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Infrapopulações e infracomunidades de acaros (Acari: Gamasida) associados a histerideos (Coleoptera: Histeridae) em esterco de galinhas poedeiras da granja do municipio de São João da Boa Vista, SP

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Academic year: 2021

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Ivanilda Cerqueira Maia

“Infrapopulações e infracomunidades de ácaros (Acari:

Gamasida) associados a histerídeos (Coleoptera: Histeridae) em

esterco de galinhas poedeiras da granja do município de São

João da Boa Vista, SP”.

Tese apresentada ao Instituto de Biologia da Universidade Estadual de Campinas, SP, para obtenção do título de Mestre em Parasitologia.

Orientador: Prof. Dr. Angelo Pires do Prado

Campinas SP

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Campinas, 29 de novembro de 2004.

Banca Examinadora

Prof. Dr. Angelo Pires do Prado (Orientador) __________________________

Prof. Dr. Newton Goulart Madeira __________________________________

Prof. Dr. Arício Xavier Linhares ____________________________________

Prof. Dr. Odair Benedito Ribeiro ____________________________________

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Ao meu filho Pedro Vinícius, que hoje está no céu intercedendo junto a

Deus para a conclusão deste trabalho e que enquanto vivo foi para mim um

exemplo de perseverança e determinação;

Ao meu esposo que sempre acreditou muito em mim e me incentivou a

não desistir dos meus sonhos e muito contribuiu para o sucesso deste trabalho

com seu carinho e com seu amor.

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AGRADECIMENTOS

A Deus por ter me dado a oportunidade de conhecer esta conceituda instituição e por estar do meu lado em todos os momentos difíceis.

Ao Prof. Dr. Angelo Pires do Prado por ter acreditado e investido na minha orientação.

À Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), pela oportunidade de concluir este trabalho.

Ao Departamento de Parasitologia, em especial a Coordenadora de Pós–Graduação Urara Kawazoe e aos demais professores do departamento.

Aos professores que participaram da minha banca do exame de qualificação: Prof. Dr. Arício Xavier Linhares, Prof ª. Dr ª. Marlene T. Ueta e Prof. Dr. Odair Benedito Ribeiro, pela compreensão e dicas.

Aos professores que participaram da pré-banca da tese: Prof. Dr. Nelson, Prf ª. Dr ª. Marlene T. Ueta, Prof. Dr. Odair e Prof. Dr. Newton Goulart Madeira, pela disponibilidade e pelas valiosas contribuições.

Ao Prof. Dr. Arício Xavier Linhares, o meu muito obrigado pelo auxílio com a estatística utilizada na tese.

Às funcionárias da secretaria Margareth e Andrea pela força nos momentos difíceis, e aos técnicos Rubens, Ivo, João e Nilson, pelo apoio pessoal e boa vontade em ajudar no desenvolvimento deste trabalho.

As amigas Ângela Mingosi, Ângela Justus e Alcione Vendramin, pessoas muito especiais que Deus colocou no meu caminho e que muito contribuíram para o meu crescimento pessoal e profissional.

Aos meus pais que lutaram arduamente para que um dia eu pudesse ter um pouco de estudo e ter uma vida com menos sacrifício que a deles.

A todos os meus familiares e pessoas que fazem parte da minha vida, que me incentivaram de alguma forma. Em especial a minha sogra Nazaré, o meu sogro Feliciano, os meus irmãos Israel, Ezequiel, Daniel, Joel e Francisco, as minhas irmãs Zulenir, Elza e Bia, aos meus cunhados (as) Dida, Neida, Luciano, Maristela, Rosa e Neguinho, aos meus

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mais durante todo o período que estive em Campinas.

Aos amigos David Villas Boas, companheiro fiel de coletas e brincandeiras, Tatiana, Mônica, Lúcia e Fernanda de São João da Boa Vista, Edson, Patrícia, Dora, Pedro Strikis, Carmem, Haideé, e Marina, agradeço de coração por Deus ter me dado amigos como vocês. Que Deus os abençoe.

Aos amigos Welber e Fábio pela ajuda nas coletas, pelo material cedido e pelo apoio pessoal e orações que me foram direcionadas, o meu muito obrigado.

Ao doutorando Jéferson de Carvalho Mineiro (CIEB-Campinas) pela identificação da acarofauna deste trabalho.

Aos meus vizinhos Paulo e Grazielly e sua filha Heloisa, obrigado por tudo.

Aos amigos (as) do Lidermir que com muita honra também se tornaram excelentes amigos meus. A vocês Luci e Laércio, Luciana e Fábio, Paulinha e Romário, Evandro e Lícia, Marcelo e Aline, obrigado pelos momentos maravilhosos que passamos juntos, pelas preces feitas pelo meu filhinho e pelo apoio nos momentos mais difíceis da minha vida. Que Deus ilumine seus caminhos.

Aos amigos da república Nilda, Carla, seus pais e Carol, Fábio e seus pais, Rogério, Alex, Andrés, Elcio, Fernando e seus pais, Gilmar, Rosemberg, Dener, Josi, D. Ivonete e Tita que nos acolheram e nos deram uma palavra de conforto e um ombro pra chorar nas horas difíceis. Obrigada por vocês existirem e me deixarem fazer parte de suas vidas.

As minhas amigas de Rio Branco, que de alguma forma me incentivaram com um ombro ou com uma palavra de ânimo e com muitas orações. Sem vocês nada disso seria possível. A vocês Bola, Danuta, Rock, Marília, Dida, Wallace e Socorro os meus sinceros agradecimentos e que deus os abençoem ricamente.

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ÍNDICE GERAL

Lista de Figuras... ix Lista de Tabelas... x Resumo... 1 Abstract... 2 Introdução geral... 3 Referências Bibliográficas... 6

Capítulo I: Acarofauna (Acari: Gamasida) associada a histerídeos em esterco de aves poedeiras em granja de São João da Boa Vista-SP... 11

1. Resumo... 11

2. Introdução... 11

3.

Material e Métodos... 13

3.1. Descrição e localização da Granja... 13

3.2. Identificação da Acarofauna... 15

3.3. Análises Qualitativa e Quantitativa... 15

3.4. Índices usados... 15

4. Resultados... 16

4.1. Abundância absoluta das espécies de ácaros associadas aos coleópteros e abundância relativa dos coleópteros nas estações do ano... 16

4.2. Abundância das espécies de ácaros nas estações do ano... 18

4.3. Abundância relativa das espécies de ácaros por espécie de coleóptero nas estações do ano... 19

4.3.1. Euspilotus modestus... 19

4.3.2. Carcinops troglodytes... 20

4.3.3. Hololepta quadridentata... 21

4.4. Índices da fauna acarina associada a coleópteros nas estações do ano... 23

5. Discussão... 23

(8)

Capítulo II: Ocorrência de forésia nas infrapopulações e infracomunidades da acarofauna associada aos histerídeos presentes em esterco de aves

poedeiras... 31

1. Resumo... 31

2. Introdução... 31

3.

