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O endividamento das famílias brasileiras: comportamentos, desafios e possibilidades de uma gestão financeira equilibrada

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Academic year: 2021

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UNIJUÍ – UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

DACEC – DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS ADMINISTRATIVAS, CONTÁBEIS, ECONÔMICAS E DA COMUNICAÇÃO

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU – MBA EM FINANÇAS E MERCADO DE CAPITAIS

DAIANE MARIA SASSI COPETTI

O ENDIVIDAMENTO DAS FAMÍLIAS BRASILEIRAS:

COMPORTAMENTOS, DESAFIOS E POSSIBILIDADES DE UMA GESTÃO FINANCEIRA EQUILIBRADA

Ijuí (RS) 2018

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DAIANE MARIA SASSI COPETTI

O ENDIVIDAMENTO DAS FAMÍLIAS BRASILEIRAS:

COMPORTAMENTOS, DESAFIOS E POSSIBILIDADES DE UMA GESTÃO FINANCEIRA EQUILIBRADA

Trabalho de Conclusão de Curso de pós-graduação lato sensu MBA em Finanças e Mercado de Capitais da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (UNIJUÍ), requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Finanças e Mercado de Capitais.

Orientador: professor Dr. Martinho Luís Kelm

Ijuí (RS), 2018

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O ENDIVIDAMENTO DAS FAMÍLIAS BRASILEIRAS:

COMPORTAMENTOS, DESAFIOS E POSSIBILIDADES DE UMA GESTÃO FINANCEIRA EQUILIBRADA

Daiane Copetti1

Martinho Luís Kelm2

Resumo: O presente estudo constitui-se numa pesquisa qualitativa e quantitativa, de cunho bibliográfico, documental, descritivo, exploratório e de estudo de caso. Para tanto, busca conhecer o grau de endividamento de um grupo de 15 famílias de alunos do curso de Mestrado e Doutorado em Desenvolvimento da Unijuí. A importância do tema reflete-se no fato de que o número de pessoas endividadas aumenta dia a dia, gerando problemas financeiros, psicológicos e familiares. O acesso ao crédito fácil introduzido em 2009 e tem levado muitas famílias ao endividamento e à inadimplência. O cartão de crédito, o cheque especial e os empréstimos pessoais, entre outros, auxiliam as pessoas em momentos difíceis mas também podem ser usados de maneira irresponsável, tornando-se os grandes vilões nos casos de endividamento. A Educação Financeira vem sendo estimulada inclusive pelo Governo Federal, preocupado com o alto índice de pessoas endividadas e inadimplentes. O questionário aplicado aos participantes revelou um grupo de pessoas conscientes em que a maioria encontra-se numa situação econômica equilibrada, usa o cartão de crédito para pagar as contas mensais mas paga a totalidade da fatura, usa o cheque especial apenas em alguns momentos e por poucos dias, e considera o planejamento e o controle de gastos um item fundamental para escapar do endividamento.

Palavras-chave: Endividamento. Inadimplência. Crédito fácil. Educação Financeira.

Abstract: This study is a qualitative and quantitative research, with a bibliographic, documentary, descriptive, exploratory and case study. Therefore, it seeks to know the degree of indebtedness of a group of 15 families of students of the course of Master and PhD in Development of Unijuí. The importance of the theme is reflected in the fact that the number of people in debt increases day by day, generating financial, psychological and family problems. Access to easy credit introduced in 2009 and has led many families to indebtedness and default. Credit cards, overdrafts and personal loans, among others, help people in difficult times but also can be used irresponsibly, becoming the big bad guys in cases of debt. Financial Education has been stimulated even by the Federal Government, worried about the high index of people in debt and defaulters. The questionnaire applied to the participants revealed a group of conscious people in which the majority is in a balanced economic situation, uses the credit card to pay the monthly bills but pays the entire invoice, uses the overdraft only in a few moments and for few days, and considers spending planning and control a key element in escaping indebtedness.

Key words: Indebtedness. Defaults. Easy credit. Financial Education.

1 Bacharel em Administração, pós-graduanda em Finanças e Mercado de Capitais pela Universidade

Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (Unijuí). E-mail: daiacopetti@yahoo.com.br.

2 Professor doutor em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC),

mestre em Administração pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), docente do cursodepós-graduaçãoemFinançaseMercadodeCapitaisdaUnijuí. E-mail: martinho@unijui.edu.br.

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INTRODUÇÃO

O presente estudo analisa o endividamento de um conjunto de famílias brasileiras, tema que não é novo no Brasil e que tem atingido muitas famílias. Muitas vezes ligado ao descontrole financeiro, o endividamento tem consequências graves, pois é possível causar exclusão social, principalmente numa sociedade capitalista e com restrições creditícias.

Estudos mostram que o endividamento vem aumentando gradativamente nos últimos anos, principalmente a partir de 1994, quando o Brasil alcançou certa estabilidade em razão do Plano Real. Por falta de conhecimento, as famílias passaram a aproveitar a maior oferta de crédito e a gastar mais, o que resultou no seu endividamento (SANTOS; MOREIRA; SILVA, 2017).

A falta de administração financeira leva ao consumo desenfreado e irresponsável, fazendo com que as pessoas passem a gastar mais do que ganham sob o pretexto de fazerem parte de uma sociedade de consumo, onde o “ter” é mais importante do que o “ser”. Seguindo nessa esteira as pessoas acabam num estado de inadimplência e consequente endividamento (GIANCOLI, 2008).

Para entender a forma como ocorre o endividamento é preciso ir além e buscar compreender a cultura de consumo da atual sociedade contemporânea. Convive-se, hoje, com um grande apelo ao consumo, que é a principal causa do endividamento de muitos indivíduos (BOCK, 2010). Pela facilidade de acesso ao crédito, muitas compras são antecipadas, feitas a longo prazo, o que envolve o pagamento de juros. Sabe-se hoje que cerca de 41% dos consumidores brasileiros estão endividados, sendo que desses, 38% estão com as prestações atrasadas e 55% estão com dívidas superiores ao exercício anterior (SANTOS; SILVA, 2014).

A cultura consumista propagada pela sociedade, portanto, tem levado diariamente os consumidores a comprar itens muitas vezes desnecessários, atraídos pelo parcelamento das compras e facilidade de acesso ao crédito. Não percebem, contudo, que ao acumularem prestações e dívidas estão comprometendo os seus rendimentos até o momento em que começa a inadimplência.

Infelizmente as pessoas têm associado felicidade e status social ao fato de adquirirem bens ou serviços, levando-as a um círculo vicioso. Compram não porque precisam mas por satisfação pessoal, por reconhecimento social, porque está na moda ou porque todos têm aquele determinado produto. A falta de dinheiro deveria ser um limitador, entretanto, ela é suprida pela oferta de crédito, como empréstimo consignado, cheque especial, cartão de crédito, empréstimo pessoal. Em determinado momento o sonho do consumo vira um pesadelo e a pessoa vira um escravo de suas próprias dívidas.

