DIARREIA
AGUDA
Helena Loreto Unidade de Gastroenterologia Departamento de Pediatria 2011/2012D
IARREIAA
GUDADefinição
DIARREIADia – “através de” rheein “fluir,correr”
-Início abrupto de conteúdo anormalmente elevado de fluido nas fezes:
- > 10 ml/kg/dia no lactente e criança pequena - > 200g/dia nas crianças mais velhas e adolescentes
Definição
Lisboa 2011 DIARREIA
Dia – “através de” rheein “fluir,correr”
-Diminuição da consistência das fezes (moles ou líquidas) e/ou
-Aumento na frequência das dejecções (em regra > 3 nas 24h)
AGUDA
Duração típica < 7dias (não ultrapassando os 14 dias)
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IARREIAA
GUDADefinição
Considerar a idade
CONSISTÊNCIA ACTUAL = CONSISTÊNCIA PRÉVIA
Melhor indicador de diarreia que o nº de dejecções -A frequência é mais elevada < 3 meses idade -Pode variar com o tipo de alimentação
GASTRENTERITE AGUDA/
DIARREIA AGUDA
Definição
Inflamação da mucosa gástrica e intestinal Habitualmente causa infecciosa
Quadro de diarreia Início súbito
Pode acompanhar-se de: -Vómitos
-Febre
-Dor abdominal
Lisboa 2011
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IARREIA
A
GUDA
Uma das principais causas de -Morbilidade
-Mortalidade - Procura de SU
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IARREIA
A
GUDA
Países Europeus o Custos
-Saúde Pública -Sociais
- Pelo menos um episódio em todas as crianças <3anos - Associada a grande nº de hospitalizações
- Nº não negligenciável de mortes
Lisboa 2011
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IARREIAA
GUDAEtiologia
Vírus Rotavirus Adenovirus Calicivirus Astrovirus ….. Bactérias Salmonella Campylobacter Shigella Aeromonas Yersinia ….. Parasitas Giardia lambliaD
IARREIAA
GUDAEpidemiologia
Incidência
0,5-1,9 episódios / criança/ano
crianças europeias com menos de 3 anos
Agente mais frequente Rotavírus
Bactéria mais frequente Salmonella ou Campylobacter
Lisboa 2011
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IARREIAA
GUDAEpidemiologia
Ocorrem mais frequentemente entre Outubro e Maio (pico incidência entre Janeiro e Março)
Maioria casos virais Rotavirus (pico Jan.-Mar.) e Norovirus Bactérias picos Maio-Jun. e Set.-Out.
Parasitas raros nos imunocompetentes;
Nos imunodeprimidos Cryptosporidium Crónica e Giardia
Lisboa 2011
Etiologia
< 1 Ano 1-4 Anos >5 Anos
Rotavirus Rotavirus Campylobacter
Norovirus Norovirus Salmonella
Adenovirus Adenovirus Rotavirus
Salmonella Salmonella Campylobacter Yersínia
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IARREIAA
GUDAOutras causas
Infecções - Entéricas- Extra-intestinais (OMA, inf. Urinária) Induzidas por fármacos
- Associada a antibióticos - Laxantes
- Descontinuação de opiáceos - Outros
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IARREIAA
GUDAOutras causas
Lisboa 2011 Alergias ou intolerâncias alimentares
- Alergia Proteínas do Leite de Vaca - Alergia soja
- Alergias alimentares múltiplas - Olestra
- Metilxantinas
Causas dietéticas e nutricionais
-Intolerância às PLVaca ou glúten; introdução inadequada de novos alimentos, dietas hiperconcentradas, hiper ou hipocalóricas)
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IARREIAA
GUDAOutras causas
Alteração da absorção/digestão - Def. sucrase-isomaltse - Intolerância à lactose DIIDoenças sistémicas (Fibrose quística, hipertiroidismo,..) Imunodeficiências
Tumores
Outras causas
Lisboa 2011 Quimioterapia ou enterite por radiação
Condições cirúrgicas - Apendicite aguda - Invaginação intestinal Deficiências vitamínicas - Niacina; Folatos Toxicidade vitamínica
- Vit.C; Niacina; Vit B3
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IARREIAA
GUDAFisiopatologia
Enterotóxico (V. Cholerae, E.coli)
Toxinas estimulam a secreção e inibem a absorção a nível intestino delgado. Grande risco de desidratação
Enteroinvasivo (Salmonella, Shigella, Campylobacter) Reacção inflamatória cólon e íleon distal. Dejecções numerosas com muco e por vezes sangue, início súbito, febre alta
G
ASTRENTERITESA
GUDASFisiopatologia
Lisboa 2011 Osmótico (virus) – invasão e descamação dos enterocitos
Diminuição absorção água electrólitos (Diarreia aquosa)
e diminuição actividade das dissacaridases malabsorção de hidratos de carbono (Diarreia Osmótica)
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IARREIAA
GUDAFactores que aumentam o risco de diarreia
oViagens recentes ao estrangeiro
oContacto com pessoas com GEA (nas últimas 2 semanas) oHospitalização
oPais desempregados
oBaixo nível socio-económico oFrequência de Creche
Lisboa 2011
Factores que diminuem o risco de diarreia
