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Comércio Internacional, Inovação e Indústria Química: análise de países selecionados

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO SOCIOECONÔMICO

DEPARTAMENTO DE ECONOMIA E RELAÇÕES INTERNACIONAIS CIÊNCIAS ECONÔMICAS

Gabriel Faria da Cunha Maciel

Comércio Internacional, Inovação e Indústria Química: Análise de países selecionados

Florianópolis 2020

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Gabriel Faria da Cunha Maciel

Comércio Internacional, Inovação e Indústria Química: Análise de países selecionados

Trabalho de Conclusão do Curso de Graduação em Ciências econômicas da Universidade Federal de Santa Catarina como requisito obrigatório para a obtenção do grau de bacharelado.

Orientador: Prof. Dr. Gilson Geraldino

Florianópolis 2020

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Gabriel Faria da Cunha Maciel

Comércio Internacional, Inovação e Indústria Química: Análise de países selecionados

Florianópolis, 28 de Setembro de 2020.

O presente Trabalho de Conclusão de Curso foi avaliado e aprovado pela banca examinadora composta pelos seguintes membros:

Prof. Dr. Gilson Geraldino da Silva Júnior UFSC

Prof. Dr. Fred Leite Siqueira Campos UFSC

Prof. Dr. Luiz Carlos de Carvalho Júnior UFSC

Certifico que esta é a versão original e final do Trabalho de Conclusão de Curso que foi julgado adequado para obtenção do título de Bacharel em Economia por mim e pelos demais membros da banca examinadora.

____________________________ Prof. Dr. Gilson Geraldino da Silva Júnior Orientador

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AGRADECIMENTOS

Por toda ajuda, pelos ensinamentos em Economia Internacional, pela oportunidade de trabalhar em um projeto de iniciação científica e por me orientar no tema por mim escolhido para esta monografia, minha gratidão ao Prof. Dr. Gilson Geraldino da Silva Júnior.

Por seus ensinamentos em Microeconomia, pela oportunidade de participar de um grupo de pesquisa e trabalhar em um artigo acadêmico, meu reconhecimento ao Prof. Dr. Fred Leite Siqueira Campos.

Grato aos colegas do Núcleo Interdisciplinar de Estudos em gestão da Produção e Custos (NIEPC) pelos ensinamentos em Administração, Engenharia de Produção, Economia Industrial e sobre questões acadêmicas.

Gratidão ao Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica em parceria com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (PIBIC/CNPq) por financiar meu projeto de iniciação científica, auxiliando também nesta monografia.

Por fim, meu agradecimento a todos os familiares e amigos que, de alguma forma, contribuíram para a realização deste trabalho, em especial à Gabriela, cujo carinho e paciência foram fundamentais para o meu desempenho.

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RESUMO

A Indústria Química é caracterizada por possuir uma ampla gama de produtos, que vão desde o fornecimento de insumos para a base da produção dos bens manufaturados, até produtos de alta intensidade tecnológica. Sendo assim, o objetivo deste trabalho é analisar i) os padrões de comércio multilateral da indústria química, entre os países do Mercosul e as potências do setor – Alemanha, China e Estados Unidos – e ii) as capacidades nacionais relativas aos respectivos sistemas de inovação que possam ser relevantes para justificar o desenvolvimento da indústria química. Para atingir tal objetivo, fez-se necessário uma revisão teórica acerca de temas relacionados à economia internacional, inovação e às características intrínsecas da indústria química. Utilizou-se a base de dados do Atlas da Complexidade Econômica, para avaliar as trocas de produtos químicos entre os países analisados. Para avaliação da capacidade dos sistemas de inovação dos respectivos países, valeu-se de dados do Global Innovation Index, do Banco Mundial, e do Intelectual Property Statistics da World Intellectual Property

Organization. De forma complementar, outras fontes foram utilizadas, como o Observatory of Economic Complexity e a OCDE. Observa-se, no primeiro momento, que os países do Mercosul

não têm participação global significativa no setor. Características do sistema de inovação dos países analisados, como investimento em P&D, facilidade de se realizar operações de comércio internacional e a produção de patentes, parecem ser relevantes para o desenvolvimento das respectivas indústrias químicas. Neste contexto, observamos que a China tem apresentado a evolução mais significativa em todos os quesitos analisados e, no Mercosul, o Brasil é o que apresenta a maior evolução geral nos quesitos. Este padrão se repete na análise da tecnologia relativa à indústria química que mais se desenvolve no quesito patentes, sendo esta, “Microestruturas e Nanotecnologia”. Conclui-se que, mantendo-se os atuais ritmos de desenvolvimento das categorias que determinam o desempenho da indústria química nos países, em poucos anos, a China poderá se tornar a líder mundial no setor, enquanto os países do Mercosul necessitam de melhorias significativas nas categorias analisadas para pleitearem uma posição mais significativa no comércio global da indústria química.

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ABSTRACT

The Chemical Industry is characterized by having a wide range of products, reaching from the supply of inputs to produce manufactured goods, to products of high technological intensity. Therefore, the objective of this work is to analyze i) the multilateral trade patterns of the chemical industry, between the Mercosur countries and the powers of the sector – Germany, China and the United States of America – and ii) the national capacities related to the respective innovation systems, that may be relevant to justify the development of the chemical industry. To achieve this goal, a theoretical review on topics related to international economics, innovation and the fundamental characteristics of the chemical industry was necessary. The Atlas of Economic Complexity database was used to evaluate the exchange of chemical products between the analyzed countries. To measure the capacities of the respective countries innovation systems, data from the Global Innovation Index, the World Bank, and the Intellectual Property Statistics from the World Intellectual Property Organization were used. In addition, other sources were used, such as the Observatory of Economic Complexity and the OECD database. It was observed that the Mercosur countries do not present a significant global participation in this industry. The innovation system´s characteristics of the analyzed countries, such as R&D investments, ease of carrying out international trade operations and the production of patents, seem to be relevant to the development of their respective chemical industries. In this context, it was observed that China has presented the most significant progress in all the analyzed items and, in Mercosur, Brazil is the one that presents the greatest progress in most of the items.This pattern is repeated in the analysis of the chemical technologythat grows the most in terms of patents, this being “Microstructures and Nanotechnology”. It is concluded that, sustaining this path of development in the categories that set the performance of the chemical industry, in a few years, China may become the world leader in the sector, while the Mercosur countries need significant improvements in the analyzed categories to claim a more significant position in the global trade of the chemical industry.

Keywords: International Trade. Innovation Systems. Chemical Industry.

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1: Evolução das exportações da Indústria Química dos EUA com os países analisados Gráfico 2: Evolução das importações da Indústria Química dos EUA com os países analisados Gráfico 3: Evolução da balança comercial da Indústria Química dos EUA com os países analisados

Gráfico 4: Exportações e Importações totais da indústria química dos EUA

Gráfico 5: Evolução das exportações da Indústria Química chinesa com os países analisados Gráfico 6: Evolução das importações da Indústria Química chinesa com os países analisados Gráfico 7: Evolução da balança comercial da Indústria Química chinesa com os países analisados

Gráfico 8: Exportações e importações totais da indústria química chinesa

Gráfico 9: Evolução das exportações da Indústria Química alemã com os países analisados Gráfico 10: Evolução das importações da Indústria Química alemã com os países analisados Gráfico 11: Evolução da balança comercial da Indústria Química alemã com os países analisados

Gráfico 12: Exportações e importações totais da indústria química alemã

Gráfico 13: Evolução das exportações da Indústria Química brasileira com os países analisados Gráfico 14: Evolução das importações da Indústria Química brasileira com os países analisados Gráfico 15: Evolução da balança comercial da Indústria Química brasileira com os países analisados

Gráfico 16: Exportações e importações totais da indústria química brasileira

Gráfico 17: Evolução das exportações da Indústria Química argentina com os países analisados Gráfico 18: Evolução das importações da Indústria Química argentina com os países analisados

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Gráfico 19: Evolução da balança comercial da Indústria Química argentina com os países analisados