Nesse sentido, a Educação Financeira é uma importante ferramenta que auxilia o indivíduo a planejar a sua vida financeira, pois ensina a forma correta de lidar com o dinheiro. Ela não visa o enriquecimento do indivíduo mas sim a sua conscientização, garantindo-lhe maior qualidade de vida (KRÜGER, 2014).

Esse cenário permite elencar algumas hipóteses, como: a) a falta de Educação Financeira pode levar o indivíduo a contrair dívidas além de sua real

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capacidade de pagamento, gerando endividamento; b) a facilidade de acesso ao crédito tem levado as pessoas com menor poder aquisitivo a contrair dívidas que extrapolam a sua capacidade de pagamento; e c) o planejamento financeiro é a melhor forma para evitar o endividamento.

Com base nessas premissas define-se a pergunta que norteia este estudo: qual o comportamento de um grupo de famílias brasileiras vinculadas a alunos de um programa de Mestrado e Doutorado em Desenvolvimento da Unijuí frente ao consumo e ao endividamento pessoal?

A fim de responder a esta questão, o estudo define o seu objetivo geral, que é compreender o comportamento e a gestão financeira de um conjunto de famílias brasileiras com relação às possibilidades de consumo e crédito facilitado. Como objetivos específicos tem-se os seguintes: a) sistematizar, com base na literatura, a base conceitual sobre o endividamento familiar no atual cenário brasileiro; b) definir o perfil e o comportamento de um extrato de atores abarcados na pesquisa com relação ao comportamento de consumo e a tomada de crédito; e c) relacionar o perfil da amostra com os parâmetros nacionais e com os atuais achados teóricos.

Metodologicamente, o estudo constitui-se numa pesquisa qualitativa e quantitativa, de cunho bibliográfico, documental, descritivo, exploratório e de estudo de caso. Para tanto, busca conhecer o grau de endividamento de um grupo de 15 famílias de alunos do curso de Mestrado e Doutorado em Desenvolvimento da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (Unijuí) e analisar os resultados à luz da teoria.

A importância deste artigo se justifica na medida em que o número de pessoas endividadas aumenta dia a dia, gerando problemas financeiros, psicológicos e familiares. Por outro lado, as medidas para estancar o problema ainda são tímidas uma vez que o tema vai além de questões econômicas globais e abarca o contexto privado do indivíduo. Se por um lado a sociedade enaltece o consumidor e suas possibilidades de consumir, por outro, ao percebê-lo endividado, vira-lhe as costas e lhe exclui do meio social.

O estudo é constituído pelo Referencial Teórico, Percurso Metodológico e pela Apresentação e Discussão dos Resultados obtidos com a aplicação do instrumento de pesquisa, analisados à luz da teoria específica.

1 REFERENCIAL TEÓRICO

O Brasil está saindo de uma das piores crises da História, que deixou profundas marcas entre a população, especialmente de desemprego e redução de renda das famílias. Vislumbra-se, contudo, um cenário de lenta recuperação da atividade econômica, com redução das taxas de juros, queda da inflação e modesta reversão das taxas de desemprego, o que proporciona a disponibilidade de crédito fácil à população (PEIC/CNC, 2018).

A abertura financeira e a criação de uma série de produtos e serviços financeiros à população já iniciaram em 2009, quando uma parcela da população passou a ter acesso ao crédito. Até aquele momento o crédito era uma exclusividade daqueles que

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podiam comprovar renda ou propriedade, o que dificultava o acesso dos assalariados ou sem comprovação de renda. Em consequência, as famílias passaram a comprometer a sua renda com o pagamento de dívidas oriundas do seu consumo, o que determinou a formação de outro cenário brasileiro (RIBEIRO; LARA, 2016).

Este crédito fácil tem levado muitas famílias a se endividarem, tornando-se inadimplentes e engrossando as listas de maus pagadores do Serviço de Proteção ao Crédito. Como inadimplente entende-se aquele indivíduo “que deixa de honrar com seus compromissos financeiros, imediatamente após sua data de vencimento, ou seja, caracteriza-se como sendo o descumprimento de uma dívida assumida anteriormente” (SILVA; VIEIRA; FAIA, 2012, p. 208).

Inúmeros estudos vêm sendo realizados nesse sentido, e revelam que o endividamento das famílias vem crescendo muito nos últimos anos. A ligação entre o uso do crédito e o endividamento, contudo, ainda seguem indeterminadas. Sabe-se, porém, que a Educação Financeira é uma ferramenta que pode auxiliar a mudar esse cenário, e orientar o consumidor a mudar o seu comportamento em relação aos seus gastos, administrando melhor as suas necessidades a fim de que tenham mais segurança em suas compras (ZERRENNER, 2007).

1.1 Crédito x Endividamento – causas e consequências

Dados da Pesquisa Nacional de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC Nacional) e da Confederação Nacional de Comércio de Bens, Serviços e Turismo (PEIC/CNC, 2018), revelam que neste ano de 2018 a recuperação econômica do país, apesar de lenta, aliada à redução das taxas de juros, da queda da inflação e da modesta reversão das taxas de desemprego, justifica maior disponibilidade de crédito e, consequentemente, maior índice de endividamento. Segundo a pesquisa, houve uma piora no endividamento das famílias, pois uma parcela maior relatou estar muito endividada (14,6%) e outra manifestou estar mais ou menos endividada (22,5%).

O endividamento das famílias brasileiras, contudo, não é um tema recente. Historicamente, o endividamento teve seu início com a maior concessão de crédito, independente de comprovação de renda e análise das suas possibilidades de pagamento.

Sabe-se, contudo, que alguns traços de personalidade, como ansiedade e insatisfação estimulam compras por compulsão, o que eleva o risco de inadimplência e endividamento. Muitos consumidores adquirem produtos ou serviços desnecessários os quais posteriormente não conseguem pagar. Dados divulgados pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC BRASIL, 2013) confirmam que o consumo compulsivo atinge, principalmente, indivíduos com idade entre 14 e 25 anos de idade. Miotto e Parente (2013) ampliam esse entendimento, afirmando que a falta de experiência em relação ao consumo e o desejo de adquirir bens e serviços, compromete sobremaneira a capacidade de pagamento do indivíduo.

Mudanças nas regras econômicas do país no período compreendido entre 2009 e 2010 e de 2012 a 2013 trouxeram significativa redução na taxa de juros no

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Brasil, gerando maior acesso ao crédito e ampliando o poder de consumo de grande parte da população. Se, porém, de um lado a redução de juros trouxe maior poder de compra, por outro facilitou o endividamento daquelas pessoas que não possuem educação financeira, comprometendo grande parte de sua renda com o pagamento de prestações, juros e empréstimos (BCB, 2013).

