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Diagnóstico da qualidade da água subterrânia em propriedade rural no município de Planalto, RS

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UNIJUI- Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul Departamento de Humanidades e Educação

Curso de Geografia

DIAGNÓSTICO DA QUALIDADE DA ÁGUA SUBTERRÂNEA EM PROPRIEDADE RURAL NO MUNICÍPIO DE PLANALTO, RS.

ÂNGELA MARIA FERREIRA FERNANDES

Ijuí/RS 2011

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ÂNGELA MARIA FERREIRA FERNANDES

Monografia apresentada ao Curso de Geografia da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – UNIJUI, como requisito parcial para a obtenção do título de Licenciado em Geografia.

Orientadora: M.Sc. Doris Ketzer Montardo

Ijuí/RS 2011

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1: Etapa do tratamento da água – Floculador ... 13

Figura 2: Etapa do tratamento da água – Decantador ... 14

Figura 3: Etapa do tratamento da água – Filtro ... 14

Figura 4: Demonstração do Ciclo da água ... 23

Figura 5: Localização do município de Planalto no Estado no RS ... 39

Figura 6: Poço instalado na propriedade ... 40

Figura 7: Croqui da propriedade rural ... 41

Figura 8 a/b: Reservatório (amostra 2) instalado há uma altura de 10 metro... 42

Figura 9: Valores observados e VMP de Turbidez, pH, Cor e Dureza na análise físico-química realizada nas amostras de água coletadas nos três pontos na propriedade rural ... 48

Figura 10: Relação entre os valores de Turbidez e Cor observada nas análises físico-química realizada nas amostras de água coletadas nos três pontos na propriedade rural ... 51

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LISTA DE TABELA/QUADROS

Tabela 1: Padrão microbiológico de potabilidade da água para consumo humano ... 30 Tabela 2: Padrão de turbidez para água pós-filtração ou pré-desinfecção ... 31 Tabela 3: Posição geográfica dos pontos de coleta ... 43 Tabela 4: Valores para análise microbiológica da água dos 03 pontos de coletas amostrados na propriedade rural ... 45 Tabela 5: Valores para análise físico-química da água dos 03 pontos de coletas amostrados na propriedade rural ... 48 Quadro 1: Alguns exemplos de impurezas na água ... 20 Quadro 2: Parâmetros químicos de uma água potável ... 32

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RESUMO

A água disponibilizada para consumo humano deve apresentar excelentes índices de potabilidade, indispensável para a qualidade da saúde das pessoas. No meio rural, onde em grande maioria das propriedades não há abastecimento público de água, o mais comum é utilizar água retirada dos poços subterrâneos. Através de processos de infiltração as águas podem ser contaminadas pelos resíduos geradas em função das diversas atividades realizadas na propriedade. No Brasil, a Portaria do Ministério da Saúde nº 518/2004 estabelece os procedimentos e responsabilidades relativos ao controle e vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade, estabelecendo valores máximos permissíveis (VMP) para as características microbiológicas e físico-químicas da água potável, aliados à Resolução 357/2005 do CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente. O objetivo deste estudo foi avaliar a qualidade da água subterrânea utilizada para consumo humano e uso doméstico em uma pequena propriedade rural, na cidade de Planalto, RS, em novembro de 2011, relacionando o uso da água e as atividades agrícolas praticadas. Para este fim, realizou-se a coleta de amostras de água em três pontos na propriedade, sendo poço raso, reservatório e saída na torneira. As análises bacteriológicas realizadas foram coliformes totais, coliformes termotolerantes (Escherichia coli) e mesófilos heterotróficos. Nas análises físico-químicas, os parâmetros definidos para avaliação foram pH, turbidez, cor, condutividade elétrica, dureza e alcalinidade total. Comparando-se aos parâmetros estabelecidos na legislação federal vigente, os resultados das análises bacteriológicas para coliformes totais e mesófilos heterotróficos foram os mais críticos com indicação de presença de bactérias. Nas análises físico-químicas há índices elevados no parâmetro turbidez nos três pontos de coletas e cor para o ponto de coleta do poço raso. A água utilizada na propriedade rural foi considerada um importante fator de risco à saúde e deve-se atentar para o uso de práticas conservacionistas no tratamento de esgoto doméstico e outras atividades agrícolas que podem alterar a qualidade da água e ainda continuar monitorando a qualidade da água.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO... 7

1. O USO DA AGUA NO ESPAÇO GEOGRÁFICO ... 9

1.1. Água no meio rural... 9

1.2. Captação de água em poços ... 10

1.3. Sistema público de abastecimento ... 12

1.4. Tratamento da água ... 13

2. A GEOGRAFIA E A PAISAGEM RURAL... 17

2.1. Transformação da paisagem: vulnerabilidade na qualidade da água ... 17

2.2. Atividades rurais x Impactos ambientais ... 21

2.3. Qualidade da água no meio rural ... 26

3. LEGISLAÇÃO AMBIENTAL PARA ÁGUA ... 29

3.1. Parâmetros da qualidade da água: Ministério da Saúde, Ministério do Meio Ambiente... 29

3.2. Classificação e qualidade das águas ... 35

4. MATERIAL E MÉTODOS... 37

4.1. Metodologia da pesquisa ... 37

4.2. Caracterização da área de estudo... 38

4.3. Metodologia de Coleta e Transporte ... 42

4.4. Os parâmetros selecionados ... 43

4.5. Análise de dados ... 44

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO ... 45

5.1. Análise Microbiológica ... 45

5.2. Análise Físico-Química ... 47

5.2.1. pH, Turbidez, Cor, Condutividade, Dureza, Alcalinidade Total ... 47

5.2.2 Potencial Hidrogeniônico (pH)... 49 5.2.3 Turbidez... 49 5.2.4 Cor... 50 5.2.5 Condutividade elétrica ... 52 5.2.6 Dureza ... 52 5.2.7 Alcalinidade Total ... 53 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 54 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 56

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1. INTRODUÇÃO

As atividades econômicas de uma determinada região são desenvolvidas para atender as exigências e demandas dos grupamentos humanos que nela habitam, sendo que o espaço geográfico é transformado e adaptado às necessidades dos mesmos. Porém, esta adaptação, muitas vezes, é realizada de forma desordenada, não considerando as reais potencialidades que a área oferece, podendo tornar-se o princípio da eclosão de inúmeros problemas de ordem ambiental.

Desta maneira, a qualidade da água destinada ao consumo humano é questão de grande importância e têm ocasionado preocupação em âmbito da saúde pública. O consumo de água contaminada ou fora dos padrões mínimos de qualidade torna-se fator de risco e agravos à saúde, devido à presença de seres patogênicos e/ou elementos e substâncias químicas prejudiciais, bem como substâncias orgânicas não degradáveis, nitrato, gás sulfídrico, metais pesados, entre outros.

A água subterrânea utilizada para consumo humano é um dos importantes veículos de enfermidades diarréicas de natureza infecciosa, o que torna primordial a avaliação da sua qualidade e potabilidade.

As águas subterrâneas encontram-se protegidas por camadas de solo, rochas e/ou suas alterações. Assim, são menos propensas à contaminação do que as águas superficiais, funcionando como reservatórios. Por outro lado, quando contaminadas, sua descontaminação torna-se difícil e onerosa (MARION et al.,2006).

As atividades agrícolas desenvolvidas e seu processo de mordenização são alguma das principais ameaças de contaminação dos mananciais superficiais e subterrâneos. Assim, estudos entre a interação e a relação homem x meio, objetivando a sustentabilidade ambiental é de grande importância, uma vez que a conservação dos recursos naturais está diretamente relacionada com a melhoria na qualidade de vida das pessoas residentes em uma determinada área ou região.

