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O mercado de crédito de carbono para a promoção do desenvolvimento sustentável

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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA MARCELA MOSER

O MERCADO DE CRÉDITO DE CARBONO PARA A PROMOÇÃO DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

Florianópolis 2013

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MARCELA MOSER

O MERCADO DE CRÉDITO DE CARBONO PARA A PROMOÇÃO DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em Relações Internacionais da Universidade do Sul de Santa Catarina como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel.

Orientador: Prof. José Baltazar Salgueirinho Osório de Andrade Guerra, Dr.

Florianópolis 2013

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Dedico este Trabalho de Conclusão de Curso aos meus pais Rosane Maria e Marcelo Moser aos meus irmãos Vinicius e Filipe Moser.

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AGRADECIMENTOS

Realizar um trabalho de conclusão de curso é um desafio de múltiplas tarefas, como concentração, conhecimento, paciência, superação, força e muitos outros. E como ninguém conquista nada sozinho pra mim não foi diferente, primeiramente agradeço a Deus por ter me dado o presente da vida. Em segundo lugar ao meu professor e orientador José Baltazar Salgueirinho Osório de Andrade Guerra, que me deu todo suporte técnico para a realização deste trabalho, assim como disposição e muita alegria nos encontros de orientações.

Agradeço também à minha família que me deu toda força, apoio moral e psicológico para essa etapa se concretizar na minha vida. Ao meu namorado, Renato Gimenes, que foi bastante compreensivo com relação a minha dificuldade de tempo para nos encontrarmos, e essencial para me animar para seguir em frente.

Aos antigos e bons amigos, que por demandar muita dedicação a um trabalho de conclusão de curso, acabei me afastando de muitas pessoas que gosto. Mas também estive mais próxima de outras poucas, mas pessoas muito importantes no meu crescimento acadêmico, como a equipe idealizadora da Empresa Júnior de Relações Internacionais, que com muito esforço conseguimos colocá-la em prática, porém ainda temos muitos desafios e trabalhos pela frente. Principalmente a Presidente da gestão 2013/2 da empresa, Ingrid Cirio, que passamos bastante tempo trabalhando juntas nessa empreitada.

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“Se você tem metas para um ano; Plante arroz. Se você tem metas para 10 anos; Plante uma árvore. Se você tem metas para 100 anos, então eduque uma criança. Se você tem metas para 1000 anos, então preserve o Meio Ambiente” (Confúcio).

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RESUMO

Este trabalho objetivou levantar as principais contribuições dos Créditos de Carbono na promoção de desenvolvimento sustentável. Procurou ressaltar a importância do conhecimento sobre os Mecanismos de Desenvolvimento Limpo como fator de influência na alteração do quadro das mudanças climáticas. Através de pesquisa bibliográfica, estudo de caso e pesquisa documental, foram descritas as estratégias utilizadas pelo projeto de MDL da Usina de Cogeração de Energia de Lages e características evidenciadas que promovem o desenvolvimento sustentável. Revisou-se os conceitos a respeito das mudanças climáticas e a ação do homem, o efeito estufa, a agenda ambiental, o Protocolo de Quioto, os Créditos de Carbono e Desenvolvimento Sustentável. Expôs um estudo de caso que pode contribuir para o entendimento prático do Mercado de Crédito de Carbono, mais especificamente do MDL, e suas contribuições para os países em desenvolvimento o elaboram no trabalho para alcançar o Desenvolvimento sustentável. Contribuiu destacando a importância de conhecer a área temática das mudanças climáticas e a preocupação internacional com o futuro do mundo.

Palavras-chave: Créditos de Carbono. Mecanismo de Desenvolvimento Limpo. Desenvolvimento Sustentável.

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ABSTRACT

This study aimed to identify the main contributions of Carbon Credits in promoting sustainable development. Aimed to highlight the importance of knowledge about the Clean Development Mechanism as a factor influencing change in the context of climate change. Through literature review, case study and documentary research, we described the strategies used by project of Clean Development Mechanisms of Plant Cogeneration Lages and highlighted features that promote Sustainable Development. Revised up concepts about climate change and human activity, the greenhouse effect, the environmental agenda, the Kyoto Protocol, Carbon Credits and Sustainable Development. Exposed a case study that can contribute to the practical understanding of the Carbon Credit Market, specifically the CDM, and its contributions to the developing countries in the elaborate work to achieve sustainable development. Contributed highlighting the importance of knowing the thematic area of climate change and international concern about the future of the world.

Key-words: Carbon Credits. Clean Development Mechanisms. Sustainable Development.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Relação entre governança global, regimes internacionais e abordagens

organizacionais ... 26

Figura 2 – Emissões globais de carbono para a atmosfera ... 29

Figura 3 – Ranking dos maiores países emissores de gases de efeito estufa ... 30

Gráfico 1 – Estimativas anuais de emissões de gases de efeito estufa no Brasil ... 31

Figura 4 – Resultados para cada tema discutido em Johannesburgo ... 41

Figura 5 – Mapa do Protocolo de Quioto em 2005 ... 46

Figura 6 – O tripé da sustentabilidade ... 52

Figura 7 – Mapa dos atuais, emergentes e potenciais esquemas de comércio de emissões ... 62

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Total das emissões de dióxido de carbono das Partes do Anexo I em 1990 ... 47 Tabela 2 – Mercado de Carbono: visão geral, volumes e valores, calendário 2010-2011 ... 60

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LISTA DE SIGLAS

ASIN – Assessoria de Assuntos Internacionais BBC – British Broadcasting Corporation

BIRD – Banco Internacional de Reestruturação e Desencolvimento BM&F – Bolsa de Mercadorias e Futuros

CGEE – Centro de Gestão e Estudos Estratégicos

CMDS – Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável

CNUMAC – Comissão das Nações Unidas para a Mudança do Clima

CNUMAD – Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento

CNUMAH – Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente Humano CONCLIMA – Conferência Nacional de Mudanças Climáticas Globais

COP – Conferência das Partes

CPLP – Países de Língua Portuguesa

CQNUMC – Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas CH4 – Metano

CO2 – Gás Carbônico

COP – Conferências das Partes

FAO – Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação GEE – Gases de Efeito Estufa

HFCs – Hidrofluocarbonos

IPCC – Intergovernmental Panel On Climate Change MCTI – Ministério da Ciência e Tecnologia e Inovação MDL – Mecanismos de Desenvolvimento Limpo

MERCOSUL – Mercado Comum do Sul MIT – Massachussets Institute of Technology MMA – Ministério do Meio Ambiente

N2O – Óxido Nitroso

OMS – Organização Mundial de Saúde ONG – Organizações Não-Governamentais ONU – Organização das Nações Unidas

ONU HABITAT – Programa das Nações Unidas para Habitação OTCA – Organização do Trabalho de Cooperação Amazônica

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PBMC – Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas PFCs – Perfluorocarbonos

PNUD – Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento Humano PNUD BRASIL – Programa das Nações Unidas pelo Desenvolvimento Brasil PNUMA – Programa das Nações Unidas pelo Meio Ambiente

RAN1 – Relatório de Avaliação Nacional 1o SF6 – Enxofre

UCLA – Unidade de Cogeração de Energia Lages

UNESCO – Organização das Nações Unidas para Escola, Conhecimento e Cultura UNFCCC – United Nations Framework Convention on Climate Change

UNISUL – Universidade do Sul de Santa Catarina USP – Universidade de São Paulo

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ... 14

1.1 EXPOSIÇÃO DO TEMA E DO PROBLEMA ... 14

1.2 OBJETIVOS ... 16

1.2.1Objetivo geral ... 16

1.2.2Objetivo específico ... 17

1.3 JUSTIFICATIVA ... 17

1.4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ... 18

1.4.1Classificação da pesquisa quanto à natureza ... 19

1.4.2Classificação da pesquisa quanto à abordagem ... 19

1.4.3Classificação da pesquisa quanto aos objetivos ... 19

1.4.4Classificação da pesquisa quanto aos procedimentos ... 20

1.5 ESTRUTURA DA PESQUISA ... 20

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ... 22

2.1 MUDANÇAS CLIMÁTICAS E A AÇÃO DO HOMEM ... 22

2.1.1Efeito Estufa ... 27

2.2 A AGENDA AMBIENTAL GLOBAL ... 33

2.3 PROTOCOLO DE QUIOTO ... 43

2.4 CRÉDITOS DE CARBONO ... 47

2.5 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL ... 50

2.5.1A Organização Das Nações Unidas No Contexto Do Desenvolvimento Sustentável ... 54

