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Biblioteconomia comparada: Brasil e Chile aspectos sobre formação profissional e mercado de trabalho

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BIBLIOTECONOMIA COMPARADA: BRASIL E CHILE Aspectos sobre formação profissional e mercado de trabalho

LIBRARY SCIENCE COMPARED: BRAZIL AND CHILE Vocational training and labor market aspects

GT5 - Diversxs

Artigo Completo Para Comunicação Oral

RAMOS, Jéssica Fabiana da Silva1

RESUMO

Este trabalho possui como objetivo compreender a área de Biblioteconomia e Ciência da Informação no âmbito de formação profissional e mercado de trabalho, através de uma análise comparativa entre os países Brasil e Chile, ambos localizados na América do Sul e relativamente próximos, porém com características bem distintas. Inicialmente, é apresentado um breve histórico sobre o ensino no Brasil, identificando a formação dos cursos de graduação, pós-graduação e o mercado de trabalho nos dias atuais. Partindo para o Chile, são demonstrados dados demográficos, geográficos e culturais, com o intuito de criar um panorama geral de suas principais características. Após esta introdução ao país, são evidenciados, da mesma forma realizada anteriormente com Brasil, a trajetória histórica, instituições de ensino e mercado de trabalho. Através da delimitação e análise das variáveis Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), quantidade de cursos de graduação e pós-graduação oferecidos e média salarial, desenvolve-se a análise comparativa dos dois países, a fim de identificar potencialidades, dificuldades e expectativas para o futuro.

Palavras-chave: Biblioteconomia. Ciência da Informação. Brasil. Chile.

ABSTRACT

This paper has as a goal to understand the area of Library Science and Information Science in the scope of vocational training and the labor market, through a comparative analysis between the two countries of Brazil and Chile, both located in South America and relatively close, but with very distinct characteristics. Initially, a brief history of education in Brazil is presented, identifying the creation of the undergraduate program, graduate program and job market currently. In regards to Chile, demographic, geographic and cultural data are presented, with the intent to create a general overview of its main characteristics. After that introduction to the country, it’s evidenced, in the same form used prior with Brazil, the historical trajectory, educational institutions and labor market. Through the delimitation and analysis of the

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Discente de Bacharelado em Biblioteconomia e Ciência da Informação da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar). Email:. jessicafabiana.ramos@gmail.com

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variables Human Development Index (HDI), the number of undergraduate and postgraduate courses offered and average salaries, the comparative analysis in both countries is developed, with the intent to identify potentialities, difficulties and expectations for the future.

Keywords: Library Science. Information Science. Brazil. Chile.

1 INTRODUÇÃO

A Biblioteconomia apresenta uma longa trajetória no que diz respeito a atividades de organização e conservação do conhecimento. Em contato com a Ciência da Informação, se transformou, construindo uma base teórica e adquirindo status científico, no momento em que passou a perceber a informação em suas diversas manifestações como objeto de estudo. (ORTEGA, 2004)

O primeiro curso de Biblioteconomia no Brasil foi criado em 1911, na Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro. Sofreu grande influência francesa e americana na formação de seu currículo, assim como em várias outras áreas na época. Desde então, passou por diversas reformulações, até conseguir o status de nível universitário e o bibliotecário possuir de fato sua profissão devidamente reconhecida por lei. Já no Chile, a primeira iniciativa para formação de profissionais da área surge em 1913 na Biblioteca Nacional, assim como no Brasil, e teve forte influência americana em sua formação. O reconhecimento institucional da profissão se deu na década de 60.

As maiores diferenças encontradas entre Brasil e Chile são os aspectos demográficos, onde o Chile se encontra muito à frente no índice de desenvolvimento humano. Todavia, o Brasil é superior nos quesitos da área, com grandes oportunidades para quem deseja graduar-se ou iniciar uma pós-graduação. Há uma grande demanda por profissionais da área nos dois países. Contudo, o reconhecimento social de sua importância passa por um momento delicado, solicitando uma contínua necessidade de reafirmação. O profissional que deseja entrar ou se manter no mercado de trabalho, precisa condicionar-se a um aprendizado contínuo.

Para desenvolvimento da análise comparativa, as variáveis observadas foram: índice de desenvolvimento humano, quantidade de cursos de graduação e pós-graduação oferecidos e média salarial.

