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A consolidação dos direitos humanos para os refugiados no âmbito nacional e internacional

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Academic year: 2021

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UNIJUÍ – UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

LEONARDO MARCUS

A CONSOLIDAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS PARA OS REFUGIADOS NO ÂMBITO NACIONAL E INTERNACIONAL

Ijuí (RS) 2019

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LEONARDO MARCUS

A CONSOLIDAÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS PARA OS REFUGIADOS NO ÂMBITO NACIONAL E INTERNACIONAL

Trabalho de Conclusão do Curso de Graduação em Direito objetivando a aprovação no componente curricular Trabalho de Conclusão de Curso – TCC. UNIJUÍ – Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul.

DCJS – Departamento de Ciências Jurídicas e Sociais.

Orientador: MSc. Marcelo Loeblein dos Santos

Ijuí (RS) 2019

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Dedico o presente trabalho a minha mãe, que foi meu maior apoio nos momentos de angústia. Também quero homenagear meu pai, que fez de tudo para a faculdade se tornar um sonho possível.

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AGRADECIMENTOS

Quero primeiramente agradecer a Deus por essa conquista e pela força para conseguir atingir esse objetivo. Agradecer também minha família por ter me apoiado ao longo dessa caminhada, foram dias corridos, dias com muitas tarefas, mas sempre tive apoio em todos os sentidos. Agradecer a todos os professores envolvidos em minha formação, principalmente ao orientador, sempre presente, me auxiliando na construção dessa monografia, agradecer também aos meus amigos, os de longa data e os que conheci na Universidade.

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“Teu dever é lutar pelo Direito, mas se um dia encontrares o Direito em conflito com a Justiça, luta pela Justiça”.

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RESUMO

O presente trabalho de conclusão de curso pretende analisar questões que envolvem o instituto do refúgio. Estuda a evolução histórica desse instituto, relacionando-a com os Diretos Humanos e a forma de como está sendo aplicada em âmbito nacional e intencional. Discute ainda os órgãos competentes que em âmbito nacional e intencional regem as relações com os refugiados, como é realizada a solicitação de refúgio, bem como os direitos e deveres dos refugiados. O objetivo da pesquisa é estudar como o direito internacional e os estados estão se posicionando diante dos acontecimentos atuais relacionados aos refugiados, e como o Brasil está acolhendo os refugiados nos tempos atuais, averiguar como os países estão enfrentando essa situação atual em que se encontram os refugiados, e trazendo uma contextualização histórica, analisando como a legislação internacional está sendo aplicado no âmbito interno no Brasil e ademais verificar a aplicabilidade da Lei nº 9.474/97 em seguida demonstrando como a população está recepcionando os refugiados de forma a entender por que há tanta descriminação no mundo em que vivemos Sendo que para o desenvolvimento da mesma foram utilizadas fontes bibliográficas de meios físicos e digitais, a partir de uma abordagem hipotético-dedutiva.

Palavras-chave: Refugiados. Direitos Humanos. CONARE. Direito

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ABSTRACT

The he present work of conclusion of course intends to analyze questions that involve the institute of the refuge. It studies its historical evolution of this institute, relating it to the Human Right and the way it is applied at the national and intentional level. It also discusses the competent bodies that nationally and intentionally govern relations with refugees, how the request for refuge is made, as well as the rights and duties of refugees. The objective of the research is to study how international law and states are positioning themselves in the face of current events related to refugees, and how Brazil is welcoming refugees in the present times, to investigate how countries are facing this current situation in which the refugees, and bringing a historical context, analyzing how international legislation is being applied internally in Brazil and in addition to verifying the applicability of Law n. 9.474/97 then showing how the population is receiving the refugees in order to understand why there is so much discrimination in the world where we live Being that for the development of the same were used bibliographic sources of physical and digital media, from a hypothetical-deductive approach.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ... 8

1 O DIREITO DOS REFUGIADOS ... 11

1.1 Conceito e evolução histórica dos refugiados ... 11

1.2 Direitos humanos no âmbito internacional ... 14

1.3 Diferença entre Comitê Nacional para Refugiados (CONARE) e Alto Comissário das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) ... 16

1.4 Diferença entre asilo e refúgio ... 18

2 O REFÚGIO RELACIONADO AO BRASIL ... 22

2.1 A atuação do CONARE dentro do território brasileiro ... 22

2.2 O processo de solicitação de refúgio e competência (Polícia Federal e SINCRE)... 26

2.3 Direitos e deveres dos refugiados residentes no Brasil ... 32

2.4 A realidade dos refugiados no território brasileiro ... 37

CONCLUSÃO ... 42

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INTRODUÇÃO

O presente trabalho apresenta um estudo acerca do instituto do refúgio no ordenamento jurídico internacional e interno, bem como os órgãos de defesa desses povos, como ACNUR, ONU e CONARE que estão atuando no Brasil.

O principal objetivo da pesquisa é estudar de forma aprofundada como o direito internacional e os órgãos e também dos estados estão agindo diante dos acontecimentos atuais relacionados aos refugiados, e como está sendo o comportamento do Brasil e suas formas de acolhimento e projetos sociais.

O problema inicial de pesquisa vem em decorrência de grandes relatos que acontecem atualmente no século em que vivemos, e também vendo o descaso em razão dos refugiados no mundo inteiro, tendo grande relevância discutir sobre os meios cruéis e desumanos que vêm sofrendo atualmente os refugiados, e também como os estados e o direito internacional estão acolhendo essas pessoas que sofrem de perseguição política em seus países de origem e a legislação internacional que regula este fato.

Diante disso, qual seria a solução para resolver os problemas dos refugiados, e como o indivíduo (refugiado) é visto em âmbito no direito internacional, e buscando entender por que temos tantas legislações regulando o problema dos refugiados no mundo, e sua aplicabilidade é tão limitada.

Assim, para desenvolver a pesquisa, será do tipo exploratório, utiliza no seu delineamento a coleta de dados em fontes bibliográficas disponíveis em meios

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físicos e na rede de computadores. Na sua realização será utilizado o método de abordagem hipotético-dedutivo, com a seleção de bibliografia e documentos afins à temática e em meios físicos e na internet, interdisciplinares, capazes e suficientes para que o pesquisador construa um referencial teórico coerente sobre o tema em estudo, responda o problema proposto, corrobore ou refute as hipóteses levantadas e atinja os objetivos propostos na pesquisa, a fim de demonstrar o descaso em relação às pessoas que se encontram em situação de refúgio.

A partir do descaso em relação aos refugiados no mundo inteiro, tem grande relevância discutir sobre os meio cruéis e desumanos que vêm sofrendo atualmente os refugiados, e também como os estados e o direito internacional estão acolhendo essas pessoas que sofrem de perseguição política em seus países de origem, e a legislação internacional que regula este fato.

Inicialmente, no primeiro capítulo, abordar-se-á a diferença entre os institutos do refúgio e do asilo, pois se encontra muitas dúvidas sobre os conceitos. Como se dá a relação dos direitos humanos quando se fala sobre as migrações pelo mundo e também o método para conter as migrações em massa que acontecem atualmente, com enfoque para os refugiados, abordando de que forma os órgãos competentes estão agindo para solucionar o problema e como são estruturados tanto em âmbito nacional e internacional.

No segundo capítulo analisar-se-á profundamente o tema sobre os refugiados, pois destaca mais em detalhes as formas que os órgãos competentes estão agindo para enfrentar os problemas, em outros aspectos a realidade que os refugiados enfrentam em chegar ao Brasil e toda a burocracia enfrentada para requerer a permissão de permanecer no país de forma regular, para emitir seus documentos e obter os mesmos direitos.

