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A INFLUÊNCIA DO USO E OCUPAÇÃO DO SOLO NAS CARACTERÍSTICAS DE POTABILIDADE DA ÁGUA DE NASCENTES: EXEMPLO DE CASO NO MUNICÍPIO DE ALFENAS MG.

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Alfenas MG, 3 a 6 de Setembro de 2012.

Universidade Federal de Alfenas MG

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A INFLUÊNCIA DO USO E OCUPAÇÃO DO SOLO NAS

CARACTERÍSTICAS DE POTABILIDADE DA ÁGUA DE NASCENTES:

EXEMPLO DE CASO NO MUNICÍPIO DE ALFENAS – MG.

Afrânio Teodoro Martins

1

e Fernando Shinji Kawakubo

2

afraniolg@hotmail.com.br, fskgeo@gmail.com 1 Acadêmico do curso de Geografia Bacharelado – Unifal-MG

2 Professor do curso de Geografia – Unifal-MG Palavras - Chaves: Uso do solo, Qualidade da água e Consumo Humano.

Introdução

O consumo da água fora dos padrões de potabilidade constitui - se fator de riscos e agravos à saúde. Neste sentido, o uso da terra representa uma possível ameaça à qualidade química e microbiológica da água, pois através do processo de infiltração, os resíduos gerados pelas atividades humanas e depositados no solo ou lançados nos cursos d’água podem atingir as reservas de água subterrâneas.

Em Alfenas, é comum a captação da água de nascentes para o consumo humano, que devido às infraestruturas precárias, más condições sanitárias e técnicas inadequadas na captação, tornam – se susceptíveis à contaminação. A água in natura é nociva à saúde quando possui seres patogênicos ou elementos químicos prejudiciais ao organismo sendo capazes de causar – lhe doenças. Os padrões de potabilidade adequados são de importância fundamental para a saúde humana. No Brasil, a vigilância da qualidade da água é normatizada pela Portaria N° 2.914 de 12 de Dezembro de 2011, do Ministério da Saúde, que estabelece os Valores Máximos Permitidos (VMP) para contaminantes microbiológicos e para as características físico-químicas e radioativas que representam riscos para a saúde. (BRASIL, 2004).

O presente estudo visa o mapeamento dos tipos de uso e ocupação do solo no entorno das nascentes, com a finalidade de produzir um instrumento cartográfico que auxilie na visualização de fatores que podem interferir na qualidade da água, e que permita relacionar dados pontuais da qualidade da água com o uso do solo. Espera – se com isso, contribuir com dados que forneçam subsídios aos Órgãos Municipais, para promoverem ações, tanto no aspecto de educação ambiental, quanto sanitário, e, assim reduzir ou mesmo eliminar os riscos de doenças veiculadas pela água.

Objetivo

Avaliar a influência do uso e ocupação do solo nas características de potabilidade da água de nascentes públicas na cidade de Alfenas – MG, dentro de um enfoque geográfico, que relaciona parâmetros químicos e microbiológicos com a organização do espaço.

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2 As nove nascentes selecionadas para subsidiar esta pesquisa estão distribuídas em cinco micro-bacias da área urbana de Alfenas. Os critérios adotados na seleção dessas nascentes basearam-se no histórico de contaminação microbiológica e na utilização de suas águas para o consumo. Para tanto, foi realizado levantamento preliminar em campo onde foram coletadas informações referentes às condições ambientais e sanitárias por meio de Formulário de Caracterização. Com o uso do GPS, obteve – se as coordenadas em UTM.

Após o levantamento inicial em campo, os pontos amostrais foram sobrepostos à carta topográfica. A elaboração do mapa de uso da terra foi feita utilizando fotografias aéreas de escala 1: 6000 da empresa BASE SA, adquirida em fevereiro de 2006. As fotografias aéreas foram escaniadas e salvas em formato tif. Posteriormente, estas fotografias foram importadas para o Sistema de Informação Geográfica ILWIS (desenvolvido pelo ITC da Holanda). O georeferenciamento das fotografias aéreas foi feito utilizando pontos de controle identificados nas fotografias e na base cartográfica. Após o georreferenciamento, as fotografias foram reamostradas utilizando o interpolador vizinho mais próximo. Somente o centro de cada foto foi utilizado para a montagem do mosaico.

A elaboração do mapa de uso da terra foi feito de maneira visual utilizando os elementos de reconhecimento da fotointerpretação CERON e DINIZ, (1966). Foi definido no mapeamento um raio de 400 metros ao longo de cada ponto analisado. Para analise, dos parâmetros químicos e microbiológicos foram utilizados Laudos de Analises produzido pelo Projeto de Extensão: Águas minas e nascentes, adotando como referência o ano de 2010. Após a elaboração do mapa de uso e análise laboratorial da água coletada em cada ponto, foi feito uma análise da influência das formas de uso e ocupação da terra em relação ao padrão químico e microbiológico da água.

Resultados e Discussão

De acordo com o mapa de uso e ocupação do solo (Figura 1), o uso residencial recobre uma área de 166.5 ha totalizando 42% da área pesquisada. Com exceção das nascentes 5 e 6, o uso residencial é predominante com maior destaque no ponto 3.

