), fe-nômeno que fortalece a cultura empreendedora local, facilita a ação política do Estado, a atuação do setor privado e o desenvolvimento individual dos próprios

empreendedores. [8]

A linha de ação dos governos, contudo, continua a

tratar grandes esferas geográficas como base para análise e políticas de incentivo, que distribuem ainda os já parcos recursos atribuídos ao setor para abar-car a maior demografia possível e promover uma ima-gem mais “justa”. Exemplos de cidades internacionais, como Buenos Aires e Tel Aviv, mostram que o modo mais apropriado de desenvolver estratégias de in-centivo baseadas em áreas espaciais é aglomerar o máximo de recursos de forma constante e sustentável, numa associação entre o Estado, o setor privado e as universidades (LEYDESDORFF; ETZKOWITZ, 1996).

Devido a essa mentalidade estatal, acontece com grande frequência a criação de infraestrutura sem de-manda direta, que pode se provar uma política extre-mamente dolorosa economicamente para uma cidade, como os eventos da Copa do Mundo de 2014 no Bra-sil e das Olimpíadas de Verão de 2016, na cidade do Rio de Janeiro, nos mostraram. Sem uma rede de men-tores, investidores, educadores e serviços de suporte; em suma, sem um ecossistema adequado, os empreen-dedores se verão num espaço para trabalhar, mas sem o devido apoio para alcançar um alto impacto.

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Classes R$ (Mil) / No Municípios

Até 100.000,00 / 74

De 100.000,01 a 500.000,00 / 85 De 500.000,01 a 1.000.000,00 / 13 De 1.000.000,01 a 3.000.000,00 / 07 Acima de 3.000.000,00 / 05 [8] Mapa do Produto Interno Bruto (PIB) do Ceará a preços de

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vários Pólos Tecnológicos em Fortaleza, cada um em

um espaço físico diferente, cada um com um cluster de

empresas diferentes, mas sem uma estratégia de atua-ção conjunta de forma holística.

Entendendo essa necessidade de foco geográfico, o Centro da capital cearense apresenta-se como uma opção adequada, com infraestrutura consolidada, lo-calização central e um potencial de reaproveitamento e recuperação imenso de edifícios históricos e áreas desocupadas que poderiam vir a abrigar novos pré-dios. É um bairro que manifesta muitos dos aspectos necessários para a implantação de um espaço con-veniente para a alocação de empresas e negócios em uma área altamente concentrada para gerar o máxi-mo de resultados possíveis no menor tempo possível.

6. ESTABELECER UMA ORGANIZAÇÃO COM PRAZO DE ENCERRAMENTO PARA IMPACTAR O ECOSSIS-TEMA

Atualmente, no Ceará, contamos com várias institui-ções, voltadas para o desenvolvimento do empreende-dorismo. Seja por meio da educação, como o Centro de Empreendedorismo da UFC (CEMP) e o FB Ideias, ou pelo suporte ao desenvolvimento de atividades empreendedoras, a exemplo do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE) e tam-bém pela promoção da colaboração entre organiza-ções com propósitos semelhantes, como a Federação de Empresas Juniores do Estado do Ceará (FEJECE).

Cada uma dessas entidades segue diretrizes diferen-tes, orienta-se por valores diferentes e possui visões de futuro diferentes, que afetam os domínios do ecossiste-ma empreendedor.

Percebendo esse cenário, em abril de 2015, foi cria-da a Rede Empreender Ceará, uma organização, que busca fortalecer o ecossistema com a união dos re-presentantes dos diferentes setores das universidades, do governo e organizações privadas. O que ocorre, contudo, é que nenhum destes setores consegue atu-ar individualmente e causatu-ar impacto considerável. O

governo possui a incubência, porém lhe falta a

exper-tise. Organizações privadas, apesar de dominarem o

savoir-faire empreendedor, carecem da perspectiva, dos recursos ou da motivação para tal, uma vez que são, na maioria dos casos, orientadas somente para a obtenção de lucro próprio.

Para alcançar o objetivo de tornar o ecossistema em-preendedor sustentável, é primordial que haja uma organização norteada para o esforço de evolução do cenário empreendedor neste sentido e que, após a consecução desta meta, cesse sua existência, dando--lhe um senso de urgência fundamental para o alcance da visão num curto prazo, o que raramente acontece, justamente por falta de disciplina e disposição.

Para liderar tal esforço, é preciso que uma equipe de profissionais qualificados seja formada e que tenha o encargo, as competências e a motivação para desen-volver suas atividades de forma plena. Esse time não deve ser possuído por universidades, estados ou qual-quer incubadora ou iniciativa privada, mas sim por todas elas, agindo como acionistas e providenciando não só todos os recursos necessários, mas também a devida supervisão profissional (ISENBERG, 2011).

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suficiente para causar efeito significativo em seus do-mínios de interesse, pouquíssimos, porém, se propõem a agir de maneira holística para causar um desenvol-vimento disruptivo que traga a sustentabilidade para o ecossistema.

Os princípios explorados acima formalizam o que Da-niel Isenberg denomina Estratégia do Ecossistema Em-preendedor, uma visão na qual o empreendedorismo deve ser tratado de forma sistemática para obter um ambiente fértil para iniciativas empreendedoras, crian-do um círculo virtuoso no qual cada vez mais realiza-ções surjam de um ecossistema autossustentável.

Ainda que o empreendedorismo, nos dias atuais, seja encarado como uma atitude poderosa em relação à economia, buscando, ambiciosamente, o sucesso atra-vés da geração de valor para a sociedade, há de se alertar para os riscos de um exagero nas capacidades deste modelo de ação.

