• Nenhum resultado encontrado

Parâmetros da qualidade da água: Ministério da Saúde, Ministério do Meio

3. LEGISLAÇÃO AMBIENTAL PARA ÁGUA

3.1. Parâmetros da qualidade da água: Ministério da Saúde, Ministério do Meio

A Portaria do Ministério da Saúde nº 518/2004 estabelece os procedimentos e responsabilidades relativos ao controle e vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade e dá outras providências. A Portaria n.º 518/2004 estabelece, em seus capítulos e artigos, as responsabilidades por parte de quem produz a água, no caso, os sistemas de abastecimento de água e de soluções alternativas, a quem cabe o exercício de “controle de qualidade da água” e das autoridades sanitárias das diversas instâncias de governo, a quem cabe a missão de “vigilância da qualidade da água para consumo humano”. Também ressalta a responsabilidade dos órgãos de controle ambiental no que se refere ao monitoramento e ao controle das águas brutas de acordo com os mais diversos usos, incluindo as fontes de abastecimento de água destinada ao consumo humano.

Em seu art. 1º aprova a Norma de Qualidade da Água para Consumo Humano de uso obrigatório em todo território nacional e apresenta as normas de qualidade e conceitos sobre a potabilidade da água e ainda os deveres e responsabilidades do poder público, seja Federal, Estadual e Municipal.

O artigo 4º traz em seu inciso I a definição de água potável como “água para consumo humano cujos parâmetros microbiológicos, físicos, químicos e radioativos atendam ao padrão de potabilidade e que não ofereça riscos à saúde” (BRASIL, 2004).

Quando a Portaria traz as responsabilidades em Nível Municipal, o artigo 7º apresenta os deveres e obrigações das Secretarias Municipais de Saúde, citados em sua minoria:

[...] I. exercer a vigilância da qualidade da água em sua área de competência, em articulação com os responsáveis pelo controle de qualidade da água, de acordo com as diretrizes do SUS;

II. sistematizar e interpretar os dados gerados pelo responsável pela operação do sistema ou solução alternativa de abastecimento de água, assim como, pelos órgãos ambientais e gestores de recursos hídricos, em relação às características da água

nos mananciais, sob a perspectiva da vulnerabilidade do abastecimento de água quanto aos riscos à saúde da população;

III. estabelecer as referências laboratoriais municipais para dar suporte às ações de vigilância da qualidade da água para consumo humano;

IV. efetuar, sistemática e permanentemente, avaliação de risco à saúde humana de cada sistema de abastecimento ou solução alternativa, por meio de informações sobre:

a) a ocupação da bacia contribuinte ao manancial e o histórico das características de suas águas;

b) as características físicas dos sistemas, práticas operacionais e de controle da qualidade da água;

c) o histórico da qualidade da água produzida e distribuída; e

d) a associação entre agravos à saúde e situações de vulnerabilidade do sistema.

A fim de garantir as normas de potabilidade, apresenta em seu artigo 11º a Tabela 1 com o padrão microbiológico para potabilidade da água:

Tabela 1: Padrão microbiológico de potabilidade da água para consumo humano

PARÂMETRO VMP(1)

Água para consumo humano(2)

Escherichia coli ou Coliformes termotolerantes(3) Ausência em 100ml Água na saída do tratamento

Coliformes totais Ausência em 100ml

Água tratada no sistema de distribuição (reservatórios e rede) Escherichia coli ou Coliformes termotolerantes(3) Ausência em 100ml

Coliformes totais Sistemas que analisam 40 ou mais amostras

por mês:

Ausência em 100ml em 95% das amostras examinadas no mês;

Sistemas que analisam menos de 40 amostras por mês:

Apenas uma amostra poderá apresentar mensalmente resultado positivo em 100ml.

NOTAS:

(1) Valor Máximo Permitido.

(2) água para consumo humano em toda e qualquer situação, incluindo fontes individuais como poços, minas, nascentes, dentre outras.

(3) a detecção de Escherichia coli deve ser preferencialmente adotada.

