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A conciliação interrompida : modos de mediação na França e espiritismo francês no século XIX

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Academic year: 2021

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BERNARDO CURVELANO FREIRE

A Conciliação Interrompida: modos de mediação na França e o

espiritismo francês no século XIX.

CAMPINAS 2015

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

INSTITUTO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS

A Conciliação Interrompida: modos de mediação na França e espiritismo

francês no século XIX.

Orientador: Professor Doutor Ronaldo Romulo Machado de Almeida

         

CAMPINAS 2015

 

Tese de Doutorado apresentada ao Instituto de Filosofia e Ciências Humanas para a obtenção do Título de Doutor em Antropologia Social

ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE À VERSÃO FINAL DA TESE DEFENDIDA PELO ALUNO BERNARDO CURVELANO FREIRE, E ORIENTADA PELO PROF. DR. RONALDO ROMULO MACHADO DE ALMEIDA  

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Ficha catalográfica Universidade Estadual de Campinas Biblioteca do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas

Cecília Maria Jorge Nicolau - CRB 8/3387

Freire, Bernardo Curvelano,

F883c FreA conciliação interrompida : modos de mediação na França e espiritismo francês no século XIX / Bernardo Curvelano Freire. – Campinas, SP : [s.n.], 2015.

FreOrientador: Ronaldo Rômulo Machado de Almeida.

FreTese (doutorado) – Universidade Estadual de Campinas, Instituto de Filosofia e Ciências Humanas.

Fre1. Kardec, Allan, 1803-1869. 2. Espiritismo - França - Séc. XIX. 3. Mediação. 4. Fotografia. 5. Modernidade - Aspectos religiosos. I. Almeida, Ronaldo Rômulo Machado de,1966-. II. Universidade Estadual de Campinas. Instituto de Filosofia e Ciências Humanas. III. Título.

Informações para Biblioteca Digital

Título em outro idioma: Interruption over conciliation : modes of mediation in France and

french spiritism in nineteenth century

Palavras-chave em inglês:

Spiritism - France - 19th century Mediation

Photography

Modernity - Religious aspects

Área de concentração: Antropologia Social Titulação: Doutor em Antropologia Social Banca examinadora:

Luiz Fernando Dias Duarte Patricia Birman

Bernardo Lewgoy Maria Suely Kofes

Data de defesa: 11-06-2015

Programa de Pós-Graduação: Antropologia Social

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Abstract: The following thesis presents a discussion about the problem of religious mediation concerning the topics and objects mobilized by the judicial process moved against three spiritists, followers of Allan Kardec, in Paris, 1875. Using as procedure both, ethnographical procedures and rudiments of micro-history, the same judicial process is presented as a social drama carved in the judicial process text conceived as speech duration and form for official tutelary mediation diffusion in a post-revolutionary France. The subjects made visible by the primary documents suggests a great amount of analogies with themes that the social anthropology theory constantly reflects about what makes part of the bibliographical support more as witnesses of their own world then a simple and utilitarian index of quotes. Both, spiritists and their police opponents, share with the first anthropology a lot of questions about media and tutelary power and it is by this relationship that canonical texts are considered. Tylor, Durkheim, Mauss and Tarde are mixed together with Rivail, Kardec, Frégier and Bédarride as native theory offering different forms of conceiving the reasons for the process had took place, what includes anthropological theory.

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Resumo: A presente tese discute, por via de uma prosa que margeia tanto procedimentos etnográficos quanto os da micro-história, diferentes dimensões relativas à mediação, inclusive a religiosa, que informam a diversidade de relações de um determinado acontecimento. O processo judicial que condena três espíritas kardecistas em Paris no ano de 1875, documento central desta tese, é compreendido como um drama social encravado no universo do texto jurídico, aqui compreendido como a duração da fala, e como forma de difusão da mediação estatal e tutelar da França pós-revolucionária. As questões visibilizadas pelos documentos primários sugerem um grande número de analogias com os temas abordados por parte da teoria antropológica que lhe é contemporânea. Assim, tal teoria é refletida, não como aporte utilitário de um sistema de citações utilizadas como suporte de um argumento, mas como testemunha de seu próprio mundo, solidária com muitos dos problemas postos tanto pelo espiritismo como de seus acusadores, o que os reúne ao redor do problema posto por variações a respeito das mediações e do poder tutelar. É assim que textos canônicos como os de Tylor, Durkheim, Mauss e Tarde são discutidos como uma versão particular de teoria nativa junto a Kardec, Rivail, Frégier e Bédarride, dando outra inteligibilidade para um processo que condena os kardecistas de Paris, o que por sua vez acrescenta outras dimensões daquilo que podemos reconhecer como sendo o conceito e a disciplina da antropologia.

Palavras-Chave: Kardec, Allan 1803-1869; Espiritismo – França – Sec. XIX; Mediação; Fotografia; Modernidade – Aspectos Religiosos.

     

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Sumário

INTRODUÇÃO   1  

   

PRIMEIRA  SEÇÃO:  FIGURA   25  

 

Uma  trama  em  busca  de  personagens:  fábula,  trama    e  tema.     30    

Metáfora  e  Taxinomia:  heresia,  etnônimo  e  território.                                                                                                                                                    79    

O  juiz,  o  porta-­‐voz  da  lei  e  a  solidariedade  criminosa.                      110    

O  objeto  fotográfico                            125    

O  fantasma  na  máquina:  uma  variação  do  tema  da  pessoa                    142    

A  química  e  a  perversão  da  seda                          151    

A  conciliação  desafiada  e  o  demônio  do  procedimento                      163    

O  terceiro  réu,  as  relações  solidárias  e  a  presença  de  Allan  Kardec.                    187    

       

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SEGUNDA  SEÇÃO:  FUNDO/TERRITÓRIO:  

Não  como  secularização,  mas  como  sobrevivência:  notas  sobre  as     ruínas  e  o  fantasma  do  religioso.    

  (1)  França                                                      209   (2)  Tylor               213   (3)  França             217   (4)  Tylor               225   (5)  França                                     229   (6)  Tylor,  De  Brosses  e  Vico           232   (7)  Vico,  De  Brosses  e  as  mudanças  de  hábito         243   (8)  Tylor,  libertino             251   (9)  Tylor,  Tarde  e  o  sonambulismo  social         257   (10)Tarde,  Kardec             262   (11)  Tarde  e  a  curva  hieroglífica         268   (12)  Tarde,  Tylor  e  o  Vôo  das  Andorinhas       269   (13)  França  como  escala  de  relação         271   (14)  França,  Tarde  e  o  Vôo  das  Andorinhas       278   (15)  Tylor,  profecia  e  política           282   (16)  França  e  secularização,  de  fato  e  de  direito       284   (17)  França,  secularização  e  escala         288   (18)A  administração  do  pecado  e  o  porta-­‐voz  da  lei       291   (19)  França,  de  fato  e  de  direito         294   (20)  França             299   (21)  França,  de  fato  e  de  direito         304   (22)  França               307   (23)  França             310   (24)  França  codificada           314   (25)  França  e  cidadania  cosmopolita         326    

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TERCEIRA  SEÇÃO  :  trânsito  entre  figura  e  fundo,  mudança  de  escala.  