Assim, estudando o instituto do refúgio, de uma forma mais generalizada, demonstrando a evolução e proteção humanitária, além de verificar os instrumentos protetivos, expondo de que forma está sendo desenvolvida a proteção, com enfoque nas mediadas adotadas no Brasil.

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Por fim, demonstrar se o processo de solicitação dos refugiados está sendo atendido, e também analisar a forma que é feita atualmente, mostrando as dificuldades encontradas, e relatando se seus direitos garantidos pela Lei nº 9.474/97 estão em devido cumprimento no território brasileiro. Cabendo analisar de que forma os refugiados estão sendo tratados a partir do momento que conseguem a aprovação de sua solicitação de refúgio e à atual realidade no Brasil.

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1 O DIREITO DOS REFUGIADOS

O tema em questão que será discutido tem grande relevância em esfera internacional, em virtude da sua magnitude que se encontra nós dias atuais. Os refugiados vêm se destacando desde os acontecimentos da Segunda Guerra Mundial com grande intensidade, onde hoje em dia está se tornando uma questão humanitária a ser resolvida, pelas entidades pertinentes como também pelos governos envolvidos nesta luta diária.

É de grande importância demonstrar como está sendo organizada essa luta diária pelos grupos que se deslocam de seus países em busca de uma vida mais digna e quais são os motivos que levam essas pessoas a tomaram esta decisão.

Importante conceituar quais são as entidades que ajudam de certa forma os refugiados e também demonstrar quais as medidas atuais que estão sendo tomada para reduzir tais deslocamentos no mundo todo. Deve se reiterar como os direitos humanos estão sendo afetados a esses refugiados, pois os governos estão mais preocupados com o que suas populações locais vão pensar sobre, do que tomar políticas públicas para abrigar essas pessoas.

1.1 Conceito e evolução histórica dos refugiados

Importante demonstrar como se iniciou a História dos Refugiados e conceituar para melhor entendimento, como se caracteriza no mundo os refugiados, de onde vem, como fazem para se deslocar para o destino que pretendem pedir refúgio e como os países estão acolhendo essas pessoas.

Nesse sentido, Hayden (2006) refere que não há uma categoria de refugiado, se tornando impossível distingui-los. O termo refugiado tem como característica relacionar o direito e o espaço que se vive, o que se torna bem evidente em comparação com o migrante econômico. Diferente de um refugiado que não tem proteção do seu país, o migrante obtém essa proteção.

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Nesse sentido, preceitua Soares (2011, p. 103):

É considerada migrante toda pessoa que se transfere de seu lugar habitual, de sua residência comum para outro município, região ou país. É um termo frequentemente usado para definir as migrações em geral, tanto de entrada quanto de saída de um país, região ou lugar, não obstante existam termos específicos para a entrada de migrantes – Imigração – e para a saída – Emigração. É comum, também, falar em “migrações internas”, referindo-se aos migrantes que se movem dentro do país, e “migrações internacionais”, referindo-se aos movimentos de migrantes entre países, além de suas fronteiras.

Também para Soares (2011, p. 104) ao tentar trazer em sua perspectiva para refugiados, através da convenção relativa dos refugiados e a Carta Magna:

Que, em consequência dos acontecimentos ocorridos antes de 1º de janeiro de 1951 e temendo ser perseguida por motivo de raça, religião, nacionalidade, grupo social ou opiniões políticas, se encontra fora do seu país de sua nacionalidade e que não pode ou, em virtude desse temor, não quer valer-se da proteção desse país, ou que, se não tem nacionalidade e se encontra fora do seu país no qual tinha sua residência habitual em consequência de tais acontecimentos, não pode ou, devido ao referido temor, não quer voltar a ele.

Deste modo, é um conceito que demonstra a fragilidade de quem está na situação de refugiado. A legislação em âmbito internacional regula detalhadamente como será caracterizado um refugiado. Independentemente do acontecimento ocorrido na sua localidade, deve-se observar a lei local, a moral e ética da localidade. Importante destacar que estamos lidando com vidas de pessoas e não como mais um problema a se resolver de forma a piorar a situação.

De acordo com Guerra (2014) é um instituto que persiste ao longo dos anos, pelo fato de termos vários problemas que afligem o indivíduo que busca a troca de ambientes na esperança de continuar vivo.

Preceitua Piovesan (2006, p. 54), refugiado é:

Todo o indivíduo que em decorrência de fundados temores de perseguição relacionados a sua raça, religião, nacionalidade, associação a determinado grupo social ou opinião política, encontra-se fora do seu país de origem e que, por causa dos ditos temores, não pode ou não quer a ele regressar.

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Segundo o art. 1º da Lei nº 9.474/97 será reconhecido como refugiado todo indivíduo que:

I – devido a fundados temores de perseguição por motivos de raça, religião, nacionalidade, grupo social ou opiniões políticas encontre-se fora de seu país de nacionalidade e não possa ou não queira acolher-se à proteção de tal país; II – não tendo nacionalidade e estando fora do país onde antes teve sua residência habitual, não possa ou não queira regressar a ele, em função das circunstâncias descritas no inciso anterior; III – devido a grave e generalizada violação de direitos humanos, é obrigado a deixar seu país de nacionalidade para buscar refúgio em outro país.

É possível identificar que, certos temores se mostram aflorados nos tempos atuais, sem analisar os meios cruéis que os refugiados vêm encontrando para viver nas localidades que estão atualmente, gerando um conflito de culturas em virtude de vierem de outra localidade.

De acordo com Soares (2011, p. 103), os refugiados são um fenômeno moderno, onde:

O sofrimento inarrável vivenciado por milhões de criaturas humanas que sobreviveram à grande catástrofe do século XX, a Segunda Guerra Mundial (que ceifou a vida de mais de quarenta milhões de pessoas), levou as Nações Unidas a elaborar uma das mais importantes convenções internacionais, que regula a situação jurídica dos refugiados.

Nesse momento de grande repercussão mundial em decorrência do acontecido em relação ao refúgio, surge em 1951 a criação do Alto Comissário das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR), na mesma época foi criado os estatutos dos refugiados.

Segundo Piovesan (2006, p. 59) tem-se uma Carta Magna em âmbito universal em relação aos refugiados:

Que, em consequência dos acontecimentos ocorridos antes de 1º de janeiro de 1951 e temendo ser perseguida por motivo de raça, religião, nacionalidade, grupo social ou opiniões políticas, se encontra fora do seu país de sua nacionalidade e que não pode ou, em virtude desse temor, não quer valer-se da proteção desse país, ou que, se não tem nacionalidade e se encontra fora do seu país no qual tinha sua residência habitual em consequência de tais acontecimentos, não pode ou, devido ao referido temor, não quer voltar a ele.

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É possível se verificar que a carta magna assegura direitos aos refugiados que fogem de diversos tipos de perseguição. Sendo assim, é necessário se discutir os meios que esta carta magna está sendo aplicada em âmbito internacional. Os refugiados têm uma ampla legislação que defende essa classe, mas sua aplicação muitas vezes é falha.

1.2 Direitos humanos no âmbito internacional

Fazendo uma relação dos Direitos Humanos no âmbito internacional é importante salientar a parte histórica e conceitual para melhor compreender esse conteúdo abordado. É relevante salientar esse tema em virtude de se aplicar não só para os refugiados, mais sim a todas as pessoas que tem seus direitos lesados.

Além disso, Guerra (2014) vem apenas demonstrar que no século XX, tiveram grande repercussão às tragédias ocorridas nos conflitos mundiais, onde houve enorme violação de direitos humanos, como a ocorrida na Segunda Guerra Mundial, onde se demonstrou a principal afronta a esses direitos.

