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Superior Tribunal de Justiça

RECURSO EM MANDADO DE SEGURANÇA Nº 22.597 - MG (2006/0194632-1)

RELATORA : MINISTRA JANE SILVA (DESEMBARGADORA

CONVOCADA DO TJ/MG)

RECORRENTE : ANDREÍZA CAMPOS CEREDA

ADVOGADO : DILMAR GARCIA MACEDO E OUTRO

T. ORIGEM : TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE MINAS GERAIS

IMPETRADO : GOVERNADOR DO ESTADO DE MINAS GERAIS

RECORRIDO : ESTADO DE MINAS GERAIS

ADVOGADO : MARCO ANTÔNIO GONÇALVES TORRES E OUTRO(S)

EMENTA

RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA. ADMINISTRATIVO. CONCURSO PÚBLICO. CANDIDATO. NOMEAÇÃO. NÚMERO CERTO DE VAGAS. PREVISÃO. EDITAL. NECESSIDADE DE PREENCHIMENTO. DIREITO LÍQUIDO E CERTO. CARACTERIZAÇÃO. RECURSO PROVIDO. 1. Em conformidade com a jurisprudência que vem se firmando na 3ª Seção do STJ, o candidato aprovado em concurso público, dentro do número de vagas previstas em edital, possui direito líquido e certo à nomeação, e, não mera expectativa de direito.

2. Consoante precedentes da 5ª e 6ª Turmas do STJ, a partir da veiculação, pelo instrumento convocatório, da necessidade de a Administração prover determinado número de vagas, a nomeação e posse, que seriam, a princípio, atos discricionários, de acordo com a necessidade do serviço público, tornam-se vinculados, gerando, em contrapartida, direito subjetivo para o candidato aprovado dentro do número de vagas previstas em edital.

4. Recurso ordinário conhecido e provido, para conceder a ordem apenas para determinar ao Estado de Minas Gerais que preencha o número de vagas previstas no Edital.

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros da SEXTA TURMA do Superior Tribunal de Justiça, por maioria, dar provimento ao recurso ordinário em mandado de segurança, nos termos do voto da Sra. Ministra Relatora.

Vencido o Sr. Ministro Hamilton Carvalhido que lhe negava provimento e fará declaração de voto.

Os Srs. Ministros Nilson Naves e Maria Thereza de Assis Moura votaram com a Sra. Ministra Relatora.

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Superior Tribunal de Justiça

Ausente, justificadamente, o Sr. Ministro Paulo Gallotti.

Presidiu o julgamento o Sr. Ministro Nilson Naves. Brasília, 12 de junho de 2008.(Data do Julgamento)

MINISTRA JANE SILVA

(DESEMBARGADORA CONVOCADA DO TJ/MG) Relatora

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Superior Tribunal de Justiça

RECURSO EM MANDADO DE SEGURANÇA Nº 22.597 - MG (2006/0194632-1)

RELATORA : MINISTRA JANE SILVA (DESEMBARGADORA

CONVOCADA DO TJ/MG)

RECORRENTE : ANDREÍZA CAMPOS CEREDA

ADVOGADO : DILMAR GARCIA MACEDO E OUTRO

T. ORIGEM : TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE MINAS GERAIS

IMPETRADO : GOVERNADOR DO ESTADO DE MINAS GERAIS

RECORRIDO : ESTADO DE MINAS GERAIS

ADVOGADO : MARCO ANTÔNIO GONÇALVES TORRES E OUTRO(S)

RELATÓRIO

A EXMA. SRA. MINISTRA JANE SILVA (DESEMBARGADORA CONVOCADA DO TJ/MG)(Relator):

Trata-se de recurso ordinário em mandado de segurança interposto por Andreíza Campos Cereda com base no artigo 105, II, "b", da CR/88 contra acórdão proferido pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais, nos termos da seguinte ementa (fl. 96):

