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Gestão da cadeia de suprimentos na indústria de conservas Bender

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Academic year: 2021

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DACEC – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS ADMINISTRATIVAS, CONTÁBEIS, ECONÔMICAS E DA COMUNICAÇÃO.

CURSO DE ADMINISTRAÇÃO – BACHARELADO – MODALIDADE PRESENCIAL

Cristiano Augusto Bender

GESTÃO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS NA INDÚSTRIA DE CONSERVAS BENDER

Trabalho de conclusão de curso

Panambi 2014

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CRISTIANO AUGUSTO BENDER

GESTÃO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS NA INDÚSTRIA DE CONSERVAS BENDER

Trabalho de conclusão de curso

Dissertação apresentada ao Curso de Bacharelado em Administração da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – UNIJUÍ, como requisito parcial à obtenção do título de bacharel em Administração.

Orientador: Martin Ledermann

"Se alguém nunca cometeu um erro é porque nunca realizou algo de novo"

Albert Einstein

Panambi 2014

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Macro ambiente de cadeias de suprimento...20

Figura 2: Atividades Relacionadas a Suprimentos...24

Figura 3: Atividades do processo de avaliação e seleção de fornecedores...25

Figura 4: Relação de fatores usados para avaliação de fornecedores...26

LISTA DE QUADROS Quadro 1: Análise FOFA...45

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SUMÁRIO INTRODUÇÃO ... 7 1. CONTEXTUALIZAÇÃO DO ESTUDO ... 9 1.1 Apresentação do Tema ... 9 1.2 Questão de estudo ... 10 1.3 Objetivos ... 10 1.3.1 Objetivo Geral ... 10 1.3.2 Objetivos Específicos ... 10 1.4 Justificativa ... 10 2. REFERENCIAL TEÓRICO ... 12 2.1 Agricultura Familiar ... 12 2.2 Pluriatividade ... 14 2.3 Empresa Familiar ... 15

2.4 Gestão da Cadeia de Suprimentos no Agronegócio ... 17

2.4.1 Cadeia de Suprimentos – Conceitos ... 17

2.4.2 Cadeia de Suprimentos no setor Agrícola ... 21

2.4.3 Cadeia de Suprimentos – Estratégias Competitivas na Agroindústria ... 22

2.4.4 Cadeia de Suprimentos – A Função Suprimentos ... 23

2.4.5 Cadeia de Suprimentos – Critérios de Seleção ... 25

2.4.6 Cadeia de Suprimentos – Análise de custos ... 26

3. METODOLOGIA ... 29

3.1. Classificação da Pesquisa ... 29

3.2. Sujeitos da Pesquisa e Universo Amostral ... 35

3.3. Coleta de Dados ... 37

3.4. Apresentação e análise dos resultados... 38

4. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS ... 39

4.1 Caracterização da organização ... 39

4.2 Ações desenvolvidas para atrair e fidelizar os fornecedores ... 40

4.3 Problemas na contratação dos fornecedores ... 41

4.4 Causas para a falta de abastecimento de matéria prima ... 42

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4.6 Ações que possam contribuir para a fidelização dos fornecedores ... 45

CONCLUSÃO ... 48

BILBIOGRAFIA ... 50

APÊNDICE A ... 53

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GESTÃO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS NA INDÚSTRIA DE CONSERVAS BENDER

Cristiano Augusto Bender; Martin Ledermann Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação em Administração da Unijuí

Aluno do curso de Graduação em Administração da Unijuí, cristianobender@hotmail.com Professor orientador, curso de Administração da Unijuí, mcledermann@unijui.edu.br RESUMO

Este trabalho de conclusão de curso teve como finalidade oportunizar o acadêmico a ter um contato prático com a realidade empresarial, empregando os conhecimentos adquiridos ao longo do curso de administração da Unijuí. O tema proposto para o trabalho são as ações para atrair e fidelizar os fornecedores na indústria de conservas Bender, a questão de estudo foi definida como quais ações a empresa deve adotar para atrair e manter um relacionamento duradouro com os fornecedores. O objetivo geral foi propor ações para atrair e manter relacionamentos duradouros com os fornecedores.

Quanto aos objetivos específicos, buscou-se identificar junto ao proprietário da empresa as ações desenvolvidas para atrair e fidelizar os fornecedores, e possíveis problemas na contratação dos fornecedores, também identificar junto aos produtores as causas que fazem com que haja falta de abastecimento de matéria prima e os motivos que os levariam a estabelecer parcerias duradouras com a empresa, e por último propor ações que possam contribuir para a fidelização dos fornecedores. O trabalho se justifica pelo fato de que este trabalho ajudará a organização a desenvolver relacionamentos duradouros com fornecedores que se comprometam a suprir as demandas da empresa, além de proporcionar ao acadêmico do curso de administração uma oportunidade única de exercer seus conhecimentos adquiridos no decorrer deste curso de forma prática, possibilitando mostrar sua competência no mercado de trabalho.

Palavras-chave: Fornecedores, relacionamento, fidelização. INTRODUÇÃO

Este estudo foi desenvolvido com o intuito de oportunizar o aluno a ter um contato prático com as teorias estudadas até aqui, tem como foco propor ações e soluções para a gestão da cadeia de suprimentos da indústria de Conservas Bender, localizada no município de Panambi, região Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul. A empresa pertence ao ramo da indústria alimentícia, existente a 16 anos e atua apenas na sua cidade, em vista de que a demanda é maior do que sua produção. Isto ocorre porque há uma carência de matéria prima para a produção, a empresa não encontra fornecedores capazes de suprir sua demanda atual e isso faz com que fique parte do ano sem produto para o comércio.

METODOLOGIA

Os métodos de pesquisa que foram utilizados para a execução deste trabalho quanto aos fins, foram de natureza explicativa e exploratória, pois foram levantados dados que serviram de auxílio para a familiarização junto com a empresa, com a finalidade de entender melhor o funcionamento da mesma. Quanto aos meios, foi realizada uma pesquisa bibliográfica, pois foi buscado apoio em teorias de diversos autores; de campo, pois foram feitas entrevistas com o sócio da empresa e com fornecedores a fim de conhecer as duas realidades; e estudo de caso, pois foram aprofundados e detalhados dados da empresa em estudo.

Para a execução deste trabalho, o sócio da empresa Sr. Nelson Bender se habilitou solidariamente em ser o sujeito da pesquisa, ou seja, ele foi a pessoa que forneceu dados e informações referentes a empresa para que este estudo fosse viável. O método escolhido de tratamento dos dados para este trabalho foi do tipo qualitativa, pois com as entrevistas foram levantadas as opiniões e os hábitos dos sujeitos da pesquisa.

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RESULTADOS

Após as entrevistas o acadêmico pôde compreender que há carência de informações ao produtor, quanto a entidades específicas como a EMATER, também há um certo medo/receio nos produtores de fazerem investimentos e depois não terem o retorno. Para isso foi sugerido à empresa buscar fornecedores em novas regiões, mesmo que gaste um pouco mais com logística, pois vale a pena o risco, já que os ganhos podem ser satisfatórios, além do fato de que a empresa vem insistindo com os mesmos já fazem anos, e já ficou muitas vezes sem produto, pois os fornecedores não cumprem o prometido e não abastecem a empresa satisfatoriamente.

Foram confrontados os dados teóricos com práticos, ou seja, informações obtidas no referencial teórico do trabalho, com dados obtidos da empresa e no campo, com a intenção de alcançar respostas que possibilitem alcançar os objetivos propostos neste trabalho. Após isto, o aluno propõe algumas ações para a empresa tentar alcançar os objetivos propostos, identificando problemas ou deficiências e proporcionando sugestões nos procedimentos atuais quanto à busca por fornecedores para que a empresa possa atingir seus objetivos.

CONCLUSÃO

Depois de realizados todos os levantamentos, foi possível propor várias ações para a empresa conseguir atrair seus fornecedores, com o devido suporte teórico, salientando que a primeira alternativa seria reduzir a base dos fornecedores para focar no que realmente tem potencial de fornecimento e conscientizar os mesmos de que uma parceria duradoura com a empresa seja a melhor solução para ambas as partes.