Material e Métodos... 33

3.1. Descrição e localização da Granja... 33

3.2. Análises Qualitativa e Quantitativa... 34

3.3. Identificação da Acarofauna... 35

3.4. Índices usados... 35

3.5. Análise Estatística... 36

4. Resultados... 36

4.1. Ocorrência e abundância das espécies de ácaros nas espécies de coleópteros analisados... 37 4.1.1. Euspilotus modestus.…... 37 4.1.2. Carcinops troglodytes... 39 4.1.3. Hololepta quadridentata... 41 4.1.4. Análise Estatística... 42 5. Discussão... 46 6. Conclusões... 48 7. Referências Bibliográficas... 49 Conclusões Gerais... 53 Referências Bibliográficas... 54

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ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1 - Abundância relativa do coleóptero Carcinops troglodites e das

espécies de ácaros a ele associadas nas estações do ano... 22 Figura 2 - Abundância relativa do coleóptero Euspilotus modestus e das

espécies de ácaros a ele associadas nas estações do ano... 23 Figura 3 - Abundância relativa do coleóptero Hololepta quadridentata e

das espécies de ácaros a ele associadas nas estações do ano... 23 Figura 1 - Abundância relativa do coleóptero Euspilotus modestus e dos

ácaros a ele associados nos meses analisados... 39 Figura 2 - Abundância relativa do coleóptero Carcinops troglodites e dos

ácaros a ele associados nos meses analisados... 40 Figura 3 - Abundância relativa do coleóptero Hololepta quadridentata dos

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ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1 - Ocorrência e abundância absoluta das espécies de ácaros e coleópteros coletados nas estações do ano de 2002, em granja de aves poedeiras no Município de São João da Boa Vista – São

Paulo... 17 Tabela 2 - Ocorrência e freqüência relativa das espécies de coleópteros

coletados no esterco em granja de aves poedeiras nas estações do ano de 2002, no Município de São João da Boa Vista – São

Paulo... 18 Tabela 3 - Ocorrência e freqüência relativa das espécies de ácaros

associadas as três espécies de coleópteros analisadas nas estações do ano de 2002, no esterco de granja de aves poedeiras, no

Município de São João da Boa Vista – São Paulo... 18 Tabela 4 - Abundância relativa das espécies de ácaros associados a E.

modestus (Histeridae), nas estações do ano de 2002 no esterco de granja de aves poedeiras no Município de São João da Boa Vista

– São Paulo... 19 Tabela 5 - Abundância relativa das espécies de ácaros associados a C.

troglodites (Histeridae), nas estações do ano de 2002, no esterco

de granja de aves poedeiras no Município de São João da Boa

Vista – São Paulo... 20 Tabela 6 - Abundância relativa das espécies de ácaros associados a

H.quadridentata (Histeridae), nas estações do ano de 2002, no

esterco de granja de aves poedeiras no Município de São João da

Boa Vista – São Paulo... 21 Tabela 7 - Índices de diversidade das espécies de ácaros associadas à

coleópteros da família Histeridae no esterco, nas estações do ano de 2002 em granja de aves poedeiras, no município de São João

(11)

Tabela 1 - Ocorrência e abundância absoluta e relativa das espécies de ácaros coletados nos meses do ano de 2001, em esterco de aves poedeiras de granja no Município de São João da Boa Vista – São Paulo...

37

Tabela 2 - Abundância das espécies de ácaros encontradas nos meses de coletas no coleóptero E. modestus do ano de 2001, em esterco de aves poedeiras de granja no Município de São João da Boa Vista

– São Paulo... 38 Tabela 3 - Abundância das espécies de ácaros encontradas nos meses de

coletas no coleóptero C. troglodytes no ano de 2001, em esterco de aves poedeiras de granja no Município de São João da Boa

Vista – São Paulo... 40 Tabela 4 - Abundância das espécies de ácaros encontradas nos meses de

coletas no coleóptero H. quadridentata no ano de 2001, em esterco de aves poedeiras de granja no Município de São João da

Boa Vista – São Paulo... 42 Tabela 5 - Valores das médias cujas diferenças foram signuficativas para

espécies de ácaros obtidas através da análise de variância (ANOVA) pelo teste de comparações múltiplas com relação ao mês de coleta, espécie do coleóptero, sexo do coleóptero e a

localização do ácaro no coleóptero... 43 Tabela 6 - Prevalência, intensidade média, índice de dispersão e

distribuição das espécies de infrapopulações de ácaros associadas aos histerídeos em esterco de granja de aves poedeiras, no

município de São João da Boa Vista - São Paulo... 45 Tabela 8 - Infracomunidade e total de infrapopulações dos ácaros

encontrados no histerídeo E. modestus em esterco de aves poedeiras em granja de São João da Boa Vista – São Paulo... 46

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“Infrapopulações e infracomunidades de ácaros (Acari: Gamasida) associados

a histerídeos (Coleoptera: Histeridae) em esterco de galinhas poedeiras da

granja do município de São João da Boa Vista-SP”.

RESUMO

Os sistemas de produção animal em confinamento são ambientes artificiais que favorecem o aparecimento da comunidade de artrópodes, devido à oferta de recursos que beneficiam o desenvolvimento desses organismos em acúmulo de esterco. Muitos ácaros encontram condições adequadas de sobrevivência nesses ambientes. Neste trabalho estudamos a dinâmica da associação forética entre ácaros e coleópteros predadores, analisando a ocorrência, abundância das famílias de ácaros associadas a histerídeos, bem como a diversidade acarofauna, a ocorrência de forésia entre os mesmos, através do estudo das infrapopulações e infracomunidades e dos índices de prevalência, dominância e uniformidade em granja de aves poedeiras em São João da Boa Vista - SP. Foram usadas duas metodologias de coletas para este estudo: amostras coletadas manualmente do esterco e armadilhas de solo. Foram realizadas oito coletas nas estações do ano 2002 e 9 coletas no ano de 2001. Foram encontradas 4 espécies de ácaros associadas aos histerídeos. A família Ascidae foi registrada como sendo nova associação com histerídeos no esterco de granjas. A prevalência de ácaros foréticos predominou em Hololepta quadridentata.

Palavras-chave: Acari, Histeridae, granjas avícolas, predadores, forésia, infrapopulação, Ascidae.

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“Mite Infrapopulations and infracommunities of mites (Acari: Gamasida) in

association with histerids (Coleoptera: Histeridae) in laying hen manure from

a poultry farm in São João da Boa Vista-SP”.

ABSTRACT

Animal production systems under confinement are artificial agroecosystems which favor the development of an exuberant arthropod fauna, due to their high manure offer. These environments may provide adequate survival conditions for a number of mites. The purpose of this work was to study the phoretic association dynamics between mites and predaceous coleopterans, also focusing on the occurrence and abundance of histerids-associated mite families, as well as their infrapopulations and infracommunities, related indexes of constancy, dominance and prevalence. The sampling methodology included hand-collected manure samples and pitfalltraps. Eight gathering activities occurred in different seasons in 2002, and 9 gathering activities during the period of 2001. Associated to histerids 4 mites species were found. A new association has been found between histerids and the Ascidae family in poultry farms manure. Phoretic mites prevalence was prevailing in Hololepta quadridentata.

Key words: Acari, Histeridae, poultry farms, predators, phoresy, infrapopulation, Ascidae.

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INTRODUÇÃO GERAL

Os ácaros constituem um dos poucos grupos de animais que apresentam enorme diversidade de forma, habitat e comportamento, sendo encontrados em quase todos os locais acessíveis à vida animal. Muitas espécies de vida livre são predadoras, sendo encontradas na camada de matéria orgânica que recobre o solo e em material em decomposição, onde se alimentam de nematóides, outros ácaros e ovos de artrópodes (FLECHTMANN, 1975 e KRANTZ, 1978).

