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Relatório de Estágio Profissional - "Um ano a errar, superar, aprender e recomeçar ..."

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Um ano a errar, superar, aprender e recomeçar…

RELATÓRIO DE ESTÁGIO PROFISSIONAL

Orientadora: Professora Doutora Paula Maria Leite Queirós

Mariana Ribeiro da Silva Porto, setembro 2015

Relatório de Estágio Profissional, apresentado com

vista à obtenção do 2º Ciclo de Estudos conducente ao

grau de Mestre em Ensino de Educação Física nos

Ensinos Básico e Secundário (Decreto-lei nº 74/2006

de 24 de Março e o Decreto-lei nº 43/2007 de 22 de

Fevereiro)

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Ficha de Catalogação

Silva, M. (2015) Um ano a errar, superar, aprender e recomeçar…. Relatório de Estágio para obtenção do grau de Mestre em Ensino de Educação Física nos Ensino Básico e Secundário, apresentado à Faculdade de Desporto da Universidade do Porto.

PALAVRAS-CHAVE: PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM; ESTÁGIO

PROFISSIONAL; EDUCAÇÃO FÍSICA; PROFESSORA; MOTIVAÇÃO; AUTOPERCEÇÕES.

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Dedicatória

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Aos meus pais, pelo apoio incondicional perante todas as escolhas da minha vida, pelo esforço realizado para me proporcionarem esta experiência única na Faculdade dos meus sonhos, pelo amor sem fronteiras que demonstram todos os dias, pelos valores e exemplos que fazem de mim a pessoa que sou hoje, por acreditarem em mim e serem a minha estabilidade, o meu alento, uma das minhas razões de viver!

À minha irmã, minha “Big Baby”, minha amiga, minha confidente, menina dos meus olhos e do meu coração, pelos momentos, gestos e sinais que nos tornam inseparáveis e porque eu preciso de alguém para me sentir completa, que me entenda como ninguém, que me dê um ponto de apoio quando mais preciso, que me faça rir quando só apetece chorar e me faça chorar por motivos estúpidos, que discuta quando estou errada, que me surpreenda quando mais preciso e me faça sentir especial, alguém que tem um papel fundamental na minha vida, em quem possa confiar e que me ensine o verdadeiro significado do amor… Esse alguém és tu!

A toda a minha família, por me acompanhar em todos os momentos da minha vida e ser um dos grandes pilares da minha existência, em especial à minha Madrinha, ao primo Rui Pedro, à tia Pupu, à tia Idalina, ao tio Arnaldo, à prima Raquel, à tia Chica, ao Engenheiro e ao tio Tozé!

Ao Delfim Vieira, meu apoio, minha inspiração, meu exemplo de garra, determinação, persistência e coragem. Agradecer por me ter transformado numa pessoa melhor e me fazer feliz em cada dia e em cada momento partilhado, por acreditar, incondicionalmente, em mim e me lembrar constantemente do meu valor. Obrigada do fundo do coração.

À minha melhor amiga, Sara Rocha, por estar sempre presente por mais longe que esteja *

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Fernandes, Joana Cardoso, por todos os convívios, aventuras e alegrias que partilhamos. Que a nossa amizade dure, dure e dure …

À minha açoriana “lindona”, Raquel Furtado, por tudo o que fizeste e fazes por mim … Tu sabes!

Às duas meninas, Tânia Vilas Boas e Rita Coutinho, por me terem dado a oportunidade de as conhecer, depois de três anos na mesma Faculdade, e hoje serem peças essenciais do puzzle das minhas amizades! Aos meus amigos do Mestrado, Inês, André, Morais, Cláudio, David, Nuno e Samuel, por me mostrarem que o pessoal que vem de outras Instituições de Ensino Superior até são boas pessoas … Ah ah ah, estou a brincar! Que seria do meu primeiro ano de mestrado sem vocês? Noites e dias de trabalho, aulas, Queima das Fitas, vitórias e derrotas sempre ao vosso lado!

Às minhas companheiras de licenciatura, Joana Cruz, Leandra Gomes, Sónia Pereira e Susete Vaz Pedro, por todas as aventuras que vivemos e todas as lutas que travamos juntas!

Ao Daniel Santos por ser o meu Padrinho de Faculdade, está tudo dito!

Aos amigos, Lília Lopes, Rui Silva, Joana Silva, Catarina Araújo, Cristiano Marques, Rafaela Marques, Daniel Sousa, por permanecerem na minha vida, ano após ano e confirmarem que para ser um verdadeiro amigo não é preciso um contacto constante!

Aos meus amigos Mané, Inês Isidro, Mónica Espírito Santo, Teresa Ribeiro e Rui Sousa, pelas ajudas que me deram ao longo do meu percurso académico, sendo, por isso e muito mais, pessoas muito importantes para mim.

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e sejam felizes!

Ao meu Núcleo de Estágio, Rita Silva, Bruno Pinto e Diogo Rios, por partilharem este ano maravilhoso comigo e se revelarem pessoas extraordinárias.

Ao meu Professor Cooperante, Doutor Fernando Cardoso, por me fazer reviver, ao longo deste ano, momentos marcantes vividos na escola que me abriu portas, por partilhar comigo tanta da sua sabedoria, investir na minha formação de uma maneira incansável e ser, para além de meu Professor, meu amigo!

À minha Professora Orientadora, Doutora Paula Queirós, por lutar comigo pelos meus objetivos, por ter sempre a palavra certa no momento certo orientando-me de forma irrepreensível e por me proporcionar momentos calmos, tão preciosos, neste ano tão turbulento.

A todos os Professores da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto, por me possibilitarem uma formação de excelência e a toda a restante comunidade desta tão nobre “casa”, por me acolher e se relacionar comigo, fazendo-me sentir especial no meio de tantos estudantes. Um agradecimento especial à Professora Doutora Susana Soares, por não desistir de mim em nenhuma aula de Natação, por me ter incutido o “bichinho” da água, pelas oportunidades que me proporcionou, pela amizade que permitiu que se criasse entre nós e por ser um grande exemplo para mim!

À Escola Secundária de Rio Tinto, personificada, de forma especial e particular, nas Professoras Olga Costa e Olga Mendonça por serem pessoas extremamente importantes, que ficarão para sempre na minha memória e a quem estarei eternamente grata.

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Agradecimentos ... V Índice de Figuras ... XI Índice de Anexos ... XIII Resumo ... XV Abstract ... XVII Lista de Abreviaturas ... XIX

Capítulo 1 - Introdução ... 1

1.1. O Estágio Profissional como parte fundamental da formação ... 3

Capítulo 2 - Dimensão Pessoal ... 7

2.1 Ser Professor ... 9

2.2 Vinte e tal anos de história ... 12

2.3 Da expectativa à realidade ... 15

Capítulo 3 - Enquadramento da prática profissional ... 21

3.1 Enquadramento Concetual ... 23

3.2 Contexto legal e institucional do estágio profissional ... 26

3.3 A Escola que marcou a minha vida: Escola Secundária de Rio Tinto ... 30

3.4 Núcleo de estágio: a improvável amizade, o reconfortante companheirismo ... 35

3.5 Turma: 28 pedaços de mim! ... 37

3.6 Grupo de Educação Física: a descoberta mais controversa ... 40

3.7 Professor Cooperante: o grande pilar ... 41

3.8 Professora Orientadora: A sabedoria eminente ... 44

3.9 A professora Estagiária: um turbilhão de emoções em constante descoberta ... 45

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3.10.1 Conceção: Consciencialização do percurso ... 57