3 ANÁLISE DE DADOS ... 55

3.1 O MERCADO DOS CRÉDITOS DE CARBONO ... 55

3.2 ANÁLISE DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL ... 65

3.3 ESTUDO DE CASO DE MDL EM SANTA CATARINA: UNIDADE DE COGERAÇÃO DE ENERGIA LAGES (UCLA) ... 69

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 75

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1 INTRODUÇÃO

Este trabalho tem como objetivo apresentar as vantagens geradas para as organizações e nações que tenha intenção e condições para participar do mercado de Crédito de Carbono, considerando os benefícios da sustentabilidade para o planeta e os rendimentos gerados para quem os adota. Considerando-se as devastações ocorridas em nosso planeta, e, os constantes e cada vez mais intensos fenômenos climáticos, que assolam nosso meio ambiente, resultado direto da atividade humana, conforme conclui o relatório do Painel Intergovernamental das Mudanças Climáticas (IPCC, em inglês) das Nações Unidas divulgado no dia 27 de setembro de 2013, onde pela primeira vez que o principal organismo internacional para o clima, conclui que as mudanças climáticas são de fato resultado direto da ação humana.

Porém iniciou-se de forma tímida e muito diplomática a necessidade e a preocupação pela preservação do meio ambiente. Afinal todas as nações desenvolvidas ou em desenvolvimento estão sentindo os efeitos negativos na vida de todos os seres vivos, e neste caso as tragédias não escolhem o país, e o que é mais assustador e injusto é o fato de que as Nações que primeiro irão sentir os efeitos das mudanças climáticas de uma forma mais severa são as que estão menos preparadas e ironicamente foram as que menos agrediram o meio ambiente (INTERGOVERNMENTAL PANEL ON CLIMATE CHANGE, 2013). Através dessa consciência, e também de quais são os limites da terra, surgiu a preocupação em proteger o planeta e disciplinar o homem, com a intenção de preservar para que gerações futuras usufruam dele em boas condições. A Organização das Nações Unidas (ONU) considerando todos os fatos passou a reunir governantes e cientistas para debater sobre a preservação do meio ambiente, resultando em diversas conferências e convenções sobre o tema até hoje (SANTOS, 2012).

1.1 EXPOSIÇÃO DO TEMA E DO PROBLEMA

O aquecimento global é uma realidade notável no ambiente mundial presente, e sua aceleração vêm como uma tragédia global anunciada, uma espécie de apocalipse climático. A partir da Revolução Industrial, iniciada no final do século XVIII, que o clima mundial vem sendo afetado pelas emissões excessivas de gases

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poluentes na atmosfera, e se somarmos o crescimento populacional desenfreado, o modelo desenvolvimentista, e a necessidade de melhoria da qualidade de vida da população mundial (via acesso a todos os bens e serviços disponíveis nos países industrializados), temos como resultado uma necessidade de insumos retirados da nossa Terra além do que ela pode produzir (SANTOS, 2012).

Devido a estes fatos, muitas Nações e Organizações Internacionais, através principalmente da Organização das Nações Unidas (ONU), estão se reunindo para encontrar uma forma de disciplinar e diminuir as emissões de gases poluentes, mas sem abalar as economias (SANTOS, 2012).

Contudo a preocupação ambiental no mundo começou muito antes desse movimento engajado pela ONU, mesmo sendo esta uma organização internacional importante e influente. Sendo que essa questão sempre permeou a vida do homem, de acordo com o apresentado por Bursztyn e Persegona (2008, p. 13):

A história dos grandes fatos relevantes para o entendimento da questão ambiental é tão antiga quanto a própria contagem do tempo. Sua narrativa tem vários inícios possíveis. Pode-se partir do big bang (quando tudo começou); do início das eras geológicas, há milhões de anos (quando nosso planeta registra os primeiros indícios de vida unicelular); dos vulcanismos (como o que provocou o início da separação dos continentes); das glaciações (como a que extinguiu os grandes mamíferos pré-históricos); da revolução neolítica (quando os homens começaram a se impor sobre a natureza); do princípio da civilização (quando nos sedentarizamos); ou dos tempos bíblicos da arca de Noé (possivelmente o primeiro grande desastre ecológico relatado).

A participação efetiva da comunidade internacional para promover a cooperação em prol do meio ambiente ocorreu de maneira muito fraca. Como é possível observar através do contexto histórico contraditório da civilização humana, segundo Bursztyn e Persegona (2008, p. 14):

A evolução histórica da humanidade revela uma dialética do progresso: por um lado, ele produz avanços da longevidade e redução da mortalidade natural; mas, por outro, provoca riscos cada vez maiores, que ameaçam a própria vida ao longo prazo. A crise ambiental da atualidade é um reflexo dessa evolução contraditória da civilização.

Sendo assim os principais eventos globais para discutir e assumir políticas a respeito do meio ambiente será analisado neste trabalho, assim como os documentos gerados desses encontros, seus progressos e retrocessos. Os encontros mais relevantes sobre o clima em toda a história da humanidade, para

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este estudo, foram: o Clube de Roma em 1968, Estocolmo em 1972, ECO-92 em 1992, Johannesburgo em 2002, Rio+20 em 2012 (BRASIL, 2013c).

Eventos esses nos quais geraram vários documentos de relevância internacional para o clima, sendo um deles o Protocolo de Quioto, que gerou a criação de um mercado de carbono (SANTOS, 2012).

O Protocolo de Quioto assinado em 1997 e negociado pela Comissão das Nações Unidas para a Mudança do Clima (CNUMC), em inglês, United Nations Framework Convention on Climate Change (UNFCCC), surgiu com a intenção de impulsionar os países em desenvolvimento a diminuir suas emissões de gases efeito estufa na atmosfera. Criando assim, metas de diminuição de emissões para a maior parte dos países desenvolvidos (SANTOS, 2012).

Diante desse cenário, que o presente trabalho tem como tema apresentar uma forma de geração de economia sustentável, através das oportunidades e desafios do mercado internacional de crédito de carbono para o Brasil.

Todas essas ideias e discussões conduzem à seguinte questão central de pesquisa, que direciona e aprofunda o desenvolvimento do trabalho: Quais são as principais contribuições dos créditos de carbono, para a promoção do desenvolvimento sustentável?

1.2 OBJETIVOS

Considerando o tema de pesquisa proposto no presente trabalho, apresentam-se a seguir os objetivos a serem alcançados com este trabalho de conclusão de curso.

1.2.1 Objetivo geral

O objetivo geral deste trabalho de conclusão de curso é destacar quais são as principais contribuições dos créditos de carbono na promoção do desenvolvimento sustentável.

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1.2.2 Objetivo específico

Buscando alcançar e complementar o objetivo geral, apresentam-se alguns objetivos específicos a serem alcançados no decorrer do trabalho:

- Caracterizar o mercado de créditos de carbono;

- Contextualizar o conceito de desenvolvimento sustentável;

- Destacar as contribuições dos créditos de carbono, mais especificamente os projetos de Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), para o desenvolvimento sustentável;

- Apresentar um estudo de caso de aplicação do crédito de carbono no Brasil.

1.3 JUSTIFICATIVA

O tema ambiental ocupa um espaço de evidência no meio internacional. E o Brasil é um participante ativo nas negociações e práticas das convenções internacionais e programas referentes ao meio ambiente e ao desenvolvimento sustentável.

Os efeitos combinados da crise financeira global, às preocupações com a escassez de recursos naturais e à segurança energética vêm alterando, aos poucos, a forma com que várias partes interessadas das empresas (stakeholders), notavelmente alguns acionistas ‘ativistas’, percebem a sustentabilidade como fator de geração de valor no longo prazo (ZIBAS, 2013).