Caso não obtenha sucesso na recomendação anterior o que resta a empresa para conseguir prosperar no futuro, olhar para novos horizontes, buscar fornecedores fora da região que está hoje, mesmo que isto envolva um maior custo de transporte da matéria prima, pois se colocar na balança, a empresa perde muito mais não tendo produto no mercado em parte do ano, do que se for apostar em buscar a matéria prima necessária em locais mais distantes.

REFERÊNCIAS

DREWS, Gustavo Arno; ZAMBERLAN, Luciano; TEIXEIRA, Enize Barth. Trabalho de conclusão de curso. Orientações gerais. UNIJUÍ, Ijuí, RS, Brasil, 2012.

MALHOTRA, Naresh. Pesquisa de marketing: uma orientação aplicada. Porto Alegre: Bookman, 2006. 4°Edição.

VERGARA, Sílvia Constant. Projetos e relatórios de pesquisa em administração. 5. ed., São Paulo: Atlas, 2007.

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INTRODUÇÃO

O presente trabalho de conclusão de curso, componente curricular do curso de administração da UNIJUI – Universidade Regional do Noroeste do RS busca colocar em prática os desafios propostos pelo projeto de conclusão de curso realizado no 2º. Semestre de 2013.

O estudo busca identificar as dificuldades presentes na organização Conservas Bender, indústria de conservas tradicional na cidade de Panambi, existente há 16 anos, e que hoje passa por problemas de aquisição de matéria prima ameaçando a continuidade do seu funcionamento.

A relação com fornecedores é uma relação de parceria, pois, assim como nós, a empresa também se alimenta. É necessário muito cuidado na hora de escolher os fornecedores que vão “alimentar” a empresa, seja com matéria-prima, mercadoria ou serviço.

A qualidade, preço e a regularidade são pontos fundamentais para garantir o sucesso de uma empresa. Se o fornecedor entregar fora do prazo, ou não tiver capacidade de entrega, haverá problemas na produção não tendo tempo hábil para entregar os produtos na data combinada ao cliente.

Esta fase inicial do trabalho apresenta a contextualização do estudo, que inicia com a caracterização da organização, apresentação do tema, a formulação da questão de estudo, definição dos objetivos e a justificativa.

A segunda parte compreende os referenciais teóricos que servem de base para os estudos. Em relevância ao objetivo da pesquisa, o embasamento teórico aborda assuntos ligados às empresas familiares, agricultura familiar e gestão da cadeia de suprimentos.

Na sequência apresentam-se os procedimentos metodológicos que norteiam o estudo: a classificação da pesquisa, universo amostral, sujeitos da pesquisa, coleta dos dados e a análise e interpretação dos dados.

O quarto capítulo apresenta a análise dos resultados, onde foi possível identificar as características da organização, as soluções para os objetivos propostos e as ações que possam contribuir para a fidelização dos fornecedores.

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Por fim, apresenta-se a conclusão onde os principais resultados da pesquisa são retomados.

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1. CONTEXTUALIZAÇÃO DO ESTUDO

Esta parte do trabalho define o tema em questão, seguido pela justificativa deste trabalho, além dos objetivos e das definições dos principais termos.

1.1 Apresentação do Tema

A escolha dos fornecedores tem grande importância no planejamento da empresa. É preciso descobrir quem são, onde se localizam e quais são os mais adequados para o negócio.

É importante lembrar que os fornecedores devem suprir as necessidades inerentes ao negócio, minimizando os estoques e atendendo suas solicitações nos prazos estabelecidos. Como o desempenho do fornecedor interfere diretamente na atividade da empresa, o ideal é que seja encarado como um "sócio" e, dessa forma, o relacionamento deve ser do tipo ganha-ganha.

O principal produto comercializado pela empresa é a conserva de pepinos, e também será o foco desta pesquisa, onde a empresa encontra muitas dificuldades em conseguir produtores que se disponham a cultivar este produto, tornando a produção de conservas menor a cada ano.

Anteriormente, média da produção anual chegava perto dos 40 mil vidros de conservas de pepino, mas este número vem reduzindo a cada ano que passa, justamente por conta desta falta de fornecedores, e começa a desmotivar seus proprietários.

Pretende-se compreender a importância dos fornecedores e estabelecer uma relação duradoura com eles, pois os mesmos têm a responsabilidade de entregar os produtos e serviços no prazo combinado e de entender realmente como o seu produto e/ou serviço é utilizado pelo cliente, além de buscar sempre a redução de custos e aumento da qualidade, ele faz parte da empresa, sem ele não há produto final, não há faturamento, resumindo não há lucro.

Portanto este trabalho tem como tema: “ações para manter e atrair fornecedores na indústria de conservas Bender”.

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1.2 Questão de estudo

Como foi explanado anteriormente a empresa possui um problema em questão que é a dificuldade em encontrar produtores dispostos a cultivar pepinos, ocasionando perdas na capacidade de produção e comprometendo seu pleno funcionamento durante grande parte do ano. Como consequência, a empresa não supre a demanda do mercado e está perdendo muita receita com o que não produz. A partir desta situação chega-se a seguinte questão: quais ações a empresa deve adotar para atrair e manter um relacionamento duradouro com os fornecedores?

1.3 Objetivos

1.3.1 Objetivo Geral

Propor ações para atrair e manter relacionamentos duradouros com os fornecedores. 1.3.2 Objetivos Específicos

a) Identificar junto ao proprietário da empresa as ações desenvolvidas para atrair e fidelizar os fornecedores.

b) Identificar junto ao proprietário da empresa possíveis problemas na contratação dos fornecedores.

c) Identificar junto aos fornecedores as causas que fazem com que haja falta de abastecimento de matéria prima.

d) Identificar junto aos fornecedores os motivos que os levariam a estabelecer parcerias duradouras com a empresa.

e) Propor ações que possam contribuir para a fidelização dos fornecedores. 1.4 Justificativa

A escolha dos fornecedores tem grande importância no planejamento da empresa. Por isso é preciso descobrir quem são, onde se localizam e quais são os mais adequados para o negócio.

A empresa em estudo busca manter um relacionamento com os fornecedores, pois ela precisa conhecer quem vai oferecer seus produtos, quem vai entregá-los e em qual prazo.

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Caso a empresa não mantenha um bom relacionamento com os fornecedores será afetada boa parte de suas atividades, podendo comprometer seu relacionamento com os clientes por não estar cumprindo com algo.

Um dos grandes desafios da empresa hoje é atrair e manter os seus fornecedores. Desta forma, este trabalho ajudará a organização a desenvolver relacionamentos duradouros com fornecedores que se comprometam a suprir as demandas da empresa, além de proporcionar ao acadêmico do curso de administração uma oportunidade única de exercer seus conhecimentos adquiridos no decorrer deste curso de forma prática, possibilitando mostrar sua competência no mercado de trabalho.

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2. REFERENCIAL TEÓRICO

O referencial teórico traz a revisão da literatura, apresenta estudos realizados por autores reconhecidos, sobre o tema em questão. Traz o embasamento teórico vinculado à questão de estudo. Neste tópico serão abordados os seguintes temas: agriculturas familiares, pluriatividade, empresas familiares e gestão da cadeia de suprimentos no agronegócio.

2.1 Agricultura Familiar

A agricultura familiar é uma forma de produção onde predomina a interação entre gestão e trabalho. São os agricultores familiares que dirigem o processo produtivo, dando ênfase na diversificação e utilizando o trabalho familiar, eventualmente complementado pelo trabalho assalariado. De acordo com o Ministério da Agricultura é um importante segmento do Agronegócio do País, sendo grande geradora de empregos no campo e responsável pela maior parte da produção que abastece o mercado interno, ou seja, cerca de 70% dos alimentos consumidos nos lares brasileiros (IBGE, 2006).

