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Educação para a Prevenção e Redução de Riscos Climáticos

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Academic year: 2021

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(1)

Projeto Tecnologias Sociais

para a Gestão da Água

Educação Para a PrEvEnção E

CURSO

(2)

ProJETo TEcnoloGiaS SociaiS Para GESTão da aGua - FaSE ii

coordEnador GEral

Paulo Belli Filho

coordEnador caPaciTação PrESEncial

Armando Borges de Castilhos Jr.

GruPo dE PlanEJamEnTo, GErEnciamEnTo E EXEcução

Claudia Diavan Pereira Valéria Veras Hugo Adolfo Gosmann Alexandre Ghilardi Machado

Mateus Santana Reis Thaianna Cardoso

coordEnadorES rEGionaiS

Sung Chen Lin Cristine Lopes de Abreu

Luiz Augusto Verona Claudio Rocha de Miranda

Ademar Rolling

comiTE EdiTorial

Rafael Marques

auTorES do conTEÚdo

Maurício Dalpiaz Mello Sung Chen Lin Rosemy da Silva Nascimento

(3)

PROGRama dE CaPaCiTaçãO Em

GESTão da ÁGua

Florianópolis – Santa Catarina

universidade Federal de Santa catarina

centro Tecnológico

departamento de Engenharia Sanitária e ambiental

Educação para a

Prevenção e Redução

de Riscos Climáticos

(4)

Catalogação na fonte pela Biblioteca Universitária da

Universidade Federal de Santa Catarina

U58e Universidade Federal de Santa Catarina. departamento de Enge-nharia Sanitária e ambiental.

Educação para a prevenção e redução de riscos climáticos / Centro Tecnológico, departamento de Engenharia Sanitária e ambiental ; [coordenador geral Paulo Belli Filho ; autores do conteúdo: maurício dalpiaz mello, Rosemy da Silva Nascimento, Sung Chen Lin]. - Florianópolis : [s. n.], 2014.

98 p. ; il., gráfs., mapas, fots. iSBN: 978-85-98128-78-8

Projeto Tecnologias Sociais para Gestão da Água - Fase ii. Programa de capacitação em gestão da água.

Inclui bibliografia.

1. Gestão das águas. 2. Climatologia. 3. Riscos climáticos. i. mello, maurício dalpiaz. ii. Nascimento, Rosemy da Silva. iii. Sung, Chen Lin. iV. Título.

CdU: 551.58

corrEção GramaTical

Rosangela Santos e Souza

caPa, ProJETo GrÁFico E diaGramação

Studio S • Diagramação & Arte Visual (48) 3025-3070 - studios@studios.com.br

imaGEm da caPa

http://pt.forwallpaper.com

imPrESSão

digital máquinas Ltda.

(48) 3879-0128 - digitalcri@ig.com.br

conTaToS com TSGa

www.tsga.ufsc.br cursotsga@gmail.com (48) 3334-4480 ou (48) 3721-7230

(5)

o ProJETo

O

Projeto Tecnologias Sociais para a Gestão da Água - TSGa iniciou suas atividades em Santa Catarina apoiado pela Petrobrás, desde o ano de 2007. Sua execução é realizada pela Universidade Fede-ral de Santa Catarina – UFSC, em conjunto com a Empresa de Pesquisa agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina – EPaGRi e o Centro Na-cional de Pesquisas em Suínos e aves da Empresa Brasileira de Pesquisa agropecuária, CNPSa/EmBRaPa. as principais ações em desenvolvimento na atual fase são:

desenvolver unidades demonstrativas de tecnologias sociais para o uso eficiente da água na produção de suínos, na rizicultura, para a prática da agroecologia e para o saneamento ambiental no meio rural.

Reversão de processos de degradação de recursos hídricos: uso e ocupação do solo visando à proteção de mananciais; recomposição de vegetação ciliar; preservação e recuperação da capacidade de carga de aqüíferos e ações de melhoria da qualidade da água;

Promoção e práticas de uso racional de recursos hídricos: ações de racionalização do uso da água; promoção dos instrumentos de ges-tão de bacias: mobilização; planejamento e viabilização de usos múltiplos.

Neste contexto, um dos programas prioritários em desenvolvimento, ob-jetiva o fortalecimento das atividades formação, capacitação, em temas relacionados com o uso eficiente da água e preservação dos recursos hí-dricos, com prioridade para professores, corpo técnico das comunidades e organizações parceiras do TSGa.

O presente material didático constitui uma ferramenta de apoio ao en-sino e formação do publico alvo, elaborado por equipe de profissionais especialistas em suas áreas de atuação. Finalmente, visa igualmente perenizar e disseminar informações para o alcance dos objetivos do pro-jeto TSGa, Fase ii.

(6)
(7)

SumÁrio

inTrodução

... 9

PrEFÁcio

... 11

o clima da TErra

... 13

Tempo e clima: qual a diferença?

... 13

Fatores climáticos

... 15

Circulação atmosférica (áreas de alta e baixa pressão)

... 18

Tipos de chuvas ... 24

Principais sistemas atmosféricos que causam desastres em Santa

Catarina

... 26

Fenômenos climáticos

... 28

aquecimento global: mito ou realidade?

... 31

Eventos extremos climáticos no sul de Santa Catarina

... 33

a SociEdadE E o clima

... 39

Clima e seu reflexo nas atividades econômicas

... 42

dESaSTrES E riScoS climÁTicoS

... 47

PrEvEnção, miTiGação E adaPTação FrEnTE a EXTrEmoS

climÁTicoS

... 55

(8)
(9)

ANOTAÇÕES:

inTrodução

E

sse material foi desenvolvido no contexto do Programa de Capa-citação do Projeto Tecnologias Sociais para a Gestão da Água, 2° edição (TSGa 2). O tema surgiu da demanda das comunidades que compõem o Núcleo Sul do projeto para compreender os eventos climá-ticos extremos que ocorrem na região do extremo sul de Santa Catarina e oferecer instruções gerais sobre os riscos e os principais impactos de-correntes desses eventos. Tal publicação foi elaborada concomitante ao período de pesquisa dos autores, no curso de mestrado e doutorado, no Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Federal de Santa Catarina, na Linha de Pesquisa Geografia em Processos Educati-vos, sob orientação da Professora doutora Rosemy da Silva Nascimento. O conteúdo foi ajustado à carga horária prevista de 28 horas, das quais 4 horas foram reservadas para visita a uma estação meteorológica. É composto dos seguintes tópicos: O clima da Terra; a sociedade e o cli-ma; desastres e riscos climáticos; Prevenção, mitigação e adaptação a extremos climáticos e o desenvolvimento sustentável.

Os autores agradecem as contribuições do Comitê Editorial do Programa de Capacitação do TSGa 2.

(10)
(11)

ANOTAÇÕES:

PrEFÁcio

O

presente trabalho intitulado “Educação para a Prevenção e Redu-ção de Riscos Climáticos”, destinado a subsidiar o curso de mesmo nome, foi elaborado de forma clara sobre o entendimento do que vem a ser o clima e todos os elementos que caracterizam esse aspecto geográfico. E também, as consequências, na sociedade, frente aos de-sastres, riscos ambientais, prevenção, mitigação e adaptação aos riscos. No capítulo inicial sobre a caracterização do clima da Terra, são apre-sentados os aspectos constituintes e fenômenos que alteram o cotidiano das pessoas, como os fenômenos climáticos El Niño e La Niña, principal-mente quando estes são caracterizados como eventos extremos, trazen-do uma série de acontecimentos marcantes em Santa Catarina como: as enchentes de 1974, a enxurrada de 1995 e o Furacão Catarina em 2004. No capítulo seguinte, é descrito com propriedade as consequências do clima na sociedade. O primeiro aspecto é sobre as ilhas de calor, como fenômeno climático que ocorre principalmente nas cidades com elevado índice de urbanização, onde a temperatura média costuma ser mais ele-vada do que nas áreas rurais próximas. Em seguida, é descrito sobre a impermeabilização dos solos e as consequências negativas na qualidade do ambiente. E por fim, como o clima pode interferir em benefício ou em prejuízo às atividades sociais e econômicas.

No terceiro capítulo, a definição de desastres e riscos climáticos, os quais são descritos nos seus aspectos técnicos, porém apresentando o reflexo na sociedade, onde os desastres podem ser caracterizados como socionaturais ao invés de apenas naturais.

E no último capítulo, este trabalho aborda a questão do cuidado na pre-venção, mitigação e adaptação frente aos extremos climáticos. diante da palavra cuidado, muito bem empregada neste capitulo, desfecho mi-nhas últimas palavras inspirada num mestre da percepção socioambien-tal Leonardo Boff, onde traduz que cuidar passa pela alfabetização de

(12)

ANOTAÇÕES:

todas as instâncias, seja ecológica, ambiental e de convívio humano res-peitoso para uma prática da ética do cuidado. Onde é necessário instruir as pessoas a descobrirem-se como parte do ambiente local no cuidado com as demais escalas espaço-tempo, seja no aspecto da natureza, seja em sua dimensão de cultura.