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2 BIBLIOTECONOMIA E CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO NO BRASIL

2.1 Graduação

O primeiro curso de Biblioteconomia no Brasil foi criado em 1911, na Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro. Na época, era a principal biblioteca do país e neste ano foi transferida para um novo prédio. Com a mudança, houve uma reforma administrativa que abrangeu iniciativas para a formação do curso de Biblioteconomia, que teve início efetivo em 1915. O intuito principal era a formação de profissionais para trabalhar na própria biblioteca. Houve forte influência francesa no desenvolvimento do conteúdo e métodos de ensino, assim como em outros tantos aspectos da época. (MUELLER, 1985).

De acordo com Oliveira, Carvalho e Souza (2009), a influência americana no ensino da Biblioteconomia aparece em 1929, na cidade de São Paulo, com a fundação do segundo curso de Biblioteconomia brasileiro, incentivado pela Universidade Mackenzie. Segundo Mueller (1985), o curso perdurou até 1935, quando foi substituído por outro, instituído pela Prefeitura de São Paulo. Em 1939 a prefeitura rompeu com seu apoio, porém em meados de 1940 o curso se associou a Escola Livre de Sociologia e Política, onde se consolidou e evoluiu, ainda contemplando os parâmetros americanos.

Em 1962 houve uma reformulação do currículo, a partir de um movimento que desejava a ascensão do curso para nível universitário, objetivo finalmente alcançado. A partir disso, houve o processo de regulamentação da profissão pela lei n° 4.084/62. O Conselho Federal de Biblioteconomia foi criado pela mesma lei e regulamentado pelo Decreto Lei nº 56.725, de 16 de agosto de 1965. É o órgão normativo, consultivo, orientador e disciplinador do exercício da profissão de Bibliotecário em todo território nacional, tendo como finalidade contribuir para o desenvolvimento da Biblioteconomia no país. (CFB, 2015)

A partir da década de 80, as mudanças no ensino da Biblioteconomia se tornaram mais perceptíveis. O objeto de estudo da área não é mais somente o livro, mas também a informação. A automatização das atividades através do avanço das tecnologias ultrapassa o ambiente da biblioteca.

De acordo com o Ministério da Educação (2018), o Brasil possui atualmente 50 cursos na área de Biblioteconomia e Ciência da Informação, sendo 49 em grau de bacharelado

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e 1 em grau de licenciatura, ofertados em instituições públicas e privadas. O Quadro 1 apresenta detalhadamente os cursos oferecidos.

Instituição (IES) Nome Grau Modalidade

Universidade Federal de Mato Grosso Biblioteconomia Bacharelado Presencial Universidade de Brasília Biblioteconomia Bacharelado Presencial Universidade Federal do Amazonas Biblioteconomia Bacharelado Presencial Universidade Estadual de Londrina Biblioteconomia Bacharelado Presencial Universidade Federal do Rio Grande Biblioteconomia Bacharelado Presencial Universidade de Caxias do Sul Biblioteconomia Bacharelado A Distância Pontifícia Universidade Católica de Campinas Biblioteconomia Bacharelado Presencial Fundação Universidade do Estado de Santa Catarina Biblioteconomia Bacharelado Presencial Universidade de São Paulo Biblioteconomia Bacharelado Presencial Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita

Filho Biblioteconomia Bacharelado Presencial

Centro Universitário Claretiano Biblioteconomia Bacharelado A Distância Centro Universitário Assunção Biblioteconomia Bacharelado Presencial Universidade Santa Úrsula Biblioteconomia Bacharelado Presencial Faculdade de Biblioteconomia e Ciência da