Foi criado o conceito de stakeholders para nomear todas as pessoas, instituições e/ou empresas que, de determinada forma, são impactadas pelas atitudes de uma organização. É um termo em inglês amplamente empregado para indicar as partes interessadas, em outras palavras, algum grupo ou indivíduo que é capaz de afetar o negócio ou então ser por ele afetado, através de suas opiniões ou ações (GESSER; FERREIRA; FERREIRA, 2009).

Tendo em vista a necessidade de preservação do meio ambiente para a sobrevivência de todos os seres vivos, observa-se no cenário atual, que a poluição é um problema global. Para tentar reduzir seus efeitos, é essencial que estudos sejam realizados para solucionar esse cenário crítico.

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Com isso, os debates que se realizam no cenário político internacional sobre a redução de emissões de gases do efeito estufa, precisam ser prioridade para a manutenção da vida dos seres humanos. Uma vez que pontos pertinentes de como os países mais poluidores podem reduzir suas emissões de gases de efeito estufa (GEE), é uma etapa decisiva na busca pela sustentabilidade.

Desta forma a geração da economia sustentável, através do mercado internacional de crédito de carbono, é relevante no âmbito acadêmico no Brasil por ter um alto potencial na certificação dos créditos de carbono. A principal motivação que impulsionou a autora a escolher o tema exposto é por ter afinidade com os temas relacionados ao meio ambiente.

Em relação à Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL), este trabalho poderá ser utilizado para nortear futuras pesquisas na área, mesmo considerando que é um tema que está em constante alteração. Bem como a problemática abordada visa alertar a sociedade para mudar hábitos, através da educação, fazendo com que os impactos e problemas ambientais sejam reduzidos, melhorando a situação da comunidade internacional com relação ao meio ambiente.

Para o governo o estudo sobre este assunto toará como modelo para que possam adotar políticas e atitudes no presente, para que se altere o futuro da sociedade, com a proposta de mostrar que o país tem muito a colaborar nos temas referentes ao meio ambiente.

1.4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Primeiramente, diante da pergunta de pesquisa: “Qual a contribuição dos créditos de carbono, para a promoção do desenvolvimento sustentável?”, é importante salientar que é a norteadora deste trabalho. No qual sua resposta está baseada no objetivo de destacar a importância dos créditos de carbono no contexto do desenvolvimento sustentável.

Faz-se necessário definir o significado de pesquisa, no qual será a base para a realização deste trabalho acadêmico.

Pode-se definir pesquisa como procedimento racional e sistemático que tem como objetivo proporcionar respostas aos problemas que são compostos. A pesquisa é requerida quando não se dispõe de informação suficiente para responder ao problema, ou então quando a informação disponível se

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encontra em tal estado de desordem que não possa ser adequadamente relacionada ao problema (GIL, 1996, p. 19).

Para destacar a importância dos créditos de carbono no contexto do desenvolvimento sustentável, é primeiramente indispensável à pesquisa inesgotável dos documentos bibliográficos sobre o tema. Para posterior análise, e assim seleção dos documentos bibliográficos que serão relevantes a este trabalho. E tendo isso, serão feitas fichas de documentação bibliográfica e temática, com o objetivo de ter tudo documentado e separado por assuntos o tema a ser tratado.

1.4.1 Classificação da pesquisa quanto à natureza

A forma de pesquisa quanto à natureza é aplicada para gerar conhecimento, com finalidades práticas imediatas.

A pesquisa aplicada é aquela em que o pesquisador é motivado pela necessidade de conhecer a aplicação imediata dos resultados. Colabora para finalidades práticas, objetivando a solução mais ou menos imediata do problema encontrado na realidade (BARROS; LEHFELD, 2004).

1.4.2 Classificação da pesquisa quanto à abordagem

Quanto à forma de abordagem este trabalho está baseado no estudo descritivo dos elementos com o processo de pesquisa qualitativa.

A abordagem qualitativa em pesquisas tem a facilidade de poder apresentar a complexidade de certa hipótese ou problema, avaliar a interação de variáveis, compreender e classificar métodos dinâmicos experimentados (OLIVEIRA, 1999).

1.4.3 Classificação da pesquisa quanto aos objetivos

Pode-se definir também a pesquisa, quanto aos objetivos como exploratória, em que o objetivo esta relacionado à caracterização do problema, assim como sua definição e classificação. Segundo Santos (2001, p. 21) “a pesquisa exploratória é quase sempre feita como levantamento bibliográfico, entrevistas com profissionais

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que estudam e/ou atuam na área, visitas a web sites etc.” Sendo assim, este trabalho conta com um levantamento bibliográfico e estudo de caso.

1.4.4 Classificação da pesquisa quanto aos procedimentos

Os procedimentos de coleta são os métodos práticos utilizados para juntar as informações, necessárias à construção dos raciocínios em volta de fato, fenômeno e problema (SANTOS, 2001).

Neste trabalho, os procedimentos de pesquisa utilizados foram: pesquisa bibliográfica, estudo de caso e pesquisa documental.

A utilização total ou parcial de conjunto de materiais escritos e gravados, mecânica ou eletronicamente, que possuem informações já elaboradas e publicadas por outros autores, uma bibliografia, é o que caracteriza uma pesquisa como bibliográfica (SANTOS, 2001).

O estudo de caso é a seleção de um objeto de pesquisa restrito, com o objetivo de aprofundar-lhes os aspectos característicos, cujo objetivo pode ser qualquer fato e/ou fenômeno individual, ou um de seus aspectos. (SANTOS, 2001). Ainda de acordo com Santos (2001) o estudo de caso necessita que o pesquisador tenha grande equilíbrio intelectual e capacidade de observação, além de parcimônia quanto à generalização de resultados.

A pesquisa documental é que utiliza de fontes de informação que ainda não receberam organização, tratamento analítico e publicação (SANTOS, 2001).

1.5 ESTRUTURA DA PESQUISA

Sendo resultado do estudo realizado, e para estruturar melhor o encaminhamento da análise, o presente trabalho de conclusão de curso foi separado em 4 capítulos.

O capítulo 1 aborda a parte introdutória, em que são apresentados: a exposição do tema e do problema, os objetivos, a justificativa do presente trabalho, como também, a metodologia utilizada para o desenvolvimento do estudo.

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No capítulo 2, realizou-se uma revisão bibliográfica sobre as mudanças climáticas e a ação do homem, a agenda ambiental global, o protocolo de Quioto, uma apresentação os créditos de carbono e por fim, o desenvolvimento sustentável.

No capítulo 3, é apresentado uma análise e estudo dos dados referente aos temas do presente trabalho, que são o Mercado de Crédito de Carbono e a análise do Desenvolvimento Sustentável, e também o estudo de caso de comercialização de créditos de carbono em Santa Catarina. Assim como respondendo a pergunta de pesquisa, sendo: Quais são as contribuições dos Créditos de Carbono na promoção do Desenvolvimento Sustentável?

Por último, o capítulo 4, contempla as considerações finais deste trabalho, mostrando as reais oportunidades, desafios e ameaças do mercado de crédito carbono para com o desenvolvimento sustentável. Assim como reafirmando a pergunta de pesquisa deste trabalho de conclusão de curso.

Finaliza-se aqui o capítulo da introdução, fomentando, deste modo, o ponto de partida para o próximo capítulo, da fundamentação teórica. Assim, diante do que foi exposto até o momento, temos a apresentação do trabalho, que servirá de apoio para a próxima etapa, sendo descritos no decorrer da fundamentação teórica informações de estima importância para o desenvolvimento da pesquisa.

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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Nesta sessão é apresentado o desenvolvimento da fundamentação teórica, no qual abordará aspectos relevantes para esta pesquisa seja realizada, baseando-se em conceitos chaves relativos ao tema, como: as mudanças climáticas e a ação do homem, o efeito estufa, a agenda ambiental global, principalmente, o Clube de Roma e o Protocolo de Quioto, os Créditos de Carbono, e o desenvolvimento sustentável.