Sendo assim, a contribuição deste rico material atende substancialmen-te a uma demanda para a inclusão de conhecimentos no cotidiano das pessoas, principalmente as envolvidas com a Prevenção e redução de riscos climáticos.

(13)

ANOTAÇÕES:

o clima da TErra

1

Tempo e clima: qual a diferença?

a

circulação de ventos e o deslocamento das massas de ar são fa-tores preponderantes nas mudanças, quase que diários, do tempo meteorológico. Tempo meteorológico, portanto, é o estado

mo-mentâneo da atmosfera em uma porção da superfície terrestre; ele é determinado verificando-se se nesse lugar está frio ou calor, se há chuva ou se o céu está limpo, se há brisa ou vendaval etc.

Com base na observação contínua do tempo meteorológico é possível estabelecer as principais características do clima de uma região. O cli-ma de um lugar é a reunião das condições atmosféricas (temperatura,

umidade e pressão do ar) mais marcantes em cada época do ano. Ou seja, clima é a sucessão habitual de tipos semelhantes de tempo me-teorológicos, que acabam por caracterizar os meses como mais frios ou mais quentes, mais secos ou mais chuvosos e assim por diante. Portanto, quando dizemos que o dia está quente e úmido, estamos nos referindo ao tempo, ao comportamento da atmosfera naquele instante. Em con-trapartida, se dissermos que o sertão nordestino é quente e seco o ano inteiro, estamos nos referindo ao clima da região.

Clima de um local é caracterizado de acordo com a Organização mete-orológica mundial (Omm), que define as Normais como “valores médios calculados para um período relativamente longo e uniforme, compreen-dendo, no mínimo, três décadas consecutivas”. as normais climatológi-cas indicam as condições médias do estado da atmosfera do local e isso

possibilita se caracterizar o seu clima e a comparação entre localidades. as previsões de tempo tornaram-se fundamentais nos dias de hoje. Sa-ber como será o comportamento do tempo com antecedência é essen-cial para o bom desempenho de diferentes atividades econômicas, como a agricultura, a pesca, o transporte e a telecomunicação. além disso, ajuda na prevenção contra catástrofes naturais.

(14)

Os estudos meteorológicos vêm se tornando cada vez mais precisos, sobretudo, no que se refere à previsão do tempo. O emprego de um avançado aparato tecnológico, composto entre outros recursos como sa-télites artificiais, supercomputadores e uma rede mundial de coleta de dados atmosféricos, tem garantido previsões do tempo mais seguras em todas as partes do planeta. assim, por meio de boletins meteorológicos, torna-se possível, por exemplo, monitorar com antecedência fenômenos atmosféricos adversos, como a formação de nevascas, a precipitação de granizo, a passagem de um furacão ou, ainda, a ocorrência de períodos de estiagem ou de fortes chuvas (BOLiGiaN, 2004).

Entre as empresas que fazem o monitoramento do tempo e clima, em nível regional temos a EPaGri/ciram, cujos dados podem ser

acessa-dos via internet pelo site: ciram.epagri.sc.gov.br. E em nível nacional o

cPTEc/inPE, com dados disponíveis no seguinte endereço: www.cptec. inpe.br. Nesses sites, é possível obter informações sobre previsão do

tempo e do clima, imagens de satélites, radiação ultravioleta, monito-ramento de queimadas, fenômenos climáticos (El Niño e La Niña), entre outros. Na figura 1, passo a passo de como é feita a previsão do tempo.

Figura 1: Passo a passo para a previsão do tempo Fonte: Boligian (2004)

(15)

ANOTAÇÕES:

Fatores climáticos

latitude: de forma geral, quanto maior a latitude, ou seja, quanto mais

nos afastamos do Equador, em direção aos polos, menores são as tempe-raturas médias anuais. a superfície terrestre por ser esférica é iluminada pelos raios solares que atingem com diferentes inclinações. Nos locais próximos ao Equador, a inclinação é menor e os raios incidem sobre uma área menor. Em contrapartida, conforme aumenta a latitude, maior se torna a inclinação com que os raios incidem, abrangendo uma área maior (conforme figura 2). Como resultado, a intensidade de luz incidente é diferente e a temperatura média tende a ser maior quanto mais próximo ao Equador e menor quanto mais próximo aos polos (SENE, 2010).

Figura 2: incidência dos raios solares Fonte: Sene (2010)

(16)

ANOTAÇÕES:

altitude: quanto maior a altitude, menor a temperatura média do ar.

No alto de uma montanha, a temperatura é menor do que a verificada ao nível do mar, no mesmo instante e na mesma latitude. No topo de um edifício muito alto a temperatura também é menor que em sua base. isso porque quanto maior a altitude, menor a pressão atmosférica, o que torna o ar mais rarefeito, ou seja, há uma menor concentração de gases, umidade e materiais particulados. Como há menos densidade de gases e partículas de vapor de água e poeira, diminui a retenção de calor nas camadas mais elevadas da atmosfera e, em consequência, a temperatu-ra é menor. além disso, nas maiores altitudes, a área de superfície que recebe e irradia calor é menor (SENE, 2010). Veja figura 3.

Figura 3: altitude e pressão atmosférica Fonte: moreira (2005)

Os raios solares que penetram na atmosfera e são por ela refletidos, sem incidir na superfície, retornam ao espaço sideral e não alteram a tempe-ratura do planeta, já que não há retenção de energia. O índice de refle-xão, o albedo, de uma superfície varia de acordo com a cor da superfície.

a cor, por sua vez, depende de sua composição química e seu estado físico. a neve, por ser branca, reflete até 90% dos raios solares inciden-tes, enquanto a Floresta amazônica, por ser verde-escura, reflete apenas 15%. Quanto menor for o albedo, maior a absorção de raios solares, maior aquecimento e, consequentemente, maior irradiação de calor (mOREiRa, 2005). Na figura 4, o índice de albedo em diferentes superfícies.

(17)

Figura 4: Índice de albedos Fonte: moreira (2005)

continentalidade e maritimidade: a maior ou menor proximidade de

grandes massas de água exerce forte influência não só sobre a umidade relativa do ar, mas também sobre a temperatura. Em áreas que sofrem influência da continentalidade (localização no interior do continente, distante do oceano), há maior variação de temperatura ao longo de um dia, ou mesmo de uma estação, do que em áreas que sofrem influência da maritimidade (proximidade do oceano). isso ocorre porque o calor específico (a medida da capacidade de retenção de calor) da água é maior que da terra. Em consequência, os oceanos demoram mais para se aquecer do que os continentes. Em contrapartida, a água retém calor por mais tempo e demora mais para irradiar a energia absorvida, assim, os continentes esfriam com maior rapidez quando a incidência de luz solar diminui (como no início do anoitecer ou no inverno) ou cessa. Um dos resultados dessas diferenças é o fato de que no litoral a amplitude térmica diária (diferença entre as temperaturas máxima e mínima de um dia 24h) é menor que no interior dos continentes (SENE, 2010).

correntes marítimas: extensas porções de água que se deslocam pelo

oceano, quase sempre nas mesmas direções, como se fossem rios mui-to largos dentro do mar, movimentadas pela ação do venmui-to e pela ro-tação da Terra. diferenciam-se das águas do entorno do continente em temperatura, salinidade e direção. Causam grande influência no clima, principalmente, porque alteram a temperatura atmosférica, e são importantes para a atividade pesqueira: em áreas de encontro de correntes quentes e frias, aumentam a disponibilidade de plâncton, o que atrai cardumes.

(18)

a corrente do Golfo, por ser quente, impede o congelamento do mar do Norte e ameniza os rigores climáticos do inverno na porção ocidental da Europa. a corrente de Humbolt, no Hemisfério Sul, e a da Califórnia, no Hemisfério Norte, ambas frias, causam queda de temperatura nas áreas litorâneas, respectivamente, do norte do Chile e do sudoeste dos Estados Unidos (Figura 5). isso provoca condensação do ar e chuvas no oceano, fazendo com que as massas de ar percam a umidade. ao atingirem o conti-nente, as massas de ar estão secas e originam, assim, desertos, como o de atacama no Chile e o da Califórnia nos Estados Unidos (mOREiRa, 2005).

