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A inclusão de pessoas com deficiência no mercado de trabalho

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DEPARTAMENTO DE HUMANIDADES E EDUCAÇÃO CURSO DE PSICOLOGIA

FRANCIELE DAIANE WAMMES

A INCLUSÃO DE PESSOAS COM DEFICIÊNCIA NO MERCADO DE TRABALHO

SANTA ROSA 2019

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A INCLUSÃO DE PESSOAS COM DEFICIÊNCIA NO MERCADO DE TRABALHO

Trabalho apresentado ao curso de Psicologia da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – UNIJUI – como registro parcial à obtenção do título de psicólogo.

Orientadora: Profa. Me. Simoni Antunes Fernandes

Santa Rosa 2019

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FRANCIELE DAIANE WAMMES

BANCA EXAMINADORA

______________________________________ Orientadora: Profa. Me. Simoni Antunes Fernandes

______________________________________ Profa. Me. Sonia da Costa Aparecida Flenger

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Dedico este trabalho aos profissionais que se propõem a escutar e trabalhar as questões pertinentes a inclusão social dos sujeitos com deficiência.

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Aos que acreditaram que essa escrita seria possível.

Aos familiares e amigos que de alguma forma contribuíram no período de formação acadêmica.

Aos meus pais por investir e implicar-se em meus estudos.

A profa. Me. Simoni Antunes Fernandes por juntamente comigo despertar o desejo de refletir sobre as práticas profissionais e vivenciá-las no Estágio de Ênfase Social, colocando em prática na pesquisa e escrita.

Aos professores da Universidade Regional do Noroeste do Rio Grande do Sul - UNIJUÍ, que nesses cinco anos contribuíram para a minha formação, e que possibilitaram os estudos e pesquisa desse trabalho.

Aos profissionais da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) que apoiaram o projeto de Estágio Social e contribuíram para a formação em Psicologia.

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com deficiência no mercado de trabalho, no qual, o desejo de pesquisar sobre o assunto despontou no Estágio de Ênfase e Processos sociais do curso de Psicologia. Para tanto, permite refletir sobre a constituição do trabalho, visto que, os indivíduos com deficiência intelectual encontram impasses para inserir-se no mercado de trabalho. Aborda-se sobre as escolas de educação especial conectando-as a experiência de inserção da autora desta pesquisa em uma Oficina Profissionalizante na Escola Especial, da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais. Ao finalizar, essas reflexões permitem compreender a constituição do trabalho vinculada à pessoa com deficiência e seu lugar de pertencimento na sociedade contemporânea. O estudo constitui uma pesquisa bibliográfica de natureza qualitativa de cunho descritivo e exploratório.

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in the labor market, in which the desire to research on the subject highlighted in the Internship of Emphasis and Social Processes of the Psychology course. To this end, it allows us to reflect on the constitution of work, since individuals with intellectual disabilities find impasses to enter the labor market. It addresses about special education schools connecting them to the experience of inserting the author of this research into a Professionalworkshop in the Special School, the Association of Parents and Friends of the Exceptional. At the end, these reflections allow us to understand the constitution of work linked to the disabled person and their place of belonging in contemporary society. The study constitutes a bibliographic research of a descriptive and exploratory qualitative nature.

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INTRODUÇÃO ... 9

1. A CONSTITUIÇÃO DO TRABALHO VINCULADO AOS SUJEITOS COM DEFICIÊNCIA ... 11

2. AS ESCOLAS DE EDUCAÇÃO ESPECIAL E A INSERÇÃO DOS SUJEITOS NO TRABALHO ... 20

2.1 HOWARD GARDNER: INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS E AUTONOMIA DOS SUJEITOS ... 25

2.2 OFICINA PROFISSIONALIZANTE NA ESCOLA ESPECIAL ... 29

CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 34

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INTRODUÇÃO

Esta pesquisa tem como titulação A Inclusão de Pessoas com Deficiência no Mercado de Trabalho, no qual o interesse em pesquisar surgiu em Psicologia no Estágio de Processos Sociais. Em vista disso, devemos pensar o sujeito para além da sua deficiência, que possui desejos e interesses para mudar sua posição passiva. Sabemos que o modelo capitalista exige dos sujeitos qualificação profissional como requisito de empregabilidade, no qual apenas o melhor se destaca. Surge então a interrogação, como engajar uma pessoa deficiente intelectual em um contexto que apresenta tamanha demanda ao sujeito?

Com isso, o que nos remete ao trabalho, vincula-se a uma representatividade humana, no qual somos movidos pela falta, que nos afeta e impulsiona para dirigir-se em busca dos nossos desejos. Pode ser carregado de prazer ou desprazer, que passa a ser uma função organizadora para a subjetividade do sujeito. A partir disso, essa pesquisa está estruturada em dois capítulos e subcapítulos, no qual a escrita ainda está em processo de construção e elaboração, com o propósito de dar continuidade a mesma.

No primeiro capítulo iremos abordar sobre a constituição do trabalho do sujeito com deficiência, no qual essas indagações e demandas surgiram do trabalho da autora como estagiária de psicologia em uma instituição APAE (Associação de Pais e amigos dos Excepcionais). O segundo momento trata de relatar sobre a Escolas de Educação Especial e a inserção dos sujeitos no trabalho, no qual surge a necessidade de pesquisar e entender porque criou-se a instituição APAE para atender esses sujeitos. Em sequência, os subcapítulos abrangem as inteligências múltiplas do autor Howard Gardner, que conceitua a inteligência linguística, lógico-matemática, musical, espacial, corporal cinestésica, interpessoal e intrapessoal o que faz uma conexão com a Oficina Profissionalizante na Escola Especial APAE trazendo brevemente a inserção da autora desta pesquisa no Estágio de Processos Sociais, para ilustrar e exemplificar as ideias até aqui trabalhadas.

Os objetivos estão vinculados a aspectos que incidem no processo de inserção das pessoas com deficiência no mercado de trabalho e as demandas sobre o sujeito trabalhador frente às exigências impostas pelo capitalismo. Analisar o processo de

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inclusão no mercado de trabalho, e verificar o que a legislação vigente exige das empresas referente a esses sujeitos.

Ao se reportar aos sujeitos a alguma problemática cognitiva grave iremos falar em Deficiência Intelectual. Esse termo foi mudado ao longo da história, tratado como excepcional/retardo mental. Fizemos a opção teórica pelo termo D.I por compreender como autores atuais entendem uma disfunção cognitiva que afeta significativamente a aprendizagem e não a mente como um todo. Ao trazer citações diretas iremos manter os termos usados pelos autores.

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1. A CONSTITUIÇÃO DO TRABALHO VINCULADO AOS SUJEITOS COM DEFICIÊNCIA

Este capítulo trata de traçar uma descrição histórica sobre o trabalho para assim articular esta pratica humana aos sujeitos com deficiência intelectual. Em vista disso, devemos pensar nesse sujeito que está para além da sua deficiência, que possui desejos e interesses para mudar sua posição passiva. Na história social, os sujeitos deficientes eram vistos como excepcionais, que consequentemente, nos remetem a pensar em algo raro, diferente, estranho, o que causa na maioria dos sujeitos reações de curiosidade, aquilo que foge da “normalidade”. Nota-se o quão desagradável é o olhar da comunidade frente a esses sujeitos, que por muitas vezes são excluídos, afetando as perspectivas de inserção no mercado de trabalho.