“O Empreendedorismo não é uma panaceia para os males da sociedade, mas possui efeitos suficientes e é causal o suficiente para ser uma prioridade pública assim como educação, segurança, bem-estar, ener-gia e saúde como um bem social básico”

— ISENBERG, 2011, p. 13 (tradução livre).

O Empreendedorismo, dessa forma, não deve ser en-carado como a solução para todas as mazelas que nos afligem. Contudo, a adoção de políticas públicas aliadas ao suporte de iniciativas acadêmicas e priva-das pode ser o caminho mais curto para um estado de constante desenvolvimento econômico, em que se pro-mova a redução da desigualdade e amplie o incentivo

às iniciativas que atendam necessidades importantes da população. O investimento em uma estratégia bem dirigida e de perspectiva holística, materializada num espaço concentrado, liderado por uma equipe qualifi-cada e com os recursos necessários, é a maneira mais adequada de seguir esse caminho.

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1. INTRODUÇÃO

A tese da Hélice-Tríplice fora criada na década de 1990 nos Estados Unidos por Henry Etzkowitz e Loet Leydesdorff, época em que os centros políticos pas-saram a solicitar uma maior cooperação entre a aca-demia e a indústria para poder comercializar o novo conhecimento criado nas universidades americanas. Essa tese trata das relações entre academia-indústria--governo e é apresentada como uma alternativa às relações bilaterais que ocorrem entre essas esferas de atividade, propondo novos e mais completos modos de interação e produção de atividades científicas, tec-nológicas e socioeconômicas, sem interferir nos víncu-los já existentes entre elas. Cada Hélice é uma esfera institucional independente, mas trabalha em coopera-ção e interdependência com as demais esferas, atra-vés de fluxos de conhecimento (STAL; FUJINO, 2005).

2. O MODELO E SUA EVOLUÇÃO

Essa abordagem é baseada na perspectiva da Universi-dade como indutora das relações com as Empresas (setor produtivo de bens e serviços) e o Governo (setor regulador e fomentador da atividade econômica), visando à produ-ção de novos conhecimentos, a inovaprodu-ção tecnológica e ao desenvolvimento econômico. Ela explica não só as como as forças econômicas atuam no ecossistema, mas também como a legislação e regulamentação oferecida pelos go-vernos operam para fomentar e facilitar o surgimento de novas iniciativas, assim como as dinâmicas entre invenções

e inovações trazidas por essas novas entidades. [9]

“Portanto, um trade-off pode ser gerado entre inte-gração e diferenciação como possíveis sinergias que podem ser exploradas e moldadas. A forma que

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Hélice-Tríplice é a partir de uma arquitetura em que cada relação entre os três componentes ocupa um posição no espaço, oferecendo uma perspectiva mais visual entre as relações baseadas em conhecimento e auxiliando uma análise de dados sistemática. Esse pa-drão auxilia na compreensão e consequente dissemi-nação da importância dessas interações, como cada um dos três atores participa e qual deles tem papel

mais determinante no resultado final. [11]

Uma economia baseada em conhecimento, conforme apresentada na figura acima, contribui para a criação de políticas econômicas que assegurem organizações sociais do conhecimento, tais como setores de Pesquisa & Desenvolvimento, sejam engastadas nas dinâmicas do sistema, tornando-as parte indispensável do fun-cionamento das empresas, universidades e governos. Esse modelo nos leva a um novo paradigma, no qual os componentes do ecossistema empreendedor ativa-mente alocam recursos e infraestrutura para a criação de novas práticas e tecnologias, o que se torna benéfi-co para todo o cenário a médio e longo prazo.

3. A ACADEMIA NA HÉLICE-TRÍPLICE

O desafio de incentivar e promover a educação em-preendedora é, atualmente, em grande parte asso-ciado com as universidades e com o ensino superior em geral. Aumentar o nível e a quantidade de em-preendedorismo em uma sociedade é um problema demasiadamente complexo. Usualmente, investigam--se exemplos anteriores em busca de algum norte. O que acontece, porém, é que não existem receitas ou respostas prontas para resolver esse problema. Os mesmos ingredientes e receita podem funcionar em um determinado ecossistema um dia e falhar em outro

lo-[9] Hélice-Tríplice. Adaptado pelo autor.

sas relações tomam, seus indutores e resultados são um reflexo das forças, que dependem do contexto e dos interesses dos envolvidos.”

— SMITH; LEYDESDORFF, 2013, p. 3 (tradução livre).

Os modelos de Hélice-Tríplice podem ser elaborados com os mais diversos intuitos. Neles representadas, as relações universidade-indústria-governo podem ser encaradas como vínculos interinstitucionais e estuda-das a partir de uma análise sobre as redes sociais cria-das a partir daí, usando o conhecimento adquirido na formulação de práticas tais como aconselhamento de políticas voltadas ao incentivo de setores focados em pesquisa e criação de novas tecnologias, atuação do governo em ações sociais e estratégias de

desenvolvi-mento urbano. [10]

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[10] Modelos da Hélice-Tríplice. Adaptado pelo autor.

[11] Patentes no espaço tridimensional da Hélice-Tríplice.

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cal no dia seguinte. É impossível recriar ambientes em-preendedores como Vale do Silício ou o ecossistema de startups de Tel Aviv. Os próprios não conseguiriam recriar o resultado nas condições atuais.

“Nós temos que admitir que resolver problemas so-ciais complexos continua a ser mais arte que ciência. (...) É possível resolver um problema sem compreen-dê-lo completamente, em certos casos, minha habili-dade de causar mudança pode muito bem ultrapas-sar minha habilidade de explicar como eu consegui fazê-lo.”

— ISENBERG, 2010, p. 3 (tradução livre).