Figura 5: Correntes marítimas e principais áreas áridas e semi-áridas Fonte: moreira (2005)

circulação atmosférica

(áreas de alta e baixa pressão)

Por causa da esfericidade, da inclinação do eixo imaginário e do mo-vimento de translação ao redor do Sol, nosso planeta não é aquecido uniformemente. isso condiciona os mecanismos da circulação atmosfé-rica do globo terrestre, levando à formação de centros de baixa e alta pressão, que se alternam continuamente. Quando o ar é aquecido, fica menos denso e sobe, o que diminui a pressão sobre a superfície e forma uma área de baixa pressão atmosférica, também chamada ciclonal,

que é receptora de ventos, ao contrário, quando o ar é resfriado, fica mais denso formando uma zona de alta pressão, ou anticiclonal, que é

(19)

Esse movimento pode ocorrer entre áreas que distam apenas alguns qui-lômetros (vento local, como a brisa, que durante o dia sopra do oceano para o continente e à noite, do continente para o oceano, em razão das diferenças de retenção de calor destas duas superfícies), ou em escala re-gional, como a massa Equatorial Continental, que atua sobre a amazônia, deslocando-se das áreas de média latitude do Hemisfério Sul (SENE, 2010).

Figura 6: Zona de pressões Fonte: almeida (2005)

ventos: causados pela diferença de pressão atmosférica, é elemento

es-sencial na distribuição de radiação solar que diferentes partes do plane-ta recebem do Sol. desempenha essa função por processo de movimen-tação e deslocamento de massas de ar entre diferentes zonas térmicas e regiões de alta e baixa pressão atmosférica na superfície terrestre. Áreas com temperaturas mais elevadas formam as zonas de baixa pres-são, cujo ar, por ser mais leve, está em constante ascensão. além da redistribuição do calor, o vento exerce outros papéis fundamentais na dinâmica terrestre como a modelagem do relevo e o transporte de umi-dade dos oceanos para as porções continentais.

Pressão atmosférica: é a medida da força exercida pelo peso do ar

contra uma área (Figura 7). Quanto maior a temperatura, maior a movi-mentação das moléculas e mais elas se distanciam uma das outras, como resultado, menor número de moléculas em cada metro cúbico de ar e menor se torna seu peso, portanto, menor a pressão exercida sobre uma superfície. inversamente, quanto menor a temperatura, maior o número de moléculas por metro cúbico de ar, tem-se, então, maior peso e maior pressão atmosférica (mOREiRa, 2005).

(20)

ANOTAÇÕES:

brisas: esses ventos decorrem de um gradiente de pressão atmosférica

local, que se estabelece como resultado do aquecimento diferencial da superfície com a alternância do dia e da noite.

durante o dia, a praia (continente) se aquece mais do que a água do mar, o que estabelece um campo de pressão alta acima do oceano e um campo de pressão baixa acima da superfície terrestre. Como o vento sempre sopra da zona de alta pressão para a baixa pressão, durante o dia o vento sopra do mar para terra, definindo a brisa marinha.

À noite ocorre o contrário, o vento sopra da terra para o mar, uma vez que, durante a noite, a praia se resfria mais rapidamente do que a água do mar. isso estabelece um campo de pressão alta acima da praia e um campo de pressão baixa acima do oceano. É o que chamamos de brisa terrestre (figura 8) (STEiNKE, 2012).

Figura 7: Pressão atmosférica e temperatura Fonte: Sene (2010)

Figura 8: Brisas (marítima e terrestre) Fonte: Steinke (2012)

(21)

Furacão: é uma região de baixa pressão atmosférica sobre as águas

quentes dos oceanos tropicais. À medida que o Sol aquece a água, o va-por d’ água aquecido se eleva, formando várias nuvens de tempestade, as cúmulos-nimbo. Estas, por sua vez, combinam-se para formar grandes paredes de nuvens que giram em redemoinhos de baixa pressão, por ação da força de coriolis.

O vapor d’água oriundo dos oceanos tropicais é o “combustível” para o aumento da força dos ventos ao redor do centro de baixa pressão, ou seja, à medida que o vapor d’água vai se condensando, o calor latente vai sendo liberado e intensifica os ventos. Quando o centro de baixa pressão se fortalece a ponto de seus ventos chegarem a 119 km/h, ocor-re um furacão. Uma vez formados, os ventos se fortalecem e, no centro do redemoinho, forma-se um “olho”, que é uma área de céu limpo no centro da tempestade (Figura 9).

Figura 9: Estágios e dimensões de abrangência da evolução de um furacão (do centro para o periférico) distúrbio tropical, depressão tropical, tempestade tropical e furacão.

Fonte: imagem extraída e alterada de NOaa

O furacão desloca-se sobre os oceanos, mas assim que toca o continen-te, o calor e a umidade necessários para a sua manutenção tornam-se insuficientes, e começa o seu desaparecimento. O fenômeno recebe os seguintes nomes:

furacão - quando ocorre no Oceano atlântico, mar Caribenho, Golfo

do méxico e norte oriental do Oceano Pacífico, leste da Linha inter-nacional de mudança de data, e no sul do Oceano Pacífico;

tufão, quando ocorre no Oceano Índico e no Pacífico ocidental, à

oeste da Linha de data;

ciclone tropical, quando ocorre no sudoeste do Oceano Índico e

(22)

ANOTAÇÕES:

Podendo ser melhor visualizado na figura 10.

Figura 10: denominações de furacão nos diferentes locais do planeta onde

ocorrem

Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=L3hsrPcKdd0

Tornados: É uma grande coluna de ar que se estende até o solo, gira

muito rápido e muda muito depressa de lugar. É normalmente visto como uma nuvem em forma de funil que causa estragos por onde passa. Os tornados são visíveis por causa da poeira e sujeira levantadas do solo e pelo vapor d’ água condensado.

Essa coluna rodopiante de nuvens tem diâmetro característico de 100 a 600 metros. alguns são de poucos metros de largura e outros excedem 1600 metros. a coluna desloca-se a uma velocidade de 30 a 60 Km/h, mas, dentro do funil, o vento pode ultrapassar 450Km/h. Os tornados são os mais destruidores de todos os fenômenos atmosféricos, embora a área afetada por eles seja pequena.

O tornado é um fenômeno que tem início na base de uma nuvem cúmu-los-nimbo, a “nuvem-mãe” dos tornados. as cúmulos-nimbos, nuvens de tempestades, quando muito grandes, são chamadas de supercélulas. ao se desenvolverem, a corrente de ar quente ascendente ganha força, absor-vendo mais ar úmido e liberando calor latente. Quando atinge o topo da troposfera, o ar frio começa a descer, trazendo fortes chuvas com relâm-pagos e trovões. Um forte vento cruzado atravessa a nuvem, fazendo as correntes de ar girarem em espiral. Forma-se um vórtice de rotação lenta dentro da nuvem, sugando o ar úmido para a tempestade, que se intensi-fica. mais compacta, a espiral gira mais rápido, produzindo uma corrente de subida em redemoinho, o vórtice. assim que se forma a corrente em redemoinho, uma nuvem afunilada avança para baixo, girando. À medida que o tornado fica mais forte, a nuvem-funil fica cada vez maior. Por fim, o funil toca o chão com força explosiva (STEiNKE, 2012). (Figura 11).

(23)

ANOTAÇÕES:

Figura 11: Esquema de formação da nuvem funil Fonte: Steinke (2012)

massas de ar: apresentam-se como gigantes “bolsões” de ar

atmosfé-rico, com características próprias de temperatura, umidade e pressão. Por isso podemos dizer que a troposfera não é uma camada de ar homo-gênea. Nela se encontram basicamente três tipos diferentes de massas de ar: equatoriais, tropicais, e as polares.

as massas equatoriais se formam na região do Equador, por isso são

quen-tes e, em geral, úmidas. as tropicais, que também são bolsões quentes,

originam-se nas áreas próximas aos trópicos (Capricórnio e Câncer). Quan-do se formam sobre os oceanos, geralmente apresentam bastante umida-de, quando provêm de áreas continentais são, sobretudo, secas. as massas polares têm sua origem nos polos Norte e Sul do planeta, por isso são

mui-to frias. Também podem ser secas ou úmidas, conforme a área (continental ou oceânica) por onde se deslocam, na figura 12, as principais massas de ar que atuam na américa do Sul nos meses de janeiro e julho.

as alterações nas condições do tempo de determinados lugares decor-rem, sobretudo, dos encontros entre massas de ar com características diferentes. Nas áreas onde ocorre o encontro entre essas massas, for-mam-se as chamadas frentes de transição, que podem ser frias ou quen-tes (BOLiGiaN, 2004).

(24)

Figura 12: massas de ar na américa do Sul Fonte: Boligian (2004)

Tipos de chuvas

chuvas frontais: também chamadas ciclônicas, são causadas pelo

encon-tro de massas de ar de diferentes características de temperatura e umi-dade, uma fria e seca, outra quente e úmida. Na frente de contato entre essas duas massas de ar, a mais quente e úmida, por ser mais leve, é em-purrada para cima. ao atingir temperaturas mais baixas ocorre o processo de resfriamento, condensação do vapor de água e precipitação. as massas de ar que formam as chuvas frontais têm centenas de quilômetros de ex-tensão e movimentam-se de forma relativamente lenta, por conseguinte, caracterizam-se pela longa duração e por atingirem grandes extensões.