oAleitamento Materno
-Incidência 50% inferior nas crianças amamentadas -Hospitalização menos frequente
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IARREIAA
GUDAFactores de risco de Doença Grave ou Persistente
Gravidade relacionada com a desidratação (atenção aos vómitos) Anorexia,febre, vómitos,muco nas fezes diarreia persistente Países em desenvolvimento maior risco crianças < 6meses Rotavirus,norovirus,astrovirus, E.coli enteroagregativas e atípicas principais patogénios nas diarreias persistentes Rotavirus principal responsável pelos casos mais graves
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IARREIAA
GUDALisboa 2011
Factores de risco de Doença Grave ou Persistente
Infecções nosocomiais não são mais graves, mas: - aumentam hospitalização média 3 dias - principal agente rotavirus
Baixo nível socio-económico
Crianças com imunodeficiência maior risco de diarreia crónica
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IARREIAA
GUDAAvaliação Clínica
Febre >40ºC
Dejecções com sangue Dor abdominal Envolvimento SNC Vómitos Sintomas respiratórios Sugestivo Inf. Bacteriana
Lisboa 2011
Avaliação Clínica
Desidratação
Melhor medida de avaliação % peso corporal
Perda de peso:
< 3% sem desidratação ou desidratação ligeira 3 a 9% desidratação ligeira a moderada
> 9% desidratação grave
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IARREIAA
GUDAAnamnese
Peso recente
Débito urinário
Vómitos (quantidade e frequência) Dejecções (quantidade e frequência)
Estado geral. Actividade. Estado de consciência Temperatura, olhos encovados
Ingestão oral em casa
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IARREIAA
GUDALisboa 2011
Exame Objectivo
Peso corporal; temperatura; TA; FC Estado geral, estado de alerta
Frequência respiratória ,hiperpneia
Alteração turgor cutâneo Tempo de reenchimento capilar
Extremidades frias, pulso fraco, ausência de lágrimas Olhos encovados, mucosas secas
Fontanela deprimida.
Aumento da frequência cardíaca
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IARREIAA
GUDAExames Laboratoriais
Exames Culturais Fezes só devem ser realizados em caso de:
Diarreia persistente em doente imunodeprimido ou disenteria Infecção intestinal / DII
Lisboa 2011
Exames Laboratoriais
Diarreias Nosocomiais:É mais útil iniciar com testes para: - Rotavírus
-Toxina Clostridium difficile
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IARREIAA
GUDAExames Laboratoriais
Considerar coprocultura quando:
-Mais de 10 dejecções nas últimas 24h (risco relativo)
-Viagens a países com risco aumentado de infecções bacterianas ou parasitas
-Febre
-Crianças mais velhas -Sangue ou muco nas fezes
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IARREIAA
GUDALisboa 2011
Exames Laboratoriais
Não há nenhum marcador hematológico que permita distinguir com segurança infecção bacteriana/não bacteriana
No entanto:
- Leucócitos imaturos >100/mm3 - PCR > 12mg/dl
Maior probabilidade de infecção bacteriana
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IARREIAA
GUDAExames Laboratoriais
Bioquímica:Diarreia aguda – desidratação maioritariamente isonatrémica
-Bicarbonato sérico normal - parece ser o melhor indicador para excluir desidratação >5%
-Medição de electrólitos em caso de:
-Desidratação moderada e clínica não compatível com GEA -Desidratação grave
Lisboa 2011
Exames Laboratoriais
Na+ - Classificação da Desidratação:
-Isonatrémica (Na: 130-150 mEq/l): a mais frequente entre nós(>80%) -Hipernatrémica (Na > 150 mEq/l): sintomas neurológicos com menor hipovolémia, por desidratação intracelular
-Hiponatrémica (Na < 130 mEq/l): maior risco de choque
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GUDAExames Laboratoriais
Bioquímica: Ureia >100mg/dl Bicarbonato 13mEq/lD
IARREIAA
GUDALisboa 2011
Indicações para hospitalização
-Choque
-Desidratação grave (>9% do peso)
-Alterações neurológicas (letargia, convulsões, etc.) -Vómitos persistentes ou biliosos
-Falência hidratação com SRO -Problemas sociais ou de logística
-Suspeita de situação cirúrgica subjacente
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IARREIAA
GUDAQuando dar Alta Hospitalar
-Reidratação suficiente (avaliada por aumento de peso e/ou estado clínico)
-Sem necessidade de fluidos e.v. ou entéricos
-Ingestão de líquidos orais iguais ou excedentários em relação às perdas
-Pais capazes de fazer terapêutica de manutenção -Reavaliação por médico assistente
Lisboa 2011
Terapêutica
Reidratação oral como 1ª linha
Quando não é possível:
-Reidratação entérica por SNG tão ou mais eficaz que e.v.
