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Análise de adesão às campanhas de doação de sangue através do Strategic Options and Development Analysis (SODA): estudo de caso da escola de engenharia da UFF

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Academic year: 2021

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DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO

ANÁLISE DE ADESÃO ÀS CAMPANHAS DE DOAÇÃO DE SANGUE ATRAVÉS DO STRATEGIC OPTIONS AND DEVELOPMENT ANALYSIS (SODA): ESTUDO DE CASO DA ESCOLA DE ENGENHARIA DA UFF AUTOR: LUCAS LIMA DA ROCHA E SILVA ORIENTADORA: PROF. NÍSSIA CARVALHO ROSA BERGIANTE

NITERÓI Agosto de 2020

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ANÁLISE DE ADESÃO ÀS CAMPANHAS DE DOAÇÃO DE SANGUE ATRAVÉS DO STRATEGIC OPTIONS AND DEVELOPMENT ANALYSIS (SODA): ESTUDO

DE CASO DA ESCOLA DE ENGENHARIA DA UFF

Projeto Final apresentado ao curso Engenharia de Produção da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para aquisição do Grau de Bacharel em Engenharia de Produção.

ORIENTADOR: NÍSSIA CARVALHO ROSA BERGIANTE, DsC

Niterói 2020

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LUCAS LIMA DA ROCHA E SILVA

ANÁLISE DE ADESÃO ÀS CAMPANHAS DE DOAÇÃO DE SANGUE

ATRAVÉS DO STRATEGIC OPTIONS AND DEVELOPMENT ANALYSIS (SODA): ESTUDO DE CASO DA ESCOLA DE ENGENHARIA DA UFF

Projeto Final apresentado ao curso Engenharia de Produção da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para aquisição do Grau de Bacharel em Engenharia de Produção.

Aprovado em 24 de Agosto de 2020.

BANCA EXAMINADORA

Prof. Níssia Carvalho Rosa Bergiante, D.Sc. – Orientador Universidade Federal Fluminense

Prof. Fernando Oliveira Araujo, D.Sc. Universidade Federal Fluminense

Prof. Ruben Huamanchumo Gutierrez, D.Sc. Universidade Federal Fluminense

NITERÓI 2020

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente quero agradecer aos meus pais, que sempre fizeram de tudo para que eu tivesse a oportunidade de correr atrás dos meus sonhos. Durante todos esses anos de graduação meus pais estiveram comigo, me apoiando nas minhas decisões e caminhando ao meu lado em todas as dificuldades e realizações. Devo todas essas conquistas a esse apoio e amor incondicional. Além disso, gostaria de agradecer aos meus irmãos e a toda minha familía, que também acompanharam de perto esse caminho e contribuíram diretamente para meu crescimento.

Em segundo lugar, gostaria de agradecer a todo o corpo docente do Departamento de Engenharia de Produção, em especial à minha orientadora Níssia Carvalho Rosa Bergiante, por toda a paciência, atenção e incentivo para que esse trabalho pudesse ser entregue, e principalmente por sempre acreditar no meu potencial.

Quero agradecer também a todos os meus amigos que acompanharam direta ou indiretamente a minha trajetória dentro da UFF. Com certeza o apoio e incentivo de cada um foi fundamental para que eu chegasse até aqui.

E por fim, gostaria de agradecer à Empresa Júnior Meta Consultoria, por todas as experiências inesquecíveis que me proporcionou, por todas as pessoas incríveis que me apresentou e por todas as portas que ajudou a abrir na minha vida pessoal e profissional.

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RESUMO

A doação de sangue é um tema de saúde pública de grande relevância, sendo responsável por contribuir para salvar milhares de vidas todos os anos. Porém, o Brasil, assim como grande parte dos países em desenvolvimento, não apresenta um sistema autossuficiente, visto que ainda uma parte considerável das doações de sangue não são doações voluntárias, e sim doações de reposição. Então, é fundamental que se entenda quais são os principais fatores que impactam na decisão de voluntariamente doar sangue. Nesse aspecto, instituições de ensino como universidades públicas são ambientes de grande importância para desenvolver a responsabilidade social. Por isso, esse trabalho tem como intuito entender quais são os principais fatores que impactam na decisão dos servidores do Departamento de Engenharia de Produção da Universidade Federal Fluminense (UFF) de participarem das campanhas de doação de sangue que ocorrem dentro do campus da Praia Vermelha, em Niterói. Para isso, foi realizada uma abordagem prática de um Método de Estruturação de Problemas (MEP): Strategic Options Development and Analysis (SODA). A partir da aplicação do método foi possível construir um mapa cognitivo que reunia a perspectiva dos stakeholders entrevistados sobre o problema. E ao analisar esse mapa, foram identificados seis temas principais, definidos como clusters, sendo eles: Direitos e Benefícios, Estratégias de Divulgação, Participação Órgãos da UFF, Motivação Coletiva, Higiene e Segurança e Características da Campanha. A partir da análise individual desses clusters e do modo com que esses se relacionam, e também a partir da análise quantitativa de priorização, foram definidos os pontos de maior relevância dentro do problema em análise. Esses pontos estão diretamente relacionados com os temas de Estratégias de Divulgação e de Participação de Órgãos da UFF. Por fim, identificados esses pontos mais centrais, foram elaboradas algumas propostas de melhoria baseadas nas causas diretas e indiretas desses pontos, buscando assim soluções que criem impacto em todo o sistema.

Palavras-chave: Doação de Sangue, Strategic Options and Development Analysis, SODA, Problem Structuring Methods, PSM, Métodos de Estruturação de Problemas, MEP, Universidade Federal Fluminense

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ABSTRACT

Blood donation is a public health issue of great relevance, being responsible for contributing to save thousands of lives every year. However, Brazil, like most developing countries, does not have a self-sufficient system, since still a considerable part of blood donations are not voluntary donations, but replacement donations. So, it is essential to understand what are the main factors that impact the decision to voluntarily donate blood. In this regard, educational institutions such as public universities are environments of great importance to develop social responsibility. Therefore, this work aims to understand what are the main factors that impact the decision of the employees of the Production Engineering Department of the Universidade Federal Fluminense (UFF) to participate in the blood donation campaigns that take place within the Praia Vermelha campus, in Niterói. For this, a practical approach to a Problem Structuring Method (PSM) was carried out: Strategic Options Development and Analysis (SODA). From the application of the method it was possible to build a cognitive map that brought together the perspective of the stakeholders interviewed about the problem. And when analyzing this map, six main themes were identified, defined as clusters, namely: “Rights and Benefits”, “Disclosure Strategies”, “Participation by UFF’s Bodies”, “Collective Motivation”, “Health and Safety” and “Campaign Characteristics”. From the individual analysis of these clusters and the way in which they relate, and also from the quantitative prioritization analysis, the most relevant points were defined within the problem under analysis. These points are directly related to the themes of Disclosure Strategies and Participation by UFF’s bodies. Finally, once these most central points were identified, some improvement proposals were developed based on the direct and indirect causes of these points, thus seeking solutions that create an impact on the entire system

Keywords: Blood Donation, Strategic Options and Development Analysis, SODA, Problem Structuring Methods, PSM, Universidade Federal Fluminense

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Resultados das campanhas realizadas na UFF ... 36

Tabela 2 - Análise de relevância dos clusters ... 52

Tabela 3 - Priorização dos constructos cluster "Participação Órgãos da UFF" ... 56

Tabela 4 - Priorização dos constructos cluster "Estratégias de Divulgação" ... 56

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Exemplo mapa SODA ... 23

Figura 2 - Fluxo do Trabalho ... 27

Figura 3 - Material de Divulgação Campanha de doação de sangue na UFF ... 29

Figura 4 - Questionário entrevistas da Campanha de doação de sangue na UFF ... 30