(25)

ANOTAÇÕES:

Em alguns casos, as frentes podem ficar estacionadas e a chuva atingir o mesmo local por vários dias seguidos. as frentes frias podem ocasionar chuvas intensas, acompanhadas ou não de trovoadas, granizos, vendavais e tornados. as frentes quentes provocam chuva contínua de menor inten-sidade. No Brasil, as chuvas frontais são muito frequentes na região sul, atingindo, também, o sudeste, o centro oeste e, por vezes, o nordeste.

chuvas convectivas: popularmente conhecidas como chuvas de

ve-rão, aguaceiros ou torós, são resultado de temperaturas altas que pro-vocam aquecimento e intensa evapotranspiração de superfícies úmidas. a elevação de vapor d’água para maiores altitudes origina nuvens carre-gadas, do tipo cúmulos-nimbus (de elevado crescimento vertical), que culminam em chuvas. Têm distribuição localizada, geralmente são rápi-das, com ocorrência de trovões e relâmpagos. a intensidade pode ser de moderada a forte, dependendo do desenvolvimento vertical da nuvem. Geralmente, essas chuvas são intensas e de curta duração, ocorrendo com mais frequência no verão. Tempestades convectivas associadas à entrada de brisa marítima no continente também podem ocorrer.

chuvas orográficas: também chamadas de chuvas de serra e chuvas de

relevo, ocorrem quando uma massa de ar úmida, encontrando uma bar-reira montanhosa, se eleva. ao ganhar altitude, resfria-se, promovendo a condensação de água que dará a formação de nuvem de chuva. É mui-to comum ocorrer em encostas voltadas para o mar, ou seja, ao longo de toda Serra do mar próxima ao litoral brasileiro.

Figura 13: Tipos de chuva

Fonte: http://geoecoisas.blogspot.com.br/2011/11/principais-tipos-de-chuvas.html

(26)

ANOTAÇÕES:

Principais sistemas atmosféricos que causam

desastres em Santa catarina

Sistema frontal: é um dos mais frequentes em Santa Catarina. É definido

pelo encontro de duas massas de ar com características distintas. Classi-camente, é composto por uma frente fria, uma frente quente e um centro de baixa pressão em superfície, denominado ciclone, que, no Hemisfério Sul, gira no sentido horário, conforme ilustra a figura. No Brasil, é co-mumente conhecido como frente fria, forma como os noticiários costu-mam se referir no quadro da previsão do tempo, deixando de mencionar o componente quente do sistema.

Este sistema gera tempo instá-vel, cujas áreas de instabilida-des produzem chuva intensa que podem desencadear inundações graduais ou enchentes; inun-dações bruscas ou enxurradas, vendavais, granizos, descargas elétrica e tornados. apesar de estes sistemas poderem ocorrer o ano inteiro, são mais atuantes e intensos no inverno.

ciclone extratropical: é perturbação comum de ocorrer no Oceano

atlân-tico, próximo à costa catarinense. Pode causar ressacas, chuvas e ventos fortes. Na figura 14, o esquema evolutivo de um ciclone extratropical (CE), ajuda a compreender como ocorre sua formação. No esquema, a letra B indica o Ciclone Extratropical, a letra F o ar frio e Q o ar quente.

Figura 14 - Esquema de formação evolutiva de um ciclone extratropical Fonte: adaptado de Varejão-Silva (2006)

convectivo isolado: ocorre, em geral, no verão e pode gerar fenômenos

adversos(chuva intensa, granizo, vendaval, tornado). Forma-se devido à grande evaporação causada pelo aquecimento diurno, provocando a

(27)

ANOTAÇÕES:

formação de nuvens profundas do tipo cúmulos-nimbus. Pode se associar a sistema frontal e intensificar os eventos extremos .

complexo convectivo de mesoescala: sistema que se forma, em sua

maioria, sobre o norte da argentina(região do Chaco), durante a madru-gada e se desloca rapidamente para leste, atingindo o Estado de Santa Catarina entre a madrugada e início da manhã. Tem intensidade para gerar chuvas fortes com trovoadas, ventos, tornados, granizo isolado.

Zona de convergência do atlântico Sul (ZcaS): é a faixa de

instabilida-de (nebulosidainstabilida-de e chuvas) que se esteninstabilida-de do sul da região amazônica ao norte de Santa Catarina, sistema que pode ocasionar a formação de eventos extremos como os gerados pelas frentes frias.

massas polares: quando de sua passagem, pode provocar geada em

de-corrência dos ventos fortes e constantes e da temperatura muito baixa.

lEiTura comPlEmEnTar

o que são os rios voadores?

São imensas massas de vapor d’água que, levadas por correntes de ar, viajam pelo céu e respondem por grande parte da chuva que rola em várias partes do mundo.

O principal rio voador do Brasil nasce no oceano atlântico, bomba de vo-lume ao incorporar a evaporação da floresta amazônica, bate nos andes e escapa rumo ao sul do país. “O vapor d’água que faz esse trajeto é im-portantíssimo para as chuvas de quase todo o Brasil”, afirma o engenhei-ro agrônomo Enéas Salati, da Universidade de São Paulo (USP). Veja a se-guir os meandros impressionantes dessa gigantesca corredeira voadora.

corredeira voadora

Volume de água que circula pelo céu é similar à vazão do rio amazonas

1- O rio voador nasce no oceano atlântico. a água evapora no mar,

per-to da linha do Equador, e chega à floresta amazônica empurrada pelos ventos alísios. Esse blocão de vapor passa rasante: 80% dele voa a, no máximo, 3 quilômetros de altura

2- a vazão desse aguaceiro aéreo é da ordem de 200 milhões de litros

por segundo (similar à do rio amazonas), fazendo da amazônia uma das regiões mais úmidas do planeta, além de provocar as chuvas que desa-bam diariamente por toda a região

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ANOTAÇÕES:

3- Enquanto passa sobre a floresta, o rio voador praticamente dobra de

volume. isso ocorre porque, ao absorver mais radiação do Sol do que o próprio oceano, a mata funciona como uma gigantesca chaleira, liberan-do vapor com a transpiração das árvores e a evaporação liberan-dos afluentes que correm no solo

4- No oeste da amazônia, a massa de umidade encontra uma barreira de

montanhas de 4 quilômetros de altura, a cordilheira dos andes, que funcio-na como uma represa no céu, contendo a correnteza aérea do lado de cá

5a- Boa parte do vapor fica acumulada nos andes, sob a forma de neve. ao

derreter, essa água desce as montanhas, dando origem a córregos que, por sua vez, formarão os principais rios da bacia amazônica, como o amazonas

5b- Nem todo vapor que encontra os andes fica por ali. Cerca de 40%

dessa cachoeira celeste segue rumo ao sul. a umidade passa por Rondô-nia, mato Grosso, mato Grosso do Sul e São Paulo, terminando a viagem no norte do Paraná, cerca de seis dias depois

6a- Enquanto flui em caudalosos veios rumo ao mar, muito da água

pro-veniente dos rios voadores é absorvida pela floresta. Quando transpi-ram, as árvores, então, liberam esse líquido em forma de vapor, fechan-do o ciclo que novamente alimentará a corrente no céu

6b- Por fim, o rio voador cai em forma de chuva. mais da metade da

precipitação das Regiões Centro-Oeste e Sudeste vem dos rios aéreos da amazônia. além desse veio principal, outras 20 correntezas cruzam o céu do país, carregando um volume de água equivalente a 4 trilhões de caixas-d’água de 1 000 litros.

Fonte:http://planetasustentavel.abril.com.br/noticia/ambiente/sao-rios-voadores-imensas-massas-vapor-d-agua-levadas-correntes-ar-534365.shtml

Qual a relação entre as ZCaS (zona de convergência do atlântico Sul) e a formação dos rios voadores?

Fenômenos climáticos

El niño e la niña: El Niño é um fenômeno climático (interação

Ocea-no-atmosfera) que ocorre em períodos de aproximadamente dois a sete anos. Ele se manifesta como um aquecimento (3ºC a 7ºC acima da mé-dia) das águas do Oceano Pacífico nas proximidades do Equador.

Normalmente, no Hemisfério Sul, os ventos alísios sopram no sentido leste-oeste com velocidade média de 50 Km/h, aumentando o nível das águas do Oceano Pacífico na costa da austrália, onde ele é cerca de 50

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ANOTAÇÕES:

cm superior ao das proximidades da américa do Sul. além disso, esses ventos provocam correntes que levam as águas da superfície, mais quen-te, nessa mesma direção, na figura 15, situação do Oceano Pacífico com e sem fenômeno El Niño (mOREiRa, 2005).