              331  

 

Uma  vez  na  França.               343  

 

Em  nome  de  quem?               352  

 

Um  caso  ligeiro:  Olympe  Audouard.         359  

 

Rivail  rival  e  o  auto-­‐didatismo.           365  

   

Iconografia  do  Processo  dos  Espíritas                                                                                                                                                    455    

Bibliografia               469    

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Pro Mateus Isao,

Tetei,

correndo.

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Agradecimentos:

Existe   uma   versão   dos   fatos   que   carrega   consigo   todos   os   ares   de   uma   beleza   inocente.   Esta   versão   diz   que   é   possível   exercer   o   ofício   de   pesquisador   em   humanidades   sem   ser   incômodo,   especialmente   aos   mais   próximos   e   queridos.   A   despeito   de   não   acreditar   que   esta   seja   uma   ilusão   e   tampouco   manifestação   de   inocência,   é   seguramente   moeda   corrente.   No   entanto,   não   tenho   o   hábito   de   participar  desta  economia,  o  que  diz  muito  a  meu  respeito  tanto  quanto  diz  a  respeito   desta   tese.   Este   trabalho   é   em   grande   parte   um   tributo   que   pago   aos   amigos   que   tenho.  Mas  não  necessariamente  a  todos  os  amigos.  É  dedicado  especialmente  aqueles   que,  pela  arte  do  incômodo,  da  perturbação  e  demais  riscos  produzidos  pelo  desgaste,   produziram  uma  sorte  de  atrito  necessário  para  que  o  mais  tímido  dos  passos  não  seja   sempre   um   escorregão.   Eis   o   pequeno   passo   que,   da   minha   parte,   acolhe   o   mesmo   atrito  que  por  vezes  escoria,  e  que  incomoda  tanto  quanto  traz  o  conforto  da  brisa  do   movimento.  Quero  aqui  enaltecer  esta  forma  de  amizade  difícil  por  que  ela  assume  os   mais  diversos  riscos.  É  assim  para  todos  que  a  aceitam  da  forma  mais  crua,  por  sua   vez,  a  única  forma  de  levá-­‐la  adiante.  E  também  por  que,  a  qualquer  minuto,  anos  de   amizade   e   parceria   podem   cair   por   terra,   como   frequentemente   acontece.   Como   aconteceu.  E  ainda  assim,  sim.  

De   todos   os   amigos   que   fazem   parte   deste   pequeno   panteão   pessoal,   o   primeiro,   e   seguramente   o   que   gerou   maior   número   de   incômodos   e   desgastes,   é   Fábio   Antônio   da   Costa,   que   aqui   figura   como   protagonista   do   atrito.   Antes   de   mais   nada,  porque  sem  este  especialista  em  filosofia  da  física  eu  sequer  teria  um  objeto  de   estudos.  Foi  em  razão  de  sua  interferência  que  quase  tudo  que  aqui  se  apresenta  pôde   tomar  lugar.  Se  antes  de  uma  determinada  conversa  no  falecido  bar  Asdrubal’s  vim  a   conhecer  o  Processo  dos  Espíritas  por  sua  sugestão,  sua  participação  não  se  encerra  aí.   Como  de  hábito,  o  objeto  de  pesquisa  veio  acompanhado  pelo  interesse  permanente  e   pelo   constante   debate   a   respeito   de   toda   e   qualquer   sutileza.     Com   o   intuito   de  

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certificar   que   eu   não   estava   queimando   etapas   e,   principalmente,   fugindo   pela   tangente,  a  constante  tensão  de  nossas  conversas  é  o  que  hoje  chamamos  de  amizade.   E  se  eu,  por  algum  momento,  recorri  ao  expediente  mais  fácil,  foi  por  ter  guardado  a   versão   final   desta   tese   da   leitura   perigosa   oferecida   –   e   sempre   oferecida   –   pelo   mesmo  Fábio.  Nunca  arredou  o  pé,  nem  por  um  momento,  de  acompanhar,  debater  e   confrontar  com  qualquer  afirmação  que  por  ventura  eu  viesse  a  ter  coragem  de  fazer.   Não   foi   fácil   e   diversas   vezes   não   foi   sequer   agradável.   Mas   nesta   altura   dos   acontecimentos,  o  que  importa  não  é  isso.    

   Ainda   que   nem   tudo   sejam   espinhos,   não   há   ninguém   que   figure   na   memória   com   admiração   que   não   seja   a   presentificação   de   um   desgaste,   uma   dificuldade   e   da   coragem   de   manter   de   pé   a   austeridade   agreste   da   clareza   de   propósitos.  Nisso,  há  muito  o  que  reconhecer  em  Axel  Lazzari,  Diego  Escolar  e  Gustavo   Verdésio   pelo   primeiro   sopro   de   entusiasmo   dado   para   esta   pesquisa   que,   em   um   dado  momento,  parecia  fadada  ao  fracasso.  Os  conheci  na  Reunião  de  Antropologia  do   Mercosul,   em   Buenos   Aires,   em   2009.   Axel   e   Diego,   junto   com   Antonádia   Borges,   organizavam   um   grupo   de   trabalho   que   tinha   no   inexplicável   nas   pesquisas   em   antropologiao   o   seu   interesse   declarado.   Assim,   passamos   uma   semana   discutindo   aporias   empíricas   da   pesquisa   de   campo.   Foi   aí   que   o   atrito   frutífero,   aliado   com   o   interesse   mais   ue   estimulante   tomou   lugar   em   uma   estadia   argentina   que   jamais   esqueci.   Axel,   infatigável,   promoveu   o   atrito   gentil   até   mesmo   como   o   anfitrião   generoso  que  é;  passeio  no  parque  e  jantar  em  família.  A  ele,  agradeço  em  especial.    

Nesta  trajetória  que  antecede  o  começo  de  meu  doutorado  convém  anotar   a  pequena  reunião  com  Ricardo  Benzaquém  de  Araújo,  quem  me  ofereceu,  ainda  no   IUPERJ,   o   mais   preciso   vaticínio   a   respeito   daquilo   que   eu   apresentava   como   um   projeto  de  doutorado  que  agora  chega  à  termo;  de  que  este  seria  um  caminho,  para   todos  os  efeitos,  bastante  solitário.  Não  tanto,  ou  não  somente  pela  natureza  do  ofício,   mas  pela  dificuldade  de  interlocução  e  pela  natureza  arrogante  do  pesquisador.    