Nesse sentido, preceitua Guerra (2014, p. 491):

Foi então no pós-guerra que os direitos da pessoa humana ganharam extrema relevância, consagrando-se internacionalmente, surgindo com respostas as atrocidades cometidas durante a Segunda Guerra Mundial, especialmente aos horrores praticados nos campos de concentração da Alemanha Nazista.

Importante salientar que a questão dos refugiados teve maior destaque em âmbito internacional, quando do término da Segunda Guerra Mundial. Com as grandes migrações que ocorriam, foi necessária à criação de uma Organização Mundial, para sanar o problema que se instaurou a partir de 1951 e nos anos seguintes. O principal objetivo era assegurar os direitos humanos garantidos aos refugiados.

Segundo Cassela (2002), os direitos humanos se caracterizam em três fazes, sendo de primeira, segunda e terceira geração e a doutrina tende a abordar de

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forma distinta não fazendo distinção entre essas gerações. A primeira implica em conhecer o direito protegido, a segunda assegura que não é possível aplicar alguns direitos conhecidos, a terceira..., demonstrando-se assim que não há distinção.

Nesse sentido, preceitua Cassela (2002, p. 366):

A distinção em três grupos é relativamente fácil; na prática nem sempre será possível dizer se o direito humano em questão deve figurar dentre aqueles que o estado tem o dever de respeitar, ou seja, se trata de um direito a ser cobrado a próprio estado.

Sendo assim, demonstra-se no entendimento dos autores supracitados, que não é apenas uma responsabilidade em âmbito internacional, mas também em âmbito interno dos estados que têm responsabilidades com o problema apresentado.

Salienta-se também Rodlley (2018) que essas organizações não governamentais são fundamentais no impulso dos direitos humanos dos refugiados e de suas organizações voluntárias, pois todo o mundo tem interesse no avanço dos direitos humanos, seja ao nível nacional ou internacional, tendo como principal objetivo abolir quaisquer violações desses direitos.

A legislação internacional e brasileira reiteradamente tem um dos princípios mais importantes de proteção aos direitos humanos dos refugiados no Brasil, que se refere ao non-refoulement ou não devolução do refugiado, pois tem um viés muito acolhedor conforme Art. 8º do Estatuto do ACNUR, e também explícito no art. 36 e 37 da Lei nº 9.474/97, que diz:

Art. 36. Não será expulso do território nacional o refugiado que esteja regularmente registrado, salvo por motivos de segurança nacional ou de ordem pública.

Art. 37. A expulsão de refugiado do território nacional não resultará em sua retirada para país onde sua vida, liberdade ou integridade física possa estar em risco, e apenas será efetivada quando da certeza de sua admissão em país onde não haja riscos de perseguição.

Com isso é possível identificar que se tem uma garantia para essas pessoas, pois embora não possam voltar ao seu país de origem em virtude de estarem

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sofrendo violações de direitos humanos, tendo uma garantia no país onde estão refugiados, garantem sua integridade física. O Brasil vem ganhado grande destaque mundial em virtude de acolher bem os refugiados e dar o máximo de estrutura possível para que possam viver com a quantia necessária que um ser humano precisa pra viver.

Jubilut (2007, p. 60) sustenta que:

A proteção internacional dos refugiados se opera mediante uma estrutura de direitos individuais e responsabilidade estatal que deriva da mesma base filosófica que a proteção internacional dos direitos humanos. O Direito Internacional dos Direitos Humanos é a fonte dos princípios de proteção dos refugiados e ao mesmo tempo complementa tal proteção.

Segundo Menezes (2018) é importante ressaltar que a vinculação entre refúgio e direitos humanos é percebida não somente no momento anterior ao reconhecimento do status de refugiado, como também após seu reconhecimento.

1.3 Diferença entre Comitê Nacional para Refugiados (CONARE) e Alto Comissário das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR)

O Comitê Nacional para Refugiados (CONARE) é uma realidade institucional consolidada. Trata-se de um órgão de deliberação coletiva e tripartite do Estado e da sociedade brasileira, de elevado conteúdo humanitário, que se dedica à elegibilidade do refugiado no país. Ademais, orienta e coordena as ações necessárias à eficácia da proteção, assistência e apoio jurídico aos refugiados reconhecidos pelo Brasil.

Nesse sentido, Leão (2011, p. 30) destaca:

A obrigação pátria com relação ao refúgio advém, essencialmente, do Estatuto dos Refugiados das Nações Unidas de 1951 e de seu Protocolo de 1967. A esses instrumentos internacionais soma-se a Lei 9.474/97. Esta determina outras providências que deverão ser adotadas pelo Estado brasileiro no tocante à temática do refúgio e cria o Comitê Nacional para os Refugiados (CONARE); instituição caracterizada por guiar-se, na tomada de suas decisões e em suas atuações, pela prevalência de um caráter democrático e humanitário.

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Reitera ainda Leão (2011) que a base de êxito institucional centra-se na relação tripartite estabelecida entre a sociedade civil, a comunidade internacional, à agência internacional dos refugiados e o Estado brasileiro, todos os cúmplices no trabalho em prol dos refugiados.

Almeida (2018) relata que o tripatismo é o modelo de trabalho conjunto em prol dos refugiados compartilhado pela sociedade civil organizada, pelo ACNUR e pelo Estado brasileiro. A própria Lei nº 9.474/97 estabelece esse modelo.

É possível identificar que o Brasil tem grande destaque quando se fala em refugiados, mas em relação ao órgão criado pelo Brasil o CONARE com o advento da lei pertinente se vê, que há também grande destaque em esfera mundial, pois está agindo de forma correta com os direitos humanos dos refugiados aqui discutidos.

Como destaca Almeida (2018), a competência do CONARE instituída por lei e de analisar o pedido e declarar o reconhecimento, em primeira instância, da condição de refugiado, bem como decidir pela cessação e perda, em primeira instância, ou mediante requerimento das autoridades competentes, da condição de refugiado. Quando se tem uma negação do pedido, esta deverá ser fundamentada na notificação ao solicitante, cabendo direito de recurso ao Ministro de Estado da Justiça.

A Agência da ONU para Refugiados (ACNUR, 2018), é uma instituição em âmbito internacional, com o principal objetivo de cuidar dos refugiados no mundo, foi criada em 1950 pela assembleia das nações unidas (ONU), depois da Segunda Guerra Mundial, para ajudar milhões de refugiados em decorrência da guerra. É uma instituição com mais de 60 anos ajudando os necessitados.

Nesse sentido, em 1967 foi reformado o mandato do ACNUR, para agir além das fronteiras em âmbito internacional, em 1995 a assembleia do ACNUR designou que ela seria responsável pela assistência dos apátridas em todo o mundo (ACNUR, 2018).

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Nesse sentido, ACNUR (2018, p. 1) destaca que:

Estatísticas recentes revelam que mais de 67 milhões de pessoas no mundo deixaram seus locais de origem por causa de conflitos, perseguições e graves violações de direitos humanos. Entre elas, aproximadamente 22 milhões cruzaram uma fronteira internacional em busca de proteção e foram reconhecidas como refugiadas.

O órgão responsável que cuida dos refugiados (ACNUR, 2018) já auxiliou dezenas de milhões de pessoas com seu trabalho humanitário pelo mundo, tendo grande importância em esfera intencional. Atua com 12 mil funcionários e está em 130 países com 460 escritórios. Atualmente, o ACNUR presta assistência a 67 milhões de pessoas, sendo um grande órgão de ajuda humanitária.

É importante ressaltar que o ACNUR é muito importante nos dias de hoje na situação em que vivemos, pois é um órgão internacional com apoio de vários governos e com um gasto anula muito grande em virtude da quantidade de pessoas que atende no mundo inteiro.