Figura 15: Situações do Oceano Pacífico com e sem fenômeno El Niño Fonte: almeida (2005)

Nos anos de ocorrência de El Niño, a velocidade dos ventos alísios di-minui para cerca de 3 a 7 km/h. Sem a sustentação dos ventos, o nível das águas se eleva em direção à américa do Sul, e as águas superficiais, por se deslocarem menos, têm sua temperatura aumentada, provocando grandes mudanças na circulação dos ventos e das massas de ar, além da evaporação mais intensa, com aumento do índice de chuvas em algumas

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regiões do planeta e ocorrência de estiagem em outras. a razão dessa mudança na intensidade dos ventos alísios ainda é uma incógnita; as pesquisas em andamento não chegaram a uma explicação conclusiva. Nos anos de ocorrência do fenômeno, a américa do Sul sofre a ação de uma nova massa de ar quente e úmida que atua no sentido noroeste-su-deste. No Brasil, essa massa de ar desvia a umidade da massa Equatorial Continental, a responsável pelas chuvas na Caatinga, em direção ao sul do Brasil. a consequência é a ocorrência de enchentes no Brasil meri-dional e seca na região de clima semi-árido nordestino e extremo norte do pais, principalmente, em Roraima. Outra consequência é o desvio da massa Polar atlântica para o oceano atlântico antes de atingir a região Sudeste, o que atenua a queda normal de temperatura no inverno. Existe um fenômeno que ocorre com menor frequência e que tem ca-racterísticas opostas às de El Niño, esse fenômeno foi denominado la niña. Nos anos em que o La Niña ocorre, há um resfriamento das águas

superficiais do Pacífico na costa peruana, o que também altera as zonas de alta e baixa pressão, provocando mudanças na direção dos ventos e massas de ar. as causas que levam ao aparecimento desses dois fenô-menos aparentemente naturais são desconhecidas (mOREiRa, 2005). Na figura 16, efeitos do fenômeno El Niño e La Niña no Brasil.

Figura 16: Efeitos do El Niño e La Niña no Brasil Fonte: almeida (2005)

Outras interações atmosféricas promovem fenômenos climáticos no mundo, e a Oscilação decadal do Pacífico (OdP) influencia a

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precipita-ANOTAÇÕES:

ção na Bacia Hidrográfica do Rio Tubarão. a OdP é um fenômeno muito semelhante aos eventos do El Niño e La Niña (ENSO), pois se trata de uma variação das temperaturas do Oceano Pacífico. No entanto, dife-rentemente dos dois fenômenos citados, a OdP tem uma variação climá-tica um pouco mais longa, com cerca de 20 anos de duração, enquanto o ENSO costuma durar entre 6 e 18 meses.

Existem duas fases bem definidas da OdP: uma positiva – quando há um aumento das temperaturas do Pacífico – e uma negativa – quando há uma diminuição das temperaturas. Tais variações estão relacionadas a fatores como correntes marinhas, vulcanismos no fundo do oceano e, principalmente, a atividade solar. dessa forma, em virtude do fato de o Oceano Pacífico ocupar cerca de um terço da superfície terrestre, as variações da OdP influenciam diretamente o clima dos continentes.

aquecimento global: mito ou realidade?

“O mundo está se aquecendo por culpa das atividades humanas?”. Para tratar dessa problemática, foram vistas as complexidades que envolvem os sistemas climáticos. isso porque, as condições climáticas da Terra são controladas e mudam em função de diferentes fatores. Portanto, esses fa-tores devem ser analisados cuidadosamente antes de afirmar que a causa básica do aquecimento do sistema climático e suas derivadas alterações é o aumento dos teores de CO2 de origem antrópica (STEiNKE, 2012). diferentemente do que é propalado pela mídia, não existe consenso em relação a esse assunto, pois nem todos os pesquisadores desse tema concordam com a hipótese de que o CO2 de origem antrópica seja o responsável pela elevação da temperatura. Esses cientistas defendem contextos opostos, que o planeta está passando por um aquecimento natural e que logo estaria caminhando para um período de resfriamento. agora vamos examinar um pouco sobre cada um desses contextos. defendendo a tese das mudanças climáticas, temos as pesquisas lidera-das pelo Painel intergovernamental de mudanças climáticas (iPCC), que foi criado em 1988 e reúne um grupo considerável de cientistas (pes-quidadores do “tempo”, advogados, administradores, políticos, etc) de todo o planeta, periodicamente, publicam um relatório com dados sobre o aquecimento do planeta e possíveis causas desse fenômeno. Segundo o quarto relatório do iPCC sobre mudanças climáticas, publicado em 2007, a temperatura iria continuar aumentando 0,1ºC por década, nas duas próximas décadas, e chegaria a estar 0,6ºC mais alta, no período de 2090 a 2099, em relação a 1980-1999 (STEiNKE apud iPCC, 2012). Esse relatório também afirma, com mais de 90% de confiabilidade, que a maior parte do aumento de temperatura dos últimos 50 anos foi

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causa-ANOTAÇÕES:

da por atividades humanas. Seu principal argumento é que, nos últimos 150 anos, aumentou em 35% a concentração de dióxido de carbono na atmosfera, causado principalmente pela queima de combustíveis fósseis e queimadas de florestas, resultando em um aumento de temperatura de 0,7ºC nesse período (relacionados a cenários mais otimistas).

Por outro lado, outros cientistas, com destaque para o meteorologista, professor, pesquisador e representante dos países da américa do Sul na comissão de climatologia da Organização meteorológica mundial (Omm), Luiz Carlos molion diz que o aquecimento global não passa de uma fraude, que não existem dados científicos suficientes para fazer tal afirmação. Para esses pesquisadores as alterações do comportamento da atmosfera podem ser classificadas como variabilidade climática. molion destaca que as ferramentas mCGs (modelos de clima global) utilizadas pelo iPCC para investigar as causas do aumento de temperatura possuem falhas: “a variação dos raios cósmicos e do campo gravitacional e as relações das atividades solares são muito complexos e não são quantificáveis, ou seja, não entram nos cálculos”, porém reconhecem que, atualmente, são as únicas ferramentas disponíveis para esse tipo de estudo. Outra

fa-lha apontada é a fonte de dados utilizada nesses modelos (dados coletados em estações meteo-rológicas), tais como: mudanças de instrumentos de observação ou a falta de manutenção deles; relocação das estações meteoro-lógicas e mudanças no ambiente circundante. Em relação à última falha, é conhecido e aceito a in-fluência do efeito da urbanização na materialização do fenômeno conhecido como “ilhas de calor”, como boa parte das estações meteorológicas estão instaladas em áreas urbanas, o crescimento dessas cidades pode ter interfe-rido na qualidade dos dados que são utilizados pelo iPCC. Casa-grande; Silva Junior e mendonça (2011) mostram que existe um grande grupo de pesquisadores

Figura 17: Ciclos de milankovitch Fonte: http://geodescobertas. blogspot.com.br/2012/02/ciclos-de-milankovitch.html

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ANOTAÇÕES:

que procura comprovar que a quantidade de dióxido de carbono libera-do por atividades humanas na atmosfera é pequena, quanlibera-do comparada com as emissões naturais, representam apenas 3% do total, sendo assim, seriam praticamente “insignificantes” no aquecimento do planeta. além disso, outros cientistas defendem que a Terra entrará logo em um período de resfriamento, causado, principalmente, pela intensidade da atividade solar, aumento dos raios cósmicos sobre a Terra, as ativida-des vulcânicas e a variação da órbita terrestre, entre outros (STEiNKE, 2012). a variabilidade climática promovida pelo posicionamento terres-tre em relação ao Sol é explicada pelos Ciclos de milankovicht e são devidos a processos celestiais com periodicidades de aproximadamente 20.000, 44.000, 100.000 e 400.000 anos (figura 17).

muitas pessoas acreditam que as atividades humanas estão interferin-do a ponto de aumentar a temperatura interferin-do planeta, suas opiniões são baseadas, principalmente, na repercussão que a mídia apresenta dos dados do iPCC, porém a realidade é que ainda existe muita dificuldade em separar os efeitos das atividades humanas no clima e sua variabili-dade natural, sobretudo, porque o sistema climático é extremamente complexo e sua dinâmica ainda não é completamente compreendida, por mais que se tenha avançado no conhecimento sobre o sistema Ter-ra-atmosfera (STEiNKE, 2012).