Assim, é necessário que as universidades e organiza-ções que trabalham com educação empreendedora compreendam que a solução do problema passa só em parte por esta mesma educação. Se ela for colo-cada de forma desarticulada, pode acabar aconte-cendo uma evasão dos empreendedores capacitados para ambientes que melhor favoreçam suas iniciativas. Portanto, é imprescindível que haja interação entre o fornecedor de recursos humanos capacitados e os provedores de um ambiente fértil favorável à prosperi-dade dos inovadores.

Temos diversas articulações individuais das universida-des cearenses voltadas ao empreendedorismo e para a educação empreendedora, criando estímulos e in-centivos àqueles que almejam iniciar novos negócios e desenvolver novas ideias. Há um grande interesse em criar iniciativas mais vistosas e vendáveis - Grandes Centros de Empreendedorismo, Polos de Tecnologia e Institutos de Inovação. As universidades, porém, ainda precisam incentivar a educação empreendedora

bási-ca. Devem investir na inserção da disciplina de Empre-endedorismo nas grades curriculares básicas de todos os seus cursos, incluindo aulas voltadas a compreen-são financeira, marketing e planejamento e criação de modelos de negócios.

A academia é um ambiente voltado para o debate e surgimento de novas ideias e tem o maior potencial para ser o centro de geração de conhecimento, crian-do a base para a novos empreendimentos. Se o básico de compreensão sobre o tema não é apresentado a todos os alunos, o custo das oportunidade desperdiça-das se faz imenso. Além disso, professores com expe-riência prática em empresas, escritórios e consultorias se tornam mais completos e preparados para apoiar e mentorar alunos a empreender e em muitos casos se tornarem sócios.

As universidades também se voltam para a solução dos problemas da sociedade através do eixo de ex-tensão.

Através de programas e projetos de extensão, as uni-versidades revertem diretamente para a sociedade o conhecimento gerado dentro de seus espaços. A UFC possui vários programas neste sentido, tais como as Empresas Juniores - associações estudantis mentora-das por professores, que desenvolvem projetos para pessoas físicas e empresas, afim de fornecer produtos e serviços de excelência a preços acessíveis, qualifi-cando os alunos e promovendo uma maior

participa-ção da Universidade na comunidade. [12]

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cenário onde haja crescimento sustentável de empre-sas e do empreendedorismo como um todo sem fortes instituições de educação que possuam em seus pro-gramas pedagógicos o ensino de disciplinas relacio-nadas ao empreendedorismo e programas que as im-plementem na prática.

4. O ESTADO E AS POLÍTICAS PÚBLICAS

Uma questão pertinente que surge nos modelos da Hélice Tríplice é: qual a função do Governo nas rela-ções entre Universidade e Indústria?

A pergunta divide a opinião entre os estudiosos do tema. Enquanto uns (MOTA, 1999) defendem [a] co-operação do governo no fornecimento de incentivos para pesquisa e inovação de uma forma geral, [b] cria-ção de diretrizes para problemas mais estratégicos da sociedade e [c] fornecimento de fundos iniciais para o desenvolvimento de projetos, outros (TECCHIO, 2010) adotam uma postura mais alinhada com o mercado livre, onde o Estado se envolve o mínimo possível nas relações, trabalhando somente com a manutenção da infraestrutura.

Segundo Gama Mota (1999), o governo atua no fo-mento de políticas públicas voltadas para o incentivo ao processo de inovação, bem como no fornecimento dos recursos necessários para a realização de pes-quisas. É papel do Estado, como agente regulador no ecossistema empreendedor, formular leis e criar polí-ticas que catalisem o processo de cooperação entre Empresas e Universidades, assim como remover desin-centivos para a pesquisa e inovação.

Sendo o governo, no Brasil, o principal financiador

das universidades, é fundamental que haja um maior interesse e estudo dele nas principais estratégias de fomento ao empreendedorismo. Hoje, através de cen-tros e institutos instalados nas principais instituições de ensino superior do Ceará, como o Instituto de

Pesqui-sa, Desenvolvimento e Inovação (IPDI) no Campus do

Pici da Universidade Federal do Ceará, o Governo do Estado participa em conjunto com o Governo Federal no financiamento de um espaço para desenvolvimento de tecnologias, produtos e processos, e realização e apoio aos projetos de pesquisa, com a finalidade de promover o desenvolvimento sócio-econômico do Ce-ará. Essa missão do IPDI trás à tona outro importante processo no papel do Governo na Hélice Tríplice: in-tensificar e promover a interação entre cientistas aca-dêmicos e industriais para a resolução de problemas técnico-científicos importantes, captando recursos do setor privado e incentivando a participação das uni-versidades e dos acadêmicos nesse modelo de convê-nio empresa-universidade.

Em nível federal, podemos levantar um grande exem-plo da relevância da atuação do governo no estímu-lo a um ambiente mais favorável ao desenvolvimento das relações empresa-universidade. A Lei de Inovação (Lei nº 10.973, de 12 de dezembro de 2004), primei-ra peça de legislação desenvolvida sobre o tema das relações entre organizações privadas e universidades no Brasil, foi criada para:

[a] Estimular a criação de ambientes especializados e cooperativos de inovação;

[b] Estimular a participação de Instituições Científicas e Tecnológicas (ICT) no processo de inovação;

[13] Assinatura do termo de cooperação para combate ao Aedes aegypti entre a UFC e o Governo do Estado do Ceará. »

[14] Conversações sobre como viabilizar um parque tecnológico

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[c] Estimular a inovação nas empresas;

[d] Estimular o inventor independente;

[e] Estimular a criação de fundos de investimentos para a inovação.