Este  elogio  do  atrito  que  toma  forma  de  agradecimento  conta  com  outras   personagens   importantes.   Assumiram   seu   papel   como   professores   que   participaram  

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da  minha  vida  acadêmica  e  que  souberam  não  me  reduzir  à  caricatura  de  meu  próprio   esforço.   Nisso,   tenho   muito   a   agradecer   a   Luiz   Fernando   Dias   Duarte,   Suely   Kofes   e   John   Monteiro   (in   memorian).   A   elas   quero   reservar   este   parágrafo   como   forma   de   homenagem.   A   Luiz,   por   ter   sido   aquele   sem   o   qual   eu   talvez   jamais   voltado   à   antropologia   depois   de   tantos   anos   como   livreiro   e   tempos   depois,   emprestou-­‐me   o   primeiro  livro  que  li  com  o  objetivo  de  escrever  projeto  cuja  tese  defendo  agora.  Seria   fatigante   desfilar   a   quantidade   de   aspectos   de   meu   trabalho   que   tem   em   minha   relação  com  Luiz  o  seu  ponto  de  partida.  No  caso  de  John,  nunca  tive  a  sorte  de  ter   sido  seu  aluno.  Só  travei  contato  com  ele  como  representante  discente  em  um  tempo   de  reuniões  acaloradas  em  que  discutíamos  a  reforma  da  grade  curricular.  Estávamos   frequentemente  em  lados  opostos  da  mesa,  em  reuniões  disputadíssimas  e  que  John,   esmerado   no   exame   dos   problemas,   fazia   com   que   fossem   ainda   mais   difíceis   exatamente  porque  se  importava.  Quanto  à  Suely,  tudo  o  que  eu  tenho  a  dizer  é  que   Celso  Azzan  Jr.  tinha  razão.  Obrigado,  Suely.  

Aos  três,  quero  os  nomes  de  Amir  Geiger,  o  de  Patricia  Birman,  Christiano   Tambascia  e  de  Bernardo  Lewgoy.  Amir  é  ,  Com  Patricia  divido  as  situações  de  acaso,   dado   que   é   com   quem   sempre   me   encontro   de   improviso   nos   momentos   em   que   minhas   pesquisas   vêm   a   público,   não   importando   o   país   em   que   eu   esteja.   A   Chris,   agradeço  por  ter  aceito  ter  entrado  numa  fria  em  nome  de  outros  tempos  que  por  fim,   nos   permitiram   tomar   decisões   delicadas.   Por   fim,   a   Bernardo   Lewgoy,   quem   gentilmente   aceitou   participar   de   minha   banca   de   defesa,   gentileza   que   perdurou   defesa  afora.  

Esta   pesquisa   contou   com   uma   espécie   de   confiança   cega   e   de   liberdade   quase   que   irrestrita   da   parte   de   Ronaldo   de   Almeida,   meu   orientador,   a   quem   agradeço.   Dele   e   de   Artionka   Capiberibe   veio   também   o   apoio   em   momentos   particularmente   difíceis   quando   estivemos,   minha   esposa   e   eu,   em   Paris,   no   o   cumprimento   de   meu   estágio   doutoral   no   exterior.   Tomo   a   liberdade   de   agradecer   também  em  seu  nome.  O  mesmo  pode  e  deve  ser  dito  de  Gabriel  Feltran  que  ofereceu  

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não   poucas   orientações,   especialmente   aquelas   que   nos   levaram   ao   parque   de   Belleville,  ao  Jardin  Monet,  em  Giverny  e  ao  sistema  público  de  saúde  francês.  

Recebi   o   mesmo   tipo   de   confiança   irrestrita   da   parte   de   Omar   Ribeiro   Thomaz,   que   me   aceitou   como   bolsista   PED   de   uma   disciplina   oferecida   para   a   graduação   ao   lado   de   Larissa   Nadai,   em   2011.   Larissa,   e   depois   Fabiana   Andrade,   foram   as   pessoas   que   fizeram   as   vezes   da   casa.     Foram   as   mais   frequentes   amigas   durante  a  maior  parte  de  minha  curta  estadia  nas  dependências  da  Unicamp  a  quem   tenho  que  agradecer,  para  além  de  tudo,  pelo  carinho  e  por  terem  falado  tanto  e  tão   bem  de  seu  pesquisa  de  mestrado.  Muitas  das  soluções  de  minha  própria  pesquisa  são   desdobramentos   das   pesquisa   delas   postas   em   outra   escala.   Uma   nota   semelhante   vale  para  Neila  Soares  e  Igor  Scaramuzzi,  ambos  na  qualidade  de  recém  egressos  e  que   foram   camaradas   de   primeira   e   segunda   hora,   respectivamente.   Creio   que   a   lista   de   colegas   a   ser   arrolada   poderia   compreender   a   todos.   No   entanto,   cometo   aqui   a   indelicadeza   de   citar   especialmente   os   que   estiveram   envolvidos   no   processo   de   reestruturação   da   grade   curricular   da   pós-­‐graduação,   movendo   questões   e   debates   particularmente   delicados.   Aqui,   cabe   o   elogio   ao   protagonismo   de   Larissa   Nadai,   Ernenek  Tupinambá  Mejía,  Mariana  Petroni,  Fabiana  Andrade  e  Roberto  Resende  que   tomaram   a   frente   dos   problemas   que   enfrentamos   como   corpo   discente.   Quero   acreditar  que  aprendi  com  vocês  aquilo  que  nos  ensinaram.  

  O  estágio  de  12  meses  no  exterior,  que  assim  como  o  resto  do   meu   doutorado,   também   foi   financiado   pela   CAPES,   fixou   residência   na   École   des   Hautes  Études  en  Sciences  Sociales,  em  Paris.  Lá  a  pesquisa  foi  acolhida  por  Véronique   Boyer  (MASCIPO),  quem  generosamente  me  recebeu  como  aluno,  e  por  Jean  Hébrard   (CRBC)   que,   mais   do   que   interesse   pela   pesquisa,   oferecereu   orientação   e   suporte   quando  informado  que  ao  invés  de  sermos  duas  pessoas  a  chegarem  do  Brasil,  éramos   em   três.   A   ele,   mais   uma   vez,   muito   obrigado.   Aqui   cabe   uma   nota   especial   de   agradecimento  à  Alba  Horesntein,  da  secretaria  de  acolhimento  da  EHESS,  quem  me   pôs   em   contato   com   a   figura   de   M.   Blindermann,   meu   senhorio   de   Paris;   e   Natália   Mesquita-­‐Alves,  secretária  do  Mascipo-­‐EHESS,  didática  e  meticulosa  com  tudo  o  que  