Outro fato relevante ocorreu em abril de 2015, quando a taxa de juros já estava superando os 14% ao mês, e o Banco Central disponibilizou uma nova margem para empréstimos consignados, passando de 30 a 40%. Em consequência, muitas pessoas perderam o controle e acabaram se endividando, pois ao ter cerca da metade da renda comprometida com pagamento de empréstimos, essa pessoa está praticamente condenada ao endividamento (RIBEIRO; LARA, 2016).

O crédito fácil tem estimulado o consumo mediante a oferta de diferentes tipos de crédito, como empréstimo consignado, cheque especial, cartão de crédito, empréstimo pessoal, etc., ou seja, ao invés de a falta de dinheiro inibir o consumo, o crédito tem proporcionado às famílias continuar consumindo, mesmo que a altas taxas de juros, o que facilita o endividamento.

Costa (2002, p. 258) relaciona o endividamento com o crédito nos seguintes termos:

Na economia de endividamento, tudo se articula com o crédito. O crescimento econômico é condicionado por ele. O endividamento dos lares funciona como “meio de financiar a atividade econômica”. Segundo a cultura do endividamento, viver a crédito é um bom hábito de vida e conforto do mundo contemporâneo, o crédito não é um favor, mas um direito fácil. Direito fácil, mas perigoso. O consumidor endividado é uma engrenagem essencial, mas frágil da economia fundada sobre o crédito. (apud SILVA; SOUZA, FAJAN, 2015, p. 4).

O uso do crédito por consumidores, todavia, não pode ser considerado um mal em si mesmo, haja vista que “quando contratado em situação de estabilidade financeira e laboral, o crédito permite melhorar a acessibilidade de determinados bens e serviços, contribuindo para o aumento do bem-estar dos indivíduos e das famílias” (FRADE; MAGALHÃES, 2006, p. 25). O problema é que, ao ser ofertado de maneira explícita e facilitada em folhetos distribuídos pela cidade, pode se tornar uma grave causa de endividamento e, consequentemente, de exclusão social.

Em qualquer situação, a contratação de crédito deve sempre ser efetivada com muito critério para não se tornar um hábito e tampouco comprometer o pagamento das outras obrigações. Assim, antes de assumir um compromisso é preciso analisar se realmente a aquisição do bem ou serviço adquirido mediante a liberação do crédito faz parte de uma necessidade urgente, e se não é possível esperar até conseguir juntar o valor necessário para a sua aquisição. A facilidade de acesso ao crédito tem atuado nesse sentido e levando os consumidores a financiar as suas compras ao invés de pagá-las à vista (RASSIER, 2010).

Claro está, portanto, que o crédito abundante dos últimos anos aumentou o nível de endividamento das famílias brasileiras. Dados do Instituto de pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), de 2013, revelam que 37,7% das famílias não possuem condições de pagar as suas dívidas, fruto, muitas vezes, de compras realizadas pelo

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impulso, sem necessidade e sem avaliar a possibilidade de pagamento (ORIENTE; LIMA; RIBEIRO, 2015).

Já o Relatório de Estabilidade Financeira (REF), publicado semestralmente pelo Bacen (2014), apresentou o índice de endividamento das famílias relativo a 2013, e revelou que este se manteve em 45,5%. A pesquisa confirma que naquele período houve um crescimento no nível de endividamento das famílias com as dívidas bancárias, pois em julho de 2011 o índice estava em 41,3% e em julho de 2005, estava um pouco acima de 20%.

Ribeiro e Lara (2016) afirmam que esse crescente endividamento tem ocorrido, principalmente, em função da disponibilização dos seguintes produtos e serviços financeiros: cartão de crédito (corresponde à maior parcela de endividados), crédito consignado (facilitou o acesso ao crédito de funcionários públicos, aposentados e pensionistas), crédito imobiliário (principalmente os recursos disponíveis para o programa Minha Casa, Minha Vida), e o crédito para compra de automóveis (expansão do setor automotivo). Serviços financeiros como cheque pré-datado, cheque especial e carnês do comércio também são fatores importantes no endividamento das famílias, contudo, as modalidades relatadas anteriormente têm se destacado como mais abrangentes.

Apesar de o crédito imobiliário ter sido destinado a assalariados de até três salários mínimos a partir de 2004 (em 2002 eram necessários rendimentos superiores a cinco salários mínimos), o cartão de crédito ainda se constitui no maior vilão do endividamento das famílias brasileiras. Em 1987, para se adquirir um cartão de crédito, era necessária a comprovação de renda de, pelo menos, cinco salários mínimos. Passados dez anos já era possível ter um cartão de crédito com renda mensal de R$ 200,00. Em 2000 eram 5 milhões de trabalhadores com cartão de crédito e renda mensal de até R$ 500,00, e em 2007 esse número já ultrapassava 15 milhões de trabalhadores (RIBEIRO; LARA, 2016).

Segundo Krüger (2014), o cartão de crédito se destaca em primeiro lugar entre as pessoas que afirmam estar endividadas, representando 76,7%; em segundo lugar consta o carnê, citado por 15,7% das famílias endividadas; e, em terceiro lugar está o crédito pessoal, com 10,3%

Dados da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), da Confederação Nacional do Comércio de Bens e Serviços (CNC), revelam que em 2015, 73,4% das famílias estavam endividadas com algum tipo de crédito. Além dos cartões de crédito a pesquisa apontava que 18,2% das famílias tinham dívidas nos carnês do comércio, e 14,4% estavam endividadas com financiamentos de automóveis. No geral, 59,6% das famílias brasileiras se encontram endividadas, dentre as quais 17,2% estavam com contas atrasadas e 6,2% inadimplentes, ou seja, tinham contas com atraso superior a 90 dias e sem condições de pagá-las.

Outras instituições especializadas em análise do crédito, a exemplo do Serasa Experian, revelam que em 2014 houve um registro de 57 milhões de pessoas com dívidas em atraso no Brasil, cujo número é crescente desde 2012. No final de 2017, o percentual de endividados no Brasil chegou a 62,2%, contra 59% no mesmo período de 2016 (PEIC/CNC, 2018).

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Outros dados da mesma pesquisa revelam que em dezembro de 2017, 25,7% das famílias brasileiras estavam inadimplentes, contra 24% do mesmo mês de 2016, enquanto que o percentual de famílias que não tinham condições de pagar as suas contas em atraso ficou em 9,7%, contra os 9,1% do período anterior, mostrando novamente que o endividamento das famílias cresce a cada ano. Um dado importante dessa pesquisa é que para 76,7% das famílias endividadas, o cartão de crédito segue se mantendo como a principal forma de endividamento, seguido dos carnês do comércio (17,5%) e 10,9% dos financiamentos de carros (PEIC/CNC, 2018).

