EXAME DE ORDEM XXVII
Prof. Alexandre Salim
Prática Penal
Prova de segunda fase
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1 peça
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4 questões
Conceito tripartido de crime
1.
Fato típico
2.
Fato ilícito
Conceito tripartido de crime
1.
Fato típico → princípio da insignificância
2.
Fato ilícito
Conceito tripartido de crime
1.
Fato típico
2.
Fato ilícito → estado de necessidade; legítima defesa
Conceito tripartido de crime
1.
Fato típico
2.
Fato ilícito
Se o fato é típico e ilícito, e o agente é culpável...
•
Haverá crime
•
Assim, deve-se analisar o devido processo legal (ampla defesa,
contraditório, juiz imparcial, juiz natural etc.)
•
Em caso de descumprimento do devido processo legal: são
Se há observância ao devido processo legal...
•
São analisadas as condições de punibilidade (prescrição,
decadência etc.)
•
Há crime + foi cumprido o devido processo legal + estão
presentes as condições de punibilidade = será aplicada a pena
No caso de aplicação de pena→ analisar a dosimetria
•
O juiz aplicou corretamente o critério trifásico?
•
Cabe a suspensão condicional do processo?
•
Cabe a substituição da PPL por PRD?
•
Cabe a suspensão condicional da pena?
•
O regime inicial de cumprimento da pena está correto?
O trabalho do advogado criminalista não se limita
ao conceito analítico de crime
•
Nem tudo é teoria do crime
•
A tese pode estar:
- no devido processo legal
- nas condições de punibilidade
- na dosimetria da pena
Princípio da insignificância
Requisitos objetivos
a)
Mínima ofensividade da conduta do agente
b)
Nenhuma periculosidade social da ação
c)
Reduzido grau de reprovabilidade do comportamento
Requisito subjetivo
•
Não ser reincidente, portador de maus antecedentes, criminoso
habitual etc.
Crimes que não aceitam a incidência do princípio
• Praticados com violência ou grave ameaça a pessoa
• Tráfico de drogas
• Posse de drogas para consumo (posição majoritária)
• Moeda falsa
• Contrabando
• Maria da Penha (Súmula 589 do STJ)
• Praticados contra a Administração Pública (Súmula 599 do STJ)
Descaminho
Desistência voluntária
•
Conduta negativa (não fazer)
Arrependimento eficaz
•
Conduta positiva (fazer)
•
O agente toma uma providência para impedir a produção
Consequência
•
O agente somente responde pelos atos já praticados.
•
Art. 15 do CP - O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir
na execução ou impede que o resultado se produza, só responde
pelos atos já praticados.
Crime impossível
•
É uma causa de exclusão da tipicidade.
•
Art. 17 do CP - Não se pune a tentativa quando, por ineficácia
absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, é
impossível consumar-se o crime.
Hipóteses de crime impossível
1.
Ineficácia absoluta do meio
2.
Impropriedade absoluta do objeto
Súmula 145 do STF
Não há crime, quando a preparação do flagrante pela
polícia torna impossível a sua consumação.
Súmula 567 do STJ
Sistema de vigilância realizado por monitoramento eletrônico ou por
existência de segurança no interior de estabelecimento comercial,
por si só, não torna impossível a configuração do crime de furto.
Conceito tripartite de crime
CRIME Fato Típico Ilicitude ou antijuricidade CulpabilidadeCausas de exclusão da ilicitude
Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato:
I - em estado de necessidade;
II - em legítima defesa;
III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício
regular de direito.
Legítima defesa
Art. 25 - Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente
dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a
direito seu ou de outrem.
Requisitos da legítima defesa
a)
Agressão injusta, atual ou iminente
b)
Direito próprio ou alheio, atacado ou posto em risco de agressão
c)
Reação com os meios necessários
Legítima defesa real
X
Espécies de penas (art. 32 do CP)
1.
Privativas de liberdade
2.
Restritivas de direitos
Aplicação das penas privativas de liberdade
Fixação das penas privativas de liberdade
↓
Critério trifásico
Art. 68 - A pena-base será fixada atendendo-se ao critério do art. 59 deste
Código; em seguida serão consideradas as circunstâncias atenuantes e
agravantes; por último, as causas de diminuição e de aumento.