3.10.2 Planeamento: A rede de segurança ... 68

3.10.3 Realização: A infinidade de descobertas ... 88

3.10.4 Avaliação ... 152

3.10.5 O abismo entre o segundo ciclo (5º ano) e o ensino secundário (10º ano) ... 156

3.11 Área 2 – Participação e relação com a comunidade escolar ... 159

3.11.3 Atividades organizadas pelo grupo de Educação Física ... 160

3.11.4 Atividades organizadas pelo Núcleo de Estágio ... 162

3.11.5 Desporto escolar ... 164

3.11.6 Direção de turma ... 168

3.12 Área 3 – Desenvolvimento profissional ... 170

3.12.3 Refletir o melhor e o pior de mim para evoluir ... 170

3.12.4 Estudo de Caso: Análise e intervenção na aula de Educação Física junto de uma aluna desmotivada e com uma autoestima diminuída ... 175

3.12.5.1 Resumo ... 175

3.12.5.2 Abstract ... 176

3.12.5.3 Introdução ... 177

3.12.5.4 Metodologia ... 181

3.12.5.5 Recolha e tratamento de dados ... 186

3.12.5.6 Bibliografia ... 212

Capítulo 5 - O fim de um sonho sem grandes perspetivas de repetição ... 217

Referências bibliográficas ... 223

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Figura 1 – Mapa das Freguesias do Concelho de Gondomar ________ Pág. 32 Figura 2 – Diagrama das fases de Organização e Gestão do Ensino e da

Aprendizagem ____________________________________________ Pág. 55

Figura 3 – Diagrama dos documentos analisados no âmbito da conceção do ensino ___________________________________________________ Pág. 61

Figura 4 - A perspetiva de Kemmis (1988) sobre o processo de

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Anexo I – Questionário das características dos alunos __________________ iii Anexo II – Roulement ____________________________________________ v Anexo III – Planeamento Anual 2014/2015 ___________________________vii Anexo IV – Planeamento dos Períodos ______________________________ ix Anexo V – Exemplo de Unidade Didática ____________________________ xi Anexo VI – Exemplo de Plano de Aula _____________________________ xiv Anexo VII – Exemplo de Grelha da Avaliação Diagnóstica (Voleibol) _____ xvii Anexo VIII – Exemplo de Grelha da Avaliação Sumativa (Atletismo) _____ xviii Anexo IX - Contrato do Capitão (MED) ____________________________ xxi Anexo X – Estrutura de Proposta de Exercício (MED) _________________ xxii Anexo XI – Estruturação da Unidade Didática de Dança e Futebol (MED) _ xxiii Anexo XII – Documento explicativo do MED ________________________ xxiv Anexo XIII – Ficha de Avaliação (MED) ___________________________ xxx Anexo XIV – Ficha de Avaliação da Instrução do exercício (MED) _______ xxxi Anexo XV – Ficha de Estatística (MED) ___________________________ xxxii Anexo XVI – Lista de Equipas e Capitães _________________________ xxxiii Anexo XVII – Autorização para Estudo de Investigação-Ação _________ xxxiv Anexo XVIII – Consentimento para Estudo de Investigação-Ação _______ xxxv Anexo XIX – Guião da primeira entrevista _________________________ xxxvi

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Depois de vários anos de aprendizagens e conquista de saberes específicos da área profissional por mim escolhida, vivenciei o tão aguardado e desejado ano de Estágio. Este momento surge como uma Unidade Curricular do plano de estudos do Mestrado de Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário, da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto, conjuntamente com o Relatório de Estágio, que agora se apresenta. Estas duas vertentes do último ano da minha formação exigem a aplicação de uma panóplia de conhecimentos adquiridos, sendo, por isso, as etapas mais marcantes para mim, enquanto Estudante Universitária. O Relatório de Estágio encontra-se dividido em cinco capítulos. O primeiro é relativo à introdução do trabalho, onde se procede a uma contextualização não só do Estágio Profissional mas de todo o processo que culmina com a realização do Relatório de Estágio. No capítulo dois, denominado Dimensão Pessoal, pretende-se que o Estudante Estagiário se dê a conhecer, identifique alguns dos pontos fulcrais da sua vida e esclareça as suas expectativas quanto ao seu processo de formação. O Enquadramento da prática profissional, capítulo três, situa os leitores no contexto onde toda a prática pedagógica supervisionada decorreu e identifica alguns dos mais importantes intervenientes deste momento formativo. No capítulo quatro, Enquadramento Operacional, estão espelhadas as exigências do Estágio, a necessidade constante de reflexão sobre a prática, o motor de desenvolvimento designado por investigação na ação e todos os acontecimentos mais marcantes, como as relações estabelecidas com a comunidade educativa, nesta descoberta da profissão. Por fim, o capítulo cinco, clarifica o pensamento do Estudante Estagiário sobre o seu futuro, identificando possibilidades e oportunidades no âmbito da sua formação.

PALAVRAS-CHAVE: PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM; ESTÁGIO

PROFISSIONAL; EDUCAÇÃO FÍSICA; PROFESSORA; MOTIVAÇÃO; AUTOPERCEÇÕES.

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After several years of learning and achievement of specific knowledge of the professional field chosen by me, I finally experienced the highly anticipated and desired internship. This moment comes as a curricular unit of the 2nd Cycle in Teaching of Physical Education in Primary and Secondary Education, in the University of Porto, together with the internship report that now is presented. These two fields of my last year of learning require a wide range of knowledge, and, therefore, they were the most important steps for me as an university student. This document is divided into five chapters. The first is an introduction to the work, where it proceeds to a contextualization not only of the Professional Internship but of the whole process that ends with the fulfillment of this report. In chapter two, named the Personal Dimension, the student lets to know himself, identifies some of the key points of his life and clarifies his expectations about his training process. The professional practice framework, chapter three, puts the readers in context where all the supervised teaching practice took place and identifies some of the most important participants of this formative moment. In chapter four, Operational Framework, are reflected the important requirements of the internship, the constant need for reflection on practice, the driving force of development known as an action research, and all the most important events, such as the relationship established with the educational community, on this finding of the profession. Finally, chapter five, clarifies the mind of the internship student about his future, identifying possibilities and opportunities within his training.

KEY-WORDS: TEACHING-LEARNING PROCESS; PROFESSIONAL INTERNSHIP; PHYSICAL EDUCATION; TEACHER; MOTIVATION; SELF-PERCEPTIONS

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DE – Desporto Escolar DT – Direção de Turma EP – Estágio Profissional

ESRT – Escola Secundária de Rio Tinto

FADEUP – Faculdade de Desporto da Universidade do Porto ME – Ministério da Educação

MEC - Modelo de Estrutura do Conhecimento

MEEFEBS – Mestrado de Ensino de Educação Física nos Ensinos Básicos e

Secundário

PC – Professor Cooperante

PCE – Projeto Curricular de Escola PEE – Projeto Educativo de Escola PES - Prática de ensino supervisionada PFI – Projeto de Formação Individual PO – Professora Orientadora

RE – Relatório de Estágio RI – Regulamento Interno UD – Unidade Didática UP – Universidade do Porto

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1.1. O Estágio Profissional como parte fundamental da

formação

No âmbito do Mestrado de Ensino de Educação Física nos Ensinos Básicos e Secundário (MEEFEBS), da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto (FADEUP), e na perspetiva de possuir o grau de Mestre, ficando deste modo apta para a lecionação de aulas de Educação Física (EF) em contexto escolar, realizei, durante o ano letivo 2014/2015, um Estágio Profissional (EP), na Escola Secundária de Rio Tinto (ESRT), situada na freguesia de Rio Tinto, concelho de Gondomar, enquadrada no distrito do Porto, resultando deste modo a realização deste documento designado Relatório de Estágio (RE), que possui um caráter pessoal, descritivo e sobretudo reflexivo.

A escola supracitada contou com um núcleo de estágio de Educação Física, do qual faço parte, juntamente com outros três aspirantes a tão nobre Profissão. Este núcleo dispõe da presença constante de um Professor Cooperante (PC), elemento que está intimamente ligado à escola e de uma Professora Orientadora (PO), destacada pela Faculdade, cujo objetivo é assegurar que as Normas Orientadoras do Estágio sejam cumpridas por todos os intervenientes.