Em 11 de janeiro de 2016, a presidenta Dilma Rousseff sancionou a Lei nº 13.243, que alterou profundamen-te a Lei de Inovação Tecnológica, buscando corrigir falhas detectadas no normativo anterior e reduzir os obstáculos nos vínculos entre os atores do ecossistema empreendedor. No Estado do Ceará, houve também a participação do governo no incentivo e no financia-mento do empreendedorismo e da inovação tecno-lógica, a partir da instituição do Fundo de Inovação Tecnológica do Estado do Ceará (FIT) em 2004 (Lei Complementar nº 50), da Lei de Inovação do Estado do Ceará em 2008 (Lei nº 14.220, de 16 de outubro de 2008).

Na esfera municipal de Fortaleza, a Lei nº 10.409, de 22 de outubro de 2015, dispõe sobre o fomento à pesquisa, à extensão e à inovação, e dá outras provi-dências. Porém, talvez, o mais abrangente programa municipal na capital alencarina que trate do desenvol-vimento socioeconômico seja o Plano Fortaleza2040 que “tem como principal objetivo a transformação de Fortaleza em uma cidade mais acessível, justa e aco-lhedora; o incremento da oferta de oportunidades apoiadas pela boa ordenação da rede de conexões de seus espaços públicos e privados; e a obtenção de controle eficiente do seu crescimento econômico” (PMF, 2015), mais especificamente, os Planos de Ciên-cia, Tecnologia e Inovação; Economia Criativa e, por fim, Novas Indústrias e Serviços Avançados.

[15] Assinatura de um acordo de cooperação técnico-científica na

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Todos estes mecanismos são de importância visceral para a promoção de um ambiente político, econômico e institucional que estimule as empresas a investir em ciência, tecnologia, pesquisa e desenvolvimento, por meio dos corretos incentivos à difusão de ideias por parte do setor privado. Para Fonseca (2001), este é o principal papel no que concerne à inovação tecnoló-gica.

5. A INDÚSTRIA E A INOVAÇÃO TECNOLÓGICA

Inserido no Modelo da Hélice Tríplice, o setor priva-do é o principal agente responsável pelo processo de gestão da inovação tecnológica que, para Mattos; Guimarães (2005), desdobra-se em duas etapas dife-rentes: a geração de uma ideia ou invenção e a trans-formação dessa ideia em um produto comerciável.

“A inovação tecnológica é definida pela introdução no mercado e um produto (bem ou serviço) tecnolo-gicamente novo ou substancialmente aprimorado ou pela introdução na empresa de um processo

produti-vo tecnologicamente aprimorado ou noproduti-vo.”

— MATTOS; GUIMARÃES, 2005.

Portanto, nota-se o mérito da Indústria no ecossistema, ao transfigurar o conhecimento adquirido através de seus setores de pesquisa ou pelo incentivo aos estu-dos acadêmicos, em commodities, tornando esse sa-ber acessível ao público em geral - especialidade das empresas através do marketing. Essas organizações existem para atender as necessidades humanas por intermédio de seus produtos e serviços. A sua expecta-tiva de sobrevivência em uma economia de mercado livre é proporcional à sua capacidade de desenvolver novos produtos (MATTOS; GUIMARÃES, 2005).

Uma organização inovadora é aberta a novas ideias, independentemente de onde surjam, e estimula os es-forços internos para transformá-las em novos produtos, processos e serviços. Ela mede as inovações não por sua importância científica, mas pela contribuição para o mercado e para os clientes (DRUCKER, 1989). Ou

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seja, onde a Academia provê a percepção científica e teórica, a Indústria fornece a perspectiva necessária para adaptar essas inovações às necessidades e an-seios do público.

Assim, encerra-se o ciclo de geração de valor, onde as universidades se beneficiam recebendo recursos de corporações e do Estado, gerando mais conhecimen-to e profissionais mais preparados e capacitados; as empresas têm sua pesquisa e inovação impulsionadas pelas universidades e recebem benefícios do Poder Público; e o Governo consegue, assim, promover um ambiente economicamente mais saudável, com maior diversidade de iniciativas, mais captação de tributos e uma sociedade menos desigual por meio de empresas mais fortes, empregando mais pessoas e gerando mais renda.

6. A GEOGRAFIA E AS DINÂMICAS DO MODELO

As novas tecnologias e relações criadas dentro do espectro da Hélice Tríplice meneiam dentro das três direções universidade-indústria-governo com dinâmi-cas potencialmente diferentes, assumindo uma maior prioridade para uma ou outra direção de acordo com as suas diretrizes na economia baseada no conheci-mento.

Nesses modelos, três dimensões são importantes: a econômica, a política e a sócio-cognitiva - e todas apresentam grande potencial para mudança.

Ambas as pressões das integrações locais e globais por diferenciações podem ser continuamente espe-radas - com implicações no desenrolar parcial e na reconstrução do modelo de Hélice Tríplice (SMITH;

LEYDESDORFF, 2013).

Tais complexidades são sempre moldadas pela ge-ografia - lugar e espaço, assim como pela cultura e contexto geral do local. Contudo, divergentemente dos sistemas regionais e nacionais de inovação e em-preendedorismo, o Modelo possibilita ao analista, à autoridade ou ao empreendedor a consideração so-bre dinâmicas específicas, cooperando na montagem de uma estratégia mais aplicável e que pode gerar re-sultados mais consistentes.

No Estado do Ceará, mais especificamente em Forta-leza, nota-se uma tendência cada vez maior ao incen-tivo das atividades empreendedoras, com a criação do Polo Tecnológico de Fortaleza, a chegada de in-fraestrutura de comunicação pelos cabos internacio-nais de fibra ótica, definição de condutas de apoio ao empreendedorismo por instituições de ensino superior, legislações pelo governo e foco de iniciativas privadas para o fortalecimento do ecossistema empreendedor. Portanto, é possível contemplar um potencial imenso do ambiente cearense no desenvolvimento de novas tecnologias e surgimento de novos negócios, no qual diversas instituições do ecossistema trabalham para atingir os diversos domínios, promovendo uma econo-mia mais competitiva e uma sociedade mais próspera, favorecendo o conjunto de forma holística (O ESTA-DO, 2015).

