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Metabolismo da Vitamina D:

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Academic year: 2021

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• Introdução: 

A vitamina D é um hormônio esteroide, sendo assim composta por inúmeras        moléculas derivadas do 7-deidrocolesterol (7-DHC) interligadas através de        uma cascata de reações fotolíticas e enzimáticas que acontecem em células de        diferentes tecidos.  

 

Dentre suas funções, é destacado o papel de importante regulador da fisiologia        osteomineral, em especial do metabolismo do cálcio. No entanto, essa vitamina        também está presente em diversos outros processos celulares, tais como:    

Modulação autoimune e síntese de interleucinas inflamatórias; Controle da pressão arterial; 

Regulação dos processos de multiplicação e diferenciação celular; Grande papel antioncogênico;  

 

As suas ações clássicas ocorrem por meio do controle dos processos de        absorção intestinal e reabsorção renal do cálcio, mantendo-o em concentrações        plasmáticas suficientes para assegurar a adequada mineralização e o        crescimento ósseo. ​A vitamina D é produzida, de forma endógena, nos tecidos        cutâneos após a exposição solar e obtida por alimentos específicos ou por        suplementação. Os receptores de vitamina D estão presentes em vários tipos        celulares.  

 

Essa vitamina é de extrema importância para o organismo e diversos estudos        apontam que a deficiência da mesma atinge todas as faixas etárias e        acompanha diversos agravos à saúde, que vão além do comprometimento do        metabolismo ósseo, ou seja, há também aumento do risco de ocorrer diversas        afecções, como diabetes melito, doenças cardiovasculares, alguns tipos de        cânceres, deficiência de cognição, depressão, complicações gestacionais,        autoimunidade e alergia.  

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• Metabolismo da Vitamina D: 

A apenas 10% a 20% da vitamina D necessária à função do organismo é        adquirida pela dieta. Dessa forma, principais fontes de alimentação são a        vitamina D3 (colecalciferol, de origem animal, presente nos peixes gordurosos        de água fria e profunda, como atum e salmão) e a vitamina D2 (ergosterol, de        origem vegetal, presente nos fungos comestíveis). Os restantes 80% a 90%        são sintetizados endogenamente.  

 

A etapa inicial do processo de metabolização endógena da vitamina D ocorre        nas camadas profundas da epiderme, como nos estratos espinhosos e basais,        locais onde estão armazenados a substância precursora da vitamina, chamada        de 7-deidrocolesterol (7-DHC), localizado na bicamada lipídica das membranas        celulares Essa substancia precursora é formada a partir do colesterol, pela ação        da enzima 7-deidrocolesterol-redutase (DHCR7) que realiza a conversão.    

Assim, para que o processo de ativação da vitamina D seja iniciado é        necessário que o organismo receba luz solar direta, especificamente a radiação        ultravioleta B (UVB). Duas variáveis importantes que estão envolvidas na etapa        inicial de ativação dessa vitamina é a estação do ano, visto que, no inverno há        menor incidência dos raios solares. Além disso, a outra variável é a quantidade        de melanina na pele do individuo que compete pelo fóton da radiação UVB,        diminuindo a disponibilidade de fótons para a fotólise do 7-DHC.  

 

No processo do metabolismo ocorre absorção do fóton UVB pelo 7-DHC que        promove a quebra fotolítica da ligação entre os carbonos 9 e 10 do anel B do        ciclo pentanoperidrofenantreno, formando uma molécula secosteroide, que é        caracterizada por apresentar um dos anéis rompidos. Essa nova substância, a        pré-vitamina D3, é termoinstável e sofre uma reação de isomerização induzida        pelo calor, assumindo uma configuração espacial mais estável, a vitamina D3        (ou colecalciferol) que é secretada para o espaço extracelular e ganhar a        circulação sanguínea.  