A mesma pesquisa (PEIC/CNC, 2018) também mostrou que as contas de mais de 60% dos indivíduos inadimplentes ultrapassam o total dos seus rendimentos mensais, o que significa que aproximadamente 30 milhões de brasileiros possivelmente vão comprometer toda a sua renda num futuro próximo, ficando numa total situação de inadimplência e de exclusão. Outro dado dessa mesma pesquisa afirma que 53% dos inadimplentes já possuem pelo menos duas dívidas não honradas, ou seja, as dívidas vão se avolumando numa espécie de “bola de neve”, dando poucas chances de o indivíduo se recuperar. Enquanto isso, pesquisa do Serasa Experian expressa que 40% do total de 144 milhões de brasileiros na faixa etária acima de 18 anos estão endividados.

Os gráficos a seguir permitem visualizar a situação de endividamento das famílias brasileiras, bem como de inadimplência, quando as pessoas endividadas não possuem condições de pagar as suas dívidas.

Gráfico 1. Grau de endividamento das famílias brasileiras (em 2017)

Fonte: PEIC/CNC (2018).

A inadimplência também aumentou em 2017, passando de 24,2% do ano anterior para 25,4% em 2017. Assim, o percentual de pessoas que declararam não ter condições de pagar as contas em atraso aumentou 1,1% em relação ao ano anterior (PEIC/CNC, 2018).

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Gráfico 2. Percentual de pessoas que não têm condições de pagar as suas dívidas (2017)

Fonte: PEIC/CNC (2017).

Deduz-se daí que a falta de reserva para garantir a sobrevivência da família em

épocas de crise e a dificuldade em reduzir os gastos podem comprometer o orçamento familiar. O recomendado é que a pessoa tenha reserva financeira equivalente a três ou seis meses de salário, o que vai solucionar fatos inesperados, como demissão do emprego, batida do carro, uma doença, etc. (KRÜGER, 2014).

Aliado a isso, vive-se hoje numa cultura de consumo exacerbado, em que as pessoas associam felicidade e posição social com a aquisição de bens e serviços, mesmo sem necessidade. O parcelamento do cartão de crédito e o cheque especial ainda são os grandes vilões do endividamento das famílias brasileiras. Essas dívidas devem ser evitadas pois os juros são muito altos. O cartão de crédito e o cheque especial são ferramentas que disponibilizam crédito fácil e, por essa razão, muitas vezes são usados em compras não planejadas e tampouco necessárias.

1.2 Educação Financeira

Em razão do aumento do índice de endividamento das famílias nos últimos anos tornou-se urgente que as pessoas sejam educadas para que compreendam que as finanças pessoais podem interferir na relação familiar. A Educação Financeira surgiu para auxiliar as famílias a controlarem os seus gastos, pois segundo o IBGE (2015), 64% das famílias gastam mais do que ganham, ou seja, fecham o mês no vermelho, o que acontece por simples falta de Educação Financeira. A Educação Financeira é compreendida hoje como “[...] a mais recente inovação em busca de aprimoramento dos produtos financeiros e contenção dos riscos de crises sociais” (RIBEIRO; LARA, 2016, p. 344).

Apesar disso, a Educação Financeira ainda não faz parte do currículo das escolas, tampouco é ensinada nas famílias brasileiras, o que comprova uma pobreza cultural quanto aos conceitos básicos sobre economia e finanças, contribuindo para a formação de “analfabetos financeiros, sem conhecimento de como o dinheiro funciona [...]. Não estão preparados para enfrentar o mundo que os espera, um mundo que dá mais ênfase à despesa do que à poupança” (KIYOSAKI;

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LECHTER, 2000, p. 13). Para os autores, os fundamentos financeiros deveriam ser ensinados às crianças nos primeiros anos escolares, já que é um assunto que fará parte de toda a sua vida, e poderá lhes proporcionar saúde financeira, equilíbrio e tranquilidade.

A educação financeira nas escolas já foi incentivada pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), segundo a qual “a educação financeira deve começar na escola, porém não existe a obrigatoriedade de ensinar finanças no sistema de ensino brasileiro” (SAVOIA et al., 2007, p. 1134).

O Governo Federal brasileiro, por meio da promulgação do Decreto n° 7.397, de 22 de dezembro de 2010, instituiu a Estratégia Nacional de Educação Financeira (ENEF) com o objetivo de erradicar o analfabetismo sobre educação financeira no país, e “promover a educação financeira e previdenciária, contribuindo para o fortalecimento da cidadania, a eficiência e a solidez do sistema financeiro nacional e a tomada de decisões conscientes por parte dos consumidores” (BRASIL, 2010).

O referido Decreto enuncia uma Política de Estado, cujo objetivo é

Promover e fomentar uma cultura de educação financeira no país; ampliar a compreensão dos cidadãos para que possam fazer escolhas bem informadas sobre a gestão de seus recursos; contribuir para a eficiência e solidez dos mercados financeiro, de capitais, de seguros e de fundos de previdência. (BACEN, 2014, p. 11).

Para Silva, Souza e Fajan (2015, p. 3), contudo, “a ideia não é criar uma disciplina específica e sim integrar o assunto ao currículo normal das escolas. Calcula-se, porém, que serão ao menos dez anos para consolidar o tema nas escolas”. Depreende-se, portanto, que o Ministério da Educação apenas favoreça um processo de aprendizagem que vise o desenvolvimento de competências que auxiliem a inserir os estudantes na vida adulta mediante o incentivo ao raciocínio e a capacidade de aprender.

Para a Organização de Cooperação e Desenvolvimento (OCDE, 2005),

A educação financeira é o processo pelo qual consumidores e investidores melhoram sua compreensão sobre conceitos e produtos financeiros e, por meio de informação, instrução e orientação objetiva, desenvolvem habilidades e adquirem confiança para se tornarem mais conscientes das oportunidades e dos riscos financeiros, para fazerem escolhas bem informadas e saberem onde procurar ajuda ao adotarem outras ações efetivas que melhorem o seu bem-estar e a sua proteção. (apud ORIENTE; LIMA; RIBEIRO, 2015).

A pesquisadora Glória Maria Garcia Pereira (2003, p. 220) afirma em sua obra

A energia do dinheiro: como fazer dinheiro e desfrutar dele, que a

Educação financeira é o processo de desenvolvimento da capacidade integral do ser humano para tomada de decisões, tornar-se autossustentável e viver bem física, emocional, intelectual, social e espiritualmente. Educação financeira não é o conhecimento do mercado financeiro, com todos os seus jargões, produtos, taxas e riscos, mas um

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certo conhecimento torna-se indispensável, como alfabetização financeira para o século XXI, da inclusão digital, do dinheiro eletrônico, sem fronteiras. (apud CRUZ NETO; FUENTES; BARBOZA, 2017).

D’Aquino (2013 apud ORIENTE; LIMA; RIBEIRO, 2015) complementa que a Educação Financeira não deve ser confundida com o ensino de técnicas ou formas de bem administrar dinheiro. Ela visa, porém, criar uma mentalidade sadia em relação ao dinheiro, que deve ser usado com cautela e responsabilidade a fim de evitar o endividamento irresponsável.