Gráfico 20: Exportações e importações totais da indústria química argentina

Gráfico 21: Evolução das exportações da Indústria Química paraguaia com os países analisados Gráfico 22: Evolução das importações da Indústria Química paraguaia com os países analisados

Gráfico 23: Evolução da balança comercial da Indústria Química paraguaia com os países analisados

Gráfico 24: Exportações e importações totais da indústria química paraguaia

Gráfico 25: Evolução das exportações da Indústria Química uruguaia com os países analisados Gráfico 26: Evolução das importações da Indústria Química uruguaia com os países analisados Gráfico 27: Evolução da balança comercial da Indústria Química uruguaia com os países analisados

Gráfico 28: Exportações e importações totais da indústria química uruguaia Gráfico 29: Evolução do Ranking GII

Gráfico 30: Custo Total (Exportações) Gráfico 31: Custo Total (Importações) Gráfico 32: Tempo Total (Exportações) Gráfico 33: Tempo Total (Importações) Gráfico 34: P&D em percentual do PIB

Gráfico 35: Patentes do setor químico – Potências e Mercosul Gráfico 36: Patentes do setor químico – Mercosul

Gráfico 37: Patentes “Química Orgânica fina” – Potências e Mercosul Gráfico 38: Patentes “Química Orgânica fina” – Mercosul

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Gráfico 39: Patentes “Farmacêuticos” – Potências e Mercosul Gráfico 40: Patentes “Farmacêuticos” – Mercosul

Gráfico 41: Patentes “Química Macromolecular e Polímeros” – Potências e Mercosul Gráfico 42: Patentes “Química Macromolecular e Polímeros” – Mercosul

Gráfico 43: Patentes “Química Alimentar” – Potências e Mercosul Gráfico 44: Patentes “Química Alimentar” - Mercosul

Gráfico 45: Patentes “Química de Materiais Básicos” – Potências e Mercosul Gráfico 46: Patentes “Química de Materiais Básicos” – Mercosul

Gráfico 47: Patentes “Microestruturas e nanotecnologia” – Potências e Mercosul Gráfico 48: Patentes “Microestruturas e nanotecnologia” – Mercosul

Gráfico 49: Patentes “Engenharia Química” – Potências e Mercosul Gráfico 50: Patentes “Engenharia Química” – Mercosul

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Matriz de ganhos hipotética Tabela 2: Evolução do Ranking GII Tabela 3: Custo Total (Exportações) Tabela 4: Custo Total (Importações) Tabela 5: Tempo Total (Exportações) Tabela 6: Tempo Total (Importações) Tabela 7: P&D em percentual do PIB

Tabela 8: Patentes químicas Potências por década

Tabela 9: Patentes químicas Potências por década (percentual) Tabela 10: Patentes químicas Mercosul por década

Tabela 11: Patentes químicas Mercosul por década (percentual) Tabela 12: Patentes por década Potências: “Química Orgânica fina” Tabela 13: Patentes por década Mercosul: “Química Orgânica fina Tabela 14: Patentes por década Potências: “Farmacêuticos” Tabela 15: Patentes por década Mercosul: “Farmacêuticos”

Tabela 16: Patentes por década Potências “Química Macromolecular e Polímeros” Tabela 17: Patentes por década Mercosul: “Química Macromolecular e Polímeros” Tabela 18: Patentes por década Potências: “Química Alimentar”

Tabela 19: Patentes por década Mercosul: “Química Alimentar”

Tabela 20: Patentes por década Potências “Química de Materiais básicos” Tabela 21: Patentes por década Mercosul: “Química de Materiais Básicos” Tabela 22: Patentes por década Potências: “Microestruturas e nanotecnologia”

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Tabela 23: Patentes por década Mercosul: “Microestruturas e nanotecnologia” Tabela 24: Patentes por década Potências: “Engenharia Química”

Tabela 25: Patentes por década Mercosul: “Engenharia Química” Tabela 26: Evolução absoluta e percentual das tecnologias químicas

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Economia de Escala

Figura 2: Países exportadores de produtos químicos Figura 3: Países importadores de produtos químicos Figura 4: Exportações da Indústria Química dos EUA Figura 5: Importações da indústria Química dos EUA Figura 6: Exportações da Indústria Química da China Figura 7: Importações da Indústria Química da China Figura 8: Exportações da Indústria Química da Alemanha Figura 9: Importações da Indústria Química da Alemanha Figura 10: Exportações da Indústria Química do Brasil Figura 11: Importações da Indústria Química do Brasil Figura 12: Exportações da Indústria Química da Argentina Figura 13: Importações da Indústria Química da Argentina Figura 14: Exportações da Indústria Química do Paraguai Figura 15: Importações da Indústria Química do Paraguai Figura 16: Exportações da Indústria Química do Uruguai Figura 17: Importações da Indústria Química do Uruguai

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

CMC – Conselho do Mercado Comum GII – Global Innovation Index

ISO – International Organization for Standardization LETEC – Lista de Exceção à Tarifa Externa Comum Mercosul – Mercado Comum do Sul

NAFTA – North America Free Trade Agreement NMC – Nomenclatura Comum do Sul

OCDE – Organização de Cooperação e de Desenvolvimento Económico OEC – Observatory of Economic Complexity

OMC – Organização Mundial do Comércio P&D – Pesquisa e Desenvolvimento

PIB – Produto Interno Bruto

STAN – Structural Analysis Database TEC – Tarifa Externa Comum

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO...16

1.1 TEMA E PROBLEMA DA PESQUISA...16

1.2 OBJETIVO... 17 1.2.1 Objetivo geral...17 1.2.2 Objetivo específico...17 1.3 JUSTIFICATIVA...18 1.4 METODOLOGIA...18 2 REFERENCIAL TEÓRICO...20

2.1 BLOCOS ECONÔMICOS E COMÉRCIO REGIONAL...20

2.1.1 MERCOSUL e suas particularidades...21

2.2 ECONOMIAS DE ESCALA, COMÉRCIO INTERNACIONAL E TECNOLOGIA...23

2.2.1 Economias de Escala...23

2.2.2 Comércio Internacional e Tecnologia...25

2.2.2.1 Modelo Ricardiano...25

2.2.2.2 Dotação Relativa de Fatores...26

2.2.2.3 Nova Teoria do Comércio Internacional...28

2.3 INOVAÇÃO E DESENVOLVIMENTO...29

2.3.1 Capacidades Tecnológicas...31

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2.4 ECONOMIA POLÍTICA DA POLÍTICA COMERCIAL...32

2.5 INDÚSTRIA QUÍMICA...34

3 ECONOIMA INTERNACIONAL DA INDÚSTRIA QUÍMICA...36

3.1 COMÉRCIO INTERNACIONAL DO SETOR QUÍMICO...36

3.2 BALANÇA COMERCIAL DA INDÚSTRIA QUÍMICA...37

3.2.1 Potências da indústria química...37

3.2.1.1 Estados Unidos...37 3.2.1.2 China...41 3.2.1.3 Alemanha...45 3.2.2 Mercosul...49 3.2.2.1 Brasil...49 3.2.2.2 Argentina...53 3.2.2.3 Paraguai...57 3.2.2.4 Uruguai...61

3.3 PADRÕES DE COMÉRCIO INTERNACIONAL...65

4 SISTEMAS DE INOVAÇÃO...69

4.1 CAPACIDADE DE INOVAÇÃO GERAL...69

4.1.2 Operações de Comércio Internacional...71

4.1.3 Investimentos em P&D... 75

4.1.4 Patentes do setor químico...77

4.1.4.1 Por país...77

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4.1.4.2.1 Química Orgânica fina...80

4.1.4.2.2 Farmacêuticos...81

4.1.4.2.3 Química Macromolecular e polímeros...82

4.1.4.2.4 Química alimentar...83

4.1.4.2.5 Química de materiais básicos...84

4.1.4.2.6 Microestruturas e nanotecnologia...85

4.1.4.2.7 Engenharia química...86

4.1.4.2.8 Análise Geral...87

CONSIDERAÇÕES FINAIS...89

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1 INTRODUÇÃO

1.1 Tema e problema da pesquisa

A forma como se desenvolve o atual sistema de produção mundial, faz com que empresas que queiram se inserir competitivamente nas cadeias globais de valor despendam cifras cada vez mais elevadas no desenvolvimento de novas tecnologias aplicadas à produção. Desta maneira, os governos desempenham papéis fundamentais no desenvolvimento de capital humano e de ambientes propícios para a maximização da eficiência das empresas neste constante desafio. A canalização dos esforços nacionais para a elevação da qualidade do sistema de inovação de um país, passa necessariamente pela maior integração da pesquisa acadêmica com a aplicação prática, no caso da indústria química, seu regime tecnológico demanda contato direto com invenções científicas da área, fazendo esta ser considerada a primeira science-based

industry (KIRIYAMA, 2010).