O que nos remete ao trabalho, uma representatividade vital humana para a formação dos sujeitos, somos movidos pela falta, no qual nos afeta e nos impulsiona para dirigir-se em busca dos nossos desejos. Pode ser carregado de prazer ou desprazer, mas passa a ser uma função que nenhum momento é despercebido pela sociedade.

A autora Suzana Albornoz em seu livro, “O que é trabalho” menciona:

Nos primeiros tempos do cristianismo o trabalho era visto como punição para o pecado, que também servia aos fins últimos da caridade, para a saúde do corpo e da alma, e para afastar os maus pensamentos provocados pela preguiça e a ociosidade. Mas como o trabalho era desse mundo mortal e imperfeito, não era digno por si mesmo. (1994, p. 51)

Portanto, pode-se pensar a palavra trabalho como algo da ordem da dor, tortura, suor no rosto, emoção, dificuldade, mas também, algo da ordem do prazer e compensação. Além disso, sabe-se que existem outros significados mais particulares, onde todo esforço possui um resultado, a sua construção enquanto processo e ação. O sujeito da atualidade encontra dificuldade em dar sentido à vida se não for pelo trabalho, necessita participar ativamente do meio social, inserindo-se no mercado de trabalho.

Segundo a autora Cleonilda Dallago (2010), o trabalho na era capitalista compreende um sistema econômico massificador, que elenca questões planejadas e necessita do coletivo para dar conta de toda a demanda. Do século XIX pra cá, muitos sujeitos foram a procura do trabalho industrial, onde se fez necessário sair do meio

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rural para produzir nos grandes centros no qual possuíam melhores condições de vida e de trabalho.

O trabalho constitui-se como alienador do trabalhador na era capitalista, visto que, na antiguidade as pessoas da comunidade teciam as suas próprias roupas ou contavam com ajuda de uma costureira que confeccionava as roupas artesanais, portanto, tinha-se um conhecimento para quem iria vender o produto. Nos dias atuais há um corte, uma distância entre o produtor e o consumidor, não se sabe mais para quem dirige-se o fruto do esforço e trabalho. Essa alienação do homem, do produto e do seu trabalho condiz da organização do capitalismo e da divisão social do trabalho.

Segundo Arendt:

“Julga ver no mundo contemporâneo a redução de todo trabalho ao nível de labor, de esforço rotineiro e cansativo com o único objetivo da sobrevivência. Estaria ocorrendo uma laborização do mundo, vem mais do que a elevação do trabalho produtivo ao plano da práxis pela politização da vida operária, segundo o projeto socialista”. (1986, p.49)

Percebe-se claramente que na contemporaneidade o trabalho está vinculado a excessivas cargas horárias, no qual a exigência maior é a produção e geração de lucro, sempre visando o melhor para a empresa. E em segundo plano entra a subjetividade do trabalhador, que muitas vezes é vista com desconfiança, enquanto a dos gestores enaltece.

Pensando assim, encontramos dificuldades e empecilhos na subjetividade do trabalhador e na empresa, acompanhando de perto a competitividade e a disputa de espaços, no qual apenas o melhor se destaca. Surge então a interrogação, como engajar uma pessoa deficiente intelectual em um contexto que apresenta tamanha demanda ao sujeito?

O mercado de trabalho demanda sujeitos com qualificação profissional, como requisito para empregabilidade. O que está havendo, segundo Guimarães dos Santos (2013), é o aumento da necessidade de aproximação entre ensino e trabalho. O que nos explica, que o aumento da formação é responsável pelo aumento do salário, e que consequentemente, a formação cabe ao próprio trabalhador. Porém, outros fatores influenciam na inserção dos sujeitos no mercado do trabalho, como raça, sexo, deficiências, local de moradia, meio social e cultural.

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E essas condições tornam o sujeito vulnerável socialmente, diante disso, tomam uma posição de desvantagem frente ao acesso às condições de promoção e garantia dos direitos de cidadania de determinadas populações. Portanto, não dispõem de recursos e habilidades para lidar com as oportunidades oferecidas pela sociedade. Segundo Guimarães dos Santos:

“Hoje, grande parte dos empregos existentes é de curta duração, sem muitas garantias sociais e habitualmente de baixa remuneração. O mercado de trabalho, na maioria dos países, não apresenta iguais possibilidades de ascensão social ou até mesmo de trabalho decente que ofereceu nas três décadas seguintes à Segunda Guerra Mundial.” (2013)

Conforme Aranha (1995, p.70), foi na revolução industrial que o modelo de produção capitalista valorizou o potencial produtivo do público, houve a necessidade de estruturação de sistemas nacionais de ensino e escolarização para a população potencialmente produtiva da época, “o que chamou de momento da educação’. Sabemos que as pessoas com deficiência possuem o direito de estar inseridos no mercado de trabalho, mas não são reconhecidos como cidadãos, muitas vezes apenas suprem as necessidades capitalistas.

Mas, as leis referem-se sobre a igualdade e direito para todos os sujeitos, visto que são de suma importância para a garantia e estabelecimento de normas que precisam ser efetuadas na empresa e com os sujeitos. Portanto na Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência (Decreto nº 3.298, de 20 de dezembro de 1999), que constitui um conjunto de orientações normativas que visam a assegurar o pleno exercício dos direitos das pessoas com deficiência, pode-se encontrar o seguinte conceito de deficiência:

“Considera-se três conceitos referentes a deficiência, conjugada como toda perda ou anormalidade de uma estrutura ou função psicológica, fisiológica ou anatômica que gere incapacidade para o desempenho de atividade, dentro do padrão considerado normal para o ser humano; deficiência permanente - aquela que ocorreu ou se estabilizou durante um período de tempo suficiente para não permitir recuperação ou ter probabilidade de que se altere, apesar de novos tratamentos; e a incapacidade - uma redução efetiva e acentuada da capacidade de integração social, com necessidade de equipamentos, adaptações, meios ou recursos especiais para que a pessoa portadora de deficiência possa receber ou transmitir informações necessárias ao seu bem-estar pessoal e ao desempenho de função ou atividade a ser exercida”. (Brasil, 1999.)

A partir dessas ideias sobre o trabalho será abordada a questão sobre a deficiência intelectual, no qual o passado histórico nos remete pensar nas dificuldades que as pessoas com deficiência encontravam para se inserir no meio social, sendo

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rejeitados pela sociedade. Esses sujeitos eram internados em hospícios para evitar que fossem contaminar as pessoas próximas, e em muitos casos estavam empregados como bobos da corte, servindo os reis e nobres.