No ano de 2006, o IBGE realizou o Censo Agropecuário Brasileiro. Nele, verificou-se a força e a importância da agricultura familiar para a produção de alimentos no país. Aproximadamente 84,4% dos estabelecimentos agropecuários do país são da agricultura familiar. Em termos absolutos, são 4,36 milhões de estabelecimentos agropecuários. Entretanto, a área ocupada pela agricultura familiar era de apenas 80,25 milhões de hectares, o que corresponde a 24,3% da área total ocupada por estabelecimentos rurais. Isso revela uma concentração fundiária e uma distribuição desigual de terras no Brasil (IBGE, 2006).

Bittencourt e Bianchini (1996 p. 8), em um estudo feito na região sul do Brasil adotam a seguinte definição:

Agricultor familiar é todo aquele(a) agricultor(a) que tem na agricultura sua principal fonte de renda (+ 80%) e que a base da força de trabalho utilizada no estabelecimento seja desenvolvida por membros da família. É permitido o emprego de terceiros temporariamente, quando a atividade agrícola assim necessitar. Em caso de contratação de força de trabalho permanente externo à família, a mão-de-obra familiar deve ser igual ou superior a 75% do total utilizado no estabelecimento. Os produtores familiares adotam em geral sistemas que conjugam atividades intensivas em trabalho e terra, com atividades mais extensivas. Quanto maior a disponibilidade de área, maior a participação de sistemas extensivos (cana, pecuária de corte,

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citricultura). Nestes casos, a prioridade do produtor é introduzir sistemas que garantam uma boa produtividade do trabalho, mesmo que com baixa rentabilidade por unidade de área. Ao contrário, quanto menor a disponibilidade de área, maior a importância relativa dos cultivos altamente exigentes em mão-de-obra e altamente intensivos no uso do solo (horticultura irrigada e fruticultura). Nessa situação, a estratégia é gerar a maior renda possível por ha, mesmo que a produtividade do trabalho das produções não seja das mais elevadas.

Apesar da importância da agricultura familiar para o país, as políticas públicas adotadas ainda privilegiam os latifundiários. Como exemplo, cita-se o plano de safra 2011/2012, em que R$ 107 bilhões foram destinados à agricultura empresarial enquanto que apenas R$ 16 bilhões foram destinados aos produtores familiares. Apesar disso, a agricultura familiar gera, em média, 38% da receita dos estabelecimentos agropecuários do país e emprega aproximadamente 74% dos trabalhadores agropecuários do país (IBGE, 2006).

O principal programa de incentivo à agricultura familiar é o PRONAF (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar), que financia projetos ao pequeno produtor rural, com baixas taxas de juros.

Os agricultores familiares tem grande capacidade de adaptação em ambientes de rápida transformação, seja devido à crise de produtos tradicionais, emergência de novos mercados ou em mudanças mais gerais da situação econômica do país. Outra característica cada vez mais presente na agricultura familiar brasileira é a ”pluriatividade”, que será explanado o seu significado a seguir.

Schneider (2003 p. 99) cita a seguinte definição do termo, feita por Fuller (1990): A pluriatividade permite reconceituar a propriedade como uma unidade de produção e reprodução, não exclusivamente baseada em atividades agrícolas. As propriedades pluriativas são unidades que alocam o trabalho em diferentes atividades, além da agricultura familiar. [...]. A pluriatividade, portanto, refere-se a uma unidade produtiva multidimensional, onde se pratica a agricultura e outras atividades, tanto dentro como fora da propriedade, pelas quais são recebidos diferentes tipos de remuneração e receitas (rendimentos, rendas em espécies e transferências).

O autor afirma que na agricultura familiar, a combinação entre a mão-de-obra familiar agrícola e não agrícola está relacionada à manutenção do estabelecimento agrícola assegurando sua reprodução socioeconômica. O trabalho agrícola e não agrícola exercidos de forma complementar pelos membros da família que residem na propriedade, frequentemente se deve à pouca disponibilidade de terra e às dificuldades de modernização tecnológica, o que

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compromete sua renda, obrigando essas pequenas unidades a buscar uma alternativa complementar de renda.

2.2 Pluriatividade

A agricultura familiar possui meios de crescer e é um aspecto de vários estudos a respeito, sobretudo aos olhos sociais, onde sociólogos apresentam a maior parte de pesquisas a respeito. Isto ocorre porque o desenvolvimento dos agricultores familiares está estreitamente ligado à questão do desenvolvimento destas famílias e falta de trabalho social por parte dos órgãos competentes, em especial os órgãos públicos.

Os estudos de Baumel e Basso (2004 p. 139) defendem a tese da pluriatividade, na busca do desenvolvimento da agricultura familiar:

A pluriatividade se estabelece como uma prática social, decorrente da busca de formas alternativas para garantir a reprodução das famílias de agricultores, um dos mecanismos de reprodução, ou mesmo de ampliação de fontes alternativas de renda; com o alcance econômico, social e cultural da pluriatividade as famílias que residem no espaço rural, integram-se em outras atividades ocupacionais, além da agricultura. A pluriatividade pode ser resumida como a diversificação das atividades rentáveis do negócio. É através dela que os membros das famílias de agricultores optam pelo exercício de diferentes atividades, ou por atividades não agrícolas, mantendo a moradia no campo e uma ligação com a agricultura e a vida no meio rural.

O termo se baseia na busca de novas atividades rentáveis dentro da própria empresa familiar, ou seja, diversificação do negócio da propriedade. É o exercício de mais de uma atividade, não somente como forma de agregar valor ao produto, como no caso das agroindústrias, mas também de buscar diferentes tipos de renda através de outras atividades econômicas, que é a diversificação da produção primária, ou produção de diversas culturas, sendo uma produção relativamente pequena de cada cultura. Este tipo de produção possibilita ao produtor renda com origem de varias culturas, o produtor tem ciência de que não conseguiria sustentar-se apenas com uma variedade, mas sim com o conjunto todo. Torna-se essencial a produção diversificada, já que havendo quebra em uma produção causada por fatores climáticos, por exemplo, as outras produções podem sustentar a família, ou seja, o produtor não depende única e exclusivamente de uma renda.

Segundo Baumel e Basso (2004, p. 144), que defendem a pluriatividade como “emergência de situações sociais em que os indivíduos que compõem uma família com

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domicilio rural passam a dedicar-se ao exercício de um conjunto variado de atividades econômicas e produtivas...”. Em vista desta consideração podem-se referenciar como exemplo destas atividades econômicas as agroindústrias.

Segundo Schneider (2003, p. 174), as agroindústrias, ou atividades “para-agrícolas” consistem suas tarefas no beneficiamento ou processamento de produtos agrícolas in natura “[...] ser dentro da propriedade [...] é a chamada agregação de valor a um determinado produto [...]”, diz o autor. Sem dúvidas esta agregação de valor ao produto é importante sob o aspecto econômico da família, porém deve-se atentar para outros fatores que envolvem esta questão, como logística de distribuição, mercado consumidor, comercialização, tributação, preço e concorrência de outros produtos. E, nas atividades produtivas que Baumel e Basso (2004) se referem no parágrafo anterior, temos a diversificação da produção de culturas. Esta representa o cultivo de diversas fontes de lucro, a partir da produção de mais de uma cultura ou segmento econômico, já que um mesmo estabelecimento pode desenvolver atividades como: apicultura, produção de variadas frutas, hortaliças, grãos, criação de frangos, bovinos e suínos, atividades estas mais comuns no meio. Neste aspecto pode ocorrer queda da qualidade das variadas atividades, visto que o foco no negócio torna-se repartido entre as demais, não há a especialização. Outro ponto negativo a ser indicado é a pequena força de barganha na hora da comercialização, já que a produção é pequena.