O fato de a química possuir um caráter extremamente fundamental, já que se trata do estudo das propriedades básicas das substâncias e suas reações (CAMBRIDGE DICTIONARY, 2020), faz com que suas aplicações atinjam a maior parte dos segmentos industriais existentes. Essa abrangência atingida pelo setor faz com que este seja, na prática, um tipo de “indústria das indústrias”, sendo a capacidade de desenvolvimento tecnológico das indústrias nacionais logicamente relacionado a capacidade nacional de produção e inovação da indústria química. Do ponto de vista econômico, a indústria química é fundamental no mercado de fatores de produção de bens manufaturados, pois fornece insumos para a maior parte destes, principalmente aqueles que se constituem de um valor tecnológico agregado mais elevado (STAN INDICATORS, 2005).

Tendo em vista a relevância do setor químico nas cadeias globais de produção de valor, busca-se compreender através do instrumental teórico adequado, os modelos de comércio internacional que mais se adequam ao caso particular da indústria química e a importância de alguns tópicos contidos no sistema nacional de inovação para o progresso econômico do setor.

Por uma questão prática de pesquisa, elegeremos dois grupos com características distintas para a avaliação e comparação do comércio multilateral de produtos químicos. O primeiro grupo será antecipadamente definido, e composto pelos países fundadores do bloco do Mercosul: Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai. A Venezuela não será incluída no estudo, por

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ser um membro mais recente do grupo e durante o período da realização da pesquisa o país se encontra suspenso dos direitos e obrigações com o bloco, por uma questão de ruptura da ordem democrática definida no Protocolo de Ushuaia (1998).

A escolha dos países membros do Mercosul para a pesquisa, é fundamentada pela ideia de se analisar o desenvolvimento do Brasil e de parceiros comerciais que sejam geograficamente e economicamente próximos quanto ao desenvolvimento de suas respectivas indústrias químicas. Para efeito comparativo, o segundo grupo será delimitado ao início do terceiro capítulo, sendo este composto pelos três principais países no que diz respeito a participação no comércio internacional de produtos químicos, avaliando-os pelas exportações e importações relativas ao setor químico, são eles: Alemanha, China e Estados Unidos (ATLAS DA COMPLEXIDADE ECONÔMICA, 2020).

1.2 Objetivos

1.2.1 Objetivo Geral

Analisar a formação de padrões no comércio multilateral da indústria química e avaliar a relevância de características dos sistemas de inovação para a formação de tais padrões.

1.2.2 Objetivos específicos

a)Avaliar o desempenho dos países do Mercosul em relação a si próprio e em relação aos países líderes do setor – Alemanha, China e Estados Unidos;

b)Avaliar as capacidades de pesquisa, desenvolvimento e inovação dos países selecionados;

c)Analisar a evolução do desenvolvimento de patentes relacionadas a indústria química por país e tecnologia;

d)Apontar a influência das capacidades avaliadas nos padrões de comércio multilateral nos países e indústria selecionados;

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1.3 Justificativa

A nova teoria do comércio internacional possibilita explicar padrões de comércio multilaterais que não poderiam ser entendidos pelas antigas teorias, como o comércio intra-industrial e o comércio entre países de dotação relativa de fatores semelhantes (bens similares entre países similares), graças a novos conceitos como, economias de escala e competição monopolística (HELPMAN e KRUGMAN, 1985). Dada a capilaridade econômica desempenhada pela indústria química, a especificação deste caso particular de comércio internacional e a busca do entendimento das capacidades que fazem os países se desenvolverem neste ramo, se mostra uma pesquisa relevante, principalmente em um contexto de avaliação de países em desenvolvimento que busquem a convergência (catch-up) nos indicadores sociais e econômicos.

1.4 Metodologia

A discussão sobre a metodologia de pesquisa adotada deve abarcar diversas categorias de análise que compõem os critérios de design da pesquisa que se deseja realizar (PRODANOV e FREITAS, 2013, p.126).

Inicialmente, podemos classificar esta pesquisa como sendo de natureza aplicada, ou seja, que produz conhecimentos práticos dirigidos à problemas específicos da realidade, neste caso, a busca das características que justifiquem os diferentes graus de inserção dos países nas cadeias globais de comércio de produtos químicos, que aparecem em um contexto de grande desigualdade na capacidade dos sistemas de inovação dos países. O método científico que se enquadrou melhor na proposta de pesquisa é o método indutivo, de forma que, ao estudar um caso particular, fazem-se algumas generalizações através dos resultados obtidos, como forma de obtenção de uma “norma geral” a partir de um caso concreto. O estudo em si, possui o objetivo de ser descritivo, relatando características de um fenômeno através da coleta de dados, baseando-se no procedimento técnico de “estudo de caso”.

Sendo assim, no primeiro capítulo do presente trabalho foi realizada a exposição do tema e problemas a serem discutidos e dos objetivos da pesquisa. O segundo capítulo é composto por um referencial teórico bastante amplo, que abrange a discussão de blocos econômicos, comércio regional, modelos de comércio internacional, economias de escala,

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inovação, política comercial e indústria química. No terceiro capítulo, inicia-se, de fato, os procedimentos de coleta de dados, estes relativos ao comércio internacional da indústria química, onde seleciona-se dois grupos ,para efeito comparativo, conforme a teoria. No quarto capítulo, discute-se, dentro do mesmo grupo, os sistemas de inovação de cada nação, focando nas capacidades tecnológicas que, dada as características do regime tecnológico da indústria química, possam estar mais condicionadas ao seu desempenho. No quinto e último capítulo, discute-se as considerações finais deste trabalho, expondo as conclusões observadas na pesquisa.

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2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Blocos Econômicos e Comércio Regional

A formação de Blocos Econômicos, assim como a de entidades internacionais de comércio, está intrinsecamente associada à percepção de que o estímulo ao comércio multilateral e a integração econômica entre nações possa ser benéfico para todas as partes envolvidas. Esta noção, associada ao comércio internacional, já poderia ser deduzida da obra “Uma Investigação Sobre a Natureza e as Causas da Riqueza das Nações”, de Adam Smith, onde os benefícios da intensificação da divisão do trabalho são discutidos (Livro 1, Capítulos: 1, 2, 3). Porém, em 1817, após a publicação do livro “Principles of Political Economy and

Taxation”, David Ricardo edifica o conceito de “Lei de Vantagens Comparativas”, o qual

serviu de base para a construção de diversos modelos que compuseram o panorama da Teoria clássica da economia internacional, os chamados “Modelos Ricardianos” (FEENSTRA, 2002, Capítulo 1)

Em seguida, após o desenvolvimento de novos métodos que sejam capazes de flexibilizar pressupostos pouco realistas e aumentar a aderência empírica dos modelos, como a adoção de estruturas de mercado de concorrência monopolística, por Helpman e Krugman (1985), ou mesmo a utilização de bases de dados cada vez maiores e mais precisas, ainda se acredita que, em muitos casos, o comércio possa conduzir a economia a melhorias de Pareto (quando uma mudança conduz pelo menos um agente a uma condição melhor do que a anterior, e a dos demais agentes envolvidos é, pelo menos, igual a anterior) (FEENSTRA e LEWIS, 1994).