PROCESSUAL CIVIL - LITISCONSORTES PASSIVOS NECESSÁRIOS- ADMINISTRATIVO - MANDADO DE SEGURANÇA - CONCURSO- NOMEAÇÃO- DIREITO LÍQUIDO E CERTO- AUSÊNCIA. Não sendo em nenhum momento questionados os atos de nomeação dos candidatos melhor classificados que a impetrante, nem se vislumbrando qualquer reflexo sobre eles em face da presente demanda, não podem ser chamados á lide como litisconsortes passivos necessários. O candidato aprovado em concurso público detém mera expectativa de direito à nomeação, não caracterizando violação a direito o fato da Administração não promover à sua nomeação em face do poder discricionário que detém e dado o fim de validade do certame. Segurança denegada.

Em suas razões de recurso ordinário (fls. 162/169), sustenta Andreíza Campos Cereda que, considerar o ato de nomeação de candidato aprovado em concurso público dentro do número de vagas previsto no Edital 01/2001, seria o mesmo que considerar o artigo 28, § 2º da Lei do Estado de Minas Gerais nº 7.109/77, "uma propaganda enganosa do Estado", porquanto ofereceu aos candidatos seis vagas, preenchendo apenas quatro delas.

Contra-razões ao recurso ordinário (fls. 122/125), nas quais sustenta o Estado de Minas Gerais a manutenção do acórdão recorrido.

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Superior Tribunal de Justiça

Noticiam os autos, que a ora recorrente impetrou mandado de segurança contra ato omissivo do Governador do Estado de Minas Gerais, o qual deixou de nomear candidatos aprovados em concurso público para provimento de cargos de Analista de Educação, nomeando candidatos em número inferior ao das vagas estipuladas no Edital do concurso, tendo expirado o prazo de validade do concurso sem que tivessem sido nomeados os candidatos aprovados dentro do número de vagas previstas.

A liminar foi indeferida (fls.45/46).

As informações foram prestadas, nas quais a autoridade apontada como coatora, o Governador de Minas Gerais, apontou a necessidade de citação de todos os candidatos melhor classificados que a impetrante, na qualidade de litisconsortes necessários. No mérito, reforçou a tese de que candidatos aprovados em concurso público dentro do número de vagas previstas pelo Edital, não possuem direito adquirido à nomeação, mas mera expectativa de direito, acrescentou que o concurso público teria o prazo de validade expirado.

O acórdão recorrido, conforme ementa supra transcrita, afastou a necessidade de citação dos demais candidatos aprovados à frente da impetrante, na qualidade de litisconsortes necessários, sob o fundamento de que o julgamento da demanda não vislumbra qualquer reflexo sobre eles.

No mérito, o acórdão denegou a segurança, assentando-se nos seguintes fundamentos: 1º) A prorrogação do prazo de validade do concurso público é mera faculdade da Administração Pública, tendo em vista a sua conveniência e interesse, critérios esses que não estão sujeitos à análise do Poder Judiciário;

2º) há apenas expectativa de direito do candidato aprovado e classificado dentro do número de vagas estipulado pelo Edital à nomeação ao cargo e não direito adquirido.

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Superior Tribunal de Justiça

O parecer do Ministério Público (fls. 135/136) é pelo não provimento do recurso. É o relatório.

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Superior Tribunal de Justiça

RECURSO EM MANDADO DE SEGURANÇA Nº 22.597 - MG (2006/0194632-1)

RELATORA : MINISTRA JANE SILVA (DESEMBARGADORA

CONVOCADA DO TJ/MG)

RECORRENTE : ANDREÍZA CAMPOS CEREDA

ADVOGADO : DILMAR GARCIA MACEDO E OUTRO

T. ORIGEM : TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE MINAS GERAIS

IMPETRADO : GOVERNADOR DO ESTADO DE MINAS GERAIS

RECORRIDO : ESTADO DE MINAS GERAIS

ADVOGADO : MARCO ANTÔNIO GONÇALVES TORRES E OUTRO(S)

VOTO

A EXMA. SRA. MINISTRA JANE SILVA (DESEMBARGADORA CONVOCADA DO TJ/MG)(Relator):

O presente recurso é tempestivo e preenche os pressupostos para seu conhecimento. No mérito, o presente recurso ordinário em mandado de segurança interposto por Andreíza Campos Cereda objetiva modificar acórdão proferido pelo Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais que denegou a segurança, não reconhecendo seu direito líquido e certo à nomeação ao cargo de Analista de Educação, para o qual sustenta ter obtido aprovação dentro do número de vagas previstas no Edital.