2.1 MUDANÇAS CLIMÁTICAS E A AÇÃO DO HOMEM

Clima é definido pelo Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (2010), como o estado instantâneo da atmosfera, referindo-se às estatísticas das variáveis que o descrevem. Comumente a temperatura, a concentração de vapor d’água, de água sólida e de água líquida, a pressão, as três componentes do vento (nos sentido norte-sul, leste-oeste e vertical) é que são essas variáveis. O clima abrange a variação diurna e sazonal, assim como, a variância e outras condições de ordem superior. O clima é um sistema dinâmico, caracterizado como um caos, porém não significa que sua evolução seja aleatória, apenas que corresponde a leis que tornam o sistema extremamente sensível às condições iniciais. Apresentando não-linearidades internas que lhe atribuem essa característica.

É importante mencionar a definição de mudança do clima adotada no Artigo

20 da Convenção, que é portanto aplicável ao Protocolo de Quioto. Mudança

do clima é a diferença entre o clima com e sem aumento – produzido pelo homem - da concentração atmosférica dos GEE não controlados pelo Protocolo de Montreal (CENTRO DE GESTÃO DE ESTUDOS ESTRATÉGICOS, 2010, p. 32).

O Protocolo de Montreal discutiu a respeito das Substâncias que destroem a Camada de Ozônio, adotado em Montreal no dia 16 de setembro de 1987 e com as emendas e ajustes adotados depois (ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS, 1997).

As alterações climáticas vêm a um grande tempo nos dando sinais de que o meio ambiente está em perigo, sendo uma das grandes causas a degradação ambiental provocada pelo homem, e isto é identificado através do grande aumento

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de temperatura na terra, derretimento das calotas polares, tornados, furações, ciclones, tsunamis e muitos outros acontecimentos. Por todas essas e inúmeras outras conseqüências que é constatado que estamos enfrentando por uma crise ambiental, tornando assim fundamental observar e preservar o meio ambiente, delimitando os seus limites (CENTRO DE INFORMAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS – UNIC RIO, 2013).

De acordo com o Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (2010), o aquecimento do sistema climático não é um equívoco, e é possível constatar através das observações do aumento da temperatura média global da atmosfera e dos oceanos, da aceleração do derretimento da neve e do gelo, e também o aumento do nível médio do mar. O crescimento da concentração de gases de efeito estufa (GEE) na atmosfera, de origem da atividade humana é seguramente a ação que gerou o aumento da temperatura média global do planeta.

O motivo que causa as mudanças climáticas é o crescente avanço do efeito estufa, resultado do aumento da concentração de certos gases na atmosfera terrestre, como o gás carbônico (CO2), metano (CH4) e óxido nitroso (N2O), comprometendo o equilíbrio do sistema climático (BRASIL, 2005).

Um artigo publicado na Folha de São Paulo no dia 22 de maio de 2013, com o título “Os Céticos já ganharam”, faz uma análise da postura das nações diante das mudanças climática. Uma análise de 11.944 artigos científicos revistos e publicados entre 1991 e 2011 e redigidos por 29.083 autores, conclui que 98,4% dos autores que adotaram uma posição confirmaram o aquecimento global provocado pelo homem, 1,2% o rejeitaram e 0,4% se disseram incertos. Podemos descrever teorias para tentar responder como tão poucos cientistas não admitem o aquecimento global, mas a verdade é que a displicência com que o tema é tratado pela humanidade, a falta de uma acordo mínimo entre as nações para estabelecer o tema como prioridade mundial, a divergência histórica entre os países desenvolvidos, que já consumiram todos os recursos naturais para se desenvolverem, e os países em desenvolvimento, que querem consumir para se desenvolver, leva a conclusão que, em que pese a maioria absoluta concordar com a tese do aquecimento global, na prática muito pouco está sendo feito para reversão e sequer um acordo global que esteja sendo seguido rigorosamente. Portanto reside aí a conclusão e título do artigo “Os Céticos do Clima já ganharam” (FOLHA DE SÃO PAULO, 2013).

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Neste artigo publicado por Joshua Clark, é possível identificar um dos principais argumentos dos céticos do aquecimento global, que consiste no fato de se não podemos prever o clima na semana que vêm, como poderemos prever o que irá acontecer com o clima daqui a cem anos. E também que o homem coleta dados do clima desde 1850, mas com que precisão, e no que se refere ao derretimento das calotas polares, como se identifica o recuo por conta da confiabilidade de dados históricos. É um artigo em que o homem se questiona sobre sua própria credibilidade de coleta de informações históricas (CLARK, 2013).

É possível construir uma conexão entre a área temática idealizada como meio ambiente e as relações internacionais como meio da ciência, através da resposta do que é o problema ou crise ambiental. Sendo que as dificuldades que compõe essa crise transcorrem as fronteiras territoriais dos Estados nacionais e que necessitam de uma ação em conjunto de todos os atores abrangidos, expõem um ponto de vista significante com relação à necessidade de uma gestão coletiva da crise ambiental, através também da conexão entre ambas as áreas (BARROS-PLATIAU; VARELLA; SCHLEICHER, 2004).

O debate sobre a problemática ambiental tem como necessidade o estabelecimento de acordos entre países desenvolvidos e em desenvolvimento, caracterizando um novo cenário de mudanças na geopolítica internacional, uma vez que as questões ambientais demandam soluções globais, extrapolando as fronteiras dos Estados/Nações (ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS BRASIL, 2013a).

Existe uma divergência entre pontos de vista de analistas em relações internacionais a respeito do sistema internacional com relação ao meio ambiente. Onde muitos defendem a função das fronteiras territoriais e dos Estados/Nação como forças beligerantes aceitáveis em um sistema internacional, que para eles é desprovido de autoridade central. Já outros analistas questionam a respeito do motivo da necessidade de autoridade central para o mantimento da ordem, uma vez que para eles este sistema é formado por várias regras e normas tácitas ou informais que influenciam nas ações dos Estados. Contudo, essa discussão, a respeito da lente pela qual se entende as relações internacionais, é de pequena importância para a crise ambiental, pois essa pertence ao mundo físico, ultrapassando qualquer fronteira e outro conceito admitido. O que importa são os conflitos, negociações e arranjos institucionais, tanto formais como informais, que surgem da gestão coletiva da crise ambiental. Em outras palavras, a crise é global

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no âmbito do problema, da solução e da gestão. Surgindo assim três perspectivas da gestão coletiva da crise ambiental, que são: governança global, regimes internacionais e as abordagens organizacionais (BARROS-PLATIAU; VARELLA; SCHLEICHER, 2004).

As abordagens que precisam ser analisadas para tratar do tema ambiental, de acordo com Barros-Platiau, Varella e Schleicher (2004, p. 105) são as seguintes:

Abordagens organizacionais, regimes internacionais e governança global são as três abordagens mais comuns para analisar o problema da gestão coletiva do meio ambiente. Marie-Claude Smouts sugere que tais abordagens representam de fato o movimento da cooperação internacional desde a instituição do sistema internacional Vestfaliano no século XVII,

rumo a uma possível governança mundial. Entretanto, tais conceitos exibem

uma tendência relativamente comum nas ciências socais: a falta de refinamento teórico.

Com relação aos conceitos de governança global e regimes internacionais existe uma grande complementaridade. Onde o objeto de análise desse campo é conferir como pode existir na ausência de governo a governança. É conceituado por Barros-Platiau, Varella e Schleicher que os regimes internacionais têm menos abrangência do que a governança global, que assim é o conjunto de todos os regimes. Como governança é um sistema de ordenação e não têm hierarquia entre governança, com ou sem governo, e ordem constitui-se uma tautologia. Sendo a ordem formada através da governança, que por sua vez é um mecanismo de ordem, em outras palavras, ordem explicando a ordem. A relação entre os três conceitos que pode ser abrangida é aquela que remete ao status jurídico da instituição e ao grau de inclusão dos atores na gestão coletiva do meio ambiente. O status jurídico se refere ao grau de flexibilidade e formalidade de uma instituição social e a atividade dos atores com relação a legitimidade, cosmopolitanismo e democratização no procedimento de gestão coletiva (BARROS-PLATIAU; VARELLA; SCHLEICHER, 2004).