Em geral, observa-se que os blocos econômicos são formados também por uma razão de proximidade geográfica (DAVIS e WEINSTEIN, 1999) como a União Europeia, o NAFTA e o Mercosul, de modo que a semelhança cultural entre nações envolvidas possa ser relevante para que se atinja o objetivo econômico da adoção de uma zona com mobilidade perfeita de fatores de produção, condição importante para o desenvolvimento de políticas conjuntas de maior eficiência, no âmbito macroeconômico e setorial. Nessa perspectiva, a integração de nações em blocos econômico-regionais, demandam não apenas medidas de liberdade comercial, mas a integração social entre as partes, tema que será mais bem abordado quando tratarmos do Mercosul.

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2.1.1 Mercosul e suas particularidades

Como consta no site oficial do Mercosul: “O Mercado Comum do Sul (MERCOSUL) é um processo de integração regional conformado inicialmente pela Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai[...]”. A formalização do bloco se deu no dia 26 de março de 1991, com a assinatura do Tratado de Assunção, firmado por Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai. Pode-se entender que o projeto de um mercado comum do Sul, faça parte de um processo mais amplo que trata da integração regional das partes envolvidas, visando o fortalecimento das mesmas na solução de problemas internos e externos.

Como consta no preâmbulo do Tratado de Assunção:

[...] Tendo em conta a evolução dos acontecimentos internacionais, em especial a consolidação de grandes espaços econômicos, e a importância de lograr uma adequada inserção internacional para seus países;

Expressando que este processo de integração constitui uma resposta adequada para tais acontecimentos[...]

Neste trecho do acordo, as partes envolvidas demonstram interesse em fortalecer e integrar a região, para que no âmbito internacional possam pleitear melhores condições em acordos com outros países e blocos, dado um maior poder de barganha emergente da unificação de determinadas pautas.

É claro que, para a construção de um mercado comum, uma agenda econômica comum no domínio da orientação do processo de retirada de barreiras entre os países se mostra imprescindível.

Neste contexto, o projeto de transição para a integração econômica, pode ser descrito como no Artigo 5 do Capítulo 1 do Tratado de Assunção:

a) Um Programa de Liberação Comercial, que consistirá em reduções tarifárias progressivas, lineares e automáticas, acompanhadas da eliminação de restrições não-tarifárias ou medidas de efeito equivalente, assim como de outras restrições ao comércio entre os Estados Partes, para chegar a 31 de dezembro de 1994 com tarifa zero, sem barreiras não tarifárias sobre a totalidade do universo tarifário[...]

Um plano de redução das barreiras tarifárias e não-tarifárias no domínio interno, também requer medidas de caráter técnico, como a adoção de uma padronização da

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classificação de mercadorias, no caso do Mercosul, estamos falando da Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM), que como é exposto no site oficial do Mercosul “é um sistema que permite individualizar e classificar as mercadorias comerciadas entre os Estados Partes do MERCOSUL e entre estes e o resto do mundo”.

No domínio das relações comerciais com o exterior, o bloco aderiu a uma Tarifa Externa Comum (TEC), segundo o site oficial do Mercosul:

A Tarifa Externa Comum (TEC) foi adotada no ano de 1994 mediante a Decisão 22/94 do Conselho do Mercado Comum (CMC). A TEC é baseada na Nomenclatura Comum do MERCOSUL (NCM) e definida mediante uma alíquota aplicável a cada item tarifário [...]

Outra categoria relevante a se tratar sobre o Mercosul, é a Lista de Exceções à Tarifa Externa Comum (LETEC), como consta no site do Ministério da Economia:

A Lista de Exceções à Tarifa Externa Comum é um instrumento previsto no Mercosul para permitir aos Estados Partes do bloco a aplicação de alíquotas de imposto de importação diferentes das previstas pela Tarifa Externa Comum (TEC). Atualmente, o Brasil está autorizado a manter, até 31 de dezembro de 2021, uma lista de 100 códigos NCM como exceções à TEC. Essas exceções temporárias podem contemplar níveis de alíquotas inferiores ou superiores à TEC, desde que não ultrapassem os níveis tarifários consolidados na Organização Mundial de Comércio (OMC). Os Estados Partes podem modificar unilateralmente, a cada seis meses, até 20% dos códigos NCM incluídos em suas respectivas listas de exceção.

A LETEC se mostra importante na medida em habilita os Estados Partes do Mercosul a alterarem temporariamente o valor da TEC, seja para protegerem determinados setores de variações de curto-prazo na economia (como alterações bruscas no câmbio), aumentando o valor da tarifa externa temporariamente, ou seja, para acessarem determinados insumos a preços mais acessíveis para determinados setores, reduzindo o valor da tarifa externa temporariamente. Entre tratados, protocolos e acordos, o Mercosul conta com mais de 162 artigos, dentre os quais abordam temas diversos, desde questões comerciais, integração cultural, meio-ambiente, turismo, migração, educação, propriedade intelectual e as questões de política interna ao bloco, todos contando com a participação dos membros fundadores e ocasionalmente de países não participantes do bloco (MERCOSUL, 2020).

2.2 Economias de Escala, Comércio Internacional e Tecnologia

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Há economia de escala quando determinada empresa possui retornos crescentes de escala, ou seja, quando multiplicarmos o nível de insumos por determinado fator λ (maior que um), obteremos uma produção final multiplicada a um fator maior do que λ (VARIAN, 2016, Capítulo 19).

Sob a ótica da produção:

a) Sendo uma função de produção: y = f (L, K): onde L e K são insumos;

Multiplicamos o valor de cada insumo por um fator λ: f (λL, λK), para todo λ > 1;

Na presença de retornos crescentes de escala, observaremos que: f (λL, λK) > λf (L, K)

Graficamente, é quando a curva de custo médio de longo prazo é decrescente em relação a quantidade produzida, obtém-se ganhos de eficiência ao expandir a produção, como na figura abaixo (SILVA, MICROECONOMIA II):

Figura 1: Economia de escala

Fonte: (SILVA, 2017), Microeconomia II

Caso o nível de produção se situe à esquerda da linha vermelha, se obterá ganhos com o aumento da produção, caso o nível de produção esteja situado à direita da linha vermelha, estaremos na presença de deseconomias de escala, onde se obterá ganhos com a redução do nível de produção. A partir disto, nota-se que o ponto ótimo de produção, situado no ponto vermelho, indica a escala mínima eficiente de produção desta determinada empresa, caso a empresa aumente a produção, o custo total crescerá em proporção maior do que o produto.

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b) Seja o custo total de produção: CT = F + Cv(y), onde F representa o custo fixo e Cv representa o custo variável;

Multiplicamos o valor da produção por um fator λ: λCT = λF +λCv(y), para todo λ > 1;

Na presença de retornos crescentes de escala, observaremos que: λCT > λF +λCv(y)

Também podemos derivar uma razão entre os custos que nos indique a presença de economias de escala. Sabendo que o custo médio representa o custo unitário médio da produção de cada unidade, e que o custo marginal mede a taxa de variação no custo a uma determinada variação na produção, podemos deduzir que nos pontos em que o custo médio é maior do que o custo marginal, o impacto causado no custo total por um determinado acréscimo de produção é menor do que o custo unitário médio das unidades produzidas, indicando que esta empresa obterá vantagem em aumentar sua produção, já que o custo desta unidade adicional será inferior ao custo das demais unidades.

Sendo o Custo Total: CT(y); O custo médio será: 𝐶𝑇(𝑦)

𝑦

= CMe

O custo marginal será: 𝜕𝐶𝑇(𝑦)

𝜕𝑦

= Cmg

Na presença de retornos crescentes de escala, observaremos que:

𝐶𝑀𝑒 𝐶𝑚𝑔

=

𝐶𝑇(𝑦) 𝑦 𝜕𝐶𝑇(𝑦) 𝜕𝑦

> 1

A partir desta intuição, pode-se imaginar um caso no qual, em todos os níveis de produção factíveis, o custo médio seja sempre maior que o custo marginal. Esta indústria obterá ganhos contínuos de expansão e concentração da produção, e poderá resultar em padrões comerciais atípicos (KRUGMAN, 2008).