1.4 Diferença entre asilo e refúgio

De acordo com o entendimento de Casado (2018) não podemos confundir asilo de refúgio. De fato se tem algumas semelhanças dos institutos, mas merece se analisar melhor para distinguir.

Nesse sentido, preceitua Casado (2018, p. 1057):

Ambos são institutos relacionados com proteção da pessoa humana vitimada por perseguições e impedem a extradição. São formas de minimizar a intolerância. Todavia, o asilo tem caráter pessoal, envolver uma perseguição atual ou eminente. Já o refúgio, em geral, se dá quando grandes contingentes populacionais se deslocam por motivos mais amplos (políticos, de saúde pública, em face de catástrofes e de guerras). Basta para o refúgio, que o refugiado tenha justo receio em voltar ao seu país de origem.

Casado (2018) destaca que o asilo configura uma relação com o indivíduo que está sendo perseguido pelo estado que se encontra. O refúgio vem em

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decorrência que abalos ocorridos no país ou região, trazendo muitas vítimas, tendo seus direitos humanos ameaçados.

De acordo com o Ministério da Justiça e Segurança Pública (2018), em caso do asilo, as garantias são dadas apenas após a concessão. Antes disso, a pessoa que estiver em território nacional estará em situação de ilegalidade. O asilo pode ser de dois tipos: diplomático quando o requerente está em país estrangeiro e pede asilo à embaixada brasileira ou territorial quando o requerente está em território nacional. Se concedido, o requerente estará ao abrigo do Estado brasileiro, com as garantias devidas.

No entanto, Casado (2018) destaca que a Lei nº 9.474/97 diz que o estrangeiro estando em estado irregular no território nacional não limita seu pedido de refúgio, nem a possibilidade de procurar emprego e poder trabalhar enquanto regula sua documentação perante o país que pede refúgio.

Esta lei criada em 1997 com o intuito de acolher melhor os refugiados no país e também com a criação do CONARE no Brasil, vem com grande relevância em esfera mundial acolher os refugiados de acordo com os tratados firmados com o ACNUR. Desde então é possível notar que apesar do aumento de ocorrências de migrações em todo mundo, o CONARE está atingindo as metas designadas pelas Nações Unidas e também o ACNUR.

Almeida (2018, p. 17) destaca em relação à proteção dos refugiados:

No que diz respeito aos refugiados e a seu sistema de proteção, entre várias novas temáticas, como a questão dos deslocados forçados por questões ambientais ou a dos deslocados internos, verifica-se que do ponto de vista do sistema existente, a busca de proteção integral aos refugiados passou a ser a tônica dos discursos, sobretudo em face do fechamento de fronteiras protagonizados por alguns Estados.

É importante salientar que os deslocamentos ocorridos durantes os séculos, sempre vem à tona por ocorrer diversos acontecimentos, tanto internos como externos. A busca pela proteção dos seus direitos leva os refugiados a se deslocar sem ter garantia que vão ter um lugar melhor para sobreviver.

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Ramos (2008, p. 721) relata sobre os acontecimentos sociais:

O sofrimento social é o reflexo de experiências variadas de dor, trauma, problemas, não só ligados a violências, mas também à fome, a doenças crônicas, a situações-limite. Nas palavras do autor: “(...) o que melhor caracteriza o sofrimento social é sua compreensão não como problema médico ou psicológico, o que reforçaria sua dimensão individual, mas como uma experiência social”.

Moreira (2010) relata que apesar dos avanços democráticos, no entanto, parece que o obstáculo econômico, além da falta de preparação dos municípios para o recebimento dos refugiados urbanos, pode ser um desafio a ser enfrentado não só pela estrutura internacional, mas também pelos órgãos internos de proteção aos refugiados.

Veja aqui a afirmação de Moreira (2010, p. 125), nos seguintes termos:

Quanto ao processo de integração local, também se faz necessário obter maiores recursos a fim de concretizar políticas específicas para os refugiados, que apresentam necessidades especiais, que precisam ser atendidas. Há acenos nesse sentido com a criação de novas instituições: o Comitê Estadual para Refugiados de São Paulo e o Comitê Paulista para Imigrantes e Refugiados (o último por proposta da Comissão Municipal de Direitos Humanos). Os órgãos conferem mais espaço para a participação da sociedade civil e preveem, dentre seus objetivos, a formulação e implementação de políticas públicas para os grupos.

Importante destacar que Moreira (2010), se tem um desafio muito grande de encaixar o refugiado nas políticas voltadas para eles, pois se tem muitos problemas relacionados e, muitas vezes, esses refugiados se negam a participar das políticas voltadas para esse fim, pois para se ter uma eficácia é necessário a participação de todos desde meio, para que se tenha êxito no que se destina essas políticas para os refugiados.

Analisando o contexto geral da importância histórica e conceitual sobre a questão dos refugiados, e o sofrimento destas pessoas que se deslocam pelo mundo de forma desordenada, reiterando a indigência de discussões mais aprofundadas sobre o assunto. Deste modo, tendo necessidade de uma análise de políticas públicas atuais, para um alcance da redução das migrações no mundo. Tendo como objetivo seguinte, discutir as responsabilidades dos órgãos com os

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refugiados, tendo como principal objetivo verificar a atuação da república federativa do Brasil.

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2 O REFÚGIO RELACIONADO AO BRASIL

Desta forma será analisada nos seguintes tópicos a forma de como o Brasil vem atuando para recepcionar de forma digna e humana essas pessoas que se deslocam com o objetivo de uma vida melhor. O refúgio é um instituto muito importante ser discutido, se tornando um dos temas mais atuais no momento, em decorrência das migrações em massa.

Destaca-se a grande atuação dos órgãos que entram em contato diretamente com os refugiados, sendo os primeiros a tomar as medidas adequadas de documentação, para estarem regulares no Brasil. Sendo importante ressaltar seus direitos e deveres garantidos no país através da lei dos refugiados, tendo como enfoque na situação em que se encontram no território brasileiro e também políticas públicas relacionadas aos refugiados.

2.1 A atuação do CONARE dentro do território brasileiro

Conforme informado em tópicos anteriores através da Lei nº 9.474/97 foi criado o Comitê Nacional para os Refugiados (CONARE). Como já relatado, trata-se de um órgão de grande importância, que se vincula ao ministério da Justiça, tendo uma grande ligação com o ACNUR. É possível identificar que a atuação de ambos os órgãos, tanto em âmbito nacional como também internacional, se torna necessária.

Como descrito por Annoni e Valdes (2013), se considera, por muitos autores, como uma lei com o objetivo de inovar, sendo assim, um marco no atendimento das solicitações de refúgio, bem como buscando solucionar com o objetivo que seja duradouro e em defesa dos refugiados.

É de grande importância descrever a composição do CONARE, que está descrito no art. 14 da lei específica:

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Art. 14. O CONARE será constituído por:

I – um representante do Ministério da Justiça, que o presidirá; II – um representante do Ministério das Relações Exteriores; III – um representante do Ministério do Trabalho;

IV – um representante do Ministério da Saúde;

V – um representante do Ministério da Educação e do Desporto; VI – um representante do Departamento de Polícia Federal;

VII – um representante de organização não governamental, que se dedique a atividades de assistência e proteção de refugiados no país.

É possível identificar que o CONARE se estrutura de uma forma bem organizada, como está descrito na lei específica, e mostra a importância que este órgão tem para o território brasileiro. Os membros têm uma grande responsabilidade com o País quando se trata de uma matéria muito importante para a sociedade. Além de ser um órgão de grande importância nacional, os membros representam a posição de Brasil em esfera mundial.