Na Figura 1, a seguir, é apresentada a relação entre as três perspectivas teóricas.

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Figura 1 – Relação entre governança global, regimes internacionais e abordagens organizacionais

Fonte: Barros-Platiau, Varella e Schleicher (2004, p. 107).

Para a Assessoria de Assuntos Internacionais (ASIN) do Ministério do Meio Ambiente (MMA) do Brasil a cooperação internacional é qualificada pelo apoio à coordenação e responsável pela concepção de iniciativas de cooperação que condizem com melhor efetividade as práticas e políticas do Ministério. As práticas da ASIN, tanto na cooperação técnica com organizações internacionais, como o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento Humano (PNUD), Organização das Nações Unidas para a educação, a ciência e a cultura (UNESCO), Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD), e outros, como também na cooperação bilateral com outros países, que têm como objetivo mapear, planejar e implementar estratégias de cooperação internacional baseadas nas políticas públicas ambientais instituídas pelo Governo Brasileiro e conduzidas pelo MMA. Essa mesma função compete com relação à cooperação financeira, que se procura gerar maior centralidade na negociação com os vários organismos multilaterais e também com os doadores bilaterais principais. A questão dos principais procedimentos regionais que o país atua, particularmente o Mercado Comum do Sul (MERCOSUL), a

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Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) e o Foro de Ministros de Meio Ambiente da América Latina e Caribe, a ASIN trabalha para melhor apontar as prioridades de ação e estratégias de proveito de recursos para sustentar a prática das obrigações assumidas. Por último, com relação ao desenvolvimento da cooperação bilateral prestada, a ASIN trabalha, em parceria com as áreas técnicas do Ministério, com o intuito de encontrar as potenciais parcerias do Brasil com os países de menor grau de relativo desenvolvimento, mapeando os pontos onde existam possíveis recursos para amparar as inúmeras demandas já identificadas, principalmente em consenso com as prioridades da política externa brasileira (BRASIL, 2013b).

Como afirmado neste capítulo o efeito estufa, resultado do aumento da concentração de gases como CH4, CO2 N2O na atmosfera, é o que provoca as alterações climáticas. Sendo por este motivo, apresentado na seção seguinte as questões do efeito estufa.

2.1.1 Efeito Estufa

A estufa é caracterizada por um local com paredes e/ou teto que possibilita a entrada de energia no estado físico de radiação no espectro visível e parcialmente inviabiliza a fuga de energia no estado físico de radiação no espectro infravermelho (CENTRO DE GESTÃO E ESTUDOS ESTRATÉGICOS, 2010).

Já o efeito estufa é um fenômeno natural que ocorre na Terra, e é indispensável para perpetuar a vida no planeta. Onde a camada de gases que cobre a Terra, formada por nitrogênio (aprox. 78%), oxigênio (aprox. 21%), vapor d`água (1%), dióxido de carbono (aprox. 0,04%) e outros gases em menos quantidade, é o que a mantêm aquecida. Na ausência desses GEEs, o planeta seria coberta de gelo, com temperatura média em torno de 17ºC negativos. Então essa camada de gases exerce a função de uma redoma, evitando que boa parte da radiação solar seja refletida de volta para o espaço. Ao reter o calor na superfície da Terra, o efeito estufa mantém a temperatura aproximadamente a 16ºC, nem muito quente, nem muito fria, fazendo com que o planeta seja habitável por seres vivos (INSTITUTO CARBONO BRASIL, 2013).

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Porém a questão principal no âmbito da preocupação com a mudança climática é que a proporção de GEE na atmosfera está se excedendo pela ação do homem, o que gera o aquecimento global. Sendo o objeto da Conveção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima e de seu Protocolo de Quioto o aquecimento global ocasionado pela mudança do clima (CENTRO DE GESTÃO E ESTUDOS ESTRATÉGICOS, 2010).

Desde a revolução industrial a concentração na atmosfera dos gases causadores do efeito estufa tem aumentado e, nos últimos anos, este ritmo tem sido extremamente acelerado. De acordo com os cientistas do Painel Intergovernamental de Mudanças do Clima (IPCC), a principal causa deste aumento é a queima de combustíveis fósseis utilizados para gerar energia e para a produção de bens de consumo (INSTITUTO CARBONO BRASIL, 2013).

A geração de energia pela queima de combustíveis fósseis, como: carvão mineral, petróleo e gás, o desmatamento e produção de cimento, que gera emissões de dióxido de carbono; a decomposição anaeróbica de matéria orgânica, que gera emissões de metano em aterros sanitários e na pecuária; o uso de fertilizantes nitrogenados, que gera emissões de dióxido nitroso; e processos industriais que produzem emissões de perfluorocarbonos, hidrofluorocarbonos e hexafluoreto de enxofre são essas atividades humanas que mais geram as emissões de GEE (CENTRO DE GESTÃO E ESTUDOS ESTRATÉGICOS, 2010).

Também são reafirmadas quais são as principais fontes da atividade humana que geram GEE, pelo Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (2013a):

Várias fontes antropogênicas contribuem para as emissões de gases de efeito estufa. As duas fontes principais são a queima de combustíveis fósseis e o desmatamento de regiões tropicais como a Amazônia. A queima de combustíveis fósseis (gás natural, carvão mineral e, especialmente, petróleo) ocorre principalmente pelo setor de produção de energia (termelétricas), industrial e de transporte (automóveis, ônibus, aviões, etc.). Além disso, os reservatórios naturais de carbono e os sumidouros

(ecossistemas com a capacidade de absorver CO2) também estão sendo

afetados por ações antrópicas. No caso das florestas, as quais representam um importante estoque natural de carbono, o desmatamento e as queimadas estão contribuindo para o efeito estufa, uma vez que liberam o carbono armazenado na biomassa florestal para a atmosfera na forma de CO2.

Como mostra na Figura 2, a seguir, a respeito das emissões globais de carbono para a atmosfera, segundo o Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia

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(IPAM) onde basicamente 80% são por queima de combustíveis fosseis, e 20% por mudança de uso do solo.

Figura 2 – Emissões globais de carbono para a atmosfera

Fonte: INSTITUTO DE PESQUISA AMBIENTAL DA AMAZÔNIA, 2013a.

Para o Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (2013b) se forem considerados os principais emissores mundiais apresentados pelo gráfico, é importante observar que apenas os 20 países mais poluentes, apresentados na figura 3, a seguir, são os responsáveis por 77,4% das emissões globais provenientes da queima de combustível fóssil e também das mudanças no uso do solo, uso do solo e florestas, isso avaliado nas emissões registradas em 2005.

É possível observar um padrão mundial em relação à fonte de emissão, onde a maior parte das emissões decorrentes da queima de combustíveis fósseis procede dos países industrializados e as decorrentes das mudanças no uso da terra são advindas dos países em desenvolvimento (INSTITUTO DE PESQUISA AMBIENTAL DA AMAZÔNIA, 2013b).

Na figura 3, a seguir, onde são apresentados os países mais emissores de gases de efeito estufa, de acordo com Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM).

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Figura 3 – Ranking dos maiores países emissores de gases de efeito estufa

Fonte: Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia, 2013b.

Em junho de 2013, dados apresentados pelo governo federal brasileiro mostram uma queda na emissão de GEE, chegando a atingir 62% da meta de redução do país. Marco Antonio Raupp, o ministro do Minitério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), afirmou que entre os anos de 2005 e 2010 ocorreu uma redução de 38,7% de CO2 equivalente nas áreas de energia, indústria, agropecuária e resíduos, como mostra o gráfico 1 (INSTITUTO CARBONO BRASIL, 2013).

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Gráfico 1 – Estimativas anuais de emissões de gases de efeito estufa no Brasil

Fonte: Instituto Carbono Brasil, 2013.