Preliminarmente, cumpre esclarecer que, não prospera o fundamento do acórdão recorrido no sentido de que, operou-se o termo final do prazo de validade do certame. Isto porque, o mandado de segurança foi impetrado (em 18/08/2004) dentro dos 120 (cento e vinte) dias contados da data em que expirou o prazo de validade do concurso público (04/05/2004).

A tese sustentada pela recorrente é no sentido de que, considerar o ato de nomeação de candidato aprovado em concurso público dentro do número de vagas determinado pelo Edital 01/2001, e, consoante o disposto no artigo 28, § 2º, da Lei Estadual mineira 7.109/77, ato administrativo discricionário seria o mesmo que considerar referido Edital uma propaganda enganosa do Estado, na medida em que oferece seis vagas de Analista de Educação, preenchendo apenas quatro vagas.

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Superior Tribunal de Justiça

O Edital do concurso previu número certo de vagas, tendo o acórdão recorrido decidido no sentido de que, a nomeação de candidato aprovado é efetivada de acordo com a necessidade da Administração, sendo portanto o ato discricionário e não vinculado.

Com efeito, dispõe o artigo 28, § 2º, da Lei Estadual Mineira nº 7.109 de 13/10/1977,

verbis :

Art. 28 - Dentre os candidatos aprovados, os classificados até o limite das vagas previstas no edital têm assegurado o direito à nomeação.

§ 1º (...)

§ 2º - Não podendo ser providas as vagas com os candidatos referidos no "caput" deste artigo, defere-se aos demais aprovados, respeitada a ordem de classificação, o direito atribuído àqueles.

§ 3º (...)

No presente caso, a recorrente logrou a 10ª colocação no certame destinado ao provimento de seis cargos de Analista da Educação, sendo um destinado a portador de deficiência física. Foram nomeados cinco candidatos da lista geral e o único aprovado da lista de deficientes físicos. Em seguida foram nomeados o 6º, o 7º e o 8º colocados da lista geral. Entre os nomeados, os candidatos habilitados em 1º e 2º lugares, além do candidato portador de deficiência física, tiveram sua nomeação declarada sem efeito por não terem tomado posse no tempo hábil.

Registre-se, ainda, que a candidata aprovada em 7ª colocação, não compareceu para ser empossada no cargo, tendo decorrido o prazo legal, e, o candidato aprovado em 8ª colocação não possuía à época de sua nomeação para posse no cargo, a habilitação exigida no Edital do concurso.

Assim, das seis vagas previstas no Edital, quatro foram providas e duas vagas remanescem, sendo certo que as nomeações seguiram até o 8º candidato classificado e a recorrente possui a 10ª colocação, estando à sua frente apenas o candidato em 9ª colocação.

A existência de candidata melhor classificada que a recorrente, a habilitada em 9ª colocação e, ainda, não nomeada, não caracteriza o litisconsorte passivo necessário. Isto porque,

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ainda que haja comunhão de interesses entre o 9º e o 10º candidatos aprovados, a citação do candidato em 9º lugar de aprovação não irá interferir no deslinde da questão, que é saber se o direito à nomeação de candidatos aprovados para preenchimento do número de vagas previsto no Edital é mera expectativa de direito ou direito subjetivo, obedecendo-se à ordem de classificação.