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Um aspecto importante que ocorre nessa etapa da metabolização é o        mecanismo endógeno de proteção contra a síntese excessiva de colecalciferol e        consequente intoxicação. Em situações em que há exposição solar muito        prolongada, a pré vitamina D3, que também é capaz de absorver fótons UVB, é        izomerizada a dois produtos fotolíticos inertes: o lumisterol e o taquisterol.    

O colecalciferol (vitamina D3), e o ergosterol (vitamina D2) são transportados        no sangue por uma glicoproteína, a proteína ligadora da vitamina D (DBP).        Dessa maneira, ao chegarem no fígado vão sofrer hidrolização no carbono 25,        mediada por uma enzima microssomal da família do citocromo P450 (CYP450)        denominada CYP2R1, dando origem a 25-hidroxivitamina D ou calcidiol        (25(OH)D3 e 25(OH)D2). A CYP2R1 é uma enzima microssomal expressa        preferencialmente no fígado, mas também estão presente nas células        testiculares.  

 

A 25(OH)D, acoplada à DBP, é transportada a vários tecidos cujas células        contêm a enzima 1-α-hidroxilase (CYP27B1), uma proteína mitocondrial da        família do CYP450 que promove hidroxilação no carbono 1 da 25(OH)D,        formando a 1-α,25-diidroxi-vitamina D [1,25(OH)2 D ou calcitriol], que é a        molécula metabolicamente ativa. A enzima 1-α-hidroxilase ou CYP27B1 é        expressa nas células dos túbulos renais proximais, onde a grande parte do        calcitriol necessário ao metabolismo sistêmico é sintetizado. A DBP, junto com        seus ligantes, apresenta uma alta taxa de recaptação pelas células dos túbulos        proximais, o que evita perda urinária dos metabólitos do grupo da vitamina D e        concentra a 25(OH)D nos túbulos renais, onde será necessário para a        conversão em 1,25(OH)2 D.  

 

Além de estar nas células dos túbulos renais proximais, a CYP27B1 também        está presente em outros tecidos, como nas células da próstata, da mama, do        cólon e células do sistema imune, células betapancreáticas, paratireoides,        placenta, cérebro, células endoteliais e queratinócitos.  

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Nos rins, a expressão do gene da enzima CYP27B1 é regulada principalmente        pelos níveis séricos do paratormônio (PTH), fósforo, fator de crescimento do        fibroblasto 23 (FGF-23) e pela proteína Klotho, sendo estimulada pelo PTH e        suprimida pelos demais. Nos outros tecidos, a 1,25(OH)2D exerce funções        autócrinas e parácrinas, e a regulação da CYP21B é PTH-independente, sendo        regulada principalmente por citocinas e fatores locais específicos de cada        célula, como interferon gama e interleucina 1. 

 

Os efeitos biológicos da 1,25(OH)2 D são mediados pelo seu receptor chamado        de VDR, um fator de transcrição que pertence à família de receptores        hormonais nucleares e é expresso em quase todas as células humanas. É        importante destacar que esse receptor parece participar, de maneira direta ou        indireta, de regulação de cerca de 3% do genoma humano. 

 

O receptor VDR age por meio da heterodimerização. Dessa forma, em sua        estrutura, ele apresenta domínios específicos para o acoplamento da        1,25(OH)2 D, heterodimerização com o RXR, ligação ao DNA e ativação da        transcrição.A 1,25(OH)2 D vai se ligar à porção hidrofóbica do VDR e induzir        uma mudança conformacional e formação do complexo transcricional        hormônio-receptor. Dessa forma, esse complexo hormônio-receptor é        heterodimerizado com o RXR e esse heterodímero formado vai se acoplar a        uma sequência específica do DNA nos seus genes-alvos, denominada VDRE.        No entanto, o heterodímero precisa recrutar complexos de proteínas        corregulatorias para promover a ativação ou a repressão genica. Essas        moléculas recrutadas que vão permitir a ligação entre o receptor e a maquinaria        de transcrição, desencadeando a resposta biológica. 