Neste sentido, CONARE (2019) destaca que um dos aspectos, que se mostra pertinente, e que o atendimento voltado para essas pessoas que se encontram em situação de refugiados, busquem de forma correta o processo mais desburocratizado, mas também acolher essas pessoas que vem de uma situação desumana, procurando melhorar a qualidade de vida desses refugiados.

É importante ressaltar que Andrade e Marcolini (2002, p. 45) destacam as competências do processo de elegibilidade:

As ações necessárias à eficácia da proteção e assistência aos refugiados, prevista no art. 12 da referida lei, merecem destaque, pois, além do apoio legal, previsto em sua própria legislação, o Comitê também se ocupa em coordenar e orientar políticas publicas necessárias a eficácia da proteção aos refugiados, facilitando, assim a implementação de soluções duradouras, visando o bem-estar dos mesmos, tais como: repartição voluntária, integração local e reassentamento.

Como relatado pelo autor, os refugiados necessitam não apenas de uma lei que demonstre seus direitos garantidos, mas sim meios para que possam se estruturar no país e que tenham meios de sobrevivência, e garantias que vão se adaptar a uma nova cultura pela qual se encontram. O bem-estar de quem se encontra nessas condições é de grande importância e visa a integração no mercado de trabalho, para que possam ter o mínimo de dignidade necessária para sobreviver.

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Importante salientar que Ramos (2011, p. 6) traz algumas características da função do CONARE:

Com isso, cabe observar que compete ao CONARE analisar o pedido e declarar o reconhecimento, em primeira instância, da condição de refugiado, bem como decidir pela cessação e perda, em primeira instância, ex officio ou mediante requerimento das autoridades competentes, da condição de refugiado. No caso de decisão negativa, esta deverá ser fundamentada na notificação ao solicitante, cabendo direito de recurso ao Ministro de Estado da Justiça, no prazo de 15 dias, contados do recebimento da notificação.

Sendo assim, é possível identificar, que se tem uma grande importância que órgão competente análise de forma correta, com uma certa celeridade, pois há necessidade de regulamentação se encontro como uma das prioridades mediante o pedido realizado pelo refugiado. Tendo possibilidade de ser negada essa solicitação, quando se encontre algo que venha a afrontar princípios, ou legislação interna. O ministério da justiça tem uma grande atuação junto à organização competente, devendo dar ao refugiado o direito de se defender.

Ramos (2011) relata que se a solicitação ocorrer de forma positiva perante o CONARE, não se tem necessidade de recurso administrativo, pela falta de uma base legal, que obviamente privilegia o refugiado. Então mesmo sendo tendo os meios legais necessários para se recusar ou aceitar uma solicitação, o recurso se torna incabível.

Além disso, Ramos (2011, p. 6) preceitua que:

Além da função julgadora (em primeira instância), há uma importante função de orientação e coordenação de todas as ações necessárias à eficácia da proteção, assistência e apoio jurídico aos refugiados. O órgão é colegiado e composto por sete membros, a saber: um representante do Ministério da Justiça (que o presidirá), do Ministério das Relações Exteriores, do Ministério do Trabalho, do Ministério da Saúde, do Ministério da Educação e do Desporto, do Departamento de Polícia Federal e de representante de organização não governamental que se dedique a atividades de assistência e proteção de refugiados no país.

Tendo então a função julgadora, pode-se destacar que a orientação e coordenação das ações necessárias se mostram necessárias, e o refugiado que esteja em uma condição de sobrevivência precária, possa retomar sua rotina dentro

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de outra nacionalidade que se encontra. Muito se fala no envolvimento de várias autoridades, pois o órgão é colegiado com várias participações de ministérios. É importante destacar que as decisões tomadas na hora da solicitação, são pessoas experientes nessas relações internacionais.

Segundo Hurtaro (2013), após algumas pesquisas na área jurídica, foi possível identificar que o Brasil é especial, pois o país tem reconhecido as solicitações de refugiados, se estiver de acordo com a convenção de 1951. Outro ponto importante é que o único elemento objetivo demonstrado na lei do Brasil, no que diz respeito a uma grave violação dos direitos humanos, de forma subjetiva.

O art. 38º da Lei nº 9.474/97 cita os meios que cessará as condições de refugiados:

Art. 38. Cessará a condição de refugiado nas hipóteses em que o estrangeiro:

I – voltar a valer-se da proteção do país de que é nacional; II – recuperar voluntariamente a nacionalidade outrora perdida;

III – adquirir nova nacionalidade e gozar da proteção do país cuja nacionalidade adquiriu;

IV – estabelecer-se novamente, de maneira voluntária, no país que abandonou ou fora do qual permaneceu por medo de ser perseguido; V – não puder mais continuar a recusar a proteção do país de que é nacional por terem deixado de existir as circunstâncias em consequência das quais foi reconhecido como refugiado;

VI – sendo apátrida, estiver em condições de voltar ao país no qual tinha sua residência habitual, uma vez que tenham deixado de existir as circunstâncias em consequência das quais foi reconhecido como refugiado.

É possível identificar que as causas de cessão da condição de refugiado, não estão relacionadas quando o refugiado faz algo de errado, mas sim o refugiado tenha dado causa para acontecer a perda. Os incisos citam de forma bem explicativa como perder essa condição, e muitas das vezes o refugiado adquire uma nova nacionalidade.

Mesmo nestas hipóteses de que cessará a condição de refugiado, não se tem ainda a perda da condição de refugiado, mas sim fica suspensa, para análise se cabe a condição de perde desde instituo descrito na lei. A seguir será demonstrada a forma que cabe a perda das condições de refugiado.

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O art. 39º da Lei nº 9.474/97 exemplifica as formas que o refugiado poderá perder essa condição:

Art. 39. Implicará perda da condição de refugiado: I – a renúncia;

II – a prova da falsidade dos fundamentos invocados para o reconhecimento da condição de refugiado ou a existência de fatos que, se fossem conhecidos quando do reconhecimento, teriam ensejado uma decisão negativa;

III – o exercício de atividades contrárias à segurança nacional ou à ordem pública;

IV – a saída do território nacional sem prévia autorização do Governo brasileiro.

Parágrafo único. Os refugiados que perderem essa condição com fundamento nos incisos I e IV deste artigo serão enquadrados no regime geral de permanência de estrangeiros no território nacional, e os que a perderem com fundamento nos incisos II e III estarão sujeitos às medidas compulsórias previstas na Lei nº 6.815, de 19 de agosto de 1980.

Deste modo, é possível identificar que a perda da condição de refúgio, requer que se tenha cometido um ilícito de gravidade maior, comparado ao caso de cessação da condição de refugiado. Outros meios utilizados são em relação à documentação falsa para ingressar no Brasil de forma irregular, meios que venham a atentar contra a segurança nacional ou a ordem pública, ou sair do Brasil sem avisar, pois é contra a lei, mas deve se analisar caso a caso se cabe a perda da condição de refugiado.

2.2 O processo de solicitação de refúgio e competência (Polícia Federal e SINCRE)

É importante destacar o método utilizado no processo de solicitação de refúgio, para compreender como é feita e quais órgãos estão envolvidos nesse método que é regido pela Lei nº 9.474/97. Identificar que forma simplificada quem tem competência para autorizar e proceder com a solicitação de refúgio.

Conforme descrito na Lei nº 9.474/97, os procedimentos e órgãos competentes para analisar o refúgio são:

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Art. 18. A autoridade competente notificará o solicitante para prestar declarações, ato que marcará a data de abertura dos procedimentos. Parágrafo único. A autoridade competente informará o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados – ACNUR sobre a existência do processo de solicitação de refúgio e facultará a esse organismo a possibilidade de oferecer sugestões que facilitem seu andamento.