1ª Fase
Art. 59 do CP - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta
social, à personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e consequências
do crime, bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja
necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime:
I - as penas aplicáveis dentre as cominadas;
II - a quantidade de pena aplicável, dentro dos limites previstos;
III - o regime inicial de cumprimento da pena privativa de liberdade;
IV - a substituição da pena privativa da liberdade aplicada, por outra espécie de
pena, se cabível.
Súmula 444 do STJ
É vedada a utilização de inquéritos policiais e ações penais em curso
para agravar a pena-base.
2ª Fase
•
Agravantes (arts. 61 e 62 do CP)
3ª Fase
•
Majorantes ou causas de aumento
Sistemas de aplicação da pena
•
Cúmulo material
Sistema do cúmulo material
1.
Concurso material (art. 69, caput, CP)
Sistema da exasperação
1.
Concurso formal próprio ou perfeito (art. 70, caput, 1ª parte, CP)
Concurso material (art. 69 do CP)
•
Art. 69 do CP
Concurso formal (art. 70, caput, CP)
•
Art. 70 do CP
Concurso formal próprio ou perfeito
•
Art. 70, caput, 1ª parte, do CP
•
Não há desígnios autônomos em relação aos resultados
Concurso formal impróprio ou imperfeito
•
Art. 70, caput, 2ª parte, do CP
•
Há desígnios autônomos em relação aos resultados
Crime continuado
•
Art. 71 do CP
•
Requisitos:
a)
pluralidade de condutas
b)
pluralidade de crimes da mesma espécies
c)
condições objetivas semelhantes (tempo, lugar e maneira de execução)
Competência criminal da Justiça Federal
•
Expressa
Constituição Federal (art. 109)
Aos juízes federais compete processar e julgar: (...)
IV - os crimes políticos e as infrações penais praticadas em
detrimento de bens, serviços ou interesse da União ou de suas
entidades autárquicas ou empresas públicas, excluídas as
contravenções e ressalvada a competência da Justiça Militar e da
Súmula 42 do STJ
Compete à Justiça comum estadual processar e julgar as causas
cíveis em que é parte sociedade de economia mista e os crimes
Súmula 38 do STJ
Compete à Justiça estadual comum, na vigência da Constituição de 1988,
o processo por contravenção penal, ainda que praticada em detrimento
Constituição Federal (art. 109)
Aos juízes federais compete processar e julgar: (...)
V - os crimes previstos em tratado ou convenção internacional, quando,
iniciada a execução no País, o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no
Lei de Drogas
Art. 70 da Lei 11.343/06
O processo e o julgamento dos crimes previstos nos arts. 33 a 37 desta Lei,
se caracterizado ilícito transnacional, são da competência da Justiça Federal.
Constituição Federal (art. 109)
Aos juízes federais compete processar e julgar: (...)
V- A as causas relativas a direitos humanos a que se refere o
§5º deste artigo.
Constituição Federal (art. 109)
Aos juízes federais compete processar e julgar: (...)
VI - os crimes contra a organização do trabalho e, nos casos
determinados por lei, contra o sistema financeiro e a ordem
Crimes contra o Sistema Financeiro Nacional
(Art. 26 da Lei 7.492/86)
A ação penal, nos crimes promovidos nesta Lei, será promovida
pelo Ministério Público Federal, perante a Justiça Federal.
Constituição Federal (art. 109)
Aos juízes federais compete processar e julgar: (...)
IX - os crimes cometidos a bordo de navios ou aeronaves,
ressalvada a competência da Justiça Militar.
Constituição Federal (art. 109)
Aos juízes federais compete processar e julgar: (...)
Súmula 140 do STJ
Compete à Justiça comum estadual processar e julgar crime
em que o indígena figure como autor ou vítima.
XIX EXAME DE ORDEM UNIFICADO – 2016.1
QUESTÃO DISCURSIVA 4
Questão 4
(XIX EXAME DE ORDEM UNIFICADO – 2016.1)
Carlos foi condenado pela prática de um crime de receptação qualificada à pena de 04
anos e 06 meses de reclusão, sendo fixado o regime semiaberto para início do
cumprimento de pena. Após o trânsito em julgado da decisão, houve início do
cumprimento da sanção penal imposta. Cumprido mais de 1/6 da pena imposta e
preenchidos os demais requisitos, o advogado de Carlos requer, junto ao Juízo de
Execuções Penais, a progressão para o regime aberto.