Figura 5 - Questionário base para entrevistas ... 32

Figura 6 - Mapa Individual (Entrevistada 01) ... 37

Figura 7 - Mapa Individual (Entrevistado 02) ... 38

Figura 8 - Mapa Individual (Entrevistado 03) ... 39

Figura 9 - Mapa Individual (Entrevistada 04) ... 40

Figura 10 - Mapa Consolidado ... 42

Figura 11 - Cluster "Direitos e Benefícios" ... 44

Figura 12 - Cluster "Estratégias de Divulgação" ... 45

Figura 13 - Cluster "Higiene e Segurança" ... 47

Figura 14 - Cluster "Motivação Coletiva" ... 48

Figura 15 - Cluster "Características da Campanha" ... 49

Figura 16 - Cluster "Participação Órgãos da UFF" ... 50

Figura 17 - Rede de Interação entre os clusters... 51

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ... 10

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO ...10

1.2 FORMULAÇÃO DA SITUAÇÃO PROBLEMA ...13

1.3 OBJETIVO DA PESQUISA ...14

1.4 QUESTÕES DA PESQUISA ...14

1.5 DELIMITAÇÕES DO ESTUDO ...15

1.6 IMPORTÂNCIA DO ESTUDO (OU JUSTIFICATIVA) ...15

1.7 ORGANIZAÇÃO DO ESTUDO ...15

2 REVISÃO DE LITERATURA ... 17

2.1 DOAÇÃODESANGUENOBRASIL ...17

2.2 MÉTODOSDEESTRUTURAÇÃODEPROBLEMAS ...19

2.2.1 SOFT SYSTEM METHODOLOGY (SSM) 20 2.2.2 STRATEGIC CHOICE APPROACH (SCA) 21 2.2.3 STRATEGIC OPTIONS DEVELOPMENT AND ANALYSIS (SODA) 22 3 METODOLOGIA DA PESQUISA ... 27

3.1 ESTRUTURA DO TRABALHO ...27

3.2 DESCRIÇÃO DO MÉTODO ...27

4 ESTUDO DE CASO / APLICAÇÃO DO MÉTODO ... 35

4.1 DESCRIÇÃODAESCOLADEENGENHARIAUFF ...35

4.2 DESCRIÇÃODOPROBLEMA ...36

4.3 RESULTADOSDASENTREVISTAS ...37

4.4 ANÁLISEDOSRESULTADOS ...41

4.4.1 ANÁLISE POR CLUSTERS 43 4.4.2 ANÁLISE DA INTERRELAÇÃO DOS CLUSTERS 51 4.4.3 ANÁLISE DOS CONSTRUCTOS CENTRAIS 54 5 CONCLUSÃO ... 61

5.1 CONSIDERAÇÕESFINAIS ...61

5.2 DISCUSSÃOSOBREASQUESTÓESDAPESQUISA ...62

5.3 SUGESTÃODETRABALHOSFUTUROS ...62

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1 INTRODUÇÃO

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO

De acordo com o Mínistério da Saúde, o processo de doação de sangue consiste em coletar até 450ml de sangue de um doador voluntário que atenda a determinados requisitos relacionados a idade, peso, estado de saúde. Esse sangue então, após triagem loboratorial e armazenamento em um banco de sangue ou hemocentro, será utilizado em procedimentos que exijam transfusões de sangue.

A evolução da hemoterapia pode ser dividida em dois períodos históricos, sendo eles o período empírico (ou pré-científico) que decorre até a descoberta dos grupos sanguíneos por Karl Landsteiner em 1900 e o período científico, que se inicia em diante à estes estudos (JUNQUEIRA; ROSEMBLIT; HAMERSCHLAK, 2005).

Os primeiros experimentos de transfusão sanguínea entre animais, realizados por Richard Lower (1631-1703), datam de 1666, em Oxford, Inglaterra. Enquanto o reconhecimento de primeira transfusão de sangue entre humanos é atribuído a James Blundell, em 1818. Obstetra no Guy’s and St. Thomas’ Hospital em Londres, Blundell tratou mulheres com hemorragia pós-parto. Nesse intervalo de cerca de 150 anos entre os dois marcos é possível acompanhar o passo a passo da evolução das transfusões desde as realizadas entre animais, passando pelas transfusões de animais para humanos e até o início da era moderna da medicina transfusional com o experimento de Blundell em 1818 (GIANGRANDE, 2000).

Um grande marco da história da hemoterapia merece ênfase: o estudo de Karl Landsteiner (1868-1943), que segundo Volk e Wellmann (2003) foi quem construiu as bases para a medicina transfusional moderna. De acordo com Giangrande (2000), os experimentos de Karl Landsteiner, na época assistente no Pathological-Anatomical Institute em Viena, para determinar se existiam diferenças no sangue de dois humanos foi inspirado por um trabalho que analisava mistura de sangue de animais de diferentes espécies. Com isso, é importante destacar que as diferenças de compatibilidade entre sangues de diferentes espécies foram reconhecidas antes das diferenças entre indivíduos da mesma espécie (GIANGRANDE, 2000).

Landsteiner classificou três grupos sanguíneos diferentes dadas suas propriedades de aglutinação, sendo eles A, B e O, a partir de testes cruzados com amostras de sangue dele mesmo e de outros cinco cientistas. O quarto grupo (AB) foi

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descoberto no ano seguinte por Sturli, pupílo de Landsteiner, e por von Decastelo (VOLK; WELLMANN, 2003).

No contexto brasileiro, o primeiro estudo acadêmico sobre Hemoterapia data de 1879 com a apresentação de uma tese de doutorado na Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. Seguindo a mesma lógica de desenvolvimento que ocorria nos demais países, no Brasil as primeiras décadas do período científico da Hemoterapia (a partir de 1900) foram de grande evolução na área. Alguns marcos deste período foram o surgimento, a partir da década de 20, de organizações simples de serviços especializados em transfusão, as criações de Bancos de Sangue no início na década de 40, a fundação da Sociedade Brasileira de Hematologia e Hemoterapia (SBHH) em 1950 e a criação do Instituto de Hematologia em 1956 (JUNQUEIRA; ROSEMBLIT; HAMERSCHLAK, 2005).

Apesar da evolução observada, até 1979 o país ainda não havia estabelecido fortes políticas públicas de doação de sangue e da fiscalização dos processos de transfusão. Um fator crítico observado era a falta de prioridade com o estado de saúde dos doadores. Alguns bancos de sangue incentivavam a doação de sangue por indivíduos mais pobres, mesmo que suas condições físicas e/ou nutricionais não fossem as adequadas. Inconformado com essa realidade, em 1980, o então presidente da SBHH, Celso Carlos de Campos Guerra estimulou uma campanha no país promovendo a doação voluntária, com o apoio da comunidade médica e de diversos órgãos, levando assim a extinção da doação remunerada de sangue. Mesmo com o fato de 80% das doações de sangue realizadas no país serem remuneradas, a extinção não gerou desabastecimento (JUNQUEIRA; ROSEMBLIT; HAMERSCHLAK, 2005).

Esse contexto gera impactos nos dados brasileiros mais atuais. Em 2017, de acordo com a Agência Brasil, 3,3 milhões de pessoas doaram sangue, o que correspondia a cerca de 1,6% da população do país na época, taxa dentro dos parâmetros da Organização Mundial de Saúde (OMS) que é de pelo menos 1%, mas abaixo das recomendações das Organizações das Nações Unidas (ONU) de 3% a 5% da população doadora. Esses números comportam dois perfis de doadores: aqueles que doam sob demanda, isto é, doam por uma necessidade específica, os chamados doadores de reposição (exemplo: um parente doente no hospital precisa receber doações e a família comparece a doar) e aqueles que doam de forma frequente, sem um destinatório em particular, os denominados doadores voluntários. A OMS

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recomenda que 100% das doações sejam voluntárias, para garantir a autosuficiência do sistema de saúde. Porém, de acordo com a Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), em 2015, 44,1% das doações realizadas na América Latina foram voluntárias. No Brasil, os dados que se tem notícia datam de 2012-2013, em que de acordo com reportagem da BBC, um estudo da OPAS sinaliza que o percentual de doações voltuntárias estava em 59,52%, o que muito dista do recomendado.

Por conta das medidas de isolamento social adotadas devido à pandemia do Covid-19, indicadores de estoques de sangue sofreram com quedas consideráveis em todo o país. Segundo reportagem do G1 do dia 11 de maio de 2020, a Fundação Hemominas apresentava estoques dos tipos sanguíneos com fator Rh negativo e o tipo O positivo 40% abaixo do valor ideal. De acordo com a Secretaria de Saúde do Estado da Bahia, entre os dias 13 e 24 do mês de março, a Fundação Hemoba registrou uma queda de 48,8% no número de doadores quando comparada ao mesmo período do mês anterior, o que resultou numa situação de estoque crítico para quase todos os tipos de sangue com fator Rh negativo. Além disso, de acordo com reportagem do Estadão, em São Paulo, também em março, observou-se uma queda de 30% nas doações de sangue.

