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Academic year: 2021

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QSD

E

XPLORANDO A QUALIDADE DE CIMA A BAIXO EM UMA LINHA DE PRODUÇÃO

Julio Bertolini Junior Robert Bosch LTDA

E-mails: julio.bertolini@br.bosch.com

RESUMO

QSD (Quality Stand Down) e’ uma ferramenta da Qualidade de diagnostico e prevenção, utilizada para trazer a tona potenciais problemas de Qualidade em uma linha de produção especifica. (1)

A ferramenta e’ aplicada através de um “Workshop” composto de seis etapas: selecionar a linha, programar e realizar reunião inicial, realizar o evento QSD ("workshop" na linha) onde são investigados e identificados modos de falha, priorizar modos de falha conforme critério especifico, identificar contramedidas, montar plano de ação e implementar contra medidas e finalmente atualizar documentações.

O “workshop” de QSD requer a participação de um time composto por: operadores da linha de produção, manutentores, supervisor de manufatura e engenheiros (Processo e Qualidade). A Duração estimada e’ de 4 a 6 horas para uma linha de quatro estações. Os resultados dos “workshops” são novos modos de falha no processo (já priorizados conforme a criticidade), potencias contramedidas definidas (incluindo poka yokes), plano de implementação das melhorias e documentação de processo atualizada.

Recomenda-se este workshop em todas as novas linhas instaladas e em linhas com elevado índice de refugo ou reclamações de clientes.

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INTRODUÇÃO

A ferramenta QSD será abordada nos próximos capítulos conforme suas etapas básicas (seis etapas). A figura 1 representa o processo de forma resumida.

Figura 1 – Processo do QSD

O Workshop de QSD requer a participação dos operadores, lideres de manufatura e engenheiros (Processo e Qualidade).

1. SELEÇÃO DA LINHA

A escolha das linhas pode ocorrer em duas situações: preventivamente ou reativamente.

Preventivamente: a escolha das linhas e’ feita com base no plano estratégico da Qualidade da empresa, ou seja, escolhendo linhas que beneficiarão o resultado qualitativo da empresa com as melhorias identificadas e implementadas. Como priorização, recomenda-se a escolha por cliente estratégico, linhas com alta produtividade e principalmente as linhas com produtos novos ou em fase de lançamento.

Recomenda-se montar um cronograma anual com as linhas que serão realizados os workshops de QSD para assegurar que todos os participantes saibam antecipadamente as datas minimizando os cancelamentos e adiamentos devido a conflitos de agendas.

Reativamente: Linhas com maior quantidade de reclamações de clientes, linhas com índices elevados de refugo e em reclamação de cliente que nas analises iniciais detectaram vários potenciais

Ao escolher a linha, levantam-se as documentações (PFMEA) (2) e indicadores da mesma (índice de refugo interno, principais problemas de qualidade interno e as reclamações de cliente).

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2. PROGRAMAR E REALIZAR A REUNIÃO INICIAL:

Utilizada para esclarecer a todos os participantes o propósito do evento, explicar as etapas, quebrar eventuais “barreiras” que possam existir e preencher o questionário inicial.

A reunião e’ puxada pelo engenheiro da Qualidade com o suporte do responsável pela manufatura.

O questionário inicial e’ respondido por todos os participantes (figura 2 mostra um exemplo de reunião inicial e o preenchimento do check list). Existem três modelos de questionário que são preenchidos de acordo com a área de trabalho de cada membro do grupo (produção, manutenção e Qualidade/processo). O objetivo principal e’ levantar problemas já vivenciados pelos integrantes (poka yoke com potencial de ser burlado, bancada trabalhando irregularmente, componentes que sempre apresentam falhas, entre outros), principais dificuldades com a linha e estimular o grupo antes do evento na linha.

Figura 2 – Exemplo de reunião inicial e preenchimento do check list

3. EVENTO QSD NA LINHA (“GEMBA”):

Na data e horários definidos, o grupo vai ate a linha escolhida e juntamente com os operadores que lá trabalham iniciam o workshop.

Os operadores irão trabalhar normalmente e o restante do grupo observa atentamente as movimentações e modos de falha durante as operações. Deve se avaliar uma operação de cada vez. A figura 3 mostra um exemplo de um QSD realizado na linha de produção da Robert Bosch – divisão freios.

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Figura 3 - Exemplo de um QSD – operadores mostram os modos de falha.

Utilizando-se das informações recolhidas no questionário, o engenheiro de qualidade questiona (líder do QSD) os pontos descritos relativos a cada operação, e isto inicia uma serie de questionamentos quanto aos potenciais erros e modos de falha que possam ocorrer no posto de trabalho.