(27)

2.2.2 Comércio Internacional e Tecnologia

Vale ressaltar o papel que a tecnologia exerce sobre o comércio internacional e as diferentes interpretações que os modelos a atribuem.

2.2.2.1 Modelo Ricardiano

Em uma economia de com dois bens (bem 1 e bem 2) e dois países [um de referência (1) e outro estrangeiro (2)], a quantidade de trabalho necessária para produzir uma unidade do bem 1 é chamada de a1, e a quantidade de trabalho necessária para produzir uma unidade do bem 2 é chamada a2. Em um país estrangeiro, as respectivas quantidades de trabalho para a produção de cada unidade dos bens são a1* e a2*.

Se supusermos que a1<a1*, estaremos dizendo que o país de referência possui vantagem na produção do bem 1, pois precisa alocar menos trabalho para que cada unidade seja fabricada, em outras palavras, estaremos dizendo que o país estrangeiro possui uma menor produtividade na indústria de fabricação do bem 1. O mesmo raciocínio pode ser válido para o bem 2.

Apesar de parecer óbvio que o país de referência, sob estas circunstâncias, deva produzir o bem 1 por conta de sua vantagem produtiva em relação ao país estrangeiro, o grande

insight do modelo ricardiano é que cada país deva produzir aquele bem no qual possui maior

vantagem comparativa, não absoluta. Mesmo que o país 1 possua vantagem na produção dos dois bens, a1<a1* e a2<a2*, ainda será possível que o país 2 consiga realizar exportações para o país 1, pois, se 𝑎1

𝑎2

<

𝑎1∗

𝑎2∗

, o país referência se especializará no bem 1 e o país estrangeiro se

especializará no bem 2.

Da mesma forma, se 𝑎1

𝑎2

>

𝑎1∗

𝑎2∗, o país referência se especializará no bem 2 e o país

estrangeiro se especializará no bem 1. Este fenômeno ocorre pelo simples fato de que os salários se ajustam a produtividade, os salários no país estrangeiro serão menores do que no país de referência. A ideia do modelo é que o padrão de comércio é determinado por vantagens comparativas, já os salários são determinados por vantagens absolutas entre os países, pois estes refletem a produtividade. Por fim, é necessário pontuar que a diferença de tecnologia entre os países é relevante para a determinação do modelo (FEENSTRA, 2002, Capítulo 1).

(28)

2.2.2.2 Dotação relativa dos fatores

O modelo é baseado em quatro teoremas que o sustentam, que são: Teorema da Equalização do preço dos Fatores; Teorema de Stolper-Samuelson; Teorema de Rybczynski; Teorema de Heckscher-Ohlin. Faz-se valido elucidar os principais insights de cada teorema (FEENSTRA, 2002, Capítulo 2)

Teorema da Equalização dos preços dos Fatores:

Teorema descrito por Samuelson, em 1949, demonstra que, se dois países que possuem liberdade comercial entre si, tecnologias idênticas, diferentes dotações de fatores e não podendo haver intensidade de fatores diferentes na produção do mesmo bem em diferentes países (factor-intensity reversal), então, o teorema conclui que, sob competição perfeita, o preço dos fatores será equalizado internacionalmente. O comércio de bens é capaz de substituir a movimentação dos fatores de produção entre os países, de forma que ocorrerá um aumento no preço do fator abundante e diminuição no preço do fator escasso, até que os preços relativos se equilibrem entre os países. (FEENSTRA, 2002, Página 20 – 24 do Capítulo 1)

Teorema de Stolper-Samuelson:

O teorema aborda a relação entre o preço transacionado dos fatores e o preço das mercadorias intensivas em determinados fatores. Em um país que não esteja engajado em trocas, o preço dos fatores será determinado pela sua escassez relativa, sendo o fator escasso mais caro do que o fator abundante. A partir do momento em que este país cria relações de livre comércio, o preço do fator abundante aumenta e do fator escasso diminui. A equalização do preço dos fatores irá garantir que o fator de produção abundante possa se beneficiar das novas relações comerciais. O insight do modelo é a diferença na proporção desta alteração de preço de fatores, pois o preço do bem intensivo no fator que teve seu preço elevado, cresce em proporção menor do que o fator. Podemos exemplificar o teorema da seguinte forma: Em um país intensivo em fator trabalho (L), um acréscimo no preço de um produto intensivo em trabalho, criará um aumento proporcionalmente maior na remuneração deste fator, ou seja, dos salários (W), ao mesmo tempo, reduzirá o preço de outro bem que seja intensivo em capital (K), e uma redução proporcionalmente maior na remuneração deste fator, ou seja, os juros (R). Podemos concluir que haverá setores que não sejam beneficiados de uma abertura comercial. Seja pL o preço do bem intensivo em trabalho e pK o preço do bem intensivo em capital (FEENSTRA, 2002, Página 26 – 27 do Capítulo 1), logo: ∆W > ∆pL > ∆pK > ∆R

(29)

Teorema de Rybczynski:

Um acréscimo na dotação de um fator de produção aumentará a produção do bem que demanda intensivamente este fator, e reduzirá a produção do bem que demanda intensivamente outro fator. Isto significa que a indústria beneficiada pelo acréscimo de fatores de produção absorverá os novos fatores e absorverá fatores que antes estavam alocados na produção do outro bem. Isto cria um efeito ampliado do crescimento de um fator, por exemplo: Supondo que o fator de produção capital (K) cresça em 5%, desta forma, o produto da indústria não pode crescer mais do que 5%, pois demandaria acréscimo de outro fator também, e também não cresceria menos que isso, pois haveria certa quantidade de um fator desempregado. Assim, o teorema indica que a indústria que usa intensivamente K crescerá mais do que 5%, pois absorverá mão-de-obra da indústria que é intensiva em trabalho (L). Com a oferta de trabalho constante, a produção de bens intensivos em trabalho será reduzida. Sendo yiK a produção de bens intensivos em capital (K) e yiL a produção de bens intensivos em trabalho (L) (FEENSTRA, 2002, Página 30 – 34 do Capítulo 1), logo:

∆yiK > ∆K > ∆yiL Teorema Heckscher-Ohlin:

Cada país exportará o bem que demanda em sua concepção, o fator de produção relativamente mais abundante no próprio país, por exemplo: Utilizando o (*) para retratar o país 2, temos: 𝐾

𝐿 > 𝐾∗

𝐿∗ e L=L*, logo, K > K*. Pode-se constatar que, com base no Teorema de

Rybczynski, quando estes países iniciarem as trocas, o país 1 produzirá mais bens intensivos em K, e menos bens intensivos em L. O excesso de demanda de um bem no país 1 [z(p)] e no país 2 [z*(p*)] devem, somados, não possuir um valor diferente de 0 [z(p) + z*(p*) = 0]. Desta forma, o preço final do produto ajustará o excesso de demanda para que o sistema convirja para o equilíbrio, efeito que é garantido pelo teorema da equalização dos preços dos fatores e pelo teorema de Stolper-Samuelson. Desta forma, o fator que é relativamente mais abundante ganha com o livre comércio, e o outro perde (FEENSTRA, 2002, Página 1 do Capítulo 2).

2.2.2.3 Nova teoria do comércio

Com a aplicação de um instrumental relativo ao estudo de organização industrial à área da economia internacional, novas possibilidades de interpretação da teoria tradicional do comércio internacional surgiram como ferramentas para se entender o regime de trocas entre

(30)

países. Até então, o padrão de trocas internacionais entre países diferentes trocando produtos diferentes poderia ser facilmente explicado pelas vantagens comparativas, de forma que os países obtinham vantagens de suas diferenças.