A portaria nº 518/2004, estabelece a determinação da presença de coliformes totais e termotolerantes (E. coli) e a contagem de bactérias heterotróficas para verificar a qualidade da água para consumo humano, sendo que a contagem padrão de bactérias heterotróficas não deve exceder a 500 Unidades Formadoras de Colônia (UFC/Ml).

Em seu §1º, do artigo 11º, esclarece que ao serem detectadas amostras com resultado positivo para coliformes totais, mesmo em ensaios presuntivos, novas amostras devem ser coletadas em dias imediatamente sucessivos até que as novas amostras revelem resultado satisfatório.

O §3º informa: amostras com resultados positivos para coliformes totais devem ser analisadas para Escherichia coli e, ou, coliformes termotolerantes, devendo, neste caso, ser efetuada a verificação e confirmação dos resultados positivos.

O §9º informa: em amostras individuais procedentes de poços, fontes, nascentes e outras formas de abastecimento sem distribuição canalizada, toleram-se a presença de coliformes totais, na ausência de Escherichia coli e, ou, coliformes termotolerantes, nesta situação devendo ser investigada a origem da ocorrência, tomadas providências imediatas de caráter corretivo e preventivo e realizada nova análise de coliformes.

Para garantir a qualidade microbiológica da água e a fim de complementar às exigências relativas aos indicadores microbiológicos, a Portaria 518/04 apresenta no seu art. 12. O padrão de turbidez que deverá ser observado na Tabela 2.

Tabela 2: Padrão de turbidez para água pós-filtração ou pré-desinfecção

TRATAMENTO DA ÁGUA VMP(1)

Desinfecção (água subterrânea) 1,0 UT(2) em 95% das amostras Filtração rápida (tratamento completo ou filtração direta) 1,0 UT(2)

Filtração rápida (tratamento completo ou filtração direta) 2,0 UT(2) em 95% das amostras

NOTAS:

(1) Valor máximo permitido. (2) Unidade de turbidez.

FONTE: Ministério da Saúde, Portaria nº 518/2004.

§ 1º Entre os 5% dos valores permitidos de turbidez superiores aos VMP estabelecidos na Tabela 2, o limite máximo para qualquer amostra pontual deve ser de 5,0 UT, assegurado, simultaneamente, o atendimento ao VMP de 5,0 UT em qualquer ponto da rede no sistema de distribuição.

Art. 13. Após a desinfecção, a água deve conter um teor mínimo de cloro residual livre de 0,5 mg/L, sendo obrigatória a manutenção de, no mínimo, 0,2 mg/L em qualquer ponto da rede de distribuição, recomendando-se que a cloração seja realizada em Ph inferior a 8,0 e tempo de contato mínimo de 30 minutos.

Em seu Art.14. a Portaria 518/2004 estabelece o padrão de substâncias químicas, apresentados no Quadro 2.

Quadro 2: Parâmetros químicos de uma água potável

Parâmetro Valor Máximo

Recomendado

Valor Máximo Admissível

Substâncias que produzem coloração 5 U (colorimetria Pt-Co) 50 U (colorimetria Pt-Co) Matérias em suspensão 5 U (turbidometria) 25 U (turbidometria)

Sólidos totais 500 mg/l 1500 mg/l

Ph 7,0-8,5 6,5-9,2

Óleos minerais 0,01 mg/l 0,30 mg/l

Compostos fenólicos 0,001 mg/l 0,002 mg/l

Dureza total 2 mEq/l (100 mg/l

CaCO3) 10 mEq/l (500 mg/l CaCO3) Cálcio 75 mg/l 200 mg/l Cloretos 200 mg/l 600 mg/l Ferro total 0,1 mg/l 1,0 mg/l Fluoretos 0,6 mg/l 1,2 mg/l Magnésio 30 mg/l 150 mg/l Manganês (manganésio) 0,05 mg/l 0,5 mg/l Sulfatos 200 mg/l 400 mg/l Zinco 5 mg/l 15 mg/l Arsênio -- 0,05 mg/l Cádmio -- 0,01 mg/l Chumbo -- 0,1 mg/l Cianetos -- 0,05 mg/l Mercúrio total -- 0,001 mg/l Nitratos -- 45 mg/l Selênio -- 0,01 mg/l