Questão 4
(XIX EXAME DE ORDEM UNIFICADO – 2016.1)
O magistrado competente profere decisão concedendo a progressão e fixa como condição especial o cumprimento de prestação de serviços à comunidade, na forma do Art. 115 da Lei nº 7.210/84. O advogado de Carlos é intimado dessa decisão. Considerando apenas as informações apresentadas, responda aos itens a seguir.
A) Qual medida processual deverá ser apresentada pelo advogado de Carlos, diferente do habeas corpus, para questionar a decisão do magistrado? (Valor: 0,60)
B) Qual fundamento deverá ser apresentado pelo advogado de Carlos para combater a decisão do magistrado? (Valor: 0,65)
Obs.: o examinando deve fundamentar suas respostas. A mera citação do dispositivo legal não confere pontuação.
Questão 4
(XIX EXAME DE ORDEM UNIFICADO – 2016.1)
Item A
➢
Medida a ser apresentada: agravo em execução
Questão 4
(XIX EXAME DE ORDEM UNIFICADO – 2016.1)
AGRAVO EM EXECUÇÃO
(ART. 197 DA LEI 7.210/84 – LEP)
Questão 4
(XIX EXAME DE ORDEM UNIFICADO – 2016.1)
SÚMULA 700 DO STF
É de cinco dias o prazo para interposição de agravo contra decisão do juiz da
execução penal.
Questão 4
(XIX EXAME DE ORDEM UNIFICADO – 2016.1)
Item B
➢
A decisão do magistrado foi equivocada
Questão 4
(XIX EXAME DE ORDEM UNIFICADO – 2016.1)
CONDIÇÕES ESPECIAIS PARA A CONCESSÃO DO REGIME ABERTO
(ART. 115 DA LEI 7.210/84 – LEP)
O Juiz poderá estabelecer condições especiais para a concessão de regime aberto, sem
prejuízo das seguintes condições gerais e obrigatórias:
I - permanecer no local que for designado, durante o repouso e nos dias de folga;
II - sair para o trabalho e retornar, nos horários fixados;
III - não se ausentar da cidade onde reside, sem autorização judicial;
IV - comparecer a Juízo, para informar e justificar as suas atividades, quando for
determinado.
Questão 4
(XIX EXAME DE ORDEM UNIFICADO – 2016.1)
SÚMULA 493 DO STJ
É inadmissível a fixação de pena substitutiva (art. 44 do CP) como condição especial ao
regime aberto.
XX EXAME DE ORDEM UNIFICADO – 2016.2
QUESTÃO DISCURSIVA 1
Questão 1
(XX EXAME DE ORDEM UNIFICADO – 2016.2)
Fausto, ao completar 18 anos de idade, mesmo sem ser habilitado legalmente, resolveu sair com o carro do seu genitor sem o conhecimento do mesmo. No cruzamento de uma avenida de intenso movimento, não tendo atentado para a sinalização existente, veio a atropelar Lídia e suas 05 filhas adolescentes, que estavam na calçada, causando-lhes diversas lesões que acarretaram a morte das seis.
Denunciado pela prática de seis crimes do Art. 302, § 1º, incisos I e II, da Lei nº 9503/97, foi condenado nos termos do pedido inicial, ficando a pena final acomodada em 04 anos e 06 meses de detenção em regime semiaberto, além de ficar impedido de obter habilitação para dirigir veículo pelo prazo de 02 anos.
Questão 1
(XX EXAME DE ORDEM UNIFICADO – 2016.2)
A pena privativa de liberdade não foi substituída por restritivas de direitos sob o fundamento exclusivo de que o seu quantum ultrapassava o limite de 04 anos. No momento da sentença, unicamente com o fundamento de que o acusado, devidamente intimado, deixou de comparecer espontaneamente a última audiência designada, que seria exclusivamente para o seu interrogatório, o juiz decretou a prisão cautelar e não permitiu o apelo em liberdade, por força da revelia.
Apesar de Fausto estar sendo assistido pela Defensoria Pública, seu genitor o procura, para que você, na condição de advogado(a), preste assistência jurídica.
