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MINISTÉRIO PÚBLICO ELEITORAL

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Academic year: 2021

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RECURSO CONTRA EXPEDIÇÃO DE DIPLOMA Nº

0604062-54.2018.6.16.0000 CURITIBA/PR

RECORRENTE Valdir Luiz Rossoni

ADVOGADOS José Cid Campelo Filho e Outros RECORRIDO Emerson Miguel Petriv

ADVOGADOS Guilherme de Salles Gonçalves e Outros RELATOR Ministro Jorge Mussi

Egrégio Tribunal Superior Eleitoral,

PA R E C E R

Eleições 2018. Deputado Federal. Recurso Contra Expedição de Diploma. Inelegibilidade. Art. 1º, I, “b”, da LC nº 64/90. Quebra de decoro.

1. O partido político não detém legitimidade para figurar no polo passivo de recurso contra expedição de diploma (enunciado nº 40 da Súmula do TSE). 2. Caso o partido demonstre interesse jurídico no deslinde da lide, poderá postular seu ingresso nos autos da qualidade de assistente simples, a teor do art. 119 do CPC.

3. O mero exercício de atividade parlamentar – análise de projeto de decreto legislativo – não tem o condão de paralisar a atividade jurisdicional, mormente se essa é exercida em torno da análise de diploma legislativo em vigor e plenamente eficaz.

4. A cassação do mandato de vereador por quebra de decoro parlamentar atrai a incidência da hipótese de inelegibilidade descrita no art. 1º, I, “b”, da LC nº 64/90.

Parecer pelo provimento do recurso.

I

-1. Trata-se de recurso contra expedição de diploma interposto por Valdir Luiz Rossoni, eleito suplente de Deputado Federal nas eleições de 2018, pelo Estado do Paraná, em desfavor de Emerson Miguel Petriv, eleito Deputado Federal no mesmo pleito, também pelo Estado do Paraná (ID 5111538).

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2. Segundo a inicial, o recorrido teve seu mandato de vereador cassado pela Câmara Municipal de Londrina/PR, em outubro de 2017, por afronta ao Código de Ética e Decoro Parlamentar.

3. Buscando desconstituir essa decisão, o recorrido propôs ação anulatória, com pedido de tutela de urgência, perante a 2ª Vara de Fazenda Pública de Londrina (processo nº 0012083-58.2018.8.16.0014), tendo sido indeferido o pedido de liminar.

4. Noticia que o recorrido interpôs, então, agravo de instrumento, autuado sob o nº 0037101-26.2018.8.16.0000. No entanto, em 10 de setembro de 2018, o pedido de liminar formulado no recurso foi indeferido.

5. Irresignado, o recorrido interpôs agravo interno, obtendo provimento judicial de natureza liminar para suspender os efeitos do Decreto Legislativo que cassou seu mandato (Decreto Legislativo nº 257/2017), consubstanciado em decisão monocrática proferida pela Desembargadora Astrid Maranhão de Carvalho Ruthes.

6. Tal decisão levou o Tribunal Regional Eleitoral do Estado do Paraná a deferir o registro de candidatura do recorrido, por meio de acórdão prolatado em

17 de setembro de 2018.

7. Em seguida, a Câmara Municipal de Londrina ajuizou reclamação perante o Tribunal de Justiça do Estado do Paraná (nº 1.747.903-1), na qual foi concedida liminar, em 27 de setembro de 2018, para suspender os efeitos de sobredita

decisão que suspendia os efeitos do Decreto em comento.

8. Consignou o decisum na reclamação que o Tribunal de Justiça do Estado do Paraná declarou inconstitucionais alguns dispositivos do Regimento Interno da Câmara Municipal de Londrina, bem como de seu Código de Ética e Decoro Parlamentar, nas partes em que se referiam aos crimes de responsabilidade dos agentes políticos municipais (ADI nº 1.148.050-7).

9. No entanto, ressaltou-se que o Tribunal de Justiça não apresentou óbice aos dispositivos do Código de Ética e Decoro Parlamentar referentes à quebra de decoro parlamentar, razão pela qual o Decreto Legislativo nº 257/2017 não afrontou a autoridade da decisão proferida na ADI nº 1.148.050-7.

10. Em decorrência da última decisão, em 4 de outubro de 2018, revogou-se a

medida liminar anteriormente concedida nos autos do AI nº 0037101-26.2018.8.16.0000.

