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Superior Tribunal de Justiça

EDcl no RECURSO ESPECIAL Nº 1.519.777 - SP (2015/0053944-1)

RELATOR : MINISTRO ROGERIO SCHIETTI CRUZ

EMBARGANTE : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL

EMBARGADO : JAIME AMARO DO NASCIMENTO JUNIOR

ADVOGADO : DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DE SÃO PAULO

RECORRIDO : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO

INTERES. : DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃO - "AMICUS CURIAE"

EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO RECURSO ESPECIAL.

RECURSO REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA.

CUMPRIMENTO DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE OU DA RESTRITIVA DE DIREITOS. INADIMPLEMENTO DA PENA DE MULTA. EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE. ALEGAÇÃO DE OMISSÃO. NÃO ACOLHIMENTO. EXTINÇÃO DO JUS PUNIENDI ESTATAL EM RELAÇÃO À PENA PECUNIÁRIA. TITULARIDADE DA FAZENDA PÚBLICA PARA COBRANÇA DA DÍVIDA DE VALOR. INEXISTÊNCIA DO VÍCIO. EMBARGOS REJEITADOS.

1. Os embargos de declaração são cabíveis somente nas hipóteses de obscuridade, contradição ou omissão ocorridas no acórdão embargado, sendo inadmissíveis quando, a pretexto da necessidade de esclarecimento, aprimoramento ou complemento da decisão embargada, objetivem novo julgamento do caso.

2. Pretensão de rediscutir tema já apreciado por esta Corte, fim a que não se destina a via recursal eleita, não se podendo confundir omissão ou contradição com decisão contrária aos interesses da parte. 3. A Lei n. 9.268/1996 deu nova redação ao art. 51 do Código Penal, marco a partir do qual a pena de multa não mais possui o condão de constranger o direito à locomoção do sentenciado, porquanto considerada dívida de valor desde o trânsito em julgado da sentença penal condenatória. Dessa forma, diante da alteração da natureza da pena de multa, exaure-se o jus puniendi estatal apenas com o cumprimento da pena privativa de liberdade ou da restritiva de direitos, razão pela qual a titularidade da cobrança da dívida de valor

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ACÓRDÃO

Vistos e relatados estes autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros da Terceira Seção, por unanimidade, rejeitar os embargos de declaração, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator. Os Srs. Ministros Nefi Cordeiro, Reynaldo Soares da Fonseca, Ribeiro Dantas, Antonio Saldanha Palheiro, Joel Ilan Paciornik, Felix Fischer, Maria Thereza de Assis Moura e Jorge Mussi votaram com o Sr. Ministro Relator. Presidiu o julgamento o Sr. Ministro Sebastião Reis Júnior.

Brasília (DF), 27 de abril de 2016

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Superior Tribunal de Justiça

EDcl no RECURSO ESPECIAL Nº 1.519.777 - SP (2015/0053944-1)

RELATOR : MINISTRO ROGERIO SCHIETTI CRUZ

EMBARGANTE : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL

EMBARGADO : JAIME AMARO DO NASCIMENTO JUNIOR

ADVOGADO : DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DE SÃO PAULO

RECORRIDO : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO

INTERES. : DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃO - "AMICUS CURIAE"

RELATÓRIO

O SENHOR MINISTRO ROGERIO SCHIETTI CRUZ:

O MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL opõe embargos de declaração contra acórdão da Sexta Turma desta Corte, assim ementado:

RECURSO ESPECIAL. PROCESSAMENTO SOB O RITO DO ART. 543-C DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL. RECURSO REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA. CUMPRIMENTO DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE OU DE RESTRITIVA DE DIREITOS SUBSTITUTIVA. INADIMPLEMENTO DA PENA DE MULTA. EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE. POSSIBILIDADE. RECURSO PROVIDO.

1. Recurso Especial processado sob o regime previsto no art. 543-C, § 2º, do CPC, c/c o art. 3º do CPP, e na Resolução n. 8/2008 do STJ.

2. Extinta pelo seu cumprimento a pena privativa de liberdade ou a restritiva de direitos que a substituir, o inadimplemento da pena de multa não obsta a extinção da punibilidade do apenado, porquanto, após a nova redação dada ao art. 51 do Código Penal pela Lei n. 9.268/1996, a pena pecuniária passou a ser considerada dívida de valor e, portanto, possui caráter extrapenal, de modo que sua execução é de competência exclusiva da Procuradoria da Fazenda Pública.

3. Recurso especial representativo da controvérsia provido, para declarar extinta a punibilidade do recorrente, assentando-se, sob

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reconhecimento da extinção da punibilidade (fl. 203).