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precisei   durante   o   ano   em   questão.   Convém   mencionar   a   gentileza   e   atenção   dos   bibliotecários  da  BnF  e  da  Maison  des  Sciences  de  l’Homme,  onde  passei  boa  parte  dos   meus   primeiros   meses   como   estagiário.   Agradeço   também   ao   camarada   Rodrigo   Bulamah  e  Ana  De  Francesco  que,  não  obstante  serem  amigos  de  IFCH,  mobilizaram   um  grande  número  de  contatos  que  dispunham  em  Paris,  todos  decisivos  em  diversos   momentos.  Foi  por  via  de  Rodrigo  que  conheci  Mirko  Solari  Pita  e  Pia  Cevallos.  Ambos   introduzem-­‐se   nesta   história   como   a   dádiva   que   se   desdobrou   na   forma   de   minha   irmãzinha  de  Taiwan,  FangFang  Chen,  a  quem  amo  muito  e  sinto  muita  falta  sempre.     Dádiva  que  também  se  materializou,  por  via  dos  contatos  de  Ana,  na  forma  de  Shisleni   Macedo.  Shis  é  a  razão  de  ser  de  toda  uma  outra  Paris  que  tomou  forma  graças  a  ela,     em  especial  na  mais  ecumênica  das  ceias  de  Natal  que  tomou  lugar  durante  três  dias   de   farra,   comida   e   sono.   Em   retorno   não   pude   oferecer   nada   além   de   umas   poucas   aulas  de  natação  e  meia  dúzia  de  queixas  a  respeito  de  tudo.  Este  pequeno  universo   em  expansão  contou  também  com  minha  sobrinha  Fany  Cazares,  seu  comparsa  Rene   Hdez;  e  muito  especialmente,  contou  com  entusiasmo  comovente  de  Paula  Bolonha  na   primeira  vez  que  teve  diante  de  si  um  quadro  de  Marc  Chagall.    

Em  Paris  pude  reencontrar  Ed  Pereira,  amigo  dos  tempos  de  mestrado  no   IFCS-­‐UFRJ;    e  Luís  Felipe  Sobral,  amigo  e  colega  deste  mesmo  doutorado  que  agora  se   encerra,   no   caso   dele,   um   dia   depois   do   meu.   Ambos   fizeram   os   dias   longos   na   Bibliothèque   Nationale   Française   (François   Miterrand),   se   não   mais   agradáveis,   bastante   menos   perturbadores.   E   enquanto   amargava   certos   efeitos   da   distância   do   torrão   natal,   chorava   as   pitangas   com   Gil   Vicente   Lourenção,   quem   estava   no   Japão,   país   com   quem   estreitou   laços   mais   ou   menos   da   mesma   forma   que   eu.   Sorte   semelhante   de   lamúrias   foram   igualmente   divididas   com   Gustavo   Tentoni   Dias,   no   King’s  College  de  Londres,  e  com  Alexandre  Barreto  de  Menezes,  em  Camberra.  E  que   não   se   entenda   mal.   Nunca   conversamos   sobre   as   saudades   que,   até   então,   não   sentíamos  do  Brasil.  

No  entanto,  é  inegável  que  esta  pesquisa  foi  levada  à  cabo  mediada  pelas   enormes  saudades  dos  tempos  em  que  vivi  no  Rio  de  Janeiro,  dos  amigos  e  família  que  

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tenho  por  lá.  E  que  grande  parte  do  tempo  em  que  estive  de  volta  na  mesma  Campinas   em  que  fui  criado,  mantive  um  outro  pé  no  antigo  Distrito  Federal  onde  se  deu  minha   recriação  (recreação?).  Em  ambas  as  pontas  da  ponte  aérea  tenho  muito  a  agradecer   as  portas  abertas  e  ao  tempo  que  sempre  me  oferecem,  família  lá  e  cá,  para  que  minha   esposa  e  eu  pudéssemos,  agora  na  qualidade  de  pais,  nos  reorganizar  a  cada  momento   que  antecede  uma  mudança  de  planos;  de  cidade;  de  vida.  Meus  pais,  minha  avó,  meus   irmãos  em  Campinas  e,  por  extensão,  okaasan,  otosan  e  sobrinhos  em  Itapeti;  livraria   Berinjela   e   seus   patronos   (Daniel,   Silvia,   Nora   e   a   extensão   de   Zílio   Tosta)   mais   e   Zulma  e  Zaíra,  no  Rio.    A  eles  tenho  que  somar  os  nomes  daqueles  que  me  são  caros  e   sempre  me  recebem  em  suas  casas  –  mesmo  quando  a  casa  é  a  rua  -­‐  ,  seja  para  o  que   for,   quando   for:   Rommel   Luz,   Taís   Pereira,   Gabriel   Leitão,   Manaíra   Carneiro,   André   Sandino,  Wagner  Novais,  Paulo  Filgueiras  Camacho,  Bruno  Marques,  Indira  Caballero,   Eduardo  Dullo,  Delcides  Marques,  Taís  Danton,  Suzana  Mattos,  Bianca  Arruda,  Rafael   Saldanha,  César  Marins,  Hamilton  Nonato  Marques,  Neide  Eisele,  Naara  Luna,  Jeremy   Stolow,   João   Veridiano   Franco   Neto   e   meus   padrinho   e   madrinha,   Rafael   Paquito   Gutierrez   e   Maria   Elvira   Díaz   Benítez.   Cabem   aqui   o   agradecimento   a   Orlando   Calheiros  pelos  dias  de  quando  me  converti  à  Amazônia  e,  mais  adiante,  à  fotografia.  O   feliz   reencontro   com   Orlando   se   deu   na   mesma   Belém   que   me   apresentou   Renata   Emin  quem,  no  final  das  contas,  convenceu-­‐me  a  não  abandonar  o  doutorado  e  correr   de   volta   para   a   Altamira   que   me   acordou   do   sono   dogmático.   Agradeço   também   a   Victor   Amaral   Costa,   o   Codorna,   quem   me   desafiou   a   acordar   e   me   acolheu   em   seu   apartamento  na  mesma  cidade  localizada  na  Volta  do  Meio  do  rio  Xingu.  

Quero   registrar   aqui   que   não   foram   poucas   as   passagens   desta   tese   que   foram  gestadas  no  Laboratório  de  Antropologia  da  Religião,  coordenado  por  Ronaldo   de  Almeida.    A  convivência  extremamente  agradável  com  Hugo  Soares,  Ana  Carolina   Capellini   Rigone,   Hellen   Fonseca,   Deive   Leal,   Asher   Brun,   Carlos   Gutierrez,   Thuany   Figueiredo,   Everton   de   Oliveira,   Sariza   Caetano,   Adriano   Godoy   e   Lucas   Braga   merecem   menção   especial.   Melhor   do   que   vida   longa,   desejo   vida   próspera   ao   LAR.   Outras   tantas   idéias   são   frutos   de   longas   conversas,   todas   deliciosas,   com   Bruna  

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Bumachar,  com  quem  tenho  um  laboratório  que  revive,  sem  que  ela  saiba,  os  mesmos   temas  que  mantiveram  minha  pesquisa  viva  desde  minha  estadia  em  Buenos  Aires.  

Por   fim,   não   posso   deixar   de   anotar   o   grande   atrito   de   todos,   em   grande   parte  a  razão  de  eu  ter  persistido  em  escrever  esta  tese  até  seu  ponto  final,  Claudia   Yukie   Dan,   a   quem   não   dediquei   esta   tese   porque   no   meio   do   caminho   apareceu   Mateus  Isao.  Amo  vocês.      

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“POBRE E se por acaso os sentidos talvez se vejam perdidos?