Através dos vários anos de Licenciatura e do primeiro ano de Mestrado, juntamente com as minhas vivências enquanto aluna e relatos que durante toda a minha vida fui escutando em contexto familiar, devido ao meu pai ser também Professor, fui criando uma imagem mental do que seria integrar esta Profissão e ser responsável por uma turma, imagem essa, que quando confrontada com a realidade, se alterou um pouco, sentindo necessidade de reformular algumas das ideias preconcebidas que fui adquirindo ao longo do tempo. É neste seguimento que identifico as grandes mais-valias do Estágio Profissional, nos moldes que a FADEUP apresenta aos seus Estudantes Estagiários, concordando assim com Campos (1995), que afirma que “a formação pedagógica na sua vertente prática, sobretudo quando inclui um estágio com responsabilização pela docência nas escolas, é uma das

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características mais distintivas dos cursos de formação de professores relativamente aos restantes países da união europeia” (p. 37). Segundo o mesmo autor “a prática pedagógica concretiza-se através de atividades diferenciadas (desde a observação e análise até à responsabilização pela docência, sempre com supervisão) ao longo do curso e em períodos de duração crescente e responsabilização progressiva” (p. 14), sendo o EP o culminar de toda a formação.

Para Ribeiro da Silva cit. por Silva (2014) “o Estágio Pedagógico (EP) corresponde a um momento fundamental na formação profissional dos jovens professores, sendo, frequentemente, a única experiência de ensino acompanhado antes do fim da sua formação inicial, o que vem reforçar a importância que os alunos estagiários lhe atribuem, considerando-a, normalmente, como a mais significante de todo o processo formativo” (p. 129). Este mesmo autor encara o EP “reconhecendo-lhe grande potencial na promoção das aprendizagens daqueles, nos diversos âmbitos (cientifico-pedagógico-didático, pessoal, ético profissional, reflexivo), embora a ritmos diferentes” (Silva, 2014, p. 130).

Foi na prática e no contexto real dos acontecimentos e da vida escolar que consegui descobrir as minhas reais facilidades e dificuldades, os meus pontos fortes e fracos, as minhas angústias e tranquilidades. Foi nesta experiência real que me consciencializei que planear é um ponto importantíssimo do trabalho de um Professor, mas nenhum planeamento é estanque e nunca devemos limitar-nos ao que planeamos, pois conforme afirma Bento (2003) “no processo real do ensino existe o inesperado, sendo frequentemente necessário uma rápida reação situativa” (p.16). Para além disso, em contexto escolar o tempo é demasiado efémero e todos os dias as contrapartidas são novidades para o Professor, sendo muito difícil acreditar que aquilo que é verdade hoje sê-lo-á também amanhã.

É durante o estágio que percebemos a importância das pessoas e o quanto elas nos podem ensinar ou proporcionar, tanto a nível do conhecimento e da evolução profissional, como a nível social e pessoal. É durante este ano de altos e baixos, de amores e desamores, de motivações e desmotivações

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que nos conhecemos, que identificamos os nossos limites e as nossas estratégias para sermos mais fortes e mais capazes de enfrentar a roda vida que são os alunos, os restantes professores, os operacionais de ação educativa, o nosso próprio estado de espírito, todo o ambiente escolar.

O EP é segundo Silva (2014) “o momento de aplicação das competências profissionais desenvolvidas até então, com o objetivo de transporem para a prática um conjunto de conhecimentos pouco vivenciados, sendo esta prática em contexto real a sua mais-valia, oferecendo aos futuros professores, segundo Batista e Queirós (2013) cit. por Silva, a oportunidade de emergirem na cultura escolar nas suas diversas componentes, desde as suas normas e valores aos seus hábitos, costumes e práticas, que comprometem o sentir, o pensar e o agir dos estagiários” (p. 129).

Por tudo o descrito anteriormente, reforço o que Simões cit. por Silva afirma: “poucos períodos se comparam a este em importância, (…) constitui um período único e significativo na vida pessoal e profissional de qualquer professor” (Silva, 2014, p. 129).

O relatório de Estágio encontra-se organizado em cinco capítulos, sendo o primeiro designado de “Introdução”, onde estão espelhadas as ideias que serão desenvolvidas ao longo de todo o documento de forma mais pormenorizada, relativas a este ano tão rico e inovador e onde é possível identificar a estrutura global do mesmo.

O segundo capítulo, “Dimensão Pessoal”, contempla algumas das características que atribuo aos Professores, uma descrição do meu percurso de vida, até aos dias de hoje, todos os meus sonhos e motivações, e o confronto entre as minhas expectativas no início deste ano fantástico e a realidade por mim vivenciada.

Em terceiro lugar, surge o capítulo, “Enquadramento da prática profissional”, onde defino todo este processo no seu contexto legal e institucional, descrevo e reflito sobre todo o envolvimento do estágio, desde a Escola onde se desenvolveu, o Núcleo de Estágio, a Turma que lecionei de forma permanente, o Grupo de Educação Física, o Professor Cooperante, a Professora Orientadora e eu, a Professora Estagiária.

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O quarto capítulo, “Enquadramento Operacional”, relata e reflete todo o processo de conceção, planeamento, realização e avaliação do processo de ensino-aprendizagem, onde destaco pontos fortes e fracos, momentos e situações que mais me marcaram, facilidades e dificuldades que vivenciei. A participação e relação com a comunidade escolar, sendo assim possível adquirir algum conhecimento sobre as formas que escolhi para me relacionar satisfatoriamente com alunos, professores e operacionais de ação educativa. O desenvolvimento profissional, esclarecendo as minhas intenções e o que fiz ao longo deste ano para me tornar uma melhor profissional.

E por fim, o último capítulo designado “O fim de um sonho sem grandes perspetivas de repetição”, diz respeito ao balanço e prognóstico do meu futuro enquanto Professora de Educação Física.

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2.1 Ser Professor

“O Professor liga-se à eternidade; ele nunca sabe onde cessa a sua influência.”

(Henry Adams cit. por Bento, 2008)

Passados tantos anos, ainda me recordo do meu primeiro dia na escola, da minha Professora, de quem não guardo muito boas recordações por me mandar muitos trabalhos de casa, das cadeiras e mesas pequeninas, da fila para o baloiço na hora do intervalo, da comida quentinha na lancheira trazida pela Mãe, dos meus amigos, mantendo ainda contacto com alguns deles nos dias de hoje, da vergonha que tinha de ir ao quadro pela exposição perante toda a turma, das minhas grandes dificuldades em pontuar textos, recordo-me de tantas outras coisas que passaria horas a discorrer sobre elas.

Atualmente percebo a influência que todas as pequenas vivências em contexto escolar tiveram na minha personalidade, na forma como vivo a minha vida e nas escolhas que fiz até aos dias de hoje. Escolhi ser Professora por reconhecer grande dignidade, responsabilidade e dificuldade a esta profissão, por ter um exemplo maravilhoso em casa de como ser Professor, o meu Pai, por ter a sorte de, ao longo da minha escolaridade, aprender maioritariamente com grandes Professores e todos eles terem “regado” sistematicamente a “semente” que já existia dentro de mim, possibilitando assim que esta florescesse e comece agora a dar frutos.

Ser Professor é estimular a “promoção da emancipação, autonomia e liberdade dos humanos e o estímulo e encorajamento para se subtraírem das garras da irracionalidade e menoridade, da manipulação e alienação, da instrumentalização e domesticação” (Bento, 2008, p. 25), isto é, o Professor deve dotar os seus alunos de capacidades intelectuais, sociais e práticas que lhes permitam pensar por si, tomando autonomamente as melhores decisões para a sua vida. O Professor deve formar e não formatar, moldando os seus alunos “para serem homens livres e superiores à baixeza dos instintos, à manipulação e alienação e para exibirem e irradiarem elevado índice de

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estética e nobreza de traços no modo de ser e estar, no saber, no carácter, na convivência, na cidadania, na cumplicidade e solidariedade” (Bento, 2008, p. 28).