Para garantir a segurança dos doadores durante a pandemia, a ANVISA e o Ministério da Saúde emitiram Notas Técnicas que atualizavam os critérios técnicos para a triagem dos candidatos a doação de sangue durante o período de pandemia do novo coronavírus. Alguns desses critérios são: aqueles que estiveram em países com transmissão local e casos confirmados ficam inaptos a doar por 14 dias, assim como aqueles que tiveram contato com algum indivíduo com diagnóstico clínico ou laboratorial do novo coronavírus. Já aqueles que tiveram diagnóstico clínico ou laboratorial se tornam inaptos a doar sangue pelos 30 dias após a recuperação total da doença. Também foram elaboradas diversas orientações a serem seguidas pelos centros de serviço de hemoterapia do país. Algumas dessas recomendações são o agendamento de doações e o afastamento físico dos doadores para evitar aglomerações, o reforço nos protocolos de higiene e a organização de campanhas de conscientização para a manutenção dos estoques de sangue.

Além disso, em maio de 2020, a maioria (7x4) do Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) julgou como procedente a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) ajuizada (ainda em 2016) pelo Partido Socialista Brasileiro (PSB) que declarava a inconstitucionalidade das normas que proibiam a doação de sangue por “homens que

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tiveram relações sexuais com outros homens e/ou as parceiras sexuais destes nos 12 meses antecedentes". De acordo com reportagens do G1, a ANVISA só publicou a revogação do trecho em oito de julho de 2020 no “Diário Oficial da União”. Também de acordo com o G1, em junho de 2020, entidades LGBT+ entraram com ações de reclamação ao STF pelo descumprimento da decisão por parte da ANVISA, que nega o descumprimento.

1.2 FORMULAÇÃO DA SITUAÇÃO PROBLEMA

Segundo o Ministério da Saúde, a coleta de sangue é essencial para a realização de transfusões em situações como tratamentos de doenças crônicas e doenças oncológicas, cirurgias de grande porte e atendimentos de urgência. De acordo com (FREITAS, 2011), a resposta para que essas pessoas sejam atendidas quando necessário, ou seja, para que o estoque de sangue esteja regulado, é o foco na doação voluntária regular.

Estudos apontam que são diversas as variáveis que influenciam na decisão dos cidadãos de serem, ou não, doadores de sangue. Com relação a conscientização, foram testadas algumas variáveis atitudinais divididas em aspectos relacionados a confiança que o indivíduo tem da unidade hemoterápica e a medos de modo geral que são associados à doação de sangue, principalmente medo de doenças (LUDWIG; RODRIGUES, 2005). Outras motivações também podem ser pontuadas, como altruísmo/humanitarismo, programas de garantia ou pré-deposíto, reposição, pressão social, necessidades da comunidade, recompensa e publicidade (LUDWIG; RODRIGUES, 2005).

Reportagem da BBC de 2015 aponta a falta de conscientização como um dos principais pontos críticos para o contexto brasileiro de doação de sangue, destacando pessoas que optam pela doação com o intuito de obter vantagens, como ganhar o dia de folga, o que é previsto por lei. Além disso, outro destaque da reportagem é a deficiência estrutural da hemorrede nacional, o que causa heterogeneidade no padrão de qualidade.

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1.3 OBJETIVO DA PESQUISA

O objetivo deste trabalho é contribuir para a melhoria da efetividade das campanhas de doação de sangue que ocorrem na Escola de Engenharia da Universidade Federal Fluminense (UFF). Para tanto, com a ferramenta de Pesquisa Operacional Soft – o SODA (Strategic Options and Development Analysis) realizará a coleta e análise de dados sobre as campanhas já realizadas a fim de entender a sua estrutura, objetivos e alcance, bem como entrevistas com os stakeholders desse processo para entender os seus mais diferentes pontos de vista. Após esse levantamento, será então proposto um conjunto de ações que aprimore as campanhas no sentido de conscientizar e influenciar a participação dos servidores no processo de doação de sangue.

Objetivos Específicos:

• Levantar os principais resultados e dificuldades das campanhas de doação de sangue;

• Determinar o perfil dos principais doadores, considerando fatores como idade, gênero, escolaridade, orientação sexual, etc.

• Conhecer as principais motivações dos doadores voluntários; • Analisar os principais motivos dos não doadores;

• Realizar entrevistas com os stakeholders chave para entendimento de opiniões distintas sobre essa problemática;

• Construir os mapas SODA de cada entrevista; • Propor melhorias para as campanhas.

1.4 QUESTÕES DA PESQUISA

• Quais são os principais fatores que contribuem para a participação em campanhas de doação de sangue? E quais os fatores que reduzem essa participação?

• Como o Mapa SODA pode ajudar a compreender o atual contexto de campanhas de doação de sangue na Escola de Engenharia da Universidade Federal Fluminense?

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• Quais os pontos de melhoria na estrutura das campanhas de doação de sangue atuais para gerar o aumento do número e frequência de doações voluntárias?

1.5 DELIMITAÇÕES DO ESTUDO

As entrevistas que serão realizadas na aplicação do estudo de caso proposto vão se restringir aos servidore e professores da Escola de Engenharia da Universidade Federal Fluminense de Niterói, principalmente por conta de limitações de tempo e deslocamento.

1.6 IMPORTÂNCIA DO ESTUDO (OU JUSTIFICATIVA)

Academicamente, esse estudo é importante por tratar sobre os Métodos de Estruturação de Problemas, como foco no Strategic Options Development and

Analysis (SODA), ferramenta que será utilizada para desenvolvimento do estudo.

Essas ferramentas podem auxiliar nos processos de tomada de decisão de uma organização. Diferente da abordagem Hard da Pesquisa Operacional, a abordagem

Soft permite uma interpretação que pode ser mais adequada aos sistemas dinâmicos

atuais. A difusão do conhecimento desses métodos é fundamental não apenas para uma possível melhoria na capacidade de gestão organizacional, mas também para contribuir com a melhoria contínua dessas técnicas.

Além disso, conforme o objetivo do trabalho, o intuito é que as conclusões ao final do estudo de caso permitam um melhor entendimento tanto das questões que incentivam a doação de sangue voluntária quanto, principalmente, dos desafios que cercam esse assunto. Desse modo, essas conclusões podem gerar um impacto positivo na sociedade, visto a complexidade do assunto e ao número expressivo de pessoas atingidas com a realização de transfusões de sangue.

1.7 ORGANIZAÇÃO DO ESTUDO

O capítulo 1 se inicia a partir de uma apresentação sobre o problema que será abordado. Desse modo, é retratada a história das transfusões de sangue, explorando a evolução da hemoterapia, à niveis muldial e nacional, desde seu surgimento séculos

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atrás. Também define quais são os objetivos, as questões da pesquisa e a delimitação do projeto.

Posteriormente, no capítulo 2 é apresentada a revisão de literatura, em que inicialmente serão expostos dados das condições atuais das campanhas de doação de sangue no país, evidenciando assim a motivação do desenvolvimento deste trabalho. Além disso, a segunda parte do capítulo trata da abordagem do contexto histórico e da conceituação dos Métodos de Estruturação de Problemas, com foco no método SODA Strategic Options Development and Analysis.

No capítulo 3 será apresentada a metodologia do estudo. Seguida pela sua aplicação, no capítulo 4 e nesse ponto, será aplicado o método SODA, explicado no capítulo anterior, com objetivo de determinar as respostas às questões propostas pela situação problema no início do trabalho. Por fim, no capítulo 5 serão apresentadas as conclusões do estudo de caso proposto.