Artaxo, professor da UFSC, em entrevista a Agência de notícias da Fundação de Amparo à Pesquisa de São Paulo (FAPESP) a respeito do último relatório do IPCC divulgado em setembro de 2013, acredita que o aumento da temperatura das águas marinhas ainda tem outros efeitos importantes, que não eram considerados adequadamente nos modelos climáticos anteriores. Disse também a respeito do oceano, que de acordo com o aumento da temperatura, ele diminui a capacidade de absorver dióxido de carbono (CO2) do ar. Sendo assim, caso mantenha a atual emissão, é possível que haja um aumento nas concentrações de CO2 no ar. Para ele os efeitos da mudança climática não é uma coisa para o futuro, e que na verdade já está sendo sentido. Os aumentos das inundações, das ondas de calor, das tempestades rigorosas e a constância de furacões, das severas alterações entre dias frios e quentes, são possíveis que estejam ligados as alterações do sistema climático. Para o professor da Universidade de São Paulo (USP), a respeito da conclusão do relatório do IPCC, as consequências são expressivas e graves, porém

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não são catastróficas. Já é factível que diversas áreas costeiras irão sofrer forte erosão e milhões de pessoas terão que ser realocadas de onde moram hoje. Contudo afirma com positividade que não será o fim do mundo. Ele avaliou que quanto antes for planejado, menores serão os problemas socioeconômicos. A humanidade nunca enfrentou um problema já é constatado cientificamente que vai afetar absolutamente todos os seres vivos do planeta. Para o pesquisador, o compromisso deve ser assumido obrigatoriamente por todas as nações, porém ainda terão que ser elaborados mecanismos de governança global, que na visão dele ainda não existem (AGÊNCIA DE NOTÍCIAS DA FUNDAÇÃO DE AMPARO À PESQUISA DE SÃO PAULO, 2013b).

Em setembro de 2013, o relatório emitido pelo Intergovernmental Panel on Climate Change (IPCC), através de diversas pesquisas e de simulações, concluindo que o melhor cenário simula que a Terra armazenará mais 2,6 watts/m2 do que possui atualmente. Nessas condições, o aumento da temperatura terrestre pode oscilar entre 0,3°C e 1,7°C de 2010 até 2100, assim ocasionando que o nível do mar possa subir entre 26 e 55 centímetros ao longo deste século (INTERGOVERNMENTAL PANEL ON CLIMATE CHANGE, 2013a).

Já para o pior cenário, ainda de acordo com o IPCC, onde as emissões permanecem a aumentar em grande ritmo, simulam que terá um armazenado mais 8,5 watts/m2 do que é registrado atualmente. Para esse quadro é previsível que a superfície da Terra poderá esquentar entre 2,6°C e 4,8°C no decorrer do século XXI, assim ocasionando com que o nível dos oceanos possa subir entre 45 e 82 centímetros (INTERGOVERNMENTAL PANEL ON CLIMATE CHANGE, 2013a).

De acordo com a Agência de Notícias da Fundação de Amparo à Pesquisa de São Paulo (FAPESP) com relação ao último relatório do IPCC de setembro de 2013, em todos os cenários simulados pelo grupo, têm 90% de chance que a taxa de aumento dos oceanos durante o século 21 seja maior que a relatada no período entre 1971 e 2010. Tendo como as principais causas diretas dessa elevação dos oceanos o aumento da temperatura e o derretimento das geleiras. É ressaltado que o aquecimento dos oceanos permanecerá acontecendo por séculos, ainda que as emissões de GEE permanecerem constantes ou reduzirem. A região do Ártico é a que mais irá esquentar. Em todos os cenários, as concentrações de CO2 serão, em relação aos níveis atuais, maiores em 2100, isso apenas considerando o aumento cumulativo das emissões ocorridas entre os séculos XX e XXI. Existem 99% de

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possibilidade que a acidificação dos mares irá crescer, devido ao fato de que parte do CO2 emitido pela atividade humana continuará a ser absorvida pelos oceanos. Existem 90% de chance que o número de dias e noites frias reduza, e que os dias e noites quentes aumentem em escala global. E que as ondas de calor também aumentem existe por volta de 60% de chance. Segundo o relatório têm grandes comprovações de degelo, especialmente na região do Ártico. Com relação a taxa de redução camada de gelo tem 90% de chance de que tenha sido entre 3,5% e 4,1% por década entre 1979 e 2012 (AGÊNCIA DE NOTÍCAS DA FUNDAÇÃO DE AMPARO À PESQUISA DE SÃO PAULO, 2013b).

De acordo com a avaliação da Agência FAPESP sobre o primeiro Relatório de Avaliação Nacional (RAN1) do Painel Brasileiro de Mudanças Climáticas (PBMC), que teve o sumário executivo foi divulgado no dia nove de agosto de 2013, na 1ª Conferência Nacional de Mudanças Climáticas Globais (CONCLIMA). O que se conclui é que nas regiões do norte e nordeste do Brasil provavelmente haja um aumento de temperatura e que as chuvas irão diminuir ao longo do século. E nas regiões mais ao sul do país é que ocorra o inverso, ou seja, um aumento tanto da temperatura, quanto um aumento das chuvas, resumiu Ambrizzi. Essas alterações nos padrões de temperatura e de regimentos das chuvas na diferentes regiões, provavelmente impactaram diretamente na agricultura, na geração e distribuição de energia e nos recursos hídricos, devido ao fato de que a água terá de maneira desigual pelo país, alertam os pesquisadores (AGÊNCIA FUNDAÇÃO DE AMPARO À PESQUISA DE SÃO PAULO, 2013a).

2.2 A AGENDA AMBIENTAL GLOBAL

A questão da mudança climática e as conseqüências para a vida das pessoas, assim como para a economia e também para o próprio equilíbrio dos recursos da biodiversidade ocupa um espaço cada vez maior nas preocupações das sociedades ao redor do mundo. Por este motivo, é que se refere a um dos problemas mais importantes da agenda internacional, onde as decisões no meio político internacional geram um efeito direto sobre a vida humana no planeta e sobre a exploração e aproveitamento dos recursos naturais, renováveis e finitos (CENTRO DE GESTÃO E ESTUDOS ESTRATÉGICOS, 2010).

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Pode-se compreender a complexidade do desafio ambiental através da análise de Furiela (2011) sobre a importância da questão climática no âmbito político, em que afirma que a entrada do tema das mudanças climáticas no debate público acompanha a tendência da discussão das questões ambientais na formulação de políticas públicas e a temática mais ampla do desenvolvimento sustentável. Isto foi possível por causa da globalização da economia, do maior acesso à informação, da revolução da internet, e também da organização dos debates ambientais na sociedade civil. Refletindo também o nível de produção científica sobre o tema das mudanças climáticas e sua rápida dispersão, assim como a transformação dessa produção científica para compreensão dos públicos leigos e formadores de opinião.

A ASIN em relação às negociações internacionais para o meio ambiente no Brasil é designado para colaborar com o Ministério nos procedimentos ligados aos acordos multilaterais, através de propostas na formulação de posturas do país nos foros internacionais, na influente colaboração nas reuniões internacionais e maior relação com o Ministério das Relações Exteriores. O papel da ASIN é estimular e articular esses procedimentos, principalmente no que se refere à ascensão dos diversos esforços entre os acordos multilaterais e à disposição entre as áreas do Ministério relacionadas casualmente a uma mesma questão internacional. E ainda sobre as várias obrigações assumidas internacionalmente pelo Brasil na área do meio ambiente e do desenvolvimento sustentável é também papel da ASIN acompanhar esses processos de implementação (BRASIL, 2013b).

Numa visão mais abrangente, é possível identificar que o tema está intrinsecamente ligado a questões geopolíticas, competitividade e de desenvolvimento econômico na corrida tecnológica da nova matriz energética do planeta (FURIELA, 2011).

