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GEOGRAFIA E AGRÁRIA E AS NOVAS TERRITORIALIDADES 1. Lisanil da Conceição Patrocínio Pereira UNEMAT- UNESP -

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GEOGRAFIA E AGRÁRIA E AS NOVAS TERRITORIALIDADES1

Lisanil da Conceição Patrocínio Pereira – UNEMAT- UNESP - lisanil@ig.com.br

INTRODUÇÃO

Os estudos em Geografia Agrária têm seu ponto de referência nas obras seminais de Kautsky, Chayanov e Shanin. O objetivo deste trabalho é discutir essa nova territorialidade que tem sido imposta ao campo brasileiro através do agronegócio, sobretudo no estado de Mato Grosso onde temos desenvolvido pesquisa para embasar nossa Tese.

Assim, para o desvelar desta pesquisa, os procedimentos metodológicos têm sido leituras bibliográficas tanto de obras seminais como de autores que chamamos de secundário no plano nacional, e, leituras da produção local, bem como visitas in locu em algumas áreas que definimos como prioritária para este estudo, sendo estas, áreas de domínio do agronegócio, na qual ainda é mantida a agricultura camponesa.

O fenômeno das formas de produção que subsistiram ao avanço do capitalismo, tal como as do campesinato, apresenta-se como um campo fértil tanto para investigações empíricas como para as construções macro-explicativas de sua permanência sob formas diversas, no mundo em geral. Como instrumento de fundamentação das posições teóricas adotadas nesta tese, será entabulada, para este texto, uma discussão das interpretações feitas pelos autores clássicos e autores brasileiros, sobre a inserção do campesinato na sociedade capitalista globalizada.

A discussão teórica entre os clássicos, está ligada ao paradigma que cada autor defende; porém, o que gera os conflitos entre as categorias de produção, das quais estamos

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Este texto é parte dos estudos desenvolvido para a Tese de doutorado desenvolvido no Programa de Pós-Graduação em Geografia da UNESP de Presidente Prudente-SP.

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tratando, é a recriação camponesa diante das novas territorialidades da geografia como o agronegócio que vem se desenvolvendo em Mato Grosso, e que tem sido legitimado através da luta pela terra, diante da estrutura fundiária altamente concentrada.

A questão agrária tem compreendido as dimensões econômica, social e política. Fernandes (2001), diz que não há saídas para os problemas inseridos na questão agrária, sendo o seu limite, a superação, que é impossível no capitalismo e isto respalda a luta pela terra, sendo esta luta contra o capital; por isso, um dos sérios problemas da questão agrária no Brasil se refere à posse ou propriedade da terra.

A discussão da posse da terra nos remete a colonização do país em 1500, quando a terra passou a ser dividida pelo sistema de sesmarias, beneficiando apenas uma parcela de pessoas ligadas à coroa Portuguesa. É bom lembrar que no continente americano não havia a propriedade privada da terra até a chegada do europeu. Com a Lei de Terras de 1850, a terra passou então a ser considerada propriedade, através da promulgação da lei nº 601 de 18 de setembro de 1850, decretada por D. Pedro II.

AS NOVAS TERRITORIALIDADES DA GEOGRAFIA BRASILEIRA

Atualmente, uma nova territorialidade tem sido imposta ao campo brasileiro através do agronegócio no Brasil, sobretudo em Mato Grosso, fundamentada em políticas econômicas voltadas ao desenvolvimento do capital neoliberal tem sido intensa, desigual e contraditória. Haja vista ver hoje maio de 2006 a contraditória luta de produtores rurais fechando as BRs do estado de Mato Grosso e outros estados da federação, reivindicando câmbio flutuante com dólar mais alto, alongamento de dívidas e mais dinheiro para aqueles que já ganham tanto comparativamente com os agricultores familiares deste país. A partir das décadas de 1990 até hoje, com a mundialização da economia já não importa mais se o capital é nacional ou internacional, a exemplo da Bunge Alimentos (Multinacional holandesa) que tem financiado grande parte da produção no estado de Mato Grosso. Pois, não há mais nacionalismo, pois as políticas de desenvolvimento estão

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sujeita, a determinações do Banco Mundial, da OMC(Organização Mundial do comércio) e do FMI (Fundo Monetário Internacional). E, este modelo tem sido imposto como um modelo único do capitalismo sobre os demais modelos da sociedade. Alguns desses modelos têm sido a substituição do conceito de agricultura camponesa por agricultura familiar.