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2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 DOAÇÃO DE SANGUE NO BRASIL

Segundo o Artigo 2º do Decreto 3029/99, a Hemorrede Nacional é coordenada, à nivel federal, pela Gerência Geral de Sangue, outros tecidos e Órgãos da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) do Ministério da Saúde e nos Estados e Distrito Federal pelo gestor do Sistema Único de Saúde (SUS). Tendo os seguintes Serviços de Hemoterapia compondo a rede: Hemocentro Coordenador (HC), Hemocentro Regional (HR), Núcleo de Hemoterapia (NH), Unidade de Coleta e Transfusão (UCT), Unidade de Coleta (UC), Central de Triagem Laboratorial de Doadores (CLTD) e Agência Transfusional (AT). De acordo com o Ministério da Saúde, em 2018, a rede contava com 32 Hemocentros Coordenadores e 2034 unidades dos outros Serviços de Hemoterapia.

Segundo Ministério da Saúde, em 2018 o governo federal realizou um investimento de 1,3 bilhão de reais com intuito de modernizar as unidades e qualificar os profissionais e processos de produção da rede, assim como fornecer medicamentos de alto custo à pacientes portadores de doenças hematológicas.

Segundo Ministério da Saúde, o processo que o sangue coletado percorre desde o doador até quem é beneficiado se separa em duas partes, sendo elas: antes da doação e depois da doação. A primeira parte se inicia na fase de cadastro ou atualização de registro do doador em uma unidade coletora. Em seguida, é realizada a pré triagem, momento em que são averidas medidas como pressão, altura, peso, temperatura e frequência cardíaca. Além disso, também é realizada a triagem hematológica, para determinar o tipo sanguíneo e a presença ou não de anemia. A terceira etapa consiste numa triagem clínica sigilosa, em que o triador, profissional de nível superior especializado, examina os dados obtidos na pré triagem e realiza uma entrevista com o candidato, avaliando a condição atual de saúde e seus hábitos de vida. Caso o candidato não esteja apto a doar por motivos de impedimento temporário, o triador o orienta para sanar a condição de impedimento e para voltar posteriormente. Se o candidato for considerado apto, o mesmo segue para a próxima etapa, em que são feitas as recomendações sobre o recolhimento do sangue e então o processo em si. Após a doação, o doador recebe orientações sobre possíveis reações e em seguida recebe um lanche. O sangue coletado segue para o laboratório correspondente, onde inicialmente passa por um processo de separação dos hemocomponentes pelo

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método de centrifugação. Também são realizados testes para detecção de doenças transmissíveis pelo sangue e para verificação do tipo sanguíneo. Caso os resultados sejam adequados, as amostras são liberadas para distribuição e ficam armazenadas nas condições ideais. Ao ser requisitada uma transfusão, o receptor é submetido a testes para determinar qual tipo de bolsa para transfusão é ideal para o seu caso. O ato de transfusão em si é acompanhado por um profissional de saúde pelo menos pelos 10 minutos iniciais, para evitar quaisquer tipos de problemas ou reações.

Dados mais recentes divulgados pela ANVISA afirmam que aproximadamente 4,7 milhões de pessoas foram até uma unidade de rede de coleta em 2017, e que 20% desses foram considerados inaptos para doação durante o processo de triagem pré doação, sendo as principais causas de inaptidão: anemia, comportamento de risco para DST e hipertensão, que correspondem respectivamente a 14,8%, 13% e 4,5%. Além disso, na etapa de exames laboratoriais pós doação, o percentual de inaptidão sorológica, menor desde 2011, foi de 3,1%, com destaque para Hepatite B e Sífilis. O percentual de candidatos aptos para doação foi maior nos serviços exclusivos da rede privada, seguido pelas unidades privadas conveniadas com o SUS e por fim os serviços exclusivamente públicos, com as respectivas percentagens: 83,5%, 81,4% e 79,2%.

A OMS, num projeto em parceria com a International Federation of Red Cross and Red Crescent Societies, destaca uma grande disparidade entre países desenvolvidos e em desenvolvimento, sendo os primeiros com uma taxa média de doação 15 vezes maior. De acordo com os dados de 2017 da ANVISA, existe uma diferença entre as regiões do país, mas não tão expressiva quanto a apresentada pela OMS. As regiões Sudeste, Centro-Oeste e Sul apresentam taxas acima da média nacional, sendo 2,28%, 2,17% e 2,06% respectivamente, enquanto as regiões Nordeste e Norte apresentam taxas de 1,27% e 0,69% respectivamente. Com destaque para a região Norte que é a única que apresentou taxa abaixo do 1% recomendado pela OMS.

Segundo a ANVISA, 42,8% das doações de 2017 foram realizadas por novos doadores, ou seja, aqueles que nunca tinham doado. Aqueles que doam duas ou mais vezes num intervalo de doze meses, classificados como doadores de repetição, representaram 42% das doações. Enquanto os 15,2% restantes representam os doadores esporádicos, cujo intervalo entre os atos de doação é maior que 12 meses. A predominância dos novos doadores foi observada nas redes privadas e mistas,

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enquanto nos serviços exclusivamente públicos houve prevalência dos doadores de repetição. Além disso, numa visão geral e exclusivamente na iniciativa privada, as doações de reposição foram um pouco maiores que as doações voluntárias. Porém, na rede pública as doações espontâneas representaram maioria.

2.2 MÉTODOS DE ESTRUTURAÇÃO DE PROBLEMAS

De acordo com Rosenhead (2006), ferramentas e técnicas de gestão surgem no contexto de superar as limitações de crescimento das organizações, e a história da Pesquisa Operacional (PO) se adequa a essa realidade. Com o surgimento da Pesquisa Operacional por volta de 1936 na Inglaterra, suas aplicações ganharam força e visibilidade após a Segunda Guerra Mundial, e já eram presentes na década de 70 nos mais variados setores das iniciativas pública e privada. A utilização das técnicas de modelagem e simulação na Pesquisa Operacional geram amplas possibilidades de análise de problemas organizacionais, o que permite que essa área de conhecimento funcione como uma ferramenta de apoio às decisões (ROSSONI, 2006; JHONSON et al, 1972).

Conforme Rossoni (2006), até meados da década de 70 essa área de conhecimento focava no desenvolvimento e aplicação de métodos matemáticos, ou seja, modelos quantitativos, para resolução de problemas organizacionais. Apesar dos pesquisadores de Pesquisa Operacional e suas respectivas associações nacionais terem como aspiração que a área de conhecimento tenha um impacto significativo em questões de estratégia organizacional, a maioria de seus desenvolvimentos durante as primeiras décadas tinham foco em funcionalidade rotineiras, como logística, planejamento de projetos e mão de obra, etc. Inclusive, alguns médios gestores que utilizavam de técnicas de PO, quando promovidos a cargos mais altos de gestão, não conseguiram reproduzir esses conhecimentos para suas novas responsabilidades (ROSENHEAD, 2006).

Estudos concluem que as técnicas da abordagem Hard da PO funcionam para sistemas em que as tarefas analisadas são repetitivas e bem definidas e além disso há um consenso e pré definição sobre as prioridades, objetivos e requisitos do problema. Porém, os ambientes que envolvem tomadas de decisão à nivel estratégico não apresentam essas características (ROSENHEAD, 2006).

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Nesse contexto, Rosenhead (2006) afirma que o surgimento, em meados da década de 60, dos primeiros estudos da abordagem Soft da PO, tendo como foco o desenvolvimento de técnicas baseadas em situações nas quais são identificados e analisados os múltiplos atores que interagem entre si e que apresentam diferentes perspectivas sobre o problema. Desse modo, esse grupo de técnicas, conhecido como

Problem Structuring Methods (PSMs) – na tradução, Métodos de Estruturação de

Problemas - tem como objetivo ser um suporte para tomada de decisão (CUNHA; MORAIS, 2017).

Apesar de suas divergências, ambas abordagens não são excludentes, mas podem sim ser complementares (ROSSONI, 2006). Inclusive, Ensslin (2008) afirma que, devido ao mundo dinâmico ao qual estamos inseridos e as inúmeras complexidades que afetam a realidade organizacional, as pesquisas quali-quantitativas são de suma importância.

Os tópicos a seguir vão apresentar alguns dos principais Métodos de Estruturação de Problema desenvolvidos, como foco para o Strategic Options

Development and Analysis (SODA), método que será utilizado neste estudo.