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11. Diante de tais fatos, o recorrente defende que o Decreto Legislativo nº 257/2017 voltou a produzir seus efeitos, atraindo a incidência da causa de inelegibilidade prevista no art. 1º, I, “b”, da LC nº 64/90.

12. Salienta, ainda, que “a decisão proferida pela eminente Des. Relatora do

Agravo Interno nº 0037101-26.2018.8.16.0000, do Tribunal de Justiça do Paraná, que revogou a sua própria decisão, que havia reconsiderado a liminar anteriormente indeferida, determinando a suspensão da decisão de 1º Grau de jurisdição, que havia suspendido os efeitos do Decreto Legislativo nº 257/2017, embora tenha sido proferida no dia 4 de outubro de 2018, antes da eleição ocorrida no dia 7 de outubro de 2018, foi publicada depois das eleições” (ID 5111538, p. 20).

13. Com base em tal circunstância, defende a incidência da regra do art. 175, § 4º, do Código Eleitoral, ao caso em apreço.

14. Informa que o recorrido ajuizou reclamação perante o Tribunal de Justiça do Paraná (nº 1.748.015-0), visando a suspensão da decisão liminar proferida na reclamação nº 1.747.903-1. O pedido de liminar, no entanto, foi indeferido em 6 de novembro de 2018.

15. Destaca, por fim, ter sido apresentado projeto de Decreto Legislativo na Câmara Municipal de Londrina, visando à revogação do Decreto Legislativo nº 257/2017, o qual já recebeu parecer contrário da Comissão de Justiça, Legislação e Redação da Câmara Municipal.

16. Nesse contexto, o recorrente postula sua diplomação, na medida em que ocupa a primeira suplência da Coligação, considerando que deve ser cassado o diploma de Deputado Federal do recorrido.

17. Em suas contrarrazões (ID 5113338), o recorrido sustenta, em preliminar, a ausência de formação de litisconsórcio passivo necessário, ante a ausência de inclusão de sua agremiação partidária no polo passivo.

18. Defende a necessidade de citação do partido em decorrência de estar-se discutindo nos autos interesse seu, já que o recorrente postula a anulação dos votos atribuídos ao recorrido, o que implicará o recálculo do quociente eleitoral.

19. Além disso, a anulação desses votos e a perda do mandato de deputado federal poderá implicar prejuízos ao partido concernentes à distribuição dos recursos do Fundo Especial de Financiamento de Campanha, bem como no atingimento da cláusula de desempenho estabelecida pela Emenda Constitucional nº 97/2017.

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20. Assim, defende haver relação de direito material titularizada por seu partido sendo discutida nestes autos, circunstância que impõe a formação de litisconsórcio passivo necessário.

21. Contudo, como o ajuizamento de recurso contra expedição de diploma encontra-se sujeito a prazo decadencial, não é possível, neste momento, a retificação da inicial para inclusão do Partido Republicano da Ordem Social no polo passivo do processo, situação que impõe a extinção do feito, com resolução de mérito, reconhecendo-se a ocorrência de decadência.

22. Sustenta o recorrido, ainda, a impossibilidade de conhecimento do recurso contra expedição de diploma, visto que as decisões judiciais citadas na petição inicial que atrairiam sua inelegibilidade foram publicadas após a data do pleito eleitoral, em 9 de outubro de 2018, não configurando, pois, inelegibilidade superveniente, a teor do enunciado nº 47 da Súmula do Tribunal Superior Eleitoral.

23. O recorrido traz o mesmo argumento para as condenações criminais colegiadas mencionadas na inicial, pois “foram proferidas bem depois do pleito, sequer

tendo sido intimado o aqui recorrido em algumas delas” (id 3760188, p. 19).

24. Outrossim, o recorrido alega que estaria a ponto de recuperar seu mandato de vereador, por meio do exercício de autotutela pela Câmara Municipal de Londrina, materializado na análise do Projeto de Decreto Legislativo nº 1/2018, que busca revogar o Decreto Legislativo nº 257/2017, a afastar a suposta causa de inelegibilidade. Diante desse quadro, o recorrido postula o sobrestamento do feito até que se ultime a análise do aludido Projeto de Decreto Legislativo.