O agronegócio, agricultura familiar e agricultura camponesa têm sido usados de forma consensual pautando grande parte do ensino de geografia em muitas instituições de ensino, sobretudo em Programas de Pós-graduações.

Geógrafos e cientistas têm se utilizado destes conceitos sem se preocupar com a origem até mesmo do ponto de vista político do conceito. De acordo com Fernandes (2005), essa prática revela a falta de método, considerando que o conceito está atrelado a um paradigma ou a uma corrente teórica.

A IDEOLOGIA DO AGRONEGÓCIO

Esta ideologia se apresenta como uma totalidade, como se não pudesse existir nada além do mundo capitalista e a reprodução ampliada do capital encontra hoje um mercado livre no planeta terra, tanto em matéria prima para produção como em mercado consumidor. “Essa condição permitiu a intensificação da territotialização do capital e a destruição de relações não capitalistas” Fernandes (2005, p. 4862).

Bordieu (2001), apresenta o pensamento contraofensivo e lança a crítica ao agronegócio e endossa o MST, como um movimento universal contra o neoliberalismo. Qual a solução para este quadro de concentração de terras? A Reforma Agrária tende a ser o caminho mais indicado. Porém, qual é finalidade da Reforma Agrária? Será o aspecto econômico? Para responder ao econômico, o agronegócio já o está resolvendo, buscando atender aos itens produtividade, lucratividade, competividade, segundo a visão de alguns teóricos. Por isso, para a classe trabalhadora camponesa, não resta outra alternativa, senão a luta pela

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terra, e, nessa direção o MST tem conseguido recolocar a questão agrária na agenda do governo e da sociedade brasileira.

A organização e atuação do MST em Mato Grosso chegaram tardiamente ao estado, restando ao MST lutar pela redistribuição de terras através dos movimentos de luta pela terra. Ao analisar a espacialização do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra no estado de Mato Grosso, que não é a pretensão deste texto, tem-se na verdade tentado pensar sobre a atuação do Estado capitalista na transformação do espaço agrário matogrossense, através dos incentivos fiscais concedidos pelo Governo Federal à ocupação da Amazônia Legal, que foram decisivos na sua reorganização espacial, sobretudo na área rural. Estes incentivos beneficiaram principalmente o estado de Mato Grosso com uma infinidade de projetos financiados pela SUDAM e programas especiais de desenvolvimento e de colonizações, políticas estas que visavam não possibilitar a Reforma Agrária.

O capital tentou subordinar e extinguir a figura do camponês, pois o capital tende a impor relações salariais e ampliar o número de consumidores que dependam exclusivamente do mercado. E, o camponês não está preocupado com a modernização e com o ritmo imposto pelo capital, apesar de ser uma categoria que responde por parte da produção que abastece o mercado interno respondendo também por parte da exportação brasileira, mas seguindo lógicas diferentes em relação ao grande proprietário de terras. A figura do camponês é aquela, sim, que produz a sua subsistência e vende o excedente no mercado para trocar por mercadorias que este não produz em sua propriedade, porém não discordamos que a técnica é necessária até para que este camponês se mantenha no mercado e não seja destruído pelo mercado.

É preciso ressaltar o papel do Estado na mudança de paradigma dos atores sociais que estão no campo produzindo, pois ao permitir a modernização da agricultura de forma

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conservadora, como apontou Graziano da Silva (1981), selou também o compromisso com as empresas agropecuárias voltadas à produção em larga escala.

As instituições de assistência submeteram se ao modelo tecnológico imposto pelas multinacionais sem contar que, a exemplo de Mato Grosso, a EMPAER, atualmente, está praticamente sucateada deixando de dar a assistência necessária, principalmente, aos agricultores familiares. O autor aponta ainda que estas empresas tratam de forma igual os grandes e pequenos produtores. Particularmente, pensamos que ao colocar no mesmo plano, grandes e pequenos, ignora se o agricultor familiar que carece de políticas de financiamento, que atendam as suas necessidades, pois este não tem condições de dar garantias que o grande produtor pode. Este pequeno produtor familiar não pode disponibilizar como garantia sua propriedade, uma vez que representa a impotência perante a garantia da reprodução dos meios de vida e de trabalho por parte desses milhões de famílias.