2.2.1 SOFT SYSTEM METHODOLOGY (SSM)

Desenvolvida por Checkland em 1981, a metodologia, idealizada para situações problemáticas complexas e não estruturadas em que se apresenta um número considerável de envolvidos, tem como intuito determinar, a partir do que é mais apropriado ao grupo, soluções e planos de ação para resolução do problema apresentado (CUNHA; MORAIS, 2017; Checkland, 2001). Nessas etapas, além da análise da realidade em que o problema está inserido, a metodologia busca captar as definições chave (root definitions) para modelar o sistema, ou seja, visa entender as interpretações dos como as distintas pessoas envolvidas interpretam e avaliam aquele problema (Rossoni, 2006; PIDD, 1988).

Dividida em sete etapas, a metodologia se inicia na identificação da situação problemática não estruturada. Em seguida, para iniciar o entendimento do problema, concentra-se em coletar o máximo de informações possíveis (CUNHA; MORAIS, 2017). A partir daí, segundo Rossoni, (2006), identificam-se os principais agentes envolvidos pelo conjunto de elementos CATWOE (customers ou clientes, actors ou atores, transformation progress ou processo de transformação, weltanschauung ou

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visão de mundo, owner ou detentor do problema e environmental constraints ou restrições externas). Então, são realizadas discussões perante as mudanças sugeridas e com isso, estruturação de planos de ação a serem implementados. A identificação desses agentes permite uma decisão final mais legitima, visto que a discussão leva em consideração os diversos posicionamentos e opiniões (CUNHA; MORAIS, 2017).

2.2.2 STRATEGIC CHOICE APPROACH (SCA)

Essa abordagem, desenvolvida por John Friend e Allen Hickling, apresentada em 1987 na primeira edição do livro “Planning Under Pressure The Strategic Choice

Approach” e aperfeiçoada nas edições seguintes, apresenta a percepção que as

organizações optam pelos métodos convencionais de planejamento com foco no longo prazo e desconsiderando as pressões do cotidiano de tomadas de decisão, sejam essas pressões internas ou externas à empresa. A dinamicidade desses eventos corriqueiros podem facilmente tornar irrelevantes os planos cuidadosamente desenvolvidos (FRIEND; HICKLING, 2005).

De acordo com Friend e Hickling (2005), resumidamente, essa abordagem avalia o planejamento em uma organização como um processo de escolhas estrategicas ao longo do tempo, tal que leva em consideração as pressões dos eventos do dia-a-dia, de modo que também seja denominada como abordagem para planejamento sob pressão (Gonçalves e Belderrain, 2015; Friend, 2001). É importante salientar que realizar escolhas estrategicamente não significa que essas estejam restritas à um nível estratégico da organização, incluindo então processos decisórios em todos os níveis. Com isso, destaca-se que o essencial não é definir a importância de uma decisão em detrimento da outra, mas sim entender a conexão entre essas escolhas (FRIEND; HICKLING, 2005).

O início dessa visão de planejamento por escolhas estratégicas data de um projeto de pesquisa que tinha como cenário o conselho municipal de Coventry, uma cidade inglesa, entre 1963 e 1967. A equipe do projeto acompanhava o processo decisório nos mais diversos âmbitos da cidade, desde questões de logística de transporte público até reorganização do sistema escolar. Desde então, a análise da dificuldade do processo de tomada de decisão foi ampliado não apenas para outras instituições do poder público, mas também para indústria e iniciativa privada, resultando na definição de cinco dimensões amplas que contribuem para o surgimento

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da dificuldade no processo decisório, sendo elas: escopo do problema, complexidade, conflito, incerteza e progresso no tempo (FRIEND; HICKLING, 2005).

Apesar da abordagem definir a escolha estratégica como um processo dinâmico, uma análise estática prévia do problema contribui para um melhor entendimento. Nessa etapa, são consideradas três categorias distintas de incertezas que devem ser gerenciadas, sendo elas: Incertezas sobre o Ambiente (IA), Incertezas sobre os Valores Direcionadores (IV) e Incertezas sobre Decisões Relacionadas (IR). O próximo passo então é introduzir uma visão dinâmica sobre essas incertezas, resultando assim numa modificação das características do problema.

2.2.3 STRATEGIC OPTIONS DEVELOPMENT AND ANALYSIS (SODA)

Essa metodologia foi desenvolvida por Colin Eden na década de 80. Formado em engenharia, atuou na área de Pesquisa Operacional, trabalhou durante anos na indústria antes de se tornar um consultor e de trabalhar na University of Bath, na Inglaterra. Nesse segundo passo em sua carreira, percebeu que os gestores trabalham suas decisões com ideias e linguagem em detrimento de sistemas matemáticos. Com isso, percebeu que, para a Pesquisa Operacional contribuir com o processo decisório, deveria desenvolver modelos que contruibuissem com a maneira pela qual o gestor enxerga suas ideias, concluindo que os mapeamentos cognitivos seriam uma das primeiras vertentes da pesquisa operacional hoje conhecida como

soft. (EDEN, 1988).

Uma das principais teorias em que o método se baseia é a Psicologia do Constructo Pessoal, desenvolvida por George Kelly em 1957. Kelly afirmava que o homem está na constante busca de entender o mundo ao seu redor, de modo que as pessoas conhecem o mundo não diretamente, mas a partir das imagens que criam dele (EDEN, 1988). Desse modo, de acordo com Georgiou (2010), o objetivo de Kelly com essa teoria era minimizar a interferência da perspectiva do analista sobre a descrição do problema. Ou seja, a intenção é que o analista auxilie na estruturação desse problema a partir da percepção do stakeholder.

Diferentemente de outras metodologias de construção de mapas cognitivos, o método SODA utiliza de constructos com dois polos. O objetivo desses polos é minimizar a dualidade que a utilização da linguagem oferece na construção dos mapas: por um lado é a partir das palavras que conseguimos expressar nossas visões

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e opiniões para terceiros, mas por outro lado, as palavras podem ter múltiplos significados, o que pode prejudicar a interpretação do que de fato quer ser dito. Desse modo, a função do segundo polo do constructo é, a partir de uma relação de alternância ou oposição, deixar a definição do primeiro polo mais clara para qualquer um que leia o mapa (GEORGIOU, 2010).

Por exemplo, os dois polos do constructo 1 referente ao mapa da Figura 1 são: Aumento no número de passegeiros por ônibus e Diminuição no número de passageiros por ônibus (nesse constructo, por questões de espaço, optou-se por abreviar o segundo polo no mapa, mas sem atrapalhar o entendimento). Além disso, na interpretação dos constructos, os três pontos que separam os polos são lidos como “ao invés de”, destacando o sentido de oposição ou alternância entre eles. (ACKERMANN; EDEN; CROPPER, 2004)

Assim como outros Métodos de Estruturação de Proclemas (MEPs), a aplicação do SODA fornece uma ferramenta visual para auxiliar na tomada de decisão em grupo dada uma situação de complexidades e incertezas que não podem ser modeladas a partir de algoritmos formais da Pesquisa Operacional hard (GEORGIOU, 2010). A abordagem surge então como um modo particular de análise de problemas, utilizando do mapeamento cognitivo como primeira etapa de um projeto para resolução de um problema complexo envolvendo uma equipe. Para isso, a partir de mapas cognitivos individuais, constroe-se um mapa agregado que funciona como um instrumento de análise para facilitar os processos de negociação e consenso entre

Figura 1 - Exemplo mapa SODA

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membros de um time (EDEN, 1988). Porém, Wang e Wang (2016) destacam que esses mapas representam perspectivas subjetivas do problema em questão, e não importa o quão sofisticada sua construção seja, não é uma modelagem do sistema real.

Georgiou (2010) evidencia a importância do contato entre o(s) facilitador(es) e as partes interessadas não apenas na fase de entrevistas que antecedem a construção dos mapas individuais, mas também na etapa de validação dos mapas construídos. A relevância desse contato deve-se a estrutura de dois polos dos constructos, já que no dia-a-dia, seja pela linguagem oral ou escrita, a comunicação não é realizada com essa estrutura. Então, é dever do facilitador traduzir a descrição do cliente num mapa conceitual, mas mantendo ao máximo o ponto de vista do cliente sobre o problema.