A abordagem bibliográfica apoiada na pesquisa documental apresenta no capítulo I – O uso da água no espaço geográfico e no capítulo II – A geografia e a paisagem rural, questionamentos a partir de pesquisas anteriormente já realizadas

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por vários autores sobre a disponibilidade de água potável com qualidade e sua relação com paisagem rural geralmente afetada pelas atividades desenvolvidas no espaço rural. Para ampliar a discussão sobre a potabilidade da água, o capítulo III – Legislação Ambiental para água aborda os parâmetros da qualidade da água apresentados pelo Ministério da Saúde por meio da Portaria nº 518/2004 e pelo Ministério do Meio Ambiente, através do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), na Resolução N° 357/2005. O método deduti vo foi utilizado na pesquisa de campo através do estudo de caso realizado em uma propriedade rural com a proposta de avaliar a qualidade da água utilizada relacionando com os parâmetros apresentados pela Legislação e discutidos no capítulo IV – Análise e Discussão dos resultados.

A pesquisa objetivou analisar a qualidade higiênico-sanitária da água, verificar fontes de contaminação dos recursos hídricos presentes na propriedade e diagnosticar as condições socioambientais em que se encontram a propriedade em estudo, lembrando que as atividades agrícolas desenvolvidas e a mordenização são algumas das principais ameaças de contaminação dos mananciais superficiais e subterrâneos.

Após avaliação dos resultados obtidos nas análises, é necessário considerar que a água utilizada na propriedade rural é um fator de risco à saúde dos que a utilizam. É possível que o desenvolvimento de um trabalho de educação ambiental para os residentes nessa propriedade com a adoção de medidas preventivas que visam à preservação das fontes de água e o tratamento da água já comprometida, aliados à implantação de boas práticas ambientais são ferramentas essenciais para minimizar o máximo a ocorrência de enfermidades que poderão ser transmitidas pela veiculação hídrica.

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1. O USO DA AGUA NO ESPAÇO GEOGRÁFICO

1.1. Água no meio rural

Na década de 30/40, o meio rural no Brasil era um local tranqüilo e de pouca modernidade o que levou muitas pessoas para a cidade em busca de uma melhor qualidade de vida, processo conhecido como êxodo rural. Posteriormente as novas tecnologias chegaram ao campo e as atividades agrícolas cresceram consideravelmente e muitos retornaram ao campo a partir da década de 90, principalmente apoiados nas atividades agrícolas voltados ao desenvolvimento do turismo e assim o espaço rural vem se transformando constantemente e como podemos perceber a água é um bem imprescindível e se não bem administrado pode se tornar finito diante desta revolução tecnológica que trouxe muitos problemas para meio rural. EPAGRI (2006) explica de forma clara a composição da água:

A água é um mineral formado por dois átomos de hidrogênio (H) e por um átomo de oxigênio (O) (H2 O). A água está em contínuo movimento, transportando os nutrientes essenciais à vida no planeta. Suas reservas são constantes e renovadas por meio do ciclo hidrológico, porém não se distribuem eqüitativamente pelo globo terrestre. Sem a água nenhuma espécie vegetal ou animal poderia sobreviver, portanto, ela torna-se imprescindível à vida.

A disponibilidade de água de qualidade é condição indispensável para a própria vida, principalmente quando consideramos um número elevado de índice de doenças adquiridos pela população quando consomem água contaminada.

Aproximadamente 70% da superfície terrestre encontra-se coberta por água, considerando que 2,5% é água doce e está distribuída da seguinte forma: 29,7% nos aqüíferos; 68,9% nas calotas polares; 0,5% em rios e lagos e 0,9% em outros reservatórios (nuvens, vapor d´água, etc). A ingestão de água tratada é um dos importantes fatores de contribuição para a conservação da saúde. Atualmente 69% da água potável está direcionada para a agricultura, 22% para as indústrias e apenas 9% para consumo humano (BRASIL ESCOLA, 2011). A água subterrânea no meio rural corre riscos de um elevado grau de contaminação em virtude das atividades agrícolas.

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Um fator preocupante no meio rural é a falta de saneamento básico que gera constante lançamento de poluentes no meio ambiente (RHEINHEIMER et al, 2003). Essa preocupação tem mobilizado muitos estudiosos para monitorar e diagnosticar os problemas e buscar alternativas que possam minimizar a contaminação das águas doces.

As águas também podem ser contaminadas pelos dejetos humanos e de animais que são lançados a céu aberto pela falta de saneamento básico, tornando-se constantes fontes de poluição.

A água ainda é utilizada para abastecimento de agroindústrias, irrigação e dessedentação de animais e essas várias formas de aproveitamento da água apresentam características bem distintas, com diferentes padrões de qualidade.

1.2. Captação de Água em Poços

Os Pesquisadores da Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Católica Portuguesa (2011) esclarecem que a obtenção de água por este processo é mais frequente em zonas rurais e suburbanas, principalmente quando não servidas pelo sistema público. E os poços podem classificar-se em poços vulgares, escavados manualmente; poços escavados mecanicamente, com escavadora ou através de injeção de água, e; poços perfurados, que podem subdividir-se em poços tubulares e furos. Enquanto que os poços vulgares e escavados mecanicamente são geralmente "rasos". Os poços perfurados podem ser "rasos" (tubulares) ou "profundos" (furos).

O Grupo de pesquisa da Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Católica Portuguesa (2011) destaca ainda que para garantir a qualidade da água de poços e furos, devem considerar-se os seguintes aspectos:

- poços e furos devem situar-se a uma distância mínima de 30 metros, de fontes potenciais de contaminação ou poluição, como sumidouros e valas de infiltração;

- a parte superior de poços e furos deve encontrar-se a um nível mais elevado que as fontes de contaminação e poluição que eventualmente existam nas proximidades;

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- poços e furos devem ser cobertos com uma plataforma com, pelo menos, um metro de largura, a qual deve apresentar um ligeiro declive para uma valeta, de modo a efetuar-se a drenagem de águas superficiais;

- na plataforma de betão dos poços e furos, a passagem dos tubos de aspiração deve ser bem estanque, para impedir a penetração de águas superficiais;

- na plataforma dos poços, a abertura de visita (para tarefas de inspeção, reparação e limpeza) deve apresentar uma saliência de, pelo menos, 8 centímetros de altura, e ter tampa impermeável;

- a parede interior dos poços deve ser protegida com um revestimento impermeável até, pelo menos, 3 metros abaixo e 30 centímetros acima do nível do solo;

- os poços devem ser sempre limpos e desinfectados após a sua construção ou reparação:

 (1º) lava-se com água as paredes interiores;

 (2º) seguindo-se a limpeza com uma solução clorada concentrada (100 mg/l de teor de cloro ativo);

 (3º) efetua-se a cloragem da água, de modo que o seu teor em cloro atinja os 50 mg/l;

 (4º) agita-se e deixa-se repousar a água cerca de 12 horas;

 (5º) esvazia-se a água do poço;

 (6º) aguarda-se o seu enchimento de novo, e;

 (7º) quando o teor de cloro residual descer para menos de 1 mg/l a água pode ser consumida;

A água não deve ser retirada do interior dos poços com vasilhame, mas através de bombagem manual ou mecânica, a fim de evitar possível contaminação. Quando a bombagem não for possível, pode utilizar-se um sistema de roldana com manivela, devendo adotar-se cuidados especiais de higiene e limpeza para evitar a contaminação do balde ou da corda.

O uso de águas subterrâneas está aumentando cada vez mais, devido ao comprometimento da qualidade das águas superficiais, ao desenvolvimento de

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novas tecnologias para a exploração das águas subterrâneas e ao barateamento dos custos de abertura de poços tubulares (CASALI, 2007).

De acordo com a Agência Nacional de Águas – ANA (2005) “a água subterrânea é intensamente explorada no Brasil. A água de poços e fontes vem sendo utilizada para diversos fins, tais como o abastecimento humano, irrigação, indústria e lazer.” A água subterrânea representa o principal manancial hídrico e desempenha importante papel no desenvolvimento socioeconômico do país (ANA, 2005).