Em abril de 2012, o Banco Mundial já havia se reunido com representantes da Secretaria de Assuntos Estratégicos (SAE) para manifestar preocupação com a pobreza no Brasil e a forma como a população lida com o consumo e o consequente endividamento. Ficou claro na ocasião, que “no Brasil, o comprometimento do orçamento das famílias com as dívidas tem aumentado, sobretudo, em função da falsa percepção sobre as vantagens do parcelamento das compras. Muitos consumidores não percebem os altos juros que estão embutidos nas prestações” (BRASIL, 2012).

O referido Portal do Brasil (BRASIL, 2012) noticiou, inclusive, que ao comparar a situação do Brasil com os demais países da América Latina, percebe-se que esses são mais cautelosos com relação ao consumo exacerbado e ao endividamento, principalmente em épocas de baixo crescimento.

O orçamento, segundo o Banco Central do Brasil (BCB, 2013), constitui-se numa importante ferramenta de análise e controle da vida financeira, pois ajuda a definir prioridades, ou seja, auxilia a conhecer a realidade financeira, a escolher projetos, a fazer planejamento financeiro, a definir prioridades, a identificar e entender hábitos de consumo, a organizar a vida financeira e patrimonial, a administrar imprevistos e a consumir de forma contínua. Suplicy (2000) observa que os indivíduos mais pobres poupam pouco e são frequentes devedores, obrigados a pagar altas taxas de juros, o que faz com que permaneçam nessa faixa econômica, constantemente preocupados e negativados.

É importante compreender que as receitas devem sempre ser superiores às despesas, o que permite ao indivíduo fazer uma poupança e investir as sobras financeiras para eventuais emergências, ou para realizar sonhos, preparar a aposentaria, etc. O orçamento, nesse sentido, auxilia na formação de um consumidor consciente, que utiliza o crédito de forma responsável, evitando o endividamento e a inadimplência.

2 PERCURSO METODOLÓGICO

O estudo constitui-se numa pesquisa qualitativa e quantitativa, de cunho bibliográfico, documental, descritivo, exploratório e de estudo de caso. Segundo Rodrigues (2007), a pesquisa qualitativa possui características descritivas, enquanto que a pesquisa quantitativa é traduzida em números, os quais são analisados à luz da teoria. O presente estudo busca compreender o comportamento e a gestão financeira de um conjunto de famílias brasileiras com relação às possibilidades de consumo e crédito facilitado.

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Quanto aos procedimentos técnicos, a pesquisa é bibliográfica e documental pois utiliza livros, periódicos e outros textos publicados sobre o tema. Para Vergara (2000, p. 112), a pesquisa bibliográfica “é o estudo sistematizado desenvolvido com base em material publicado em livros, revistas, jornais, redes eletrônicas. Fornece instrumental analítico para qualquer outro tipo de pesquisa, mas também pode esgotar-se em si mesma”. No presente estudo busca-se confrontar a literatura com os motivos que levaram ao endividamento dos acadêmicos e seus familiares, relatados mediante o instrumento de pesquisa (em anexo).

O estudo também se caracteriza como descritivo, pois para Gil (2006), descreve as características de determinada população, envolvendo o uso de técnicas padronizadas de coleta de dados, a exemplo do questionário. Constitui-se, também, como pesquisa exploratória, pois segundo Marconi e Lakatos (2003, p. 188),

[...] as pesquisas exploratórias são compreendidas como investigações de pesquisa empírica cujo objetivo é a formulação de questões ou de um problema, com tripla finalidade: desenvolver hipóteses, aumentar a familiaridade do pesquisador com um ambiente, fato ou fenômeno para a realização de uma pesquisa futura mais precisa ou modificar e clarificar conceitos.

O universo da pesquisa foi constituído por 60 acadêmicos que cursam o Mestrado em Desenvolvimento da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul neste ano de 2018, e seus respectivos familiares, dos quais foi selecionada uma amostra de 15 acadêmicos que estão em situação de endividamento.

A pesquisa de campo e a respectiva coleta de dados foi realizada durante o mês de abril de 2018, a partir da aplicação de instrumento com questões abertas e fechadas (em anexo) que permitiram compreender o grau de endividamento dos entrevistados. Os questionários foram impressos e entregues diretamente pela pesquisadora aos acadêmicos respondentes, que tiveram um tempo estipulado de dois dias para o seu preenchimento e devolução. Para tanto, a pesquisadora voltou às respectivas salas de aula para o recolhimento dos questionários.

3 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Este capítulo apresenta o resultado da aplicação de um questionário a alunos e seus familiares do curso de Mestrado e Doutorado em Desenvolvimento da Unijuí, e visa compreender o seu comportamento e gestão financeira com relação às possibilidades de consumo e crédito facilitado.

Do universo de alunos previamente selecionados responderam ao questionário um total de 15 alunos, composto por 10 mulheres (67%) e cinco homens (33%), confirmando a expressiva participação feminina no mercado de trabalho e em cursos de formação superior – Mestrado e Doutorado (Gráfico 3).

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Gráfico 3. Distribuição dos participantes de acordo com o sexo

Fonte: dados da pesquisa (2018).

Com relação à idade dos participantes, constatou-se que a maior concentração de alunos está na faixa etária que vai dos 31 a 40 anos de idade (40%), seguida de 41 a 50 anos de idade (33%) (Gráfico 4):

Gráfico 4. Distribuição dos participantes segundo a idade

Fonte: dados da pesquisa (2018).

Quanto ao número de familiares que convivem com cada aluno percebe-se que famílias com três integrantes são as mais expressivas (53%), seguidas das que possuem dois integrantes (27%) (Gráfico 5).

Isso denota que, atualmente, a maior parte das famílias é formada pelo pai, mãe e apenas um filho e, por vezes, os casais optam por não ter filhos, ficando a família integrada apenas pelo casal. Esta é a nova característica das famílias observada nos últimos anos, reflexo da mudança estrutural dos grupos familiares (IBGE, 2010). 67% 33% Feminino Masculino 7% 40% 33% 20% Até 30 anos de 31 a 40 anos De 41 a 50 anos Acima de 51 anos

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Gráfico 5. Distribuição dos participantes segundo o número de integrantes que compõem as suas famílias

Fonte: dados da pesquisa (2018).

Considerando o estado civil dos indivíduos entrevistados, tem-se que a maioria (66%) é casada, seguida dos solteiros (20%) (Gráfico 6), o que denota que a instituição do casamento ainda possui grande representatividade no meio familiar.

Gráfico 6. Distribuição dos participantes de acordo com o seu estado civil

Fonte: dados da pesquisa (2018).