Porém, com a retomada do comércio após a segunda guerra mundial, um novo padrão de comércio internacional emerge e não era possível que fosse explicado pelas vantagens comparativas, pois este padrão identificava trocas entre países similares trocando produtos similares, indicando que haveria especialização intra-industrial. O problema seria solucionado pela adição de retornos crescentes de escala, que necessariamente implicam em competição imperfeita. Desta forma, pode-se observar que países semelhantes possuem pouca vantagem comparativa nas trocas bilaterais, portanto, as trocas que executam entre si são de caráter intra-industrial causadas pela economia de escala. Assim, em Krugman (1981), teoremas importantes para o modelo de dotação relativa dos fatores, como o teorema de Stolper-Samuelson, só ocorrem em casos nos quais a vantagem comparativa é intensa e/ou a economia de escala é fraca.

Dentro das transformações trazidas pela nova teoria do comércio, a nova geografia econômica traz intuições para interpretarmos a aglomeração de empresas em determinada região. Seguindo o exemplo de Krugman (2008), um produtor que pretenda atender a dois mercados diferentes e deseja inaugurar uma planta de uma nova empresa, deve fazer isso perto do maior mercado consumidor do seu produto, de forma a minimizar os custos de transporte por unidade, que será representado pela letra grega π. Caso este produtor opte por inaugurar uma segunda planta no mercado menor, este poderá zerar os custos de transporte, mas ao mesmo tempo arcará com um novo custo fixo F. Sendo S* as unidades vendidas no mercado menor, a decisão de concentrar a produção próxima do maior mercado consumidor será ótima quando: F > S*π. Quando o custo fixo de se operar uma nova planta for maior do que o custo de transporte de cada unidade do bem, a produção deve ser concentrada. Podemos entender que, se o fator economia de escala, capturado pelo termo F/S*, for grande o suficiente em comparação com os custos de transporte, haverá concentração da produção.

Em suma, pode-se observar que a introdução da ideia de economia de escala no comércio internacional e regional, foi responsável por responder diversas questões que estavam em aberto na economia internacional. Podemos admitir que, a redução dos custos de transporte possa ser responsável por parte da concentração industrial, e que esta concentração será dada de forma a minimizar os custos de produção. Assim, é possível interpretar o comércio de bens

(31)

similares entre países similares como o fenômeno da especialização intra-industrial, que ocorre através dos ganhos de escala (KRUGMAN, 2008).

2.3 Inovação, Desenvolvimento e Crescimento

Na composição do preâmbulo da discussão sobre o papel da inovação no desenvolvimento econômico de um país, faz-se necessário retornar ao tema da definição e diferenciação de certos conceitos básicos da referida matéria. A definição de inovação, como consta no Manual de Oslo:

Uma inovação é a implementação de um produto (bem ou serviço) novo ou significativamente melhorado, ou um processo, ou um novo método de marketing, ou um novo método organizacional nas práticas de negócios, na organização do local de trabalho ou nas relações externas. (Manual de Oslo, terceira edição, 2005, p.55)

Esta definição nos conduz a interpretação de que, para se caracterizar uma inovação, é necessário que esta possua alguma utilidade para os negócios. Caso isso não ocorra, estaremos na presença apenas de uma invenção, como explicado na Teoria do Desenvolvimento

Econômico:

A liderança econômica em particular deve, pois, ser distinguida da “invenção”. Enquanto não forem levadas à prática, as invenções são economicamente irrelevantes. E levar a efeito qualquer melhoramento é uma tarefa inteiramente diferente da sua invenção, e uma tarefa, ademais, que requer tipos de aptidão inteiramente diferentes. Embora os empresários possam naturalmente ser inventores exatamente como podem ser capitalistas, não são inventores pela natureza de sua função, mas por coincidência e vice-versa. Além disso, as inovações, cuja realização é a função dos empresários, não precisam necessariamente ser invenções. Não é aconselhável, portanto, e pode ser completamente enganador, enfatizar o elemento invenção como fazem tantos autores. (SCHUMPETER, 1934, original em alemão, tradução Possas (1997), p.95)

Desta forma, interpreta-se a inovação como a função de uma “liderança econômica”, pois esta demanda necessariamente um caráter de aplicação comercial, caracterizando-a, portanto, como uma categoria mais precisa para estudar-se impactos econômicos do que as invenções.

O senso comum sobre inovação pode levar a crer que esta é estritamente realizada por mão-de-obra altamente qualificada em firmas que apresentem gastos intensivos em P&D, sendo, nesta perspectiva, uma atividade típica de países já desenvolvidos (FAGERBERG et al.,

(32)

2009). Porém, através da definição de inovação mencionada anteriormente, esta pode ocorrer como “um novo método de marketing, ou um novo método organizacional nas práticas de negócios, na organização do local de trabalho ou nas relações externas”.

Assim, estas diversas atividades que são responsáveis por ganhos de produtividade podem ocorrer mesmo em países que ainda não possuam os maiores volumes de investimentos em P&D, conferindo a oportunidade de inovação em países em desenvolvimento, inclusive, como um caminho para o desenvolvimento. Apesar do fato de que a inovação não é restrita aos países já desenvolvidos, é inegável que a produção científica e tecnológica de um país contribua para sua capacidade de inovar, sendo relevante a discussão sobre o papel da tecnologia para a inovação.

Na teoria do crescimento proposta por Solow (1956), o progresso tecnológico é tratado como um tipo de bem público, de forma que todos os países pudessem acessá-lo na mesma intensidade (variável exógena). Assim, poder-se-ia assumir, em condições de livre mercado, a convergência do crescimento do PIB per capita ao redor do mundo, podendo diferir apenas no curto-prazo dado a dinâmica de transição, na qual os países se encontram em posições iniciais distintas (SOLOW, 1956)

Em decorrência disto, países mais pobres deveriam se desenvolver em ritmo inicial mais acelerado pois, dada escassez de capital em relação ao trabalho, a taxa de retorno do capital mais elevada cria as condições para acumulação de capital mais acelerada e elevação do PIB per capita celeremente (FAGERBERG et al., 2009).

Como pôde-se rapidamente perceber, os fortes pressupostos do modelo (concorrência pura, ausência de externalidades, rendimentos constantes de escala...) estariam criando uma disparidade da teoria com a realidade observada. Estudos diversos vieram a indicar que apenas uma pequena parte do crescimento da produtividade está relacionado ao crescimento total de fatores, sugerindo que a diferença tecnológica possa ter participação na divergência de produtividade dos países, e consequentemente, no PIB per capita (FAGERBERG et al., 2009). Duas importantes conclusões podem ser extraídas desta discussão: A primeira é a possibilidade de que os países talvez não possuam igual capacidade de absorção e produção do conhecimento tecnológico, mesmo que este esteja plenamente disponível a todos. A segunda, é a possibilidade de que o conhecimento não possa, de fato, ser tratado como um bem público, pois existem métodos de restrição da informação amplamente utilizados por empresas. A ideia

(33)

de tratar a tecnologia como uma variável endógena ao modelo de crescimento aparece em Romer (1990).

2.3.1 Capacidades Tecnológicas

O conceito de capacidade tecnológica refere-se à habilidade de desenvolver, pesquisar, absorver e explorar comercialmente algum conhecimento (FAGERBERG et al., 2009). Faz-se necessário o tratamento de diversas “capacidades” de uma nação para avaliar seu real potencial de inovação, de forma a se encarar o problema da desigualdade tecnológica entre os países.

As capacidades a serem observadas são, por exemplo: Publicações científicas, patentes, investimento em P&D, abertura comercial, investimento direto estrangeiro, cooperação científica internacional, padrões internacionais (como os certificados ISO), gestão da qualidade total, manufatura enxuta, just-in-time, tecnologias de informação e comunicação, acesso a crédito, mercado de capitais, independência do judiciário, direitos de propriedade, ambiente de negócios, atividades cívicas, tolerância (FAGERBERG e SRHOLEC, 2008). Assim, observando estas categorias, pode-se analisar as diversas capacidades sociais e institucionais de um país para absorver e gerar conhecimentos tecnológicos. É digno de nota, separadamente, uma capacidade tecnológica que faz com que nem todas as tecnologias possam ser tratadas como um bem público: A patente (ROCKETT, 2010).