Entretanto, nas pequenas propriedades ainda é de favorável aplicação, já que a família não depende única e exclusivamente de uma atividade, que pode sofrer inúmeras interferências, mas passa a depender economicamente do conjunto de todas estas desenvolvidas na propriedade, tendo às vezes prejuízo em uma determinada, porém bom resultado em outra. É uma questão a ser avaliada, levando em conta a região em que a propriedade está instalada e suas aptidões, mas se afirma com clara certeza que em sua maioria é aplicável.

2.3 Empresa Familiar

As empresas familiares possuem grande importância para a economia do Brasil e do mundo, pois representam 48% do PIB somente no Brasil, proporcionam 60% dos empregos gerados, sendo, assim, são fundamentais para a redução do nível evidente de pobreza da população e melhora nos índices sociais e econômicos (GUEIROS apud LEONE, 2003 p. 52).

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Independentemente do porte da empresa, elas possuem um papel significativo no desenvolvimento econômico, social e muitas vezes até político de vários países, sendo assim as empresas familiares precisam ter uma boa estrutura e contar com familiares que realmente estejam interessados em participar do desenvolvimento da mesma.

As empresas familiares estão inseridas em uma globalização contínua, ou seja, perante as transformações de ordem política e econômica mundial estas empresas estão se destacando e sendo vistas como competidoras e empreendedoras em todo o mundo, sendo este o cenário em que nossas empresas brasileiras estão atuando. O principal motivo pelos quais as empresas brasileiras se destacam é o fato da criação da empresa com a disposição e perseverança na luta pela sobrevivência da mesma, já que muitos empreendedores possuem o sonho de serem empresários, porém, muitas vezes não possuem o conhecimento necessário e nem dispõem do capital inicial para sua criação (BERNHOEFT, 2003 p. 8).

Este é o diferencial da empresa familiar brasileira, pois, mesmo as que não possuem estes requisitos muitas vezes conseguem se estabelecer no mercado e passam a competir com empresas que já estão estruturadas. Neste contexto inicial de criação das empresas brasileiras que o fundador é apoiado por esposa e filhos, pois, entendem que com este apoio a empresa poderá se desenvolver mais rápido e com a supervisão dos familiares os negócios se fortalecerão. É com esta ideia que a grande maioria das empresas começa a se inserir no mercado, em contrapartida existem aqueles membros da família que não querem participar da empresa gerando conflitos para muitas famílias que não aceitam suas opiniões e querem obrigá-los a participar dos negócios já que futuramente a intenção é que estas pessoas gerenciem a empresa e lhe deem continuidade.

Sabe-se que quando familiares trabalham e residem juntos as coisas são bem mais difíceis porque os problemas e situações que ocorreram no dia geralmente serão discutidos em casa, isto poderá gerar conflitos na família e consequentemente interferir na gestão dentro da empresa. “É por este fato que a família precisa de sintonia dentro e fora da empresa para que os negócios não saiam prejudicados e para que fora da empresa possam ter seus momentos de descanso e lazer” (TONDO, 2008 p. 97).

Contudo sabe-se que existem pessoas que não conseguem separar a vida pessoal da profissional trazendo para suas empresas problemas familiares, e a consequência deste fato poderá ser a falta de estrutura emocional para continuar o negócio e todos os familiares

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envolvidos serão prejudicados, em virtude do desgaste na família empresária e desta forma prejudicar a sua gestão.

Enfim, é da maior importância que as famílias empresárias compreendam seus diferenciais competitivos e que saibam usar esta característica para ganhar mercado e desenvolver seu negócio, assim poderá tornar-se uma referência na comunidade e ser reconhecida em relação ao seu desenvolvimento e crescimento.

2.4 Gestão da Cadeia de Suprimentos no Agronegócio

Serão abordados neste tópico, assuntos relacionados aos conceitos de cadeia de suprimentos: a cadeia de suprimentos no setor agrícola, estratégias competitivas na agroindústria, critérios de seleção, análise de custos, todos ligados ao tema gestão da cadeia de suprimentos no agronegócio.

2.4.1 Cadeia de Suprimentos – Conceitos

Apesar da existência de um abundante corpo de literatura sobre a gestão da cadeia de suprimentos, não se encontra muita consistência no uso ou significado exato atribuído ao termo. Segundo Harland (1996 p. 234) “o conceito é utilizado em diversos campos do conhecimento, que até hoje permanecem, maiormente desconexos”. New (1997 p. 3) indica uma grande diversidade de nomes e sobreposição de significados: estratégia de compra integrada, integração de fornecedores, relações comprador-fornecedor, sincronização da cadeia de suprimento, alianças estratégicas de fornecimento, cadeia de valor, cadeia de clientes, cadeia de valor agregado, cadeia produtiva, rede de suprimento são só algumas das terminologias utilizadas na literatura para denominar o conceito em estudo.

Apesar das diferenças, podem ser encontradas certas semelhanças em todos os usos. Segundo Mentzer et al. (2001 p. 24):

Para que possa ser implementada a gestão da cadeia de suprimentos é necessária a existência de uma filosofia compartilhada por todas as empresas constituintes, compreendendo um conjunto de valores, crenças e ferramentas que permitam o reconhecimento das implicações sistêmicas e estratégicas das atividades envolvidas na administração dos fluxos compreendidos.

Assim, a gestão da cadeia de suprimentos se refere à integração de todas as atividades associadas com a transformação e o fluxo de bens e serviços, desde as empresas fornecedoras de matéria-prima até o usuário final incluindo o fluxo de informação necessário para o sucesso. “O fluxo de produtos segue em direção aos consumidores, o de informação parte dos

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consumidores até chegar ao alcance dos fornecedores” (BOWERSOX e CLOSS, apud SILVA. 2001 p. 32). O objetivo é que cada membro desempenhe as tarefas relacionadas à sua competência central, evitando-se desperdícios e funções duplicadas, facilitando o gerenciamento como um todo, que permite aproveitar as sinergias produzidas.

As relações entre as partes deixam de ser contrapostas transformando-se em um esforço coordenado, no qual a confiança e o comprometimento têm uma relevância fundamental. A interação destes valores permite que os membros persigam o aprimoramento geral da cadeia, uma vez que não temem comportamentos oportunistas e sabem que benefícios quanto prejuízos serão divididos igualitariamente. Também facilita o compartilhamento de informação que vai além de dados sobre transações de compra e venda, incluindo aspectos estratégicos orientados ao planejamento conjunto, essenciais para permitir que as empresas participantes façam o que é certo de maneira mais rápida e eficiente.

Para Harland (apud SILVA, 2007 p. 27) “a gestão da cadeia de suprimentos é tipicamente focada nos fornecedores imediatos de uma organização”. O autor ainda cita outras formas de definição deste nível de análise, como por exemplo, o gerenciamento de relações e atividades de negócios dentro de uma organização, com fornecedores imediatos, com os de primeiro e segundo escalão e com clientes atuando junto à cadeia de suprimentos e com a cadeia completa.

Gestão da cadeia de suprimentos também é a ligação de cada elemento do processo de produção e fornecimento do material bruto ao consumidor final, englobando várias fronteiras organizacionais, incluindo assim, de acordo com essa definição mais ampla, o valor completo da cadeia, e dirigindo-se a materiais e gestão de suprimentos da extração do material bruto ao seu final de vida útil.

Para Farley, (apud SILVA, 2007 p. 28), “a gestão da cadeia de suprimentos busca saber como as organizações utilizam os processos de seus fornecedores, sua tecnologia e capacidade para aumentar a vantagem competitiva e a coordenação da produção, logística e gestão de materiais dentro da organização”.

Gestão da cadeia de suprimentos também é chamada por alguns autores de “Supply Chain Management” ou de uma forma abreviada “SCM”, e a seguir serão apresentados alguns conceitos relacionados a este ponto de vista.

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Segundo Cooper et al (apud MOURA, 2009 p. 236) o conceito de SCM vai além de um novo nome para o conceito de logística. Esses autores utilizam a seguinte definição de SCM, desenvolvida pelo International Center for Competitive Excellence (apud BATALHA e SCRAMIM, 1999 p. 4): “Gestão da Cadeia de Suprimento é a integração dos processos de negócios, desde o usuário (cliente) final até o fornecedor original, gerando produtos, serviços e informações que agregam valor para o consumidor”.