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A integração e colonização do Ceará, contrariamen-te ao padrão colonial da zona da mata do nordescontrariamen-te brasileiro, ocorreu do sertão em direção ao mar. Este fato se deu pela tardia integração do nosso Estado ao sistema econômico colonial no século XVIII, fruto da expansão do gado vindo da costa de Pernambuco e da Bahia para o sertão. Dessa forma, a economia ce-arense esteve voltada para a pecuária até o início do século XIX, gerando produtos secundários para a me-trópole portuguesa, mais interessada nos lucros pro-venientes das regiões açucareiras. Sujeita a Capitania de Pernambuco, Fortaleza - capital administrativa do Ceará - tinha o direito de comercializar diretamente com Portugal cerceado, com isso, outras vilas (Araca-ti, Aquiraz, Icó e Sobral) mais ligadas à produção de produtos pecuários apareciam com mais destaque na economia da Capitania cearense. (PMF, 2015).

A urbanização em Fortaleza passou a ser estudada no começo do século XVIII, com o plano urbanístico do Tenente Coronel português Silva Paulet em 1812 que, com seu formato xadrez, tornou esse padrão o modelo a ser seguido pelos planos subsequentes (LINHARES, 1992).

Apesar de sua confirmação como capital da capita-nia, a vila de Fortaleza só vingou as expectativas de desenvolvimento em meados do século XIX, com a construção do farol de luz fixa da ponta do Mucuripe, em 1860. A cultura do algodão juntou-se, então à pe-cuária - formando o binômio gado-algodão quando começaram as primeiras vendas dos produtos para o exterior - mas foi apenas no decorrer do século XIX que o cultivo do algodão se espalhou pelo interior e pro-moveu uma modificação relevante no cenário urbano de Fortaleza devido à sua transformação em “centro

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coletor e exportador” (SILVA, 1994. Apud PMF, 2015). A cidade tornou-se aos poucos palco de um acelera-do crescimento demográfico e de intenções civiliza-doras vigentes nos fins do século XIX. Novos discursos pretendiam alinhá-la rapidamente ao modelo europeu de modernização urbana, sendo patrocinado pelas elites políticas, econômicas e intelectuais, formada principalmente por profissionais liberais, como bacha-réis, médicos e engenheiros (PONTE, 1993). O projeto defendido era o de uma remodelação urbana da ci-dade, através da reestruturação da arquitetura de seus prédios, da composição de seus jardins e logradouros e de suas ruas (PONTE, 2007 In: SOUSA, 2007).

Adolfo Herbster foi convidado, então, a elaborar o plano urbanístico de Fortaleza entre as décadas de 1870-1880, seguindo as diretrizes estabelecidas an-teriormente por Antônio José da Silva Paulet. Reafir-mou-se, assim, a antiga imagem-matriz do xadrez nas intenções de esquadrinhamento do espaço desejado para uma “nova” Fortaleza, atualizando-o ao esten-der cada vez mais as linhas para a periferia de então, ainda no sentido mar-interior. Esse plano de ação limi-tou-se a uma área vivenciada e praticada pelos mais abastados, formando um “centro urbano, que compre-endia a cidade propriamente dita, situada entre o mar e as vizinhanças da atual avenida Duque de Caxias, entre a depressão do Pajeú e as proximidades da atual praça José de Alencar” (CORDEIRO, 2007). Nota-se, portanto, a importância geográfica do Riacho Pajeú, que no primeiro momento, constituiu uma barreira à expansão da malha urbana em direção à zona leste.

Os símbolos de um possível desenvolvimento eram outros. As novas mudanças foram representadas à época pela instalação da ferrovia de Baturité (1873),

a implementação de um sistema de iluminação a gás, o alargamento de algumas avenidas, a criação de um teatro e um mercado de ferro. Destacaram-se ainda as melhorias no porto e o estabelecimento de firmas es-trangeiras na cidade que concretizaram os anseios de aumento de fluxo de pessoas e mercadorias. Por fim, tivemos a construção do novo cemitério, o São João Batista, afastando para periferia os mortos e as doen-ças da região mais valorizada da cidade. (PMF, 2015)

No fim da década de 1880, cumpriram-se de manei-ra mais objetiva as tmanei-ransformações que fomanei-ram sendo construídas paulatinamente nos anos anteriores con-vertendo-se em transformações não apenas na arqui-tetura da cidade, mas também no próprio cotidiano e na subjetividade das pessoas através da influência das ideias positivistas, evolucionistas e liberais.

A partir do século XX, iniciou-se um processo corres-pondente à grande especialização funcional e ao adensamento de edificações, motivados por um ace-lerado crescimento urbano marcado por intensa subur-banização. Neste período o centro foi condicionado a adaptar-se a uma crescente procura por comércio e serviços. De forma geral, o ambiente construído sofreu transformações significativas tanto no que se refere às edificações - através de um processo de substituição e descaracterização - como aos espaços públicos - por uma adaptação às novas necessidades de circulação (RUFINO, 2005). O final deste período correspondeu à máxima extensão da área central, a partir das ações de adensamento e adequação das estruturas urbanas (RUFINO, 2005).

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52 [17] Rua Guilherme Rocha (1932). [18] Rua Conde d'Eu.

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[20] Planta da cidade de Fortaleza e subúrbios (1875). [21] Planta exata da capital do Ceará (1859).