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IARREIAA
GUDATerapêutica
SOROS DE REIDRATAÇÃO ORAL
OMS clássico – Na+ 90 mmol/l
OMS Actual – Na+ 75mmol/l (“osmolaridade reduzida”) ESPGHAN – Na+ 60mmol/l (“osmolaridade hipotónica”)
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IARREIAA
GUDALisboa 2011
Terapêutica
SORO DE REIDRATAÇÃO ORAL
Sem desidratação, sem factores de risco:
-Aportes suplementares de líquidos: 10ml/kg por cada dejecção diarreica e 2 ml/kg por cada vómito
-Manter alimentação apropriada
-Sem desidratação, com factores de risco -Mesma atitude mas manter em observação
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IARREIA
A
GUDA
Terapêutica
SORO DE REIDRATAÇÃO ORAL
Desidratação Ligeira:
-Se vómitos comprovar a tolerância com SRO em pequenas quantidades (5ml cada 5 minutos durante 1h)
-Se não tolerar após várias tentativas soro por SNG ou e.v.
-Se tolerar SRO correspondente ao défice estimado (50ml/kg) em 4 horas. Posteriormente alimentação e SRO para as perdas mantidas
Lisboa 2011
Terapêutica
SORO DE REIDRATAÇÃO ORAL
Desidratação Moderada:
-Se vómitos comprovar a tolerância com SRO em pequenas quantidades (5ml cada 5 minutos durante 1h)
-Se não tolerar após várias tentativas soro por SNG ou e.v.
-Se tolerar SRO correspondente ao défice estimado (100ml/kg) em 4 horas. Posteriormente alimentação e SRO para as perdas mantidas
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IARREIA
A
GUDA
Terapêutica
SORO DE REIDRATAÇÃO ORAL
Desidratação Grave:
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IARREIAA
GUDALisboa 2011
Terapêutica
NUTRIÇÃO
-Iniciar alimentação no máximo 4 a 6 horas após início rehidratação
-Continuar amamentação durante GEA -Não se devem diluir os leites adaptados
-Na maioria dos casos não são necessárias fórmulas sem lactose, nem hidrolisados de proteínas ou leite de soja
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IARREIAA
GUDATerapêutica
NUTRIÇÃO
-Não devem ser usadas bebidas com elevado conteúdo de açúcar (chá, sumos, bebidas leves)
-Diarreia ligeira a moderada
-Manter alimentação adequada à idade com carboidratos complexos (arroz, trigo, batatas, pão, cereais), carnes magras, iogurte, frutos, vegetais, após período de
Terapêutica Farmacológica
Antieméticos (metoclopramida,ondansetrom)
Uso não recomendado por rotina – melhoria dos vómitos, mas agravamento da diarreia e potenciais efeitos adversos
Loperamida
Não deve ser usada nas crianças, principalmente abaixo 3 anos de idade (apesar de reduzir diarreia pode ter
consequências graves) Lisboa 2011
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IARREIAA
GUDATerapêutica Farmacológica
Anti-secretores Não usar -Subsalicilato de bismuto-Pode ser usado
-Racecadotril (Tiorfan) – 1,5mg/kg/toma ;8/8h Reduz a secreção de água e electrólitos no intestino Útil na diarreia aquosa
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IARREIAA
GUDATerapêutica Farmacológica
Probióticos
Úteis
Na diarreia aquosa viral; não na bacteriana invasiva Dose depenente (> 10¹º -10¹¹ colónias)
Lactobacillus GG e Saccharomyces boulardii mostraram benefícios
Atenção – L reuteri e E faecium parecem aumentar a resistência aos antibióticos
Lisboa 2011
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IARREIAA
GUDATerapêutica Farmacológica
Antibióticos
-Em regra não recomendados excepto em situações específicas
Terapêutica Antibiótica Empírica – Quando?
Lisboa 2011 -Gastrenterite invasiva grave
-Se diarreia aquosa – só se viagem recente ou com suspeita de exposição a cólera
-Diarreia sanguinolenta com febre baixa ou sem febre – antibióticos só recomendados se suspeita epidemiológica de Shigellose
-Infecções extra-intestinais
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IARREIAA
GUDATerapêutica Antibiótica Parentérica – Quando?
-Doentes que não conseguem fazer terapêutica oral (vómitos, estupor, etc.)
-Doentes com imunodeficiência e GEA com febre -Toxémia grave ou suspeita de bacteriemia -RN ou bebés com menos de 3 meses com febre.
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ASTRENTERITESA
GUDASPrevenção
Lisboa 2011 VACINAS
Disponíveis para Rotavirus Em estudo:
-Shigella
-E. coli enterotoxigenica - C. jejuni
Quimioprofilaxia