         

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A inativação da 25(OH)D e da 1,25(OH)2 D ocorre pela catalisação da        24-hidroxilase (CYP24A1), uma enzima mitocondrial que está presente em        maiores quantidades nos rins e no intestino, e em menor quantidade em outras        células como fibroblastos, linfócitos, queratinócitos e macrófagos, e sua        expressão é regulada pela 1,25(OH)2 D e pelo PTH, os quais podem agir        sinergicamente. Entre os produtos da CYP24A1, a 24,25(OH)2 D merece        atenção, uma vez que é uma molécula que mantém atividade metabólica e é        essencial à integridade da estrutura óssea e ao processo de reparo de fraturas.    

Como foi visto, a vitamina D refere-se a dois precursores biologicamente        inertes ou pró-hormônios: a vitamina D2 (ergocalciferol) e a vitamina D3        (colecalciferol) que possuem comportamentos semelhantes. Dessa maneira, a        vitamina D deve ser convertida para hormônio ativo para assim ser capaz de        exercer suas funções fisiológicas e, para isso, é transportada no sangue através        da proteína de ligação da vitamina D (PLD) para o fígado. No fígado, é        hidroxilada e resulta na formação de 25(OH)D. 

 

• Vitamina D e os Rins:

   

A produção de vitamina D é um processo que depende parcialmente dos rins.        Nesse processo, o calcidiol, que está ligado a PLD, caminha para o rim para que        haja uma filtração junto com as diversas moléculas. Assim, depois de filtrado,        essa molécula é reabsorvida no túbulo proximal via endocitose que é mediada        por receptores.  

 

Após todo esse processo, o calcidiol vai ser hidroxilado no túbulo renal proximal        por uma enzima chamada de 1-alfa-hidroxilase e vai ser transformado em        calcitriol ou 1,25-hidroxivitamina D3, forma hormonalmente ativa da vitamina D        que vai agir sobre os receptores em diferentes órgãos alvo. 

   

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A síntese que ocorre nos rins é uma etapa fortemente regulada devido a sua        potente atividade na homeostase do cálcio. Assim, esse íon na dieta pode        regular vitamina D diretamente através de mudanças nos níveis séricos e,        indiretamente, alterando os níveis de hormônio da paratireóide (PTH). A        1-α-hidroxilase pode ser suprimida por outros fatores, tais como fósforo e        acidose metabólica crônica. No entanto, elevados níveis de cálcio em circulação        e fator de crescimento de fibroblastos-23 (FGF-23) são capazes de suprimir        diretamente a atividade da 1-α-hidroxilase renal, através da regulação da        transcrição do gene da hidroxilase-α, e indiretamente através da supressão de        PTH através de mudanças mediadas por AMPc. 

 

Há algumas situações em que os rins não vão conseguir desempenhar o papel        no processo de síntese parcial do calcitriol e, uma delas, é no processo de        doença renal crônica.  

 

Como vimos anteriormente, o rim é o principal órgão envolvido na produção de        formas bioativas de vitamina D a partir de precursores. Dessa maneira, a        doença renal crônica é um importante fator de risco para o desenvolvimento de        deficiência de vitamina D.  

 

Há vários mecanismos que fazem com que a 1,25(OH)2 D fica reduzida        durante a DRC, começando com a diminuição da disponibilidade do 25(OD)D -        substrato para a produção de 1,25(OH)2 D26-28. Assim, uma redução na taxa        de filtração glomerular (TFG) limita o fornecimento de 25(OH)D para a enzima        1-α-hidroxilase no túbulo renal proximal, limitando assim a capacidade do rim        em produzir a 1,25(OH)2 D. No inicio da DRC os níveis do hormônio fosfatúrico        FGF-23 aumentam devido a resposta à retenção de fosfato, que também        suprime a produção de 1,25(OH)2 D.  

Referências

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