Embora a minha conceção de Professor esteja de acordo com o citado anteriormente, tenho noção que, hoje em dia, “o professor tem sido visto como orientador e facilitador de aprendizagem, tem sido recomendado a recorrer a métodos interativos, a uma organização pedagógica descentrada (mais horizontal), a aderir às novas tecnologias, a utilizar novos campos e modalidades de intervenção” (Cunha, 2008, p. 48), tentando ir de encontro aos interesses e motivações dos seus alunos, tornando, desta forma, a profissão docente mutável e desenvolvida de acordo com o contexto espacial e temporal e com toda a diversidade adjacente a cada geração. Não se fala apenas de gostos e motivações dos alunos quando está em causa uma adaptação nas metodologias de ensino, mas fala-se também, e principalmente, das capacidades intelectuais e sociais dos discentes, desta forma, Ruivo cit. por Cunha (2008, p. 53) afirma que “hoje o professor já não é apenas encarado como um especialista nas matérias que ensina, mas também um técnico altamente qualificado, em áreas do saber tão diversificadas quanto: (…) o conhecimento dos modelos de aprendizagem dos seus alunos; o conhecimento do desenvolvimento psicossociológico, condicionando as aprendizagens; o conhecimento das relações sociais que se estabelecem entre o aluno e a escola e entre esta e os diferentes agentes sociais que integram a comunidade; o domínio de técnicas e de processos de gestão de conflitos”.

Esta é uma profissão muito ingrata e que aos olhos de grande parte dos jovens, está incumbida da parte aborrecida da escola, os Professores não acrescentam nada à sua vida, repreendem alguns comportamentos que para os alunos são prazerosos e apenas debitam matéria que será alvo de um momento avaliativo. Pois bem, “há muitos anos a sociedade confiava a educação, no essencial, a duas instituições: família e escola. (…) Os pais viam-se prolongados pelos professores; ambos eram pedagogos de peso, com a diferença de que os últimos eram profissionais dotados da correspondente autoridade e competência” (Bento, 2008, p. 26). Hoje em dia esta realidade já

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não se verifica. O lado familiar deixou de representar a estrutura sólida que sustentava as fragilidades e incongruências dos elementos mais novos, parou em muitos casos de proporcionar estabilidade e harmonia sendo recorrente a observação de famílias completamente desestruturadas, o que geralmente acaba por ter consequências graves para aqueles que não têm qualquer culpa, os filhos. Por este motivo, “muitos alunos não têm hábitos, rotinas, normas e atitudes de conduta e disciplina exigíveis e imprescindíveis para agir corretamente no reduto escolar” o que, frequentemente “ocasiona a diminuição da possibilidade dos professores assumirem a função de ensinar; em vez de transmitir conhecimentos têm de cuidar de comportamentos” (Bento, 2008, p. 27).

Perante este cenário que pouco ou nada me tranquiliza e me faz levantar várias questões sobre o rumo que a sociedade está a tomar, eu acredito no poder que o Professor tem para influenciar positivamente a vida das crianças e jovens. Acredito vivamente também que os próprios alunos se podem influenciar uns aos outros, dando estabilidade e partilhando experiências enriquecedoras e produtivas. Defendo estas afirmações tendo como base a minha ínfima experiência em contexto escolar, como Professora, pois ao longo do ano letivo 2014/2015 tive a possibilidade de observar a transformação, o crescimento e a aquisição de competências fundamentais em vários alunos, uma evolução que terá um impacto significativamente positivo na sua vida em sociedade. Dando um exemplo muito simples e claro, o espírito de entreajuda, fomentado em todas as minhas aulas de Educação Física, é fundamental nos dias de hoje e eu sinto-me uma felizarda por ter incutido este valor em muitos dos meus alunos, pois estes não se encontravam sensibilizados para as dificuldades, que pessoas próximas poderiam sentir, num contexto que para si se verificava simples, e ter obtido resultados com esta estratégia.

Pessoalmente não consigo medir o impacto que todos os meus Professores, sejam eles bons ou menos bons, tiveram na minha vida, pois se dos melhores guardo atitudes, posturas e formas de ser e estar que tento reproduzir em contextos pedagógicos, sem descurar a minha identidade

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profissional, dos restantes retenho comportamentos que, enquanto aluna, não apreciei e por isso não quero reproduzir perante uma turma.

2.2 Vinte e tal anos de história

Ativa, será a palavra que melhor caracteriza a menina Mariana Ribeiro da Silva, de vinte e quatro anos, natural da freguesia de Santo Ildefonso, do concelho do Porto.

Desde sempre ouvi relatos de familiares e amigos onde as descrições sobre mim diziam que, enquanto criança, nunca parava quieta, calada ou de me portar mal. Isto diferenciava-me de todas as outras crianças da minha idade, porque me aventurava, fazia traquinices com muita piada, segundo dizem, e gostava das brincadeiras dos meninos como por exemplo, brincar com carros e jogar à bola. Por outro lado, as bonecas e pinturas nunca me fascinaram.

Tive a felicidade de passar grande parte da minha infância entre duas aldeias, Melres, do concelho de Gondomar, e outra do concelho de Penafiel, Rio Mau. Nelas tive a possibilidade de ser livre como seria impossível num contexto urbano, nelas eram imprescindíveis os amigos, as brincadeiras na rua, durante toda a tarde, os jantares rápidos para retomar a brincadeira. Nelas ganhei o gosto pelo movimento, o jogo, as aprendizagens e o companheirismo.

É neste seguimento que a disciplina de Educação Física ocupa um lugar de relevo ao longo de todos os meus anos de escolaridade, em paridade com a disciplina de Educação Musical. Através do Desporto Escolar pratiquei várias modalidades como a natação, a orientação e o atletismo, de onde retirei grandes valores para a minha vida quotidiana, como o respeito, o espírito de grupo, a entreajuda, a superação, a confiança e a autonomia. Respondi positivamente a um convite de uma amiga para experimentar a modalidade de remo, modalidade que me fascinou e pratiquei durante algum tempo e que também me ajudou na minha formação enquanto pessoa.

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Tudo isto, e algumas boas e más experiências com os meus professores de Educação Física, como por exemplo, ter uma professora no sexto ano de escolaridade que me retirou da avaliação de Voleibol porque eu não sabia jogar, e no sétimo ano uma professora que me deu o reconhecimento que outrora não tinha tido e com quem me identifico até aos dias de hoje, facilitaram a minha decisão quanto ao meu futuro. Sabia que queria ser como o meu Pai, um excelente Professor, mas encontrava-me dividida entre a Música e a Educação Física. Então, tendo por base as minhas experiências, decidi que queria ser Professora de Educação Física, principalmente porque o desporto sempre foi uma grande paixão. Desta forma a música ocupou um papel muito importante na minha vida, mas de modo secundário, tendo integrado a Banda Musical de Rio Mau durante alguns anos, como clarinetista. Foram anos muito enriquecedores e gratificantes, uma vez que senti que podia conjugar duas das minhas grandes paixões, podia pertencer a um grupo e ser o orgulho de alguns dos meus familiares.

No ano de 2006, vi-me obrigada a mudar de escola para poder frequentar o Curso Tecnológico de Desporto. Foi então que a Escola Secundária de Rio Tinto entrou na minha vida. Esta escola deu-me a possibilidade de, no décimo segundo ano, realizar um estágio, integrado no curso tecnológico que frequentava, junto de uma população muito especial, que sofria de Paralisia Cerebral, abrindo-me algumas portas, conforme relato mais à frente. É aqui que nasce o meu carinho e o meu interesse pelas pessoas portadores de deficiência. Durante três anos estudei, treinei, dediquei-me e esforcei-me para garantir a minha entrada na Faculdade de Desporto da Universidade do Porto, o que se verificou em 2009.