Segundo Georgiou (2010) os constructos correspondem a decisões ou consequências relacionadas ao problema em questão e são enumerados de forma aleatória, apenas com o objetivo de referenciá-los. E esses são conectados a partir de setas com direção única que são atreladas a um sinal negativo ou positivo (o sinal positivo não fica aparente no desenho do mapa). Caso o sinal seja negativo, significa que o polo primário de um constructo se direciona ao polo secundário do constructo subsequente e vice-versa. Já se o sinal for positivo, significa que o polo primário de um constructo se direciona ao primário do constructo subsequente ou que o polo secundário se direciona ao polo secundário do subsequente.

Por exemplo, na Figura 1, os constructos 1 e 4 são interligados por uma seta positiva (sem nenhum sinal). Então, o “Aumento no número de passageiros por ônibus” (primeiro polo, constructo 1) resulta em um “Aumento no tempo de viagem” (primeiro polo, constructo 4) ou a “Diminuição do número de passageiros por ônibus” (segundo polo, constructo 1) resulta em “Diminuição no tempo de viagem” (segundo polo, constructo 4). Por outro lado, os constructos 4 e 5 são interligados por uma seta negativa. Desse modo, o “Aumento no tempo de viagem” (primeiro polo, constructo 4) gera “Diminuição na satisfação dos passageiros” (segundo polo, constructo 5) ou a “Diminuição no tempo” (segundo polo, constructo 4) gera “Aumento na satisfação” (primeiro colo, constructo 5).

Já com o mapa concluído, seja o individual ou o agregado, Georgiou (2010) destaca que os constructos podem ser classificados de acordo com os seguintes tipos:

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• Caudas/Tails: São conhecidos como as causas primárias do problema, visto que são aqueles constructos que não possuem constructos que chegam até eles, ou seja, não são subsequentes a nenhum outro constructo, e geralmente, se localizam na parte inferior do mapa.

• Cabeças/Heads: São aqueles constructos que não antecedem nenhum outro, ou seja, não possuem nenhuma seta saindo deles para outro constructo. Correspondem aos resultados, objetivos ou consequências do caminho de constructos que leva até eles.

• Opções Estratégicas/Strategic Options: Esses correspondem aos constructos que antecedem diretamente as Heads/Cabeças. Por conta dessa proximidade, refletem as opções mais influentes para que um determinado resultado ocorra. • Implosões/Implosions: Constructos que apresentam um número consideravelmente alto (em comparação aos outros constructos do mapa) de outros constructos chegando até ele, ou seja, é um constructo subsequente à vários outros. Desse modo, conclui-se que esse tipo de constructo é impactado por um considerável número de fatores do problema em questão. • Explosões/Explosions: Constructos que apresentam um número

consideravelmente alto (em comparação aos outros constructos do mapa) de outros constructos saindo dele, ou seja, é um constructo antecedente à vários outros. Com isso, conclui-se que esse tipo de constructo impacta em um número considerável de fatores do problema em questão.

• Dominantes/Dominants: Constructo que apresenta um número consideravelmente alto (em comparação aos outros constructos do mapa) de outros constructos tanto chegando a ele, quanto saindo dele. Ou seja, é um constructo antecedente e subsequente à vários outros. Desse modo, percebe-se que os constructos dominantes afetam e são afetados por um número expressivo de fatores do problema em questão, e com isso, podem ser considerados constructos que merecem atenção para que os objetivos (heads/cabeças) sejam atingidos ou evitados.

Além dessas classificações, Georgiou (2010) destaca a importância do mapa para identificar e compreender loops/ciclos, já que há maior dificuldade em entende-los apenas mentalmente. De acordo com Eden (2004), a detecção desses cicentende-los é um

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dos resultados mais importantes na análise de mapas e existem duas justificativas para sua existência. A primeira é que tenha sido um erro durante a elaboração, que na maioria das vezes ocorre por conta da dificuldade de compreender o entendimento das relações de causa e efeito do(s) entrevistado(s). E nesse caso, é muito importante que esses erros sejam identificados e corrigidos antes de qualquer outro processo de análise, visto que podem gerar conclusões errôneas sobre o problema. A segunda justificativa é que hajam considerações dinâmicas sobre o problema.

O loop auto controlado é aquele em que o número de setas com sinal negativo é ímpar e nesse caso, “qualquer perturbação no estado das variáveis dentro do loop resultará na dinâmica de estabilização para controlar a atividade” (tradução livre pelo autor). Se o ciclo apresentar todas as setas sem sinal (positivas) ou número par de setas com sinal negativo ele é denominado como degenerativo ou regenerativo (GEORGIOU, 2010).

Ao analisar o mapa da Figura 1, é possível identificar três ciclos. O primeiro deles composto pelos constructos 1, 2 e 3, o segundo formado pelos constructos 1, 4, 5 e 6 e o terceiro formado pela junção dos dois anteriores. Separadamente, os dois primeiros representam ciclos auto controlados, visto que apresentam número ímpar de setas com sinal negativo. Porém, ao analisar o terceiro ciclo, observa-se um número par de setas com sinal negativo, o que caracteriza um ciclo degenerativo ou regenerativo.

Apesar de Geogiou (2010) destacar que a complexidade dos mapas não está impreterivelmente relacionada com o tamanho deles, mas sim com o relacionamento que existe entre as variáveis que os compõem, Wang e Wang (2016) ressaltam, principalmente aos menos experientes com o método, a necessidade de ter atenção com problemas típicos dos mapas SODA e quais as informações que esses padrões de problema podem oferecer para a análise.

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3 METODOLOGIA DA PESQUISA

3.1 ESTRUTURA DO TRABALHO

Para a realizaçao deste trabalho foi proposto o fluxo de trabalho descrito na Figura 2.

Figura 2 - Fluxo do Trabalho

As etapas propostas serão detalhadas nas sub-seções seguintes: 3.2 DESCRIÇÃO DO MÉTODO

Etapa 1: Identificar a situação problema

A busca pela situação problema se deu a partir do conhecimento da existência das campanhas de doações de sangue que ocorrem no âmbito da Escola de Engenharia da Universidade Federal Fluminense. Em entrevistas informais com os organizadores observou-se que a adesão às campanhas ainda era menor do que o esperado. Definiu-se então a análise das campanhas com posterior proposição de melhoria como forma de contribuir para seus resultados.

Etapa 2: Selecionar uma Abordagem Analítica

A partir dos estudos realizados durante a escrita do Capítulo 2, o Método de Estruturação de Problema escolhido para o seguinte estudo de caso foi o Strategic

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um entendimento da situação problema a partir dos diversos agentes envolvidos, possibilitando que sejam analisados os diferentes pontos de vista.

Esta etapa subdivide-se nas três seguintes fases:

• Seleção dos Stakeholders

A partir da análise teórica realizada nas etapas anteriores do projeto, foram definidos os principais stakeholders envolvidos na situação problema estudada. O intuito era escolher os stakeholders ideais, dado o conhecimento adquirido com a revisão de literatura e as questões do projeto definidas no capítulo 1.

Com o intuito de selecionar os stakeholders para à análise do problema em questão, foi realizada uma entrevista com os doadores de sangue durante uma campanha de doação ocorrida no campus da Praia Vermelha da Universidade Federal Fluminense (UFF) em Agosto de 2019. Essa campanha foi organizada pela Empresa Júnior Tesla Jr. e com o Programa de Educação Tutorial (PET) da Engenharia de Produção junto à equipe do HemoRio, em apoio com a Escola da Engenharia, outras Empresas Juniores e Diretórios Acadêmicos.

Foram traçadas duas estratégias principais de divulgação da campanha: a primeira delas foi a distribuição de diversos cartazes pelos prédios do campus, a segunda e mais intensiva estratégia foi a divulgação em redes sociais, principalmente no Instagram. Não apenas as páginas oficiais dos organizadores e apoiadores fizeram a divulgação, mas também vários de seus membros (todos estudantes da Universidade). A Figura 3 corresponde ao material utilizado para divulgação da campanha, tanto nas redes sociais quanto para os cartazes impressos.

Para essa campanha, a meta do HemoRio era de realizar o cadastro de cento e vinte pessoas. É importante salientar a diferença entre o cadastro e o processo de doar o sangue de fato. O cadastro corresponde à um dos processos da triagem, e as pessoas mesmo que já cadastradas no Sistema do HemoRio podem não ser aprovadas na triagem (por inúmeros motivos) para terem o sangue coletado.