Deste modo, como informado no artigo, terá uma autoridade competente para prestar declarações e seus procedimentos corretos. A Polícia Federal é competente para lavrar o termo, sendo em seguida, encaminhado para o CONARE que fica responsável em entram em consenso com o solicitante. A Lei nº 9.474/97, deixa claro como são os procedimentos, e a está lei está tendo aplicabilidade positiva, apenas do aumento dos ciclos migratórios.

Sendo assim, Ramos (2019, p. 6) destaca a importância de um órgão regulador no trato dos refugiados:

A Lei 9.474/1997 preencheu o vazio administrativo existente no trato dos refugiados ao criar, na letra do art. 11, o Comitê Nacional para os Refugiados – CONARE, órgão de deliberação coletiva, no âmbito do Ministério da Justiça. O CONARE representou a plena assunção, pelo Estado brasileiro, de todo o procedimento de análise da solicitação de refúgio, bem como da política de proteção e apoio aos que forem considerados refugiados. Assim, o papel do ACNUR no Brasil, essencial na fase pré-lei 9.474/1997, diminuiu sensivelmente, restando importante, contudo, no que tange ao fornecimento de recursos materiais aos refugiados.

No caso, cabe observar que o CONARE analisa o pedido e se possível declara o reconhecimento ao solicitante, pois se tem toda uma documentação a ser analisada que demanda tempo para o órgão. O CONARE é um órgão ligado diretamente ao ministério da Justiça, bem como se utiliza de políticas públicas de conscientização da população local. As polícias envolvidas tendem a dar apoio e proteção aos refugiados que estão com a documentação e o processo de solicitação em dia, podendo trabalhar e ter direitos fundamentais no Brasil.

Desta forma, a Lei nº 9.474/97 descreve no caso se a solicitação foi positiva pode declarar extintas algumas punibilidades:

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Art. 10. A solicitação, apresentada nas condições previstas nos artigos anteriores, suspenderá qualquer procedimento administrativo ou criminal pela entrada irregular, instaurado contra o peticionário e pessoas de seu grupo familiar que o acompanhem.

§1º. Se a condição de refugiado for reconhecida, o procedimento será arquivado, desde que demonstrado que a infração correspondente foi determinada pelos mesmos fatos que justificaram o dito reconhecimento. §2º. Para efeito do disposto no parágrafo anterior, a solicitação de refúgio e a decisão sobre a mesma deverão ser comunicadas à Polícia Federal, que as transmitirá ao órgão onde tramitar o procedimento administrativo ou criminal.

Caso o solicitante tenha infringido a lei específica, e a condição de refugiado for reconhecida, fica suspenso qualquer procedimento que tenha cometido irregularmente, pois está de forma regular no Brasil, sendo arquivado. A Polícia Federal sempre estará envolvida nesse processo, transmitindo informações ao CONARE que se responsabiliza pelo processo de solicitação.

Ainda, Ramos (2019), destaca que nó caso de ocorrer uma decisão negativa sobre a solicitação, pode o mesmo requerer um recurso administrativo perante o ministro da justiça, tendo um prazo não superior a 15 dias, sendo contato este prazo a partir do recebimento do indeferimento pelo solicitante. Se a solicitação for positiva não cabe recurso.

Sobre a função julgadora, Ramos (2019, p. 6) elenca os meios utilizados necessários que o CONARE mostra interesse:

Além da função julgadora (em primeira instância), há uma importante função de orientação e coordenação de todas as ações necessárias à eficácia da proteção, assistência e apoio jurídico aos refugiados. O órgão é colegiado e composto por sete membros, a saber: um representante do Ministério da Justiça (que o presidirá), do Ministério das Relações Exteriores, do Ministério do Trabalho, do Ministério da Saúde, do Ministério da Educação e do Desporto, do Departamento de Polícia Federal e de representante de organização não governamental que se dedique a atividades de assistência e proteção de refugiados no país.

Contudo, o CONARE tem grande importância em todo o processo de solicitação, pois tem o papel mais importante imposto a ele que é a função julgadora. É composta por vários ministros de várias áreas para que se possa discutir de forma correta o processo de solicitação, como também observar riscos futuros que possam ocorrer. Assim é possível observar a grande relevância social que os refugiados têm

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para sociedade, não só em âmbito nacional que se discute neste capitulo, mas também esfera mundial, que em certas localidades as solicitações de refúgio são muito maiores, e demandam mais cuidados dos governos envolvidos.

Enquanto isso, Ramos (2019, p. 6) comenta um dos princípios de grande relevância chamado de non-refoulement, citado no art. 7º da Lei nº 9.474/97, demonstrando que:

O estrangeiro ao chegar ao território nacional poderá expressar sua vontade de solicitar reconhecimento de sua situação jurídica de refugiado a qualquer autoridade migratória e, em hipótese alguma, será efetuada sua deportação para fronteira de território em que sua vida ou liberdade esteja ameaçada, em virtude de raça, religião, nacionalidade, grupo social ou opinião política. Consagrou-se, assim, o princípio da proibição da devolução (ou rechaço) ou non-refoulement.

É possível averiguar que nosso país e muito receptivo em relação aos refugiados, pois se o mesmo solicitar ficar no Brasil estando de forma irregular, não será deportado sem analisar as condições que ele chegou aqui, como também o porque se deslocou para outro país, e não afetando as condições de sobrevivência dele. Quando afeta o seu direito a vida e locomoção, podendo ser referente à raça, religião e entre outro, não poderá ser deportado para seu país de origem.

Como destaca Almeida (2019), o princípio do non-refoulement consiste em uma vedação, para que o refugiado não seja devolvido para seu país de origem, em virtude de algum tipo de perseguição odiosa. Sendo uns dos princípios básicos do direito internacional dos refugiados. É um princípio que se encontra desde 1951, no estatuto dos refugiados, que vem desde lá tendo muita força e sendo aplicada de forma correta.

Contudo, Almeida (2019, p. 33) exemplifica como é aplicado esse principio atualmente no caso de negativa de refúgio:

Não sendo outorgado o refúgio não pode, ainda assim, o Estado de acolhida devolver o estrangeiro para qualquer território no qual possa sua liberdade ou vida ser ameaçada por razão de raça, religião, nacionalidade, grupo social a que pertença ou opiniões políticas, de acordo com o artigo 33 da Convenção de 195119. Ademais, o Brasil detalhou, em sua legislação sobre refugiados, a proibição do refoulement quando existir risco à vida,

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liberdade e integridade física do indivíduo: o artigo 32 da Lei 9.474/97 estabelece que no caso de recusa definitiva de refúgio, fica proibida sua transferência para o seu país de nacionalidade ou de residência habitual, enquanto permanecerem as circunstâncias que põem em risco sua vida, integridade física e liberdade.

Conforme dito se tem a preocupação com a vida humana, independente da irregularidade que se encontra, pois estamos lidando com vidas. Se forem deportados para seus países onde são perseguidos, pode ocorrer uma tragédia maior, pois há uma ameaça que é iminente nesses casos. Enquanto é imposto o risco a pessoa humana em voltar apara seu estado de origem, não se é permitido sua deportação, conforme explícito na Lei nº 9.474/97.

Ramos (2019) preceitua que o princípio aqui discutido está sofrendo um desgaste em virtude do aumento dos fluxos migratórios, ou mesmo de alegações que não existam dos refugiados. Como reação, outros países do mundo optarão, em criar campos, onde esses refugiados ficam abrigados até a decisão final ser tomada, demonstrando que o princípio vem perdendo forma e criando duvidas sobre a solicitação do refúgio.