1.3. Sistema Público de Abastecimento

Os Pesquisadores da Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Católica Portuguesa (2011) informam que o processo adequado de abastecimento de água à comunidade, principalmente nas zonas urbanas e suburbanas, deverá preencher todos os requisitos de potabilidade da água. De um modo geral, um sistema público de abastecimento é constituído pelos seguintes elementos/processos:

 Equipamento de captação, situado em poços, galerias de infiltração, nascentes, rios, lagos, albufeiras, represas, barragens, etc., para recolha de água bruta;

 Condutas de adução, para transporte da água bruta, dos locais de captação às estações de tratamento;

 Estação de tratamento, cujas dimensões e complexidade depende da dimensão da população a servir e das características da água a tratar;

 Equipamento para bombagem da água entre a estação de tratamento e um ou mais reservatórios;

 Reservatórios em locais estratégicos, para que a água chegue ao consumidor com a pressão desejável. Os reservatórios também permitem acumular água com o objetivo de dar resposta a situações de emergência, ou atenuar eventuais défices nos períodos de grande consumo;

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 Rede de distribuição, constituída por vários tipos de condutas e canalizações que terminam nos locais de consumo.

Porém nas áreas rurais, ainda há localidades que não têm um processo de abastecimento público de água e assim as propriedades rurais utilizam de águas subterrâneas o que nem sempre está relacionado com padrão de água potável.

1.4 Tratamento da água

O tratamento da água tem como finalidade reduzir as impurezas existentes na água para torná-la potável. Dependendo da qualidade da água no manancial, o tratamento pode ser mais ou menos complexo. Numa estação de tratamento convencional (ETA), a água pode ser tratada pelos seguintes processos:

 arejamento (ou oxidação): que consiste em aumentar o contato da água com o ar, com o objetivo de eliminar gases (como o anidrido carbônico) e substâncias voláteis indesejáveis, precipitar o ferro e o manganês, e oxidar alguns compostos orgânicos que dão gosto e sabor à água;

 mistura rápida: a água passa por um processo de agitação artificial intensa e recebe produtos coagulantes, como o sulfato de alumínio, com a finalidade de agregar as impurezas leves, que não sedimentam naturalmente;

 floculação (ou coagulação): o processo onde a água recebe uma substância química chamada de sulfato de alumínio. Este produto faz com que as impurezas se aglutinem formando flocos para serem facilmente removidos.

Figura 1: Etapa do tratamento da água – Floculador FONTE: CORSAN (2011)

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 decantação (ou sedimentação): ocorre em tanques decantadores, como os flocos de sujeira são mais pesados do que a água eles caem e se depositam no fundo do decantador.

Figura 2: Etapa do tratamento da água – Decantador FONTE: CORSAN (2011)

 filtração: consiste em fazer passar a água por um leito filtrante constituído por saibro, areia com granulometria variável, ou outras matérias porosas. Nesta fase, a água passa por várias camadas filtrantes onde ocorre a retenção dos flocos menores que não ficaram na decantação. A água então fica livre das impurezas. Estas três etapas: floculação, decantação e filtração recebem o nome de clarificação. Nesta fase, todas as partículas de impurezas são removidas deixando a água límpida. O processo de filtração pode ser lento, por ação da gravidade, ou rápido, se efetuado sob pressão.

Figura 3: Etapa do tratamento da água – Filtro FONTE: CORSAN (2011)

 Desinfecção/Cloração: tem como finalidade a eliminação dos microrganismos ainda existentes, e efetua-se através da adição de produtos químicos desinfectantes, geralmente cloro por ser o processo mais prático e econômico. Por esta razão, o processo de desinfecção é também denominado "cloragem", e os produtos mais utilizados são os hipocloritos de

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cálcio (Ca(ClO)2) ou de sódio (NaClO). O doseamento do desinfectante faz-se através de clorímetros e, de um modo geral, o teor da solução base não deve exceder o limite de solubilidade do cloro à temperatura ambiente, cerca de 0,65 gramas por 100 gramas de água.

Os pesquisadores da Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Católica Portuguesa (2011) apontam alguns “métodos de purificação e desinfecção da água que podem ser aplicados no domicílio, quando houver suspeita de contaminação da água da rede pública, ou quando a água de consumo for recolhida em poços, rios, cisternas, etc.”

Aponta ainda que os principais processos de tratamento doméstico da água são a ebulição (fervura), a desinfecção química (iodo, cloro e seus derivados) e a filtração.

Destaca detalhadamente os métodos de purificação:

Ebulição: a fervura da água a 100º centígrados, durante 20 minutos, é um processo de desinfecção simples de executar e eficaz, pois extermina a totalidade dos microrganismos. Como a ebulição origina a libertação dos gases dissolvidos, podendo tornar a água um pouco desagradável ao paladar, recomenda-se o seu arejamento, passando-a de um recipiente limpo para outro.

Desinfecção química: os produtos mais utilizados são o iodo (solução e comprimidos) e os derivados do cloro (solução, pó, grânulos e comprimidos). A tintura de iodo a 2-8% é um bom desinfectante; duas gotas de tintura a 2% são suficientes para desinfectar um litro de água (4 gotas a 8% se a água estiver muito poluída), a qual deve ficar em repouso 30 minutos, pelo menos, antes de ser ingerida. No mercado também existem comprimidos de compostos iodados, preparados especificamente para a desinfecção da água de consumo. Como se referiu antes, o cloro e seus derivados são desinfectantes eficazes e fáceis de aplicar. O hipoclorito de cálcio concentrado (70% de cloro), sob a forma de grânulos, embora sendo um produto estável, não deve ser exposto à luz solar nem à umidade. A solução do mesmo químico a 1% (lixívia ou água de Javel) também é eficaz como desinfectante e muito fácil de aplicar; três gotas de uma solução de hipoclorito de sódio a 1% são suficientes para desinfectar um litro de água, a qual deve ficar em repouso cerca de 30 minutos, antes de ser ingerida. No mercado existem

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comprimidos de cloro, para desinfecção da água de consumo (com dosagem recomendada na bula que acompanha as embalagens).

Filtração: é utilizada, sobretudo para retenção de impurezas, devendo, portanto, ser o primeiro processo caseiro de tratamento da água. A sua capacidade de retenção de microrganismos é limitada e depende do tipo de filtro usado. No mercado existe uma grande variedade de filtros domésticos, de cerâmica porosa (filtros de vela), de carvão vegetal, e de areia ou saibro, este último menos eficaz na retenção de microrganismos.

Nos sistemas da rede pública de abastecimento, se a água for desinfectada (com cloro ou outro produto) não deve conter organismos coliformes (numa amostra de 100 ml). Se a água não for desinfectada, não deverão existir mais que 3 (três) coliformes por mililitro. Embora a presença de coliformes não seja tolerada numa rede pública de abastecimento, os critérios de qualidade bacteriológica recomendados para classificar uma água potável e especificados na tabela 1 melhor esclarecidos são os seguintes:

 no período de um ano, a percentagem de amostras de 100 ml de água sem presença de coliformes, não deve ser inferior a 95%;

 em nenhuma amostra de 100 ml de água deve ser encontrada Escherichia coli;

 os coliformes não devem ser encontrados em duas amostras consecutivas de 100 ml de água.

Nos sistemas de abastecimento rurais, ou sem rede pública de abastecimento, como, por exemplo, poços privados, minas e fontanários, não devem existir mais que 10 (dez) coliformes por amostra de 100 ml de água. No caso contrário, e sobretudo se for encontrada Escherichia coli, o consumo de água deve ser interditado.

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2. A GEOGRAFIA E A PAISAGEM RURAL

2.1.Transformação da paisagem: vulnerabilidade na qualidade da água

A propriedade rural em estudo foi adquirida por uma família de imigrantes italianos na década de 40 com uma extensão de área de 17 hectares de mata nativa que aos poucos foi se transformando após a preparação de áreas para plantio de pequenas lavouras para subsistência da família e ainda para a construção de instalações para criação de animais e residência sede.