Foi neste ano que a minha vida mudou radicalmente. A realidade do Ensino Superior, as pessoas que conheci, os amigos que fiz, as aprendizagens que conquistei e o crescente interesse pelo Desporto fizeram de mim o que sou hoje. Em 2010 iniciei a minha atividade profissional relacionada à minha área de formação, tendo trabalhado no Clube Fluvial Portuense e nas Piscinas Municipais de Gondomar como Professora de Natação e de Hidroginástica. Também neste ano, fui convidada a integrar uma equipa de treinadores de

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Desporto Adaptado, no Clube Estrela Vigorosa Sport, onde tive o prazer de reviver a alegria que estas pessoas me proporcionam, trabalhar com uma equipa fantástica e com atletas enternecedores, sendo esta a experiência mais marcante e importante da minha vida. Os campos de férias desportivas organizados pelo Clube Estrela Vigorosa Sport em parceria com o Colégio das Escravas e o Projeto da Universidade Júnior têm contribuído para o aumento da minha experiência profissional, sendo há quatro anos as atividades que me ocupam ao longo dos meses de junho e julho. Por fim, relato a minha experiência como vendedora na loja Decathlon, durante o verão de 2014, experiência esta que me enriqueceu bastante ao nível das relações humanas e do meu entendimento sobre o mundo do trabalho.

Atualmente, encontro-me no último ano do Mestrado de Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário, tendo desempenhado a função de Professora Estagiária numa Escola onde outrora fui aluna, a Escola Secundária de Rio Tinto. Desde sempre a vertente do ensino foi o meu objetivo ao ingressar neste curso, desde sempre o desejo de voltar à minha Escola me acompanhou, até ao momento em que comecei a perceber todas as dificuldades sentidas no ensino público, até ao momento em que me fizeram perceber que, com algum sacrífico e uma fuga do meu meio confortável, poderia haver esperança para a minha profissão. Com isto, os Açores passaram a ser o destino de eleição para a realização do estágio, conquistando assim uma prioridade importantíssima no concurso de professores. Contudo, o mundo está sempre a mudar e quando julguei ser garantida a minha mudança do continente para a ilha, tudo foi impedido, guardando ainda alguma tristeza por não ter conseguido ganhar esta batalha. No entanto, não baixo os braços e continuo a lutar, a dedicar-me e a esforçar-me por conseguir alcançar o futuro que tanto desejo, aproveitando cada oportunidade e desafio.

Neste caminho conto com aspetos positivos e negativos. Considero-me uma pessoa bastante sensível, carinhosa, motivada, persistente, trabalhadora, observadora, preocupada mas também nervosa, pouco confiante, desanimada, aborrecida, inquieta, insatisfeita e teimosa. Todas estas características espelharam-se junto da minha turma, tendo pontos positivos como a boa

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relação que consegui criar com todos os meus alunos, o trabalho diário para lhes proporcionar as melhores aulas e as melhores aprendizagens, mas também pontos negativos como o nervosismo e insatisfação antes e depois de cada aula onde não me sinto tão à vontade.

“Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção.”

(Freire, 1996, p. 47)

2.3 Da expectativa à realidade

Sendo o Estágio Profissional a oportunidade dos futuros professores imergirem na cultura escolar nas suas mais diversas componentes, desde as suas normas e valores, aos seus hábitos, costumes e práticas, que comprometem o sentir, o pensar e o agir daquela comunidade específica (Batista e Queirós, 2013, p. 33), eram grandes as minhas expectativas no início do mesmo, não só por todo o significado agregado a este momento marcante da minha vida, por todas as novidades adjacentes, mas também por voltar “às minhas origens”, a uma escola que tanto me marcou durante todo o ensino secundário, pelos reencontros que tinha a certeza que iam acontecer, pelas novas pessoas que teria a oportunidade de conhecer, pelo meu Núcleo de Estágio, Professor Cooperante e Professora Orientadora, pela incerteza, pelo medo e pelo entusiasmo de conhecer as minhas turmas, pelo fascinante novo mundo que iria habitar durante todo o ano letivo, pela minha vontade de aprender, conhecer, desenvolver e evoluir.

Foram várias as questões que surgiram na minha cabeça quando finalmente me consciencializei que iria enfrentar um Estágio Profissional, que iria ser Professora. Como serão os meus alunos? Bem-educados, ariscos, indisciplinados, cumpridores e interessados? Será que estarei à altura de responder a todas as suas questões? Conseguirei manter-me imparcial quando

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confrontada com as minhas preferências em relação aos alunos e às próprias modalidades? Serei capaz de defender a minha disciplina quando necessário, fazendo valer toda a formação que fui adquirindo ao longo dos últimos anos no ensino superior? E o núcleo de estágio, o professor cooperante e a professora orientadora? Será que terei a autoridade necessária para não ser confundida com uma aluna pelos meus alunos, colegas, pais e operacionais de ação educativa? Todas estas perguntas sem resposta, numa fase inicial deste processo, formavam, na minha cabeça, um ruído ensurdecedor que me angustiou, afligiu e despertou para o grande desafio que se avizinhada.

Embora faça um balanço positivo deste ano de aprendizagens e adaptações, reconheço que nem todas as expectativas se verificaram na realidade, ou não se concretizaram de forma tão marcante como expectei. Escrevi há uns meses, no âmbito do Projeto de Formação Individual (PFI): “Este ano não será um ano só de trabalho, está a ser e será um ano de reencontros, emoções, recordações e muitos momentos felizes, será um ano onde espero encontrar a mesma sabedoria, eficácia, o mesmo profissionalismo, carinho e aprendizagens que outrora senti e vivi”, e no final desta jornada não alteraria nenhuma palavra do excerto citado, pois sem dúvida foi um ano feliz, que me preencheu muito para além do trabalho que desenvolvi, foi um ano onde reencontrei pessoas por quem nutro uma grande consideração e carinho, foi um ano onde me emocionei e dei especial relevo às sensações e emoções, ao que sentia em cada dia, em cada conversa, em cada lugar, foi um ano em que percebi como é difícil manter todo o profissionalismo que reconheço à Escola Secundária de Rio Tinto e às pessoas que lá lutam, todos os dias, por um futuro melhor, por uma sociedade mais culta e alfabetizada.

Ainda nas minhas expectativas iniciais afirmei: “(…) conheci professores que admirei e dos quais retive modos de intervenção e de relacionamento com os alunos que poderiam funcionar comigo quando chegasse o momento de ser professora também”. Este é um aspeto que não consegui descortinar na totalidade ao longo do estágio, uma vez que reconheço uma identidade profissional muito própria na minha forma de ensinar e de me relacionar com os

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alunos, que está intimamente relacionada com a minha personalidade modo de ser e estar. No entanto, considero que todos os Professores com quem convivi contribuíram de forma direta ou indireta para a clarificação da Professora que eu queria ser, moldando a minha imagem mental do que é ser um bom profissional e esclarecendo-me do que os alunos esperam e gostam de um Professor.

Numa fase inicial do estágio ambicionava “relacionar-me da melhor forma possível com toda a comunidade educativa, desenvolvendo relações de respeito e simpatia com todos”. É certo que respeitei e fui simpática com todas as pessoas com que me cruzei ao longo destes meses, no entanto, guardo o sentimento de que a relação com alguns elementos da escola poderia ter sido melhor, mais desenvolvida e explorada. O Grupo de Educação Física, por exemplo, ficou aquém das minhas expectativas, pois não me senti integrada, pouco falava com outros Professores de Educação Física em contextos informais, esperava desenvolver uma relação onde a troca de experiências e conhecimentos fosse privilegiada e o espírito de entreajuda estivesse presente, que estes Professores, talvez por reverem nos Estagiários o seu passado, a sua construção profissional, fossem mais preocupados e mais presentes no meu percurso na escola, contava aprender através de observações das aulas destes docentes, retirando ideias que considerasse boas para implementar na minha turma, o que não se verificou na maior parte dos casos. As atividades que seriam desenvolvidas pelo Grupo de Educação Física foram por diversas vezes alteradas, canceladas, tendo neste momento a sensação que não contribui satisfatoriamente para a realização das mesmas e que a escola poderia ser mais dinamizada através da realização efetiva de todos os torneios e tarefas que no início do ano letivo se previu.