As áreas de campo e pastagens ocupam um total de 157.5 ha – o que equivale a 39% da área pesquisada. Assim como, o uso residencial a pastagem está presente no entorno de todos os pontos analisados. São áreas caracterizadas por pequenas propriedades que geralmente são utilizadas para a criação de gado, com destaque para a pecuária leiteira em pequena escala. Essa atividade é desenvolvida sem nenhuma preocupação com a utilização de técnicas adequadas de conservação do solo e de reposição e preservação das matas ciliares. A mata ciliar ocupa uma área de 15.7 ha, sendo mais significativa nas nascentes 4, 5, 6 e 8.

O uso da terra para a agricultura é evidenciado no entorno das nascentes 2, 5, e 6, com destaque para o cultivo do café e em menor escala de milho e feijão. O manejo destas culturas geralmente é feito de forma tradicional, com a gradagem do solo e emprego de fertilizante e agrotóxico - o que contribui de certo modo com os processos erosivos e para uma deterioração da qualidade da água. Pode se afirmar que o tipo de cultivo no entorno da nascente 2 é menos agressivo ao ambiente comparado ao das nascentes 5 e 6, pois são chácaras que cultivam hortaliças e leguminosas de maneira tradicional, em que o uso de insumos é quase insignificante. As atividades industriais estão presentes no entorno das nascentes 1 e 2, próximo às

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3 instalações do Parque Industrial. As nascentes localizadas nos pontos 4, 5, 6 e 9 localizam-se próximas as rodovias, que são fontes potenciais de poluição.

Com exceção das nascentes 3, 6 e 8, todas as demais apresentaram tendência à acidez com valor de ph inferior a 6,0, abaixo da faixa permitida pela legislação. Os resultados da variável cloro foram quantificados como zero em todas as nascentes analisadas.

Figura 1 - Mapa de uso e ocupação do solo no entorno das nascentes - Alfenas, 2010.

1 = Residencial Oliveira; 2 = Jd. São Paulo; 3 = Chafariz; 4= Vila Teixeira; 5 = Parque M Fontanário; 6= Parque M Monjolo; 7 = Santos Reis Comunitária, 8 = Santos Reis Particular; 9 = Vista Grande.

Observou – se que todas as nascentes analisadas apresentaram contagem total de bactérias heterotróficas ou (Aeróbios Mesofilos) ≤ 500 UFC/100 ml, situando - se na faixa permitida pela legislação. (Tabela 1). A maior densidade de bactérias heterotróficas por amostra ocorreu na nascente Vila Teixeira no (verão/10), onde foram quantificadas 259 bactérias. A menor densidade ocorreu na nascente Parque Municipal Monjolo (primavera/10) onde foi registrada 1,0 bactérias na amostra.

Com exceção das nascentes 6 e 7 (Verão/10); 5 e 6 (Inverno/10) e 1, 3, 4, 5 e 6 (Primavera/10) todas as demais apresentaram contaminação por coliformes totais. Com destaque para a estação de outono onde todas as nascentes analisadas indicaram contaminação. Sabendo que os coliformes totais são bactérias escassas em fezes, isto indica contaminação do solo o que pode estar relacionado ao próprio ambiente e as atividades urbanas e agropecuárias. Os maiores valores encontrados para coliformes totais foram quantificados nas nascentes do bairro Vista Grande (Primavera/10) onde o NMP/100 ml de amostra analisada foi superior a 2.419,6 bactérias e do Chafariz (inverno/10) com NMP/ 100 ml igual a 2419,6 bactérias.

Quanto aos indicadores de contaminação fecal, observou – se que o maior número de nascente contaminada ocorreu no verão e no inverno. Com exceção das nascentes 6, 7 e 9 (verão/10); 5 6, 7 e 8 (inverno10) todas as demais apresentaram a bactéria Escherichia coli. No outono e na primavera percebe – se redução deste

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4 indicador e uma ligeira melhora na qualidade microbiológica da água, períodos em que somente a nascente 3 (outono/10) e 8 (primavera/10) apresentaram contaminação.

Tabela 1 - Analise microbiológica da água das minas e nascentes da cidade de Alfenas, em 2010.

Estações Parâmetros

Microbiológicos

Pontos de Coleta (Nascentes)

N1 N2 N3 N4 N5 N6 N7 N8 N9 Verão A. M C. T E. C 4,0 >200,5 1,0 NA* NA NA 76,5 200,5 9,9 259 101,3 4,2 2,0 1,0 1,0 5,0 0 0 5,0 0 0 40 7,0 2,0 8,0 1,0 0 Outono A. M C. T E. C 42,3 191,8 0 NA NA NA 23,5 16,0 1,0 18,5 27,2 0 7,0 5,2 0 3,0 1,0 0 36 49,5 0 243 191,8 0 18,8 190,4 0 Inverno A. M C. T E. C 97 231 28,0 NA NA NA 110 2419,6 1,0 2,0 195 195 20 0 0 2,0 0 0 6,0 21 0 14 2,0 0 12 260 7 Primavera A. M C. T E. C 32,8 0 0 NA NA NA 25,3 0 0 3,25 0 0 13,2 0 0 1,0 0 0 97 69,7 0 71 58,1 2,0 124 >2419,6 0 ■ Presença de Escherichia coli

AM = aeróbios mesófilos (UFC/mL; máximo ≤ 500UFC/mL), CT = coliformes totais, CF = coliformes fecais (termotolerantes) (NMP/100 ml; ausência).