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1. LOCALIZAÇÃO

O local selecionado para a implantação do Centro de Inovação e Cultura Empreendedora fica no espaço que apresenta a maior potencialidade para atender às necessidades urbanísticas do programa e que tam-bém solicita maior demanda de recuperação da sua espacialidade construída, na quadra definida pelas vias: Rua do Pocinho e Av. Santos Dumont ao Sul, Rua Coronel Ferraz à Leste, Rua Visconde Sabóia ao Norte e Rua Governador Sampaio à Oeste.

Situa-se no Bairro do Centro, na cidade de Fortaleza localizado na porção norte do município de Fortaleza. Totalizando 486 hectares, seu perímetro é delimitado pelos bairros Joaquim Távora, Aldeota, Praia de Ira-cema, Meireles, Benfica, José Bonifácio, Farias Brito, Jacarecanga e Moura Brasil. Ele integra, por si só, a SERCEFOR (Secretaria Executiva Regional do Centro de Fortaleza). Seus limites administrativos são: ao Nor-te, o Oceano Atlântico, a Linha Férrea e a Av. Presiden-te CasPresiden-telo Branco; a OesPresiden-te, a Rua Padre Ibiapina; a Leste, a Rua João Cordeiro e ao Sul pela Rua Antônio Pompeu (HABITAFOR, 2009).

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Limites do Bairro

Limites do Centro Histórico

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Limites do Centro Histórico

Poligonal de Tombamento

ZEDUS I

ZEDUS II

ZEPH

ZO III

ZOP 1

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[25] Equipamentos relevantes. Elaborado pelo autor.

Limites do Centro Histórico Poligonal de Tombamento

Cultural Comercial Verde / Livre Religioso Saúde Institucional Educacional

01- antiga alfândega (caixa cultural)

02- centro cultural dragão do mar

03- sefaz 04- mercado central 05- fortaleza nossa senhora da assunção

06- museu da indústria 07- passeio público 08- santa casa de misericórdia 09- antiga cadeia pública (emcetur)

10- estação joão felipe 11- sobrado dr josé lourenço 12- catedral de fortaleza 13- paço municipal 14- centro cultural banco do nordeste

15- praça dos leões 16- igreja nossa senhora do rosário

17- palácio da luz 18- praça do ferreira

19- cineteatro são luiz 20- praça josé de alencar 21- teatro josé de alencar 22- iphan

23- lord hotel 24- colégio liceu do ceará 25- dnocs

26- mercado são sebastião 27- faculdade de direito ufc 28- instituto dr josé frota 29- igreja do carmo 30- justiça federal 31- parque da liberdade 32- igreja do sagrado coração de jesus

33 - parque do pajeú 34- escola justiniano de serpa 35- igreja do pequeno grande 36- colégio da imaculada conceição

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[26] Bens tombados. Elaborado pelo autor.

Limites do Centro Histórico Poligonal de Tombamento

Tombamento Federal

01- passeio público 02- teatro josé de alencar 03- palacete carvalho mota

04- assembleia provincial (museu do ceará)

Tombamento Estadual

01- armazéns particulares 02- secretaria da fazenda 03- antiga cadeia pública (emcetur) 04- estação joão felipe 05- galpões da rffsa 06- sede do iphan 07- cineteatro são luiz 08- palacete ceará

09- praça dos leões - palácio da luz - igreja do rosário

10- solar fernandes vieirea 11- sobrado josé lourenço

Tombamento Municipal

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[27] Vazios urbanos. Elaborado pelo autor.

Limites do Centro Histórico

Poligonal de Tombamento

Estacionamento

Prédios subutilizados

Prédios vazios

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[28] Uso e ocupação. Elaborado pelo autor.

Limites do Centro Histórico

Poligonal de Tombamento

Uso comercial

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2. LEGISLAÇÃO

Segundo o zoneamento estabelecido pelo Plano Dire-tor Participativo de Fortaleza de 2009 (PDPFOR2009), o terreno está inserido na Macrozona Ocupada, na Zona de Ocupação Prioritária 1, a Zona Especial de Dinamização Urbanística e Socioeconômica do Cen-tro e Zonas Especiais de Preservação do Patrimônio Paisagístico, Histórico, Cultural e Arqueológico. Estas zonas são regulamentadas pela Lei Complementar nº 236, de 11 de agosto de 2017, que trata de parcela-mento, uso e ocupação do solo.

Foi utilizado, ainda, como instrumento de direciona-mento dos parâmetros legais, a Instrução de Tomba-mento do Conjunto Colégio da Imaculada Conceição, Igreja do Pequeno Grande, Escola Jesus, Maria e José e Escola Estadual Justiniano de Serpa. Documento desenvolvido pela Coordenadoria de Patrimônio His-tórico da Prefeitura Municipal de Fortaleza que serve como base para o estabelecimento da Poligonal de preservação destes objetos arquitetônicos.

A legislação referente e normativa cabível segue nos

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Art. 79 - A Zona de Ocupação Preferencial 1(ZOP1) caracteriza-se pela disponibilidade de infraestrutura e serviços urbanos e pela presença de imóveis não utilizados e subutilizados; desti-nando-se à intensificação e dinamização do uso e ocupação do solo.