Desta forma, a relação do homem com a natureza foi se alterando em função das necessidades individuais de cada um que vive no meio rural. Associando-se a esse panorama, a falta de saneamento básico estão tornando o meio rural um ambiente com grande degradação ambiental.

A transformação da paisagem é provocada por novas instalações no meio rural, estabelecimento de novas áreas de lavouras que faz alterar e transformar a paisagem natural, além das características de manejo na lavoura. Estas transformações possibilitam o aumento do potencial poluidor que provoca desequilíbrio ambiental e acaba por alterar e transformar a paisagem. As ações humanas geralmente irresponsáveis geram impactos negativos no meio ambiente e acaba por comprometer a qualidade da água e consequentemente compromete o uso para consumo humano causado por várias fontes de poluição (MAIER, 2007).

Montardo (2009) explica que é de fundamental importância entender a história de ocupação da paisagem (ou do ambiente), correlacionando com as diferentes formas de apropriação que a sociedade realiza sobre alguns elementos naturais, tais como o relevo, os solos, os cursos d’água, a cobertura vegetal, etc., para poder compreender o estado atual da paisagem estudada. E considera que todas as paisagens hoje em dia estão modificadas por poluição, erosão acelerada ou outro fator de modificação das condições naturais.

Nesta perspectiva surge uma preocupação com a busca pela qualidade da água que é essencial para o consumo humano ainda que em muitas localidades a mesma é utilizada sem a comprovação dos padrões de portabilidade, essenciais para o consumo humano. É sabido que em muitas localidades rurais não há fornecimento de água potável e a água utilizada é extraída de poços.

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Uma vez que os mananciais de água não são estáticos, a contaminação de determinada área pode se estender por toda uma região e muitas vezes não é possível discriminar a origem do contaminante; como é o caso dos grandes rios poluídos, tanto pelas atividades agrícolas, quanto pelos efluentes urbanos (RESENDE, 2002).

No meio rural a água é um recurso amplamente utilizado tanto para uso doméstico e agrícola como para irrigação, diluição de agrotóxicos, lavagem de embalagens e o uso inadequado dos agrotóxicos nas proximidades de nascentes ou rios podem contaminá-la.

De acordo com Costa e Costa (2004), os agrotóxicos também podem oferecer riscos de contaminação ambiental e humana se não manejados corretamente, além de gerarem resíduos tóxicos pelas embalagens vazias contaminadas. Os resíduos presentes nas embalagens de defensivos agrícolas são considerados resíduos perigosos, por conterem substâncias químicas capazes de modificar o ambiente nas suas mais diversas formas de vida. Além disso, o manuseio incorreto destas embalagens pode comprometer de forma consideravelmente as cadeias naturais, contaminando o solo, o ar e a água, influenciando diretamente a saúde e o bem-estar das populações destas regiões.

Portanto, em propriedades rurais pode-se ter ainda a ocorrência de contaminação da água devido ao uso abusivo de fertilizantes e agroquímicos bem como o inadequado descarte das embalagens destes, e a deposição de resíduo orgânico de origem animal no solo, prática freqüente nas propriedades rurais e fonte de contaminação de águas subterrâneas.

As embalagens de defensivos, conforme Costa e Costa (2004) devem ser adequadamente lavadas e acondicionadas em local apropriado até o momento de sua devolução. No caso de embalagens não-laváveis, estas devem ser acondicionadas em caixas próprias e armazenadas em local adequado até a devolução. Segundo Grippi (2006), o local apropriado para o armazenamento temporário das embalagens deve ser seco, coberto e bem ventilado, além de evitar o contato com o solo. Como se sabe, o uso de defensivos agrícolas de maneira inadequada pode ocasionar efeitos desfavoráveis à saúde humana e ao meio ambiente, devendo-se atentar para o descarte das embalagens, uma vez que podem ocasionar contaminação de cursos e fontes d’água.

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Segundo Resende (2002), amplamente empregadas e muitas vezes de forma inadequada, as aplicações de defensivos, fertilizantes e resíduos derivados da criação de animais são tidos como as principais atividades relacionadas à perda da qualidade da água nas áreas rurais. A poluição da água por variados tipos de detritos (embalagens vazias, lixo, sedimentos), compostos orgânicos (moléculas de defensivos), elementos químicos tóxicos (metais pesados) ou nutrientes (nitrato, fósforo) e microorganismos indesejáveis tem sido frequentemente detectada em diferentes regiões do mundo.

Desta maneira, deve-se buscar a conscientização através da educação ambiental, avaliando estes aspectos sobre uma perspectiva social e ambiental, abordando as problemáticas sociais, a qualidade dos recursos, o impacto das atividades e o planejamento ambiental.

Assim, pode-se observar que a educação ambiental contribui significativamente para o desenvolvimento sustentável da atividade agrícola de uma determinada região ou propriedade, tornando-se fator de equilíbrio entre o desenvolvimento econômico e a proteção aos recursos naturais e, assim, ferramenta eficiente na elaboração de políticas de preservação ao meio ambiente. Observa-se, ainda, que a formulação de políticas preservacionistas implica mais em vontade ética, ou seja, na verdadeira conscientização da importância destes recursos para a manutenção da vida humana, do que propriamente em um reconhecimento de ordem técnica das ameaças à ecologia.

Para Böck (2003), a educação ambiental referente às questões de consumo e a produção de resíduos vai mais além, sugere que se deve reciclar a cultura para mudar as práticas sociais.

É sabido que nestas localidades não há fornecimento de água potável e a água utilizada nas áreas rurais geralmente é extraída de poços.

Quando retiramos a água na torneira, é preciso refletir quanto ao caminho que ela percorreu, considerando que a qualidade desta água está diretamente relacionada com as ações do homem que refletem e faz transformar a paisagem rural (MEC, 2011).

É essencial zelar pela preservação da qualidade da água, considerando inclusive as proximidades dessa água relacionadas com atividades agrícolas e pecuárias.

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Adotar ações de boas práticas agrícolas na propriedade rural auxilia no processo de sustentabilidade, práticas simples como não jogar lixo, plástico e embalagens no terreno; revisar possíveis tipos de contaminação; não realizar aplicações e preparo de agrotóxicos perto de fontes de água e ainda adotar o uso de análises de água para conferir a potabilidade ao menos uma vez ao ano.

Alguns fatores influenciam direta ou indiretamente as características qualitativas da água, seja ela superficial ou subterrânea. Além dos elementos químicos presentes nas águas, outras substâncias ou materiais podem ser inseridos, mudando as suas características. As principais conseqüências em razão destas modificações da água estão organizadas a seguir no Quadro 1 (ZUMACH, 2003).

Quadro 1: Alguns exemplos de impurezas na água

IMPUREZAS ESTADO EFEITOS

Areia Suspensão Turbidez

Silte Suspensão Turbidez

Argila Suspensão Turbidez

Bactérias Suspensão Doenças

Microorganismos Suspensão Turbidez, cheiro e cor Resíduos industriais Suspensão Poluição

Resíduos domésticos Suspensão Poluição

Corantes vegetais Coloidal Cor, sabor e acidez

Sílica Coloidal Turbidez

Bicarbonatos de cálcio e magnésio

Dissolvidos Alcalinidade e dureza Carbonato de cálcio e

magnésio

Dissolvidos Alcalinidade e dureza Sulfatos de cálcio e

magnésio

Dissolvidos Dureza

Cloretos de cálcio e magnésio

Dissolvidos Dureza e corrosividade em caldeiras

Bicarbonato de sódio Dissolvidos Alcalinidade Sulfatos de sódio Dissolvidos Ação laxativa

Fluoretos de cálcio Dissolvidos Ação sobre os dentes Cloretos de cálcio Dissolvidos Sabor

Ferro Dissolvidos Sabor e cor

Manganês Dissolvidos Cor

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O Guia de boas práticas no abastecimento de águas do Ministério de Saúde (2006) apresenta no item Captação de água subterrânea de lençol freático (poços rasos, drenos, nascentes etc.) as seguintes recomendações:

1) Manter a área de captação devidamente cercada (garantindo uma distância mínima das estruturas de, por exemplo, 15 m), limpa e com aparência agradável (sempre que possível gramada e arborizada).