Qual sua opinião a respeito do assunto? Compartilhe com a turma

Eventos extremos climáticos no sul de Santa

catarina

Enchente de 1974: Ocorreu em março de 1974, nas bacias do Rio

Tu-barão, araranguá e mampituba uma inundação catastrófica. Na bacia do Rio Tubarão, o número de mortos chegou a 199 (uma das maiores em nú-mero de mortos no Brasil), sendo 40 mortes provocadas por deslizamen-tos e as demais por afogamento. Entretanto, este fenômeno ocorreu em diversas encostas de toda a região. Os desmoronamentos que demons-tram a contribuição do intemperismo químico das rochas, as vertentes íngremes, o inadequado uso do solo (provocador da instabilização das encostas) e o grande volume de chuva (maRQUES, 2010).

a atmosfera nos dias do fenômeno apresentava características de predo-minância de vento do quadrante Leste, condição esta promovida por um sistema de alta pressão estacionário na costa catarinense (ocorrido em

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1974) e conjuntamente, a presença de um Vórtice Ciclônico em média altitude (sistema de baixa pressão), deixando o ar instável, carreando umidade para níveis mais altos e frios e promovendo o aumento da pre-cipitação na região, essas características atmosféricas foram semelhan-tes a da catástrofe que ocorreu no mês de novembro de 2008 no Vale do itajaí (maRQUES, 2010).

Enxurrada de 23 e 24/12/1995: chuvas violentas atingiram a metade sul

do Estado de Santa Catarina, fazendo muito estragos de Florianópolis até Praia Grande. as enchentes foram súbitas e violentas, e partes de três mu-nicípios do sul do estado foram destruídas por deslizamentos e enxurradas catastróficas, fazendo, pelo menos, 29 vítimas fatais e centenas de de-sabrigados. as áreas das sub-bacias do Rio Figueira, em Timbé do Sul, Rio Pinheirinho, em Jacinto machado, e do alto Rio São Bento, em Siderópolis e Nova Veneza foram as mais atingidas (PELLERiN et al, 1997).

durante a catástrofe a elevada concentração de cúmulos-nimbus deve ter provocado rajadas de ventos muito fortes, destruindo parte da vegetação e, em seguida, chuva intensa. a remoção de grande parte da floresta e da cobertura do solo, numa ordem de 3.600ha, ocasionou avalanches de blocos e deslizamento mais ou menos generalizados, desde o topo do pla-nalto. Localmente, foram também destruídas plantações de bananeiras nas vertentes menos inclinadas e com solos argilosos mais espessos em altitudes inferiores a 600 m. Todo o material formado por blocos, seixos e árvores, além de aterrar o fundo dos vales, deixaram marcas de mais de 30 Km das nascentes dos rios (SCHEiBE, BUSS e FURTadO, 2010).

as escarpas da Serra Geral auxiliam na intensificação da chuva, havendo sempre o risco de temporais, principalmente, quando sistemas de tem-po instáveis como as frentes frias associadas a vórtices ciclônicos estão atuando, como ocorreu nesse evento (SCHEiBE, BUSS e FURTadO, 2010).

Figura 18: da esquerda para a direita - cicatrizes de escorregamentos; troncos de árvores arrancadas pela enxurrada; depósito de madeira e destroços na praia do morro dos Conventos. junto à foz do rio araranguá Fonte: imagens extraídas de Pellerin/UFSC

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ANOTAÇÕES:

Furacão catarina: Por ter sido fenômeno atípico no território brasileiro,

é apresentado um breve resgate da experiência vivida com o furacão “Catarina”. Esse resgate tem o objetivo de refletir sobre um aspecto da vulnerabilidade que se refere à condição necessária de se ter noção de determinado perigo para que se perceba a existência do risco envolvido. Ou seja, o fato de não haver representação mental de um dado perigo internalizada no indivíduo ou na coletividade, dificilmente estes have-rão de ter percepção dos riscos associados. isso ocorreu em boa medida no evento Catarina.

além disso, até 2004, se dizia que furacões não ocorriam no atlântico Sul devido à baixa temperatura da superfície do mar e também devido aos ventos desfavoráveis nos níveis atmosféricos mais altos. Por ser um fenômeno atípico, no Brasil, há falta de experiência e poucos recursos para o monitoramento e previsão de evento dessa categoria. Esses dois aspectos podem ser considerados como a ponta de uma reflexão sobre o quão vulnerável o Brasil, mais especificamente, a população da costa sul brasileira é para eventos conhecidos como furacão, ciclone tropical ou tufão, variações na denominação de um mesmo tipo de evento climático. Sobre o furacão Catarina, de acordo com artigo publicado por meteoro-logistas do Centro integrado de meteorologia e Recursos Hídricos de SC - EPaGRi/CLimERH e colaboradores1, inicialmente, o fenômeno Catarina

foi uma perturbação que desprendeu de uma frente fria no oceano. Em dois dias adquiriu características típicas de furacão (com bandas de nu-vens convergentes em espiral e um olho bem definido) e deslocamento de leste para oeste. Esse comportamento que culminou em movimento ciclônico foi apontado como atípico na região do atlântico Sul pelos meteorologistas.

Segundo o artigo, o Catarina atingiu a costa sul de Santa Catarina e nor-te do Rio Grande do Sul, entre os dias 27 e 28 de março de 2004 e vinha sendo monitorado desde o dia 23. a perturbação inicial pareceu des-prender-se de uma frente fria que estava entre o Espírito do Santo e o sul da Bahia. O ciclone foi classificado e batizado pelo centro operacio-nal da EPaGRi/CLimERH como furacão Catarina e o centro americano de meteorologia e oceanografia da NOaa o classificou como furacão classe 1, segundo a escala Saffir-Simpson, com ventos de 120 a 150 km/h em torno de seu centro.

Há, contudo, literatura que aponta2 o Furacão Catarina como de

catego-ria 2 da escala Saffir-Simpson, com ventos de até 180 Km/h, tendo em

1 disponível em http://intranetdoc.epagri.sc.gov.br/producao_tecnico_cientifica/DOC_32978.pdf

2 Como o atlas de desastres organizado pela pesquisadora maria Lúcia Herrmann (2014) e o

ma-terial didático Prevenção de desastres naturais: conceitos básicos organizado pelo professor e pesquisador masato Kobiyama (2006)

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ANOTAÇÕES:

vista os impactos observados como arvores tombadas, danos estruturais em telhados, destruição total de casas de madeira, entre outros, totali-zando danos em 34,4% das edificações existentes na área afetada. Na época, os técnicos do Centro de meteorologia EPaGRi/CiRam avi-saram autoridades competentes para que medidas para minimizar os possíveis danos materiais e humanos fossem tomadas.

Em 26 de março, verificando a intensificação do até então ciclone e seu deslocamento em direção à costa, a equipe de previsão de tempo da Epagri entrou em contato com a defesa Civil de Santa Catarina, soli-citando a presença de um representante. Embarcações pesqueiras que se encontravam em alto mar, próximo à área de deslocamento deste ciclone, foram avisadas por sistema de radiocomunicação da Epagri, em Passo de Torres, que foram direcionadas para fora da área de risco. aler-tas passaram a ser emitidas a cada meia hora com resumo das condições de vento e do mar. Técnicos do CPTEC, iNPE, USP, SimEPaR/PR, Climerh e defesa Civil Nacional foram contatados para troca de informações e acompanhamento permanente do deslocamento do sistema.

na tarde da sexta-feira do dia 26/03/2004 foi divulgado o primeiro

alerta à população através da página na internet e dos meios de comu-nicação, alertando para as condições de ventos fortes e mar agitado provocado por um ciclone extratropical, durante o sábado, para a região entre a Grande Florianópolis e Litoral Sul catarinense.

Embarcações de pesca que estavam em alto-mar também enviavam in-formações sobre temporais e rajadas de vento muito fortes próximo ao ciclone, de até 70 km/h e ondas de até 3,5 metros.

No final da tarde do dia 26, os meteorologistas da EPaGRi iniciaram esquema de plantão 24 horas no Centro de meteorologia para o moni-toramento do sistema. devido à rápida intensificação do sistema e a proximidade da costa, novamente, a defesa Civil foi contatada para estabelecer um consenso sobre qual seria a melhor forma de divulgar à população, tomando o cuidado de não causar pânico.

no início da madrugada do sábado 27/03/2004, pesqueiros sofrem avarias sob ventos de 100 km/h ocorreu uma reunião com autoridades

do governo de Santa Catarina, defesa Civil estadual e meteorologistas com objetivo de tomar medidas frente a situação. O governador assumiu o controle e foi decretado estado de alerta. inicialmente, a área de risco que poderia ser atingida pelo furacão foi considerada entre a Grande Flo-rianópolis e o Litoral Sul de Santa Catarina. No decorrer da madrugada, a meteopesca de Passo de Torres informou que, segundo a estimativa dos pescadores, os ventos que atingiram embarcações superaram 100 km/h.

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ANOTAÇÕES:

antenas de rádio foram arrancadas, materiais de pesca perdidos, vidros quebrados e em algumas embarcações bordas de barcos foi arrancadas.

na manhã do sábado 27/03/2004, o furacão avança em direção à costa.