Os operadores também mostram os poka yokes que podem ser burlados, principais dificuldades com a operação e falhas mais freqüentes. O restante do grupo por sua vez interage e novos modos de falhas aparecem.

Todos os pontos levantados durante o evento na linha devem ser anotados (recomenda-se o uso de um quadro próximo a linha) para posterior discussão e classificação da severidade.

O ponto chave desta etapa e’ olhar criticamente para a operação e questionar fomentando assim pequenas discussões com o objetivo de levantar modos de falha no processo e potenciais “poka yokes”.

O processo descrito acima deve ser repetido para cada etapa do processo produtivo. As linhas de produção que contenham mais de seis operações e’ recomendável que se realize o evento em mais de um dia para evitar o cansaço e conseqüentemente perda de produtividade do grupo. Tempo superior a três horas mostrou que o grupo acaba perdendo o foco.

3.1. Funções de cada participante no evento

Engenheiro de Qualidade - Líder do QSD. Deve puxar e estimular o grupo a olhar criticamente e comentar os modos de falha em cada estação. E’ responsável em disseminar o conceito do trabalho e assegurar que a metodologia esta sendo usada corretamente.

Engenheiro de processo - alem de participar ativamente nas discussões com os outros participantes, e’ responsável por avaliar se os modos de falha levantados no evento já estão contemplados no PFMEA (FMEA de processo) e se existe uma prevenção ou detecção com poka yoke. Como isto e’ feito na própria linha, o engenheiro atualiza (manualmente) o PFMEA com as informações discutidas e com itens não contemplados ou em desacordo com o previsto no documento.

Supervisor de produção – responsável por assegurar a participação dos operadores e deixar um canal aberto de comunicação entre os operadores da linha e o grupo.

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Auditor de Qualidade – responsável por levantar os principais problemas ocorridos na linha e mostrar no evento.

Manutentor – responsável em informar qual operação da linha costuma apresentar maior incidência de falhas e ser o suporte técnico para implementação de prevenções ou detecções na linha.

Operadores – responsável em mostrar as principais preocupações de suas operações e sugerir potencial correção (caso tenha a idéia).

Todos os membros devem participar ativamente com o foco na visualização de modos de falha no processo produtivo e se possível, discute-se uma potencial contramedida (a busca e’ por poka yoke) para previnir ou detectar o modo de falha

4. PRIORIZAR OS MODOS DE FALHA LEVANTADOS

Esta etapa não necessita ser realizada na linha de produção, pode ser feita em uma sala, mas a participação de todos e’ essencial.

Para o entendimento de todos do grupo um critério deve ser utilizado para a priorização dos modos de falha levantados. A figura 4 mostra um critério definido para priorização em grupo. A priorização conforme critério definido (grau de risco de 1 a 5) e' de extrema importância para que o todos do time entendam o risco, plano e prazo para resolução.

Conforme o critério abaixo (figura 4), a prioridade numero um refere-se aos modos de falha que envolvem a segurança do operador.

A prioridade dois esta’ relacionada a modos de falha que não serão detectados em nenhuma outra etapa do processo produtivo da empresa, e caso a falha ocorra, o cliente recebera um ou mais produtos com defeito.

A prioridade três esta relacionada a características de interface com o cliente. Entendem-se características de interface como dimensões e referencias que o cliente utiliza em seu processo produtivo.

A prioridade quatro esta relacionada a uma potencial contra medida de baixo custo. O grupo durante o evento já identificou uma contra medida para o modo de falha e esta medida e’ de baixo custo.

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Figura 4 – Critérios para priorização dos modos de falha levantados durante o QSD.

E a quinta prioridade são os demais modos de falha identificados que devem ter um plano de ação, mas sem demandar esforço imediato.

O líder do evento questiona cada modo de falha levantado avaliando em conjunto com o grupo a priorização do mesmo.

A figura 2 recomenda também um cronograma de implementação das ações. Os prazos estão considerados de acordo com a criticidade de cada modo de falha e ajudam a reforçar a importância da ação a ser implementada. Estes prazos devem ser ajustados de acordo com a situação e necessidade de cada empresa.

5. DEFINIR E IMPLEMENTAR CONTRA MEDIDAS

A meta e' definir "poka yokes" (sistema de prevenção ou detecção de erros) para os modos de falha identificados e que sejam classificados com grau de risco 1 a 3 (conforme critério da figura 4).

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Muitos dos poka yokes definidos são identificados no próprio evento na linha, pois ao avaliarem o modo de falha, quase que imediatamente surge à idéia de como detectar ou prevenir o problema.

A responsabilidade em definir a contra medida a ser implementada e’ do engenheiro de processo, mas todos do grupo devem opinar e discutir melhores soluções para cada caso.