Ilustrativamente:

RECURSO ORDINÁRIO. MANDADO DE SEGURANÇA. ADMINISTRATIVO. CONCURSO PÚBLICO. AUSÊNCIA DE NOMEAÇÃO DE CANDIDATO, RÉU EM AÇÃO PENAL, POR INIDONEIDADE MORAL. OFENSA AO PRINCÍPIO CONSTITUCIONAL DA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA. NOMEAÇÃO DE APROVADOS EM CLASSIFICAÇÃO INFERIOR À DO IMPETRANTE. AUSÊNCIA DE LITISCONSÓRCIO NECESSÁRIO. DESNECESSIDADE DE CITAÇÃO DOS CANDIDATOS. NÃO-CABIMENTO DE ANULAÇÃO DE SUAS NOMEAÇÕES.

1. (...) 2. (...)

3. Ausência de citação dos nomeados que foram classificados com notas inferiores as do recorrente diante da inexistência de litisconsórcio passivo necessário, pois eventual concessão do mandamus não iria alterar os resultados que obtiveram no certame ou acarretar na nulidade do concurso. Indeferimento do pedido de anulação de suas nomeações, que não incorreu em ofensa ao direito líquido e certo do impetrante de ser nomeado.

4. Recurso ordinário provido em parte. Nomeação do impetrante no cargo de Auxiliar Judiciário PJ-I ou, em caso de sua transformação, no cargo atualmente correspondente. (RMS 11396/PR, 6ª Turma, Min. Rel. Maria Thereza de Assis Moura, DJU 03/12/2007)

Em verdade, para o preenchimento das seis vagas previstas no edital do concurso em referência, o Sr. Governador fez oito nomeações sucessivas pela ordem de classificação dos concursados, para preenchimento dos cargos de Analista de Educação, mas conseguiu que apenas quatro cargos fossem ocupados, restando duas vagas, consoante Edital.

A pretensão merece ser atendida. Isto porque, a jurisprudência da Terceira Seção do STJ vem se firmando no sentido de que, o candidato aprovado em concurso público, dentro do número certo de vagas estipulado pelo Edital, possui direito líquido e certo à nomeação, não mera

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expectativa de direito.

Colacionam-se os seguintes precedentes:

ADMINISTRATIVO. NOVO CONCURSO PÚBLICO. CONTRATAÇÃO. PROFESSOR SUBSTITUTO. CONCURSO PÚBLICO VÁLIDO. SEGUNDO LUGAR. PRETERIÇÃO.

I – É entendimento doutrinário e jurisprudencial de que a aprovação em concurso público gera mera expectativa de direito à nomeação, competindo à Administração, dentro de seu poder discricionário, nomear os candidatos aprovados de acordo com a sua conveniência e oportunidade.

II - Entretanto, a mera expectativa se convola em direito líquido e certo a partir do momento em que, dentro do prazo de validade do concurso, há contratação de pessoal, de forma precária, para o preenchimento de vagas existentes, em flagrante preterição àqueles que, aprovados em concurso ainda válido, estariam aptos a ocupar o mesmo cargo ou função.

Agravo regimental desprovido. (AgRg no REsp 652789/SC, 5ª Turma, Min. Rel. Felix Fischer, DJU 01/08/2006)

RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA. ADMINISTRATIVO. CONCURSO PÚBLICO PARA O CARGO DE PROFESSOR. CONTRATAÇÕES, A TÍTULO PRECÁRIO, DURANTE A VALIDADE DO CERTAME. CONVOLAÇÃO DA EXPECTATIVA DE DIREITO À NOMEAÇÃO E POSSE EM DIREITO LÍQUIDO E CERTO. PRECEDENTES.

1. É cediço que os concursandos não possuem direito subjetivo à nomeação, mas apenas expectativa. Contudo, essa expectativa se convola em direito subjetivo, com a imposição à Administração de nomear o aprovado dentro do prazo de validade do certame, caso tenha havido contratação a título precário para o preenchimento de vaga existente, em detrimento da nomeação de candidato aprovado em certame ainda válido, exatamente como ocorrera na espécie, daí a liquidez e certeza do direito. Precedentes.