25. No que se refere ao mérito, o recorrido assevera que o Decreto Legislativo nº 257/2017 não atrairia a incidência da hipótese de inelegibilidade prevista no art. 1º, I, “b”, da LC nº 64/90, porquanto eivado de nulidade insuperável, qual seja, ter utilizado procedimento calcado em dispositivos legais declarados inconstitucionais pelo Tribunal de Justiça do Estado do Paraná (ADI nº 1.148.050-7), situação que compromete sua eficácia plena.

26. Aduz que a competência para a análise desses vícios é da Justiça Comum, mas não se pode esquecer que a eficácia do Decreto pode “afetar questão providencial

da competência da Justiça Eleitoral, qual seja: a inelegibilidade superveniente ao registro de candidatura” (id 3760188, p. 33), que deve, por isso, analisar sua eficácia para fins

de inelegibilidade.

27. Recebidos os autos no Tribunal Superior Eleitoral, foram remetidos à Procuradoria-Geral Eleitoral.

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II

-28. Inicialmente, deve ser registrado que tramitam perante o Tribunal Superior Eleitoral recursos contra expedição de diploma em desfavor do recorrido (RCED nº 0602009-47.2018.6.00.0000, RCED nº 0604057-32.2018.6.16.0000 e RCED nº 0604063-39.2018.6.16.0000), contendo causas de pedir idênticas à estampada nestes autos, embora aqui o recorrente não trate da causa de inelegibilidade prevista no art. 1º, I, “e”, 1, da Lei Complementar nº 64/90.

29. Tal circunstância recomenda o julgamento em conjunto dos processos.

III

-30. Em sua defesa, o recorrido sustenta a ocorrência de decadência, em razão da ausência de formação de litisconsórcio passivo necessário, ante a não inclusão de seu partido no polo passivo do recurso.

31. Há que se ter em vista, contudo, “no que concerne ao polo passivo da relação

processual, [que] nele deve figurar tão somente o candidato diplomado”. “Partido político e coligação não ostentam legitimidade ad causam passiva, não podendo figurar na relação processual na qualidade de litisconsorte”1.

32. Sobre o tema, aliás, o TSE editou o enunciado nº 40 de sua Súmula, que prescreve que “o partido político não é litisconsorte passivo necessário em ações que

visem à cassação do diploma”.

33. O argumento de que o partido possui interesse jurídico no deslinde da lide, pois a pleiteada anulação dos votos atribuídos ao recorrido poderá implicar recálculo do quociente eleitoral e prejuízo à distribuição de recursos públicos ou ao atingimento da cláusula de desempenho estabelecida pela Emenda Constitucional nº 97/2017, não se presta a afastar esse entendimento.

34. O objeto do recurso contra expedição do diploma, a teor do art. 262 do Código Eleitoral, é apenas a cassação do diploma. Caso o partido demonstre interesse jurídico na resolução do feito, poderá postular seu ingresso na lide na condição de assistente simples, nos termos do 119 do Código de Processo Civil. 35. Não há falar, pois, em decadência.

IV

-36. No que se refere à impossibilidade de conhecimento do recurso contra expedição de diploma, por não estar configurada inelegibilidade superveniente, a

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teor do enunciado nº 47 da Súmula do TSE, trata-se de matéria concernente ao mérito do recurso.

V

-37. A última questão preliminar ventilada diz respeito à suposta necessidade de sobrestamento do feito, até que se ultime a análise do Projeto de Decreto Legislativo nº 1/2018, pela Câmara Municipal de Londrina.

38. O pleito deve ser rejeitado.

39. O mero exercício de atividade parlamentar, consubstanciado na apresentação de projeto de decreto legislativo buscando a anulação daquele que impôs ao recorrido a cassação de seu mandato, evidentemente, não tem o condão de paralisar a atividade jurisdicional.

40. O Decreto Legislativo nº 257/2017 encontra-se em plena validade e eficácia e a única forma de suspender seus efeitos seria por meio de provimento judicial nesse sentido. No entanto, todas as medidas judiciais pleiteando a concessão de efeito suspensivo propostas pelo recorrido foram rechaçadas pelo Tribunal de Justiça do Estado do Paraná, conforme demonstram as cópias de decisões judiciais acostadas à inicial.

41. E, em sua defesa, o recorrido não noticiou a obtenção de provimento judicial que suspendesse os efeitos do aludido Decreto, devendo ser rejeitada preliminar.