Relativamente ao núcleo de estágio afirmo que foi uma boa e agradável surpresa, sendo efetivamente “o meu grande pilar ao longo deste ano”. Com os meus colegas de núcleo consegui alcançar um ano mais tranquilo, recheado de trocas de impressões e opiniões, onde o enriquecimento pessoal e profissional foi o mais importante e a grande prioridade. Reconheço que a minha evolução e a minha aprendizagem teriam ficado um pouco diminuídas se não tivesse a

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ajuda, as chamadas de atenção e as críticas construtivas que os meus companheiros sempre me dirigiram, possibilitando que o companheirismo e amizade crescessem ao longo de cada semana.

Outro grande pilar foi o meu Professor Cooperante tendo-o imaginado como uma pessoa que me faria evoluir ao longo das minhas aulas, através de todos os conselhos e correções que me fizesse, de toda a motivação e disponibilidade que demonstrasse, pois reconheço nele um grande profissionalismo e encaro-o não só como Professor mas também como um amigo que me acompanhou desde o Ensino Secundário até aos dias de hoje, demonstrando constantemente uma preocupação em me manter confiante e motivada. Sem dúvida que os meus pensamentos e desejos se verificaram na realidade, pois ao longo de todo o ano letivo o Professor Cooperante esteve disponível e envolvido na minha formação e evolução, disponibilizando, de forma direta ou indireta, todas as ferramentas necessárias para o meu sucesso. A Professora Orientadora significa para mim toda a tranquilidade e sabedoria indispensáveis para um ano tão atribulado e emotivo como é o ano de todas as descobertas, de todos os embates com o bom e o mau de ser Professor. Através das reuniões e contactos que fui estabelecendo com a mesma, verifiquei que me incitou sempre a refletir sobre a minha ação, sugeriu novos e melhores caminhos que me ajudaram a encontrar as respostas que precisava em cada momento e situação. Tinha elevadas expectativas relativamente à sua orientação do meu Relatório de Estágio, por já conhecer, em parte, o trabalho que desenvolve neste âmbito, e por lhe reconhecer grandes competências e conhecimentos, tendo desde cedo o desejo de poder trabalhar com a Professora Paula Queirós neste importante ano da minha formação.

Por fim, mas não menos importantes, surgem os meus alunos, aqueles com quem vivi experiências incríveis, aqueles que me fizeram perder o medo de ensinar e me animaram a cada dia. Trabalhei para proporcionar aulas interessantes, motivantes e com conteúdo aos meus alunos, dotando-os de ferramentas que os fizessem evoluir para um patamar onde os seus saberes e as suas competências fossem mais satisfatórias. Fomentar conceitos básicos

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indispensáveis na vida em comunidade, como o respeito, a entreajuda, a igualdade, a responsabilidade e a boa educação sempre foi um dos pontos fortes da minha atuação, pois considero que para além de ensinar as regras do jogo de Andebol, as ajudas na Ginástica, as vozes de partida no Atletismo e a cadência na Dança, devo intervir e atuar no sentido de formar cidadão competentes e responsáveis, capazes de viver em sociedade e de respeitar as diferenças existentes na mesma. Penso ter alcançado muito bons resultados ao nível da assiduidade, participação e empenho dos meus alunos, contribuindo para que gostassem mais de praticar exercício físico e se interessassem pelas atividades relacionadas com o Desporto. Além disso, considero que soube adaptar-me, lidando e relacionando-me da melhor forma com cada aluno, tendo em conta as suas particulares, facilidades e dificuldades.

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3.1

Enquadramento Concetual

“O Estágio Profissional entende-se como um projeto de formação do estudante com a integração do conhecimento proposicional e prático necessário ao professor, numa interpretação atual da relação teoria prática e contextualizando o conhecimento no espaço escolar. (…) Visa a integração no exercício da vida profissional de forma progressiva e orientada, através da prática de ensino supervisionada em contexto real, desenvolvendo as competências profissionais que promovam nos futuros docentes um desempenho crítico e reflexivo, capaz de responder aos desafios e exigências da profissão.”

(Matos, 2014a, p. 3)1

O estágio profissional pode ser encarado sob dois pontos de vista: o primeiro diz respeito ao momento em que realmente me confronto com a realidade escolar, com o ato de dar aulas, com todas as aprendizagens, com a felicidade que todo este cenário me proporciona e com a perceção de que é esta a profissão que quero exercer. “Trata-se de um período vivido com emoção e entusiasmo” (Flores, 1999, p. 171). Por outro lado, o segundo ponto de vista está associado ao final de um ciclo onde, de certa forma, estive protegida, onde tinha um objetivo e sabia o que faltava fazer e o que me esperaria no ano seguinte, está associado à consciencialização do ambiente que se vive numa escola, às dificuldades e angústias sentidas pelos professores e à remota esperança de dar aulas, a curto prazo, depois do estágio profissional. Estas primeiras experiências têm influência direta sobre a decisão de continuar ou não na profissão, estando este período marcado por sentimentos contraditórios que desafiam quotidianamente o professor e a sua prática docente. De certa forma, este estágio profissional demonstrou-me que

1

Matos, Z. (2014). Normas Orientadoras do Estágio Profissional do Ciclo de Estudos conducente ao Grau de Mestre em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básicos e Secundário da FADEUP – 2014-2015. Porto: Faculdade de Desporto da Universidade do Porto.

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“mais do que uma profissão desprestigiada aos olhos dos outros, a profissão docente tornou-se difícil de viver do interior” (Nóvoa, 1992, p. 23).

Focando-me apenas neste ano decisivo na minha formação enquanto Professora de Educação Física, afirmo que não consigo olhar para ele como algo dissociado de todos os anos que lhe antecedem. Conforme afirma Tamagnini cit. por Nóvoa (1992), a formação de professores está associada à “necessidade de equilíbrio entre as três dimensões (…): preparação académica, preparação profissional e prática profissional”. A preparação académica diz respeito à licenciatura e ao primeiro ano de mestrado, a preparação profissional, relaciona-se com todas as didáticas vivenciadas ao longo do primeiro ano de mestrado, e a prática profissional, é o momento que vivo atualmente por ter uma turma a meu cargo, sendo responsável pelas aulas de Educação Física da mesma. É devido a estes três fatores que ocorre o “choque com a realidade” “resultante das diferenças encontradas entre a formação inicial e o que de facto acontece na realidade” (Simões cit. por Queirós, 2014, p. 68), uma vez que “é no contacto com os espaços reais que o estudante estagiário conhece os contornos da profissão, tornando-se, pouco a pouco, um membro dessa comunidade educativa” (Lave e Wengwe cit. por Queirós, 2014, p. 68).

Depois de nove meses envolvida na escola onde estagiei, depois de várias interações com os professores que nela exercem a profissão docente, com os meus colegas de estágio que partilharam alguns dos meus sentimentos e opiniões, com os alunos que nela estudam e com os funcionários que nela desempenham o seu trabalho eficazmente, consigo perceber que o Estágio Profissional é mais do que a prática de ensino supervisionada (PES), as atividades de observação e colaboração em situações de educação e ensino, as atividades letivas e não-letivas realizadas na escola, as atividades de ensino-aprendizagem, as atividades incluídas nos ciclos de formação realizados na FADEUP e o Relatório de Estágio, é “mais do que um lugar de aquisição de técnicas e de conhecimentos, (…) é o momento-chave da socialização e da configuração profissional” (Nóvoa, 1992). Fui percebendo, ao longo deste tempo, que o estágio não se restringe ao meu Professor

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Cooperante, à minha Professora Orientadora, ao meu núcleo de estágio, às minhas turmas e aos espaços destinados às aulas de Educação Física. O estágio é muito mais do que isto, e trouxe-me a perspetiva de que “a noção de experiência mobiliza uma pedagogia interativa e dialógica” (Dominicé cit. por Nóvoa, 1992), isto porque através de conversas informais, de várias observações, percebi que se estiver disposta a aprender com todos os intervenientes em contexto escolar, consigo evoluir e assimilar vários comportamentos que me beneficiarão na minha própria prática.