Art. 80 - São objetivos da Zona de Ocupação Preferencial 1 (ZOP1):

I - possibilitar a intensificação do uso e ocupação do solo e a ampliação dos níveis de adensamen-to construtivo, condicionadas à disponibilidade de infraestrutura e serviços e à sustentabilidade urbanística e ambiental;

II - implementar instrumentos de indução do uso e ocupação do solo, para o cumprimento da fun-ção social da propriedade;

III - incentivar a valorização, a preservação,a re-cuperação e a conservação dos imóveis e dos elementos característicos da paisagem e do pa-trimônio histórico, cultural, artístico ou arqueoló-gico,turístico e paisagístico;

IV - prever a ampliação da disponibilidade e re-cuperação de equipamentos e espaços públicos;

V - prever a elaboração e a implementação de planos específicos, visando à dinamização so-cioeconômica de áreas históricas e áreas que concentram atividades de comércio e serviços;

VI - promover a integração e a regularização urbanística e fundiária dos núcleos habitacionais de interesse social existentes;

VII - promover programas e projetos de habita-ção de interesse social e mercado popular.

ZONA DE OCUPAÇÃO PRIORITÁRIA 1 — ZOP 1

[PDPFOR2009, Capítulo III, Seção II]

Art. 81 - São parâmetros da ZOP 1:

I - índice de aproveitamento básico: 3,0;

II -índice de aproveitamento máximo: 3,0;

III - índice de aproveitamento mínimo: 0,25;

IV - taxa de permeabilidade: 30%;

V - taxa de ocupação: 60%;

VI - taxa de ocupação de subsolo: 60%;

VII - altura máxima da edificação: 72m;

VIII- área mínima de lote: 125m2;

IX - testada mínima de lote: 5m;

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Art. 153 - As Zonas Especiais de Preservação do Patrimônio Paisagístico, Histórico, Cultural e Ar-queológico (ZEPH) são áreas formadas por sítios, ruínas, conjuntos ou edifícios isolados de relevan-te expressão arquirelevan-tetônica, artística,histórica, cul-tural,arqueológica ou paisagística,considerados representativos e significativos da memória arqui-tetônica, paisagística e urbanística do Município.

Art. 154 - São objetivos das Zonas Especiais de Preservação do Patrimônio Paisagístico, Históri-co, Cultural e Arqueológico (ZEPH):

I - preservar, valorizar, monitorar e proteger o patrimônio histórico, cultural, arquitetônico, artís-tico, arqueológico ou paisagístico;

II - incentivar o uso dessas áreas com atividades de turismo, lazer, cultura, educação, comércio e serviços;

III -estimular o reconhecimento do valor cultural do patrimônio pelos cidadãos;

IV- garantir que o patrimônio arquitetônico tenha usos compatíveis com as edificações e paisagis-mo do entorno;

V - estimular o uso público da edificação e seu entorno;

VI - estabelecer a gestão participativa do patri-mônio.

Art. 160 - Serão aplicados nas Zonas Especiais de Preservação do Patrimônio Paisagístico, His-tórico, Cultural e Arqueológico (ZEPH),especial-mente,os seguintes instrumentos:

I - direito de preempção;

II - direito de superfície;

III - tombamento;

IV - transferência do direito de construir;

V - estudo de impacto de vizinhança (EIV);

VI - estudo ambiental (EA).

ZONAS ESPECIAS DE PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO PAISAGÍSTICO, HISTÓRICO, CULTURAL E ARQUEOLÓGICO — ZEPH

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Art. 166. As normas de parcelamento, uso e ocu-pação do solo das Zonas Especiais de Preserva-ção do Patrimônio Paisagístico, Histórico, Cultu-ral e Arqueológico (ZEPH) prevalecem sobre as Zonas Especiais de Dinamização Urbanística e Socioeconômica (ZEDUS)

ANEXO 4 - PARÂMETROS URBANOS DA OCU-PAÇÃO

Anexo 4.2 - Macrozona de Ocupação Urbana - Subzona 2 - ZEPH - Setor 1:

I - índice de aproveitamento básico:1,0;

II -índice de aproveitamento máximo: 2,0;

III - índice de aproveitamento mínimo: 0,25;

IV - taxa de permeabilidade: 20%;

V - taxa de ocupação: 60%;

VI - taxa de ocupação de subsolo: 60%;

VII - altura máxima da edificação: 48m;

VIII- área mínima de lote: 125m²;

IX - testada mínima de lote: 5m;

X - profundidade mínima do lote: 25m.

ZONAS ESPECIAS DE PRESERVAÇÃO DO PATRIMÔNIO PAISAGÍSTICO, HISTÓRICO, CULTURAL E ARQUEOLÓGICO — ZEPH

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Art. 149 - As Zonas Especiais de Dinamização Urbanística e Socioeconômica (ZEDUS) são por-ções do território destinadas à implantação e/ou intensificação de atividades sociais e econômi-cas, com respeito à diversidade local, e visando ao atendimento do princípio da sustentabilidade.

Art. 150 - São objetivos das Zonas Especiais de Dinamização Urbanística e Socioeconômica (ZE-DUS):

I - promover a requalificação urbanística e a di-namização socioeconômica;

II - promover a utilização de terrenos ou glebas considerados não utilizados ou subutilizados para a instalação de atividades econômicas em áreas com condições adequadas de infraestrutu-ra urbana e de mobilidade;

III - evitar os conflitos de usos e incômodos de vizinhança;

IV - elaborar planos e projetos urbanísticos de desenvolvimento socioeconômico, propondo usos e ocupações do solo e intervenções urba-nísticas com o objetivo de melhorar as condições de mobilidade e acessibilidade da zona.

Art. 152 - Serão aplicados nas Zonas Especiais de Dinamização Urbanística e Socioeconômica (ZEDUS), especialmente, os seguintes instrumen-tos:

I - parcelamento, edificação e utilização compul-sórios;

II - IPTU progressivo no tempo;

III - desapropriação com títulos da dívida

públi-ca;

IV - estudo de impacto de vizinhança (EIV);

V - estudo ambiental (EA);

VI - instrumentos de regularização fundiária;

VII - direito de preempção;

VIII - direito de superfície;

IX - operação urbana consorciada;

X - consórcio imobiliário;

XI - outorga onerosa do direito de construir.