2) Posicionar os dispositivos de captação em cota superior à da localização de possíveis fontes de poluição, garantindo também afastamentos horizontais mínimos em relação a essas mesmas possíveis fontes de poluição, observado o tipo de solo, conforme referências a seguir:

• de fossas secas, tanques sépticos, linhas de esgoto: 15 m; • de depósitos de lixo e de estrumeiras: 15 m;

• de poços absorventes e de linhas de irrigação subsuperficial de esgotos: 30 m;

• de estábulos ou currais: 30 m;

• de fossas negras (fossas cujo fundo atinge o lençol freático): 45 m.

2.2. Atividades rurais x Impactos ambientais

Embora não possa ser considerada como único agente responsável pela perda da qualidade da água, a agricultura contribui para a degradação dos mananciais hídricos. As aplicações de defensivos, de fertilizantes e de resíduos derivados da criação intensiva de animais são consideradas como as principais atividades relacionadas à perda da qualidade da água nas áreas rurais, ocasionando a contaminação dos corpos d’água por substâncias orgânicas ou inorgânicas, naturais ou sintéticas e, ainda, por agentes biológicos.

Assim, pode-se salientar que existem, basicamente, dois tipos de contaminação, a pontual e a difusa. A primeira refere-se à contaminação com aterros sanitários, lixões, acidentes ambientais e deposição de efluentes industriais, mais fáceis de serem localizados. Na contaminação de maneira difusa, pode ser citado o saneamento urbano sem rede de esgoto e atividades relacionadas com o cultivo dos solos. (BRAILE, 1971),

As fontes difusas de poluição, especialmente a agricultura, têm sido objeto de atenção em muitos países devido à dificuldade de se estabelecer procedimentos de avaliação de impactos ambientais e de adotar padrões aceitáveis,

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como outrora ocorreu com as fontes pontuais (PARRY, 1998; SIMS et al., 1998). Embora alguns autores enfatizem a complexidade das fontes difusas no mecanismo de transporte de fósforo em microbacias agrícolas, uma abordagem mais ampla que envolva outras variáveis de qualidade de água deve ser considerada.

Nas propriedades rurais, a qualidade da água é totalmente comprometida em decorrência de vários tipos de poluição e os riscos de acometimento de doenças transmitidas pelo consumo da água imprópria é muito comum em virtude da contaminação da água geralmente captada em poços rasos.

Em função da possibilidade de contaminação bacteriana de águas que muitas vezes são captadas em poços velhos, inadequadamente vedados e próximos de fontes de contaminação há um grande risco de ocorrência de surtos de doenças de veiculação hídrica.

De forma genérica, a poluição das águas decorre da adição de substâncias ou de formas de energia que, diretamente ou indiretamente, alteram as características físicas e químicas do corpo d’água de uma maneira tal, que prejudique a utilização das suas águas para usos benéficos (CASALI, 2008).

No meio rural, as principais fontes de abastecimento de água são os poços rasos e nascentes, sendo considerado alvo fácil de contaminação. No Reino Unido, após analisar-se amostras de água de fontes privadas, verificou-se que 100% das amostras dos poços e 63% das nascentes estavam fora dos padrões de potabilidade, representando um risco considerável a saúde dos consumidores (FEWTRELL et al., 1998). Tal fato torna-se preocupante, pois em trabalho realizado no estado de São Paulo, relatou-se que a água utilizada nas propriedades rurais foi considerada um importante fator de risco à saúde dos seres humanos que a utilizam. As fontes de água superficiais, tais como rios, lagos, represas e açudes, podem receber grandes quantidades de nutrientes, principalmente em regiões que praticam cultivo sob solo desprotegido. Juntamente com as partículas de solo e outros materiais que são arrastadas pela água, durante o escorrimento superficial, os nutrientes são perdidos das áreas agrícolas e podem atuar como contaminantes da água, trazendo inúmeras conseqüências negativas ao ambiente e à saúde dos seres vivos.

Parte dos problemas de qualidade de água deve-se à contaminação dos mananciais por nutrientes, em especial, pelo nitrogênio em forma de nitrato, sendo a agricultura uma importante fonte poluidora. Sob determinadas condições de solo e

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clima, o uso excessivo ou manejo inadequado de fertilizantes minerais ou orgânicos pode acarretar o enriquecimento da água em nutrientes, provocando prejuízos ao ambiente e à própria saúde humana.

A utilização de águas subterrâneas tem aumentado consideravelmente, tanto no Brasil como no mundo todo. Em princípio, essas fontes de água subterrâneas encontram-se mais protegidas da contaminação. Porém, esta contaminação ocorre quando a água da chuva ou de irrigação percola no solo, arrastando consigo substâncias dissolvidas, num processo denominado de lixiviação. A intensidade da lixiviação de nutrientes é dependente de diversos fatores, mas pode ter como destino o lençol freático ou os aqüíferos profundos. A presença de nutrientes na água é considerada como parte normal do ciclo hidrológico1 (Figura 4), pois a água inserida no meio ambiente possui uma dinâmica que contribui para que ela passe por diferentes estados físicos e espaços ambientais, porém têm sido relatados problemas em relação a níveis excessivos de alguns micronutrientes e, principalmente, ao nitrogênio e fósforo – nutrientes amplamente utilizados na atividade agrícola. Alguns micronutrientes, tais como zinco, cobre e manganês, em situações específicas, podem se concentrar e acumular no solo e, eventualmente, atingir as fontes de água. Porém, em geral, esses metais pesados têm menor mobilidade no solo e, portanto, a ocorrência de contaminação é menos freqüente (RESENDE, 2002).

Figura 4: Demonstração do Ciclo da água FONTE: sociencias.wordpress.com (2011)

1

O ciclo da água (ciclo hidrológico) é o percurso que a água faz na sua viagem a partir da terra até às nuvens e o correspondente percurso inverso (precipitação). Extraído de O CICLO DA ÁGUA. Disponível em http://www.portais.ws/?page=art_det&ida=4418. Acesso em: 13 Nov. 2011.

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Porém, o que ainda se percebe em inúmeras propriedades rurais é a má destinação dos resíduos sólidos. Conboy & Goss (2000) citam que a deposição diária de resíduo orgânico animal no solo, prática muito disseminada no meio rural, aumenta o risco da contaminação das águas subterrâneas. Em regiões onde se desenvolvem criações intensivas de animais, os estercos, camas e outros dejetos provenientes do rebanho precisam ser adequadamente tratados, e a maneira mais conveniente e economicamente viável para pequenas propriedades rurais é sua utilização em lavouras, em substituição parcial ou total aos fertilizantes minerais. Porém, aplicações contínuas e em doses elevadas podem liberar nitrato em quantidade excessiva, facilitando a lixiviação deste nutriente.

O dejeto de animais quando depositado no solo, prática muito comum no meio rural, e quase em sua totalidade sem devido tratamento e de forma abusiva, o que pode representar risco de contaminação das fontes de água, uma vez que esses animais são reservatórios de diversos microrganismos, causadores de enfermidades humanas. Isso mostra o papel desses animais na contaminação ambiental, por esses importantes patógenos de veiculação hídrica (FAYER et al., 2000).

O processo de poluição de águas subterrâneas por meio da lixiviação de fósforo na forma de fosfatos é de magnitude praticamente desprezível. Contudo, Isherwood (2000) verificou que o escorrimento superficial da água e os processos erosivos do solo são os principais agentes de contaminação em áreas agrícolas, podendo ser visualizado no acréscimo dos níveis de fósforo nas águas superficiais. Medidas de controle desta contaminação, em áreas de exploração agrícola, restringem-se ao correto dimensionamento de adubações associado às práticas de controle da erosão do solo.