Através do contacto com o meu Professor Cooperante apercebi-me que “a troca de experiências e a partilha de saberes consolidam espaços de formação mútua, nos quais cada professor é chamado a desempenhar, simultaneamente, o papel de formador e de formando” (Nóvoa, 1992, p. 26), uma vez que eu, enquanto Professora Estagiária aprendi imenso com o meu Professor, mas, por outro lado, fui alertada por ele para o facto de também eu poder transmitir e partilhar conhecimentos, enriquecendo a sua própria experiência profissional.

Mas não só desta vertente social e interativa vive o estágio profissional. Este ano “implica um investimento pessoal, um trabalho livre e criativo sobre os percursos e os projetos próprios, com vista à construção de uma identidade, que é também uma identidade profissional” (Nóvoa, 1992, p. 25). Esta Identidade trata-se de um processo aberto, contínuo, dinâmico e negociável, possuí um caráter pessoal e um caráter social, baseia-se nos valores, nas representações, saberes, angústias e medos de cada um e no modo como cada um se vê no mundo e resulta das múltiplas socializações e da interpretação e construção da nossa história (Dubar, 1997). Isto é, não pude acreditar que tudo conseguiria apenas com os relatos de outros professores, com as observações feitas ao longo deste ano, com as orientações do Professor Cooperante e da Professora Orientadora, muito pelo contrário, tudo isto é perspetivado por mim como uma base para o meu desenvolvimento próprio e singular, uma vez que “a formação está indissociavelmente ligada à «produção de sentidos» sobre as vivências e sobre as experiências de vida” (Finger; Ball e Goodson cit. por Nóvoa, 1992, p. 26).

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Por fim, concordo com o triplo movimento sugerido por Schön cit. por Nóvoa (1992), que engloba o conhecimento na ação, a reflexão na ação e a reflexão sobre a ação e sobre a reflexão na ação, isto porque a prática profissional docente levanta problemas que não são meramente instrumentais, comportando, todos eles, situações problemáticas que obrigam a decisões no terreno de grande complexidade, incerteza, singularidade e de conflito de valores. Estas ocorrências, do meu ponto de vista, empregam pertinência ao aspeto reflexivo que todo e qualquer professor deve ser capaz de aplicar na sua prática pedagógica, uma vez que só através da reflexão conseguimos pensar sobre os aspetos positivos e negativos da nossa atuação, e definir estratégias de melhoria. Por este motivo, a reflexão, torna-se um aspeto crucial ao longo de todo o Estágio Profissional, na busca incessante pela competência profissional. Esta competência assenta no desenvolvimento de competências pedagógicas, didáticas e científicas, associadas a um desempenho profissional crítico e reflexivo que se apoia igualmente numa ética profissional em que se destaca a capacidade para o trabalho em equipa, o sentido de responsabilidade, a assiduidade, a pontualidade, a apresentação e a conduta adequada na Escola.

3.2

Contexto legal e institucional do estágio profissional

O estágio profissional está assente em normas específicas da instituição universitária, Faculdade de Desporto da Universidade do Porto, e em legislação singular conferindo assim ao Mestrado de Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário a habilitação profissional para a docência em contexto escolar. Estas normas e legislação fomentam a uniformização das condições em que os Estágios Profissionais decorrem, uma vez que são várias as Escolas, os contextos, os Professores Cooperantes, os Professores Orientadores e os alunos envolvidos em todo este processo.

(47)

A Portaria n.º 1097/2005 de 21 de Outubro esclarece que “a prática pedagógica constitui uma componente fundamental da estrutura curricular dos cursos de formação inicial ministrados pelos estabelecimentos de ensino superior e conferentes de qualificação profissional para a docência” (Ministério da Educação e da Ciência Tecnologia e Ensino Superior, 2005, p. 6151), sendo esta prática ”orientada pela instituição formadora com a colaboração de um estabelecimento de educação dos ensinos básico e secundário, podendo, na sua fase final, revestir o formato de um estágio”. Este estágio acontece através da prática pedagógica supervisionada onde o estudante estagiário deve aplicar grande parte da teoria que lhe foi ensinada ao longo dos anos precedentes do curso através do desenvolvimento de uma prática letiva supervisionada, participar, na qualidade de observador, em reuniões de órgãos da escola, na planificação da atividade letiva e na preparação de instrumentos de avaliação e de materiais didáticos. De todas estas tarefas resulta o Relatório de Estágio que visa a reflexão acerca de todas as transformações, melhorias e aprendizagens sentidas pelo Professor Estagiário.

O estágio é acompanhado e orientado por um professor da escola, Professor Cooperante, e um professor do estabelecimento de ensino superior, Professor Orientador, sendo da competência do Professor da escola, segundo a mesma portaria supracita, o acompanhamento e a orientação do estudante estagiário nas vertentes de formação e de ação pedagógicas realizadas na escola, a participação nas ações de formação destinadas a orientadores das escolas programadas pelo estabelecimento de ensino superior, a participação nas reuniões de coordenação programadas pelo estabelecimento de ensino superior, a participação, em conjunto com os orientadores do estabelecimento de ensino superior, na avaliação dos estudantes estagiários, a elaboração e envio à direção regional de educação respetiva o relatório referente à concretização da prática pedagógica supervisionada nos termos fixados por aquela.

Segundo o Ministério da Educação (2007, p. 1320), no Decreto-Lei n.º 43/2007 de 22 de Fevereiro, o título de habilitação profissional “constitui condição indispensável para o desempenho docente, nos ensinos público,

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particular e cooperativo e nas áreas curriculares ou disciplinas abrangidas por esse domínio”, sendo um sinal claro de que a exigência perante os profissionais de educação está a aumentar, permitindo um nível mais elevado de formação e competência dos Professores. Este mesmo decreto torna possível a mobilidade dos Professores entre diferentes níveis e ciclos de ensino o que “permite o acompanhamento dos alunos pelos mesmos professores por um período de tempo mais alargado, a flexibilização da gestão de recursos humanos afetos ao sistema educativo e da respetiva trajetória profissional”.

Com as alterações nas estruturas dos ciclos de estudos do ensino superior, no âmbito do Processo de Bolonha, o nível de habilitação profissional passa a ser o de mestrado o que vai de encontro ao supracitado: “esforço de elevação do nível de qualificação do corpo docente com vista a reforçar a qualidade da sua preparação e a valorização do respetivo estatuto socioprofissional”. Neste sentido, “o novo sistema de atribuição de habilitação para a docência valoriza, de modo especial, a dimensão do conhecimento disciplinar, da fundamentação da prática de ensino na investigação e da iniciação à prática profissional”, estando desta forma espelhados os pressupostos vivenciados ao longo do MEEFEBS, da FADEUP.

Desta forma, a nível institucional, o EP “considera os princípios decorrentes das orientações legais nomeadamente as constantes do Decreto-lei nº 74/2006 de 24 de março e o Decreto-Decreto-lei nº 43/2007 de 22 de fevereiro e têm em conta o Regulamento Geral dos segundos Ciclos da UP, o Regulamento geral dos segundos ciclos da FADEUP e o Regulamento do Curso de Mestrado em Ensino de Educação Física”, sendo encarado nesta instituição do ensino superior como “uma unidade curricular do segundo ciclo de estudos conducente ao grau de Mestre em Ensino de Educação Física da FADEUP e decorre nos terceiro e quarto semestres do ciclo de estudos” (Matos, 2014b, p.2)2.

2

Matos, Z. (2014). Regulamento da Unidade Curricular Estágio Profissional do Ciclo de Estudos conducente ao Grau de Mestre em Ensino da Educação Física nos Ensinos Básicos e Secundário da FADEUP – 2014-2015. Porto: Faculdade de Desporto da Universidade do Porto.