Diante da situação narrada, como advogado(a), responda aos seguintes questionamentos formulados pela família de Fausto:
A) Mantida a pena aplicada, é possível a substituição da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos? Justifique. (Valor: 0,65)
B) Em caso de sua contratação para atuar no processo, o que poderá ser alegado para combater, especificamente, o fundamento da decisão que decretou a prisão cautelar? (Valor: 0,60)
Obs.: o examinando deve fundamentar suas respostas. A mera citação do dispositivo legal não confere pontuação.
Questão 1
Questão 1
(XX EXAME DE ORDEM UNIFICADO – 2016.2)
Item A
➢
Como o crime é culposo, o fato de a pena superar 4 anos não impede a
substituição da PPL por PRD.
Questão 1
(XX EXAME DE ORDEM UNIFICADO – 2016.2)
PENA RESTRITIVA DE DIREITOS (ART. 44, I, DO CP)
As penas restritivas de direitos são autônomas e substituem as privativas de liberdade, quando: I - aplicada pena privativa de liberdade não superior a quatro anos e o crime não for cometido com violência ou grave ameaça à pessoa ou, qualquer que seja a pena aplicada, se o crime for culposo;
II - o réu não for reincidente em crime doloso;
III - a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e a personalidade do condenado, bem como os motivos e as circunstâncias indicarem que essa substituição seja suficiente.
Questão 1
(XX EXAME DE ORDEM UNIFICADO – 2016.2)
Item B
➢
O fato de o réu não ter comparecido ao interrogatório não justifica, por si só, o
decreto de prisão.
Questão 1
(XX EXAME DE ORDEM UNIFICADO – 2016.2)
DIREITO AO SILÊNCIO
(ART. 186 DO CPP)
Depois de devidamente qualificado e cientificado do inteiro teor da acusação, o
acusado será informado pelo juiz, antes de iniciar o interrogatório, do seu direito de
permanecer calado e de não responder perguntas que lhe forem formuladas.
Parágrafo único. O silêncio, que não importará em confissão, não poderá ser
interpretado em prejuízo da defesa.
XX EXAME DE ORDEM UNIFICADO – 2016.2
QUESTÃO DISCURSIVA 2
Questão 2
(XX EXAME DE ORDEM UNIFICADO – 2016.2)
Lúcio, com residência fixa e proprietário de uma oficina de carros, adquiriu de seu vizinho, pela quantia de R$1.000,00 (mil reais) um aparelho celular, que sabia ser produto de crime pretérito, passando a usá-lo como próprio. Tomando conhecimento dos fatos, um inimigo de Lúcio comunicou o ocorrido ao Ministério Público, que requisitou a instauração de inquérito policial. A autoridade policial instaurou o procedimento, indiciou Lúcio pela prática do crime de receptação qualificada (Art. 180, § 1º, do Código Penal), já que desenvolvia atividade comercial, e, de imediato, representou pela prisão temporária de Lúcio, existindo parecer favorável do Ministério Público. A família de Lúcio o procura para esclarecimentos.
Questão 2
(XX EXAME DE ORDEM UNIFICADO – 2016.2)
Na condição de advogado de Lúcio, esclareça os itens a seguir.
A) No caso concreto, a autoridade policial poderia ter representado pela prisão temporária de Lúcio? (Valor: 0,60)
B) Confirmados os fatos acima narrados, o crime praticado por Lúcio efetivamente foi de receptação qualificada (Art. 180, § 1º, do CP)? Em caso positivo, justifique. Em caso negativo, indique qual seria o delito praticado e justifique. (Valor: 0,65)
Obs.: o examinando deve fundamentar suas respostas. A mera citação do dispositivo legal não confere pontuação.
Questão 2
(XX EXAME DE ORDEM UNIFICADO – 2016.2)
Item A
➢ A autoridade policial não poderia ter representado pela prisão preventiva de Lúcio.
➢ O crime de receptação não está previsto no rol de delitos dispostos no art. 1º, III, da Lei n. 7.960/89.
➢ Ademais, os outros requisitos previstos no art. 1º da Lei n. 7.960/89 também não estão preenchidos.