Não é fácil para o camponês conseguir um financiamento, assim como também não é fácil para este mesmo camponês pagar o financiamento recebido. Esta realidade foi observada em nosso campo de estudo no Assentamento Antonio Conselheiro inserido no município de Tangará da Serra.

TANGARÁ DA SERRA: ASSENTAMENTO ANTONIO CONSELHEIRO.

O município de Tangará da Serra, foi colonizado a partir de 1960, através da empresa SITA (Sociedade Imobiliária Tupã para Agricultura Ltda), com o objetivo de implantar um pólo agrícola aproveitando-se da fertilidade do solo e de clima propício à agricultura. O nome Tangará foi escolhido por causa do pássaro Tangará, de cores expressivas e canto belo, encontrado em grande quantidade no município. Este município está localizado na mesorregião sudoeste matogrossense e microrregião de Tangará da Serra (FERREIRA, 2001).

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Este município está localizado a 230 Km de distância da capital do estado, sendo hoje uma cidade com características peculiares ao agronegócio. Apresentando em sua organização territorial, a dinâmica que o capital impõem, sendo que há uma divisão clara do território entre a grande e a pequena propriedade.

O município de Tangará da Serra, conta com um Plano de Incentivos voltados à empresas novas, que vem contribuindo para atrair investimentos para essa área. Nesse sentido, o estado tem também se tornado um agente econômico incentivador da expansão das grandes indústrias principalmente da produção de soja, pois esta cultura, destacando-se no cerrado entre os produtos agrícolas “[...] suscetíveis de adição de valor agregado através da transformação industrial. Sendo a cultura de maior expansão no cerrado, garante a estabilidade do fornecimento da matéria-prima”. (BERNARDES, 1996, p.343).

Tangará da Serra, apresenta uma estrutura fundiária concentrada, com grandes propriedades que ultrapassam os 20 (vinte) mil hectares, estas propriedades estão voltadas para a produção de culturas de exportação ou pecuária extensiva. Essas grandes propriedades rurais são empresas agrícolas, onde poucos funcionários administram grandes culturas mecanizadas. Desta forma, a mão de obra torna a produção um dado de menor custo, pois os assalariados exercem funções que rendem muito acima de seus vencimentos, caracterizando a lei da mais valia. Esta mecanização desocupa os trabalhadores no campo.

Conseqüentemente, o proprietário consegue maximizar o lucro no menor prazo possível provocando, indubitavelmente, sérias agressões ao meio ambiente. Além do impacto ao ambiente em detrimento do lucro, também têm a mecanização, que expulsa a mão de obra, o espaço de arrendatários, posseiros, e outros pequenos produtores. Esta situação, muito presente ainda hoje no território de Tangará da Serra, onde grandes extensões de terra liberam os trabalhadores rurais do trabalho é que forjou estes mesmos trabalhadores

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a ocuparem a rodovia ao longo do município de Nova Olímpia, onde se localiza as Usinas Itamaraty, do grande produtor de soja do início da década de 1990, Olacyr de Moraes, hoje administrado pelos seus filhos.

O Assentamento Antonio Conselheiro foi criado somente em 1999, sendo implementada na Fazenda Tapirapuã, em uma área de 37.258,81 hectares, com abrangência a áreas dos municípios de Tangará da Serra, Barra do Bugres e de Nova Olímpia.

Este assentamento encontra-se inserido em um espaço no qual o capital já se firmou e está em expansão diante da crescente demanda do agronegócio, voltada à produção de soja, algodão, açúcar e álcool. Mas, mesmo com o domínio do agronegócio nessa área, a agricultura familiar tem lutado para gerar subsistência. Apesar da expansão de formas capitalistas de produção na agricultura, os agricultores familiares possuem trajetórias diferenciadas, fazendo uso de diversas estratégias de produção para adaptar-se as demandas impostas pelo mercado e assegurar a reprodução da família. Esta reprodução da família é cada vez mais difícil e acaba obrigando o camponês a assalariar-se, quando possível, para complementar a renda da família ou ainda o abandono da terra, para ir em busca de novas oportunidades.

Percebe-se pelos números apresentados, com a distribuição de terras dessa propriedade, a desconcentração de terra e representação social, quando se considera o fato de que toda a área na qual esta assentado o PA Antonio Conselheiro atendia somente a 18 famílias, que eram utilizadas como mão-de-obra pela agropecuária e que não possuíam terras no local. Depois da desapropriação, a mesma área passou a atender a mais de 900 famílias.