Informação Biblioteconomia Bacharelado Presencial

Universidade Federal do Maranhão Biblioteconomia Bacharelado Presencial Universidade Federal do Pará Biblioteconomia Bacharelado Presencial Universidade Federal do Rio Grande do Norte Biblioteconomia Bacharelado Presencial Universidade Federal do Espírito Santo Biblioteconomia Bacharelado Presencial Universidade Federal de Minas Gerais Biblioteconomia Bacharelado Presencial Universidade Federal de Alagoas Biblioteconomia Bacharelado Presencial Universidade Federal da Paraíba Biblioteconomia Bacharelado Presencial Universidade Federal de Pernambuco Biblioteconomia Bacharelado Presencial Universidade Federal do Rio Grande Do Sul Biblioteconomia Bacharelado Presencial Universidade Federal do Ceará Biblioteconomia Bacharelado Presencial Universidade Federal de Goiás Biblioteconomia Bacharelado Presencial Universidade Federal de Santa Catarina Biblioteconomia Bacharelado Presencial Faculdades Integradas Coração de Jesus Biblioteconomia Bacharelado Presencial Universidade Salgado de Oliveira Biblioteconomia Bacharelado A Distância Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro Biblioteconomia Bacharelado Presencial Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro Biblioteconomia Licenciatura Presencial Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro Biblioteconomia Bacharelado Presencial Fundação Universidade Federal de Rondônia Biblioteconomia Bacharelado Presencial Centro Universitário Teresa D'ávila Biblioteconomia Bacharelado Presencial Universidade Estadual do Piauí Biblioteconomia Bacharelado Presencial Centro Universitário Univel Biblioteconomia Bacharelado Presencial Instituto De Ensino Superior Da Funlec Biblioteconomia Bacharelado Presencial Centro Universitário Unic Biblioteconomia Bacharelado Presencial Centro Universitário Leonardo Da Vinci Biblioteconomia Bacharelado A Distância

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Centro Universitário De Jaguariúna Biblioteconomia Bacharelado A Distância Faculdade Educacional De Dois Vizinhos Biblioteconomia Bacharelado Presencial Universidade Comunitária Da Região De Chapecó Biblioteconomia Bacharelado A Distância Centro Universitário De Formiga Biblioteconomia Bacharelado Presencial Universidade Federal Do Cariri Biblioteconomia Bacharelado Presencial Universidade Federal De São Carlos Biblioteconomia e

Ciência Da Informação Bacharelado Presencial Universidade De São Paulo Biblioteconomia e

Ciência Da Informação Bacharelado Presencial Universidade Federal De Sergipe Biblioteconomia e

Documentação Bacharelado Presencial Universidade Federal Fluminense Biblioteconomia e

Documentação Bacharelado Presencial Universidade Federal Da Bahia Biblioteconomia e

Documentação Bacharelado Presencial Universidade Federal do Rio De Janeiro

Biblioteconomia e Gestão de Unidades de

Informação

Bacharelado Presencial

Universidade Federal do Rio De Janeiro

Biblioteconomia e Gestão de Unidades de

Informação

Bacharelado Presencial

Quadro 1 – Cursos de graduação oferecidos no Brasil. (Ministério da Educação, 2018)

O Gráfico 1 apresenta a oferta de cursos de graduação distribuídos por região.

Gráfico 1 - Quantidade de cursos de graduação por região no Brasil. 3 10 5 10 22 Norte Nordeste Centro-Oeste Sul Sudeste

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Ao visualizar os dados graficamente por região, nota-se que a maior concentração está na região sudeste, com o total de 22 cursos. A menor concentração está na região norte, com oferecimento de apenas 3 cursos.

2.2 Pós-Graduação

Segundo Mueller (1985), a primeira iniciativa da formação de um curso de pós-graduação em Biblioteconomia no Brasil surgiu em 1965, na Universidade de Brasília, porém foi interrompido aos problemas políticos que alcançaram a universidade na época. O primeiro curso que efetivamente formou mestres na área foi o Mestrado em Ciência da lnformação, na Universidade Federal do Rio de Janeiro, em 1970. Atualmente, 18 instituições brasileiras ofertam cursos de pós-graduação Stricto Sensu na área de Biblioteconomia e Ciência da Informação. (PAIVA et al., 2017)

2.3 Mercado de Trabalho

As atividades que pertencem à função do bibliotecário estão se ampliando a cada dia e a biblioteca não é mais o único ambiente de trabalho. Os avanços tecnológicos inovaram a maneira de acesso à informação, causando uma nova maneira de perceber a profissão. Agora conhecido como profissional da informação, é necessário que o bibliotecário se mantenha em constante aprendizado, conforme a demanda do mercado. (SANTOS, 2016)

A Tabela 1 mostra a média salarial da profissão no Brasil, em organizações privadas.