Buscou-se conhecer, também, a classe econômica a que pertencia cada aluno e sua respectiva família. Assim, constatou-se que a maioria (46%) pertence à classe C, ou seja, tem uma renda mensal de 4 a 10 SM. Em seguida estão os indivíduos pertencentes à classe B, que têm uma renda mensal que vai de 10 a 20 SM (Gráfico 7). Os dados confirmam a boa situação econômica dos participantes do curso de Mestrado e Doutorado em Desenvolvimento, o que favorece a sua participação no curso. 7% 27% 53% 13% 1 integrante 2 integrantes 3 integrantes 4 integrantes 66% 20% 7% 7% Casados Solteiros Viúvo União estável

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Gráfico 7. Distribuição dos participantes de acordo com a sua classe econômica

Fonte: dados da pesquisa (2018).

Após a identificação dos alunos participantes desta pesquisa, passa-se a apresentar o resultado obtido com a aplicação do questionário e a analisar as suas respostas. A primeira questão buscou saber: Qual o percentual de comprometimento

de renda mensal considerada preocupante para a manutenção de sua situação financeira equilibrada?

Dentre os respondentes, 40% responderam que comprometer até 50% da renda mensal é preocupante; já outros 40% acreditam que é muito complicado comprometer 80% da renda mensal; 13% consideram que comprometer mais de 80% da renda mensal é altamente comprometedor; e 7% não souberam responder (Gráfico 8).

Gráfico 8. Distribuição dos participantes quanto ao comprometimento da renda mensal

Fonte: dados da pesquisa (2018).

Questionados quanto às compras que planeja com antecedência e quais são realizadas por impulso, as respostas variaram mas todas tiveram como base o

7% 27% 46% 13% 7% Classe A Classe B Classe C Classe D Classe E 40% 40% 13% 7% Até 50% De 51 a 80% Acima de 80% Não souberam responder

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planejamento de despesas com aquisição de bens duráveis e a compra por impulso dos itens de uso pessoal e alimentação.

– Planejamento com antecedência: passagens aéreas e despesas com

férias; compras por impulso: objetos de uso pessoal, como relógio e tênis;

– Antecedência: bens e ações de alto valor, como imóveis, móveis, bens

duráveis e viagens de férias; Impulso: bens e ações de baixo valor, como roupas, utensílios domésticos e lazer;

– Planejo as necessidades a longo prazo, como reformas, aquisições,

impostos, e também os básicos, como aquisição de uniforme, material escolar. As por impulso acontecem na alimentação fora de casa [...].

– Não planejo compras, compro de acordo com a necessidade.

– Grande maioria planejada com antecedência e organizada conforme

prioridades. Somente imprevistos são adquiridos por impulso ou presentes para a minha filha.

– Todas as minhas empresas são planejadas e programadas. – Todas, não realizo compras por impulso

– Imóveis e carros com maior antecedência; por impulso apenas comida.

A partir das respostas obtidas e descritas anteriormente percebe-se que praticamente a totalidade dos participantes afirmou que planeja as suas compras e gastos com antecedência, o que leva a acreditar que tendem a evitar aquisições desnecessárias e um possível endividamento.

O cartão de crédito constitui-se numa ferramenta indispensável na atualidade, e substitui o antigo cheque e as compras em dinheiro. Entretanto, o seu uso de forma irresponsável causa preocupação e endividamento. Por essa razão questionou-se os participantes: Que percentual aproximado de suas compras são

pagas com o cartão de crédito?

A maioria (47%) dos respondentes afirmaram que utilizam o cartão de crédito para pagar até 50% de suas despesas mensais; já 33% ampliam esse percentual para até 90%, e 13% pagam praticamente a totalidade de suas despesas mensais com o cartão de crédito (Gráfico 9).

Gráfico 9. Distribuição dos participantes segundo a utilização do cartão de crédito

Fonte: dados da pesquisa (2018).

47% 33% 13% 7% Até 50% De 51 a 90% Acima de 90% Não responderam

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Segundo Krüger (2014), o cartão de crédito se destaca em primeiro lugar entre as pessoas que afirmam estar endividadas, contudo, não pode ser considerado um mal em si mesmo, haja vista que “quando contratado em situação de estabilidade financeira e laboral, o crédito permite melhorar a acessibilidade de determinados bens e serviços, contribuindo para o aumento do bem-estar dos indivíduos e das famílias” (FRADE; MAGALHÃES, 2006, p. 25).

A facilidade de crédito oferecido pelo cartão de crédito, contudo, pode ocasionar dificuldades no pagamento da sua fatura mensal, fazendo com que muitos usuários necessitem fazer o seu pagamento parcelado, o que é considerado uma porta de entrada para o endividamento. A esse respeito questionou-se os participantes da pesquisa: Você paga sempre o valor integral da fatura do cartão ou

costuma pagar um valor parcial, a partir do pagamento mínimo exigido?

A maioria dos respondentes (86%) afirmou que paga sempre o valor integral e apenas 7% afirmaram que fazem pagamento parcial e 7% disseram que “depende

da situação”. Isso confirma uma constatação anterior de que o grupo de indivíduos

pesquisados são conscientes do risco de endividamento e optam por maneiras de evitá-lo.

A respeito das formas de evitar o endividamento e manter as contas e despesas sob controle, a questão seguinte questionou: Você faz algum controle

formal de suas despesas e receitas mensais? Como você faz esse controle? Com

exceção de 13% dos respondentes, todos os demais afirmam que realizam esse controle:

– Tenho um sistema de gestão de finanças pessoal, feito no Excel, com

gráficos de tipos de gestão e também faço conciliação bancária.

– Planejo um valor de poupança mensal, a partir disso, no fim do mês, ao

quitar todas as despesas, verifico se sobrou o valor estimado.

– Sim, fluxo de caixa.

– Planilha de controle simples em aplicativo.

– Sim, planilha do Excel. Lanço cada despesa pois trabalho com dinheiro

em espécie e preciso registrar para saber onde gastei.

– Sim, faço através de uma planilha do Excel na qual lanço todas as

despesas decorrentes durante o mês.

– Sim, anoto na agenda.

– Utilizo um aplicativo de celular ara lançamentos. Todo o gasto é

lançado.

As respostas acima confirmam a importância do controle de gastos para evitar o endividamento, e também reforçam o grau de consciência do grupo analisado. A pesquisa também buscou saber se, além do controle de gastos os participantes da pesquisa fazem algum tipo de economia para gastos emergenciais: Você mantém

recursos de reserva para gastos emergenciais? Se positivo, como você aplica esses valores?

Todos os participantes afirmam que é fundamental manter um fundo de reserva para momentos emergenciais, entretanto, apenas 60% consegue destinar uma parte dos seus salários para uma poupança, enquanto que 40% ainda não conseguem fazê-lo, tendo em vista as despesas com filhos e educação e os recursos limitados (Gráfico 10).

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Gráfico 10. Distribuição dos participantes quanto à manutenção de recursos de reserva para gastos emergenciais

Fonte: dados da pesquisa (2018).

Entre os respondentes que afirmaram de forma positiva encontrou-se as seguintes formas de aplicação:

– Mantenho recursos de reserva sempre, aplico onde estiver rendendo

mais e que possa usá-lo quando necessito, geralmente CDA e CDI.