2. Recurso conhecido e provido para determinar à autoridade coatora que efetive a nomeação e posse do Recorrente no cargo para o qual foi aprovado em concurso público. (RMS 17302/MS, 5ª Turma, Min. Rel. Laurita Vaz, DJU 30/10/2006)

ADMINISTRATIVO. CONCURSO PÚBLICO. MAGISTÉRIO DA REDE PÚBLICA DE ENSINO DO DISTRITO FEDERAL. CONTRATAÇÃO PRECÁRIA DE TERCEIROS DENTRO DO PRAZO DE VALIDADE DO CERTAME. DIREITO SUBJETIVO DE CANDIDATOS APROVADOS À NOMEAÇÃO. EXISTÊNCIA. PRECEDENTES. RECURSO ESPECIAL CONHECIDO E PROVIDO.

1. Embora aprovado em concurso público, tem o candidato mera expectativa de direito à nomeação. Porém, tal expectativa se transforma em direito subjetivo para os candidatos quando, dentro do prazo de validade do

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certame, há contratação precária de terceiros, concursados ou não, para exercício dos cargos. Precedentes.

2. Hipótese em que restou demonstrada nos autos a existência e a necessidade de preenchimento das vagas, tendo em vista a contratação temporária de terceiros, em detrimento de candidatos aprovados no concurso público.

3. Recurso especial conhecido e provido. (REsp 631674/DF, 5ª Turma, Min. Rel. Arnaldo Esteves Lima, DJU 28/05/2007)

ADMINISTRATIVO. CONCURSO PÚBLICO. CANDIDATOS APROVADOS. CONTRATAÇÃO TEMPORÁRIA. ILEGALIDADE. I - É entendimento doutrinário e jurisprudencial de que a aprovação em concurso público gera mera expectativa de direito à nomeação, competindo à Administração, dentro de seu poder discricionário, nomear os candidatos aprovados de acordo com a sua conveniência e oportunidade.

II - Entretanto, a mera expectativa se convola em direito líquido e certo a partir do momento em que, dentro do prazo de validade do concurso, há contratação de pessoal, de forma precária, para o preenchimento de vagas existentes, em flagrante preterição àqueles que, aprovados em concurso ainda válido, estariam aptos a ocupar o mesmo cargo ou função.

III - Comprovada pela recorrente a classificação no concurso para professor de língua portuguesa, em primeiro lugar, em ambos os cargos que disputou, bem como incontroverso que houve a contratação, em caráter precário, de profissionais para suprir a carência de pessoal nasce, assim, o direito líquido e certo de exigir da autoridade competente à nomeação, pois demonstrada, inequivocamente, a necessidade de servidores para essa área.

Recurso provido, para determinar a nomeação e posse da recorrente. (RMS 24151/RS, 5ª Turma, Min. Rel. Felix Fischer, DJU 08/10/2007)

ADMINISTRATIVO - SERVIDOR PÚBLICO - CONCURSO - APROVAÇÃO DE CANDIDATO DENTRO DO NÚMERO DE VAGAS PREVISTAS EM EDITAL - DIREITO LÍQUIDO E CERTO À NOMEAÇÃO E À POSSE NO CARGO - RECURSO PROVIDO.

1. Em conformidade com jurisprudência pacífica desta Corte, o candidato aprovado em concurso público, dentro do número de vagas previstas em edital, possui direito líquido e certo à nomeação e à posse.

2. A partir da veiculação, pelo instrumento convocatório, da necessidade de a Administração prover determinado número de vagas, a nomeação e posse, que seriam, a princípio, atos discricionários, de acordo com a necessidade do serviço público, tornam-se vinculados, gerando, em contrapartida, direito subjetivo para o candidato aprovado dentro do número de vagas previstas em edital.

Precedentes.

3. Recurso ordinário provido. (RMS 20718/SP, 6ª Turma, Min. Rel. Paulo Medina, DJU 03/03/2008)

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Superior Tribunal de Justiça

Consta, ainda, dos autos, que no âmbito do magistério público do Estado de Minas Gerais, o ente federativo vem contratando a título precário.