Desta forma, Severo (2015, p. 40) diz a respeito de como a Polícia Federal tem agido com o processo de solicitação:

A dificuldade de acesso ao procedimento e ao protocolo decorre da sistemática de atendimento às solicitações de refúgio no Departamento da Polícia Federal, a qual, ao invés de funcionar como mero órgão de intermediação e formalização dos pedidos de refúgio, exerce, ainda, uma espécie de controle prévio das solicitações de refúgio, dentro do que entende se enquadrar na sua função de polícia de imigração. Com isso, o número de atendimentos diários para formalização da solicitação de refúgio é mais restrito do que poderia ser, ensejando demanda reprimida e consequente demora na emissão do protocolo.

Apesar da Polícia Federal ser responsável pelo processo de encaminhamento de documentos, e também as entrevistas, se torna lento esse processo, pois a Polícia responsável já se encontra defasada e com pouco policiamento. Com isso, a demora para fazer os atendimentos prejudica quem solicitou refugio, pois é necessária a autorização para emitir as documentações necessárias para trabalhar, ter direito a saúde e entre outros.

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Ainda, Severo (2015), destaca que a Polícia Federal realiza a oitiva dos solicitantes, mas não seria algo necessário, pois o próprio CONARE realiza posteriormente com pessoas especializadas no assunto. Essa burocracia toda atrasa o pedido de refúgio, podendo causar prejuízos maiores a quem necessita. Contudo, é possível identificar uma natureza dúplice no pedido, pois a entrevista é feita duas vezes e em uma delas sem pessoas qualificadas para tal ato.

No entanto, como Severo (2015, p. 41) diz que se obteve alterações na legislação para diminuir esse prejuízo:

Entretanto, não obstante o avanço na regulamentação interna, fruto das demandas dos atores sociais envolvidos na causa da proteção dos refugiados, acatando parcialmente a recomendação da Defensoria Pública da União, no sentido de explicitar o direito ao acesso imediato ao procedimento, a referida Resolução Normativa CONARE nº 18, de 30/04/2014, por outro lado, consagrou, em seu artigo 2º, §1º, que é a Polícia Federal a autoridade a quem compete a realização da oitiva do solicitante de refúgio, ainda que tal oitiva possa ser diferida e até mesmo dispensada, em alguns casos.

No decorrer dos anos se demonstrou uma necessidade de mudança na legislação, pois o processo de solicitação estava muito lento, dando ao solicitante o acesso imediato ao procedimento, tendo a possibilidade de ser mais célere. Em outro caso se demonstrou que a Polícia Federal é competente para tal alto, podendo ser diferida ou dispensada.

Em destaque, Costa (2019) preceitua que o Sistema Nacional de Cadastramento de Registro de Estrangeiros (SINCRE), tem grande importância em relação aos fluxos migratórios e a documentação solicitada, pois quando o refugiado desejar ficar mais que 90 dias no país, deve pedir a Polícia Federal. Tendo grande importância também no amparo a esses refugiados.

Segundo Costa (2019, p. 13188) os registros podem ser classificados como: Os registros são classificados em provisórios (casos no qual o estrangeiro aguarda a conclusão do processo de regularização migratória), temporários (permanência de no máximo 2 anos), permanentes (permanência mínima de 4 anos), asilados, outros (refugiados) e fronteiriços (para residentes em municípios de países limítrofes com o Brasil e que podem transitar, estudar, trabalhar e utilizar serviços públicos em município brasileiro contíguo ao

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município de residência no exterior) e contempla as seguintes variáveis: país de nascimento, idade, data de entrada no país, data de registro junto à PF, sexo, estado civil, município e estado de residência e de registro e 246 amparos que embasam os vistos desses migrantes.

É possível identificar a grande importância que o SINCRE tem em relação aos refugiados, pois é somente através deste órgão que o refugiado fica regular no Brasil, sendo necessário que toda documentação pedida esteja em dia, para que o solicitante tenha a possibilidade de emir documentos e transitar livremente. Um dos grandes avanços e as várias possibilidades de amparos encontradas para quem necessita.

Duas características importantes que Costa (2019, p. 13189) em especial destaca dentro do SINCRE:

Duas características em especial se destacam dentro do SINCRE, a desagregação a nível municipal e a ocorrência de duas datas de referência: a de entrada no país e a de registro. A primeira porque possibilita determinar com maior precisão a dispersão espacial dos fluxos migratórios e a segunda porque possibilita identificar potenciais fluxos migratórios não documentados cruzando a data de entrada com a de registro.

Sendo assim, as duas datas tem grande importância nas discussões de direito em âmbito internacional, pois servem de cruzamento de dados para identificar os fluxos migratórios, que podem conter dados diferentes, pois a entrada no país não garante que será liberado o registro para estar regular no Brasil.

2.3 Direitos e deveres dos refugiados residentes no Brasil

O Brasil tem recebido uma quantidade grande de migrantes em busca de uma vida melhor, pois os motivos que levam o deslocamento são peculiares de cada refugiado, podendo ser perseguição política, intolerância ou até mesmo o deslocamento venha a ocorrer para se ter uma vida melhor. Muitos imigrantes não têm conhecimento da legislação local, e acabam ficando irregulares, então é de grande importância destacar os direitos e deveres dos refugiados em âmbito local.

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Para Kelsen (1979), os direitos políticos têm grande importância para os refugiados, pois esses direitos políticos garantem a cidadania e podem ser classificados como capacidade, onde se pode ter uma participação nas decisões que são tomadas pelo estado, diretamente ou indiretamente.

Para Kelsen (1979, p. 97):

Os chamados direitos políticos encontram-se entre os direitos que a ordem jurídica costuma reservar aos cidadãos. Eles são comumente definidos como os direitos que dão ao seu possuidor um poder de influência na formação da vontade do Estado. O principal direito político é o direito de votar, isto é, o direito de participar na eleição dos membros do corpo legislativo e de outros funcionários de Estado, tais como chefe de Estado e juízes.

Os direitos políticos são encontrados na ordem jurídica e tem grande relevância aos refugiados, pois a nacionalidade está diretamente ligada ao vínculo político e jurídico. Mesmo o refugiado sendo de outro país pode se analisar que tem direito ao voto que é um grande evento político podendo expressar sua opinião a quem quer que represente no local que estiver abrigado.

A Constituição Federal de 1988 demonstra em seu artigo os direitos políticos para brasileiros e refugiados:

Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos, e, nos termos da lei, mediante: I – plebiscito; II – referendo; III – iniciativa popular.

§1º. O alistamento eleitoral e o voto são: I – obrigatórios para os maiores de dezoito anos; II – facultativos para: a) os analfabetos; b) os maiores de setenta anos; c) os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos. §2º. Não podem alistar-se como eleitores os estrangeiros e, durante o período do serviço militar obrigatório, os conscritos. §3º. São condições de elegibilidade, na forma da lei: I – a nacionalidade brasileira; II – o pleno exercício dos direitos políticos; III – o alistamento eleitoral; IV – o domicílio eleitoral na circunscrição; V – a filiação partidária.

O próprio artigo da constituição deixa claro que todos têm direitos políticos, contudo, deve se impor condições de elegibilidade como descritos na lei. É possível identificar que este artigo se contradiz em relação ao artigo 5°, pois neste garante direitos iguais para todos, inclusive aos refugiados. É importante citar a possibilidade

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do estrangeiro se naturalizar no Brasil, abrindo mão da sua nacionalidade, tendo assim mais garantias políticas.