N1= Residencial Oliveira, N2= Jd São Paulo, N3= Chafariz, N4= Vila Teixeira, N5= P. M. Fontanário, N6= P. M. Monjolo, N7= Santos Reis (comunitária), N8= Santos Reis (particular) N9= Vista Grande. NA* = Não analisada.

As nascentes 6 e 7 não apresentaram indicador de contaminação fecal. Esse resultado no ponto 6 pode estar associado à proteção natural, uma vez que, a nascente esta inserida em área recoberta por vegetação. Já na nascente ponto 7, embora inserida em um mosaico de pastagem e de uso residencial, a água apresentou boa qualidade. Este fato pode estar relacionado com sua inserção em área de veredas. No seu entorno, embora o uso da terra seja campo pastagem, não foi constatada a utilização deste espaço para tal finalidade. É válido ressaltar também as intervenções feitas nesta nascente como limpeza e manutenção do local, isolamento da área, canalização e construção de um pequeno chafariz. Todas essas medidas pode ter contribuído para uma melhora da qualidade sanitária do local o que pode ter refletido na qualidade da água.

A água da nascente 3 teve a pior qualidade microbiológica, pois apresentou contaminação fecal em três das quatro estações. Uma característica interessante nesta nascente é que o ponto de coleta esta inserido em área de campo pastagem, no entanto, a nascente situa – se a cerca de 100 m acima deste ponto, em área de uso residencial. Esse resultado pode estar associado a possíveis vazamentos na rede coletora. Isso porque em cada um dos vários encaixes dos tubos que se tem em um quarteirão, pode haver vazamentos sem que se perceba, fazendo com que a probabilidade de contaminação da água da nascente seja muito alta. Suspeita – se também da existência de fossas clandestinas no interior das residências, uma vez que,

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5 são casas antigas, construídas abaixo do nível da rua o que dificulta a ligação do esgoto à rede coletora.

A nascente 4 apresentou contaminação no verão e inverno momento em que foi quantificado o maior numero de Coliformes fecais (195 bactérias, por 100 ml de amostra). O ponto de coleta desta nascente esta inserido em área recoberta por vegetação, no entanto, a nascente situa – se a cerca de 400 m acima deste ponto, em área de campo pastagem. No local, foi verificada “in loco” a presença de animais (equinos e bovinos) nesta área, o que pode estar relacionado com a deterioração da qualidade microbiológica da água.

A nascente 1 apresentou contaminação no verão e no inverno. Embora, o uso predominante seja residencial a nascente esta inserida em área próximo a industrias e de campo pastagem sendo comum a presença de animais próximo da nascente o que pode estar interferindo na qualidade microbiológica da água. Vale ressaltar que a simples detecção de um determinado agente patogênico na água não significa o imediato desenvolvimento da doença, mas sim a necessidade de maior vigilância por parte das autoridades responsáveis.

5. CONCLUSÃO

As características químicas e microbiológicas das águas das nascentes analisadas foram influenciadas em sua maioria pelas formas de uso e ocupação da terra, por infraestrutura precária e pela degradação das condições higiênica - sanitária. Contudo as nascentes 6 e 7 não apresentou contaminação fecal, sendo aptas ao consumo do ponto de vista microbiológico, a boa qualidade da água nestes pontos suspeita – se estar relacionada a cobertura vegetal por mata e área de veredas respectivamente. A nascente 3 apresentou a pior qualidade microbiológica da água considerada imprópria ao consumo, sendo predominante no seu entorno o uso

residencial. Com exceção das nascentes 3, 6 e 8, as demais apresentaram tendência à

acidez no decorrer de todas estações. Os fatores climáticos como: temperatura e índice pluviométrico não foram considerados significativos, pois os estudos apontaram que nos dias de chuva, o numero de nascentes contaminadas foi maior, no entanto, a incidência de coliformes Escherichia coli ocorreu independentemente da temperatura. Considerando que as águas dessas nascentes não recebem tratamento, fica evidente o risco a saúde da população.

REFERÊNCIAS

FARIA. A. L.; Condições Ambientais e Características de Potabilidade da Água de

Bicas de Uso na Cidade de Taubaté – SP. 2006. 87f. Dissertação (Mestrado em

Ciências Ambientais) – Universidade de Taubaté, São Paulo, 2006.

BRASIL. Ministério de Estado da Saúde. Portaria n° 518. Estabelece procedimentos

e responsabilidades relativos ao controle e vigilância da água para consumo humano e seu padrão de portabilidade, e da outras providências, Brasil 2004.

CERON, A. O. DINIZ, J. A. F. O Uso das Fotografias Aéreas na Identificação das Formas de Utilização Agrícola da Terra. Revista brasileira de Geografia, n.2, p. 161-173, 1966.

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