– Sim, aplicamos no giro da empresa, pois nossa empresa tem giro

rápido.

– Sim, LCI e outras aplicações.

– Claro que tenho reservas e aplico parte no mútuo da Unijuí, parte em

poupança, previdência e fundos BB, CEF e Sicredi.

– Tenho uma conta poupança onde eventualmente faço depósitos [...]. – Sim, sempre procuramos reservar uma quantia para gastos

emergenciais dos salários que recebemos.

Isso leva a compreender que é importante que as receitas sejam sempre superiores às despesas, o que permite ao indivíduo fazer uma poupança e investir as sobras financeiras para eventuais emergências, ou para realizar sonhos, preparar a aposentaria, etc. Suplicy (2000) observa nesse sentido que os indivíduos que não conseguem poupar correm o risco de serem devedores, e são obrigados a pagar altas taxas de juros, o que faz com que permaneçam constantemente preocupados e negativados.

A falta de uma reserva para garantir a sobrevivência da família em épocas de

crise e a dificuldade em reduzir os gastos podem comprometer o orçamento familiar. O recomendado é que a pessoa tenha uma reserva financeira equivalente a três ou seis meses de salário, o que vai solucionar um fato inesperado, como a demissão do emprego, a batida do carro, uma doença, etc. (KRÜGER, 2014).

A questão seguinte procurou saber dos participantes a despesa que atinge o

orçamento da sua família com mais impacto, cujas respostas variaram entre

educação, aquisição de imóveis, saúde, aluguel, alimentação, entre outras.

60% 40%

Sim Não

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– Despesas com educação.

– Investimento em imóvel residencial. – Mensalidades escolares.

– Contas fixas, alimentação e manutenção de cursos. – Impostos municipais.

– Hoje é a mensalidade do doutorado.

– Farmácia, supermercado, plano de saúde, financiamento da casa.

Definir prioridades dos gastos constitui-se, portanto, numa importante forma de controlar a vida financeira, pois auxilia a conhecer a realidade financeira da família, a escolher projetos, a fazer planejamento financeiro, a definir prioridades, a identificar e entender hábitos de consumo, a organizar a vida financeira e patrimonial, a administrar imprevistos e a consumir de forma contínua (BCB, 2013).

Questionados sobre a possibilidade de suas finanças estarem sob controle ou

apresentarem algum grau de desequilíbrio em sua gestão, quase a totalidade dos

participantes (87%) afirmaram que se encontram numa situação de equilíbrio em relação às finanças, e apenas 13% responderam que há um grau de desequilíbrio

em função de gastos necessários não previstos.

Entre os participantes que se encontram numa situação de equilíbrio financeiro encontrou-se as seguintes afirmações:

– Minhas finanças estão sob controle, mas sem rigidez e preocupação em

ampliar o capital.

– Sim, até o momento estão sob controle, porém, vejo ainda a

necessidade de anotar as pequenas coisas pois poderá economizar um pouco mais.

– Estão sob controle, somos bem organizados e procuramos sempre

planejar gastos maiores.

– Estão sob controle mas este controle é bem delicado.

– Acredito que estão sob controle, com despesas e investimentos

planejados, assim como a renda.

– Sim, sob controle. – Totalmente sob controle.

Isso confirma o entendimento de Kiyosaki e Lechter (2000, p. 13) para quem “os fundamentos financeiros deveriam ser ensinados às já crianças nos primeiros anos escolares”, já que é um assunto que fará parte de toda a sua vida, e poderá lhes proporcionar saúde financeira, equilíbrio e tranquilidade.

Numa situação de desequilíbrio financeiro e em casos emergenciais as pessoas precisam dispor do cheque especial, cujos juros têm girado em torno de 324,7% ao ano, segundo a Agência Brasil (2018). A respeito de sua utilização questionou-se: Nos últimos doze meses, quantas vezes você utilizou o cheque

especial? Se utilizou, qual foi o motivo?

Nesta questão as respostas praticamente se igualaram, pois 53% dos participantes afirmaram que não utilizaram o cheque especial, enquanto que 47% fizeram uso dessa modalidade de crédito (Gráfico 11). Entretanto, a sua utilização foi justificada da seguinte forma:

– Uma vez por um prazo muito curto devido a imprevisto que não

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– Duas vezes por motivo da reforma que fiz e que excedeu o orçamento e

ao mesmo tempo tive queda na minha remuneração variável.

– Duas vezes mas o valor era pequeno e poucos dias então não me

preocupei em fazer o empréstimo.

– Utilizei três vezes com duração de dois a cinco dias em função de

atraso de valores a receber.

– Doze vezes para pagamento de despesas mensais. – Duas vezes para reforma da casa.

– Em torno de cinco vezes com gastos extras com viagens para

congresso, pagamento de IPVA, seguro do carro, construção, etc.

Gráfico 11. Distribuição dos participantes em relação à utilização do cheque especial

Fonte: dados da pesquisa (2018).

Segundo Rassier (2010), a contratação de crédito deve sempre ser efetivada com muito critério para não se tornar um hábito e tampouco comprometer o pagamento das outras obrigações. Assim, antes de assumir um compromisso é preciso analisar se realmente a aquisição do bem ou serviço adquirido mediante a liberação do crédito faz parte de uma necessidade urgente, e se não é possível esperar até conseguir juntar o valor necessário para a sua aquisição.

Existem, contudo, alguns fatores que contribuem para o endividamento das famílias. Nesse sentido, questionou-se os participantes sobre principais fatores que

levam uma pessoa a fragilizar o controle de suas finanças pessoais e se endividar e

obteve-se as mais diversas justificativas:

– Falta de controle, conhecimento das ferramentas simples e ajustes que

deveriam ser feitos na família antes de se estender as coisas.

– Compras por impulso e uso excessivo do crédito.

– Pelo impulso de consumir ou por uma situação pontual de doença. – Gastos com saúde, financiamentos, uso corriqueiro do limite do cartão

de crédito, cheque especial, etc.

– Falta de disciplina e paciência para manter o controle assim como a

falta de objetivos claros a serem atingidos no curto, médio e longo prazo, o que acaba gerando as despesas por impulso.

– A falta de planejamento.

– Falta de controle dos gastos, não planejar os gastos futuros mesmo

sabendo que virão (impostos, por exemplo), não pagamento total da fatura do cartão de crédito [...].

47%

53% Sim

(22)

As respostas dos participantes reforçam com unanimidade que a falta de planejamento e de controle são a grande responsável pelo endividamento das famílias e reforça o que diz Giancoli (2008), ou seja, que a falta de administração financeira leva ao consumo desenfreado e irresponsável, fazendo com que as pessoas passem a gastar mais do que ganham sob o pretexto de fazerem parte de uma sociedade de consumo, onde o “ter” é mais importante do que o “ser”. Seguindo nessa esteira as pessoas acabam num estado de inadimplência e consequente endividamento.