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Figura 3 - Material de Divulgação Campanha de doação de sangue na UFF

A entrevista realizada com os doadores tinha como objetivo principal entender o perfil deles e como eles sabiam da campanha. Para isso, foi elaborado um questionário com as seguintes perguntas que constam na Figura 4.

A meta de cadastro foi atingida ainda com um longa fila de pessoas para serem cadastradas. Dessas cento e vinte pessoas cadastradas, noventa e quatro delas passaram por todo o processo de triagem e tiveram o sangue coletado. As entrevistas foram realizadas com setenta e cinco pessoas do grupo daquelas que conseguiram doar sangue, ou seja, foram entrevistados 79,8% dos doadores e 62,5% dos cadastrados.

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Figura 4 - Questionário entrevistas da Campanha de doação de sangue na UFF Fonte: Elaboração Própria

Em uma análise inicial dos dados, percebeu-se que há pouca diferença na distribuição de gênero, considerando que 54,7% eram do gênero masculino e 45,3% do gênero feminino. Além disso, há uma diferença pequena também nos percentuais de novos doadores e recorrentes (50,7% e 49,3% respectivamente). Desses doadores recorrentes, 45,9% deles se concentram no período entre seis meses e um ano de intervalo em relação a última doação, 29,7% entre um e dois anos, 13,5% com um interval inferior a seis meses e os 10,8% restantes haviam doado há mais de dois anos.

A maior disparidade de distribuição foi observada no quesito de vínculo do entrevistado com a Universidade: 92% deles são alunos, sendo 84% deles alunos de

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algum curso de engenharia (os outros cursos foram Desenho Industrial, Ciência da Computação e Física, sendo todos os cursos do campus da Praia Vermelha). Essa diferença expressiva do número de alunos de cursos de engenharia quando comparado a outros cursos deve-se principalmente a concentração de cartazes de divulgação pelo bloco onde são ministradas as disciplinas da Engenharia e por conta de os organizadores serem ligados a cursos de Engenharia. Apenas um entrevistado era docente da Universidade, correspondendo a 1,3% dos entrevistados, e os 6,7% restantes tinham outro vínculo, sendo ou pais e conhecidos de alunos ou funcionários técnicos/administrativos da Universidade.

Além disso, com relação a última pergunta sobre como o entrevistado soube da campanha, 37,3% deles soube a partir das Redes Sociais, 21,3% a partir dos Cartazes pelo campus da Universidade e 13,3% souberam a partir de indicação de algum amigo, conhecido ou familiar. Os demais souberam por outros meios.

Esses resultados serviram para definir os satakeholders que comporão a pesquisa, isto é, a ênfase será dada a docentes e técnicos da Universidade. Entretanto, como o método pressupõe um número baixo de entrevistados, optou-se por escolher uma amostra do Departamento de Engenharia de Produção, considerando que o acesso à outros professores e servidores seria dificultado dado a situação de pandemia e isolamento social.

• Entrevistas e construção dos mapas individuais

De acordo com Eden (1988), as entrevistas individuais permitem que os agentes envolvidos depositem mais tempo na busca por entender o problema e evita o que ele chama de “group-think”, que seria uma visão tendenciosa da análise do grupo. Além disso, permite uma melhor reflexão sobre a situação problema.

Desse modo, foram realizadas entrevistas individuais com pessoas que atendessem ao perfil dos stakeholders selecionados na fase anterior. Por conta das medidas restritivas devido a pandemia do novo coronavirus, as entrevistas foram realizadas via ferramentas de videoconferência. Para garantir que todas as informações fundamentais geradas pelos stakeholders fossem aproveitadas, as entrevistas foram gravadas e depois transcritas, colaborando então para a construção de mapas que sejam ao máximo correspondentes à perspectiva que os respondentes passaram durante as entrevistas.

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Essas entrevistas realizadas foram do tipo semi-estruturada, visto que foram preparadas algumas perguntas básicas (vide Figura 5), porém, o desenrolar das entrevistas se dava com perguntas que visavam desenvolver os assuntos abordados por cada um dos entrevistados.

Figura 5 - Questionário base para entrevistas Fonte: Elaboração Própria

Após cada entrevista foram elaboradas as primeiras versões dos mapas individuais, utilizando o software Decision Explorer. Foram realizadas quatro entrevistas, sendo duas delas com servidores e as outras duas com professores. Em média, as entrevistas duraram cerca de trinta e cinco minutos e foram realizadas num espaço de tempo de aproximadamente duas semanas.

Depois de transcrito o conteúdo das entrevistas, foram selecionados os pontos relevantes das entrevistas, separando o conteúdo de cada um dos constructos. Em seguida, esses constructos foram conectados a partir de relações sequênciais ou causais, seguindo a perspectiva dos entrevistados.

Ao finalizar a elaboração dos mapas, cada um deles foi analisado e seus constructos foram classificados entre os tipos Cabeça (aquele que não apresenta

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nenhum constructo sucessor a ele, também conhecido como objetivo e normalmente localizado no topo dos mapas), Opção Estratégica (aqueles que são diretamente antecessores dos constructos do tipo Cabeça) e Cauda (aqueles constructos que não possuem constructos que chegam até eles, também conhecidos como causas primárias). Além disso, nessa etapa de análise também foram identificados os principais temas presentes nos mapas, e com isso, foram definidos os clusters.

• Construção do mapa consolidado

Etapa 3: Desenvolvimento da Estrutura Analítica Detalhada

A partir do mapa consolidado contruído, foram realizadas três etapas de análise. Primeiramente, uma análise individual dos clusters, que classificou os constructos pertencentes a cada cluster como Cabeça, Cauda ou Opção Estratégica e identificou quais constructos são mais centrais dentro daquele cluster. Para essa etapa, foram utilizadas as definições de tipos de constructos apresentadas na sub-seção 2.2.3.

Em seguida, foi realizada uma análise da relação entre esses clusters, definindo como eles se conectam e quais deles são mais relevantes ao problema em análise. Nesse momento, para definir os clusters mais relevantes, utilizou-se como crítério o Grau de Dominância (soma do número de setas que chegam e saem de cada cluster). Quanto maior é o valor, mais central é o cluster. Então, foram escolhidos como mais relevantes os três que apresentassem maior Grau de Dominância.

A terceira análise, tinha como objetivo identificar quais os constructos mais importantes dos clusters mais centrais do mapa. Para isso, foram combinados os resultados das duas análises anteriores com um critério de priorização quantitativo. Foram elaboradas três tabelas, uma para cada cluster escolhido na etapa anterior. Cada uma apresentava os graus de dominância dos constructos mais relevantes desses clusters, assim como o somatório dos graus de dominância de suas causas (constructos diretamente antecedentes) e de seus impactos (constructos diretamente sucessores). Desse modo, o indicador para priorização foi calculado a partir da multiplicação de três valores: do grau de dominância do constructo em análise, o somatório dos graus de dominância de suas causas e o somatório dos graus de

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dominância de seus impactos. Quanto maior esse indicador, mais relevante é o constructo em relação ao mapa consolidado.

Então, a partir da definição desses constructos centrais, foi elaborado um mapa priorizado, que reune os constructos priorizados anteriormente e suas principais causas diretas e indiretas. A partir da análise desse mapa, foi possível levantar quais dessas causas poderiam contribuir para elaborar propostas de melhoria que fossem de fácil a moderada aplicação e com baixo custo.

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4 ESTUDO DE CASO / APLICAÇÃO DO MÉTODO

4.1 DESCRIÇÃO DA ESCOLA DE ENGENHARIA UFF

A Escola de Engenharia da UFF, fundada em 1952, atualmente é integrada por oito departamentos e possui dez cursos de graduação (Desenho Industrial e as Engenharias: Civil, de Petróleo, Química, de Produção, Mecânica, Elétrica, Telecomunicações, Agrícola e Recursos Hídricos), além de programas de pós-graduação.

A origem da Engenharia de Produção na UFF se dá a partir da criação do Grupo de Estudo de Produtividade Industrial (GEPI) na Escola de Engenharia em 1960. O GEPI tinha como propósito o desenvolvimento de pesquisas sobre o assunto e a prestação de serviços para empresas fluminenses. Em 1974, com o foco em cursos de pós-graduação, foi criado o Departamento de Engenharia de Produção (TEP). Já em 1993, quando formalizada a Coordenação de Engenharia de Produção, foi criado o curso de graduação da UFF em Niterói, que teve sua primeira turma no segundo semestre do mesmo ano.