Segundo Jean E. Dumas (2011),

A deficiência intelectual não é um transtorno psicopatológico isolado, mas um conjunto de condições diversas com alguns fatores, onde a criança ou adolescente tem um funcionamento intelectual inferior à média. Esse funcionamento prejudica sua adaptabilidade em diferentes aspectos importantes, manifesta-se antes dos 18 anos, em geral durante a primeira infância ou em etapas posteriores. O retardo mental caracteriza-se na verdade, por um desenvolvimento limitado das faculdades intelectuais e do funcionamento adaptativo da criança ou do adolescente. (p.58)

O autor Kerlin (1889), define a deficiência intelectual, nomeando como:

“Uma confusão, um enfraquecimento ou uma perversão do sentido moral, uma deficiência constitucional do sistema nervoso, do mesmo modo que a cegueira das cores, criando assim uma condição irreversível pelo ambiente ou pela educação”. (p.17)

Na escola os sujeitos se confrontam com os seus desejos e limitações na aprendizagem, sabemos o quão importante é o acompanhamento dos pais e da escola nesse processo de aprender, no qual é o movimento de criar novos vínculos, com isso, conhecendo sujeitos que possuem outros costumes e culturas. Mas sabemos que cada sujeito possui seu momento e tempo de aprender e perpassar esse ciclo inicial da alfabetização, uns com mais e outros com menos facilidade.

Conforme o autor Jean E. Dumas (2011):

A diversidade característica do retardo mental manifesta-se na autonomia, na capacidade de deslocamento sem auxílio e no desempenho na escola ou no trabalho. O retardo mental só é descoberto, quando as crianças ingressam na escola e veem-se confrontadas com as exigências de aprendizagem. (DUMAS, p. 59).

Portanto, discutiremos os quatro níveis importantes da deficiência intelectual segundo o autor Dumas (2011), ligados ao retardo mental leve, onde adquire-se várias questões afetivas, sociais e instrumentais, e aprendem a falar sem dificuldades maiores. Contudo, essa aquisição se faz geralmente de forma lenta, e a compreensão assim como a utilização da linguagem são limitadas e concretas. Do mesmo modo, seu nível de autonomia pessoal (por exemplo, alimentação, higiene pessoal, controle esfincteriano) e social (por exemplo, aprendizagens das regras e das convenções sociais, utilização de serviços como o correio ou os transportes coletivos) é comparável ao de crianças de inteligência normal, mas elas precisam de mais tempo

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e apoio que essas para assimilar algumas aprendizagens. Se suas capacidades sensoriais e motoras são atingidas, os problemas não são relativamente menores e não implicam um atraso acentuado do desenvolvimento.

Conforme o autor, o retardo mental moderado na qual a maioria das crianças aprendem a falar, mas possuem dificuldades de se comunicar com os sujeitos próximos além de uma troca de informações simples e concretas. A aprendizagem das regras e convenções sociais também é difícil para elas, requerendo habitualmente um nível de controle sustentado. Essas crianças também têm, às vezes, um nível de autonomia limitado (higiene pessoal, independência para se vestir e para se alimentar, e controle esfincteriano) e podem apresentar problemas de motricidade. Qualquer que seja o contexto social e cultural, seu retardo, em geral, é evidente desde a primeira infância, o que torna as aquisições de aprendizagem bastante difíceis. A maioria das crianças com retardo mental moderado não aprende a ler ou escrever, mas podem se beneficiar de programas educativos estruturados em que aprendem a executar tarefas simples, contribuindo para sua autonomia parcial em um ambiente adaptado. Na idade adulta, a maioria das pessoas com retardo mental moderado pode trabalhar em locais adaptados ou em outras estruturas semelhantes e compartilhar uma vida social em um meio familiar ou comunitário”.

Dumas (2011) nos coloca que o retardo mental grave, manifestam-se dificuldades semelhantes aquelas que caracterizam o retardo mental moderado, porém, mais acentuadas. Sempre múltiplas, as dificuldades atrasam consideravelmente seu desenvolvimento e limitam seu nível de autonomia. Elas podem adquirir uma linguagem funcional rudimentar e às vezes aprender a reconhecer algumas palavras escritas, como seu nome. Podem também aprender a executar algumas tarefas simples que lhes dão alguma autonomia e lhes permitem eventualmente realizar diversas atividades práticas. Contudo, elas necessitam pela vida toda de uma vigilância estrita e cuidados específicos em razão da mobilidade reduzida, da autonomia pessoal limitada e de afecções médicas que complicam regularmente seu estado.

Conforme os níveis, Dumas (2011) relata o retardo mental profundo que começa na maior parte dos casos, na primeira infância e afeta todo o desenvolvimento. As crianças atingidas precisam de supervisão e de cuidados

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permanentes, habitualmente em instituições. Sua linguagem é bastante limitada e inexistente, embora, às vezes, possam se comunicar com gestos ou com palavras desconexas. O mesmo ocorre com sua autonomia pessoal. Elas não conseguem comer ou se vestir sozinhas, são limitadas em sua motricidade e, na maior parte do tempo, não têm controle esfincteriano. Assim como as crianças com um retardo mental grave, tem necessidade de uma vigilância constante ao longo da vida. Seu estado geralmente é agravado por problemas físicos múltiplos que exigem cuidados médicos e limitam sua longevidade.

No apanhado histórico, durante muito tempo as pessoas com deficiência intelectual suscitaram uma ambivalência quase sempre extrema por parte de seus familiares. Conforme o autor Jean E. Dumas (2011, p.61) “O medo e a rejeição daquele que é diferente por ser débil mental, cuja aparência física muitas vezes é repulsiva e cujo comportamento causa perturbação ou temor, na idade média, antes de tudo foram objetos de rejeição social nas sociedades europeias. Seu estado era considerado castigo divino do qual é preciso se proteger. Até as vésperas da Revolução Francesa, as pessoas que sofriam de deficiências mentais eram mantidas a distância ou internadas em hospícios para evitar que contaminassem seus próximos”.

Portanto, para Jean E. Dumas (2011):

A Revolução Francesa levou a uma mudança fundamental na maneira de compreender a deficiência intelectual e de tratar as pessoas atingidas por ele. Apoiada na ideia de que qualquer ser humano é digno de respeito suscita o despertar de uma consciência social e de um altruísmo nos quais a rejeição ao outro por sua diferença não é mais aceitável socialmente. Embora preconizassem não só o respeito às pessoas com deficiências, mas também sua educação e mesmo sua inserção social, essas primeiras tentativas acabaram, em muitos casos, em fracassos ou escândalos. (p.62)

Em 1994, Míses et al. atribui a maioria dos problemas da sociedade a deficiência intelectual:

A história recente caracteriza-se por uma tomada de consciência brutal, tanto dos profissionais como do público, no que diz respeito à extensão considerável da debilidade mental e à sua influência, seja como fonte de miséria para o próprio doente e para a família, seja como causa de crime, na prostituição, na miséria, no nascimentos ilegítimos, na intemperança e em outros problemas sociais complexos. [...] As mulheres deficientes mentais são invariavelmente imorais e, deixadas em liberdade, são agentes de propagação de doenças venéreas ou dão à luz crianças tão deficientes como elas próprias... Todo deficiente mental, sobretudo o imbecil leve, é um criminoso em potencial. (p.31)

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No inicio do século XX, Binet introduz a psicometria que pela primeira vez oferece um método quantitativo para determinar o funcionamento intelectual e que logo tornará a principal referencia utilizada para definir diferentes níveis de gravidade do retardo mental. (1895, p. 223-254). Além disso, a psicometria tem seu foco voltado para teorias e técnicas de mensuração dos diversos construtos psicológicos, como habilidades, atitudes e traços de personalidade.