Para todos os modos de falha identificados e’ necessários uma ação de contenção ate’ a contra medida ser implementada. A ação de contenção deve ser discutida e validada com o grupo para que todos possam opinar e definir o melhor método.

A implementação das contra medidas e’ fundamental para o fechamento do processo de melhoria realizado na linha. Com as contra medidas implementadas a linha muda de patamar qualitativo e conseqüentemente reduz o nível de risco (RPN)

6. ATUALIZAR A DOCUMENTAÇÃO

Definidas as contra medidas, a documentação de fabricação e suporte deve ser atualizada. Os principais documentos a serem atualizados são: PFMEA, instrução de fabricação e plano de ação.

O PFMEA deve ser atualizado com os novos modos de falha levantados, poka yokes e com as contra medidas definidas. Desta forma o documento fica “vivo” e sempre atualizado.

A instrução de fabricação deve ser atualizada contemplando as contra medidas definidas e se possível foto com os potenciais problemas levantados para informar a todos dos riscos envolvidos.

O plano de ação deve ser atualizado com as datas de implementação das contra medidas. Recomenda-se um plano de ação único para a empresa concentrando todas as ações e permitindo um monitoramento mais efetivo da realização das ações planejadas.

7. RESULTADOS

O workshop de QSD muda qualitativamente os indicadores de uma linha de produção (índice de reclamações de cliente, refugo e OEE). Isto ocorre devido à identificação preventiva de riscos desconhecidos (modos de falha que não estavam previstos no PFMEA) e a conseqüente implementação de contra medidas.

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Realizando os workshops de uma maneira planejada e sistemática, os indicadores de toda empresa melhoraram também.

No gráfico 1, verifica-se o exemplo da aplicação do QSD na empresa Robert Bosch - divisão freios. Com a realização de 26 workshops durante o primeiro ano, foram identificados 97 modos de falha não previstos no PFMEA, implantados 28 poka yokes com outros 17 identificados e em planejamento de implementação.

Gráfico 1 – Indicadores do primeiro ano de QSD na empresa Robert Bosch – divisão Freios.

No gráfico 2, e’ possível avaliar a evolução dos modos de falha e poka yokes ao longo das semanas no segundo ano de aplicação do Workshop de QSD. A linha no gráfico indica a quantidade de modos de falha (priorização 2 e 3 – conforme figura 4) não previstos no PFMEA identificados durante o QSD, a barra verde refere-se aos poka yokes implementados e a barra azul são os poka yokes em processo de implementação.

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28 28 28 28 28 28 28 30 30 31 31 31 31 31 31 31 31 34 34 34 34 34 34 34 34 34 34 35 36 37 37 37 37 37 41 39 39 39 39 39 39 39 39 39 39 45 46 46 46 46 50 51 51 5254 55 55 57 57 38 34 34 31 28 31 28 58 42 39 17 151 0 20 40 60 80 100 120 140 160 2007 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 Q u a n ti d a d e

Poka yoke implementado Poka yoke a ser implementado -*- Numero de modo de falha identificado

Gráfico 2 – Evolução dos modos de falha identificados, poka yokes identificados e implementados.

Com a implementação de contra medidas e principalmente com a implementação de poka yokes, o nível de qualidade da Robert Bosch – divisão Freios melhorou significativamente. O gráfico 3 mostra a evolução das reclamações de cliente versus a implementação de poka yoke.

Grafico 3 – Reclamações de clientes PPM x Implementação de Poka yokes

257 0 53 2 6 2 2.6 839 849 811 213 434 772 790 2002 2003 2004 2005 2006 2007 BP 08

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8. CONCLUSÕES

O workshop e’ recomendado em todas as novas linhas instaladas e em linhas com elevado índice de refugo ou reclamações de clientes.

A cada workshop realizado, a linha se torna mais robusta devido à identificação de riscos não conhecidos e implantação de ações (contenção e corretiva), alem de ter a documentação de processo revisada periodicamente tornando-a realmente “viva”, com PFMEA e instruções sendo atualizadas durante o evento.

Adicional ao beneficio de robustecer a linha com novas contra medidas para os riscos levantados, o workshop e’ uma ótima oportunidade para a interação dos colaboradores do chão de fabrica com a liderança (supervisores e engenheiros), pois no time todos tem o mesmo nível e trabalham juntos para um objetivo comum, ou seja, melhorar o processo. E’ também uma oportunidade para a descoberta de novos talentos na organização visto que o convívio e’ de pelo menos meio dia de trabalho.

REFERENCIAS:

1 – Definição de QSD conforme procedimento interno da Robert Bosch 2 - PFMEA – “Process Failure mode effect analysis” - Caderno da QS 9000

Referências

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