Desempenhando importante papel na regulação das populações de sinantrópicos, várias espécies de ácaros podem ser benéficas para o homem, pois se alimentam de ovos e larvas de Musca domestica L. (PEREIRA & CASTRO, 1947 e AXTELL, 1963 ), em especial nos sistemas de criação de aves poedeiras em confinamento. Nesse sistema de criação animal, destacam-se os ácaros das famílias Macrochelidae, Uropodidae e Parasitidae. Estes ácaros são importantes agentes biológicos na redução da população de moscas (GEDEN & STOFFOLANO, 1988 e AXTELL & ARENDS, 1990).

Coleópteros da família Histeridae destacam-se também entre os predadores encontrados nas granjas. Os membros dessa família são encontrados em diversos habitats e são predadores, tanto no estágio larval quanto no adulto. Podem ser encontradas em ninhos de aves, tocas de pequenos mamíferos e associados a formigas, cupins e vespas (SUMMERLIN et al., 1984), e também produtos armazenados (HINTON, 1945). Além disso, já foi registrada a sua presença em material em decomposição, como fezes de animais domésticos (RODRIGUES & MARCHINI, 1998).

Vários estudos registram a ocorrência de ácaros e coleópteros predadores no esterco de aves poedeiras, em diferentes regiões do mundo (AXTELL, 1963; AXTELL, 1970; LEGNER & OLTON, 1970; GEDEN & STOFFOLANO, 1987; BRUNO, 1991; GIANIZELLA & PRADO, 1998 e GIANIZELLA, 2000).

Um dos primeiros casos em que os coleópteros histerídeos foram utilizados como controladores de moscas, ocorreu no Pacífico nas ilhas Fiji. O autor introduziu e estudou o impacto da utilização de Hister chinensis Quensel, no controle da mosca doméstica (SIMMONDS, 1958).

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Carcinops pumilio Erichson, espécie encontrada nos Estados Unidos, foi observada

em esterco de galinha. LEGNER & OLTON, (1970); PROPP & MORGAN, (1985) e GEDEN & STOFFOLANO, (1987) demonstraram a participação desta espécie na redução de populações de M. domestica em laboratório, e AXTELL, (1968 e 1986) constatou a sua importância em granjas de aves poedeiras.

Carcinops troglodytes Paykull, espécie encontrada no Brasil, tem ampla

distribuição, ocorrendo durante todo o ano em aviários do estado de São Paulo. Foi encontrado em abundância em esterco de galinhas, no município de Bastos - SP, representando 14,62% dos coleópteros coletados (AAGESEN, 1988). Essa espécie foi relatada também em granjas de Samoa (região do Pacífico) por LEGNER & OLTON, (1970); GIANIZELLA, (2000) constatou a presença da mesma, durante todo o ano na granja Capuavinha, Monte Mor, SP.

Várias espécies de artrópodes costumam associar-se a outros para obter algum tipo de benefício. Ninfas e adultos de muitas espécies de ácaros de vida livre utilizam-se de insetos e outros artrópodes para dispersão. Esta associação é chamada forésia (FARISH & AXTELL, 1971; FLECHTMANN, 1975; BINNS, 1982 e KALISZEWSKI et al., 1995). Indivíduos de cada espécie associados a um hospedeiro individual, constitui uma infrapopulação e o conjunto destas, forma uma infracomunidade (MARGOLIS et al., 1982 e BUSH et al., 1997).

O termo forésia foi introduzido antes do século XIX. Este fenômeno foi redefinido posteriormente por FARISH & AXTELL, (1971).

Para FARISH & AXTELL (1971), a associação forética ou forésia, ocorre quando um dos estádios de desenvolvimento de um animal se fixa ativamente à superfície do corpo de outro animal, sendo transportado por tempo limitado. Durante esse tempo, o animal transportado (forético) cessa tanto sua alimentação como seu desenvolvimento. As atividades começam novamente após a separação dos indivíduos, induzida por estímulos oriundos do seu transportador sobre o lugar de chegada. (ATHIAS-BINCHE, 1991 e HOUCK & OCONNOR, 1991).

Para se obter sucesso durante a migração, é essencial a escolha do foronte adequado, levando-se em conta sua ecologia, habitat e comportamento, principalmente sua

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dispersão. Geralmente os ácaros são foréticos somente num estágio de desenvolvimento: tipicamente na fase de ninfa ou fêmeas adultas (ATHIAS-BINCHE, 1990).

O comportamento forético pode ser facultativo ou obrigatório (ATHIAS-BINCHE, 1981; 1984 e 1990). A forésia facultativa pode ser induzida por fatores densidade-dependente, em particular as populações ou por mudanças de condições ambientais, como escassez de alimento, decréscimo da quantidade de oxigênio ou qualquer degradação ambiental (ATHIAS-BINCHE & MORAND, 1993). Por outro lado a forésia obrigatória ocorre em todas as gerações, podendo ser sazonal ou cíclica, a última ocorrendo quando a sobrevivência das espécies foréticas depende do ciclo de vida do hospedeiro.

Para ATHIAS-BINCHE (1994), a forésia pode ser um meio efetivo para animais pequenos e pouco móveis, como a maioria dos ácaros, colonizarem microhabitats específicos com grande probabilidade de sucesso. Ela faz, portanto uma dinâmica colonizadora em favorecimento da disseminação da espécie, conquista do espaço e procura de novos recursos.

Existem algumas particularidades adaptativas para dispersão. São elas: 1. Iniciação do comportamento forético;

2. Procura do hospedeiro;

3. Reconhecimento e resposta dos sinais de atração; 4. Especificidade para fixação no hospedeiro; 5. Diapausa;

6. Sinais para desembarque;

7. Sincronização com o ciclo de vida do hospedeiro.

Alguns dos comportamentos acima são usados por parasitas (2, 3 e 4). Por outro lado são similares aos parasitóides (3 e 7 ) (ATHIAS-BINCHE, 1991).

Segundo KALISZEWSKI et al. (1995), os parasitas geralmente não matam seus hospedeiros, enquanto que os parasitóides atacam ovos ou estágios imaturos do hospedeiro, levando-os rapidamente a morte. A predação difere do parasitoidismo, porque a biomassa dos predadores aproxima-se ou excede à da sua presa, enquanto que os parasitóides são bem menores que seus hospedeiros. Além disso, os predadores são menos específicos na escolha de suas presas, considerando que os parasitóides são estenoxenos ou monoxenos. Entretanto, mais importante que a distinção de tamanho ou especificidade, é a quantidade de presas, pois

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um predador necessita de várias presas para completar seu desenvolvimento e se alimenta durante mais de um estágio de seu desenvolvimento, enquanto que o parasitóide precisa de um só hospedeiro para uma ou mais de suas progênies para chegar a adulto.

Este trabalho tem como objetivo geral o estudo da dinâmica da associação forética entre ácaros e coleópteros predadores, analisando a ocorrência, abundância das famílias de ácaros associadas a histerídeos, bem como a diversidade da acarofauna, a ocorrência de forésia entre os mesmos, através do estudo das infrapopulações e infracomunidades e dos índices de prevalência, dominância e uniformidade em granja de aves poedeiras em São João da Boa Vista SP.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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CAPÍTULO I

Acarofauna (Acari: Gamasida) associada a Histeridae (Coleoptera) em

esterco de aves poedeiras em granja de São João da Boa Vista-SP

1. Resumo

Coleópteros da família Histeridae e ácaros das famílias Machrochelidae, Parasitidae e Uropodidae são comumente encontrados em grande abundância no esterco de galinhas poedeiras dos sistemas modernos de criação. Eles são predadores de ovos e larvas de moscas e desempenham importante papel na regulação de populações de dípteros. Este trabalho deu ênfase ao estudo da ocorrência e abundância da fauna acarina associada a coleópteros da família Histeridae em granja, nas estações do ano de 2002, em acúmulo de esterco de aves poedeiras.O presente estudo revelou a presença de duas espécies de ácaros do gênero Gamasellodes (Família Ascidae) e uma espécie do gênero Uroobovella (Uropodidae). Carcinops troglodites e Euspilotus modestus foram os histerídeos mais abundantes em todas as coletas. Registrou-se pela primeira vez a ocorrência de ácaros da Família Ascidae associada a histerídeos em granjas de aves poedeiras. A primavera foi a estação do ano onde ocorreu maior diversidade de ácaros associados aos histerídeos e outono foi a estação com maior abundância de ácaros.