Por esses motivos torna-se essencial uma análise cronológica dos debates que ocorreram a respeito do clima, sendo abordados os principais eventos internacionais em ordem cronológica, desde o Clube de Roma em 1968 que foi um dos primeiros grupos que se reuniram pela preocupação com o meio ambiente, posteriormente Estocolmo em 1972, ECO-91 no Rio de Janeiro em 1992, Johannesburgo em 2002, até a última conferência da ONU, que foi a Rio+20 em 2012. Fazendo uma análise desses encontros globais, do que foi positivo e

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acrescentou para a mudança desse cenário climático, como também do que retrocedeu nessas discussões (BRASIL, 2013c).

Em 1968, um grupo composto por cientistas, educadores, economistas e políticos, constituiu o Clube de Roma, com o objetivo comum de discutir e analisar os limites do crescimento econômico, considerando a crescente exploração dos recursos naturais.

Em 1972, esse grupo de pesquisadores, chamado Clube de Roma, que foi conduzido por Dennis Meadows, divulgou o estudo chamado Os Limites do Crescimento, em inglês The Limits of Growth. Desconsiderando o avanço tecnológico e a descoberta de novos materiais, o estudo realizou uma projeção de cem anos, e que para alcançar o equilíbrio econômico e respeitar o esgotamento dos recursos naturais é imperativo congelar o crescimento da população global, assim como o crescimento do capital industrial. A situação proposta apresenta a influência fundamentada nas teses malthusianas, que tornou notável a preocupação que o crescimento demográfico indicava. Para os neo-malthusianos, o pensamento da “exploração contínua dos recursos naturais e num ritmo acelerado, resultaria numa catástrofe imensurável” (SBRUZZI, 2010).

O primeiro relatório do Clube de Roma “Os Limites do Crescimento”, em inglês então intitulado The Limits to Growth, de 1972, que foi designado a um grupo de cientistas no Massachussets Institute of Technology (MIT), em português, Instituto de Tecnologia de Massachusetts. O relatório abordava muitas situações e alegava que tinha a opção para a sociedade de harmonizar através do progresso sustentável de acordo com as limitações ambientais (THE CLUB OF ROME, 2013).

A publicação deste primeiro documento do Clube de Roma resultou numa repercussão mundial, para as mais diversas áreas, como política, economia e ciência, que se tornou popular para essas áreas como o Big Bang. O Clube de Roma comprovou que existia uma incoerência no crescimento ilimitado e contínuo da produção de materiais de consumo, em razão de finidade de recursos naturais e que acabou se tornando uma das principais questões da agenda global (THE CLUB OF ROME, 2013).

Esta obra pode ser considerada a iniciativa mais representativa de uma série de manifestações da preocupação com as perspectivas sobre a continuidade do crescimento econômico e populacional, em que a escassez de recursos naturais e o envenenamento ambiental foram apontados como fatores que limitavam, em termos absolutos, esse crescimento. A iniciativa

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pode ser considerada mais representativa por dois motivos: primeiro, por utilizar o computador para “modelar” o comportamento de um sistema complexo, a Terra (o que era inovador); segundo, por ser desenvolvida por uma equipe multidisciplinar do respeitado MIT. Tendo sido amplamente divulgado, este trabalho foi alvo de muitas críticas à época (CORAZZA, 2005).

Para Georgescu-Roegen o artigo de Solow de 1974, publicado na American Economic Review, intitulado The economics of resources or the resources of economics, é tido como um dos comentários mais evidentes da ausência de conhecimento dos aspectos bioeconômicos da lei da entropia dentre os economistas. Outro julgamento a respeito da perspectiva dos limites do crescimento foi exatamente em relação à função que poderia, ou não, de ter sido pelo desenvolvimento tecnológico representado no desenvolvimento dos limites do crescimento. Não sendo considerada importante a alternativa descoberta pela equipe do MIT correspondendo facilmente viver dentro dos limites identificados, segundo o grupo tenentes da asa otimista do debate, chamado pela autora Corazza. Em relação a isso tinha intenção explicita da equipe de colaborar para o debate de políticas das questões em pauta, no molde da criação e prática de atividades com a intenção de paralisar o crescimento populacional e econômico. Sendo por esse motivo que a proposta de política se tornou conhecida como proposta do crescimento zero, disseminada pelo Clube de Roma. Com relação à criação da ideia do crescimento zero a equipe do MIT reconhece, atribuindo-a uma preparação do conceito fundamental do estado estacionário, elaborada pelo clássico economista John Stuart Mill (CORAZZA, 2005).

De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU) é possível dizer que o movimento ambiental começou séculos atrás, em contrapartida à industrialização. Foi com o fim da conturbada década de 1960, quando começou a ser adotada a visão ambiental, com o cuidado sobre o uso saudável e sustentável dos recursos do planeta. E foi em 1972 a ONU convocou a Conferência das Nações Unidas sobre o Ambiente Humano, em Estocolmo na Suécia, sendo a primeira conferência da ONU sobre o meio ambiente de inúmeras outras que se sucederam (ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS, 2013b).

Porém, de acordo com Ferrero e Holland (2004, p.58), a respeito da ONU em relação à questão de preocupação ambiental, afirmam que:

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A ecologia não era um dos assuntos principais das Nações Unidas na época de fuá fundação, em 1945. Depois da Segunda Guerra Mundial, a segurança internacional, os direitos humanos e o desenvolvimento econômico representavam os problemas mais urgentes. Nos anos 70 do século XX, o grau crescente de devastação ambiental, devido principalmente a fatores poluentes, começou, aos poucos, a atrais a atenção das pessoas. O surgimento, no cenário mundial, de uma sociedade em desenvolvimento e cada vez mais influente, especialmente com as novas tecnologias, permitindo uma comunicação rápida entre os habitantes da Terra, levou as temáticas ecológicas para o centro do debate internacional. As organizações não-governamentais assumiram um papel cada vez mais importante, difundindo todos os tipos de declarações e “tratados populares” para proteger o mundo natural, os povos indígenas da Terra, os pobres e as mulheres, reclamando, ao mesmo tempo, um modelo de vida sustentável.

Na Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente Humano, em Estocolmo, Suécia, no dia 5 de junho de 1972, liderada pelo canadense Maurice Strong. Chamou a atenção das nações para o fato de que a atividade humana estava acarretando uma grave degradação da natureza e causando grandes riscos para a saúde e para a própria sobrevivência da humanidade.

A Declaração da Conferência das Nações Unidas sobre o ambiente humano, formada por 6 declarações e 26 princípios, foi o resultado do encontro, sendo arrumada em 4 pontos principais, que são eles: o amparo contra a poluição; o direito dos povos a um ambiente saudável; auxílio aos países em desenvolvimento e integridade intergerações (FERRERO; HOLLAND, 2004).

A Conferência foi marcada pelo confronto entre as perspectivas dos países desenvolvidos e dos países em desenvolvimento. Os países desenvolvidos estavam preocupados com os efeitos da devastação ambiental sobre a Terra, propondo um programa internacional voltado para a conservação dos recursos naturais e genéticos do planeta, pregando que medidas preventivas teriam de ser encontradas imediatamente para que se evitasse um grande desastre. Por outro lado, os países em desenvolvimento argumentavam que se encontravam assolados pela miséria, com graves problemas de moradia, saneamento básico, atacados por doenças infecciosas e que necessitavam se desenvolver economicamente. Questionavam a legitimidade das recomendações dos países ricos, que já haviam atingido o poderio industrial com o uso predatório dos recursos naturais e queriam impor a eles complexas exigências de controle ambiental que poderiam encarecer e retardar sua industrialização (BURSZTYN; PERSEGONA, 2008, p. 150).

Contudo, a preocupação principal da Conferência de Estocolmo, estava somente ligada com a questão da poluição industrial do ar e da água. Outro ponto questionado por Ferrero e Holland, é com relação a linguagem empregada não relacionava ao gênero, em outras palavras, o documento empregava o termo

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“homem”, ao invés de “ser humano”. E também apresentou uma ausência de consciência para os problemas ecológicos e sociais mais densos, ficando certamente nos limites projetados pela Carta dos Direitos Humanos (FERRERO; HOLLAND, 2004).