AUTOR Para isso, comum grei, terei, desde o pobre ao rei, para emendar quem errar e, a quem não sabe, ensinar,

junto ao ponto, minha lei; ela a todos vos dirá o que vos cabe fazer por queixoso ninguém ser.

Livre arbítrio tendes já, e pois prevenido está o teatro, a todos vem medir que tamanho tem esta vida. DISCRIÇÃO Que esperamos? Vamos ao teatro! TODOS Vamos! Deus é Deus, fazei o bem.

Quando vão sair de cena, aparece o MUNDO que os detém.”

Calderón de la Barca O Grande Teatro do Mundo

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Introdução.    

Esta  tese  de  doutorado  é  antes  de  mais  nada,  pura  e  mera  antropologia  de   gabinete.   Ainda   que   o   que   se   encontre   aqui   não   deva   ser   compreendido   como   sua   apologia,  mas  somente  como  seu  exercício,  o  trabalho  de  pesquisa  feito  em  arquivos  e   bibliotecas  não  poderia  se  esconder  desta  possível  acusação.  Tendo  como  contraponto   o  elogio  à  pesquisa  de  campo  e  ao  dado  empírico  que  fundamenta  grande  parte  do  dar,  

receber  e  retribuir  da  antropologia  como  disciplina  constituída,  este  mesmo  processo  

parece   merecer   algumas   pausas   em   que   o   objetivo   não   seja   necessariamente   uma   revisão  de  tudo,  mas  uma  forma  de  reflexão  que  vise  compreender  qual  é  o  problema,   visando  entabular  questões  de  teoria.  Assim,  esta  é  uma  tese  em  que  as  distâncias  de   viagem  e  os  métodos  de  coleta  de  dados  estão  misturadas,  em  igual  medida,  às  horas   intermináveis  em  bibliotecas  e  arquivos  buscando  mais  precisamente  como  formular   um   problema   em   especial,   sobre   o   caráter   expressivo   do   binômio   modernidade  

religiosa  –  binômio  cozinhado  em  conversas  longas  com  Carlos  Eduardo  Valente  Dullo.    

A  proposta  da  injunção  em  questão  era  fruto  da  insatisfação  de  ambos,  que  da  minha   parte  permanece,  a  respeito  de  como  proceder  em  pesquisas  a  respeito  do  universo   religioso.  A  insatisfação  é  referente  ao  tom  frequentemente  escapista  dos  problemas   postos   nas   costas   do   nativo,   este   enorme   guarda-­‐chuva   de   proposições   em   antropologia  que  ironicamente  diz  quase  que  exclusivamente  aquilo  que  interessa  ao   pesquisador.  É  claro  que,  aqui,  cometo  uma  generalização.  Esta  afirmação  não  poderia   assumir  o  caráter  de  regra,  dado  que  é  no  mais  das  vezes  um  artifício  retórico.    Fosse   rerga,   as   exceções   não   seriam   raras   ainda   que   não   sejam   abundantes.   Mas   são   aos   problemas  conceituais,  e  não  aos  categoriais,  que  me  refiro.  Assim,  religião  –  no  geral   ou  em  particular  -­‐  seria  tudo  aquilo  que  o  nativo  disser  e  o  que  escrevêssemos  seria,   por  fim,  representativo  disso  fazendo  com  que  instanciássemos  a  definição.  Dito  isto  é   de   bom   tom   dizer   que   a   última   coisa   que   pretendo   com   esta   tese   é   que   ela   seja   representativa   das   fontes   que   menciono,   ou   dos   teóricos   com   quem   dialoga.   O   que  

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entendo   ter   sido   feito   é   uma   conversa   travada   com   as   fontes   e,   assim,   o   dialógo   travado  entre  as  fontes  o  que  interessa  de  verdade.  É  a  tensão  constitutiva  do  campo,   mais  do  que  a  remissão  empírica  como  atestado  jurídico  do  fato,  o  que  dá  forma  ao   método  de  trabalho.  

Pôr  em  questão  a  modernidade  religiosa  como  um  problema  implicaria  em   reconhecer   no   lexema   religião   e   suas   variações   quase   que   homófonas   no   eixo   euro-­‐ americano   um   problema   que   não   reside   somente   no   reconhecimento,   quando   não   imposição  legal,  da  crença  como  uma  dimensão  subjetiva.  O  binômio  sugere,  e  aí  não   cabe   nenhuma   novidade,   modos   de   relacionamento   em   que   a   irradiação   de   instituições,  valores  e  atitudes  que  se  imponham  como  modernos  produzem  por  sua   vez  a  tensão  com  o  arcaico,  antigo  ou  tradicional.  Enfim,  com  o  religioso.  Na  supressão   da  presença  de  lideranças  religiosas  da  potestas  governamental  que  marca  a  gestão  da   vida  política  moderna,  é  possível  intuir  o  desenho  de  algo  que,  mais  uma  vez,  possa   ser  compreendido  como  religioso  ainda  que  definido  por  sua  negação.  Os  esforços  de   Dullo   nesta   direção   (2012,   2013),   ainda   que   partindo   de   uma   mesma   inquietação,   geraram   frutos   muito   diferentes   com   relação   ao   que   apresento   aqui;   e   pontos   de   encontro   muito   importantes.   Dullo   leva   o   problema   da   secularização   muito   mais   a   sério   do   que   eu,   o   que   não   deixa   de   ser   irônico,   uma   vez   que   suas   pesquisas   mais   definitivas  se  dão  em  solo  brasileiro  mesmo  quando  a  instituição  de  origem  é  francesa   –  como  foi  o  caso  dos  maristas  na  cidade  de  São  Paulo  (Dullo,  2008).  E  no  entanto,  e   esta   é   uma   dívida   que   esta   tese   começa   a   pagar   com   quem   talvez   seja   seu   principal   interlocutor,   diz   respeito   à   percepção   do   papel   que   as   instituições   de   ensino   e   instrução  ocupam  neste  debate.  O  recuo  histórico  que  apresento  é  mais  ambicioso  do   que   eu   mesmo   imaginava   a   princípio,   e   trabalha   com   uma   gama   de   acontecimentos   que   mostram   o   que   resta   para   um   certo   domínio   religioso,   o   que   coincide   com   um   determinado   setor   da   prestação   de   serviços   que   na   França   se   chama   “instrução   pública.     Aquilo   que   resta,   por   sua   vez,   é   uma   remissão   direta   às   sobrevivências   das  

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intuir,   não   é   pouca   coisa,   mas   dificilmente   poderia   ser   chamado   de   religião   impunemente.  