2. Introdução

As fezes que se acumulam sob as gaiolas nos sistemas modernos de criação de galinhas poedeiras, constituem um excelente substrato para o desenvolvimento de dípteros sinantrópicos (AXTELL & ARENDS, 1990) especialmente a Musca domestica L., importante praga urbana, e vetora mecânica de doenças (GREENBERG, 1971).

Coleópteros da família Histeridae são comumente encontrados em grande abundância nesse substrato. Eles são predadores de ovos e larvas de moscas e

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desempenham importante papel na regulação de populações de dípteros, em acúmulo de esterco de galinhas poedeiras.

A família Histeridae apresenta aproximadamente 3900 espécies descritas (ARNETT 1968). Os histerídeos são besouros pequenos, atingindo não mais de 1 cm, corpo alongado e oval, coloração geralmente negro-brilhante. São encontrados em diversos habitats e possui comportamento predatório, tanto no estágio de larva quanto no adulto. Habitam geralmente esterco, podendo também ser encontrados em ninhos de aves, tocas de pequenos mamíferos e associados a formigas, cupins e vespas (SUMMERLIN et al., 1984) e também em produtos armazenados (HINTON, 1945). Além disso, já foi registrada a sua presença em material em decomposição, como carcaças e fezes de animais (RODRIGUES & MARCHINI, 1998).

Uma grande variedade de espécies de coleópteros e ácaros tem sido encontrada no esterco de aves poedeiras, em vários levantamentos feitos em diferentes regiões do mundo (AXTELL, 1970; LEGNER & OLTON 1970; GEDEN & STOFFOLANO, 1987; BRUNO, 1991; GIANIZELLA & PRADO, 1998 e GIANIZELLA, 2000).

Os ácaros constituem um dos poucos grupos de animais que apresentam enorme diversidade de forma, habitat e comportamento, sendo encontrados em quase todos os locais acessíveis à vida animal (FLECHTMANN, 1975).

Muitas espécies de vida livre são predadoras, sendo encontradas na camada de matéria orgânica que recobre o solo e em material em decomposição, onde se alimentam de nematóides, pequenos artrópodes e de seus ovos e outros ácaros (KRANTZ, 1978).

Várias espécies podem ser benéficas, pois se alimentam de ovos e larvas da mosca doméstica (PEREIRA & CASTRO 1947 e AXTELL, 1963), desempenhando importante papel na regulação de dípteros sinantrópicos.

Na subordem Gamasida existe um grupo de espécies que se adaptou a diversos habitats. A maioria dos gamasidas é predador de vida livre, mas muitas espécies são parasitas externos e internos de mamíferos, aves, répteis ou invertebrados (KRANTZ, 1978).

Os gamasidas são encontrados no mundo todo, associados ao solo, foliço, plantas e animais. A subordem é dividida em duas supercohortes, com base primária na configuração

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do escudo genital. Aproximadamente 65 famílias estão incluídas nesta subordem sendo agrupadas em 5 cohortes e 19 superfamílias (LINDQUIST & EVANS, 1965).

Desde os estudos de levantamento da fauna acarina em esterco de aves poedeiras feito por AXTELL (1963), as espécies de ácaros das famílias Macrochelidae, Uropodidae e Parasitidae vem sendo amplamente estudada por vários pesquisadores norte-americanos (LEGNER & OLTON, 1970; AXTELL, 1986; GEDEN & STOFFOLANO, 1987 e AXTELL & ARENDS, 1990) e brasileiros (AAGESEN, 1988; COSTA, 1989; BRUNO, 1991; SANTOS, 1991; MATTOS, 1992 e RODRIGUEIRO, 2003), enfocando sua importância como agentes biológicos na redução da população de moscas.

Os estudos realizados destacam os aspectos de ocorrência, distribuição e ecologia de ácaros e coleópteros de esterco de aves poedeiras, revelando seu potencial predatório sobre moscas. Entretanto, até o momento não há registros de estudos que abordem a relação de ácaros associados aos coleópteros no ambiente de granjas de galinhas poedeiras no Brasil. Desta forma o presente trabalho deu ênfase ao estudo da ocorrência, abundância da fauna acarina associada a coleópteros da família Histeridae em granja, nas estações do ano de 2002, em acúmulo de esterco de aves poedeiras.

3. Material e Métodos

3.1. Descrição e localização da Granja:

As coletas foram realizadas na granja Crisdan, no município de São João da Boa Vista, SP. A granja fica a 7 Km de São João da Boa Vista (22º 01. 824’ de latitude Sul, 46º 48. 488’ de longitude Oeste), altitude de 763 metros, considerada de pequeno porte, podendo alojar 25.000 galinhas em fase de postura, das linhagens “Hy Line” e “Hy line Brown”.

No total, a granja é constituída de duas instalações. Uma organizada de quatro galpões de 85 m de comprimento por 3,20 m de largura cada um; já a outra é formada também por quatro galpões, mas de 50 m por 8 m cada um, onde foram realizadas as coletas.

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Cada galpão tipo “narrow house” é uma construção independente com uma armação de vigas e coberta por telhas de argila tipo “plan” americana.

Em cada construção estão dispostos três conjuntos de gaiolas, separadas por dois corredores de 0,5 m de largura feitos de concreto.

As fileiras das gaiolas estão distribuídas em degraus, ou seja, uma fileira mais interna a 0,5 m do chão, e uma mais externa a 1 m do chão. As gaiolas variam de tamanho podendo abrigar de duas a quatro galinhas. Em cada fileira há um cocho de PVC onde se deposita a ração, e a água é distribuída por meio de um encanamento. Sob as gaiolas, o chão é de terra onde as fezes se acumulam, sendo retiradas totalmente em intervalos semestrais.

A iluminação é realizada por lâmpadas de 60W, distribuídas a cada 2 metros, por todos os galpões. A distância entre os galpões é de 5,4 m e neste intervalo crescem gramíneas e outras pequenas plantas herbáceas invasoras. Ao redor da granja faz-se cultura agrícola e durante o período analisado, a predominância foi a plantação de café.

As coletas do esterco foram feitas manualmente, sendo utilizados uma pá, um balde e uma balança para pesar o substrato. Foi escolhida uma das duas construções para a retirada do esterco. A amostra total de esterco por coleta foi de 1,5 Kg, sendo retirada da camada mais superior, onde cada amostra foi individualizada. Foi estabelecido um sorteio numérico entre as três fileiras de gaiolas. A fileira sorteada foi dividida em quatro partes, resultando em um sorteio para retirada de três amostras da mesma, estabelecendo-se 10 metros de distância entre as amostras.