O embargante aponta omissão, ao argumento de que:

Omitiu-se o órgão fracionário ao deixar de se pronunciar sobre a tese ministerial expressamente consignada às fls. 169/170, no sentido de que “não se pode esvaziar o jus puniendi estatal com base na literalidade do art. 51 do Código Penal, sob o inconsistente fundamento de que se trata de dívida de valor, pois, além não ser esse o mandamento do referido preceito legal, a interpretação harmônica e sistemática dos demais dispositivos do ordenamento jurídico, em conformidade com a Constituição Federal (notadamente em seus artigos 5º, caput e incisos XLV, XLVI, “c”, e 129, I), conduz à única e possível conclusão de que

a extinção da punibilidade não ocorre com o mero cumprimento da pena corporal quando ainda pendente o pagamento da multa” (fls. 288-289, destaquei).

Assere que:

[...] o acórdão ora embargado conferiu interpretação

equivocada ao artigo 51 do Código Penal, sem qualquer observância às disposições constitucionais que regem a matéria, notadamente: a) art. 5º, XLVI, “c” (multa como

modalidade de pena); b) art. 5º, XLV (princípio da pessoalidade inerente às sanções penais); c) art. 129, I (titularidade do Ministério Público nas ações penais públicas); d) art. 5º, caput (princípio da igualdade); e) art. 5º, XLVI (princípio da individualização da pena); f) princípios da razoabilidade e da proporcionalidade (fl. 289, destaquei).

Requer, assim, o "conhecimento e provimento dos Embargos de Declaração, de modo que sejam sanados os apontados vícios de omissão, mediante o enfrentamento das questões constitucionais suscitadas, para a consecução da completa e efetiva prestação jurisdicional" (fl. 291).

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Superior Tribunal de Justiça

EDcl no RECURSO ESPECIAL Nº 1.519.777 - SP (2015/0053944-1)

EMENTA

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO NO RECURSO ESPECIAL.

RECURSO REPRESENTATIVO DE CONTROVÉRSIA.

CUMPRIMENTO DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE OU DA RESTRITIVA DE DIREITOS. INADIMPLEMENTO DA PENA DE MULTA. EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE. ALEGAÇÃO DE OMISSÃO. NÃO ACOLHIMENTO. EXTINÇÃO DO JUS PUNIENDI ESTATAL EM RELAÇÃO À PENA PECUNIÁRIA. TITULARIDADE DA FAZENDA PÚBLICA PARA COBRANÇA DA DÍVIDA DE VALOR. INEXISTÊNCIA DO VÍCIO. EMBARGOS REJEITADOS.

1. Os embargos de declaração são cabíveis somente nas hipóteses de obscuridade, contradição ou omissão ocorridas no acórdão embargado, sendo inadmissíveis quando, a pretexto da necessidade de esclarecimento, aprimoramento ou complemento da decisão embargada, objetivem novo julgamento do caso.

2. Pretensão de rediscutir tema já apreciado por esta Corte, fim a que não se destina a via recursal eleita, não se podendo confundir omissão ou contradição com decisão contrária aos interesses da parte. 3. A Lei n. 9.268/1996 deu nova redação ao art. 51 do Código Penal, marco a partir do qual a pena de multa não mais possui o condão de constranger o direito à locomoção do sentenciado, porquanto considerada dívida de valor desde o trânsito em julgado da sentença penal condenatória. Dessa forma, diante da alteração da natureza da pena de multa, exaure-se o jus puniendi estatal apenas com o cumprimento da pena privativa de liberdade ou da restritiva de direitos, razão pela qual a titularidade da cobrança da dívida de valor é atribuída à Fazenda Pública, conforme leitura do enunciado da Súmula n. 521 deste Tribunal Superior.

4. Embargos de declaração rejeitados.

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descrevem os requisitos necessários à compreensão de qualquer decisão judicial. Assim, tanto a sentença quanto o acórdão que contenham obscuridade ou contradição, ou que tenham omitido ponto sobre o qual deveria o órgão judicante pronunciar-se, dão ensejo à oposição dos aclaratórios.

Relativamente ao cabimento deste recurso, o Superior Tribunal de Justiça consolidou jurisprudência acerca do alcance do dispositivo legal. Assim, contradição ou obscuridade não significam que o órgão julgador deva acolher a tese apresentada pelo recorrente: o fato de a solução adotada pelo Tribunal não ser a que satisfaça o recorrente não a invalida.

Ademais, "a contradição que autoriza o manejo dos embargos de declaração é a contradição interna, verificada entre os elementos que compõem a estrutura da decisão judicial, e não entre a solução alcançada e a solução que almejava o jurisdicionado" (REsp n. 1.250.367/RJ, Rel. Ministra Eliana

Calmon, 2ª T., DJe 22/8/2013).

No que tange à omissão, esta não se configura se o Tribunal decide integralmente a controvérsia, ainda que por fundamentos diversos daqueles invocados pelas partes. Para motivar suas decisões, o magistrado não precisa se manifestar exaustivamente sobre todos os pontos arguídos pelas partes, sobretudo se forem impertinentes ou irrelevantes à formação de seu

livre convencimento. Basta que a fundamentação seja suficiente à adequada e

integral solução da lide.

Omissão somente ocorrerá se o acórdão deixar de se manifestar sobre ponto essencial para o julgamento da lide (v. g.: AgRg no REsp n.