VI

-42. Sobre a inelegibilidade, dispõe o art. 1º, I, “b”, da LC nº 64/90:

Art. 1º São inelegíveis: I - para qualquer cargo: [...]

b) os membros do Congresso Nacional, das Assembléias Legislativas, da

Câmara Legislativa e das Câmaras Municipais, que hajam perdido os respectivos mandatos por infringência do disposto nos incisos I e II do art. 55 da Constituição Federal, dos dispositivos equivalentes sobre perda de mandato das Constituições Estaduais e Leis Orgânicas dos Municípios e do

Distrito Federal, para as eleições que se realizarem durante o período remanescente do mandato para o qual foram eleitos e nos oito anos subseqüentes ao término da legislatura;

43. O aludido art. 55, I e II, da Constituição Federal, prevê que:

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II - cujo procedimento for declarado incompatível com o decoro parlamentar;

44. Consoante se verifica do art. 1º do Decreto Legislativo nº 257/2017, de 15 de outubro de 2017 (ID 5112538), o recorrido teve seu mandato cassado justamente por infringir o Código de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara Municipal de Londrina (Resolução nº 53/2003).

45. No entanto, ele foi beneficiado por decisão monocrática proferida em sede de agravo interno no AI nº 0037101-26.2018.8.16.0000, em 13 de setembro de 2018, que suspendeu os efeitos do mencionado Decreto (ID 5111988), permitindo-se, com isso, o deferimento de seu registro de candidatura.

46. Naquela decisão, a Desembargadora Astrid Maranhão de Carvalho Ruthes acolheu os argumentos do recorrido no sentido de que sua cassação de mandato teve por fundamento dispositivos da Resolução nº 53/2003 e da Lei Orgânica Municipal declarados inconstitucionais pelo TJ-PR nos autos da ADI 11488050-7. 47. Tal decisão, no entanto, teve seus efeitos suspensos por decisão proferida nos autos da reclamação nº 1747903-1, em 27 setembro de 2018 (ID 5112088). 48. Segundo consta dessa segunda decisão, os dispositivos declarados inconstitucionais na ADI 11488050-7 diziam respeito a crimes de responsabilidade, ao passo que o Decreto Legislativo nº 257/2017 teve como fundamento a infringência a dispositivos que tipificam condutas de quebra de decoro, os quais não foram declarados inconstitucionais naquele processo objetivo. 49. A decisão que restabeleceu a inelegibilidade do recorrido, ao suspender os efeitos da decisão liminar proferida nos autos do AI nº 0037101-26.2018.8.16.0000, foi publicada no Diário de Justiça eletrônico vinculado ao Tribunal de Justiça do Estado do Paraná em 4 de outubro de 2018 (edição nº 2358, de 3 de outubro de 2018)2.

50. Logo, a decisão judicial que permitiu o deferimento do registro de candidatura do recorrido teve seus efeitos suspensos por decisum publicado antes das eleições.

51. Nos termos do enunciado nº 47 da Súmula do TSE, “a inelegibilidade

superveniente que autoriza a interposição de recurso contra expedição de diploma, fundado no art. 262 do Código Eleitoral, é aquela de índole constitucional ou, se infraconstitucional, superveniente ao registro de candidatura, e que surge até a data do

pleito”.

2 https://portal.tjpr.jus.br/e-dj/publico/pesquisa.do;jsessionid=5fea039607df40ab2790446e05fc?

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52. E nem se diga que o Decreto Legislativo nº 257/2017 estaria eivado de nulidade insuperável, por supostamente ter utilizado procedimento calcado em dispositivos legais declarados inconstitucionais pelo Tribunal de Justiça do Estado do Paraná nos autos da ADI nº 1.148.050-7.

53. Isso porque, consoante assentado na decisão proferida nos autos da reclamação nº 1.747.903-1, a cassação do mandato do recorrido se deu por infringência a dispositivos que tipificam condutas de quebra de decoro, os quais não foram declarados inconstitucionais nos autos da ADI nº 1.148.050-7.

54. Assim, incide plenamente na hipótese a causa de inelegibilidade descrita no art. 1º, I, “b”, da LC nº 64/90.

VII

-55. Diante do exposto, o Ministério Público Eleitoral manifesta-se pelo

provimento do recurso.

Brasília, 28 de fevereiro de 2019.

H

UMBERTO

J

ACQUESDE

M

EDEIROS

Vice-Procurador-Geral Eleitoral

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