ZONAS ESPECIAS DE DINAMIZAÇÃO URBANÍSTICA E SOCIOECONÔMICA — ZEDUS

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ZONAS ESPECIAS DE DINAMIZAÇÃO URBANÍSTICA E SOCIOECONÔMICA — ZEDUS CENTRO

[Lei Complementar nº236, Seção III, Subseção I]

Art. 155. As edificações situadas na Zona Espe-cial de Dinamização Urbanística e

Socioeconômica (ZEDUS) Centro - Trecho 1 - es-tão sujeitas às seguintes restrições:

I - para os lotes lindeiros às ruas e avenidas de sentido norte-sul, o pavimento térreo deverá ser recuado até liberar um passeio mínimo de 4,00m (quatro metros) e sem qualquer fechamento, in-clusive na lateral;

II - para os lotes lindeiros às ruas de sentido les-te-oeste, o pavimento térreo deverá ser recuado até liberar um passeio mínimo de 3,00m (três metros) e sem qualquer fechamento, inclusive na lateral;

III - para os lotes lindeiros às avenidas de sentido leste-oeste, o pavimento térreo

deverá ser recuado até liberar um passeio mí-nimo de 4,00m (quatro metros) e sem qualquer fechamento, inclusive na lateral.

Art. 156. A ocupação do Trecho 1 especificado no artigo anterior poderá utilizar-se dos seguintes incentivos:

I - em terreno de esquina, a dispensa dos recuos de fundo, até o quarto pavimento;

II - a dispensa dos recuos laterais até o quarto pavimento;

III - o avanço em balanço, até o alinhamento, dos três primeiros pavimentos acima do térreo, desde que o nível do piso pronto do quarto pavimento não ultrapasse a cota dos 12,00m (doze metros) contados do nível médio do passeio por onde

existe acesso.

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Zona 1 - Diretrizes:

- Manter a vegetação existente, realizando re-gularmente verificações quanto ao seu estado de conservação. Caso haja a necessidade de supressão vegetal, introduzir no local, no míni-mo a mesma quantidade de espécies suprimidos atentando para a boa relação entre as novas es-pécies e as existentes;

- Recuperar e padronizar as calçadas e cantei-ros do entorno, atentando para a acessibilidade universal.

- Impossibilitar a unificação e o re-parcelamento dos lotes atuais para resguardar a ambiência;

- As novas edificações deverão ter altura máxima de 12m ou 4 pavimentos de forma a não bloque-arem visualmente os imóveis em estudo e mante-rem a ambiência do entorno;

- As reformas nos edifícios existentes, que inte-grem novos pavimentos, não devem ultrapassar o gabarito de 12m ou 4 pavimentos.

INSTRUÇÃO DE TOMBAMENTO DO CONJUNTO

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3. PROGNÓSTICO

Posteriormente à avaliação do diagnóstico da área, é possível destacar algumas potencialidades, levando em consideração fatores urbanos, socioeconômicos, ambientais e legais:

- Alta densidade de infraestrutura urbana já consoli-dada;

- Legislação e programas públicos favoráveis à insta-lação de espaços físicos para novos negócios;

- Centralidade do bairro favorece acesso a partir de diversas regiões da cidade, facilitando a convergência de recursos humanos;

- Fácil acesso a serviços de apoio às empresas mitiga custos operacionais dos usuários do CICE;

- Proximidade à áreas verdes, espaços culturais e de lazer;

- Presença de equipamentos públicos e instituições go-vernamentais no entorno, favorecem as relações em-presa-governo;

- Grande oferta de imóveis desocupados, disponíveis para recuperação e uso de empresas em expansão.

Assim, nota-se no terreno escolhido uma capacidade de desenvolvimento e recuperação do entorno muito grande - favorecendo a recuperação do Bairro do Centro como um todo - atraindo recursos, aumentan-do a demanda por habitação e novos serviços e con-centrando os esforços já existentes de criação de um

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o c e n t r o d e i n o v a ç ã o e c u l t u r a

e m p r e e n d e d o r a

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1. INTRODUÇÃO AO PROJETO

O Centro de Inovação e Cultura Empreendedora foi elaborado a partir da proposta de materialização de um espaço voltado para o incentivo e fomento de um ecossistema empreendedor favorável ao surgimento de novas iniciativas, negócios, práticas e ideias que repercurtam na sociedade política, social e economi-camente.

Essa missão será posta em prática pela instalação de organizações privadas, organismos públicos e insti-tuições de ensino superior em um espaço comum, de modo a explorar as potencialidades individuais de cada um dos atores da Hélice Tríplice e, principalmen-te, extraindo soluções únicas que só seriam possíveis através da integração entre esses três setores.

Diversas iniciativas já vêm sendo tomadas nesse sen-tido, como o Programa do Polo Tecnológico de Forta-leza (PTFor) e do Polo Criativo de FortaForta-leza (PCFor), criados através da Lei 9.585 de 30 de Dezembro de 2009 que incentivou a criação do Polo de Tecnologia

da Universidade de Fortaleza, por exemplo. [29] [30] [31]

Esses polos surgem aliados à legislação de parcela-mento, uso e ocupação do solo, posto que devem se instalar nas Zonas Especiais de Dinamização Urbanís-tica e Socioeconômica (ZEDUS). Por meio de políUrbanís-ticas como essa, o Estado atrai o investimento e a instala-ção de sedes de grandes empresas e o surgimento de novas, incentivando também a recuperação de áreas degradadas, como o Centro de Fortaleza.

A principal referência conceitual do projeto foi o Porto Digital, iniciativa pública-privada-acadêmica criada

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