O departamento de meteorologia e ciência atmosférica da Universidade da Pensilvânia/EUa, disponibilizou um modelo de previsão numérica para o monitoramento do furacão que começou a ser utilizado como ferramen-ta para acompanhar a evolução do sistema e seu deslocamento. Com base nesse modelo, o litoral Sul catarinense e o norte do Rio Grande do Sul pas-saram a ser considerados áreas de risco. daí foi liberado aviso especial, alertando a população sobre a possibilidade de chuva forte e ventos de 120 a 150 km/h. a defesa Civil de Santa Catarina deslocou 3.000 homens para o Litoral Sul de Santa Catarina e um plantão foi iniciado na central de operações da defesa Civil em Florianópolis pelas próximas 48 horas.

na tarde do sábado 27/03/2004 os ventos começaram a se intensificar

em toda a costa catarinense. Pescadores no mar continuavam enviando informações sobre rajadas de vento próximo a 90 km/h e ondas com picos de 4 metros de altura. No Porto de Laguna e de Passo de Torres, as barras de acesso foram fechadas por causa da forte agitação do mar. Com isso, muitas embarcações de pesca ficaram presas do lado de fora. Em Passo de Torres, 5 embarcações não conseguiram entrar na barra. Seguindo instruções, deslocaram-se em direção ao Rio Grande do Sul para escapar da rota do furacão que, no momento, mostrava rota de deslocamento em direção a Laguna.

na noite do sábado 27/03/2004 verificou-se evolução da força do vento

durante a noite e avanço em direção ao extremo sul do estado.

informa-ções de pesquisadores da UFSC e pessoal da defesa Civil que se deslocaram para o arroio do Silva relatavam condição de ressaca naquela localidade e destruição de construções a beira da praia. meteorologistas da Epagri entraram em contato com o serviço de resgate da marinha, do Rio Grande do Sul, avisando sobre as embarcações que não conseguiram se abrigar.

na madrugada do domingo 28/03/2004 o furacão Catarina já estava com

seu olho totalmente no continente, provocando ventos de mais de 100 km/h nos municípios do Litoral Sul. Pela previsão do modelo disponibili-zado pelo NOaa, a previsão é de que o sistema se desintensificaria nas próximas horas. Passado o evento que atingiu a área afetada entre a noite de sábado e a madrugada do domingo, os ventos foram estimados em 100 a 150 km/h e mar agitado com picos de onda de até 5 m próximos à costa.

na manhã do domingo 28/03/2004, o furacão Catarina perde força

dentro do continente. Gradativamente a velocidade do vento e as chu-vas diminuem no litoral, mas Litoral Sul, Planalto Sul catarinense e nor-deste do RS o vento forte e a chuva ainda se mantinha.

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ANOTAÇÕES:

na tarde do domingo 28/03/2004, apesar de muita nebulosidade e ainda

algumas chuvas entre o Planalto e o Litoral, procurou-se acalmar a popu-lação com avisos por meio de telefone, internet e meios de comunicação de massa que o pior já havia passado. Relatos de pessoas que passaram pela experiência do Catarina apontam que os ventos ganharam força a partir das 23 horas acompanhados de chuva forte. Entre 1:00 e 3:00 horas da manhã, os ventos ficaram calmos e o céu estrelado (passagem do olho do furacão), quando se teve sensação de abafamento como se a tempe-ratura se elevasse em alguns graus. a partir de 3h, as chuvas fortes e os ventos voltaram a ocorrer com maior intensidade, com rajadas acima de 150 km/h, desta vez, em outra direção. Os depoimentos mencionam que os fortes ventos provocavam ruído como som de turbina de avião.

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a SociEdadE E o clima

2

i

lhas de calor: um fenômeno típico de grandes aglomerações urbanas,

que também colabora para aumentar os índices de poluição nas zonas centrais da mancha urbana, é a ilha de calor. Este é claramente um

fenômeno antrópico, ou seja, produzido pelo homem.

a ilha de calor é uma das mais evidentes consequências da ação humana como fator climático. Resulta da elevação das temperaturas médias nas áreas urbanizadas das grandes cidades, em comparação com as zonas rurais. as variações térmicas entre elas podem chegar até 7ºC e ocorrem basicamente por causa das diferenças de irradiação de calor entre áreas verdes e por causa da concentração de poluentes (que bloqueiam a irra-diação de calor da superfície), maior nas zonas centrais.

a substituição de vegetação por grande quantidade de casas e prédios, viadutos, ruas e calçadas pavimentadas faz aumentar significativamente a irradiação de calor para a atmosfera, em comparação com as áreas ru-rais, onde, em geral, é maior a cobertura vegetal. além disso, nas zonas centrais das grandes cidades é muito maior a concentração de gases e materiais particulados lançados por veículos (mOREiRa, 2005). Na figura 19, relação entre a distribuição de áreas verdes e a temperatura no dia 03/09/1999 no município de São Paulo.

Figura 19: densidade demográfica e ilhas de calor Fonte: http://professoralexei-nowatzki.webnode.com.br/

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ANOTAÇÕES:

lEiTura comPlEmEnTar

Professor explica a criação de ‘ilhas de calor’ no centro das cidades

No centro das grandes metrópoles, a sensação de calor costuma ser maior do que a percebida em áreas mais afastadas, arborizadas. Car-ros, asfalto e prédios são alguns dos elementos que contribuem com a sensação de “abafado”. O fenômeno conhecido como “ilhas de calor”, denominado, também, como microclima urbano, foi assunto do Projeto Educação desta quinta-feira (15).

O tempo está em constante transformação, com o avanço das chuvas e a incidência dos raios solares. E os termômetros não param de subir. “isto significa que os raios solares estão batendo diretamente nesse concreto. Esse concreto está absorvendo o calor, está liberando este calor em forma de ondas e, à medida que isso acontece, a tendência é a elevação cada vez maior da temperatura”, comentou o professor de geografia Evandro Costa. O nome “ilhas de calor” é dado aos espaços que se formam com con-dições de temperatura e de umidade atmosférica completamente dife-rentes do ambiente geral. “Então você imagine o clima da Zona da mata nordestina, imagine o clima da Zona da mata de Pernambuco e você imagine essa alteração que vai ser sofrida a partir da intensa urbaniza-ção que nós temos exatamente no centro do Recife. É uma zona micro dentro de um macro espaço. É justamente por conta disso que nós cha-mamos de microclima”, destacou o professor.

Nas áreas muito urbanizadas, o primeiro problema é a quantidade de ve-ículos, que emitem muitos gases poluentes. Os calçamentos, de asfalto ou concreto, também absorvem e irradiam muito calor. Os prédios não ajudam, pois são de cores claras em sua maioria – uma forma de refletir a luz do sol e amenizar as temperaturas na parte de dentro. O problema é que a luz refletida acaba devolvendo calor para as ruas.

ainda por conta dos edifícios, cada vez mais altos, o ar não circula di-reito. Em cidades litorâneas, como o Recife, nem a brisa que sopra do mar durante o dia é aproveitada porque os prédios, ao longo da orla, funcionam como um paredão, uma barreira para passagem do vento. Tudo isso acaba por contribuir com uma maior quantidade de chuvas, já que o calor faz aumentar a evaporação da água.

verde

afastando-se do centro da cidade, das áreas mais urbanizadas, o calor diminui. Em lugares mais arborizados, a temperatura cai, em média, cinco ou seis graus. “Esses cinco ou seis graus significam muito porque, como é uma média, isso quer dizer que, em dias quentes, a

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probabi-ANOTAÇÕES:

lidade de você ter temperaturas muito mais altas, nessas áreas mais urbanizadas, aumenta bastante. E, às vezes, a gente pode chegar a pi-cos de dez graus de temperatura quanto à diferença de bairros menos urbanizados e com uma quantidade maior de verde, em relação às áreas de maior urbanização”, explicou Evandro Costa.

a vegetação traz vários benefícios. Ela reduz o impacto dos raios so-lares no solo e, ao mesmo tempo, aumenta a umidade na atmosfera, o que proporciona uma sensação mais agradável. “É muito importante que a população contribua com a possibilidade de formação de jardins, aumentando a área verde na sua casa, nas áreas dos edifícios, nos esta-cionamentos, porque ajuda bastante a promover um equilíbrio da tem-peratura”, orientou o professor.