Segundo o autor Dumas (2011):

“Desde o nascimento, qualquer pessoa, seja ou não atingida por retardo mental, não se submete à sua inteligência, mas age com ela nos limites de suas capacidades e dos meios de que dispõe em seu ambiente. (p.70). Assim sendo, no contexto das APAEs surge como questão o termo “excepcional”, no qual o autor Glat ressalta que o rótulo de anormal ou excepcional tem uma dupla função (Glat, 1991): ao mesmo tempo que serve como "ingresso numerado indicando em que lugar o indivíduo deverá sentar no teatro da Vida, também determina que papel ele deverá representar nesse teatro!" (p. 9). Além disto, não só a pessoa estigmatizada passa a agir em função dos padrões de comportamento esperados para o seu papel (os únicos que lhe foram ensinados), como todos os outros atores contracenam com ela de acordo com o estereótipo específico de sua categoria de estigma, reforçando ainda mais esta situação (Glat, 1989; Goffman, 1982; Orno te, 1989).

Dessa maneira, surge o desejo de inserir-se no mercado de trabalho, mas muitos deles não se reconhecem como trabalhadores por falta de espaço e principalmente, existe um olhar para a deficiência como algo da ordem do impossível, por não conseguir se desenvolver rapidamente na empresa e/ou por não obter habilidades e atitudes pertinentes ao processo de inserção no mercado de trabalho. Percebe-se que oque produzem não é o suficiente para um modelo capitalista, no qual os gestores exigem competência e agilidade para crescer e evoluir em uma empresa.

Sabemos que gerar lucros requer muito mais que mão de obra barata, necessita de um tempo de execução mais ágil e competente dos trabalhadores. Isso nos remete a pensar que esses sujeitos deficientes precisam mais tempo e qualificação para se engajar na empresa, alguns com mais ou outros com menos facilidade. O ponto discutido no meio organizacional condiz a sobrecarregar os

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sujeitos, no qual sabemos que isso acarreta em sofrimento psíquico e adoecimento do trabalhador.

A compreensão lógica depende de cada sujeito, conforme o nível de gravidade da deficiência intelectual. Mas, o desenvolvimento de qualquer pessoa, tendo deficiência ou não, depende das oportunidades de aprendizagem e das relações familiares estabelecidas ao longo da vida. O discurso desvitalizado, desinvestido de potencialidades dá lugar a uma restrição de recursos simbólicos para o sujeito.

O livro “Os atrasados não existem”, da autora Anny Cordié nos remete a pensar: “Ser bem-sucedido na escola é ter a perspectiva do ter, mais tarde, uma bela situação, de ter acesso, portanto, ao consumo de bens. Significa ser alguém, isto é, possuir o falo imaginário, ser considerado, respeitado. O dinheiro e o poder, não são eles a felicidade? O próprio Estado alimenta essa aspiração. Para ser grande, uma nação não deve sempre aumentar suas riquezas e suas competências?”. (p.21)

Pensamos no modelo capitalista no qual somos aprisionados, temos a necessidade de pertencer a uma classe social bem-sucedida, que demonstre o poder e domínio das riquezas e competências que construímos ao longo de nossas vidas. Mas se pararmos para pensar o quanto afeta a subjetividade dos sujeitos, seria imprescindível vivermos em uma sociedade “livre”, no qual fugíssemos dessas regras e restrições impostas.

Nesse fundamento, incidem aspectos referente ao consumo dos sujeitos com deficiência, se não há inserção no mercado de trabalho, consequentemente, não haverá gastos necessários para a sua sobrevivência. Então, percebe-se que a exclusão ocorre pelo fato de não adquirir financeiramente o capital e por não possuir um lugar na sociedade como sujeito consumidor do mercado capitalista.

Muitas empresas inseridas na lei de cotas selecionam pessoas que possuem grau mais leve de deficiência intelectual, para que não implique em grandes modificações de infraestrutura, e para que diminua os gastos em formação para qualificar o trabalhador, esses requisitos implicam no preconceito perante a entrada do sujeito no grupo de trabalhadores. Assim, compreendemos de que não adianta ter um código de ética na empresa onde visam a igualdade dos colaboradores se não é realizado na prática cotidiana.

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De acordo com Dejours (2004), o trabalho é:

“Aquilo que implica gestos, saber-fazer, um engajamento do corpo, a mobilização da inteligência, a capacidade de refletir, de interpretar e de reagir às situações; é o poder de sentir, de pensar e de inventar" (p. 28).

Os sujeitos reagem de forma diferente frente as dificuldades das situações de trabalho e chegam a este trabalho com sua história de vida pessoal. Os problemas nascem das relações conflituosas, no qual encontra-se a pessoa e a sua necessidade de prazer, e do outro lado, a organização que tende à instituição de um automatismo e a adaptação do trabalhador a um determinado modelo.

Segundo Freud:

“A atividade profissional constitui fonte de satisfação, se for livremente escolhida, isto é, por meio de sublimação, tornar possível o uso de inclinações existentes, de impulsos instintivos (pulsionais) persistentes ou constitucionalmente reformados. No entanto, como caminho para a felicidade, o trabalho não é altamente prezado pelos homens. Não se esforçam em relação a ele como o fazem em relação a outras possibilidades de satisfação. A grande maioria das pessoas só trabalha sob pressão da necessidade, e esta aversão humana ao trabalho suscita problemas sociais extremamente difíceis. (Freud, 1974)”.

Desta forma consideramos que a busca do prazer no trabalho e a fuga do desprazer constituem um desejo permanente do trabalhador, no qual muitas vezes o trabalho é visto como fonte de necessidade de sobrevivência acarretando sofrimentos com sintomas específicos, gerando desprazer. Mas que na verdade deveria dar lugar a fonte sublimatória de prazer, pois sabemos que passamos a maior parte da nossa vida inserida no trabalho.

Portanto, na contemporaneidade podemos dizer que jamais se honrou tanto o trabalho, desde que a humanidade existe e mesmo, está fora de cogitação que não se trabalhe (Lacan, 1992). Nos faz pensar a importância e centralidade do trabalho na vida humana, é satírico pensar no sofrimento do sujeito no trabalho, no qual a ligação do trabalho com o sujeito é único e singular.

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2. AS ESCOLAS DE EDUCAÇÃO ESPECIAL E A INSERÇÃO DOS SUJEITOS NO TRABALHO

O termo deficiência intelectual (DI) é cada vez mais usado em vez de retardo mental. DI ou retardo mental é definida como uma condição de desenvolvimento interrompido ou incompleto da mente, que é especialmente caracterizado pelo comprometimento de habilidades manifestadas durante o período de desenvolvimento, que contribuem para o nível global de inteligência, isto é, cognitivas, de linguagem, motoras e habilidades sociais (Organização Mundial da Saúde, OMS, 1992). A American Association on Intellectual and Developmental Disabilities (AAIDD) descreve a deficiência intelectual como caracterizada por limitações significativas no funcionamento intelectual e no comportamento adaptativo, expressas em habilidades adaptativas conceituais, sociais e práticas.