Foram feitas oito coletas manuais para o levantamento da acarofauna, duas para cada estação do ano de 2002, uma no meio e a outra no final de cada estação.A primeira coleta de outono foi feita no dia 26.03.02 e a segunda dia 04.06.02. As coletas de inverno foram feitas no dia 15.08.02 e 19.09.02. Na primavera foram feitas no dia 17.10.02 e 21.11.02 e no verão 27.01.03 e 26.02.03.

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3.2. Identificação da Acarofauna

A identificação dos gêneros e espécies de ácaros foi feita de acordo com KRANTZ (1978) pelo pesquisador Jeferson Carvalho Mineiro, doutorando pela ESALQ-USP-Piracicaba, SP.

O material testemunho está depositado no Museu de História Natural da UNICAMP.

3.3. Análises Qualitativa e Quantitativa

As amostras de esterco foram analisadas no Laboratório de Entomologia do Departamento de Parasitologia do Instituto de Biologia da Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP.

Foi feita uma triagem dos artrópodes presentes no material, selecionando os histerídeos encontrados na amostra. Estes foram separados posteriormente por espécie e depositados em placa de Petri com álcool a 70. Procedeu-se o exame de cada coleóptero em microscópio estereoscópio, sendo realizada a retirada dos ácaros, bem como a contagem dos indivíduos de cada espécie presente. Para a montagem das lâminas foi utilizado o meio diafanizante de Hoyer (hidrato de cloral, 200 g; goma arábica, 30 g; glicerina, 20 ml e água destilada, 40 ml).

3.4. Índices usados

Na avaliação da diversidade da subordem Gamasida (Acari: Parasitiformes) foram utilizados os índices de diversidade de Shannon-Weaver, de dominância de Simpson e Uniformidade de Hill. Os índices foram calculados de acordo com as amostras coletadas nas estações do ano.

Índice de Diversidade de Shannon-Weaver:

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Sendo que o valor real de pi é desconhecido, ele foi estimado como pi= ni/N (estimativa da probabilidade máxima) sendo ni= número de indivíduos pertencentes a i espécie da amostra e N= número total de indivíduos determinados na amostra.

O índice de Shannon estima a riqueza de espécies e a uniformidade (distribuição dos indivíduos entre as espécies). O aumento do valor de diversidade medido por Shannon está associado ao aumento do número de espécies e quanto mais uniforme a distribuição dos indivíduos entre as espécies (maior será a uniformidade). Os valores de Shannon em uma comunidade real estão entre 1,5 e 3,5 (MAGURRAN, 1998).

Índice de dominância de Simpson(λ):

λ = ∑ [ ni (ni - 1)/ N (N - 1)]

Onde, ni= número de indivíduos pertencentes à espécie e N= totais de indivíduos da amostra, sendo que seu valor aumenta conforme diminui o valor da diversidade (MAGURRAN, 1998).

Índice de Uniformidade de Hill:

EH = (N2 - 1)/(N1 - 1)

Sendo que N2= 1 / λ enquanto que N1= eH'

. O valor de n0= representa o número total de espécies presentes na amostra, N1= é o número de indivíduos da espécie e N2= é o número de indivíduos da espécie mais abundante, sendo que o valor de N1 deve estar entre n0 e N2 (LUDWIG & REYNOLDS, 1988).

4. Resultados

4.1. Abundância absoluta das espécies de ácaros associadas aos coleópteros e abundância relativa dos coleópteros nas estações do ano.

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Foram encontradas três espécies de Histeridae: Euspilotus modestus Marseul, 1834;

Carcinops troglodites Paykull, 1811 e Hololepta quadridentata Fabricius, 1801, resultando

em 776 espécimes coletados. O total de ácaros retirados desses besouros foi de 619 indivíduos. Foi registrada a ocorrência de duas espécies da família Ascidae pertencentes ao gênero Gamasellodes, que foram denominadas de Sp1 e Sp2. Os indivíduos das duas espécies localizaram-se sob os élitros dos coleópteros. Verificou-se também a associação de uma espécie da família Uropodidae pertencente ao gênero Uroboovella, cujos indivíduos com freqüência se fixam por um pedicelo na parte externa do abdômen. (Tabela 1).

Tabela 1 – Ocorrência e abundância absoluta das espécies de ácaros e coleópteros coletados nas estações do ano de 2002, em granja de aves poedeiras no Município de São João da Boa Vista – São Paulo.

Espécies de ácaros por coleóptero Nº de espécimes (por coleóptero)

Sp1 Sp2 Urob Total

E. modestus 219 102 80 7 189

C. troglodites 528 4 264 8 276

H. quadridentata 29 153 0 1 154

Total 776 259 344 16 619

Sp1: Gamasellodes sp1; Sp2: Gamasellodes sp2; Urob: Urobovella sp(Uropodidae).

Euspilotus modestus esteve presente em todas as estações do ano correspondendo a

28,22% do total de coleópteros encontrados, sendo mais freqüente no outono (71,70%).

Carcinops troglodites foi mais abundante em relação as outras duas espécies coletadas.

Estiveram presentes em todas as estações correspondendo a 68,04% dos histerídeos, com maior freqüência no inverno (33,90%). Hololepta quadridentata não ocorreu nas amostras da primavera, teve sua maior freqüência no outono com 62,20%, correspondendo a 3,74% dos coleópteros coletados.

O outono (33,80%) e o verão (26,90%) foram às estações com maior abundância de coleópteros, enquanto a primavera foi a estação menos abundante (15,30%) (Tabela 2).

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Tabela 2 - Ocorrência e freqüência relativa das espécies de coleópteros coletados no esterco em granja de aves poedeiras nas estações do ano de 2002, no Município de São João da Boa Vista – São Paulo.

Espécies de coleópteros Estações

Euspi. % Carci % Holo % Total %

Primavera 13 5,97 106 20,00 0 0,00 119 15,30 Verão 43 19,60 158 29,90 8 27,50 209 26,90 Outono 157 71,70 86 16,20 18 62,20 261 33,80 Inverno 6 2,73 178 33,90 3 10,30 187 24,00 Total 219 100,00 528 100,00 29 100,00 776 100,00 % nas estações 28,22 - 68,04 - 3,74 - - 100,00

Euspi: E. modestus; Carci: C. troglodites; Holo: H. quadridentata.

4.2. Abundância das espécies de ácaros nas estações do ano.

A Tabela 3 mostra a abundância dos ácaros nas estações do ano. O total de ácaros na primavera foi de 113 espécimes, equivalendo a 18,25% de todos os ácaros encontrados nas três espécies de coleópteros.

Tabela 3 - Ocorrência e freqüência relativa das espécies de ácaros associadas às três espécies de coleópteros analisadas nas estações do ano de 2002, no esterco de granja de aves

poedeiras, no Município de São João da Boa Vista – São Paulo. Espécies de ácaros Estações Sp1 % Sp2 % Urob % Total % Primavera 53 20,46 47 13,66 13 81,25 113 18,25 Verão 23 8,88 71 20,63 0 0,00 94 15,18 Outono 181 69,89 106 30,81 1 6,25 288 46,54 Inverno 2 0,77 120 34,90 2 12,50 124 20,03 Total 259 100,00 344 100,00 16 100,00 619 100,00 % nas estações 41,84 - 55,57 - 2,58 - - 100,00 Sp1: Gamasellodes sp1; Sp2: Gamasellodes sp2; Urob: Urobovella sp (Uropodidae).

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O verão teve menor abundância, totalizando 94 exemplares, cerca de 15,18%. O outono foi à estação com maior abundância de indivíduos, com 288 espécimes cerca de 46,54% dos ácaros. Já o inverno totalizou 124 ácaros, representando 20,03% dos indivíduos associados.