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Segundo o SINBIESP (2017), para profissionais com maior experiência, conhecimentos em informática e que falem mais de um idioma, a faixa salarial pode variar de R$ 4.500,00 a R$ 11.000,00. Se exercer cargos de chefia, pode chegar até R$ 23.000,00.

No caso das instituições públicas o salário é relativamente maior, se comparado com o piso para recém-formados. O concurso que será realizado pelo Exército Brasileiro ainda este ano, inclui uma vaga para bibliotecário, com salário base inicial de R$ 7.350,00. (EXÉRCITO BRASILEIRO, 2017)

Um estudo feito por Santos (2016), utilizando como método a entrevista, indicou que “91% dos entrevistados estão empregados e 97% conseguiram o emprego no primeiro ano após a conclusão do curso. Os fatores identificados como responsáveis pela inserção do profissional no mercado de trabalho foram habilidades, competências profissionais, valores e atitudes do bibliotecário. Minarelli (1995 apud SANTOS, 2016) confirma tal resultado, afirmando que o conhecimento, habilidades e atitudes pessoais, desenvolvidas por meio da educação e treinamentos focados com as necessidades do mercado, facilita a inclusão do profissional no mercado de trabalho.

3 CHILE: ASPECTOS GEOGRÁFICOS, DEMOGRÁFICOS E CULTURAIS

O Chile é um país localizado na América do Sul, mais precisamente ao longo da costa ocidental, entre a Cordilheira dos Andes e o Oceano Pacífico. Faz fronteira com Argentina, Bolívia e Peru. Sua extensão territorial possui uma forma peculiar: é um dos países mais compridos e ao mesmo tempo mais estreitos do mundo. São cerca de 4.300 quilômetros de norte a sul e uma média de 180 quilômetros de leste a oeste, fato que lhe confere uma vasta variedade de climas. (PACIEVITCH, s.d.)

De acordo com o censo de 2015, o país possui aproximadamente 18 milhões de habitantes. A população em sua grande maioria é mestiça, decorrente da mistura de europeus e indígenas. A taxa de alfabetização é de 96,6%, sendo uma das mais altas da América Latina. A religião predominante é a Católica

Figura 1 - Mapa do Chile

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Apostólica Romana, composta por 70% dos chilenos. A língua oficial é o espanhol e a moeda em circulação é o peso chileno. Sua capital é Santiago. (UNDP, 2015).

O Chile possui uma economia dinâmica e aberta, com grande incentivo à exportação. Suas principais atividades são a indústria, a agricultura, a mineração e o turismo. Sua topografia e o clima mediterrâneo formam um excelente ambiente para o cultivo das uvas, por este motivo é destaque na produção e exportação de vinhos, ocupando a 4ª posição mundial. O turismo cresceu muito nas últimas décadas e as principais atrações são lugares de beleza natural, como lagos e vulcões, além da arquitetura inca presente na região norte. (PACIEVITCH, s.d.)

A cultura chilena possui características europeia e indígena. A dança nacional é a cueca, que foi promovida durante o regime Pinochet com o intuito de estimular o nacionalismo chileno. Outro gênero musical tradicional é a tonada, herança da influência europeia no país. Na literatura, Gabriela Mistral e Pablo Neruda, se destacam como poetas renomados que ganharam o Prêmio Nobel da Literatura em 1945 e 1971, respectivamente. (GUIMARÃES, 2016)

4 BIBLIOTECONOMIA E CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO NO CHILE

4.1 Breve histórico

Os primeiros bibliotecários do Chile aparecem durante o período colonial, com forte ligação a congregações religiosas. Durante o processo de independência, foi fundada em 1813 a Biblioteca Nacional e a partir disso surge a necessidade de formação de profissionais para

Figura 2 - Bandeira do Chile

Fonte: Portal São Francisco

Figura 3 - Retrato de um festejo no Chile -

Dança típica “Cueca”. Fonte: Wikimedia Commons

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atuar neste espaço. Até então não existiam cursos universitários em Biblioteconomia no país. Por este motivo, em 1913 o estado chileno concedeu subsídios para três pessoas estudarem nos Estados Unidos, e estes são considerados os percussores da profissão no país. Manifesta-se então a primeira iniciativa para formação de profissionais da área: a Biblioteca Nacional começa a desenvolver o curso de Biblioteconomia para os funcionários, com o objetivo de desenvolver a formação para serviço público. A influência dada pela formação dos percussores nos Estados Unidos está presente no ensino da Biblioteconomia até os dias atuais. Considerada como carreira, a Universidade do Chile foi a primeira a ministrar cursos de graduação, em 1939. A profissão é considerada contemporânea, visto que obteve reconhecimento institucional apenas em 1960. (CUITIÑO; GUZMÁN; PALMA, 2010)