Muitas são as dificuldades para a reprodução no interior do assentamento; portanto, a identificação dos pontos de estrangulamento ou dificuldades políticas, econômicas e sociais experimentados pelos assentados foi possibilitada pela aplicação do roteiro de

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entrevistas com questões que versaram sobre a infra-estrutura do assentamento, as condições de vida nos assentamentos, tais como energia, moradia, transporte, educação, saúde, comunicação, estradas, assistência técnica, condições do solo, financiamentos e posse da terra etc.

No campo, observamos que as dificuldades são enormes desde os financiamentos até a forma de transporte de produção. Observamos que eles têm que trabalhar muito para que tenha pelo menos o mínimo para sobreviver. É preciso ter capital que contribua para a aquisição e uso de equipamentos e insumos industriais, assim como o acesso ao sistema de crédito e aos mercados que garantam a reprodução da unidade produtiva. A forma que estes encontram para a solução de emprego e renda é produzir com o restante da sua família e vender parte da produção.

Em visita in locu a uma propriedade rural, um agricultor familiar, que assim se auto denomina uma vez que produz com sua esposa e os filhos, relatou que já desistiu do lote rural para ir embora para a cidade; mas, diante das dificuldades encontradas na vida urbana voltaram para o campo. Atualmente, esta família produz principalmente abacaxi, mas esta produção é insuficiente para o custeio da subsistência familiar, e com o dinheiro que adquire com a venda da produção, a família compra outros produtos de que necessita, mas, é devedor ao Banco do Brasil e os juros bancários são superiores ao valor de seus bens.

E, esta não é só a realidade desta família, pois neste Assentamento quase a totalidade dos entrevistados já solicitaram financiamento bancário em anos anteriores, porém para a safra (2003/2004) não o fizeram, não por que não o necessitassem mas sim por que não tivessem condições de conseguir uma nova liberação de empréstimos. Para os assentados entrevistados que não haviam conseguido pagar o financiamento bancário, essa situação ocorreu, primeiro, por que, no assentamento o problema da praga

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cigarrinha em alguns lotes é muito sério, e, também por que apesar da taxa de financiamento ser relativamente baixa, para os assentados, mesmo assim essa taxa de juros é alta para eles.

Por exemplo, para uma familiar que consegue plantar uma variedade em sua propriedade como mandioca, milho, banana, produtos estes que são vendidos na feira e nos supermercados da cidade, e a grande dificuldade encontrada por estes camponeses no que se refere ao transporte de sua produção até o centro da cidade, muitos deles dependentes da figura do intermediário que acaba ficando com o lucro. Em outras situações, encontra-se produtores que têm condições próprias e outros, dependem do transporte da Prefeitura Municipal.

Os agricultores familiares vivem uma realidade, na qual segundo Marx, mais importante que o dinheiro, é a mercadoria (produto), pois, este é proveniente do excedente vendido para suprir necessidades básicas da família. Hoje, este trabalhador camponês luta por um pequeno pedaço de terra, pois ele sabe que dali pode tirar pelo menos o mínimo necessário para o sustento da família, diferentemente do que a cidade pode oferecer. Nesse sentido, a pequena propriedade rural tem conseguido reter algumas famílias no campo, através da produção de diversas culturas gerando assim emprego e renda no campo.

Hoje, também é comum o trabalhador rural que não valoriza sua terra, que não luta para produzir, como também tem os grandes proprietários que têm muita terra e que nada produz, usando-a apenas como valor especulativo, “Nem toda propriedade grande é produtora e nem todo pequeno produtor é incompetente”. (MARTINE, 1989, p.37).

Do ponto de vista político e sócio-econômico, o desenvolvimento da agricultura desde a primitiva (de subsistência) até a atual, na qual a busca por mais produtividade tem mudado a agricultura (agronegócio e transgênico) com vistas ao aumento de produção e

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renda transformou profundamente o meio ambiente. O uso intensivo de máquinas e implementos agrícolas, insumos químicos (adubos fertilizantes, praguicidas e sementes selecionadas), é observado nas propriedades que utilizam-se de técnicas modernas. A pesquisa a campo constatou que uma área de apenas 80 hectares, pequena para os padrões da região, entretanto, com implantação de técnicas adequadas e administração da produção pode ser inserida em um modelo capitalista maior, onde outras propriedades integram o grupo.