Para Sen (2000, p. 31), além da privação econômica, pode se gerar privação social, como também na política, desta forma:

Mesmo quando não falta segurança econômica adequada a pessoas sem liberdades políticas ou direitos civis, elas são privadas de liberdades importantes para conduzir suas vidas, sendo-lhes negada a oportunidade de participar de decisões cruciais concernentes a assuntos públicos. Essas privações restringem a vida social e a vida política, e devem ser consideradas repressivas mesmo sem acarretar outros males (como desastres econômicos). Como liberdades políticas e civis são elementos constitutivos da liberdade humana, sua negação é, em si, uma deficiência. Ao examinarmos o papel dos direitos humanos no desenvolvimento, precisamos levar em conta tanto a importância constitutiva quanto a importância instrumental dos direitos civis e liberdades políticas.

Na perspectiva dos direitos humanos, ainda se tem muita privação em direitos e liberdades para o ser humano não tendo condições para conduzir suas vidas em virtude de privações tirando a total liberdade de expressão. No entendo é uma afronta a direitos humanos já garantidos. Essa privação deve ser extinta, pois quem impôs isso são governos, e dignidade da pessoa humana se encontra em primeiro lugar, se tratando de sua liberdade e sua vida.

Para Moreira (2014), na integração local é aonde o solicitante que é o refugiado pede para se refugiar no país que quer residir, se chamando de estado destino, para que possa interagir com a sociedade, pois é um processo complexo que muito leva tempo e de se analisar com cuidado.

Neste sentido, Haydu (2010, p. 111) elenca fatores em que angolanos dizem a respeito de como se sentem como refugiados:

Desemprego. Moradia precária. Falta de conhecimento por parte de muitos brasileiros de quem vem a ser um refugiado. Muitos são os fatores alegados pelos refugiados entrevistados para não se sentirem integrados à sociedade na cidade de São Paulo. No entanto, outro fator é verificado por essas pessoas e colocado como aquele que de forma mais marcante impede que eles se integrem: o preconceito.

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É notável perceber que apesar de estarem regulares no Brasil, ainda são taxados com estrangeiros que vem para roubar empregos ou tem preconceito em relação a sua etnia, ou cor, pois a maioria de refugiados não é oriundo de países ricos, mas sim de países pobres com vários problemas internos. A integração com a população é algo socialmente cultural de cada localidade, mas ainda predomina o preconceito para com esses refugiados.

Para Severo (2015), em relação à emissão do protocolo de refúgio, que é demorado nos tempos atuais, para que o refugiado possa exercer um trabalho é necessária a emissão da carteira de trabalho e previdência, para poder laborar. No entanto, vem enfrentando demoras perante o órgão emissor, tendo seu direito constrangido, e contrariando o estatuto do estrangeiro que garante direito ao trabalho e previdência social.

Marcelino (2019, p. 266) aponta como os refugiados enfrentam as dificuldades e qual é a sua atual realidade:

Fundamental se faz apontar que os refugiados no Brasil enfrentam as mesmas dificuldades que os nacionais, resultantes da pobreza e das desigualdades sociais que atingem a maioria da população nacional. A deficiente qualidade no atendimento aos serviços de saúde e de educação também atinge os refugiados, assim como as habitações inadequadas, que permanecem como questão de difícil solução. Um exemplo são as faltas de programas especiais para refugiados africanos, cuja economia no país de origem é essencialmente agrícola e não há, no Brasil, programas especiais de capacitação profissional para auxiliá-los na integração, levando-os a entrar no mercado por meio da economia informal. Por isso, os programas de microcrédito e a formação de cooperativas são um auxílio fundamental em seus processos de integração.

Portanto, o problema dos refugiados não atinge apenas a eles, mas sim a população, em geral, em virtude da crise econômica que o país enfrenta há muitos anos, pois o serviço de saúde e de educação também atinge diretamente os refugiados, afetando a qualidade de vida dos mesmos.

Outro grande problema é a falta de programas sociais voltados para os refugiados, pois a autorização de ficar no país não garante uma qualidade de vida adequada para eles, como, por exemplo, capacitação profissional para o mercado

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de trabalho. Não tendo essa qualificação os refugiados se obrigam a adentram no mercado informal.

Neste sentido, o ACNUR (2019, p. 11) destaca os deveres dos refugiados perante Brasil e como devem se comportar:

Devem respeitar a Constituição Federal e as leis brasileiras, como todos os brasileiros e estrangeiros residentes no país. Qualquer crime ou infração cometida terá o mesmo tratamento legal dado aos cidadãos brasileiros; Observar especialmente as leis específicas de proteção das crianças, dos adolescentes e da mulher; Não exercer atividades de natureza política, nos termos do artigo 107 da Lei 6.815/80; Informar a Polícia Federal e o CONARE, no prazo de 30 dias, qualquer mudança de endereço; Manter sua documentação atualizada.

É possível observar os deveres que os refugiados têm com o Brasil, a partir do momento que se encontram regulares. Devem respeitar as normas internas como brasileiros fossem, e estão sujeitos a todas as sanções impostas a algum crime cometido. Não podendo exercer atividades de natureza política como específica a Lei nº 6.815/80 e sempre informando os aos órgãos competentes no caso de mudança de sua família para outra localidade. Esse tem suma importância para que o refugiado continue regular no Brasil.

Neste sentido, o ACNUR (2019, p. 11) demonstra os deveres específicos dos refugiados com mais suma importância:

Não sair do território nacional sem autorização prévia e expressa do CONARE, sob pena de perder a condição de refugiado; Não praticar atos contrários à segurança nacional ou à ordem pública, sob pena de perder a condição de refugiado.

Portanto, neste caso de saída do Brasil sem nenhuma autorização pode levar a consequência da perda da condição de refugiado, se tornando mais difícil se quiser retornar um dia novamente. Quando se tem atentado a ordem nacional ou ordem pública, se encaixa também na codificação do código penal, e mais a perda da condição de refugiado. Algo que não é admitido e se encaixa neste caso em atentado terrorista.

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O art. 5º da Lei nº 9.474/97 especifica as condições jurídicas que o refugiado se encontra:

Art. 5º. O refugiado gozará de direitos e estará sujeito aos deveres dos estrangeiros no Brasil, ao disposto nesta Lei, na Convenção sobre o Estatuto dos Refugiados de 1951 e no Protocolo sobre o Estatuto dos Refugiados de 1967, cabendo-lhe a obrigação de acatar as leis, regulamentos e providências destinados à manutenção da ordem pública.

O refugiado terá a mesma equiparação ao estrangeiro, e terá os mesmos direitos e deveres aqui no Brasil. Devendo obedecer às leis locais, para cumprir de forma correta o período que permanecer no país. A fiscalização é feita de forma igual para todos, como brasileiro fosse, cumprindo com sua obrigação de refugiado.

2.4 A realidade dos refugiados no território brasileiro

O Brasil foi um dos primeiros países da região do Mercosul a elaborar um regimento interno, no caso uma legislação nacional para refugiados a Lei nº 9.474/97. Importante destacar que está lei foi um avanço em âmbito internacional e regional para refugiados. O Brasil é conhecido no mundo como grande auxiliar na ajuda com os refugiados.

Depois do ocorrido Soares (2011, p. 103) destaca que com o ocorrido na Segunda Guerra Mundial, o mundo começou a se preocupar com mecanismos para se ter uma mínima proteção aos refugiados:

O sofrimento inarrável vivenciado por milhões de criaturas humanas que sobreviveram à grande catástrofe do século XX, a Segunda Guerra Mundial (que ceifou a vida de mais de quarenta milhões de pessoas), levou as Nações Unidas a elaborar uma das mais importantes convenções internacionais, que regula a situação jurídica dos refugiados.

De acordo com a convenção de 1951, que é a citada, relata os acontecimentos mundiais que levaram autoridades competentes a discutir formas de resolver as migrações em massa que estavam ocorrendo e estabelecer em âmbito mundial uma solução para os problemas ocorridos.

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