Questão 2
(XX EXAME DE ORDEM UNIFICADO – 2016.2)
PRISÃO TEMPORÁRIA
(ART. 1º DA LEI 7.960/89)
Caberá prisão temporária:I - quando imprescindível para as investigações do inquérito policial;
II - quando o indicado não tiver residência fixa ou não fornecer elementos necessários ao esclarecimento de sua identidade;
III - quando houver fundadas razões, de acordo com qualquer prova admitida na legislação penal, de autoria ou participação do indiciado nos seguintes crimes: (...).
Questão 2
(XX EXAME DE ORDEM UNIFICADO – 2016.2)
RECEPTAÇÃO QUALIFICADA
(ART. 180, § 1º, DO CP)
Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em depósito, desmontar, montar,
remontar, vender, expor à venda, ou de qualquer forma utilizar, em proveito próprio
ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, coisa que deve saber ser
produto de crime:
Questão 2
(XX EXAME DE ORDEM UNIFICADO – 2016.2)
Item B
➢
Lúcio praticou receptação simples, e não qualificada.
➢
Não basta que o autor seja comerciante. No caso concreto, apesar de
comerciante, Lúcio não teve acesso ao celular produto de crime em razão de
sua atividade comercial, pois o adquiriu do vizinho.
XX EXAME DE ORDEM UNIFICADO – 2016.2
QUESTÃO DISCURSIVA 3
Questão 3
(XX EXAME DE ORDEM UNIFICADO – 2016.2)
Andy, jovem de 25 anos, possui uma condenação definitiva pela prática de contravenção penal. Em momento posterior, resolve praticar um crime de estelionato e, para tanto, decide que irá até o portão da residência de Josefa e, aí, solicitará a entrega de um computador, afirmando que tal requerimento era fruto de um pedido do próprio filho de Josefa, pois tinha conhecimento que este trabalhava no setor de informática de determinada sociedade.
Ao chegar ao portão da casa, afirma para Josefa que fora à sua residência buscar o computador da casa a pedido do filho dela, com quem trabalhava. Josefa pede para o marido entregar o computador a Andy, que ficara aguardando no portão. Quando o marido de Josefa aparece com o aparelho, Andy se surpreende, pois ele lembrava seu falecido pai. Em razão disso, apesar de já ter empregado a fraude, vai embora sem levar o bem. O Ministério Público ofereceu denúncia pela prática de tentativa de estelionato, sendo Andy condenado nos termos da denúncia.
Questão 3
(XX EXAME DE ORDEM UNIFICADO – 2016.2)
Como advogado de Andy, com base apenas nas informações narradas, responda aos itens a seguir.
A) Qual tese jurídica de direito material deve ser alegada, em sede de recurso de apelação, para evitar a punição de Andy? Justifique. (Valor: 0,65)
B) Há vedação legal expressa à concessão do benefício da suspensão condicional do processo a Andy? Justifique. (Valor: 0,60)
Obs.: o examinando deve fundamentar suas respostas. A mera citação do dispositivo legal não confere pontuação.
Questão 3
(XX EXAME DE ORDEM UNIFICADO – 2016.2)
Item A
➢ Tese de direito material: Andy não poderia ser punido pela tentativa, pois houve desistência voluntária.
Questão 3
(XX EXAME DE ORDEM UNIFICADO – 2016.2)
DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA E ARREPENDIMENTO EFICAZ
(ART. 15 DO CP)
O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou impede que o resultado se produza, só responde pelos atos já praticados.
Questão 3
(XX EXAME DE ORDEM UNIFICADO – 2016.2)
Item A
➢ Não há vedação legal, podendo Andy fazer jus ao benefício da suspensão condicional do processo.
➢ Andy foi condenado pela prática de contravenção penal.
➢ Pena mínima do crime de estelionato: 1 ano.
Questão 3
(XX EXAME DE ORDEM UNIFICADO – 2016.2)
SUSPENSÃO CONDICIONAL DO PROCESSO
(ART. 89 DA LEI 9.099/95)
Nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou inferior a um ano, abrangidas ou não por esta Lei, o Ministério Público, ao oferecer a denúncia, poderá propor a suspensão do processo, por dois a quatro anos, desde que o acusado não esteja sendo processado ou não tenha sido condenado por outro crime, presentes os demais requisitos que autorizariam a suspensão condicional da pena (art. 77 do Código Penal).