A Portaria 518/2004 no seu artigo 16º:

§1.º - recomenda-se que, no sistema de distribuição, o Ph da água seja mantido na faixa de 6,0 a 9,5;

§2.º - recomenda-se que o teor máximo de cloro residual livre, em qualquer ponto do sistema de abastecimento, seja de 2,0 mg/L.;

§3.º - recomenda-se a realização de testes para detecção de odor e gosto em amostras de água coletadas na saída do tratamento e na rede de distribuição de acordo com o plano mínimo de amostragem estabelecido para cor e turbidez.

Os requisitos de potabilidade discutidos na disciplina de enfermagem em saúde comunitária da Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Católica Portuguesa (2011) são apresentados a seguir:

Qualidade Físico-Química: as impurezas físicas da água estão relacionadas com a sua

cor, turvação, sabor, odor e temperatura. As impurezas químicas resultam da presença de substâncias dissolvidas e estão relacionadas com a dureza, alcalinidade, salinidade e agressividade da água. Uma água potável para consumo humano não deve ser turva nem apresentar coloração. Contudo, as águas brutas subterrâneas apresentam por vezes turvação e coloração, as quais só podem ser modificadas por processos específicos de tratamento. A água potável também não deve apresentar odores ou sabor desagradáveis, pois indicam a presença de microrganismos e substâncias químicas, e a sua alteração pertence ao domínio do tratamento da água.

Qualidade Bacteriológica: a água contaminada por dejetos pode transmitir doenças

gastrintestinais. Os agentes destas doenças são, contudo relativamente pouco numerosos, quando comparados com a imensidão de microrganismos existentes no intestino humano. Devido à grande variedade de microrganismos, não é possível pesquisar individualmente a sua presença na água. Assim, a sua qualidade bacteriológica não se avalia diretamente, mas sim através da pesquisa de microrganismos que indicam aspectos de poluição/contaminação, como as bactérias coliformes fecais, que habitam o intestino humano. Os coliformes, existem em grande quantidade nas fezes e a sua presença na água indica que a mesma foi contaminada por dejetos de origem humana ou animal, sendo provável a existência de outros microrganismos intestinais.

Os pesquisadores da Faculdade de Ciências Humanas da Universidade Católica Portuguesa (2011) discutem ainda sobre a importância do controle da qualidade da água quando especifica que:

As características organolépticas da água não são suficientes para garantir a sua potabilidade. Assim, a água deve ser submetida a análises laboratoriais periódicas, com a finalidade de (a) determinar as suas características no estado bruto, para decidir a necessidade e tipo de tratamento, e (b) controlar a eficácia do tratamento e as características de potabilidade da água.

Quando nos referimos à água para consumo humano, as análises que deverão ser realizadas são:

Físicas: para determinar a temperatura, o gosto, o odor, a cor e a turvação;

Químicas: para estimar a quantidade de substâncias químicas presentes, que

podem ser perigosas para a saúde ou servir de indicadores de poluição;

Bacteriológicas: para determinar o número total de bactérias, incluindo as bactérias

de origem intestinal e;

Microscópicas: para determinar as fontes prováveis de gostos e odores, bem como

os efeitos dos microrganismos no processo de purificação.

O Ministério do Meio Ambiente, através do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), na Resolução N° 357, de 17 de ma rço de 2005, que “dispõe sobre a classificação dos corpos de água e diretrizes ambientais para o seu enquadramento, bem como estabelece as condições e padrões de lançamento de efluentes, e dá outras providências”, retrata que existem parâmetros aceitáveis para os diferentes usos da água, desde o consumo humano até águas para recreação ou atividades esportivas.

A Resolução CONAMA Nº. 357/2005 em seu artigo 14, inciso II traz ainda os padrões de qualidade de água nas classificações das águas doces, salobras e salinas do Território Nacional são classificadas em treze classes de qualidade.

Documentos relacionados