Fonte: http://g1.globo.com/pernambuco/vestibular-e-educacao/noticia/ 2013/08/professor-explica-criacao-de-ilhas-de-calor-no-centro-das-cidades.html

Por que as áreas mais urbanizadas, normalmente, possuem uma maior temperatura?

impermeabilização dos solos: a impermeabilização compromete a

ca-pacidade de infiltração da água e o consequente aumento do escoa-mento superficial, condição que leva à exposição do homem ao risco de desastres de enchente, enxurrada e alagamento. miranda, Oliveira e Silva (2010) apontam que a infiltração da água em um solo depende de fatores como: umidade do solo (quanto mais saturado menor a capacida-de capacida-de absorção); tipo do solo (a granulometria do solo condiciona a sua permeabilidade, quanto mais fino for o solo, menor será a infiltração); ocupação da superfície (processos de urbanização e devastação da ve-getação levam à drástica redução/diminuição de solo com capacidade de absorção da água); topografia (declives acentuados favorecem o es-coamento superficial direto, diminuindo a oportunidade de infiltração); depressões (a existência de depressões provoca a retenção da água, diminuindo a quantidade de escoamento superficial direto).

Com base nesses fatores, podem-se apontar algumas intervenções do homem no ambiente que contribuem para diminuir a capacidade de pe-netração da água no solo e o consequente aumento do escoamento su-perficial, gerando perigos potenciais como: o uso de técnicas de manejo agrícola que causam a retenção de água no solo, como é o caso do cul-tivo de arroz irrigado que mantém o solo encharcado por longo período; a retificação de drenagens naturais; a redução da cobertura vegetal do solo que, ao ficar desprotegido, tem sua permeabilidade comprometida e pode desencadear processos erosivos e perda de material orgânico; a

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ANOTAÇÕES:

destruição da mata ciliar que propicia processos erosivos nas margens do rio e consequente carreamento da camada de solo, provocando assorea-mento e redução da calha de escoaassorea-mento d’água, particularmente, nas faixas urbanas; a ocupação inadequada em encostas de morros, expondo moradores e infraestrutura ao risco de deslizamento, dentre outras con-dições de perigo potencial.

a ocupação irregular em áreas de cheia e risco de alagamento com au-sência de sistema de saneamento básico e despejo de dejeto sanitário a céu aberto amplia a exposição aos perigos pelo risco de contaminação de doenças. Outro fator agravante é o lixo mal depositado que a chuva carrega para bueiros, canais, tubulações e rios, provocando entupimen-to e represando a vazão da água, favorecendo o aumenentupimen-to do seu nível e a retificação dos cursos d’água alterando o escoamento dos canais.

clima e seu reflexo nas atividades econômicas

algumas atividades econômicas são mais vulneráveis à variabilidade cli-mática. Temos como exemplo a agropecuária, dependendo de como a atmosfera se comporta, como o excesso de chuvas ou a falta delas, po-dem ter reflexos diretos sobre a produção agrícola, interferindo na ofer-ta de produtos no mercado, e quando esses produtos são perecíveis (o produto se degrada facilmente), podem ter variações grandes de preço ao consumidor. Outra atividade que podemos citar é a geração de ener-gia elétrica, no caso do Brasil, que somos extremamente dependentes das usinas hidrelétricas, ficamos dependendo de um regime “normal” de chuvas para manter os reservatórios das barragens em um patamar que não comprometa a geração dessa energia. Nos textos abaixo vamos refletir melhor como clima é importante para essas atividades.

lEiTura comPlEmEnTar

melhora no clima e na safra pode fazer tomate voltar à mesa, diz ibGE

Alta de 20,17% registrada em fevereiro perdeu força, para 6,14% em março. Já a cebola marcou alta de 21,43%, contra 11,64% de fevereiro.

acumulando uma alta de preços de 122,13% em 12 meses, o tomate se tornou joia rara na mesa do brasileiro, principalmente no início do ano, mas começa a dar sinais de que vai voltar ao cardápio. a alta de 20,17% registrada em fevereiro caiu para 6,14% em março, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor amplo (iPCa), divulgado pelo instituto Brasileiro de Geografia e Estatística(iBGE) nesta quarta-feira (10).

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ANOTAÇÕES:

O iPCa, que mede a inflação oficial do país, em março marcou 0,47%, menos que o registrado em fevereiro, 0,60%, e foi o menor índice desde agosto de 2012, quando chegou a 0,41%. mas no acumulado de 12 meses somou 6,59%, acima do teto da meta de inflação estabelecida pelo Ban-co Central, de 6,5%.

Eulina Nunes dos Santos, coordenadora da Coordenação de Índices de Preços do iBGE, explica que sendo uma das culturas mais suscetíveis às mudanças climáticas, o tomate vem sofrendo desde meados do ano passado com secas e chuvas. mas segundo a gerente, além de parte da safra deste ano já estar no mercado, a previsão do próprio iBGE é que a safra de cereais, oleaginosas e leguminosas de 2013 seja 12% maior que a do ano anterior e as condições do clima para este ano são melhores. “a previsão é de que o arroz tenha uma safra 5% maior que a do ano passado, e a de soja, 23%”, disse Eulina, ressaltando, ainda, que a deso-neração da cesta básica já pode estar ajudando a conter a alta de alguns produtos. mas segundo a coordenadora, o efeito da desoneração vai ser mais bem percebido nos próximos meses.

Situação semelhante ao tomate, que em julho de 2012 chegou a custar R$ 8 o quilo, é a que sofre a farinha de mandioca, produto indispensável na mesa no Norte e no Nordeste. ao longo do ano passado, a seca preju-dicou a safra de mandioca e a farinha acumula, em 12 meses, uma alta de 151,39%. E, assim como o tomate, mostrou recuo nos preços em mar-ço, com uma variação de 5,11%, contra 16,15% registrada em fevereiro. Já a cebola pode ser considerada a vilã de março nas compras do mês: apresentou alta de 21,43% , contra 11,64% de fevereiro. Também o açaí, alimento básico da dieta da população do Norte, marcou alta de 16,77% em fevereiro, subindo para 18,31% em março, também por excesso de demanda para produtos que tiveram a produção prejudicada pelo clima. apesar das altas registradas em alguns itens, o grupo dos alimentos mostrou recuo com relação ao mês anterior: 1,5% em fevereiro e 1,14% em março, colaborando para a desaceleração do iPCa, que teve como principal fator o significativo recuo no item educação (5,40% em fe-vereiro, contra 0,56% em março) por conta da folga no orçamento do-méstico, uma vez que o gasto com mensalidades, uniforme e material escolar foi em fevereiro.

Fora do grupo de alimentos, as principais altas continuam no setor de serviços. Os gastos com empregados domésticos subiram 1,53% em mar-ço, contra 1,12%, em fevereiro, ainda não como reflexo da PEC das domésticas, mas pela tendência de alta registrada ao longo de 12 meses (12%), por conta da pouca oferta e grande demanda.

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ANOTAÇÕES:

inPc

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor (iNPC), apresentado na mesma divulgação do iBGE, variou de 0,52%, em fevereiro, para 0,60%, em março. Com isso, fechou o primeiro trimestre em 2,05%, acima da taxa de 1,08% relativa a igual período de 2012 e, em 12 meses, registrou 7,22%, acima dos doze meses imediatamente anteriores (6,77%). Em março de 2012, o iNPC havia ficado em 0,18%. Os produtos alimentícios apresentaram varia-ção de 1,16% em março, enquanto os não alimentícios aumentaram 0,36%.

Fonte: http://g1.globo.com/economia/noticia/2013/04/melhora-no-clima-e-na-safra-podem-fazer-tomate-voltar-mesa-diz-ibge.html

Qual a relação entre a variabilidade de tempo e clima com os preços dos produtos agrícolas perecíveis?

lEiTura comPlEmEnTar

racionamento de água e energia no brasil em 2014: risco real?

Diante da seca incomum em todo o país e de problemas estruturais, o Brasil vive um novo risco de crise energética e hídrica em 2014.

O ano de 2014 iniciou-se de modo preocupante no que diz respeito à in-fraestrutura no Brasil: o risco de apagões e de uma eventual necessidade de racionamento de água e energia em boa parte do país. Os principais fatores ligados a essa questão são a estiagem atípica para o começo do ano, a ocorrência de um apagão que afetou cidades de várias regiões brasileiras e o fato de os reservatórios operarem muito abaixo de suas capacidades máximas.

O sistema de fornecimento de energia no Brasil é essencialmente consti-tuído por hidrelétricas. O principal problema dessa estratégia é a vulne-rabilidade do sistema em períodos de estiagens atípicas, podendo pro-vocar apagões e forçar medidas públicas de economia de energia. Em 2001, o país viveu a maior crise da história nesse setor, quando o risco de apagão foi combatido através de um intenso racionamento de energia, com o objetivo de reduzir em 20% os gastos domiciliares.

após esse período, planos de ampliação da rede de eletricidade e de for-necimento de água foram instaurados, permitindo alguns avanços nesse setor. No entanto, algumas deficiências em termos de investimentos e aplicação de projetos colocaram novamente em xeque a política ener-gética e hídrica no país. Segundo dados da abiape (associação Brasileira

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