4.2 Graduação

O Chile conta atualmente com quatro cursos de graduação na área de Biblioteconomia. Ambos possuem grades curriculares bem parecidas e também possuem ênfase em ciência da informação, documentação e arquivologia. O Quadro 2 apresenta as instituições e informações de seus respectivos cursos.

Instituição Nomenclatura Grau Acadêmico Duração

Universidad Tecnológica Metropolitana

Bibliotecología y Documentación

Licenciado en Bibliotecología y

Gestión de Información 5 anos Universidad de Playa Ancha Bibliotecología Licenciado en Ciencias de la Documentación 5 anos Universidad Alberto Hurtado Gestión de Información, Bibliotecas y Archivos

Licenciado en Gestión de Información,

Bibliotecología y Archivística 5 anos Universidad Católica de

la Santísima Concepción

Biblioteconomía y

documentación Bibliotecario Documental

4 anos e 6 meses

Quadro 2 – Cursos de graduação oferecidos no Chile. (CBC, 2017)

Há uma quinta instituição, a Universidade Bolivariana, que possui em programa especial de prosseguimento de estudos na área, com duração de dois anos e com intuito de formação profissional técnica, portanto não é considerada graduação.

Biblioteca Nacional do Chile (visão externa) Fonte: Google Images

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4.3 Pós-Graduação

Os cursos de pós-graduação no Chile surgiram de uma iniciativa de um programa chamado Chile-Califórnia. Através deste programa foram desenvolvidas várias atividades culturais no Chile, mas acima de tudo, beneficiou o país com bolsas de estudos de pós-graduação no exterior para vários funcionários da Biblioteca chilena, fato muito significativo para o desenvolvimento da profissão. Atualmente são ofertados dois cursos, no nível de mestrado. Ainda não existem estudos em nível de Doutorado. (CUITIÑO; FRANCO, 2017)

O Quadro 3 apresenta os cursos de pós-graduação existentes no país.

Instituição Nomenclatura Duração

Universidad de Playa Ancha Mestrado em Biblioteconomia e

Informação 2 anos

Pontificia Universidad Católica de Chile

Mestrado em Processamento e

Gestão da Informação 2 anos

Quadro 3 – Cursos de pós-graduação oferecidos no Chile. (CBC, 2017)

4.4 Mercado de Trabalho

O mercado de trabalho para os bibliotecários chilenos é variado e inclui diversas instituições públicas e privadas. O nível de empregabilidade dos alunos nos dois primeiros anos do curso está próxima de 90%. (CHILE, 2016).

Um estudo feito por Cuitiño e Franco (2017) mostrou 418 ofertas de emprego, e a partir disso foram identificadas 203 empregadores, correspondente a 8 tipos de instituições. No Gráfico 2 é possível observar a distribuição das ofertas conforme o tipo de instituição empregadora.

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Gráfico 2 – Distribuição das ofertas por tipo de instituição empregadora no Chile. (CUITIÑO; FRANCO, 2017)

Através de sua análise, percebe-se que as insituições de ensino superior são as que mais detêm os profissionais da área, seguidos da biblioteca escolar e empresas privadas. Organizações de arquivos e museus são as que menos contratam.

A base salarial para o bibliotecário pode variar de R$ 2.315,00 a R$ 4.515,00 para recém-formados. No Quadro 4, é possível observar comparações com outros cargos.