1.315.449/SC, Rel. Ministra Eliana Calmon, 2ª T., DJe 5/8/2013), o que não se

verifica na hipótese.

No caso dos autos, a Sexta Turma, por acórdão de minha relatoria, deu provimento ao recurso especial representativo da controvérsia por meio do qual o embargado buscava a extinção de sua punibilidade, ainda que pendente de pagamento a pena de multa. O acórdão ora atacado foi claro ao mencionar que "A Lei n. 9.268/1996 deu nova redação ao art. 51 do Código Penal e extirpou do diploma jurídico a possibilidade de conversão da pena

de multa em detenção, no caso de inadimplemento da pena pecuniária" (fl.

209, destaquei).

Dessa forma, "diante da nova redação dada ao Código Penal, a pena de multa não mais possui o condão de constranger o direito à locomoção do sentenciado" (fl. 210). Aliás, é imperioso consignar também que, como

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também destacado no acórdão em questão, a pena de multa é considerada dívida de valor "já a partir do trânsito em julgado da sentença penal

condenatória, ou seja, em momento, inclusive, anterior ao próprio

cumprimento da pena privativa de liberdade ou da restritiva de direitos" (fl. 211, destaquei).

Portanto, diante da modificação da natureza da pena de multa, verificada após o trânsito em julgado do decreto condenatório, exaure-se o jus puniendi estatal com o cumprimento da pena privativa de liberdade ou da restritiva de direitos, a despeito da inadimplência do pagamento da pena pecuniária. Aliás, da alteração da natureza da pena de multa também decorre o deslocamento da competência para a execução de tal sanção do Ministério Público para a Fazenda Pública, conforme leitura do enunciado da Súmula n. 521 deste Tribunal Superior.

Percebe-se, assim, que o embargante, ao apontar que "o acórdão ora embargado conferiu interpretação equivocada ao artigo 51 do Código Penal" (fl. 289), pretende, em verdade, rediscutir temas já apreciados por esta Corte, fim a que não se destina a via recursal eleita, não se podendo confundir omissão ou contradição com decisão contrária aos interesses da parte.

Por fim, deve-se salientar, ainda, que o entendimento jurisprudencial e doutrinário é firme quanto ao julgador não estar obrigado a rebater, de forma pormenorizada, todas as questões trazidas pelas partes. Basta

que fundamente suficientemente sua decisão com os elementos que foram determinantes à formação de seu entendimento na solução do problema, o que ocorreu na hipótese. Exemplificativamente:

[...]

2. Não há violação dos arts. 619 e 620 do Código de Processo Penal, porque todas as quaestios iuris declinadas nas razões dos embargos de declaração foram sim apreciadas pelos acórdãos locais, de forma inequívoca, clara, coerente e explícita [...] (AgRg no AREsp n. 36.407/RS, Rel. Ministra Laurita Vaz, 5ª T., DJe 7/3/2014).

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CERTIDÃO DE JULGAMENTO TERCEIRA SEÇÃO

EDcl no Número Registro: 2015/0053944-1 PROCESSO ELETRÔNICO REsp 1.519.777 / SP

MATÉRIA CRIMINAL Números Origem: 00221976120148260000 00260000 1012274 221976120148260000 RI0026TGB0000

PAUTA: 27/04/2016 JULGADO: 27/04/2016

Relator

Exmo. Sr. Ministro ROGERIO SCHIETTI CRUZ Presidente da Sessão

Exmo. Sr. Ministro SEBASTIÃO REIS JÚNIOR Subprocuradora-Geral da República

Exma. Sra. Dra. ZÉLIA OLIVEIRA GOMES Secretário

Bel. GILBERTO FERREIRA COSTA

AUTUAÇÃO

RECORRENTE : JAIME AMARO DO NASCIMENTO JUNIOR

ADVOGADO : DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DE SÃO PAULO

RECORRIDO : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO

INTERES. : DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃO - "AMICUS CURIAE"

ASSUNTO: DIREITO PENAL - Crimes Previstos na Legislação Extravagante - Crimes de Tráfico Ilícito e Uso Indevido de Drogas - Tráfico de Drogas e Condutas Afins

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO

EMBARGANTE : MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL

EMBARGADO : JAIME AMARO DO NASCIMENTO JUNIOR

ADVOGADO : DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DE SÃO PAULO

RECORRIDO : MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE SÃO PAULO

INTERES. : DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃO - "AMICUS CURIAE"

CERTIDÃO

Certifico que a egrégia TERCEIRA SEÇÃO, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:

A Terceira Seção, por unanimidade, rejeitou os embargos de declaração, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator.

Os Srs. Ministros Nefi Cordeiro, Reynaldo Soares da Fonseca, Ribeiro Dantas, Antonio Saldanha Palheiro, Joel Ilan Paciornik, Felix Fischer, Maria Thereza de Assis Moura e Jorge Mussi votaram com o Sr. Ministro Relator.

Referências

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