A Sp1 do gênero Gamasellodes representou 41,84% de todos os ácaros associados. A Sp2 correspondeu a 55,57% e os ácaros do gênero Uroboovella tiveram menor abundância, representando apenas 2,58% dos ácaros associados aos coleópteros nas estações do ano (Tabela 3).

4.3. Abundância relativa das espécies de ácaros por espécie de coleóptero nas estações do ano.

4.3.1. Euspilotus modestus

Foram coletadas 219 espécimes deste coleóptero nas quatro estações, dos quais foram retirados 189 ácaros de três espécies diferentes, correspondendo a 30,53% dos ácaros encontrados.

Tabela 4 - Abundância relativa das espécies de ácaros associados a E. modestus (Histeridae), nas estações do ano de 2002 no esterco de granja de aves poedeiras no Município de São João da Boa Vista – São Paulo.

Espécies de ácaros Estações Sp1 % Sp2 % Urob % Primavera 53 51,99 0 0,00 6 85,80 Verão 16 15,70 2 2,50 0 0,00 Outono 31 30,35 69 86,30 0 0,00 Inverno 2 1,96 9 11,20 1 14,20 Total 102 100,00 80 100,00 7 100,00 % dos ácaros 53,97 - 42,33 - 3,70 100,00 Sp1: Gamasellodes sp1; Sp2: Gamasellodes sp2; Urob: Urobovella sp(Uropodidae).

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Com base na tabela 4 observa-se que foram encontrados 102 espécimes da Sp1 representando 53,97% dos ácaros associados a este coleóptero. Esta espécie esteve mais abundante na primavera com cerca de 51,99% em relação as outras estações. A Sp2 representou 80 espécimes, cerca de 42,33% dos ácaros associados a este coleóptero. Seu maior pico de abundância foi no outono com cerca 86,30%. Apenas sete ácaros do gênero

Uroboovella foram registrados, significando apenas 3,70% dos ácaros asociados as três

espécies de histerídeos. Sua maior abundância foi na primavera com 85,80%. No outono e verão não foram registradas a presença de ácaros deste gênero.

4.3.2. Carcinops troglodytes

Foram coletados 528 espécimes deste coleóptero nas quatro estações e foram retirados 276 ácaros de três diferentes espécimes deste coleóptero, totalizando 44,59% dos ácaros encontrados.

Tabela 5 - Abundância relativa das espécies de ácaros associados a C. troglodites (Histeridae), nas estações do ano de 2002, no esterco de granja de aves poedeiras no Município de São João da Boa Vista – São Paulo.

Espécies de ácaros Estações Sp1 % Sp2 % Urob % Primavera 0 0,00 47 17,60 7 87,50 Verão 1 25,00 69 26,30 0 0,00 Outono 3 75,00 37 13,77 0 0,00 Inverno 0 0,00 111 42,33 1 12,50 Total 4 100,00 264 100,00 8 100,00 % dos ácaros 1,45 - 95,65 - 2,90 100,00

Sp1: Gamasellodes sp1; Sp2: Gamasellodes sp2; Urob: Urobovella sp(Uropodidae).

Apenas quatro ácaros da Sp1 foram registrados, correspondendo a 1,45% dos ácaros deste coleóptero. Em compensação, os indivíduos da Sp2 representaram 95,65% dos ácaros

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deste besouro com 264 indivíduos, sendo mais abundante no inverno com 42,33% em relação às outras estações.

A abundância dos indivíduos do gênero Uroboovella foi muito baixa, com apenas oito ácaros, cerca de 2,90% do total de ácaros associados a este coleóptero. Os ácaros deste gênero foram mais abundantes na primavera, com 87,50% (Tabela 5).

4.3.3. Hololepta quadridentata

Esta foi a espécie de coleóptero menos abundante, com apenas 29 espécimes, foram retirados 154 ácaros totalizando 24,88% de todos os ácaros encontrados.

A Sp1 apareceu com 153 indivíduos, cerca de 99,35% dos ácaros deste coleóptero. Não foi registrada a presença da Sp2 neste coleóptero e a espécie do gênero

Uroboovela apresentou apenas um ácaro (0,65%) (Tabela 6).

Tabela 6 - Abundância relativa das espécies de ácaros associados a H.quadridentata (Histeridae), nas estações do ano de 2002, no esterco de granja de aves poedeiras no

Município de São João da Boa Vista – São Paulo.

Espécies de ácaros Estações Sp1 % Sp2 % Urob % Primavera 0 0,00 0 0,00 0 0,00 Verão 6 3,92 0 0,00 0 0,00 Outono 147 96,08 0 0,00 1 100,00 Inverno 0 0,00 0 0,00 0 0,00 Total 153 100,00 0 0,00 1 0,00 % dos ácaros 99,35 - 0 - 0,65 100,00

Sp1: Gamasellodes sp1; Sp2: Gamasellodes sp2; Urob: Urobovella sp(Uropodidae).

As figuras a seguir indicam a porcentagem dos coleópteros e das espécies de ácaros associadas nas estações do ano.

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Figura 1 - Abundância relativa do coleóptero Carcinops troglodites e das espécies de ácaros a ele associadas nas estações do ano.

0 2 0 4 0 6 0 8 0 1 0 0 C a r c in o p s S p 1 S p 2 U r o o b o v e la % p rim a v e ra v e rã o o u to n o in v e rn o

Figura 2 - Abundância relativa do coleóptero Euspilotus modestus e das espécies de ácaros a ele associadas nas estações do ano.

0 2 0 4 0 6 0 8 0 1 0 0 E u s p ilo tu s S p 1 S p 2 U r o o b o v e la % p rim a v e ra v e rã o o u to n o in v e rn o

Figura 3 - Abundância relativa do coleóptero Hololepta quadridentata e das espécies de ácaros a ele associadas nas estações do ano.

0 1 0 2 0 3 0 4 0 5 0 6 0 7 0 8 0 9 0 1 0 0 H o l o l e p t a S p 1 S p 2 U r o o b o v e l a % p r im a v e r a v e r ã o o u t o n o i n v e r n o

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4.4. Índices da fauna acarina associada a coleópteros nas estações do ano.

A Tabela 7 mostra os valores dos índicesutilizados. A maior diversidade e uniformidade das espécies de ácaros encontrados ocorreram na primavera e outono respectivamente. Já a maior dominância foi no inverno, bem como a menor diversidade e uniformidade.

Tabela 7 - Índices de diversidade das espécies de ácaros associadas à coleópteros da família Histeridae no esterco, nas estações do ano de 2002 em granja de aves poedeiras, no município de São João da Boa Vista, São Paulo.

Índices Estações H' λ EHill Primavera 0,96 0,40 0,93 Verão 0,55 0,62 0,83 Outono 0,67 0,52 0,96 Inverno 0,16 0,93 0,43

H': índice de diversidade de Shannon-Weaver); λ: Índice de dominância de Simpson; EHill: índice de

uniformidade de Hill

5. Discussão

Os sistemas de produção animal em confinamento são ambientes artificiais que favorecem o aparecimento da comunidade de artrópodes, devido a oferta de recursos que beneficiam o desenvolvimento desses organismos em acúmulo de esterco. Muitos ácaros encontram condições adequadas de sobrevivência nesses ambientes, como a fartura de alimentos, temperatura e umidade constante; fatores que favorecem o seu aumento populacional.