Desse modo, o curso é hoje estruturado por dois setores: o Departamento e a Coordenação. O primeiro realiza principalmente a gestão dos professores e disciplinas, sendo responsável pela realização de concursos para professores, criação das disciplinas, aplicação de exame de proeficiência. Além disso, é o Departamento que disponibiliza as suas disciplinas para os cursos de engenharia. Enquanto a Coordenação faz a gestão dos alunos, sendo responsável então por: receber e inscrever os alunos nas disciplinas, gerar relatórios e comunicação com os alunos e etc.

Atualmente existem trinta e três professores e um substituto lotados no Departamento e trezentos e cinquenta e oito alunos inscritos no primeiro período de 2020. Além disso, a Coordenação de curso possui uma servidora, enquanto o Departamento possui três servidore, totalizando quatro servidores relacionados ao curso de Engenharia de Produção. Com isso, é possível observar a relação entre o número de professores e servidores com o número de alunos, de modo que a cada professor lotado no departamento existem cerca de 10 alunos e a cada servidor, existem cerca de 84 alunos. Desde sua primeira turma de formandos, o curso já formou mil duzentos e vinte e nove alunos até o último período de 2019.

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4.2 DESCRIÇÃO DO PROBLEMA

O primeiro registro ao qual tive acesso de realização de uma campanha de doação de sangue na UFF data de abril de 2014, e desde então até julho de 2020 foram realizadas pelo menos outras três campanhas. A Tabela 1 reúne os dados da Hemorio aos quais tive acesso durante a última campanha realizada em Agosto de 2019.

Tabela 1 - Resultados das campanhas realizadas na UFF Fonte: Elaboração Própria

De acordo com a representante do Hemorio, desde a campanha realizada em 2016, as metas de comparecimento estipuladas foram atingidas. Ou seja, nas útlimas três campanhas realizadas a meta para o número de pessoas cadastradas pelo Hemorio foram alcançadas.

A partir da Tabela 1 é possível observar que o indicador calculado a partir da divisão entre o número de Bolsas Coletadas e Comparecimentos cresceu durante as três primeiras campanhas, estabilizando na última. Isso significa que um número maior de doadores foi aprovado em todo o processo de triagem e conseguiu realizar a doação.

A campanha realizada em Agosto de 2019 ocorreu enquanto esse projeto estava em fase inicial, e por isso foi possível aplicar um questionário com uma parte dos doadores. O objetivo da análise dessas respostas era conseguir identificar os perfis e as similaridades entre aqueles que doavam e, conforme foi apresentado na Metodologia, esses resultados motivaram a escolha dos stakeholders desse projeto. A campanha foi organizada pela Empresa Júnior Tesla Jr. junto com o PET da Engenharia de Produção em parceria com a Hemorio, com um auxílio de custo vindo da Escola de Engenharia e apoio na divulgação por outras Empresas Juniores e Diretórios Acadêmicos. As principais estratégias para divulgação eram via rede social

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e pelos cartazes expostos pelos prédios do campus da Praia Vermelha, onde foi realizada a campanha.

O resultado que mais chamou atenção nessas entrevistas e estimulou o foco do trabalho foi a grande disparidade entre o número de alunos e os outros grupos que doaram. Enquanto os estudantes representaram 92% dos doadores entrevistados, os docentes foram apenas 1,3% enquanto os 6,7% restantes tinham outros vínculos com a Universidade, sendo ex-alunos, pais de estudantes ou funcionários técnicos da UFF.

4.3 RESULTADOS DAS ENTREVISTAS

A partir das entrevistas realizadas, foram elaborados os mapas de cada um dos entrevistados. Nesse tópico, serão analisadas as estruturas de cada um desses mapas individuais, destacando quais são os objetivos, as causas primárias e as opções estratégicas, assim como também serão destacados os pontos de maior relevância dentro desses mapas.

Figura 6 - Mapa Individual (Entrevistada 01) Fonte: Elaboração Própria

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O mapa individual da Entrevistada 01, representado na Figura 6, apresenta dois constructos do tipo Cabeça (1 e 2), três constructos são do tipo Opção Estratégica (4, 14 e 16), e seis constructos são do tipo Cauda (3, 6, 7, 8, 10 e 11). Os constructos com maior Grau de Dominância (soma do número de setas que chegam e saem do constructo) e que não são do tipo Cabeça, são os constructos 12, 13 e 15. Esses constructos permitem identificar quais são os temas mais relevantes à campanha segundo essa Entrevistada. Ou seja, a participação da Escola de Engenharia na divulgação, principalmente por meio dos meios de comunicação informal entre os servidores e gerar credibilidade para a campanha são fatores de grande relevância para a Entrevistada.

Destaca-se que os constructos 3 e 7, sob a perspectiva de suas estruturas, podem ser classificados tanto do tipo Cauda quanto do tipo Opção Estratégica. Mas ao analisar exclusivamente os conteúdos desses constructos, os mesmos devem ser classificados como Opção Estratégica, devido a sua grande influência, destacado pela entrevistada, para atingir o objetivo do constructo 1.

Figura 7 - Mapa Individual (Entrevistado 02) Fonte: Elaboração Própria

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Já o mapa individual do Entrevistado 02, representado na Figura 7, apresenta três constructos do tipo Cabeça (1, 9 e 12), quatro constructos do tipo Cauda (2, 4, 11 e 18) e sete constructos do tipo Opção Estratégica (2, 8, 7, 10, 13, 14 e 16). O constructo 13 (Aumentar colaboração dos tomadores de decisão com as campanhas … Não aumentar) apresenta-se como um tema central, já que é o constructo que apresentar maior Grau de Dominância no mapa. Ou seja, na perspectiva desse entrevistado, a participação dos tomadores de decisão de órgãos da Universidade, como a Escola de Engenharia, é fundamental para atingir os objetivos do mapa.

É válido destacar que, de acordo com sua estrutura, o constructo 2 pertence tanto ao tipo Cauda quanto ao Opção Estratégica, porém, ao analisar estritamente o conteúdo, o constructo deve ser classificado como Opção Estratégica, visto que o número de dias em que as coletas são realizadas está intimimamente ligado com a facilidade do servidor em se programar, visto que terá um número maior de opções de dias para se planejar.

Figura 8 - Mapa Individual (Entrevistado 03) Fonte: Elaboração Própria

O mapa individual do Entrevistado 03, representado na Figura 8, apresenta três constructos do tipo Cabeça (1, 6 e 13), sete constructos do tipo Cauda (3, 4, 5, 7, 9, 10 e 11) e cinco constructos do tipo Opção Estratégica (2, 7, 8, 12 e 11). O constructo 2 (Aumentar conscientização sobre segurança clínica no processo de doação … Não

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aumentar) apresenta grande relevância ao mapa, visto que é o constructo com maior Grau de Dominância. Desse modo, é possível concluir que investir em conscientizar os servidores sobre a segurança do processo de coleta de doação de sangue é um tema importante para o Entrevistado.

É válido destacar que, analisando apenas questões estruturais, os constructos 7 e 11 pertence tanto ao tipo Cauda quanto ao Opção Estratégica. Mas, ao analisar diretamente o conteúdo desses constructos, esses devem ser classificado como do tipo Opção Estratégica, visto que, de acordo com o próprio entrevistado, esses dois eram pontos que se destacavam para atingir o objetivo de incentivar a participação desses servidores.

Figura 9 - Mapa Individual (Entrevistada 04) Fonte: Elaboração Própria

Por fim, o mapa individual da Entrevistada 04, representado na Figura 9, apresenta 3 constructos do tipo Cabeça (1, 18 e 5), cinco constructos do tipo Opção Estratégica (2, 6, 7,8 e 19) e oito constructos do tipo Cauda (3, 4, 6, 7, 10, 12, 14 e 17). O constructo 9 (Facilitar processo de colaboração da Escola com os organizadores … Não facilitar) pode ser considerado um constructo central ao mapa, visto que é o que apresenta maior Grau de Dominância e está conectado a constructos também com alto Grau. Desse modo, assim como o Entrevistado 02, a Entrevistada

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