Os autos demonstram que das seis vagas oferecidas no Edital 01/2001 apenas quatro foram preenchidas, tendo o Estado de Minas Gerais deixado expirar o prazo do concurso público sem preencher as duas vagas remanescentes.

Pelo exposto, conheço do recurso ordinário em mandado de segurança e dou-lhe provimento para conceder a ordem apenas para determinar ao Estado de Minas Gerais que nomeie os candidatos aprovados no Concurso, preenchendo o número de vagas determinado pelo Edital.

É como voto.

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RECURSO EM MANDADO DE SEGURANÇA Nº 22.597 - MG (2006/0194632-1)

VOTO-VOGAL

O EXMO. SR. MINISTRO HAMILTON CARVALHIDO:

Recurso ordinário interposto por Andreíza Campos Cereda contra

acórdão da Corte Superior do Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais

que denegou o mandado de segurança impetrado contra ato do Governador do

Estado, assim ementado:

"PROCESSUAL - LITISCONSORTES PASSIVOS

NECESSÁRIOS - ADMINISTRATIVO - MANDADO DE SEGURANÇA - CONCURSO - NOMEAÇÃO - DIREITO LÍQUIDO E CERTO - AUSÊNCIA. Não sendo em nenhum momento questionados os atos de nomeação dos candidatos melhor classificados que a impetrante, nem se vislumbrando qualquer reflexo sobre eles em face da presente demanda, não podem nem devem ser chamados à lide como litisconsortes passivos necessários. O candidato aprovado em concurso público detém mera expectativa de direito à nomeação, não caracterizando violação a direito o fato da Administração não promover à sua nomeação em face do poder discricionário que detém e dado o fim do prazo de

validade do certame. Segurança denegada."

(fl. 98).

Sustenta a recorrente que não foram preenchidas todas as vagas

oferecidas no edital, tornando-se o ato administrativo vinculado e exsurgindo,

daí, o direito líquido e certo à nomeação.

O Ministério Público Federal veio pelo improvimento do recurso.

Na sessão do dia 12 de junho de 2008, a Ministra Jane Silva

(Desembargadora Convocada do TJ/MG), Relatora do feito, deu provimento

ao recurso ordinário.

É firme o constructo doutrinário e jurisprudencial na afirmação do

direito subjetivo do candidato aprovado e classificado à observância, quando da

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Superior Tribunal de Justiça

convocação para a nomeação decidida pela Administração Pública, da ordem

dos concursos e, por implícito, da ordem da classificação dos concorrentes

habilitados.

Esta, com efeito, a letra do artigo 37, inciso IV, da Constituição

Federal:

"IV - durante o prazo improrrogável previsto no edital de convocação, aquele aprovado em concurso público de provas ou de provas e títulos será convocado com prioridade sobre novos concursados para assumir cargo ou emprego, na carreira;"

Veja-se, a propósito, o enunciado nº 15 da Súmula do Supremo

Tribunal Federal:

"Dentro do prazo de validade do concurso, o candidato

aprovado tem o direito à nomeação, quando o cargo for

preenchido sem observância da classificação."

Em violando o Estado o dever jurídico primário insculpido no

inciso IV do artigo 37 da Constituição da República, surge-lhe o dever jurídico

secundário de nomeação do candidato preterido e, não, o de

"(...) simples

desfazimento do ato que irregularmente incidiu sobre pessoa errada (...)"

, como

observa Celso Ribeiro Bastos, nos seus Comentários à Constituição do Brasil

(3º vol., tomo III, pág. 79, Saraiva, 1992).

É também freqüente e acertado o reconhecimento da violação do

direito subjetivo à observância da ordem dos concursos e da classificação dos

candidatos, em havendo abertura de novo certame dentro do prazo de validade

do concurso anterior, a evidenciar a existência de vagas, cujo preenchimento se

mostra assim, já decidido pela Administração Pública, como oportuno e

conveniente.