Os estudos realizados no estado de São Paulo referente a acarofauna de esterco de aves poedeiras em granjas industriais, registraram a ocorrência das famílias: Macrochelidae, Uropodidae, Sejidae, Parasitidae e Acarididae (AAGESEN, 1988; COSTA, 1989; BRUNO, 1991; SANTOS, 1991; MATTOS, 1992 e RODRIGUEIRO, 2003).

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Nesses trabalhos e também em publicações americanas (LEGNER & OLTON, 1970; AXTELL, 1986; GEDEN & STOFFOLANO, 1987 e AXTELL & ARENDS, 1990) foi citada a associação entre espécies de algumas destas famílias acima com histerídeos freqüentes no esterco das aves. Entretanto, neste trabalho apenas poucos indivíduos do gênero Uroobovella da família Uropodidae, foram encontrados associados aos histerídeos. Ácaros deste gênero foram registrados nos estudos de SANTOS (1991) e RODRIGUEIRO (2003), estando distribuídos em alguns municípios de São Paulo.

Considerando-se que a acarofauna do município de São João da Boa Vista não foi estudada anteriormente, foram novos os registros das duas espécies de ácaros do gênero

Gamasellodes (família Ascidae) e de Uroobovella sp. (família Uropodidae) para a

localidade.

Ressalta-se que nas publicações referentes à acarofauna de esterco de aves poedeiras no estado de São Paulo, não houve registros da família Ascidae.

Os ácaros desta família pertencem a subordem Gamasida e a ordem Parasitiformes. A grande maioria das espécies tem hábito terrestre, mas também são encontrados em ambientes aquáticos. Segundo HALLIDAY et al., 1998, a família Ascidae apresenta cerca de 33 gêneros, com ampla distribuição. Trata-se de um grupo diversificado que vem se adaptando a um grande espectro de habitats, sendo encontrados em quase todos os continentes, exceto na Antártica.

Muitas espécies de ácaros da família Ascidae apresentam potencial para controle biológico de pragas, sendo citadas como predadoras de outros ácaros, outros artrópodes e também de nematóides (WALTER, 1988 e CROSSLEY JR, et al., 1992). Outras vivem em produtos armazenados (LINDQUIST & EVANS, 1965), algumas são foréticas em mariposas e alimentam-se de ovos e larvas desses insetos (TREAT, 1975), enquanto outras são encontradas em coleópteros e ortópteros. Até o momento não foi registrada relação de parasitismo entre esses besouros (LINDQUIST, 1962).

A abundância dos histerídeos no esterco pode estar relacionada com a abundância das espécies de ácaros, pois se sugere que os ácaros possam apresentar uma certa especificidade por uma determinada espécie de coleóptero.

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O resultado da variação na freqüência e ocorrência das espécies nas estações relaciona-se com as oportunidades no ambiente. Segundo RICKLEFS (1996) algumas espécies conseguem se manter no habitat com poucos indivíduos, como as espécies raras. Outras atingem grande abundância tornando-se dominantes, mediante a variação de recursos ofertados para as populações e a influência nas interações.

O coleóptero E. modestus esteve presente em todas as estações do ano, com pico no outono. C. troglodytes foi mais abundante que os outros coleópteros. Esteve presente em todas as estações, com maior pico no inverno. O H. quadridentata foi o coleóptero menos abundante. Não apareceu na primavera e seu maior pico foi no outono.

Estes resultados condizem com os dados obtidos por BRUNO (1991), em estudos feitos em granjas de 16 municípios do estado de São Paulo. Das três espécies de coleópteros da família Histeridae citados acima, C. troglodytes foi o coleóptero mais abundante, E.

modestus ficou em segundo lugar em termos de abundância e H. quadridentata o menos

abundante.

AAGESEN (1988), relata que C. troglodytes foi o coleóptero mais abundante em esterco de aves poedeiras no Município de Bastos-SP.

GIANIZELLA & PRADO (1998), constataram a presença dos coleópteros E. modestus e C.

troglodytes durante o ano inteiro na granja Capuavinha, Monte Mor - SP, sendo eles os

histerídeos mais abundantes e dominantes onde verificamos 100% em três métodos diferentes de coleta.

A Sp1 do gênero Gamasellodes oscilou bastante nas estações, caindo relativamente no inverno e aumentando no outono. A Sp2 do gênero Gamasellodes manteve um pico crescente de ácaros, aumentando relativamente no inverno, estação em que a Sp1 foi muito baixa. Este fato pode estar relacionado com a abundância dos coleópteros, já que E.

modestus e H. quadridentata apresentaram baixo número de espécimes no inverno e C. troglodytes foi mais abundante em todas as estações.

Sugere-se que as espécies de ácaros possam apresentar uma certa preferência por uma ou mais espécie de coleópteros, levando-se em conta que a Sp1 do gênero

Gamasellodes parece estar mais associada com os coleópteros E. modestus (53,97%) e ao H. quadridentata (99,35%). Enquanto que no C. troglodytes apresentou apenas 1,45% dos

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ácaros. Já a Sp2 estaria mais associada ao C. troglodytes (95,65%), sendo muito baixa a porcentagem das outras duas espécies.

Na primavera ocorreu a maior diversidade de espécies, foi observado que o número de indivíduos por espécie foi uniforme, e todas as espécies encontradas estiveram presentes, apesar do número de indivíduos totais da amostra ser bem menor que no outono, justificando assim a maior diversidade. De acordo com ODUM (1975), em situação de alta diversidade, a média da uniformidade deve estar em torno de 80%.

O outono foi à estação com maior número de indivíduos, sendo que as espécies se distribuiram uniformemente, acarretando maior índice de uniformidade.

No inverno, o número de indivíduos por espécie não teve uma distribuição uniforme, devido ao pequeno número de espécimes da Sp1 e Uroobovella, predominando a Sp2, gerando a maior dominância, bem como a menor diversidade e uniformidade.

Estes resultados podem estar relacionados com o fato de que o índice de Simpson (dominância) atribui um peso maior as espécies mais comuns e o índice de Shannon atribui um peso maior as espécies raras, justificando a maior dominância para a Sp2 (ODUM, 1975).

6. Conclusões

1. Verificou-se que C. troglodytes e E. modestus foram as espécies mais abundantes em todas as coletas;

2. Registrou-se pela primeira vez para o Brasil a ocorrência de ácaros da Família Ascidae associada a histerídeos em granjas de aves poedeiras;

3. Constatou-se a ocorrência de pouco indivíduos do gênero Uroobovella (Fam. Uroopodidae), associados aos histerídeos, apesar de espécies deste gênero estarem entre as espécies de ácaros de esterco mais abundantes em granjas de outros Municípios do Estado.

4. A maior abundância de Gamasellodes sp1 em E. modestus e H. quadridentata, indicam que há uma preferência dessa espécie de ácaro por estes coleópteros;

5. A primavera foi a estação do ano onde ocorreu maior diversidade de ácaros associados aos histerídeos.

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7. Referências Bibliográficas

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CAPÍTULO II

Ocorrência de forésia nas infrapopulações e infracomunidades da

acarofauna associada aos histerídeos presentes em esterco de aves

poedeiras.