XX EXAME DE ORDEM UNIFICADO – 2016.2
QUESTÃO DISCURSIVA 4
Questão 4
(XX EXAME DE ORDEM UNIFICADO – 2016.2)
Joana trabalha em uma padaria na cidade de Curitiba. Em um domingo pela manhã,
Patrícia, freguesa da padaria, acreditando não estar sendo bem atendida por Joana,
após com ela discutir, a chama de “macaca” em razão da cor de sua pele.
Inconformados com o ocorrido, outros fregueses acionam policiais que efetuam a
prisão em flagrante de Patrícia por crime de racismo (Lei nº 7.716/89 – Lei do
Preconceito Racial), apesar de Joana dizer que não queria que fosse tomada qualquer
providência em desfavor da pessoa detida. A autoridade policial lavra o flagrante
respectivo, independente da vontade da ofendida, asseverando que os crimes da Lei
nº 7.716/89 são de ação penal pública incondicionada.
Questão 4
(XX EXAME DE ORDEM UNIFICADO – 2016.2)
O Ministério Público opina pela liberdade de Patrícia porque ainda existiam diligências a serem cumpridas em sede policial. Patrícia, sete meses após o ocorrido, procura seu advogado para obter esclarecimentos, informando que a vítima foi ouvida em sede policial e confirmou o ocorrido, bem como o desinteresse em ver a autora dos fatos responsabilizada criminalmente. Na condição de advogado de Patrícia, esclareça:
A) Agiu corretamente a autoridade policial ao indiciar Patrícia pela prática do crime de racismo? Justifique.
(Valor: 0,65)
B) Existe algum argumento defensivo para garantir, de imediato, o arquivamento do inquérito policial? Justifique. (Valor: 0,60)
Obs.: o examinando deve fundamentar suas respostas. A mera citação do dispositivo legal não confere pontuação.
Questão 4
(XX EXAME DE ORDEM UNIFICADO – 2016.2)
RACISMO INJÚRIA RACIAL
Lei n. 7.716/89 Art. 140, § 3º, do CP
Ação penal pública incondicionada Ação penal pública condicionada
Questão 4
(XX EXAME DE ORDEM UNIFICADO – 2016.2)
Item A
➢
A autoridade policial não agiu corretamente, já que Patrícia praticou injúria racial, e
não racismo.
Questão 4
(XX EXAME DE ORDEM UNIFICADO – 2016.2)
INJÚRIA RACIAL
(ART. 140, § 3º, DO CP)
Se a injúria consiste na utilização de elementos referentes a raça, cor, etnia, religião,
origem ou a condição de pessoa idosa ou portadora de deficiência:
Questão 4
(XX EXAME DE ORDEM UNIFICADO – 2016.2)
AÇÃO PENAL NO CRIME DE INJÚRIA RACIAL
(ART. 145, PARÁGRAFO ÚNICO, DO CP)
Procede-se mediante requisição do Ministro da Justiça, no caso do inciso I do caput do
art. 141 deste Código, e mediante representação do ofendido, no caso do inciso II do
mesmo artigo, bem como no caso do § 3º do art. 140 deste Código.
Questão 4
(XX EXAME DE ORDEM UNIFICADO – 2016.2)
Item B
➢
Argumento defensivo: a injúria racial é crime de ação penal pública condicionada à
representação (art. 145, parágrafo único, do CP).
➢
Passados mais de 6 meses desde a data do fato e do conhecimento da autoria, não
houve representação por parte da vítima.
➢
Deve ser reconhecida a decadência, com consequente arquivamento do inquérito
policial.
XXI EXAME DE ORDEM UNIFICADO – 2016.3
QUESTÃO DISCURSIVA 4
Questão 4
(XXI EXAME DE ORDEM UNIFICADO – 2016.3)
Diana, primária e de bons antecedentes, em dificuldades financeiras, com inveja das amigas que exibiam seus automóveis recém-adquiridos, resolve comprar joias em loja localizada no Município de Campinas, para usar em uma festa de comemoração de 10 anos de formatura da faculdade.