Betchel e Jayaram (apud BATALHA e SCRAMIM, 1997 p. 332) apresentam o SCM como um novo conceito que ainda carece de uma definição mais clara. Os autores citam algumas escolas de pensamento que procuram definir o conceito de Gestão da Cadeia de Suprimentos (SCM). Aqui se destacam duas escolas para definir a questão do SCM, a escola da informação e a escola da integração/processos.

A escola da informação reforça a sequência de informações entre os membros da cadeia de suprimentos e considera a informação como a “essência” do SCM efetivo. Além disso, as informações devem fluir não apenas de um membro da cadeia para o seguinte, mas também entre todos os membros da cadeia que precisam do “feedback” de como seu desempenho está sendo percebido por seus clientes e usuários finais. Segundo os autores desta escola de pensamento, companhias que estão prosperando e obtendo vantagens competitivas fazem uso da tecnologia da informação em diversos níveis agregando mais serviços, por exemplo, os Bancos.

Em outra linha de pensamento, a escola da integração/processos, procura salientar a integração entre as áreas funcionais da cadeia de suprimento, conduzindo a um sistema definido como um conjunto de processos que busca um melhor desempenho global e que adiciona valor. As decisões de integração são livres para explorar diversos perfis para a cadeia de suprimentos, objetivando a eliminação de repetições na correta realização de atividades. O exemplo mais representativo desta escola é a indústria automobilística. Clientes que tradicionalmente são o final da cadeia de suprimentos estão sendo usados, em coordenação com fornecedores de autopeças, para criar melhores partes de veículos. Essas duas escolas de pensamento podem ser consideradas como complementares no propósito deste trabalho, que embora as referências utilizadas à cima sejam organizações como bancos e indústria automobilística, servem como um todo na administração empresarial, e visa formar um aporte teórico e uma ferramenta metodológica aplicada no âmbito do aprendizado de como se relacionar com os fornecedores e contribuir com a organização estudada.

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Para Cooper, Lambert e Pagh (apud BATALHA e SCRAMIM, 1997 p. 333), “o escopo original de uma cadeia de suprimentos tem sido a integração inter-firmas, embora algumas empresas iniciem pela integração dentro de suas organizações para depois expandir para outras firmas”. Na Figura 1, representada na página seguinte, Roos (apud BATALHA e SCRAMIM, 1999 p. 5) apresenta um modelo referencial de uma cadeia de suprimentos apresentando sua relação com o macro ambiente institucional, organizações concorrentes, canal de parcerias e a definição de rede de empresas.

Figura 1: Macro ambiente de cadeias de suprimento.

Fonte: Roos (apud BATALHA e SCRAMIM 1999 p. 5).

Apesar da importância que alguns autores atribuem ao fluxo de informações dentro de uma cadeia de suprimentos, Sonka e Cloutier (apud BATALHA e SCRAMIM, 1999 p. 6) advertem que “pouca atenção tem sido dirigida para examinar a maneira precisa de como este fluxo pode melhorar a coordenação dentro de uma cadeia de suprimentos”. O fluxo de informações e a coordenação de atividades entre fornecedores e clientes são essenciais para a coordenação de uma cadeia. Segundo estes autores, a escassez de informações resulta em “desalinhamento dos mecanismos de coordenação para produção e entrega no curto prazo e, a não avaliação dos recursos necessários contribui para o desalinhamento das funções de coordenação no longo prazo”.

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2.4.2 Cadeia de Suprimentos no setor Agrícola

Quando se trata de trabalhos relacionados à produção agrícola, a incerteza da produção faz parte do cenário devido a fatores não controláveis pelo homem, que, ao contrário dos produtos feitos em indústrias especializadas, as atividades ligadas à agricultura só podem ser levadas adiante em determinados períodos do ano e em locais adequados, por condições ligadas ao clima, ao solo e a biologia.

Inseridas nesse ambiente de mudança, risco e incerteza crescentes, as empresas são levadas a alterar suas estratégias competitivas e repensar suas formas de organização, tanto no nível interno de concepção e execução da produção, como no externo, em suas relações com outras empresas. Considerando-se esse cenário e a dificuldade das empresas de setores menos dinâmicos (que é o caso da indústria de alimentos) em acompanhar um ritmo mais acelerado, amplia-se o quadro de incerteza, aparecendo, então, como alternativa competitiva, principalmente para as empresas de pequeno e médio porte, a necessidade de estabelecer novas relações, construídas para permitir maior êxito ao conjunto do processo produtivo. Expandindo para este estudo, pode-se considerar a relação entre a indústria estudada e os produtores. (KOHLS, 2004 p. 22)

Sabe-se que é muito difícil o agricultor, individualmente, ter informações privilegiadas de oferta associada à demanda, Pinazza e Alimandro (1999 p. 265) dizem que “as estratégias ligadas a alianças e parcerias entre atividade produtiva primária com os segmentos pós-porteira ganham status de prioridade”. A questão é muito mais preventiva do que corretiva. Para os autores, a solução do problema da agricultura de baixa renda passa pela combinação entre as estratégias de fortalecimento e o desenvolvimento de toda a cadeia produtiva.

As possibilidades de êxito junto aos produtores se relacionam com a capacidade destes em atender as demandas dos consumidores. Como este estudo se volta a produtores de pequena extensão de terra, os produtos como hortigranjeiros dão retorno em pequenas escalas de produção. Rodrigues (apud SILVA, 2007 p. 39) diz que, “por mais que se tenha incorporado tecnologia, o mercado já não sustenta a renda rural para o produtor que não agrega valor a sua produção”. Ou seja, quem apenas produzir o básico, sem um diferencial que os consumidores percebam, acabará ficando obsoleto e não terá sucesso.

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2.4.3 Cadeia de Suprimentos – Estratégias Competitivas na Agroindústria

Neste item se pretende demonstrar estratégias de gestão voltadas ao suprimento de produtos dentro de uma cadeia agroindustrial e a conceituação de critérios competitivos e sua relação com as estratégias, servindo assim, como uma ferramenta de análise em termos de competitividade.

Para Zacarelli (apud SILVA, 2007 p. 40), “a estratégia de suprimentos deixa de ser um conceito simplista de compras e passa a ser um conceito de interação entre compradores e seus fornecedores”. O autor ainda defende ações que podem evitar e/ou diminuírem problemas de suprimentos. Essas ações podem ser: fidelidade comercial (suprir-se de um ou poucos fornecedores em troca de benefícios como reserva de mercado regional, garantias de fornecimento diferenciado, etc.), ordenar a importância dos fatores de negociação (ir além dos fatores que podem ser transformados em dinheiro e incluir aspectos como qualidade, prazo de entrega, devoluções, etc. – o que mais se aproxima de critérios competitivos), custo máximo da administração de suprimentos (fixar o custo máximo com administração de compras), confiabilidade dos procedimentos de compras (estabelecer graus de confiabilidade para cada procedimento de compras e designar equipes de compras mais complexas ou menos complexas, proporcionais aos graus de confiabilidade dos procedimentos), e importância relativa das operações dos processos de compra (hierarquizar os processos em termos de importância).

Para esse trabalho, ainda é necessário esclarecer sobre critérios competitivos, que servirão de base nas análises de perspectiva de inserção dos produtores rurais como fornecedores da indústria. No próximo parágrafo serão apresentadas diferentes abordagens que demonstram os critérios competitivos no auxílio de estratégias competitivas. Como vários autores dão diferentes enfoques a essa análise, a atenção ficará mais voltada aos critérios que auxiliam na metodologia deste trabalho.

Usualmente são utilizados quatro critérios competitivos básicos: custo, qualidade, entrega e flexibilidade. Silva (2007 p. 41), argumenta que estratégias de produção “podem ser desenvolvidas levando em conta os chamados critérios competitivos que possibilitam uma melhor análise acerca do posicionamento dos produtos e bens, frente às exigências do mercado/clientes”.