1. Resumo

A forésia pode ser um meio efetivo para animais pequenos e pouco móveis como a maioria dos ácaros de colonizarem microhabitats específicos com grande probabilidade de obterem sucesso. No entanto, existem algumas particularidades tais como a procura, fixação e abandono de seu foronte, que garantem o sucesso da dispersão desses animais. Cada indivíduo de uma mesma espécie associado a um hospedeiro individual, constitui uma infrapopulação e o conjunto destas, forma uma infracomunidade. No presente trabalho pretendeu-se analisar o fenômeno de forésia através do estudo da diversidade e das infrapopulações e infracomunidades da acarofauna associada aos histerídeos presentes no esterco de aves poedeiras. Registrou-se pela primeira vez a ocorrência de ácaros da Família Ascidae associada a histerídeos em granjas. Euspilotus modestus apresentou maior número de infrapopulações e o único que apresentou infracomunidade, ou seja, a Sp1 e Sp2 estiveram presentes simultaneamente. A maior prevalência ocorreu entre a associação entre Sp1 e Hololepta quadridentata (70%). Neste estudo, os ácaros apresentaram distribuição agregada. Os dados obtidos sobre as espécies da família Ascidae sugerem que pode estar ocorrendo um processo de seleção dos forontes no esterco das aves.

2. Introdução

Alguns predadores desempenham um papel importante na regulação das populações de dípteros em acúmulo de esterco de galinhas poedeiras. Coleópteros da família Histeridae são comumente encontrados em grande abundância nesses substratos.

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Eles desempenham importante papel na regulação das populações de dípteros, no esterco, pois são grandes predadores de ovos e larvas de moscas (BRUNO, 1991; GIANIZELLA & PRADO, 1998 e GIANIZELLA, 2000).

São também encontrados associados a esses histerídeos, ácaros das famílias Macrochelidae, Uropodidae e Parasitidae. Estes ácaros são importantes agentes biológicos na redução da população de moscas (AXTELL & ARENDS, 1990). Os macroquelídeos mantém relações foréticas (BINNS, 1982 e HUNTER & ROSÁRIO, 1988), utilizando como meio de dispersão (forontes), moscas (AXTELL, 1964) e besouros coprofílicos (fimícolas) (KRANTZ & MELLOT, 1972), além de pequenos mamíferos (KRANTZ & WHITAKER, 1988).

Várias espécies de artrópodes costumam associar-se a outros para obter algum tipo de benefício. Ninfas e adultos de muitas espécies de ácaros de vida livre utilizam-se de insetos e outros artrópodes para dispersar-se. Esta associação é chamada forésia. (FARISH & AXTELL, 1971; FLECHTMANN, 1975; BINNS 1982 e KALISZEWSKI et al. 1995). O conceito de forésia foi introduzido na literatura científica antes do século XIX. Este fenômeno foi redefinido posteriormente por FARISH & AXTELL (1971).

Segundo FARISH & AXTELL (1971), a associação forética ou forésia, consiste em que um dos estádios do desenvolvimento de um animal se fixa ativamente à superfície do corpo de outro animal, sendo transportado por tempo limitado. Durante este tempo o animal transportado (forético) cessa tanto sua alimentação, como seu desenvolvimento. As atividades começam novamente após a separação dos indivíduos, induzida por estímulos oriundos do seu transportador sobre o lugar de chegada (ATHIAS-BINCHE, 1991 e HOUCK & OCONNOR, 1991).

Cada indivíduo de uma mesma espécie associado a um hospedeiro individual, constitui uma infrapopulação e o conjunto destas, forma uma infracomunidade (MARGOLIS et al. 1982; BUSH et al. 1997). Segundo ATHIAS-BINCHE, (1994), a forésia pertence ao processo geral da simbiose, mas talvez como uma pré-adaptação ao parasitismo.

A forésia pode ser um meio efetivo para animais pequenos e pouco móveis como a maioria dos ácaros, colonizarem microhabitats específicos com grande probabilidade de

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sucesso. Ela faz, portanto uma dinâmica colonizadora em favorecimento a disseminação da espécie, conquista do espaço e a procura de novos recursos (ATHIAS-BINCHE, 1994).

No presente trabalho pretendemos analisar o fenômeno de forésia através do estudo da diversidade e das infrapopulações e infracomunidades da acarofauna associada aos histerídeos presentes no esterco de aves poedeiras.

3. Material e Métodos

3.1. Descrição e localização da Granja

O estudo foi realizado a partir de amostras de esterco de aves poedeiras coletadas na granja Crisdan, no Município de São João da Boa Vista, SP. A granja fica a 7 Km de São João da Boa Vista (22º 01. 824’ S, 46º 48. 488’ W), altitude de 763 metros, considerada de pequeno porte, podendo alojar 25.000 galinhas em fase de postura, das linhagens “Hy Line” e “Hy line brown”.

No total, a granja é constituída de duas instalações. Uma de quatro galpões de 85 m de comprimento por 3,20 m de largura cada um e outra também de 04 galpões menores com 50 m por 8 m cada um. Nestes últimos foram realizadas as coletas.

Em cada construção estão dispostos três conjuntos de gaiolas, separadas por dois corredores de 0,5 m de largura feitos de concreto. As fileiras das gaiolas estão distribuídas em degrau, ou seja, uma fileira mais interna a 0,5 m do chão, e uma mais externa a 1 m do chão (tipo “narrow house”). As gaiolas variam de tamanho podendo abrigar de duas a quatro galinhas. Em cada fileira há um cocho de PVC onde se deposita a ração, e a água é distribuída através de um encanamento. Sob as gaiolas, o chão é de terra onde as fezes se acumulam.

A iluminação é feita com lâmpadas de 60 W, distribuídas a cada 2 metros, por toda a extensão dos galpões. À distância entre os galpões é de 5,4 m e neste intervalo crescem gramíneas e outras pequenas plantas herbáceas invasoras. Ao redor da granja faz-se cultura agrícola e durante o período analisado, a predominância foi plantação de café.

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Foram realizadas nove coletas entre 17/01/2001 até 27/12/2001. Para amostragem dos espécimes a forma de coleta utilizada foi armadilha de solo (SUMMERLIN, 1984).

Estas armadilhas foram utilizadas visando a obtenção de histerídeos adultos. Tal método consiste na utilização de frascos de plásticos 9,0 cm de altura por 8,0 cm de diâmetro que foram enterrados nos cones de fezes sob as gaiolas, ao longo de três corredores, junto ao esterco acumulado. A distribuição foi feita segundo KREBS (1985), pelo método de “amostragem sistemática”, que consiste delimitar uma área de amostragem em quadrados contíguos de medida conhecida, e distribui as armadilhas no centro dos quadrados.

Em cada armadilha foram utilizados 200 ml de um líquido fixador constituído pela seguinte mistura: 80% água; 5% glicerina; 5% álcool a 70%; 5% de formol e 5% de detergente para que os espécimes não sofressem alteração.

Foi escolhida aleatoriamente uma das duas construções para a colocação das armadilhas. As fileiras foram identificadas como A, B e C respectivamente e divididas em dez quadrados de 4 metros cada. Para cada fileira foram sorteados cinco quadrados para colocação das armadilhas, totalizando 15 armadilhas. Cada armadilha foi numerada de acordo com a fileira; por exemplo: Armadilha A1, A2, A3, A4 e A5 para a fileira A; procedimento análogo para as fileiras B e C.

A cada coleta as armadilhas foram retiradas e substituídas por outras contendo nova quantidade de fixador.

3.2. Análises Qualitativa e Quantitativa

As amostras de esterco foram analisadas no Laboratório de Entomologia do Departamento de Parasitologia do Instituto de Biologia da Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP.

Foi feita uma triagem do material, selecionando os histerídeos presentes na amostra, separados posteriormente por espécie e colocados em placa de Petri com álcool 70, para serem examinados ao microscópio estereoscópico, onde foi realizada a retirada e contagem dos ácaros, bem como a contagem dos indivíduos de cada espécie presentes na amostra.

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