Quadro 4 – Faixa salarial na área de Biblioteconomia no Chile. (TÚ SALÁRIO, 2017)

5 METODOLOGIA

A metodologia adotada para desenvolvimento da pesquisa iniciou-se através de revisão bibliográfica, com o intuito de colher os dados necessários para a análise comparativa. Possui natureza mista, visto que buscou examinar quantitativamente e qualitativamente os dados obtidos. Em relação aos objetivos, o estudo é do tipo descritivo. As variáveis observadas para a análise comparativa entre os dois países foram: Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), quantidade de cursos de graduação e pós-graduação oferecidos e média

Profissão Salário

Bibliotecário De R$ 2.315,00 a R$ 4.515,00 Auxiliar de biblioteca De R$ 1.785,00 a R$ 3.407,00 Documentalista De R$ 2.136,00 a R$ 4.166,00

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salarial de profissionais recém-formados. As fontes foram selecionadas cuidadosamente, com o intuito de assegurar a consistência dos dados e torná-los comparáveis.

6 RESULTADOS

Brasil e Chile estão localizados no mesmo continente, de certa forma bem próximos, porém com características demográficas bem diferentes. Segundo o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (2017 apud Mariani, 2017) o Brasil ocupa hoje a 79ª posição no ranking mundial do indicador. Quando o nível de desigualdade é levado em consideração, o país cai 19 posições - a maior queda da América do Sul. O índice de desenvolvimento humano no Brasil é de 0,775, considerado um índice médio, enquanto o do Chile é de 0,832, ficando entre os mais altos. O Gráfico 3 apresenta o IDH dos dois países, observando também o nível de desigualdade.

Gráfico 3 – Comparação entre IDH - Brasil e Chile. (PNUD, 2017 apud Mariani, 2017)

O ensino da Biblioteconomia nos dois países iniciou de forma similar: no Brasil em 1911 e no Chile em 1913, ambos em suas Bibliotecas Nacionais. Assim como o Brasil, o Chile também teve influências americanas, que marcam seu currículo até a atualidade. O Brasil está bem à frente do Chile no que diz respeito à quantidade de cursos oferecidos, sendo 50 contra 4, respectivamente. O mesmo acontece com as instituições que oferecem pós-graduação, sendo 18 contra 2. Quanto à base salarial para profissionais recém-formados, o

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Chile se encontra à frente: R$ 2.315,00, enquanto no Brasil, o valor pago por empresas de médio porte é R$ 1.762,58. O Gráfico 4 e o Gráfico 5 demonstram a análise comparativa.

Gráfico 4 – Quantidade de cursos de graduação e pós-graduação oferecidos do Brasil e no Chile.

Gráfico 5 – Média salarial do profissional recém-formado no Brasil e no Chile. 50 4 18 2 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 Brasil Chile Graduação Pós-Graduação R$ 1.762,58 R$ 2.315,00 R$ - R$ 500,00 R$ 1.000,00 R$ 1.500,00 R$ 2.000,00 R$ 2.500,00 Brasil Chile

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7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Através do estudo realizado, conclui-se que a Biblioteconomia trilhou um longo caminho até se apresentar com suas características atuais, se moldando à medida que a sociedade evoluía sua demanda por conhecimento. De maneira geral, tem buscado se manter estruturada e seu contato com a Ciência da Informação foi de extrema importância.

O Brasil e o Chile, embora muito diferentes em questão demográfica, tiveram uma trajetória histórica muito similar na área de estudo. O Brasil despontou mais rapidamente, como mostram os dados apresentados das instituições que oferecem os cursos na área. Contudo, a questão salarial não evoluiu na mesma proporção, fato observado ao perceber que o Chile está à frente neste quesito.

Os desafios da área são grandes para ambos os países, pois, mesmo com a regularização da profissão, ainda existem muitas barreiras que a impedem de se consolidar. Para que essa situação mude, uma nova postura deve ser adotada pelos profissionais da área, através de um pensamento empoderado sobre a profissão e uma visão que ultrapasse os limites da biblioteca.

REFERÊNCIAS

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CFB – Conselho Federal de Biblioteconomia. Resolução CFB n.º 155 de 20 de julho de 2015. Disponível em: <http://www.cfb.org.br/wp-content/uploads/2017/01/Resoluc%CC%A7

a%CC%83o-155-REGIMENTO-INTERNO-CFB.pdf>. Acesso em: 23 jun. 2017.

CHILE. Ministerio de Educación. Mifuturo.cl. Estadísticas por carrera. Disponível em: <http://www.mifuturo.cl/index.php/futuro-laboral/buscador-porcarrera?tecnico=false&cmbareas= 8&cmbinstituciones=3>. Acesso em: 05 jul. 2017.

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