No que diz respeito ao nitrogênio, o nitrato é a principal forma associada à contaminação da água pelas atividades agropecuárias, uma vez que este ânion tende a permanecer mais em solução, principalmente, nas camadas superficiais do solo. Na solução do solo, o nitrato fica propenso ao processo de lixiviação, podendo, com o passar do tempo, haver considerável incremento nos níveis deste nutriente nas águas subterrâneas ou profundas. De acordo com Nugent et al. (2001), a elevação dos teores de nitrato na água é indicativo de risco potencial para a

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presença de outras substâncias indesejáveis, tais como moléculas sintéticas de defensivos agrícolas que possivelmente comportam-se de forma análoga ao nitrato.

A água destinada aos animais, na maioria das propriedades rurais, não apresenta controle no que diz respeito à obtenção e manutenção, comprometendo sua qualidade. Isto pode ser a causa de várias enfermidades que acometem aos animais, com quadro clínico leve, como verminoses ou, em certas ocasiões, graves, levando a prejuízos e/ou perda total (NETTO, 2006). E problemas associados ao excesso de nitrato na água podem ocorrer com animais ruminantes (bovinos e ovinos) e alguns monogástricos (eqüinos). Estes animais apresentam certos tipos de bactérias no trato digestivo que convertem nitrato em nitrito, levando a um tipo de envenenamento.

Segundo Grippi (2006), há ainda os resíduos sólidos resultantes das atividades agrícolas e da pecuária, considerados perigosos e cujo manuseio deve seguir certas normas ambientais. Faz parte desse grupo as embalagens utilizadas para o acondicionamento de defensivos agrícolas, como fertilizantes químicos e pesticidas e os resíduos gerados a partir da criação intensiva de rebanhos. Desta forma, os resíduos agrícolas são considerados preocupantes em várias regiões do mundo, principalmente as grandes quantidades de dejetos animais gerados nas criações de pecuária intensiva, assim como as embalagens de agroquímicos, que devido sua toxicidade elevada necessita de cuidados na disposição final conforme prevê a legislação específica.

Assim, de acordo com Grippi (2006), o gerenciamento dos resíduos sólidos em um município deve começar pelo conhecimento de todas as características desse resíduo, onde vários fatores influenciam neste aspecto, tais como o número de habitantes, o poder aquisitivo da população, as condições climáticas predominantes, os hábitos e costumes, e o nível educacional. Neste sentido, deve-se elaborar um plano de gerenciamento destes resíduos. Segundo a FUNASA (2006), este plano consiste num documento que aponta e descrevem as ações relativas ao manejo de resíduos sólidos, contemplando os aspectos referentes à geração, segregação, acondicionamento, coleta, armazenamento, transporte, tratamento e disposição final, bem como proteção à saúde pública.

As características dos resíduos podem variar em função de aspectos sociais, econômicos, culturais, geográficos e climáticos, ou seja, os mesmos fatores que também diferenciam as comunidades entre si e as próprias cidades.

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2. 3. Qualidade da água no meio rural

Em uma determinada propriedade, é necessário estabelecer alguns parâmetros sobre o não fornecimento de água potável em algumas localidades e o uso das águas subterrâneas. Assim, para o estabelecimento de um diagnóstico do que de fato está acontecendo ao longo do tempo, a forma mais viável de abordagem é o diagnóstico e monitoramento da qualidade das águas tendo como unidade básica exploratória as microbacias hidrográficas (RYFF, 1995). No Brasil, estes parâmetros estão regulamentados pela Portaria do Ministério da Saúde nº 518 de 2004 (Brasil, 2004). A bacia hidrográfica deve ser considerada como uma unidade ideal quando se deseja a preservação dos recursos hídricos, já que as atividades desenvolvidas no seu interior têm influência sobre a quantidade e qualidade da água (CRUZ et al.[s.d]).

No Brasil, a Portaria do Ministério da Saúde nº 1.469 de 2002 aprova a Norma de Qualidade da Água para Consumo Humano, definindo valores máximos permissíveis (VMP) para as características bateriológicas, organolépticas, físicas e químicas da água potável. Assim sendo, o arcabouço legal e normativo adotou que a especificação de qualidade da água deve basear-se em limites toleráveis e/ou aceitáveis da presença de elementos estranhos à química da água, tendo em vista um particular uso que se pretenda fazer deste recurso. Isto é, não existe uma qualidade única para a água, mas se estabelecem limites específicos para os diversos contaminantes, considerando cada uso em particular.

Assim, dentre os recursos naturais que assumem grande importância para os seres vivos está a água, destacando como seus principais usos a dessedentação humana e animal, geração de energia e lazer, bem como usos domésticos, industriais e agrícolas.

As atividades econômicas de determinada região são desenvolvidas para atender as exigências dos grupamentos humanos que nela vivem, sendo que o espaço geográfico é transformado e adaptado às necessidades dos mesmos. Segundo Resende (2002), como conseqüência do grande crescimento das atividades urbanas e agropecuárias, experimentado pela maioria dos países desenvolvidos e em desenvolvimento, há indicativos de que a qualidade da água

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pode ser comprometida, de maneira tal que o homem ainda não dispõe de meios para reversão do problema. Assim sendo, a alternativa técnica e econômica parece ser o controle efetivo dos fatores e processos que levam à contaminação da água.

A agricultura moderna, fundamentada por conceitos de alta tecnologia com produtividades elevadas e economicamente viáveis, substitui ecossistemas naturais de grande diversidade e complexidade. Mesmo quando realizada de maneira racional, esta interferência provoca desequilíbrios nas cadeias biológicas estabelecidas em determinada região desde há muito tempo. De acordo com Fawcett (1997), as mudanças que ocorrem no ambiente em função do uso agrícola da terra têm na qualidade da água um forte sistema sinalizador dos desequilíbrios em seu entorno.

As atividades relacionadas à agricultura mesmo que de modo racional provocam desequilíbrios nas cadeias biológicas já estabelecidas e a qualidade da água fica comprometida em função do uso agrícola, ocasionando índices de poluição.

A poluição ambiental atualmente é tratada por profissionais no mundo todo, como um grande desafio. Especialistas na área apresentam estudos, que apontam o comprometimento de diferentes ecossistemas, alguns em níveis bastante elevados em virtude de atividades agrícolas. Há uma grande variedade de agentes poluentes em contato com esses ecossistemas comprometendo a qualidade da água.

OROCZKO (2009, p. 7) afirma que:

Nas últimas décadas, os ecossistemas aquáticos têm sido alterados de maneira significativa em função de múltiplos impactos ambientais advindos de atividades antrópicas, tais como mineração; construção de barragens e represas; retilinização e desvio do curso natural de rios; lançamento de efluentes domésticos e industriais não tratados; desmatamento e uso inadequado do solo em regiões ripárias e planícies de inundação; superexploração de recursos pesqueiros; introdução de espécies exóticas, entre outros. Todas essas atividades têm potencializado diferentes efeitos sobre os ecossistemas, como a queda da qualidade da água e a perda de biodiversidade aquática, em função da desestruturação do ambiente físico, químico e alteração da dinâmica natural das comunidades biológicas.

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Avaliar os riscos da contaminação e monitorar a qualidade da água a ser utilizada para consumo humano são as principais ferramentas que poderão controlar as atividades desenvolvidas de forma irresponsável e minimizar a contaminação da água.

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3. LEGISLAÇÃO AMBIENTAL PARA ÁGUA

3.1. Parâmetros da qualidade da água: Ministério da Saúde, Ministério do Meio Ambiente.

A Portaria do Ministério da Saúde nº 518/2004 estabelece os procedimentos e responsabilidades relativos ao controle e vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade e dá outras providências. A Portaria n.º 518/2004 estabelece, em seus capítulos e artigos, as responsabilidades por parte de quem produz a água, no caso, os sistemas de abastecimento de água e de soluções alternativas, a quem cabe o exercício de “controle de qualidade da água” e das autoridades sanitárias das diversas instâncias de governo, a quem cabe a missão de “vigilância da qualidade da água para consumo humano”. Também ressalta a responsabilidade dos órgãos de controle ambiental no que se refere ao monitoramento e ao controle das águas brutas de acordo com os mais diversos usos, incluindo as fontes de abastecimento de água destinada ao consumo humano.