In casu, sustenta a impetrante que possui direito líquido e certo

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Superior Tribunal de Justiça

argumento de que não foram preenchidas todas as vagas oferecidas no edital de

regência do certame.

Ocorre, contudo, ao que se tem, que a impetrante, classificada na

10ª colocação para o cargo de Administrador, foi aprovada fora do número de

6 vagas existentes, não tendo invocação, assim, a Lei Estadual nº 7.109/77

que, para além, dirige-se aos candidatos ao magistério público estadual.

Demais disso, resulta incontroversa nos autos a existência de

candidato aprovado em melhor classificação e não nomeado - o de 9º lugar -

daí, porque a impetrante deixou de comprovar, na espécie, juntamente com a

inicial, a existência de preterição qualquer, induvidosamente imprescindível à

demonstração da liquidez e certeza do direito alegado.

E direito líqüido e certo, ensina o Professor Hely Lopes Meirelles:

"(...) é o que se apresenta manifesto na sua existência, delimitado na sua extensão e apto a ser exercitado no momento da impetração. Por outras palavras, o direito invocado, para ser amparável por mandado de segurança, há de vir expresso em norma legal e trazer em si todos os requisitos e condições de sua aplicação ao impetrante: se sua existência for duvidosa; se sua extensão ainda não estiver delimitada; se seu exercício depender de situações e fatos ainda indeterminados, não rende ensejo à segurança, embora possa ser defendido por outros meios judiciais. Quando a lei alude a direito líquido e certo, está exigindo que esse direito se apresente com todos os requisitos para seu reconhecimento e exercício no momento da impetração. Em última análise, direito líquido e certo é direito comprovado de plano. Se depender de comprovação posterior, não é líqüido nem certo, para fins de segurança.

Evidentemente, o conceito de liquidez e certeza adotado pelo legislador do mandado de segurança não é o mesmo do legislador civil (CC, art. 1.533). É um conceito impróprio – e mal-expresso – alusivo a precisão e comprovação do direito

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Superior Tribunal de Justiça

quando deveria aludir a precisão e comprovação dos fatos e situações que ensejam o exercício desse direito. Por se exigir situações e fatos comprovados de plano é que não há instrução probatória no mandado de segurança. Há, apenas, uma dilação para informações do impetrado sobre as alegações e provas oferecidas pelo impetrante, com subseqüente manifestação do Ministério Público sobre a pretensão do postulante. Fixada a lide nestes termos, advirá a sentença considerando unicamente o direito e os fatos

comprovados com a inicial e as informações."

(in

Mandado de Segurança, 18ª edição, Malheiros

Editores, 1997, págs. 34/35 - nossos os grifos).

A propósito do tema, vejam-se os seguintes precedentes

jurisprudenciais:

"MANDADO DE SEGURANÇA. CONCURSO

PÚBLICO. OFICIAL MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS. APROVAÇÃO FORA DAS VAGAS CONSTANTES DO EDITAL. PRETERIÇÃO. NÃO COMPROVAÇÃO. DIREITO LÍQUIDO E CERTO. NÃO OCORRÊNCIA.

- Se os candidatos não lograram classificar-se dentro do número de vagas disponibilizadas no edital, não possuem direito líquido e certo a continuar no certame.

- Se não houver prova pré-constituída, não há como

acatar alegação de preterição de vaga, ante a

impossibilidade de promover dilação probatória em

mandado de segurança.

- Recurso ordinário desprovido."

(RMS

13569/GO, Relator Ministro Paulo Medina, in DJ

29/03/2004).

"ADMINISTRATIVO. CONCURSO PÚBLICO.

NOMEAÇÃO. EXPECTATIVA DE DIREITO. QUEBRA DA

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PRÉ-CONSTITUÍDA. RECURSO ORDINÁRIO IMPROVIDO. 1. Embora aprovado em concurso publico, tem o candidato mera expectativa de direito à nomeação. Com isso, compete à Administração, dentro do seu poder discricionário e atendendo aos seus interesses, nomear candidatos aprovados de acordo com a sua conveniência, respeitando-se, contudo, a ordem de classificação, a fim de evitar arbítrios e preterições.