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2.4.4 Cadeia de Suprimentos – A Função Suprimentos

Segundo Leenders e Fearon (apud MOURA, 2009 p. 72), “suprimentos é uma função da empresa que inclui atividades de compra, recebimento e dimensionamento, guarda física e controle de estoques”. Como dito, inclui o processo de compras que, segundo os autores, compreende as atividades de identificação de necessidades, identificação e seleção de fornecedores, negociação de preço e outras condições e a garantia da entrega. Portanto, suprimentos é a função empresarial responsável pela gestão do relacionamento com fornecedores, e inclui seleção, avaliação e desenvolvimento de fornecedores. Normalmente, é também responsável pela qualificação de fornecedores, processo que objetiva assegurar que a empresa possa relacionar-se com fornecedores capacitados, que atendam as necessidades da empresa. Quando um fornecedor não apresenta essa qualificação, segundo Handfield et al (apud MOURA, 2009 p. 73), a empresa tem as alternativas apresentadas a seguir, ou combinações, sendo:

• Passar a produzir o item ou realizar o serviço;

• Identificar outro fornecedor, capaz de atender suas necessidades;

• Contribuir com a melhoria do fornecedor, promovendo o seu desenvolvimento.

A Figura 2 a seguir, apresenta as atividades relacionadas a suprimentos, em especial referentes à seleção ou ao desenvolvimento de fornecedores. Quando uma grande empresa decide envolver outras organizações externas para obtenção de bens e serviços relacionados a seu negócio, pode realizar atividades, como: seleção de fornecedores no mercado, desenvolvimento de um novo fornecedor, transferindo a ele a tecnologia envolvida e o desenvolvimento das suas condições de fornecimento.

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Figura 2. Atividades Relacionadas a Suprimentos.

Fonte: Moura. São Paulo, 2009 p. 73.

Hahn et al (apud MOURA, 2009 p. 74) afirma que, tradicionalmente, “um dos objetivos mais importantes da função de suprimentos é desenvolver uma rede de fornecedores competentes”.

A seleção de fornecedores é feita por sua identificação no mercado e análise do atendimento a condições definidas. É muito importante que sejam estabelecidos critérios apropriados para essa seleção e também que sejam definidos os métodos de avaliação.

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Um modelo para avaliação e seleção de fornecedores é proposto por Monczka et al. (apud MOURA, 2009 p. 75), composto por atividades básicas mostrado na figura 3, a seguir:

Figura 3: Atividades do processo de avaliação e seleção de fornecedores.

Fonte: Monczka et al. (apud MOURA, 2009 p. 75).

Nesta figura temos um passo a passo das atividades para avaliação e seleção de fornecedores, estruturada de forma simples e que poderá ser útil para a organização filtrar os seus fornecedores potenciais.

2.4.5 Cadeia de Suprimentos – Critérios de Seleção

Critérios são as condições a serem verificadas na avaliação dos fornecedores. Os métodos de avaliação fazem uso de modelos de análise dos critérios estabelecidos. Segundo Correia (apud MOURA, 2009 p. 76), a literatura apresenta basicamente dois grupos de modelos: modelos unidimensionais – que utilizam um único critério para decisão; e modelos multidimensionais – que fazem uso de vários critérios para a tomada de decisão, possibilitando a integração dos vários fatores apresentados para avaliação.

O presente trabalho não pretende aprofundar-se na atividade de seleção de fornecedores, demonstrando cada um dos métodos apresentados. A intenção está em referenciar os métodos, ressaltando que existem formas adequadas para seleção de

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fornecedores, fazendo uso de meios apropriados, reduzindo o risco de problemas com fornecimento.

Wilson (apud MOURA, 2009 p. 76) propôs como critérios a serem aplicados na seleção de fornecedores: Preço (critério econômico); qualidade (critério de desempenho); possibilidade de fornecer o produto (critério integrador); e possibilidade de entregar o produto (critério adaptativo).

Weber et al. (apud MOURA, 2009 p. 76) relaciona 23 fatores usados na definição de indicadores utilizados no processo de tomada de decisão para seleção de fornecedores, apresentados na figura 4:

Figura 4: Relação de fatores usados para avaliação de fornecedores.

Fonte: Tabela de Weber (apud MOURA, 2009). 2.4.6 Cadeia de Suprimentos – Análise de custos

Segundo Merli (apud MOURA, 2009 p. 78), “não se deve avaliar um fornecedor apenas pelo preço de aquisição e sim pelo custo total envolvido”. Muitas vezes, um preço menor pode representar um custo maior, devido a muitos fatores embutidos no custo de material, como:

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• Custo da qualidade – composto por elementos mensuráveis, como custo de inspeção/testes de recebimento, retrabalho, materiais sucatados, entre outros custos que não podem ser medidos diretamente, como, por exemplo, perda de credibilidade ou de imagem.

• Custo da garantia da entrega – devido ao não cumprimento dos prazos de entrega, pode haver custos adicionais, como estoques intermediários, paradas de produção, atrasos de entregas, vendas perdidas.

• Custo de tempo de resposta – ocorre quando o “lead time” de fornecimento é maior que o esperado e a empresa tem custos com estoques de segurança para evitar desabastecimento e necessidade de programação.

• Custo de lotes de reposição – problemas de abastecimento levam a empresa a dispor de estoques médios elevados para não ocorrer falta, podendo causar obsolescência de material em caso de mudanças do produto.

• Custo da falta de melhoria – no longo prazo, se a empresa não investir em melhoria, pode gerar redução de margens, e não se verifica a redução nos custos da qualidade.

• Custo da obsolescência tecnológica – perda de oportunidades devido a não adequação ao mercado e consequente perda de negócios.

Uma cadeia de suprimentos deve reunir diversos agentes econômicos e institucionais, desde os fornecedores de matérias-primas, passando pelas indústrias de transformação, pelos distribuidores e varejistas, para finalmente chegar no atendimento das necessidades dos consumidores finais.

O caminho tradicional de comunicação de demanda por produtos e serviços através da cadeia de suprimentos é o pedido ou ordem de compra.

Usualmente, os clientes de cada elo da cadeia mantém suas informações sobre o nível de estoques, padrão de vendas e planejamento de entregas apenas dentro de suas organizações. McGuffog (apud BATALHA e SCRAMIM, 2004 p. 3) cita que mesmo quando a demanda de um produto é estável, fatores institucionais (incluindo infraestrutura e horários de transportes - aéreos, rodoviários, etc.-, sistemas computacionais, capacidades de máquinas, depósitos ou veículos, etc.) ou fatores desta natureza, tendem a tornar a demanda mais alternada e sua variação amplificada no decorrer dos processos da cadeia de suprimento. Os pedidos para o fornecedor tendem a ter maior variação que as vendas para o cliente. Além disso, a distorção é propagada de forma amplificada (denominada de amplificação da variância). Este fenômeno é chamado de Efeito de Forrester (FORRESTER, 1961 apud

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BATALHA e SCRAMIM, 2004 p. 3). Este efeito tem sérias implicações de custo ao longo da cadeia de suprimentos. As indústrias de transformação apresentam excessos de custo ou escassez de matéria-prima, causada pela ineficaz previsão de produção e vendas; “custos adicionais são criados por capacidade ociosa de produção e custos de armazenamento excessivos devido ao alto nível de estoques” (TOWILL, 1996 apud BATALHA e SCRAMIM, 2004 p. 3).

No caso de cadeias de produção agroindustriais estes fatores são agravados pela fragilidade natural das matérias-primas e produtos finais, acarretando em outros excessos de custos operacionais, causados pela inutilização ou variação de qualidade das mesmas, penalizando os produtores e reduzindo a eficiência da cadeia como um todo. Outro fator que agrava ainda a problemática de sistemas agroindustriais (especialmente o setor alimentício) é a questão das constantes mudanças nos hábitos alimentares da população.