No município de Tangará da Serra o plantio do algodão e da soja requer o uso intensivo de praguicidas, e agrotóxicos que são como drogas, pois ao se dizimar uma praga, dizima-se também seu inimigo natural e, aquela praga mais resistente necessitará cada vez mais de inseticidas mais potentes. O ataque das pragas nas lavouras de grande porte impõe o uso de grande quantidade de defensivos agrícolas; considerando a resistência que as pragas adquirem aos agrotóxicos estes têm que aumentar as doses destes insumos, aumentando assim a contaminação ao ambiente.

A moderna agricultura também produz uma quantidade grande de resíduos sólidos, tais como, embalagens de plástico, vidros, pneus, arames, etc. que, quando introduzidos no meio ambiente produzem energias negativas, pois geralmente é resíduo que demandam muito tempo para serem degradados.

As grandes propriedades no estado de Mato Grosso tem facilidade de obtenção de crédito e apoio à produção, principalmente na atualidade em que as forças políticas que governam este território mantêm políticas públicas e econômicas voltadas a este setor, significando dizer que o grande produtor tem melhores condições financeiras de implementar investimentos na produção objetivando safras cada vez maiores. Mas também é crescente, o investimento nas pequenas propriedades localizadas na área pesquisada, corroborando com a seguinte definição sobre pequenas propriedades:

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

O que Chayanov (1974), classificou de mudanças na produção de quantitativas para qualitativas, de forma que fosse produzido apenas o que fosse possível, dedicando-se a uma produção especifica; diferentemente da pratica anterior, de ser auto-suficiente, estes agora produziam para o mercado e compravam o que não produziam.

O Assentamento Antônio Conselheiro apresenta em sua estrutura uma organização política com dirigentes ligados ao MST, estes tem lutado por melhorias no assentamento, no campo da saúde. Um ganho foi à construção do posto de saúde, mas nem sempre a Prefeitura tem garantido o médico e o dentista para atender aos assentados. Os assentados argumentam também que é necessário um técnico em enfermagem para fazer atendimento a semana inteira, pois sempre acontecem acidentes na lavoura, sendo necessário um pronto atendimento. O mais comum no assentamento é a ida dos assentados para a cidade até o hospital regional e, nesta situação, a grande maioria depende de ônibus diante da distância até a cidade.

Esta discussão no plano teórico está ligada ao paradigma que cada autor defende, quer seja do desenvolvimento do capitalismo agrário ou da questão agrária, porém os conflitos que surgem em detrimento das diferenças das categorias de produção, é o que legitima a luta pela terra. Assim, temos discutido estes novos conceitos para reafirmar a manutenção destes, tidos como arcaicos, a exemplo do latifúndio e do camponês. Diante do exposto este trabalho busca demonstrar que mesmo em áreas de domínio do agronegócio o campesinato tem se reproduzido enquanto sujeito social, se constituindo em um exemplo de luta e resistência.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BERNARDES, Júlia Adão. As estratégias do capital no complexo da soja IN Brasil: Questões atuais da Reorganização do território. CASTRO, Iná Elias de.et alii (org.) Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1996. Pgs. 325-366.

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BOURDIEU, Pierre. Contrafogos 2: por um movimento social europeu. Trad. André Telles . Rio de Janeiro: Zahar, 2001.

CHAYANOV, A. V. La organización de la unidad económica campesina. Buenos Aires: Nueva Visión, (1925), 1974.

FERREIRA, João Carlos Vicente. Mato Grosso e seus municípios. Cuiabá: Secretaria de Estado de Educação, 2001.

FERNANDES, Bernardo Mançano. Questão agrária, pesquisa e MST. São Paulo: Cortez, 2001.

__________________________. Agronegócio nas Américas: O mito do desenvolvimento e a resistência do campesinato IN Anais do X Encontro de Geógrafos da América Latina. São Paulo: USP. 2005.

GRAZIANO DA SILVA, José. A modernização dolorosa. Rio de Janeiro: Zahar Editores, 1981.

KAUTSKY, Karl. A questão agrária. Trad. C. Iperoig. Rio de Janeiro: Guanabara, 1968. LÊNIN, V. I. El desarrollo del capitalismo en Rusia. El proceso de formación de un

mercado interior para la gran industria. Traducción castellana de José Lían Entralgo. Barcelona Editorial Ariel. 1974.

SHANIN, Teodor. La classe incómoda: sociología política del campesinato en una sociedad en desarrollo (Rússia 1910-1923) Madrid: Alianza Editorial, 1983.

Referências

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