Um grande desafio das investigações que tratam dessa questão é a falta de fontes históricas que retratem esses sujeitos deficientes, suas vidas e lugares que ocuparam nas sociedades e culturas as quais pertenciam. Percebe-se que, nesse cenário existe a restrição de fatos históricos comprovando a falta de prestígio social e aceitação dos mesmos.

Acompanhando a realidade e expectativas dos alunos da APAE surge a necessidade de pesquisar e entender como e porque criou-se a instituição para atender esses sujeitos. Inicialmente a proposta surgiu com o intuito de prestar assistência médico-terapêutica as pessoas com deficiência intelectual. Esse movimento surgiu no Rio de Janeiro, no dia 11 de dezembro de 1954, no qual, Beatrice e George Bemis, diplomatas representantes dos Estados Unidos, ao chegarem no Brasil, naquele ano, não encontraram nenhuma entidade de acolhimento para o filho com a síndrome de Down.

Conforme o autor Véras:

“O fato supracitado motivou o casal a lutar por um organismo que contemplasse o atendimento às pessoas com deficiência intelectual. Aliaram-se aos diplomatas, pais, amigos e médicos das pessoas com deficiência e, com eles, nasceu a primeira Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais – APAE - em março de 1955, em uma reunião na sede da Sociedade Pestalozzi do Brasil, para escolha do seu Conselho Deliberativo. A APAE, contando com o apoio e o espaço cedido pela Sociedade Pestalozzi, deu início aos seus trabalhos pedagógicos; conseguiu formar duas turmas com 20 crianças com deficiência, nesse mesmo ano de 1955. (VÉRAS, 2000).

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O movimento apaeano se caracteriza por uma enorme rede, constituída por pais, profissionais, voluntários, pessoas com deficiência, amigos e instituições públicas e privadas para a promoção e defesa de direitos da cidadania da pessoa com deficiência e sua inclusão social. Apenas em 1954 iniciou a discussão sobre a questão da deficiência com um grupo de famílias que trazia a sua experiência enquanto pais de filhos deficientes e como a sociedade os enxergavam.

Foi necessário redefinir conceitos e paradigmas, criando uma base para a construção de uma nova perspectiva sobre a deficiência. As atitudes, percepções e suposições a respeito da deficiência passaram de um modelo de carência para um modelo social. No modelo caritativo, inaugurado com o fortalecimento do cristianismo ao longo da Idade Média, a deficiência é considerada um déficit e as pessoas com deficiência são dignas de pena por serem vítimas da própria incapacidade.

A autora Helena Antipoff (2011) relata as novas ações do Estado:

Na primeira metade do século XX, o Estado não promoveu novas ações para as pessoas com deficiência e apenas expandiu, de forma modesta e lenta, os institutos de cegos e surdos para outras cidades. As poucas iniciativas, além de não terem a necessária distribuição espacial pelo território nacional e atenderem uma minoria, restringiam-se apenas aos cegos e surdos. Diante desse déficit de ações concretas do Estado, a sociedade civil criou organizações voltadas para a assistência nas áreas de educação e saúde, como as Sociedades Pestalozzi (1932) e as Associações de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) (1954).

Na criação da primeira APAE, o Brasil estava em fase de desenvolvimento, de base industrial, de organização da produção, onde a racionalização buscava determinar um novo tipo de homem, de trabalhador e de produção. Segundo Silva (1995, p. 36):

“A APAE surge no intervalo entre o populismo do governo de Getúlio Vargas e as promessas desenvolvimentistas de Juscelino Kubitschek, para ocupar o espaço vazio da educação especial como rede nacional”. O espaço vazio ao qual a autora se refere corresponde à ausência de um serviço público especializado no atendimento às pessoas com deficiência mental/intelectual em todo o país, legitimando a criação de instituições privadas de atendimentos a esses sujeitos. Assim, “a educação especial, lugar marcadamente dos sujeitos marginalizados socialmente, era colocada à margem da educação pública, aberta para as iniciativas privadas” (SILVA, 1995, p. 38).

É importante salientar que a partir do surgimento das Apaes, pensou-se para além da inclusão, a educação foi uma passo importante, no qual criou-se oficinas e meios para a inserção no trabalho, esse momento é o de se identificar com seus desejos para que possam demonstrar suas habilidades perante alguma

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atividade/trabalho e consequentemente buscar caminhos para sua autonomia e independência no âmbito social. Falar sobre trabalho no contexto apaeano nos trás varias vertentes engajadas na inclusão, no qual esse movimento de trabalho pode ser tanto formal como informal, não deixando de ser uma atividade de inserção no corpo social.

Percebe-se que em muitos casos, as oficinas aliadas a educação especial podem abrir novos caminhos para a inserção no mercado de trabalho. Esse momento nos leva a enfrentar desafios para pensar na rentabilidade e no bem-estar desses sujeitos. A inserção no mercado de trabalho, é a possibilidade de desenvolvimento social e emocional, propiciando a construção da identidade, habilidades, a satisfação de necessidades básicas e também de objetivos pessoais vinculados ao sentimento de valorização pessoal.

Muito se fala de inclusão, e em que consiste a inclusão como política pública nacional? A inclusão refere-se a admissão da pessoa com deficiência na vida social e educativa. Todos os alunos devem ser incluídos nas escolas regulares, em todos os seus níveis, da educação infantil ao ensino superior.

E percebe-se que é urgente pensar e agir numa perspectiva inclusiva para que tenhamos uma educação de qualidade para todos os alunos, de acordo como o que prescreve a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 9.394/96 para que se construa com eficácia uma prática escolar que opere sobre a lógica inclusiva. Mas a estrutura da instituição educacional ainda é uma grande barreira, pois apesar de existirem políticas públicas educacionais avançadas, as escolas regulares, em esmagadora maioria, carecem de recursos físicos e financeiros, e principalmente humanos (professores especializados), para que aconteça realmente a inclusão do aluno na sala de aula (BRASIL.1996, p.14).

Sabemos o quanto carecemos de profissionais especializados para atuar nessa área, que necessitam pensar para além da deficiência, primeiramente olhando para esse sujeito / ser humano. Com esse olhar voltado ao sujeito, o trabalho passa a ser significativo, para que novos caminhos possam ser traçados vinculando principalmente a subjetividade, melhores condições de vida e o exercício da cidadania desses sujeitos.

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Portanto, o primeiro passo que é tomado vincula-se a inclusão social desses sujeitos, que nos remete a pensar no processo pelo qual a sociedade se adapta para incluir as pessoas com deficiência em suas organizações e sistemas, ao mesmo tempo que estas se preparam para assumir seus papéis na sociedade. É um momento no qual a pessoa ainda excluída, quanto a sociedade, buscam equacionar problemas, soluções e igualdade de oportunidades para todos os indivíduos.

Sassaki (1997), conceitua a inclusão social como:

“O processo pelo qual a sociedade se adapta para poder incluir, em seus sistemas sociais gerais, pessoas com necessidades especiais e, simultaneamente, estas se preparam para assumir seus papéis na sociedade. A inclusão social constitui, então, um processo bilateral no qual as pessoas, ainda excluídas e a sociedade buscam, em parcerias, equacionar problemas, decidir sobre soluções e efetivar a equiparação de oportunidades para todos. (1997, p.3)

O modo como olhamos para os sujeitos deficientes influenciam e influenciaram nas atitudes semelhantes da aquela época em que o deficiente não era considerado ser humano. Dessa forma, ainda temos instituições assistencialistas voltadas a suprir as necessidades físicas sem se preocuparem com sua reabilitação social, emocional e profissional, o que nos remete pensar em um tratamento digno de inclusão social desses indivíduos.