Isto se traduz nos desejos por alimentos processados como maior valor agregado, alimentos ditos “orgânicos”, livres de transgênicos, entre outros. Esta busca frenética da segmentação adequada de mercados em busca de novos parâmetros de diferenciação dificulta as previsões de demanda e, portanto, agrava as consequências negativas ao desempenho operacional da cadeia produtiva na sua intenção de criar valor e atender às necessidades dos consumidores finais.

É dentro deste contexto que surge o conceito de Gestão da Cadeia de Suprimentos, que busca promover entre os agentes de uma cadeia produtiva ou rede de empresas uma relação de benefícios mútuos pela definição de estruturas organizacionais e relações contratuais.

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3. METODOLOGIA

Este tópico é destinado a apresentar a forma de metodologia que serão empregados na obtenção dos dados. Apresenta-se a classificação da pesquisa, o universo amostral, o plano de coleta de dados, o plano de análise e a interpretação de dados e finalizando com o plano de sistematização do estudo.

3.1. Classificação da Pesquisa

Pesquisa é o procedimento sistemático e racional cujo objetivo é responder ao problema proposto, que pode ser motivada por razões intelectuais e/ou práticas. Poderia, ainda, de forma simplificada, ser entendida como a busca de responder alguma coisa.

Entendendo-se que ciência é o conhecimento, pesquisa científica nada mais é do que a busca de produzir o conhecimento acerca de algo.

A classificação quanto aos fins busca determinar o tipo de pesquisa de acordo com o resultado final que ela deseja alcançar, sua lógica, portanto, está baseada no objetivo geral que o pesquisador busca atingir ao realizar suas atividades. Uma pesquisa pode ser classificada quanto aos fins em exploratória, descritiva, explicativa, metodológica, aplicada ou intervencionista (VERGARA, 2000 p.47).

Já de acordo com Gil (2002 p.46), as pesquisas podem ser classificadas em três grandes grupos com base em seus objetivos (fins), quais sejam: exploratórias, descritivas e explicativas. A seguir, uma breve descrição de cada tipo de pesquisa.

• Pesquisa exploratória

A pesquisa exploratória é realizada, segundo Vergara (2000 p.47), em áreas em que existe pouco conhecimento acumulado e sistematizado. É, portanto, adequada para o objetivo de aumentar o número de conhecimentos sobre o assunto, ou, nas palavras de Gonçalves e Meirelles (2004, p. 37), é “realizada para descobrir ou descrever melhor o(s) problema(s)-raiz que são apontados através de sintomas (ou queixas) para se alcançar os objetivos.”

Silva (2007 p.64) afirma que a pesquisa exploratória é muito utilizada como primeira etapa para outras pesquisas e objetiva familiarizar o pesquisador com o fenômeno investigado, realizando descrições precisas da realidade e buscando identificar as relações existentes entre seus componentes. Adicionalmente, ela pode ser considerada como uma importante forma de

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produzir hipóteses que serão testadas em pesquisas posteriores, tornando a pesquisa exploratória que, pelas suas características, é fortemente qualitativa, um delineamento que pode ser usado para iniciar estudos quantitativos.

• Pesquisa descritiva

A pesquisa descritiva trabalha com as características de uma população ou de um fenômeno, podendo estabelecer correlações entre variáveis, definindo também a natureza de tais correlações, sem se comprometer com a explicação dos fenômenos descritos (VERGARA, 2000 p. 48).

Para Silva (2007, p. 65), a pesquisa descritiva observa, registra, analisa e correlaciona fatos ou fenômenos (variáveis) sem manipulá-los. “Busca descobrir, com a maior precisão possível, a frequência com que um fenômeno ocorre, sua relação e conexão com outros, sua natureza e suas características”. Normalmente esses fatos e fenômenos, quando associados diretamente a uma população, não estão consolidados em documentos e os dados têm que ser coletados diretamente onde são encontrados, ou seja, na realidade natural da população pesquisada (SILVA, 2007 p. 64-66).

A pesquisa descritiva normalmente é delineada quanto aos meios através do levantamento, se observa que, em alguns casos, a pesquisa descritiva se aproxima da explicativa, no momento em que o pesquisador procure determinar também o relacionamento entre os fatos (GIL, 2002 p.43).

• Pesquisa explicativa

Este tipo de pesquisa analisa um fenômeno na busca de esclarecê-lo, torná-lo compreensível ou justificá-lo, baseando-se numa pesquisa descritiva previamente realizada (VERGARA, 2000 p.48). Ao procurar identificar os fatores que determinam, ou contribuem para, a ocorrência dos fenômenos, baseiam-se no método experimental ou na observação, sendo normalmente utilizados como meios de pesquisa a experimentação e a pesquisa ex-post-facto (GIL, 2002 p.47).

• Pesquisa metodológica

Está voltada para os métodos e instrumentos utilizados para captar e manipular a realidade, ou seja, para os meios destinados a alcançar um determinado fim (VERGARA, 2000 p.47). É uma pesquisa que trabalha com a própria pesquisa, buscando definir se

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determinado meio é adequado ou não para produzir o conhecimento pretendido e, portanto está direcionada para problemas teóricos e de produção do próprio conhecimento. Exige grande domínio do fenômeno pesquisado, pois ela envolve o questionamento da forma mais adequada para abordá-lo, investigá-lo e compreendê-lo.

• Pesquisa Aplicada

É um delineamento que busca solucionar um problema concreto, prático, da realidade (VERGARA, 2000 p.48). A pesquisa aplicada normalmente identifica a situação-problema e busca, dentre as possíveis soluções, aquela que possa ser mais adequada para o contexto específico. Dessa maneira, não se pode ter a pretensão de pesquisa capaz de criar conhecimentos novos, somente a de aplicar conhecimento já existente a uma situação-problema.

• Pesquisa intervencionista

A pesquisa intervencionista é aquela que se fundamenta numa intervenção do pesquisador na realidade estudada, com a pretensão de modificá-la, de solucionar um problema. Ao contrário da pesquisa aplicada, pressupõe-se nesta forma a participação direta do pesquisador na realidade estudada (VERGARA, 2000 p.48), abandonando toda e qualquer pretensão de neutralidade e agindo na busca da mudança.

A classificação quanto aos meios aprofunda a classificação quanto aos fins, no sentido de que um meio pode ser usado em mais de um tipo referido na listagem anterior. A classificação quanto aos meios representa, portanto, uma forma mais completa de determinar como será feita a pesquisa e pode ser utilizada como uma indicação do que se pode esperar em termos de instrumentos de coleta de dados. (GIL, 2002 p.47-48)

De acordo com Vergara (2000 p.47), as pesquisas se classificam quanto aos meios em pesquisas de campo, de laboratório, documental, bibliográfica, experimental, ex-post-facto, participante, pesquisa-ação e estudo de caso. Segue a descrição de cada tipo.

• Pesquisa de campo

É feita no local onde ocorre ou ocorreu um determinado fenômeno, havendo nestes elementos que permitam explicá-lo, sendo os dados coletados por intermédio de entrevistas, questionários, testes ou observação participativa (VERGARA, 2000 p.48).

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• Pesquisa de laboratório

O laboratório é um local restrito, em que se possa conduzir uma experiência que, no campo, seria impossível. O laboratório não é necessariamente um lugar físico: uma simulação da realidade feita por computador pode ser classificada como uma pesquisa de laboratório, de acordo com Vergara (2000 p.49).

• Pesquisa documental

É a pesquisa realizada em documentos arquivados em locais públicos ou privados, com pessoas, registro, anais, diários, cartas, comunicações informais, etc. Ou seja, com fontes de dados ainda não tratadas analiticamente ou reelaboradas por outros autores, divididas em fontes de primeira mão (conservadas em arquivos ou pessoais) e de segunda mão (relatórios empresariais ou de pesquisa e dados estatísticos), que devem ser representativos e corretamente interpretados pelo pesquisador (VERGARA, 2000 p. 50).

• Pesquisa bibliográfica

É a pesquisa realizada através de material já publicado em livros, revistas, jornais, meios eletrônicos acessíveis ao público em geral (VERGARA, 2000 p.51).