Em razão de sua situação, todavia, no momento do pagamento, entrega no estabelecimento um cheque sem provisão de fundos. Quando a proprietária da loja deposita o cheque, é informada, na cidade de Santos, pelo banco sacado, que inexistiam fundos suficientes, havendo recusa de pagamento, razão pela qual comparece em sede policial na localidade de sua residência, uma cidade do Estado de São Paulo, para narrar o ocorrido.
Questão 4
(XXI EXAME DE ORDEM UNIFICADO – 2016.3)
Convidada a comparecer em sede policial para esclarecer o ocorrido, Diana confirma a
emissão do cheque sem provisão de fundos, mas efetua, de imediato, o pagamento do
valor devido à proprietária do estabelecimento comercial. Posteriormente, a
autoridade policial elabora relatório conclusivo e encaminha o inquérito ao Ministério
Público, que oferece denúncia em face de Diana como incursa nas sanções do Art.
171, § 2º, inciso VI, do Código Penal.
Questão 4
(XXI EXAME DE ORDEM UNIFICADO – 2016.3)
Considerando a situação narrada, na condição de advogado(a) de Diana, responda aos itens a seguir.
A) Existe argumento a ser apresentado em favor de Diana para evitar, de imediato, o prosseguimento da ação penal? Em caso positivo, indique; em caso negativo, justifique. (Valor:
0,65)
B) De acordo com a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, qual será o foro competente para julgamento do crime imputado a Diana? Justifique. (Valor: 0,60)
Obs.:o(a) examinando(a) deve fundamentar as respostas. A mera citação do dispositivo legal não confere pontuação.
Questão 4
(XXI EXAME DE ORDEM UNIFICADO – 2016.3)
Item A
➢
A conduta de Diana se amolda ao tipo previsto no art. 171, § 2º, VI, do CP.
➢
Súmula 554 do STF.
Questão 4
(XXI EXAME DE ORDEM UNIFICADO – 2016.3)
FRAUDE NO PAGAMENTO POR MEIO DE CHEQUE
(ART. 171, § 2º, VI, DO CP)
§ 2º - Nas mesmas penas incorre quem:
(...)
VI - emite cheque, sem suficiente provisão de fundos em poder do sacado, ou lhe
frustra o pagamento.
Questão 4
(XXI EXAME DE ORDEM UNIFICADO – 2016.3)
SÚMULA 554 DO STF
O pagamento de cheque emitido sem provisão de fundos, após o recebimento da
denúncia, não obsta ao prosseguimento da ação penal.
Questão 4
(XXI EXAME DE ORDEM UNIFICADO – 2016.3)
HABEAS CORPUS
(ART. 5º DA CF)
LXVIII - conceder-se-á habeas corpus sempre que alguém sofrer ou se achar
ameaçado de sofrer violência ou coação em sua liberdade de locomoção, por
ilegalidade ou abuso de poder.
Questão 4
(XXI EXAME DE ORDEM UNIFICADO – 2016.3)
Item B
➢
O crime de estelionato por meio da emissão de cheque sem fundos é material.
➢
A consumação ocorre no momento da recusa do pagamento do cheque.
Questão 4
(XXI EXAME DE ORDEM UNIFICADO – 2016.3)
SÚMULA 521 DO STF
O foro competente para o processo e julgamento dos crimes de estelionato, sob a
modalidade da emissão dolosa de cheque sem provisão de fundos, é o do local onde
se deu a recusa do pagamento pelo sacado.
Questão 4
(XXI EXAME DE ORDEM UNIFICADO – 2016.3)
SÚMULA 244 DO STJ
Compete ao foro do local da recusa processar e julgar o crime de estelionato mediante
cheque sem provisão de fundos.
XXII EXAME DE ORDEM UNIFICADO – 2017.1
QUESTÃO DISCURSIVA 3
Questão 3
(XXII EXAME DE ORDEM UNIFICADO – 2017.1
Na cidade de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, Maurício iniciou a execução de determinada contravenção penal que visava atingir e gerar prejuízo em detrimento de patrimônio de entidade autárquica federal, mas a infração penal não veio a se consumar por circunstâncias alheias à sua vontade.
Ao tomar conhecimento dos fatos, o Ministério Público dá início a procedimento criminal perante juízo do Tribunal Regional Federal com competência para atuar no local dos fatos, imputando ao agente a prática da contravenção penal em sua modalidade tentada, oferecendo, desde já, proposta de transação penal.