2. O mandado de segurança exige prova

pré-constituída como condição essencial à verificação do direito líquido e certo, sendo a dilação probatória incompatível com a natureza da ação mandamental. Hipótese em que o recorrente não logrou demonstrar ter ocorrido quebra da ordem classificatória nas nomeações para concurso público para provimento de cargos de Oficial de Justiça da Comarca de Cascavel/PR.

3. Recurso ordinário improvido."

(RMS nº

17.989/PR, Relator Ministro Arnaldo Esteves Lima, in

DJ 23/10/2006).

"ADMINISTRATIVO. RECURSO ORDINÁRIO EM

MANDADO DE SEGURANÇA. CONCURSO PÚBLICO. MAGISTÉRIO ESTADUAL. APROVAÇÃO. NOMEAÇÃO

PARA DETERMINADA VAGA. PRETERIÇÃO.

INEXISTÊNCIA. LIQUIDEZ E CERTEZA DO DIREITO

NÃO DEMONSTRADAS. RECURSO CONHECIDO E

IMPROVIDO.

1. Embora aprovado em concurso publico, tem o candidato mera expectativa de direito à nomeação. Precedentes.

2. O mandado de segurança exige prova

pré-constituída como condição essencial à verificação do direito líquido e certo, sendo a dilação probatória incompatível com a natureza da ação mandamental.

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Hipótese em que a recorrente deixou de comprovar, de plano, a existência de vaga a ser preenchida, bem como a ocorrência de preterição, já que ainda há candidato aprovado em melhor classificação e não nomeado, não havendo a configuração de nenhum direito líquido e certo a ser amparado pela via do mandamus.

3. Recurso conhecido e improvido."

(RMS nº

16.576/MS, Relator Ministro Arnaldo Esteves Lima,

in DJ 5/12/2005).

Pelo exposto, divergindo da eminente Ministra Relatora Jane Silva

(Desembargadora Convocada do TJ/MG), nego provimento ao recurso

ordinário.

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Superior Tribunal de Justiça

ERTIDÃO DE JULGAMENTO SEXTA TURMA Número Registro: 2006/0194632-1 RMS 22597 / MG Número Origem: 1000044121465 PAUTA: 27/05/2008 JULGADO: 12/06/2008 Relatora

Exma. Sra. Ministra JANE SILVA (DESEMBARGADORA CONVOCADA DO TJ/MG) Presidente da Sessão

Exmo. Sr. Ministro NILSON NAVES Subprocurador-Geral da República

Exmo. Sr. Dr. ARTHUR DE BRITO GUEIROS SOUZA Secretário

Bel. ELISEU AUGUSTO NUNES DE SANTANA

AUTUAÇÃO

RECORRENTE : ANDREÍZA CAMPOS CEREDA

ADVOGADO : DILMAR GARCIA MACEDO E OUTRO

T. ORIGEM : TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE MINAS GERAIS

IMPETRADO : GOVERNADOR DO ESTADO DE MINAS GERAIS

RECORRIDO : ESTADO DE MINAS GERAIS

ADVOGADO : MARCO ANTÔNIO GONÇALVES TORRES E OUTRO(S)

ASSUNTO: Administrativo - Concurso Público - Nomeação

CERTIDÃO

Certifico que a egrégia SEXTA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:

"A Turma, por maioria, deu provimento ao recurso ordinário em mandado de segurança, nos termos do voto da Sra. Ministra Relatora. Vencido o Sr. Ministro Hamilton Carvalhido que lhe negava provimento e fará declaração de voto. "

Os Srs. Ministros Nilson Naves e Maria Thereza de Assis Moura votaram com a Sra. Ministra Relatora.

Ausente, justificadamente, o Sr. Ministro Paulo Gallotti. Presidiu o julgamento o Sr. Ministro Nilson Naves.

Brasília, 12 de junho de 2008

ELISEU AUGUSTO NUNES DE SANTANA Secretário

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