A pesquisa bibliográfica é um meio de formação de conhecimento e busca o domínio de um determinado tema, podendo inclusive ser produzida para um trabalho científico original (SILVA, 2007 p.58).

• Pesquisa experimental

Um experimento é uma investigação na qual o pesquisador manipula e controla variáveis independentes e observa seus efeitos no comportamento das dependentes, sendo normalmente realizada em campo, embora também possa ser feita em laboratório ou, mais simplesmente, ela “consiste em determinar um objeto de estudo, selecionar as variáveis que seriam capazes de influenciá-lo, definir as formas de controle e de observação dos efeitos que a variável produz no objeto” (GIL, 2002, p. 53).

• Pesquisa ex-post-facto

Este delineamento trabalha com um fato já ocorrido, não sendo portanto possível ao investigador controlar ou manipular as variáveis (VERGARA, 2000 p.52). É uma pesquisa quase experimental, baseando-se nos mesmos pressupostos da experimental, diferenciando-se

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desta pelo fato de que o pesquisador não controla as variáveis; permite considerar aspectos históricos essenciais para a evolução e comportamento das estruturas sociais e normalmente se baseia na comparação entre dois grupos semelhantes, mas com diferenças que possam ser atribuídas a um fator que ocorre em apenas um deles. É um “experimento” realizado depois dos fatos terem ocorridos, no qual esses fatos ocorreram espontaneamente, (GIL, 2002 p. 49). Observa-se que a pesquisa ex-post-facto mescla características da pesquisa qualitativa (como a ênfase na visão histórica) e da quantitativa (como os pressupostos da pesquisa experimental).

• Pesquisa participante

Qualquer delineamento participante pressupõe uma indistinção entre as figuras do pesquisador e a do pesquisado, exigindo, portanto que pessoas investigadas participem da pesquisa (VERGARA, 2000 p. 52). O pesquisador não é somente um observador da realidade, é um ator nela inserido. Dessa maneira, é uma pesquisa essencialmente qualitativa, não se podendo utilizá-la adequadamente em estudos quantitativos, pois o envolvimento do pesquisador com a realidade pesquisada impede que se tenha a neutralidade e a imparcialidade científicas característicos dos delineamentos quantitativos. Gil (2002 p.52) afirma que essa pesquisa normalmente pressupõe um comprometimento do pesquisador com a classe pesquisada, usualmente uma classe economicamente menos favorecida, e uma distinção entre uma “ciência popular” e uma “ciência dominante”.

• Pesquisa-ação

Pode ser considerada como uma variante da pesquisa participante, em que o pesquisador intervém na realidade pesquisada (VERGARA, 2000 p.53). Há um envolvimento participativo e cooperativo do pesquisador com os pesquisados, e a situação investigada normalmente corresponde a uma ação ou resolução de um problema coletivo, e o pesquisador age sobre a realidade pesquisada. Essa pesquisa é planejada e possui caráter social, educacional, técnico, etc., distinguindo-se, portanto da pesquisa participante (GIL, 2002 p.52).

• Estudo de caso

Um dos delineamentos mais populares de pesquisa, o estudo de caso trabalha com uma ou com poucas unidades de pesquisa: um indivíduo, um grupo, uma organização, um conjunto de organizações ou inclusive uma situação observada, aprofundando e detalhando os conhecimentos sobre esta, podendo ser realizada em campo ou não (VERGARA, 2000 p.53).

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Tal aprofundamento do conhecimento normalmente é impossível nos outros delineamentos. Isso torna o estudo de caso uma classificação ideal para as pesquisas exploratórias. (GIL, 2002 p.63).

O estudo de caso é criticado por não permitir a generalização das conclusões, sem base amostral que o solidifique, e por conferir ao pesquisador a sensação de que ele domina uma realidade específica. Um ponto importante refere-se ao fato de que o pesquisador envolvido em um estudo de caso normalmente não possui controle sobre a realidade pesquisada, sendo a pesquisa realizada dentro do contexto em que o fenômeno se verifica, apoiado por um embasamento teórico (VERGARA, 2000 p.53)

Com base nas descrições apresentadas, este relatório de estudo classifica-se quanto aos fins como uma pesquisa explicativa, que procurou identificar os fatores que determinam a falta de fornecimento da matéria prima, e exploratória, porque serão realizadas pesquisas de campo com o intuito de coletar novas informações que serão úteis para a formulação das sugestões conforme os objetivos propostos.

Segundo Malhotra (2006 p.98): “A pesquisa exploratória é usada em casos nos quais é necessário definir o problema com maior precisão, identificar cursos relevantes de ação ou obter dados adicionais antes de poder desenvolver uma abordagem”. De acordo com Gil (2008 p.47), a pesquisa exploratória visa proporcionar maior familiaridade com o problema. Malhotra ainda salienta que “pesquisa exploratória se caracteriza por flexibilidade e versatilidade com respeito aos métodos, porque não são empregados protocolos e procedimentos formais de pesquisa”.

Quanto aos meios, classifica-se como pesquisa bibliográfica, pesquisa de campo e estudo de caso, pois será realizada uma investigação, a partir de entrevistas, com questionários semiestruturados.

Pesquisa bibliográfica, de acordo com Vergara (2005 p.48) é o “estudo sistematizado desenvolvido com base em material publicado em livros, revistas, jornais e redes eletrônicas, isto é, material acessível ao público em geral”. Portanto entende-se que este trabalho se enquadra como pesquisa bibliográfica em vista de que o mesmo está sendo apoiado em procura em livros, revistas especializadas, trabalhos acadêmicos e material disponível na rede eletrônica com o intuito de aprofundar o conhecimento necessário para o desenvolvimento deste trabalho.

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“A pesquisa de campo é a investigação empírica realizada no local onde ocorre ou ocorreu um fenômeno ou que dispõe de elementos para explicá-lo. Entrevistas, aplicação de questionários, testes e observação participante ou não”. (VERGARA, 2005 p.48). Para este trabalho foram realizados questionários voltados aos produtores rurais (fornecedores), a fim de se familiarizar com o meio externo e conhecer o cenário em que a organização se encontra.

Segundo Vergara (2005 p.49), estudo de caso “tem caráter de profundidade e detalhamento e pode ou não ser realizado no campo”, a autora salienta também que considera o tipo de estudo reduzido “a uma ou poucas unidades, entendidas como uma pessoa, uma família, um produto, uma empresa, um órgão público, uma comunidade ou mesmo um país”. E neste trabalho fez-se uma pesquisa na organização estudada com o proprietário da empresa, identificando os problemas e dificuldades enfrentadas para atrair e reter fornecedores, sendo possível assim obter os dados necessários para a elaboração do trabalho.

3.2. Sujeitos da Pesquisa e Universo Amostral

Segundo Vergara (2007, p.50), “o universo amostral define a população em um conjunto de elementos que possuem as características que serão objetos de estudo, ou seja, é uma parte do universo escolhida segundo algum critério de representatividade”. De acordo com Malhotra (2006) amostra é um subgrupo dos elementos da população selecionada para participação no estudo. O processo de elaboração da amostragem é constituído de cinco etapas, que são definir a população-alvo, determinar a composição da amostra, escolher as técnicas de amostragem, determinar o tamanho da amostra, e executar o processo de amostragem.

A determinação do tamanho da amostra segundo Malhotra (2006) é a determinação do número de elementos que serão incluídos no estudo. E a execução do processo de amostragem é a especificação detalhada de como serão implementadas as decisões sobre população, composição da amostra, unidade amostral, técnica de amostragem e tamanho da amostra. O autor cita que há dois tipos de amostragem: não probabilística e probabilística detalhadas a seguir.

Amostragem não probabilística, segundo Malhotra (2006, p. 325), é a técnica de amostragem que não utiliza seleção aleatória, confia no julgamento pessoal do pesquisador. As técnicas de amostragem não probabilística incluem:

Referências

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