No contexto Apaeano, os alunos nos instigam a pensar nesse processo de incluir a partir do contato com a sociedade, nos procuram para trazer questões preconceituosas que perpassam ao longo da vida, no qual a inserção no mercado de trabalho poderia quebrar vários paradigmas preconcebidos. Nesse momento, após alguns meses de observação institucional, percebe-se a necessidade de dialogar sobre o mercado de trabalho, a burocracia do BPC, e as dúvidas que iriam surgindo ao longo dos dias.

As escolas de educação especial apesar de compor a mesma rede de assistência são bastante diversas e realizam diferentes programas. Apesar da característica segregadora, no qual impede o acesso a todos, a inclusão de seus assistidos na comunidade é uma meta geral. Pensar em programas específicos para inseri-los no mercado de trabalho talvez seja um caminho importante mesmo com os empates sociais que irão o apresentar devido ao capitalismo.

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Para finalizar, segundo Mantoan (2004, p.7-8) "há diferenças e há igualdades, e nem tudo deve ser igual nem tudo deve ser diferente, [...] é preciso que tenhamos o direito de ser diferente quando a igualdade nos descaracteriza e o direito de ser iguais quando a diferença nos inferioriza."

Segundo a autora Leny Magalhães (1999, p.28), “falar de construtivismo, de Educação Inclusiva e de Psicanálise é isto: se abrir para escutar a diferença. De sexo, de cor, de saber, de crenças, de valores, etc. Uma escuta que remete para algo não-estruturado. Uma escuta que remete para algo a tecer: a própria Educação.”

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2.1HOWARD GARDNER: INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS E AUTONOMIA DOS SUJEITOS

Elucidando a interdependência dos contextos no qual o indivíduo se desenvolve, Morin et al. (1996) escrevem que o sujeito é autor e ator de sua história e das diferentes histórias sociais, na medida em que são múltiplas as influências dos diversos sistemas de que participa. Neste sentido, para conhecer o potencial autônomo do sujeito, é fundamental compreender que tipo de relações o jovem estabelece na sua vida social. Nessa perspectiva, a autonomia é construída pelo próprio indivíduo, na medida em que existe uma relação de seu mundo interno, de sua própria auto-organização, com as condições externas em que ele se desenvolve.

Sabemos o quão importante é o papel da família no processo de constituição da autonomia dos sujeitos, a partir desse ponto de vista proposto por Spear e Kulbok (2004), indica que ela é um processo ativo, é um fenômeno orientado pelos pais e ocorre de forma gradual, que se inicia nos primórdios da existência e se estende ao longo do desenvolvimento do indivíduo.

O autor Howard Gardner (1999), afirma que a inteligência é responsável por nossas habilidades para criar, resolver problemas e fazer projetos, em uma determinada cultura. Segundo ele, cada indivíduo possui diferentes tipos de capacidades, que estão voltadas a inteligência. Vejamos quais as inteligências propostas por Gardner, e como elas se caracterizam.

Howard Gardner (1999): “Inteligência linguística, se manifesta na habilidade para lidar criativamente com as palavras, em diferentes níveis de linguagem (semântica, sintaxe), tanto na expressão oral quanto na escrita”.

Howard Gardner (1999): “Inteligência lógico-matemática, como diz o nome, é característica de pessoas que são boas em lógica, matemática e ciências. É a inteligência que determina a habilidade para o raciocínio lógico-dedutivo e para a compreensão de cadeias de raciocínios, bem como a capacidade de solucionar problemas envolvendo números e elementos matemáticos”.

Howard Gardner (1999): “Inteligência musical, envolve a capacidade de pensar em termos musicais, reconhecer temas melódicos, ver como eles são transformados, seguir esse tema no decorrer de um trabalho musical e, mais ainda, produzir música. É a inteligência que permite a alguém organizar sons de maneira criativa, a partir da

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discriminação de elementos como tons, timbres e temas. As pessoas que apresentam esse tipo de inteligência - como por exemplo muitos músicos famosos da música popular brasileira - em geral não dependem de aprendizado formal para exercê-la”.

Howard Gardner (1999): “Inteligência espacial, corresponde à habilidade de relacionar padrões, perceber similaridades nas formas espaciais e conceituar relações entre elas. Inclui também a capacidade de visualização no espaço tridimensional e a construção de modelos que auxiliam na orientação espacial ou na transformação de um espaço. A inteligência espacial não depende da visão, pois crianças cegas, usando o tato, podem desenvolver habilidades nessa área”.

Howard Gardner (1999) “Inteligência corporal cinestésica, é o sentido pelo qual percebemos nosso corpo - movimentos musculares, peso e posição dos membros etc. Então, a inteligência cinestésica se refere à habilidade de usar o corpo todo, ou partes dele, para resolver problemas ou moldar produtos. Envolve tanto o autocontrole corporal quanto a destreza para manipular objetos”.

Howard Gardner (1999): “Inteligência interpessoal, inclui a habilidade de compreender as outras pessoas, como trabalham, o que as motiva, como se relacionar eficientemente com elas. Esse tipo de inteligência é a que sobressai nos indivíduos que têm facilidade para o relacionamento com os outros, tais como terapeutas, professores, líderes políticos, atores e vendedores. São pessoas que usam a habilidade interpessoal para entender e reagir às manifestações emocionais das pessoas a sua volta. Nas crianças e nos jovens tal habilidade se manifesta naqueles que são eficientes ao negociar com seus pares, que assumem a liderança, ou que reconhecem quando os outros não se sentem bem e se preocupam com isso”. Howard Gardner (1999): “Inteligência intrapessoal, é a competência de uma pessoa para se autoconhecer e estar bem consigo mesma, administrando seus sentimentos e emoções a favor de seus projetos. Significa dimensionar as próprias qualidades de trabalho de maneira efetiva e eficaz, a partir de um conhecimento apurado de si próprio, ou seja: reconhecer os próprios limites, aspirações e medos e utilizar esse conhecimento para ser eficiente no mundo. Os terapeutas são um exemplo de alguém capaz de refletir sobre suas emoções e depois transmiti-las para os outros; essa capacidade também aparece em líderes políticos”.

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O desejo de aprender, tornar-se um sujeito autônomo e com múltiplas inteligências, só é possível se há uma falta, no qual faz o indivíduo ir em busca de novos conhecimentos e recursos para a sua constituição psíquica. No contexto das APAES, a autonomia em muitos alunos se faz pouco presente, pois são dependentes dos familiares, cuidadores e professores.

Portanto, nesse viés fez-se necessário elaborar e trabalhar as questões advindas da autonomia, autocuidado, autoestima dos alunos. Esse momento nos mostra a importância do protagonismo na vida do sujeito, a independência e escolhas que são tomadas ao longo da vida como fatores relevantes no processo de elaboração da subjetividade de cada um.