Em 1992, aconteceu a Conferência das Nações Unidas sobre o meio ambiente e o Desenvolvimento (UNCED), chamada de ECO-92, conhecida também como Fórum da Terra, nos dias 3 a 14 de junho 1992, no Rio de Janeiro/RJ, Brasil. Ocorreu quando a Conferência das Nações Unidas sobre o meio ambiente estavam completando 20 anos. O Secretário-geral da UNCED foi Maurice F. Strong, canadense, e que presidente o evento no Rio foi Tommy Koh, de Cingapura. A UNCED do Rio congregou mais de cento e cinqüenta delegados, representando sua Nação, militantes de mil e quatrocentas Organizações Não-Governamentais (ONG), em torno de oito mil jornalistas e milhares de cidadãos brasileiros (FERRERO; HOLLAND, 2004).

Como é considerado por Bursztyn e Persegona (2008, p. 248):

Dentre os objetivos principais dessa Conferência, destacam-se os seguinte: examinar a situação ambiental mundial desde 1972 e suas relações com o estilo de desenvolvimento vigente; estabelecer mecanismos de transferência de tecnologias não poluentes aos países subdesenvolvidos; examinar estratégias nacionais e internacionais para incorporação de critérios aos processos de desenvolvimento; estabelecer um sistema de cooperação internacional para prever ameaças ambientais e prestar socorro em casos emergenciais; reavaliar o sistema de organismos da ONU, eventualmente criando novas instituições para implementar as decisões da conferência. A Conferência da ONU propiciou um debate e a mobilização da comunidade internacional em torno da necessidade de uma urgente mudança de comportamento visando a preservação da vida na Terra.

Para Ferrero e Holland (2004) a Conferência resultou principalmente relembrar da urgência de um documento sobre a Terra, onde ficasse destacado o aumento da diferença entre os povos desenvolvidos do Norte, e os países em desenvolvimento do Sul, considerando as respostas divergentes com relação à degradação ambiental e ao desenvolvimento econômico. Foram elaborados vários esboços do documento, principalmente pelas ONG’s, porém nenhum foi aceito.

Foram assinados cinco documentos nessa Conferência, são eles: a Declaração do Rio sobre meio ambiente e desenvolvimento, a Agenda 21, Convenção da biodiversidade, e os Princípios para a administração sustentável das florestas. Devido a diversos aspectos, como: reunião de maior número de dirigentes

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políticos até então; uma incrível mobilização das ONG’s; levar o mundo dos negócios para a discussão ambiental foi considerada histórica a Conferência. Os temas da agenda de discussões em pouco tempo ficaram conhecidos, isso por causa do bom trabalho de divulgação por parte da mídia (BURSZTYN; PERSEGONA, 2008).

Durante o encontro ficou decidido constituir um novo organismo, a Comissão para Desenvolvimento Sustentável. Onde após o evento, acabou tendo adicionadas ao novo organismo, mais duas instituições internacionais, que são: o Conselho Mundial para os Negócios e para um Desenvolvimento Sustentável, e o Conselho para a Terra (FERRERO; HOLLAND, 2004).

Diversos protocolos foram negociados, como ocorre em todo evento importante mundial. Para cumprimento em longo prazo, foi lançada a Agenda 21, de acordo com princípios de sustentabilidade ambiental. Porém erros foram identificados, com relação: ao compromisso ativo de pagamento da conta dos termos acordados, que não ficou claro, e também a agenda das obrigações de cada dirigente político que identificava problemas (BURSZTYN; PERSEGONA, 2008).

Na conclusão de Ferrero e Holland (2004, p. 62):

A Declaração do Rio, como os documentos anteriores da ONU, apresentava ainda muitos defeitos. Primeiramente, o ponto de vista permanecia antropocêntrico, carecendo, então, do reconhecimento do elo íntimo entre ser humano e natureza. Além disso, o documento mencionava o conceito de precaução, mas não se pronunciava a respeito da prevenção; o gênero não tinha um papel vital no quadro de referência; as poucas propostas apresentadas não pareciam idôneas para extrapolar o perímetro dos limites nacionais. Fato mais grave ainda, a Declaração do Rio não explicitava a consciência de um universo em evolução, tampouco uma reflexão adequada sobre a equidade ecológica entre as gerações, isto é, sobre o peso das escolhas ambientais atuais para o ser humano de amanhã. O documento não continha, de fato, nenhum conceito de justiça ambiental, nem vinculada a nascente ética ambiental global à responsabilidade humana em relação à Terra. Em outras palavras, a linguagem usada mostrava respeito ao mundo natural, mas faltava aquele senso de reverência que, na Carta da Terra, tornar-se-á central.

Analisado sobre a ótica de Bursztyn e Persegona (2008), conclui-se que na situação das ideias políticas, a crise do elemento de referência do socialismo, o Muro de Berlim e a própria União Soviética, criava um lugar para a procura de utopias novas. E ainda, a onda neoliberal que dominava o Hemisfério Norte nos anos 80 e que crescia para o Sul naquele período inspirava no geral um ambiente propício. No se consagrar em termos maiores o conceito de desenvolvimento

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sustentável, iniciava uma esperança sobre a possibilidade de um movimento de solidariedade. Onde a privatizações das empresas públicas era reivindicadas pelos setores empresariais, e por uma ampla descentralização de poder de decisão é o que as organizações da sociedade civil pediam.

A Cúpula Mundial sobre Desenvolvimento Sustentável (CMDS), chamada Rio+10, ocorreu em Johannesburgo, na África do Sul, de 26 de agosto a 4 de setembro de 2002. Foi conseqüência natural de dois eventos. O primeiro, a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD), também conhecido como Cúpula da Terra ou Rio 92, deu-se no Rio de Janeiro em 1992, daí a um de seus nomes. O segundo, a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente Humano (CNUMAH), ocorrida em Estocolmo em 1972, foi considerado pioneiro no que tange à discussão do conceito de desenvolvimento sustentável. A importância decorre da necessidade de a humanidade chegar a um acordo sobre o grau de interferência antrópica (humana) sobre o meio ambiente, a fim de evitar uma catástrofe que poderia levar em casos extremos à impossibilidade da vida humana em determinados lugares ou mesmo no mundo todo (GEOGRAFIA PARA TODOS, 2002).

Se da Cúpula Sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável devesse ser resumida em um emblema, a imagem de um ponto de interrogação seria o resultante perfeito. A conferência da ONU deixou no ar uma quantidade tal de dúvidas, que não há quem responda como solucionar as emergências globais que juntam ambientes e problemas sociais. Em uma pergunta: o que fazer? (GEOGRAFIA PARA TODOS, 2002).

Em verdade, a conferência fixou retrocessos em relação à Rio 92. Há 10 anos, os cerca de 150 signatários dos cinco documentos que resultaram do Rio concordaram que os países mais ricos do planeta deveriam destinar pelo menos 0,7% do seu Produto Interno Bruto (PIB) para a ajuda humanitária dos países pobres (GEOGRAFIA PARA TODOS, 2002).

Na Figura 4, a seguir, são apresentados os resultados de acordo com cada tema discutido em Johannesburgo, na Cúpula da Terra, segundo Geografia para Todos (2002).

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Figura 4 – Resultados para cada tema discutido em Johannesburgo:

Fonte: Geografia para Todos (2002).

Johanesburgo foi uma amostra de como a ONU (Organização das Nações Unidas) não tem a capacidade de lidar com a pressão que os países ricos exercem sobre os mais pobres. As posições dos Estados Unidos e da OMC ganharam mais peso do que as demais, esta foi uma critica de Marcelo Furtado, da ONG Greenpeace para o site da British Broadcasting Corporation (BBC). Ainda para o ambientalista, a maior perda no aspecto ambiental do ano foi a falta de progresso na adoção de fontes de energia renováveis (BRITISH BROADCASTING CORPORATION BRASIL, 2002).

Outro aspecto que também não agradou a maioria dos ambientalistas, que depositavam grande expectativa no encontro de Johannesburgo, foi a o fato de os Estados Unidos serem contrários ao protocolo de Kyoto e à não adoção de fontes de

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