Fazer   uso   de   não   poucas   proposições   tylorianas   e   de   todo   o   jogo   de   desrespeitar   o   contexto   sociológico   de   conceitos   e   idéias   dos   mais   diferentes   povos   cumpre  um  papel  importante  aqui.  Apesar  do  crime  de  violação  do  contexto  em  que   emergem   diferentes   formas   de   vida,   há   um   mérito   que   parece   inquestionável   no   método  e  na  intuição  seguidos  por  Tylor.  Em  Primitive  Culture  vemos  que  o  passado   enquanto   estrutura   do   tempo   está   disperso   em   relações   quase   que   inapreensíveis   senão  por  via  de  restícios  difundidos  na  matéria;  e  que  todo  e  qualquer  acontecimento   é   um   fenômeno   de   convergência,   ainda   que   parcial,   o   que   se   encontra   presente   na   enorme  discussão  sobre  difusão  cultural,  processo  identificado  em  diversos  artefatos     segundo  sua  forma  de  mediação.  Em  Tylor  temos  um  observador  dos  movimentos  de   expansão  e  contração  de  formas  culturais  em  que  a  contração  atende  frequentemente   por   sobrevivência.   O   valor   do   trabalho   do   antropólogo   escocês   não   está,   no   entanto,   em   seu   poder   diagnóstico.   Ainda   que   eu   lance   mão   de   proposições   de   Primitive  

Culture,  o  faço  com  vistas  na  correlação  entre  mediação  material  e  difusão,  problemas  

que   Tylor   cultiva   comungando   com   muitos   de   seus   contemporâneos,   dentre   eles   os   movimentos  espíritas  da  segunda  metade  do  século  XIX.      

No  mês  de  novembro  de  1872,  Tylor  se  lança  na  investiação  do  fenômeno   espírita  tal  como  ele  viria  a  se  dar  na  Inglaterra.  Em  1875,  o  espírita  que  conduzia  a  

Société   Parisienne   d’Études   Spirites,   Pierre   Gaëtan   Leymarie,   é   preso   junto   a   dois  

médiuns-­‐fotógrafos   sob   acusação   de   ludibrio,   extorsão   e   aquisição   de   crédito   imaginário.     As   acusações   sofridas   por   Leymarie   e   demais   kardecistas   –   a   Société  

d’Études  fora  fundada  por  Allan  Kardec,  então  falecido  -­‐  se  assemelham  em  muito  às  

censuras  que  Tylor  escreve    tendo  como  alvo  o  mesmo  movimento  espiritualista1.    A  

                                                                                                               

1  As  notas  sobre  o  espiritismo  estão  em  manuscritos  descobertos  por  George  Stocking  Jr.,  em  1969,  no  

Museu  Pitt  Rivers,  Oxford  (Stocking  Jr.  2001).  Assim,  spitirualism,  em  inglês,  designa  o  espiritismo  como  

investigação  dos  fenômenos  psíquicos  sem  nenhuma  distinção  doutrinal  específica.  Na  França,  contudo,  o     spiritualisme   é   uma   orientação   filosófica   articulada   no   seio   do   psicologismo   eclético   de   Victor   Cousin  

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relação   que   Tylor   trava   com   este   universo,   ainda   que   fugaz,   permite   uma   série   de   correspondências  com  aquilo  que  ele  mesmo  define  em  sua  obra  como  animismo.    A   definição   deste   conceito   tem   muito   a   dizer   a   respeito   da   emergência   do   espiritismo   segundo  outros  ângulos  que  não  por  via  do  complexo  de  atitudes  diante  da  morte  que,   por  esta  razão,  não  serão  consideradas  com  maior  atenção  neste  trabalho2.  As  notas  

de  Tylor  permitem  compreender  melhor  como  a  teoria  do  animismo  se  corresponde   intimamente  com  a  idéia  de  que  o  espiritismo,  tal  como  praticado  no  século  XIX,  é  um   caso  de  polícia.    

No  período  que  antecede  a  viagem  de  Tylor  à  Londres  o  espiritismo  tinha   lugar,   principalmente,   no   seio   de   pequenas   reuniões   domésticas   das   classes   sociais   mais  baixas.  Estas  reuniões  contrastam  com  a  formação  de  associações  dedicadas  ao   estudo   dos   fenômenos   anímicos,   como   a   Burns   Progressive   Library   and   Spiritual  

Institute,   em   1865   e,   mais   importante,   a   London   Dialectical   Society,   em   1869.   Estas  

sociedades   concretizam   o   envolvimento   daqueles   que   Janet   Oppenheim   chama   de   classe   média   profissional   (professional   medium   class)   que   por   diversas   razões,   frequentemente  políticas,  passam  a  ocupar  os  mesmos  espaços  e  sessões  que  outrora   serviram  de  reduto  de  camponeses  egressos  e  operários  da  nova  sociedade  industrial.  

Em   1871,   a   London   Dialectical   Society,   com   a   participação   ativa   de   Alfred   Wallace,   William   Crookes   e   Edward   Cox,   reconhecem   publicamente   a   realidade   do   fenômeno   espírita.   Durante   o   mesmo   período,   William   Crookes   começa   seus   experimentos   com   Daniel   Dunglas   Home,   quem   Oppenheim   (op.cit.)   reputa   ser   o   médium   mais   discutido   no   meio   das   pesquisas   psíquicas   na   Inglaterra   Vitoriana.   A   posição  de  dois  pesquisadores  da  época,  tanto  de  Wallace  quanto  de  Crookes,  serve  de   marco   pois   data   o   envolvimento   de   alguns   dos   mais   destacados   pesquisadores   em   suas   respectivas   áreas   nas   sendas   do   espiritismo   –   o   spiritualism   inglês.   Ambos   não   refugaram  no  intuito  de  ampliar  o  círculo  de  pesquisadores  envolvidos  com  o  tema.  O   que  fizeram  foi,  portanto,  deflagrar  uma  campanha  em  que  colegas  de  igual  destaque                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                    

Philosophie   Spiritualiste,   deixando   o   título   original   como   parte   do   sub-­‐título.   Cousin   tem   um   livro  

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viessem   a   participar   das   sessões.   Thomas   Henry   Huxley,   naturalista,   declinou   do   convite  de  participar  da  London  Dialectical  Society  reiterando  sua  postura  que  investe   no   divórcio   entre   as   ciências   e   qualquer   rescaldo   do   universo   sobrenatural   das   instituições  religiosas.  Tylor,  ainda  que  não  dispusesse  de  opinião  mais  favorável  ao   espiritismo,  tinha  por  sua  vez,  boas  razões  para  aceitar  o  convite  de  William  Crookes.   O  movimento  ao  redor  da  atividade  medianímica  tinha  correspondência,  ao  contrário   do  caso  de  Huxley,  com  suas  pesquisas  a  respeito  da  religião  dos  selvagens,  título  de   artigo  que  havia  publicado  em  1866  (Stocking  Jr.,  2001).  Tylor  vai  a  Londres  