Em seu art. 1º aprova a Norma de Qualidade da Água para Consumo Humano de uso obrigatório em todo território nacional e apresenta as normas de qualidade e conceitos sobre a potabilidade da água e ainda os deveres e responsabilidades do poder público, seja Federal, Estadual e Municipal.

O artigo 4º traz em seu inciso I a definição de água potável como “água para consumo humano cujos parâmetros microbiológicos, físicos, químicos e radioativos atendam ao padrão de potabilidade e que não ofereça riscos à saúde” (BRASIL, 2004).

Quando a Portaria traz as responsabilidades em Nível Municipal, o artigo 7º apresenta os deveres e obrigações das Secretarias Municipais de Saúde, citados em sua minoria:

[...] I. exercer a vigilância da qualidade da água em sua área de competência, em articulação com os responsáveis pelo controle de qualidade da água, de acordo com as diretrizes do SUS;

II. sistematizar e interpretar os dados gerados pelo responsável pela operação do sistema ou solução alternativa de abastecimento de água, assim como, pelos órgãos ambientais e gestores de recursos hídricos, em relação às características da água

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nos mananciais, sob a perspectiva da vulnerabilidade do abastecimento de água quanto aos riscos à saúde da população;

III. estabelecer as referências laboratoriais municipais para dar suporte às ações de vigilância da qualidade da água para consumo humano;

IV. efetuar, sistemática e permanentemente, avaliação de risco à saúde humana de cada sistema de abastecimento ou solução alternativa, por meio de informações sobre:

a) a ocupação da bacia contribuinte ao manancial e o histórico das características de suas águas;

b) as características físicas dos sistemas, práticas operacionais e de controle da qualidade da água;

c) o histórico da qualidade da água produzida e distribuída; e

d) a associação entre agravos à saúde e situações de vulnerabilidade do sistema.

A fim de garantir as normas de potabilidade, apresenta em seu artigo 11º a Tabela 1 com o padrão microbiológico para potabilidade da água:

Tabela 1: Padrão microbiológico de potabilidade da água para consumo humano

PARÂMETRO VMP(1)

Água para consumo humano(2)

Escherichia coli ou Coliformes termotolerantes(3) Ausência em 100ml Água na saída do tratamento

Coliformes totais Ausência em 100ml

Água tratada no sistema de distribuição (reservatórios e rede) Escherichia coli ou Coliformes termotolerantes(3) Ausência em 100ml

Coliformes totais Sistemas que analisam 40 ou mais amostras

por mês:

Ausência em 100ml em 95% das amostras examinadas no mês;

Sistemas que analisam menos de 40 amostras por mês:

Apenas uma amostra poderá apresentar mensalmente resultado positivo em 100ml.

NOTAS:

(1) Valor Máximo Permitido.

(2) água para consumo humano em toda e qualquer situação, incluindo fontes individuais como poços, minas, nascentes, dentre outras.

(3) a detecção de Escherichia coli deve ser preferencialmente adotada.

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A portaria nº 518/2004, estabelece a determinação da presença de coliformes totais e termotolerantes (E. coli) e a contagem de bactérias heterotróficas para verificar a qualidade da água para consumo humano, sendo que a contagem padrão de bactérias heterotróficas não deve exceder a 500 Unidades Formadoras de Colônia (UFC/Ml).

Em seu §1º, do artigo 11º, esclarece que ao serem detectadas amostras com resultado positivo para coliformes totais, mesmo em ensaios presuntivos, novas amostras devem ser coletadas em dias imediatamente sucessivos até que as novas amostras revelem resultado satisfatório.

O §3º informa: amostras com resultados positivos para coliformes totais devem ser analisadas para Escherichia coli e, ou, coliformes termotolerantes, devendo, neste caso, ser efetuada a verificação e confirmação dos resultados positivos.

O §9º informa: em amostras individuais procedentes de poços, fontes, nascentes e outras formas de abastecimento sem distribuição canalizada, toleram-se a presença de coliformes totais, na ausência de Escherichia coli e, ou, coliformes termotolerantes, nesta situação devendo ser investigada a origem da ocorrência, tomadas providências imediatas de caráter corretivo e preventivo e realizada nova análise de coliformes.

Para garantir a qualidade microbiológica da água e a fim de complementar às exigências relativas aos indicadores microbiológicos, a Portaria 518/04 apresenta no seu art. 12. O padrão de turbidez que deverá ser observado na Tabela 2.

Tabela 2: Padrão de turbidez para água pós-filtração ou pré-desinfecção

TRATAMENTO DA ÁGUA VMP(1)

Desinfecção (água subterrânea) 1,0 UT(2) em 95% das amostras Filtração rápida (tratamento completo ou filtração direta) 1,0 UT(2)

Filtração rápida (tratamento completo ou filtração direta) 2,0 UT(2) em 95% das amostras

NOTAS:

(1) Valor máximo permitido. (2) Unidade de turbidez.

FONTE: Ministério da Saúde, Portaria nº 518/2004.

§ 1º Entre os 5% dos valores permitidos de turbidez superiores aos VMP estabelecidos na Tabela 2, o limite máximo para qualquer amostra pontual deve ser de 5,0 UT, assegurado, simultaneamente, o atendimento ao VMP de 5,0 UT em qualquer ponto da rede no sistema de distribuição.

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Art. 13. Após a desinfecção, a água deve conter um teor mínimo de cloro residual livre de 0,5 mg/L, sendo obrigatória a manutenção de, no mínimo, 0,2 mg/L em qualquer ponto da rede de distribuição, recomendando-se que a cloração seja realizada em Ph inferior a 8,0 e tempo de contato mínimo de 30 minutos.

Em seu Art.14. a Portaria 518/2004 estabelece o padrão de substâncias químicas, apresentados no Quadro 2.

Quadro 2: Parâmetros químicos de uma água potável

Parâmetro Valor Máximo

Recomendado

Valor Máximo Admissível

Substâncias que produzem coloração 5 U (colorimetria Pt-Co) 50 U (colorimetria Pt-Co) Matérias em suspensão 5 U (turbidometria) 25 U (turbidometria)

Sólidos totais 500 mg/l 1500 mg/l

Ph 7,0-8,5 6,5-9,2

Óleos minerais 0,01 mg/l 0,30 mg/l

Compostos fenólicos 0,001 mg/l 0,002 mg/l

Dureza total 2 mEq/l (100 mg/l

CaCO3) 10 mEq/l (500 mg/l CaCO3) Cálcio 75 mg/l 200 mg/l Cloretos 200 mg/l 600 mg/l Ferro total 0,1 mg/l 1,0 mg/l Fluoretos 0,6 mg/l 1,2 mg/l Magnésio 30 mg/l 150 mg/l Manganês (manganésio) 0,05 mg/l 0,5 mg/l Sulfatos 200 mg/l 400 mg/l Zinco 5 mg/l 15 mg/l Arsênio -- 0,05 mg/l Cádmio -- 0,01 mg/l Chumbo -- 0,1 mg/l Cianetos -- 0,05 mg/l Mercúrio total -- 0,001 mg/l Nitratos -- 45 mg/l Selênio -- 0,01 mg/l

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A Portaria 518/2004 no seu artigo 16º:

§1.º - recomenda-se que, no sistema de distribuição, o Ph da água seja mantido na faixa de 6,0 a 9,5;

§2.º - recomenda-se que o teor máximo de cloro residual livre, em qualquer ponto do sistema de abastecimento, seja de 2,0 mg/L.;

§3.º - recomenda-se a realização de testes para detecção de odor e gosto em amostras de água coletadas na saída do tratamento e na rede de distribuição de acordo com o plano mínimo de amostragem estabelecido para cor e turbidez.