Maurício conversa com sua família e procura um(a) advogado(a) para patrocinar seus interesses, destacando que não tem interesse em aceitar transação penal, suspensão condicional do processo ou qualquer outro benefício despenalizador.
Questão 3
(XXII EXAME DE ORDEM UNIFICADO – 2017.1)
Com base apenas nas informações narradas e na condição de advogado(a) de Maurício, responda:
A) Considerando que a contravenção penal causaria prejuízo ao patrimônio de entidade autárquica federal, o órgão perante o qual o procedimento criminal foi iniciado é competente para julgamento da infração penal imputada? Justifique. (Valor: 0,65)
B) Qual argumento de direito material deverá ser apresentado para evitar a punição de Maurício? Justifique. (Valor: 0,60)
Obs.: o examinando deve fundamentar suas respostas. A mera citação do dispositivo legal não confere
Questão 3
(XXII EXAME DE ORDEM UNIFICADO – 2017.1)
Item A
➢
A Justiça Federal não é competente para julgar contravenções penais, ainda que
praticadas em detrimento do patrimônio de autarquia federal.
Questão 3
(XXII EXAME DE ORDEM UNIFICADO – 2017.1)
COMPETÊNCIA DA JUSTIÇA FEDERAL
(ART. 109, IV, DA CF)
Aos juízes federais compete processar e julgar:
(...)
IV - os crimes políticos e as infrações penais praticadas em detrimento de bens,
serviços ou interesse da União ou de suas entidades autárquicas ou empresas
públicas, excluídas as contravenções e ressalvada a competência da Justiça Militar e da
Justiça Eleitoral.
Questão 3
(XXII EXAME DE ORDEM UNIFICADO – 2017.1)
SÚMULA 38 DO STJ
Compete à Justiça Estadual comum, na vigência da Constituição de 1988, o processo
por contravenção penal, ainda que praticada em detrimento de bens, serviços ou
interesse da união ou de suas entidades.
Questão 3
(XXII EXAME DE ORDEM UNIFICADO – 2017.1)
Item B
➢
Não se pune a tentativa de contravenção penal.
➢
Art. 4º da LCP.
Questão 3
(XXII EXAME DE ORDEM UNIFICADO – 2017.1)
TENTATIVA DE CONTRAVENÇÃO PENAL
(ART. 4º DA LCP)
XXII EXAME DE ORDEM UNIFICADO – 2017.1
QUESTÃO DISCURSIVA 4
Questão 4
(XXII EXAME DE ORDEM UNIFICADO – 2017.1)
Diego e Júlio caminham pela rua, por volta das 21h, retornando para suas casas após mais um dia de aula na faculdade, quando são abordados por Marcos, que, mediante grave ameaça de morte e utilizando simulacro de arma de fogo, exige que ambos entreguem as mochilas e os celulares que carregavam.
Após os fatos, Diego e Júlio comparecem em sede policial, narram o ocorrido e descrevem as características físicas do autor do crime. Por volta das 5h da manhã do dia seguinte, policiais militares em patrulhamento se deparam com Marcos nas proximidades do local do fato e verificam que ele possuía as mesmas características físicas do roubador. Todavia, não são encontrados com Marcos quaisquer dos bens subtraídos, nem o simulacro de arma de fogo.
Questão 4
(XXII EXAME DE ORDEM UNIFICADO – 2017.1)
Diante disso, Marcos liga para seu advogado para informar sua prisão. Este comparece, imediatamente, em sede policial, para acesso aos autos do procedimento originado do Auto de Prisão em Flagrante. Considerando apenas as informações narradas, na condição de advogado de Marcos, responda, de acordo com a jurisprudência dos Tribunais Superiores, aos itens a seguir
A) Qual requerimento deverá ser formulado, de imediato, em busca da liberdade de Marcos e sob qual fundamento? Justifique. (Valor: 0,65)
B) Oferecida denúncia na forma do indiciamento, qual argumento de direito material poderá ser apresentado pela defesa para questionar a capitulação delitiva constante da nota de culpa, em busca de uma punição mais branda? Justifique. (Valor: 0,60)
Obs.: o(a) examinando(a) deve fundamentar suas respostas. A mera citação do dispositivo legal não