Para Gardner (1999), a inteligência era vista como algo único e passível de medição, no qual valorizavam apenas a áreas linguística e lógico-matemática, e se baseavam na crença de que a inteligência humana era totalmente influenciada pelos fatores hereditários. A partir de então, com a concepção das inteligências múltiplas, foi necessário repensar e mudar os conceitos e práticas escolares.

Na opinião de Gardner (1995):

[...] o propósito da escola deveria ser o de desenvolver as inteligências e ajudar as pessoas a atingirem objetivos de ocupação e passatempo adequados ao espectro particular de inteligências. As pessoas ajudadas a fazer isso, acredito, se sentem mais engajadas e competentes, e, portanto, mais inclinadas a servirem a sociedade de uma maneira construtiva. (GARDNER, 1995, p. 16).

De acordo com Moraes (2013) o que Gardner está querendo dizer é que, se os alunos são diferentes e singulares, consequentemente, aprendendo de formas diferentes, é preciso que o processo avaliativo e o currículo escolar também sejam diferentes, centrados no discente e não na escola toda. Diante disso, o teórico supracitado propõe que o processo avaliativo dos alunos seja revisto. Para isso ele faz uma importante diferenciação entre testagem, metodologia mais empregada pela maioria das escolas e avaliação.

Portanto, esse momento nos faz pensar na importância de a escola olhar para esses sujeitos que possuem mais dificuldades, no qual algumas mudanças na forma de avaliar podem afirmar suas capacidades e inteligência. Não apenas reconhecer a

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inteligência do aluno por métodos avaliativos, mas usar outros processos que podem ponderar o empenho e conhecimento dos mesmos.

No próximo subcapítulo será relatado e exemplificado a experiência da autora desta pesquisa em uma oficina profissionalizante na APAE. O que faz pensar nas questões voltadas a importância de a escola trabalhar as capacidades e inteligências dos alunos, apostando na inserção social e no mercado de trabalho.

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2.2 OFICINA PROFISSIONALIZANTE NA ESCOLA ESPECIAL

Para fins de ilustrar e exemplificar as ideias até aqui trabalhadas, tratamos de relatar brevemente a inserção da autora desta pesquisa em uma oficina profissionalizante em funcionamento em uma Escola de Educação Especial (APAE). Como já estava em funcionamento a Oficina de Sabão na instituição, partimos desse pressuposto para que a partir desse trabalho pudéssemos falar sobre as expectativas frente a entrada ao mercado de trabalho. Para muitos alunos esse é um passo importante, para que a família o reconheça como sujeito, que apesar das suas particularidades possui desejo e autonomia de alcançar novos caminhos na vida. E participar da Oficina de Sabão torna os sujeitos participantes de um processo, desde a organização dos produtos até a finalização do sabão.

Por trás de todo esse processo existe uma história e um passo marcante para esses sujeitos, onde a oito anos atrás o professor dessa turma inicia o projeto da fabricação manual do sabão. Foi um momento importante e trabalhoso, pois primeiramente foram feitas amostras do sabão e entregue para os moradores da cidade explicando o que estava sendo feito e vendido pelos alunos. A comunidade abraçou e divulgou o projeto e a venda do sabão, que atualmente possui muita procura pelo produto.

Após a aceitação da comunidade, fez-se necessário ir atrás de mais quantidade de ingredientes para a fabricação do mesmo. Pediu-se ajuda dos familiares e da comunidade para doação de azeite já utilizado, Sebo e álcool.

A partir disso, fez-se necessário pensar nos processos organizacionais da produção do sabão. No entanto, trabalho possibilita recompensas internas e externas, sendo fonte de realização para as PcDs, em que muitos preferem um emprego do que ficarem recebendo benefícios assistenciais. Na visão das PcDs as atividades laborais resultam em reconhecimento e visibilidade social por parte dos sujeitos, sendo através do trabalho que as pessoas com deficiência atingem uma posição social de igualdade, deixando de serem excluídos (PEREIRA; DEL PRETTE; DEL PRETTE, 2008).

Esse momento de convoca-los a um lugar de sujeitos trabalhadores, promove importantes conquistas na subjetividade de cada um. Mostrar para a sociedade e família que são capazes de realizar atividades com remuneração os impulsiona para futuramente inserir-se no mercado de trabalho e ao meio social.

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Segundo a autora Lima (2013):

As pessoas com deficiência quando inseridas nas atividades laborais, necessitam romper estigmas e estereótipos para demonstrar que são capazes, devendo romper com os estigmas sociais, pois a sociedade enxerga as PcDs como um dependente que necessita de cuidados constantes. É através da execução do trabalho que os indivíduos demonstram suas ações e características (LIMA, et al., 2013).

Para essa convocação como lugar de sujeitos trabalhadores, conversamos sobre a importância do trabalho para cada sujeito, onde juntos mensalmente fazemos reuniões sobre a quantidade, e o valor total da venda do produto. Esse momento mostra o quão supérfluo é para eles o financeiro, o que vem à tona está vinculado ao reconhecimento como sujeitos pertencentes a essa sociedade.

Porém o que aparece no discurso dos sujeitos deficientes, é a falta de cursos profissionalizantes para que possam se sentir preparados para a demanda do mercado de trabalho. Possibilitar a oportunidade de ingressar no trabalho trás consigo muitas incertezas e dúvidas em relação a questões voltadas ao não saber e ao fracasso em todas as esferas organizacionais.

O estigma da falta de inteligência, defeito, falha, ou déficit, impõe às pessoas com deficiência a condição de seres desacreditados socialmente, o que as reduz a uma espécie de destino pré-determinado. O mote, citado por Ceccim (SKLIAR, 1997, p. 47), confirma algo já constatado denunciado pelas pessoas com deficiência que tomaram consciência de que “qualquer atitude de uma pessoa com DI será interpretada como originária, essencialmente, da própria deficiência.”

Então inicia-se o trabalho de escuta desses sujeitos, no qual os alunos, familiares e funcionários da instituição passam a olhar esses sujeitos como trabalhadores. Momento de suma importância, pois deixam de lado o olhar de ser apenas um grupo, e mostra-se todo o processo desde a retirada dos ingredientes até o processo final do sabão. E assim, cada funcionário possui a sua função dentro da “empresa”, desde a mistura dos produtos até a embalagem final.

Para Rohm e Lopes (2015):

[...] o trabalho é uma condição fundamental na existência humana. Por meio dele, o homem se relaciona com a natureza, constrói sua realidade, significa-se, insere-se em contextos grupais, atua em papéis e finalmente promove a perenização de sua existência. Por viabilizar a relação dos indivíduos com o meio, em um dado contexto, o trabalho expressa-se como incessante fonte de construção de subjetividade, produzindo significado da existência e do

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sentido de vida. Todavia, o trabalho na pós-modernidade ocupa de tal forma um espaço no desejo do indivíduo que as pessoas buscam somente neste papel o sentido de suas vidas, inviabilizando a autorrealização plena do ser humano. (p. 333).