Os requisitos de potabilidade discutidos na disciplina de enfermagem em saúde comunitária da Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Católica Portuguesa (2011) são apresentados a seguir:

Qualidade Físico-Química: as impurezas físicas da água estão relacionadas com a sua

cor, turvação, sabor, odor e temperatura. As impurezas químicas resultam da presença de substâncias dissolvidas e estão relacionadas com a dureza, alcalinidade, salinidade e agressividade da água. Uma água potável para consumo humano não deve ser turva nem apresentar coloração. Contudo, as águas brutas subterrâneas apresentam por vezes turvação e coloração, as quais só podem ser modificadas por processos específicos de tratamento. A água potável também não deve apresentar odores ou sabor desagradáveis, pois indicam a presença de microrganismos e substâncias químicas, e a sua alteração pertence ao domínio do tratamento da água.

Qualidade Bacteriológica: a água contaminada por dejetos pode transmitir doenças

gastrintestinais. Os agentes destas doenças são, contudo relativamente pouco numerosos, quando comparados com a imensidão de microrganismos existentes no intestino humano. Devido à grande variedade de microrganismos, não é possível pesquisar individualmente a sua presença na água. Assim, a sua qualidade bacteriológica não se avalia diretamente, mas sim através da pesquisa de microrganismos que indicam aspectos de poluição/contaminação, como as bactérias coliformes fecais, que habitam o intestino humano. Os coliformes, existem em grande quantidade nas fezes e a sua presença na água indica que a mesma foi contaminada por dejetos de origem humana ou animal, sendo provável a existência de outros microrganismos intestinais.

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Os pesquisadores da Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Católica Portuguesa (2011) discutem ainda sobre a importância do controle da qualidade da água quando especifica que:

As características organolépticas da água não são suficientes para garantir a sua potabilidade. Assim, a água deve ser submetida a análises laboratoriais periódicas, com a finalidade de (a) determinar as suas características no estado bruto, para decidir a necessidade e tipo de tratamento, e (b) controlar a eficácia do tratamento e as características de potabilidade da água.

Quando nos referimos à água para consumo humano, as análises que deverão ser realizadas são:

Físicas: para determinar a temperatura, o gosto, o odor, a cor e a turvação;

Químicas: para estimar a quantidade de substâncias químicas presentes, que

podem ser perigosas para a saúde ou servir de indicadores de poluição;

Bacteriológicas: para determinar o número total de bactérias, incluindo as bactérias

de origem intestinal e;

Microscópicas: para determinar as fontes prováveis de gostos e odores, bem como

os efeitos dos microrganismos no processo de purificação.

O Ministério do Meio Ambiente, através do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), na Resolução N° 357, de 17 de ma rço de 2005, que “dispõe sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem como estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes, e dá outras providências”, retrata que existem parâmetros aceitáveis para os diferentes usos da água, desde o consumo humano até águas para recreação ou atividades esportivas.

A Resolução CONAMA Nº. 357/2005 em seu artigo 14, inciso II traz ainda os padrões de qualidade de água nas classificações das águas doces, salobras e salinas do Território Nacional são classificadas em treze classes de qualidade.

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3. 2. Classificação e qualidade das águas

A Resolução Nº. 357 do Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONANA de 17 de março de 2005 (BRASIL, 2005) no Território Nacional, dispõe sobre a classificação dos corpos das águas doces em quatro classes especificadas de acordo com o uso e qualidade.

No art. 2o a definição de água doce é especificada como água com salinidade igual ou inferior a 0,5 ‰.

O art. 4 º - traz a classificação das águas doces, divididas em quatro classes. Apenas duas classes são apresentadas pois se relacionam com a pesquisa em questão:

I – classe especial: águas destinadas:

a) ao abastecimento para consumo humano, com desinfecção; b) à preservação do equilíbrio natural das comunidades aquáticas; e,

c) à preservação dos ambientes aquáticos em unidades de conservação de proteção integral.

II – classe 1: águas que podem ser destinadas:

a) ao abastecimento para consumo humano, após tratamento simplificado; b) à proteção das comunidades aquáticas;

c) à recreação de contato primário, tais como natação, esqui aquático e mergulho, conforme Resolução CONAMA nº 274, de 2000;

d) à irrigação de hortaliças que são consumidas cruas e de frutas que se desenvolvam rentes ao solo e que sejam ingeridas cruas sem remoção de película; e e) à proteção das comunidades aquáticas em Terras Indígenas.

A Resolução Nº. 357 do CONAMA também dispõe sobre a classificação e diretrizes ambientais para o enquadramento dos corpos de água superficiais, bem como estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes.

O artigo 13 da Resolução CONAMA nº 357, estabelece que nas águas de classe especial deverão ser mantidas as condições naturais do corpo de água. E uma vez que não são estabelecidos valores limites para águas de classe especial, adota-se os padrões pré-determinados para a classe 1:

I – Condições de qualidade de água:

a) OD, em qualquer amostra: não inferior a 6 mg/L O2; b) Ph: 6,0 a 9,0;

c) turbidez: até 40 UNT; d) clorofila a: até 10 µg/L;

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e) cor verdadeira: nível de cor natural do corpo de água em G Pt/L;

f) coliformes termotolerantes: para o uso de recreação de contato primário deverão ser obedecidos os padrões de qualidade de balneabilidade, previstos na Resolução CONAMA No 274, de 2000. Para os demais usos, não deverá ser excedido um limite de 200 coliformes termotolerantes por 100 mililitros em 80% ou mais, de pelo menos 6 amostras, coletadas durante o período de um ano, com freqüência bimestral.

(43)

4. MATERIAL E MÉTODOS

4.1. Metodologia da pesquisa

Este capítulo tem como objetivo abordar as etapas e os métodos utilizados no desenvolvimento desta pesquisa. A pesquisa aplicada foi realizada com o objetivo de gerar conhecimentos dirigidos à interpretação passível de solução de problemas específicos. Quanto à abordagem do problema, preferiu-se a efetivação da Pesquisa Quantitativa que significa traduzir em opiniões e/ou em informações que posteriormente poderão ser classificadas, analisadas e interpretadas.

Do ponto de vista dos objetivos, a pesquisa pode ser identificada como exploratória que visa proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo explícito ou a construir hipóteses e envolve um levantamento bibliográfico, com realização de entrevistas com pessoas que tiveram experiências práticas com o tema em questão e análise de exemplos que estimulem a compreensão.

Quanto aos procedimentos técnicos, a pesquisa foi iniciada de forma bibliográfica, utilizando a leitura seletiva com materiais já publicados, como livros e artigos a fim de identificar os padrões exigidos pelo Ministério da Saúde a partir de estudos já realizados.

A técnica bibliográfica visa encontrar os materiais científicos e tecnológicos necessários para a realização da pesquisa. A pesquisa bibliográfica segundo Koche (1995) é aquela que explica o problema a partir de teorias e conhecimentos já publicados. Afirma ainda o autor que este tipo de pesquisa é um instrumento indispensável para qualquer pesquisa científica. Aliada à pesquisa bibliográfica, foi utilizada a pesquisa documental, elaborada a partir de materiais que não receberam tratamento analítico, documentos de primeira mão, como documentos oficiais, reportagens de jornal, cartas, filmes, fotografias, gravações etc., ou ainda documentos de segunda mão, que de alguma forma já foram analisados, tais como: relatórios de pesquisa, relatórios de empresas, tabelas estatísticas, etc. (GIL, 1999); e os localizados no interior de órgãos públicos ou privados, como: manuais, relatórios, balancetes, análises e outros.

Aliada à pesquisa bibliográfica e documental foi realizado uma pesquisa de campo, para coleta de dados de forma indireta e direta através do estudo de caso de uma propriedade localizada na linha Botafogo, Município de Planalto, RS, acompanhando as atividades executadas na propriedade.

Referências

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