2.3.1.1 Patentes

Uma patente representa o direito temporário de propriedade intelectual sobre uma invenção, de forma que o detentor de uma patente não possui a obrigação de praticar uma inovação com esta, ou seja, torná-la comercialmente aplicável. Podem ser patenteados: Processos, produtos, compostos da matéria (compostos químicos), máquinas ou mesmo uma melhoria de cada um destes itens (ROCKETT, 2010).

Como já discutido anteriormente, invenções não são necessariamente aplicáveis nos negócios. A delimitação de uma patente sobre uma invenção, caracteriza a construção de um incentivo para que se possa transformar invenções em inovações, através da criação de um monopólio temporário para quem obtiver o direto da patente. Este incentivo se baseia na ideia

(34)

de criar uma vantagem competitiva àquelas empresas que estiverem dispostas a melhorar as condições tecnológicas de determinado mercado, de forma que as empresas tenderão a expandir seus gastos em P&D visando gerar mais invenções, para obter mais patentes e através destas, executar inovações com o benefício de não serem copiadas por suas concorrentes em determinado período (ROCKETT, 2010). Esta lógica torna a produção de patentes um dos indicadores das “capacidades tecnológicas” já discutidas.

2.4 Economia Política da Política Comercial

A política comercial é o instrumento de coordenação das relações comerciais de agentes internos com agentes de outros países. Neste sentido, esta opera para regular as possíveis falhas de mercado e criar um ambiente estável e igualitário para a melhor eficiência do comércio internacional. Algumas medidas que estão previstas são, por exemplo: Medidas antidumping, que ocorrem quando a exportação de um produto por um preço inferior ao praticado no mercado doméstico do produtor causa dano à indústria doméstica; Medidas Compensatórias, que aparecem para neutralizar a aplicação de subsídios pelos demais governos; Salvaguardas, que são aplicadas para a proteção contra um surto inesperado de importações (MINISTÉRIO DA ECONOMIA, 2020).

A economia política que diz respeito às decisões de comércio internacional, são decididas de forma a maximizar a utilidade dos setores domésticos, o que pode gerar em determinados momentos equilíbrios não desejáveis coletivamente. Um possível exemplo ocorre quando dois países criam barreiras tarifárias excessivas para proteger seus setores internos menos competitivos, gerando uma redução no comércio total e a manutenção de estruturas de produção de baixa produtividade.

Pode-se descrever esta situação em termos de teoria dos jogos, por meio de um jogo de características simétricas para ambos jogadores, jogado de forma simultânea e com um número indefinido de rodadas: Em condições de livre comércio, o país A é beneficiado exportando o bem 1, mas tem seu mercado interno do bem 2 prejudicado. O país B é beneficiado exportando o bem 2, e tem seu mercado interno do bem 1 prejudicado. Desta forma, o país A pode criar barreiras para a entrada do bem 2, de forma a incentivar a manutenção de sua produção interna, enquanto se beneficia das exportações do bem 1. O problema ocorre quando

(35)

o país B toma a mesma decisão para os bens opostos. Na tabela abaixo, temos a matriz de ganhos hipotética:

Tabela 1: Matriz de Ganhos hipotética

Fonte: Tabela elaborada pelo autor

Sendo L(A) e L(B) a decisão do país A e país B, respectivamente, de manterem ambos mercados livres, e T(A) e T(B) a decisão do país A e país B, respectivamente, de criar tarifas excessivas para protegerem seus produtos menos competitivos, este jogo não-cooperativo possui um equilíbrio de Nash, que é a decisão que traz os melhores benefícios individuais para cada país independente da decisão do outro. Dessa forma, o equilíbrio ocorrerá onde ambos os países protegem seus produtos menos favorecidos criando uma tributação excessiva, neste caso, ambos recebem um pay-off de (0,0), e temos um equilíbrio sub-ótimo, ou Pareto inferior.

Todavia, ambos os países podem obter ganhos jogando cooperativamente através de acordos bilaterais comerciais, visando a liberdade econômica, ou mesmo através do acionamento de instituições multilaterais que atuem na competência comercial internacional, como é o caso, por exemplo, da Organização Mundial do Comércio (OMC).

Outro problema enfrentado pelos formuladores da política comercial é sobre a atuação de grupos de pressão, que tem como objetivo o direcionamento da política comercial para favorecimento de interesses econômicos particulares, esta prática é conhecida como

Lobby, e pode ser prejudicial ao bem-estar da sociedade como um todo. Imaginemos que, no

jogo descrito anteriormente, ambos os países, cientes da matriz de ganhos, decidam realizar um acordo para a efetivação de uma zona de livre comércio entre si. É fácil observar que no país A, os produtores do bem 2 não ficarão satisfeitos com este acordo, assim como no país B, os produtores do bem 1. Esta situação pode levar estes produtores menos eficientes a buscarem influenciar as decisões dos governos em prol da manutenção de seus lucros, tornando todo o sistema de produção menos eficiente. Neste jogo, se apenas um dos grupos de pressão obtiverem sucesso, o acordo não será efetivado, e a economia permanecerá em uma situação Pareto inferior.

A | B L (B) T (B)

L (A) 2 , 2 -1 , 3

(36)

2.5 Indústria Química

Como consta no manual de microeconomia: “[...]o termo indústria está consagrado em teoria microeconômica e quer significar mercado ou conjunto de empresas que exploram o mesmo negócio” (VARIAN, p.431). Seguindo este princípio técnico, a indústria química abrangerá as empresas voltadas para a elaboração de produtos químicos, que podem ser voltados para o consumo final ou como insumos para outras indústrias. A capilaridade da indústria química pode tornar difícil a tarefa de separá-la das demais indústrias semelhantes. Utilizando a definição da Comissão Nacional de Classificação (CONCLA):

“Esta divisão compreende a transformação de matérias-primas orgânicas ou inorgânicas por processos químicos e a formulação de produtos e a produção de gases industriais, fertilizantes, resinas e fibras, defensivos agrícolas e desinfetantes domissanitários, produtos de limpeza e perfumaria, tintas, explosivos[...] Esta divisão compreende também a fabricação de produtos petroquímicos básicos e intermediários” IBGE, CONCLA (2020).

A variedade alcançada pelos produtos da indústria química e sua característica de serem elementares para o funcionamento das demais indústrias, é o que a torna extremamente relevante no mercado de fatores e insumos de produção. Estima-se que 96% dos bens manufaturados possuam ligação direta com o setor químico (UK Chemistry Council, 2020), delegando a este setor um caráter fundamental nos ganhos de produtividade das demais indústrias. Assim, pode-se sugerir a capacidade de inovação da indústria química de cada nação como uma forma de apontamento para a competência tecnológica desta. De acordo com o relatório da OCDE, Structural Analysis Database (STAN indicator), a intensidade de investimentos em P&D como percentual da produção, classificam a indústria química dentre as indústrias de tecnologia média-alta, e de forma isolada, a indústria farmacêutica é classificada como sendo de alta tecnologia. Assim, fica evidente a necessidade de robustos investimentos em P&D para o bom desempenho da indústria química de um país.

Uma maneira útil de se mapear a dinâmica de inovação de uma indústria é através de seu regime tecnológico, que pode ser bem descrito pela taxionomia de Pavitt (1984). Esta taxonomia é utilizada para a identificação dos diferentes padrões da evolução industrial e seus regimes específicos de aprendizado tecnológico (DOSI e NELSON, 2009). Desta forma, utilizaremos este método para mapear a dinâmica de inovação da indústria química.

(37)

Com esta classificação, podemos admitir que, primeiramente, a indústria química é uma indústria baseada em ciência, de forma que suas oportunidades de inovação provêm diretamente do campo das ciências aplicadas. A princípio, esta tem sido a classificação fundamental desta indústria. Com o passar dos anos e a expansão dos mercados, outra propriedade se mostrou relevante na capacidade de inovação da indústria química, que são os ganhos de escala, pois estes influenciam a habilidade de exploração de novas oportunidades de inovação na produção de produtos químicos. Pode-se intuir desta forma, que esta indústria contará com grandes empresas atuando no mercado, e que países que possuam capacidades tecnológicas mais marcantes, estarão mais propensos a obter sucesso neste setor.