Algumas situações, contudo, justificam o endividamento. Nesse sentido perguntou-se aos participantes: No seu entendimento, em quais situações seria

justificável uma pessoa se endividar? Quais seriam os parâmetros aceitáveis em relação à renda mensal? A maioria dos entrevistados (46%) afirmou que não deveria

haver um comprometimento superior a 30% da renda mensal, e relataram quais seriam os motivos para um suposto endividamento:

– Acredito que em situações não esperadas, como doenças ou acidentes

[...] em torno de 30% da receita seria aceitável.

– Saúde seria uma situação mas se passar de 30% da renda os riscos

ficam mais evidentes.

– Por uma situação de doença ou pela necessidade de adquirir algo que,

posteriormente, terá maior valor agregado do que o endividamento atual.

– Gastos com saúde, compra da casa própria até um patamar de 30% da

renda mensal.

– Apenas casos de financiamentos de bens duráveis, em que não há a

possibilidade de pagamento à vista (carro, casa), porém com o comprometimento dos pagamentos dos valores mensais financiados até o momento da quitação.

Estudos como o de Zerrenner (2007) revelam que o endividamento das famílias vem crescendo muito nos últimos anos. A ligação entre o uso do crédito e o endividamento, contudo, ainda seguem indeterminadas. Sabe-se, porém, que a Educação Financeira é uma ferramenta que pode auxiliar a mudar esse cenário, e orientar o consumidor a mudar o seu comportamento em relação aos seus gastos, administrando melhor as suas necessidades a fim de que tenha mais segurança em suas compras.

A questão final solicitou que os participantes mencionassem cinco

características que na sua percepção caracterizam pessoas que dificilmente perdem o controle financeiro de suas finanças pessoais. Dentre as respostas prevaleceram,

entre outras, as seguintes características: organizado, planejador, conservador, controlador, esforçado, equilibrado emocionalmente, realista, ponderado, calmo, etc. Alguns participantes preferiram explicar melhor essas características:

– Pessoas que sabem a diferença entre gastar e investir; [...] que gastam

menos do que recebem; que tiveram educação financeira no passado.

– Gastam menos do que ganham; não abrem mão de fazer mensalmente

uma reserva para eventualidade; não compram por impulso; não utilizam o crédito de forma irresponsável.

– Pessoas que planejam seus gastos, calculam os seus custos mensais,

são determinadas, buscam estabilidade financeira a longo prazo e evitam gastos desnecessários.

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– Planejam o futuro, têm foco nos objetivos de curto, médio e longo prazo,

são disciplinados, pacientes e organizador

As respostas à questão final deste estudo permitem compreender que para o grupo analisado a falta de planejamento e de controle é a principal causa de endividamento. E que pessoas que tiveram acesso à educação financeira dificilmente vão se encontrar em situações de endividamento e de inadimplência.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este estudo teve como objetivo principal analisar o comportamento e a gestão financeira de um conjunto de famílias brasileiras em relação às possibilidades de consumo, de crédito facilitado e de endividamento. Para tanto, selecionou-se uma amostra de 15 acadêmicos e seus familiares de um universo de 60 discentes do curso de Mestrado e Doutorado em Desenvolvimento da Unijuí, sendo 10 mulheres e 5 homens, com idades entre 23 e 70 anos, pertencentes às classes econômicas A, B, C, D e E.

A pesquisa contou com a aplicação de um questionário composto de 12 questões subjetivas, cujas respostas foram apresentadas e analisadas ao longo do estudo, e revelaram diferentes percepções quanto à questão do endividamento. Inquiridos sobre a possibilidade de planejarem seus gastos ou de comprarem por impulso, todos foram unânimes em afirmar que planejam despesas com aquisição de bens duráveis enquanto que a compra de itens pessoais e de alimentos é feita por impulso.

A respeito do uso do cartão de crédito, 47% afirmam que o utilizam para pagar a maior parte de suas despesas mensais; 87% afirmam que pagam o valor integral da fatura mensal; 87% disseram que fazem o controle mensal de gastos mediante o uso de planilhas e de fluxo de caixa; 60% destinam parte da renda mensal como reserva para momentos emergenciais.

Os respondentes também afirmam que despesas com educação, aluguel, alimentação e saúde estão entre as contas que mais pesam no orçamento das famílias; 87% estão com as finanças equilibradas; 53% não utilizam o cheque especial e 47% fizeram uso dele no último ano em situações pontuais.

Todos são unânimes, porém, que a falta de planejamento e de controle é o principal motivo para uma família se endividar. Vale ressaltar que os entrevistados são pessoas esclarecidas e conscientes da importância de um planejamento e controle das contas, e dos perigos do uso excessivo e irresponsável do cartão de crédito. A Educação Financeira é lembrada por alguns participantes como uma importante ferramenta para auxiliar na conscientização e, consequentemente, para ter uma vida financeira tranquila.

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(27)

INSTRUMENTO DE PESQUISA

QUESTIONÁRIO APLICADO AOS ACADÊMICOS DO CURSO DE MESTRADO E DOUTORADO EM DESENVOLVIMENTO

Dados socioeconômicos do acadêmico: Sexo: ( ) Masculino ( ) Feminino

Idade: _____________________________________________ Estado civil: _________________________________________ Número de pessoas na família: __________________________

Classe socioeconômica: ( ) A ( ) B ( ) C ( ) D ( ) E A – 20 SM (+ R$ 18.741,01) B – 10 a 20 SM (R$ 9.370,01 a 18.740,00) C – 4 a 10 SM (R$ 3.748,01 a 9.370,00) D – 2 a 4 SM (1.874,01 a 3.748,00) E – até 2 SM (até R$ 1.874,00) Entrevista:

1) Qual percentual de comprometimento da renda mensal você considera preocupante?

2) Quais compras você planeja com antecedência e quais são realizadas por impulso?

3) Que percentual aproximado de suas compras são pagas com o cartão de crédito?

4) Você paga sempre o valor integral da fatura do cartão ou costuma pagar um valor parcial, a partir do pagamento mínimo exigido?

5) Você faz algum controle formal de suas despesas e receitas mensais? Como você faz esse controle?

6) Você mantém recursos de reserva para gastos emergenciais? Se positivo, como você aplica esses valores?

7) Qual despesa atinge o orçamento da sua família com mais impacto?

8) Você acredita que suas finanças estão sob controle ou há algum grau de desequilíbrio em sua gestão?

9) Nos últimos doze meses, quantas vezes você utilizou o cheque especial? Se utilizou, qual foi o motivo?

10) No seu entendimento, quais são os principais fatores que levam uma pessoa a fragilizar o controle de suas finanças pessoas e se endividar?

11) No seu entendimento, em quais situações seria justificável uma pessoa se endividar? Quais seriam os parâmetros aceitáveis em relação à renda mensal? 12) Mencione cinco características que, no seu entendimento, caracterizam pessoas que dificilmente perdem o controle financeiro de suas finanças pessoais.

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