  Foram  em  nove  os  dias  de  observação.  Entre  os  dias  4  e  28  de  novembro  de   1871.  O  conteúdo  das  notas  respeita  aquilo  que  produzem  boa  parte  das  sociedades   científicas   da   época   com   relação   ao   fenômeno   espírita.   O   conteúdo   da   investigação,   por   sua   vez,   não   difere   daquilo   que   se   encontra   em   qualquer   dispositivo   de   julgamento   produzido   por   um   órgão   da   justiça.   O   que   se   discutem   são   formas   de   autenticação   segundo   critérios   de   verossimilhança   em   busca   de   falhas   em   procedimentos   indutivos.   No   que   tange   o   espiritismo,   quando   as   expectativas   científicas  se  frustram,  o  veredito  é  o  de  impostura  (Stocking,  2001:130).  Dito  de  outra   forma,  é  impostura  quando  relações  de  causalidade  são  submetidas  a  uma  figura  de   linguagem  ou  alegoria  de  forma  a  ocultar  as  relações  de  fundo,  notadamente  naturais,   que   reportam   a   percepção   imediata   a   uma   outra   escala   de   relações.   No   caso   da   antropologia  vitoriana,  e  não  somente  neste  caso,  está  em  questão  a  história  natural   da   espécie   humana   com   relação   à   qual   o   espiritismo   (spiritualism)   serve   como   sintoma   de   estágio   da   evolução   ou   degeneração.   Dos   seus   sistemas,   códigos   e   narrativas,  estes  não  serviriam  como  explicação  de  coisa  alguma.  Convém  lembrar  que   este   é   o   estatuto   que   a   mesma   antropologia   dava   à   teologia,   também   relegada   à   indiferença  por  se  tratar  de  uma  variedade  específica  no  caos  do  discurso  alegórico.   A   indiferença   como   postura   analítica   na   qual   é   possível   constituir   conjuntos  experimentais  segundo  uma  determinada  taxinomia  que  produz  gêneros,  e   não  singularidades,  também  se  encontra  presente  nos  meandros  do  processo  sofrido   pelos   kardecistas   em   1875,   em   Paris.   No   entanto,   como   a   indiferença   diante   da  

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impostura   é   praticada   por   instituições   jurídicas   e   policiais,   os   efeitos   são   bastante   diferentes   daqueles   que   poderíamos   entender   como   desdobramentos   da   publicação   de   Primitive   Culture.   Isto   porque   não   é   a   estruturação   da   imaginação   sobre   a   equivalência   dentre   as   imposturas   humanas   em   sua   história   natural   que   está   em   questão.   Não   é   a   generalidade   do   problema   segundo   um   determinado   universal   antropológico   debatido   em   Cambridge.   O   que   está   em   questão   é   a   condução   de   um   inquérito   que   tem   como   objetivo   decidir   sobre   o   que   fazer   com   uma   impostura   em   particular  que,  do  ponto  de  vista  da  lei  não  contraria  nenhuma  Lei  Natural,  mas  fere  a   redação  do  artigo  405  do  código  penal  francês.      

  Assim,   esta   tese   não   tem   no   espiritismo   o   seu   objeto   primeiro   de   investigação.  É  na  acusação  de  impostura  transformada  em  dispositivo  policial  que  o   mesmo  será  abordado.  É  na  medida  em  que  sofre  tal  ou  qual  acusação  a  partir  de  tal   ou   qual   agente   que   produzem   o   que   vem   a   ser   um   objeto   de   uma   economia   de   discurso,   cada   qual   com   seu   ponto   de   vista,   que   o   espiritismo   será   abordado.   A   caracterização  é,  portanto,  negativa  na  medida  em  que  toma  como  ponto  de  partida  as   infrações  à  lei  ou  a  frustração  de  um  determinado  regime  de  expectativas,  ou  qualquer   indício   de   infração.   Num   caso   em   que   as   evidências   são   fotografias   espectrais   que   a   polícia  francesa  se  esforça  em  comprovar  a  falsidade  (impostura  do  fotógrafo  e  seus   divulgadores),  não  há  nesta  tese  nenhuma  tentativa  de  responder  se  as  fotografias  são   reais;  se  fantasmas  existem;  se  eu  acredito  no  espiritismo.  No  caso,  acredito  tanto  no   espiritismo   quanto   acredito   em   sua   condenação   na   medida   em   que   ambos   aconteceram.  A  variedade  de  questões  articuladas  pelo  acontecimento  do  Processo  dos  

Espíritas   é   o   ponto   de   partida   e   o   fio   condutor   com   relação   ao   qual   não   disponho  

sequer   do   interesse   de   oferecer   qualquer   síntese   judicativa.   No   final   das   contas,   o   intuito  é  o  de  conseguir  contar  uma  história  não  tanto  mediante  uma  narrativa  segura,   mas   também   por   via   de   vacilos   na   interpretação   de   passagens   que   sejam   particularmente  sensíveis  na  demonstração  das  tensões  postas  em  jogo.    

  Para  conseguir  sair  do  lugar,  no  entanto,  foi  preciso  encarar  esta  pesquisa   como   um   exercício   de   aprendizagem.   Mas   não   somente   a   respeito   de   como   esse  

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processo  pôde  tomar  lugar  na  Paris  pós-­‐guerra  civil  de  1871.  Em  parte  foi  necessário  

compreender   como   muitos   dos   problemas   mobilizados   por   ele   também   são   pertinentes  para  a  compreensão  de  muitos  dos  temas  da  antropologia  social  moderna   que   emergia   no   mesmo   período   em   que   o   espiritismo   tomava   lugar.   Reconhecer   a   pertinência,  por  sua  vez,  advoga  em  favor  da  necessidade  de  aprender  novamente  o   conteúdo  do  material  canônico,  então  editado  com  ênfase  em  passagens  menos  usuais   que   normalmente   encontramos   nos   comentários.   Neste   sentido,   referências   bibliográficas   como   as   de   Tylor,   somadas   com   as   de   Durkheim,   Mauss   e   Tarde   são   lidas   na   qualidade   sempre   suspeita   de   teoria   nativa,   de   forma   que   o   espiritismo,   o  

sistema  jurídico  e  a  polícia  sejam  submetidos  a  um  diagnóstico,  mas  em  relação  com  as  

questões  que  o  discurso  antropológico  mobiliza.  Aceitar  a  fixidez  da  posição  de  análise   sem   reconhecer   a   solidariedade   e   a   participação   das   variações   de   pontos   de   vista   implicaria   em   sonegar   dimensões   importantes,   tanto   do   pensamento   antropológico   emergente,  em  grande  parte,  das  ciências  jurídicas,  quanto  do  espiritismo  com  quem   compartilha  boa  parte    de  seus  projetos  e  ancestrais.  Disto  desdobra  a  alternativa  de   comprometer  o  espiritismo  com  as  acusações  que  sofreu,  comprometer  a  antropologia   com  proposições  do  espiritismo,  e  comprometer  parte  da  jurisprudência  acionada  em   questões  da  antropologia  emergente  a  fim  de  evitar,  enfim,  um  certo  cinismo.    