Como a indústria química é composta por diversos subsetores, cada um deles possui particularidades em sua estrutura de mercado que fazem jus a uma avaliação individual. Mas de modo geral, o setor possui barreiras de entrada bastante marcantes, como por exemplo, a barreira técnica, dada a intensidade de conhecimento científico necessário para competir neste mercado, a barreira financeira, pois o setor apresenta economia de escala o que leva a necessidade de maiores investimentos para se tornar competitivo, e por fim, as barreiras legais, já que muitos produtos químicos precisam ser aprovados por agências reguladoras de caráter sanitário e ambiental.

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3 ECONOMIA INTERNACIONAL DA INDÚSTRIA QUÍMICA

3.1 Comércio Internacional da indústria química

Para fins comparativos com o mercado do Mercosul, faz-se válida a observação dos fluxos de comércio da indústria química mundial, de forma a ressaltar as relações comerciais entre os maiores exportadores e importadores desta indústria, podendo-se notar qual a participação relativa dos países pertencentes ao bloco no comércio internacional de produtos químicos. De acordo com os dados do Atlas da complexidade econômica 2017, abordando respectivamente exportadores e importadores, temos:

Figura 2: Países exportadores de produtos químicos

Fonte: Atlas da complexidade econômica 2017

Figura 3: Países importadores de produtos químicos

Fonte: Atlas da complexidade econômica 2017

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Nota-se logo que, três países se destacam neste ramo, sendo eles: Alemanha, que aparece como a maior exportadora do mundo (US$ 262 bilhões) e a terceira maior importadora (US$ 186 bilhões); Estados Unidos, o segundo maior exportador do mundo (US$ 236 bilhões) e o maior importador (US$ 274 bilhões); China, terceiro maior exportador (US$ 215 bilhões) e segundo maior importador do mundo (US$ 189 bilhões). Analisaremos as relações destes três países entre si, que denominaremos as “potências” do setor químico.

3.2 Balança Comercial da Indústria Química

Agora, iniciaremos efetivamente a análise dos padrões comerciais da indústria química das potências do setor e dos países que compõem o bloco do Mercosul.

3.2.1 Potências da Indústria Química

3.2.1.1 Estados Unidos

Primeiro, avaliaremos o quadro de exportações e importações da indústria química dos Estados Unidos, respectivamente, temos:

Figura 4: Exportações da Indústria Química dos EUA

Fonte: Atlas da complexidade econômica 2017

Observa-se que o país mantém relações comerciais de exportação intensas com países situados no mesmo continente. Além disso, possui um valor de US$ 16,5 bilhões em

(40)

exportações para a China (7% do total do setor) e US$ 10,6 bilhões para a Alemanha (4,51% do total do setor). Com os países do Mercosul, as exportações para o Brasil totalizam US$ 8,11 bilhões (3,44% do total setor), para a Argentina US$ 2,21 bilhões (0,94% do total do setor), para o Uruguai US$ 360 milhões (0,15% do total do setor), e para o Paraguai US$ 141 milhões (0,06% do total do setor).

Analisaremos a evolução histórica do total de exportações da indústria química dos estados Unidos com os países estudados, no Gráfico 1:

Gráfico 1: Evolução das exportações da Indústria Química dos EUA com os países analisados

Fonte: Atlas da complexidade econômica 2017, elaborado pelo autor

Nota-se que, com a exceção do Brasil, os demais países do Mercosul não apresentam nenhum crescimento significativo nas exportações da indústria química dos Estados Unidos. Já as potências da indústria adquiriram uma parcela cada vez maior de produtos químicos dos Estados Unidos, podendo-se notar que, China e Brasil importavam quantidades bastante próximas no ano de 1995, e ao longo dos anos, a China se tornou um dos maiores importadores. Agora analisaremos as importações dos Estados Unidos relativas à indústria química, na figura abaixo: 0 2.000.000.000 4.000.000.000 6.000.000.000 8.000.000.000 10.000.000.000 12.000.000.000 14.000.000.000 16.000.000.000 18.000.000.000 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017

China Alemanha Brasil Argentina Paraguai Uruguai

(41)

Figura 5: Importações da indústria Química dos EUA

Fonte: Atlas da complexidade 2017

Podemos observar que, por outro lado, as importações estadunidenses são majoritariamente provenientes da Europa, apesar de ter a China como a principal fonte de importações com US$ 34,4 bilhões (12,59% do total das importações do setor). A Alemanha fica atrás com um valor de US$ 26,1 bilhões (9,53% do total de importações do setor). Já os países do Mercosul são pouco relevantes nas importações de produtos químicos dos Estados Unidos, tendo o Brasil exportado US$ 2,6 bilhões (0,95% do total de importações do setor), a Argentina US$ 1,13 bilhão (0,41% do total de importações do setor), o Uruguai US$ 16,7 milhões (0,01% do total das importações do setor) e o Paraguai US$ 3,61 milhões (próximo a 0% do total de importações do setor).

Analisaremos a evolução histórica do total de importações da indústria química dos estados Unidos com os países estudados, no Gráfico 2:

Gráfico 2: Evolução das importações da Indústria Química dos EUA com os países analisados

Fonte: Atlas da complexidade econômica 2017, elaborado pelo autor 0 10.000.000.000 20.000.000.000 30.000.000.000 40.000.000.000 1995 1997 1999 2001 2003 2005 2007 2009 2011 2013 2015 2017

China Alemanha Brasil Argentina Paraguai Uruguai

(42)

Apenas as potências da indústria química atual obtiveram crescimento contínuo em suas exportações para os estados Unidos, sendo notável a participação da China na demanda de produtos químicos estadunidenses atualmente.

Agora, observaremos a balança comercial da indústria química dos Estados Unidos com os países analisados, no Gráfico 3, e as exportações e importações totais, no Gráfico 4:

Gráfico 3: Evolução da balança comercial da Indústria Química dos EUA com os países analisados

Fonte: Atlas da complexidade econômica 2017, elaborado pelo autor

Nota-se que, na medida em que a balança comercial da indústria química dos Estados Unidos vem se tornando mais positiva em relação aos países do Mercosul, simultaneamente, aparenta realizar a trajetória reversa com as outras potências da indústria química.

Gráfico 4: Exportações e Importações totais da indústria química dos EUA

Fonte: Atlas da complexidade econômica 2017, elaborado pelo autor -20.000.000.000 -15.000.000.000 -10.000.000.000 -5.000.000.000 0 5.000.000.000 10.000.000.000

China Alemanha Brasil Argentina Paraguai Uruguai

0 50.000.000.000 100.000.000.000 150.000.000.000 200.000.000.000 250.000.000.000 300.000.000.000

(43)

Em geral, as exportações cresceram concomitantes as importações, apenas a partir do ano de 2013, um déficit na balança comercial aparenta surgir na indústria química dos Estados Unidos.

3.2.1.2 China

Observaremos agora, o quadro de exportações e importações da indústria química chinesa, respectivamente, temos:

Figura 6: Exportações da Indústria Química da China

Fonte: Atlas da complexidade econômica 2017

Assim como os Estados Unidos, a China apresenta um maior volume de exportações direcionados para dentro do continente onde está situada, apesar de ter o próprio Estados Unidos como maior parceiro para exportações, chegando a US$ 34,4 bilhões (15,99% do total das exportações do setor). As exportações para a Alemanha atingem US$ 8,08 bilhões (3,75% do total das exportações do setor). Com os países do Mercosul, as exportações para o Brasil totalizam US$ 4,98 bilhões (2,31% do total das exportações do setor), para a Argentina US$ 1,41 bilhão (0,65% do total das exportações do setor), para o Uruguai US$ 401 milhões (0,19% do total das exportações do setor) e para o Paraguai US$ 512 milhões (0,24% do total das exportações do setor).

Analisaremos a evolução histórica do total de exportações da indústria química chinesa com os países estudados, no Gráfico 5:

Referências

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