Após todo esse processo de reconhecimento, os alunos da instituição APAE resolveram dar uma nova cara para a embalagem do sabão. Cria-se um novo design e um selo de nova embalagem, que juntamente com o professor e psicóloga produziu-se mensalmente deproduziu-senhos, pinturas e colagens sobre alguma festividade ou data importante para ser discutida no contexto social e posteriormente exposta à comunidade.

Sabemos da importância do reconhecimento para os sujeitos, no qual o autor Honneth (2003) nos traz que:

"Os indivíduos se constituem como pessoas porque, da perspectiva dos outros que assentem ou encorajam, aprendem a se referir a si mesmos como seres a quem cabem determinadas propriedades e capacidades". Esse processo envolve experiências nos planos afetivo, jurídico e da solidariedade social, decorrentes de interpretação da sociedade burguesa como ordem institucionalizada de reconhecimento.” (p. 272)

É a partir do olhar para o outro que o sujeito torna-se capaz de desejar e ir em busca de novas experiências para sua inserção no mercado de trabalho, no qual sua visão de pertencimento naquele ambiente o fortalece para ir em busca de novas perspectivas e conhecimentos na vida social e do trabalho. É importante salientar que o novo design da embalagem também traz consigo informativos sobre questões relevantes para a sociedade como, a prevenção a saúde, a família, escola e acessibilidade.

Para os alunos poder expressar sua forma de pensar através de desenhos salienta suas condições de que podem participar da comunidade de forma ativa. Esse processo torna-se visível quando acompanhamos o trabalho dos alunos, no entusiasmo e no discurso de que esse é o primeiro passo para a entrada no contexto social, momento que acarreta em novas conquistas para a subjetividade do sujeito. Percebe-se a aceitação do produto quando a comunidade vem até a instituição com frequência e há uma implicação em questionar sobre esse novo modelo e design do sabão.

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Na reta final do estágio montamos juntamente com os alunos um cronograma para o ano de 2020, onde os alunos solicitaram para o professor dar continuidade ao projeto realizado no ano de 2019. Organizamos os desenhos numa tabela, na qual mensalmente será inserido esse design, podendo livremente ser mudado suas características, de acordo com a idealização dos trabalhadores. Tendo em vista a participação de todos, mensalmente é realizada a reunião com os trabalhadores, nesse momento os próprios alunos querem trazer ao grupo o valor total das vendas e a quantidade de barras vendidas. Passamos a responsabilidade da reunião aos alunos, onde cada mês um estará encarregado de realizar a mesma.

“O sentido do trabalho para uma pessoa com deficiência pode representar uma dimensão interdependente da percepção que ela tem de si mesma e da própria vida” (CARVALHO-FREITAS; MARQUES; SCHERER, 2004). Julga-se importante conhecer os discursos produzidos a respeito do sentido atribuído ao trabalho para compreender como suas práticas e vivências contribuem para a produção desse sentido. Com base nisso, pensa-se o trabalho dos sujeitos deficientes ligados a mitos que acabam dificultando o acesso e igualdade de direitos. Segundo o Batista, Pereira e Diniz (1997):

“O encontro desse sujeito com o trabalho passa pelo rompimento de mitos para mostrar que é capaz. Primeiro, precisa romper com o mito social que o vê como alguém improdutivo e com um mito familiar que o vê como dependente, como quem precisa sempre de cuidados especiais e não reúne as condições de desenvolver um trabalho que represente realização ou satisfação dos desejos”.

A família tem um papel fundamental nesse processo de incluir o sujeito PcD, pois o discurso dos alunos muitas vezes é o mesmo da família. Ouvir que não são capazes, e que ainda são dependentes, cria-se uma barreira para o sujeito, que muitas vezes desiste, perdendo várias oportunidades de inserção social. Porém, todo esse meio de exclusão aparece visivelmente nas instituições, na qual indagam aos profissionais como fazer para participar de cursos, fazer curriculum, como se portar frente a uma entrevista de emprego, mostrando que possuem desejos e que podem pertencer ao vinculo social, mesmo burlando as ideias de total dependência da família.

Neste contexto de inclusão e de acompanhamento dos alunos com deficiência nota-se o quanto encontram-se perdidos, sem identidade e autonomia para

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organizar-se psiquicamente e subjetivamente na vida. O papel do psicólogo é relevante para acolher as demandas dos alunos, sofrimentos, angústias e que, consequentemente, possamos aproximar-se e ouvir as famílias/cuidadores para compreender o contexto e a realidade em que vivem.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

A constante evolução do modelo capitalista acaba trazendo questões no qual muitas vezes não conseguimos acompanhar todo esse processo de mudanças, que dificulta a subjetividade e inserção no contexto social. Pensar na pessoa com deficiência dentro da inclusão nos remete a elaborar as condições de livre acesso na sociedade, mas que há empecilhos e adversidades que os mesmos enfrentam dia a dia.

Para tanto, surge a necessidade de pesquisar como ocorre a inserção no mercado de trabalho das pessoas com deficiência no contexto políticas públicas? Esse movimento de inserção tem significado de participação ativa no meio social, ocupa-se um lugar na organização da sociedade e na subjetividade do sujeito. Mas, temos em nota que muitas empresas contratam as pessoas com deficiência em razão de ser uma exigência dita em lei, uma responsabilidade que devem cumprir. Nesse ponto, em muitos casos o trabalhador entra em sofrimento psíquico, onde o trabalho vincula-se a excessivas cargas horárias, sempre visando o melhor para a empresa, e em segundo plano entra a subjetividade do trabalhador, que muitas vezes é vista com indiferença.

Um grande desafio que encontramos na pesquisa é a falta de fontes históricas que retratem esses sujeitos deficientes, suas vidas e lugares que ocuparam na sociedade e culturas a quais pertenciam. Percebe-se que nesse cenário existe a restrição de fatos históricos comprovando a falta de prestígio social e aceitação dos mesmos. Com isso, surge o desejo de acompanhar a realidade e expectativas dos alunos da APAE, e o processo de inserção na Oficina Profissionalizante na Escola Especial com intuito de relatar brevemente esta experiência acadêmica.

O desejo de inserir-se no mercado de trabalho é um processo onde muitos não se reconhecem como trabalhadores, por falta de espaço e um olhar para a deficiência como algo da ordem do impossível, por não se desenvolver rapidamente na empresa e por falta de habilidades pertinentes ao processo de empregabilidade. Necessita-se de competência e agilidade para a evolução em uma empresa, no qual cada sujeito possui sua singularidade e especificidades.

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Esta pesquisa provoca a pensar em novas questões referentes a Psicologia Organizacional e do Trabalho, que os convoca em um lugar de sujeitos trabalhadores. O Estágio em Processos Sociais nos traz a clareza da importância da organização e do trabalho, promove conquistas da subjetividade de cada um, no qual revela para a sociedade e familiares sua capacidade de realizar atividades independente da remuneração, isso os impulsiona para conquistar um lugar de pertencimento no contexto social e, consequentemente, no trabalho.

A partir do olhar para o outro é que o sujeito passa a desejar e ir em busca de novas experiências, no qual o pertencimento naquele lugar/ambiente o fortalece para obtenção de novas perspectivas de vida social e no trabalho. A família nesse processo precisa caminhar juntamente com o sujeito e o apoiar nas decisões, sabendo que, independente da deficiência todos podemos concretizar nossos desejos.

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