  Se   o   cinismo   pode   ser   apontado   na   postura   de   Diógenes   Laércio   que,   nu,   vocifera  para  que  Alexandre,  o  Grande  saia  do  seu  sol  e  pare  de  lhe  fazer  sombra,  com   relação  ao  qual  sou  simpático,  é  ao  cinismo  que  mudou  de  lado  que  me  refiro.  É  aquele   que  ironiza  tudo  aquilo  que  o  faria  legítimo,  produzindo  assim  a  casta  de  integrados   esclarecidos   que   pode   julgar   a   tudo   com   a   segurança   de   um   bunker   (Sloterdijck,   2012:166-­‐168).  Afinal,  é  tão  metafisicamente  irresponsável  sugerir  algo  com  relação   ao  espírito  de  época  (Zeitgeist)  ou  a  função  social  segundo  o  espírito  público  (esprit  

publique)  quanto  o  seria  falar  com  o  espírito  de  uma  filha  já  falecida,  como  o  fez  Victor  

Hugo.  Este  detalhe  chama  a  atenção  para  o  fato  de  que,  como  veremos,  ou  todos  são   expressões  metafóricas  –  metáfora  de  quê?  -­‐,  ou  nenhuma  delas  o  seria,  o  que  indica   que  sua  metáfora  de  base  estaria  alhures.  Nesta  variação,  vale  notar,  o  romantismo  de  

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Victor   Hugo,   mais   atenta   às   relações   mediadas   pela   voz   e   por   isso   mais   restrita   à   esfera  da  experiência  imediata  é  flagrantemente  menos  perigosa  do  que  a  alternativa   que   manipula   o   espírito   em   outras   escalas,   sucessivamente   maiores   que,   por   fim,   negam   dialeticamente   a   relevância   do   imediato   da   experiência   vindo   a   finalmente   declara-­‐la   epifenômeno.   O   signo   deste   movimento   é,   como   se   sabe,   o   do  

desencantamento   que   aqui   leio   na   chave   da   emergência   de   dispositivos   de   religião  

dispersos  em  modos  estatais  de  mediação.    

  A  dimensão  da  mediação  estatal,  tal  como  pretendo  discutir  por  via  deste   trabalho,  mereceu  um  recuo  histórico  ambicioso,  distribuído  tanto  na  primeira  quanto   na  segunda  seção  da  tese.  O  recurso  tem  o  objetivo  de  evidenciar  não  exatamente  uma   certa  profundidade  histórica  pertinente  ao  problema,  mas  a  diferença  que  o  percurso   evidencia.   Este   recuo   diz   respeito   à   emergência   de   dispositivos   de   religião,   o   que   se   torna   relevante   pela   diferença   entre   o   teor   das   acusações   movidas   contra   o   espiritismo   e   a   forma   pela   qual   a   condenação   é   enunciada,   evidenciando   a   clivagem   entre   o   consuetudinário/oral   da   polícia   e   a   axiomática   jurídica   do   Código   penal   dos   artigos   de   lei.   Como   veremos,   este   afastamento   entre   o   código   escrito   e   as   relações   orais   consuetudinárias   deixam   sensível   a   defesagem   que   uma   dimensão   produz   na   outra,  culminando  na  relação  peculiar  em  que  tudo  o  que  a  voz  faz  é  falar  o  código,  e  o   código,  por  sua  vez,  silenciar  a  voz  –  porque  o  código  é,  por  fim,  a  medida  comum.   Parte   integrante   dos   documentos   que   utilizo   são   designados   como   dispositivos   de   julgamento.   Neste   ponto,   aquilo   que   na   reflexão   foucaultiana   se   desdroba   em   metáforas   de   relações   de   força,   aqui   tem   seu   potencial   metafórico   restrito   em   sua   dimensão  técnica.  Data  da  modernidade  um  conjunto  de  alterações  na  organização  de   saberes  e  meios  técnicos  relativos  à  vida  moral  humana  que  respondem  muito  bem  ao   tríptico   para   o   qual   Agamben   (2007)   chama   atenção,   uma   vez   que   são   tramados   na   tensão  forjada  pelas  novas  instituições  jurídicas,  militares  e  tecnológicas,  justamente   aquelas  que  fazem  do  conceito  de  dispositivo  uma  moeda  de  troca  bastante  corrente.   Isto   não   significa,   contudo,   recusar   a   elaboração   do   mesmo   Michel   Foucault.   Sua   fórmula   a   respeito   dos   dispositivos   de   sexualidade   que,   antes   de   mais   nada   faz  

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menção  ao  moralismo  vitoriano  -­‐  severo  observador  dos  limites  da  permissividade  e   perversão  sexual  se  constituindo  como  ciência  moral  -­‐  tem  com  este  trabalho  alguma   analogia.  É  este  observador,  atento  e  impessoal  dos  padrões  civilizados  contrapostos  à   promiscuidade  primitiva  num  sistema  de  gradação  evolutiva,  o  principal  codificador   da   sexualidade   que   tanto   se   esforça   em   reprimir,   lembrando   da   forte   relação   entre   codificação  e  repressão:  

 

    “O   essencial   é   bem   isso:   que   o   homem   ocidental   há   três   séculos  

tenha  permanecido  atado  a  essa  tarefa  que  consiste  em  dizer  tudo  sobre  seu  sexo;  que,  a   partir   da   época   clássica,   tenha   havido   uma   majoração   constante   e   uma   valorização   cada   vez   maior   do   discurso   sobre   sexo;   e   que   se   tenha   esperado   desse   discurso,   cuidadosamente   analítico,   efeitos   múltiplos   de   deslocamento,   de   intensificação,   de   reorientação,   de   modificação   sobre   o   próprio   desejo.   Não   somente   foi   ampliando   o   domínio  do  que  se  podia  dizer  sobre  o  sexo  e  foram  obrigados  os  homens  a  estendê-­‐lo   cada  vez  mais;  mas,  sobretudo,  focalizou-­‐se  o  discurso  no  sexo,  através  de  um  dispositivo   completo  e  de  efeitos  variados  que  não  se  pode  esgotar  na  simples  relação  com  uma  lei   de   interdição.   Censura   sobre   o   sexo?   Pelo   contrário,   constituiu-­‐se   uma   aparelhagem   para  produzir  discursos  sobre  o  sexo,  cada  vez  mais  discursos,  suscetíveis  de  funcionar  e   de  serem  efeito  de  sua  própria  economia.”  (1988:26)  

 

  Em   um   momento   de   recrudescimento   da   condenação   do   sexo,   a   multiplicação   dos   discursos   a   seu   respeito   distribui-­‐se   na   rede   dos   elementos   que   a   exprime.   Algo   muito   semelhante   pode   ser   dito   a   respeito   da   religião.   O   que   está   em   questão   é   a   possibilidade   de   inventariar   um   complexo   ativo   de   onde   emergem   dispositivos   que   respondam   a   esta   dialética   do   dizer   o   máximo   possível   e   com   isso   produzir   o   efeito   da   ivisibilidade,   no   caso   do   sexo,   e   do   silenciamento,   no   caso   da   religião.   Contudo,   a   noção   de   dispositivo   incide   sobre   os   arranjos   institucionais   capilarizados   de   controle   e   produção   de   modos   de   vida,   com   ênfase   na   fenomenotécnica   das   ciências   da   vida,   como   medicina,   psicologia,   biologia   e  

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