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Esta forma progressiva de integração na vida profissional tem, na minha opinião, uma importância extraordinária para os aspirantes a tão nobre profissão, pois confrontam-se durante um ano letivo completo com uma situação real da sua profissão, estando constantemente acompanhados e auxiliados por pessoas repletas de experiência, situação que fomenta a investigação, a descoberta, a vinculação da identidade profissional e a apreciação de cada um dos momentos ricos de todo este processo. Para além disso organiza-se em três áreas de desempenho: Organização e Gestão do Ensino e da Aprendizagem; Participação na Escola e Relação com a comunidade; Desenvolvimento Profissional. A primeira engloba a conceção, o planeamento, a realização e a avaliação do ensino e tem como objetivo a construção de uma estratégia de intervenção, orientada por objetivos pedagógicos, que respeitem o conhecimento válido no ensino da Educação Física e conduzam com eficácia pedagógica o processo de educação e formação do aluno na aula de Educação Física. A segunda engloba todas as atividades não letivas realizadas pelo estudante estagiário, tendo em vista a sua integração na comunidade escolar e que, simultaneamente, contribuam para um conhecimento do meio regional e local tendo em vista um melhor conhecimento das condições locais da relação educativa e a exploração da ligação entre a escola e o meio. E por fim, a terceira engloba atividades e vivências importantes na construção da competência profissional, numa perspetiva do seu desenvolvimento ao longo da vida profissional, promovendo o sentido de pertença e identidade profissionais, a colaboração e a abertura à inovação. Tem como objetivo perceber a necessidade do desenvolvimento profissional partindo da reflexão acerca das condições e do exercício da atividade, da experiência, da investigação e de outros recursos de desenvolvimento profissional. Investigar a sua atividade em toda a sua abrangência (criar hábitos de investigação/reflexão/ação) (Matos, 2014a).

Neste momento, sinto-me em condições de afirmar que cumpri com a regulamentação do EP, tendo desenvolvido um trabalho significativo com as turmas que ficaram ao meu cargo de forma permanente ou partilhada, respeitando os quatro níveis de organização e gestão do processo de ensino e

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aprendizagem (conceção, planeamento, realização e avaliação), participando de forma ativa nas reuniões de conselho de turma, assistindo a diversas aulas dos meus colegas de núcleo de estágio e do meu PC, concretizando o Projeto de Formação Individual (PFI), acompanhando um grupo de Desporto Escolar (DE) e todo o trabalho desenvolvido no âmbito da Direção de Turma (DT), planeando e organizando atividades de núcleo de estágio que servissem a comunidade escolar.

Todas as normas e legislações podem parecer maçadoras ou descontextualizadas, mas no final deste ano tão trabalhoso, enriquecedor e produtivo reconheço todo o fundamento de cada ponto nelas contido, afirmando que apenas quem vive esta experiência é capaz de entender o seu significado.

3.3 A Escola que marcou a minha vida: Escola Secundária de

Rio Tinto

O conceito de Escola sofreu grandes alterações ao longo das últimas décadas, passando da “escola-instituição em que se procura formar um sujeito autónomo, capaz de participar livremente na sociedade e de assim instituir os seus deveres e direitos de cidadania, para uma escola-serviço, em que os alunos e as famílias são vistos como consumidores de serviços que se compram num mercado, (…) que fez da relação professor-aluno uma relação cada vez mais próxima da existente em outros mercados de consumo” (Gomes, 2014, p. 292).

Esta mudança na escola acarreta consequências devastadoras nos professores e nos próprios alunos. Os professores perdem a motivação para ensinar pois a sua profissão está descredibilizada, e os alunos começam a ser tratados de igual forma, deixando de existir igualdade e a preocupação de interpretar as dificuldades e facilidades de cada um, adaptando o processo de ensino-aprendizagem.

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Existem algumas metodologias que podem inverter o rumo da escola e da profissão docente, como afirma Martins cit. por Lopes (2014, p. 277) ao dizer que “a escola deve agora desenvolver sete “competências de sobrevivência” necessárias para que as crianças e os jovens possam enfrentar os desafios futuros: “pensamento crítico e capacidade de resolução de problemas, colaboração, agilidade e adaptabilidade, iniciativa e capacidade empreendedora, boa comunicação oral e escrita, capacidade de aceder à informação e analisá-la e, por fim, curiosidade e imaginação”. Contudo, “as escolas não podem mudar sem o empenhamento dos professores, e estes não podem mudar sem uma transformação das instituições em que trabalham. O desenvolvimento profissional dos professores tem de estar articulado com as escolas e os seus projetos” (Nóvoa, 1992, p. 28).

A escola é cada vez mais vista como uma “territorialidade própria onde a autonomia dos professores se pode concretizar” (Nóvoa, 1992, p. 29). Esta afirmação entristece-me um pouco, pois deixa no ar a ideia de que o professor não é reconhecido fora do seu estabelecimento de ensino, fora da sala de aula, e está seriamente condicionado a um local para exercer a sua função de formador de cidadãos cultos e educados.

Mesmo com toda a negatividade que hoje em dia envolve a escola, quero acreditar que “estamos a evoluir no sentido de uma profissão que desenvolve os seus próprios sistemas e saberes, através de percursos de renovação permanente que a definem como uma profissão reflexiva e científica” (Nóvoa, 1992, p. 31). Desta forma, “para ser capaz de cumprir a sua missão a Escola tem necessidade de (re) conhecer não apenas todos os elementos que a compõem, como os que nela incidem (…) vai-se fazendo, nunca está feita, nunca está concluída porque o que hoje serve é resposta ao desafio deste tempo. Amanhã, por ser outro tempo, terá de se rever, de se auto questionar em diálogo com o meio” (Projeto Educativo, 2013/2017, p. 4)3

.

A Escola Secundária de Rio Tinto foi criada pela Portaria de 30 de Junho da 1982 e iniciou as suas atividades num edifício arrendado ao IANT, junto à

3

Projeto Educativo 2013/2017 do Agrupamento de Escolas de Rio Tinto n.º 3, consultado a 8 de Agosto de 2015, disponível em http://www.aert3.pt/index.php/documentos.

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estrada nacional 15, no lugar de Chão Verde, onde se manteve durante dez anos. Atualmente encontra-se em funcionamento na Travessa da Cavada Nova, na Cidade de Rio Tinto, Concelho de Gondomar, Distrito do Porto, sendo a sede do Agrupamento de Escolas de Rio Tinto Nº3, que foi criado a 4 de Julho de 2012. A área de abrangência é considerável, uma vez que acolhe alunos das freguesias de Rio Tinto, Baguim do Monte e Fânzeres. Para lá destas freguesias, a Escola Secundária de Rio Tinto recebe também alunos oriundos de outras freguesias do concelho.

Rio Tinto tornou-se cidade a 30 de agosto de 1995, com uma população de 47 mil habitantes e tem o seu nome ligado ao rio que a atravessa, pois junto a ele travou-se uma sangrenta batalha, ficando na memória do seu povo o sangue derramado que, de tão abundante, tingiu as cristalinas águas do rio, passando desde então a chamar-se Rio Tinto. Ocupa uma área de 9,5 𝐾𝑚2 e localiza-se a oriente da cidade do Porto, a poente de Pedrouços, a norte de Águas Santas, a nascente/sul de Baguim do Monte e Fânzeres e a sul de Campanhã (Site da Junta de Freguesia de Rio Junta de Freguesia de Rio Tinto, S. d.).

Figura 1 – Mapa das Freguesias do Concelho de Gondomar

Conhecer a Escola Secundária de Rio Tinto, algum do pessoal docente, dos operadores de ação educativa e algumas das rotinas implementadas nesta instituição, ajudou-me muito numa primeira fase do ano de estágio, uma vez que não senti necessidade de realizar um reconhecimento tão aprofundado do

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