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MORFODINÂMICA: SERRA DO MAR - BRASIL

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Academic year: 2021

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MORFODINÂMICA: SERRA DO MAR - BRASIL

Jurandyr Luciano Sanches Ross Departamento de Geografia – FFLCH – USP

juraross@usp.br

Luiza Saito Junqueira CETESB

lsjunqueira@sp.gov.br

Roney Perez dos Santos CETESB

roneyperez1@gmail.com

INTRODUÇÃO

A serra do Mar é uma muralha produzida por falhamento tectônico simultaneamente ao processo de abertura do Atlântico ao longo do meso-cenozoico. Estende-se desde o litoral centro-sul do Estado de Santa Catarina até o Centro norte do Estado do Rio de Janeiro.Apresenta altitudes variadas, mas que predominam entre 700 e 900m acima do nível do mar. Constitui-se por um relevo fortemente recortado por vales curtos, estreitos e profundos cujas encostas são extremamente inclinadas fornecendo ao conjunto, aspecto de elevada rugosidade topográfica.Os cursos d´água são de pequeno volume nos meses de outono/inverno , mas nos meses chuvosos de primavera/verão transformam-se em verdadeiras avalanches de águas barrentas carregando fragmentos de rochas, solo, vegetação e escombros de edificações encontradas e destruidas pelo percurso.As declividades das encostas variam dominantemente entre 20°-50°, podendo encontrar-se paredões rochosos com inclinações próximas aos 90°.Há uma grande diversidade de formações rochosas, sendo algumas mais rígidas como os granitos, entretanto maior parte constituem-se por metamórficas com diferentes graus de metamorfismo e consequentemente com muita variedade de resistência aos processos intempéricos.

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As características do relevo montanhoso, com muita variabilidade litológica, associado às condições de clima tropical úmido, possibilitou o desenvolvimento também de uma complexidade de solos com muita variação em suas características de composição mineralógica, espessura e grau de estabilidade.Esses solos, são no geral pouco desenvolvidos, rasos, argilosos e pedregosos, muito instáveis e altamente suscetíveis aos processos erosivos pluviais bem como aos deslizamentos, quer sejam os laminares ou os profundos, que alimentam as “corridas de lamas”que arrastam além dos solos, fragmentos de diferentes dimensões de rochas, árvores e construções como residências, rodovias, barragens, dutos, torres de transmissão de energia, ferrovias e plantações

A magnitude das ocorrências catastróficas têm como mecanismo indutor os volumes e intensidades das chuvas tropicais, que na escarpa da Serra do Mar apresentam valores anuais que podem ultrapassar 4500mm/a, ou seja 4500 litros de água de chuva por metro quadrado ao ano.

Muitas catástrofes vêm sendo registradas todos os anos na Serra do Mar, algumas geram um grande número de vítimas fatais como a de janeiro de 2011 na região serrana do Estado do Rio de Janeiro, que atingiu fortemente Nova Friburgo, Teresópolis, Petrópolis e outras cidades e povoados menores, causando enorme destruição de bens materiais, e um grande número de mortes.Grandes desastres naturais na serra do Mar, podem ser lembrados como o de Caraguatatuba-SP em 1967, o da serra das Araras (nome local da serra do Mar), também em 1967 no RJ, o de Cubatão SP em 1985, o de Santa Catarina (litoral Sul) em 1996, o de Blumenau no vale do rio Itajai em SC em 2008, o de Angra dos Reis no RJ em 2009, o do Paraná em 2011, e muitos outros pontuais e de menor intensidade, que não chegam ao noticiário nacional. Esses desastres naturais são potencializados pela ocupação humana que constroem cidades, rodovias, ferrovias, polidutos, barragens entre outras edificações nas áreas de riscos a deslizamentos nas encostas ingremes e inundações nos fundos de vales profundos e dominantemente estreitos. Na Serra do Mar, como em grande parte da área costeira dos estados do RJ, SP, PR e SC os espaços seguros para expansão urbana são muito restritos em função das condições naturais. Ao mesmo tempo, há uma fortíssima pressão para o crescimento urbano em decorrência das atividades industriais, portuárias, turística, instalações de infraestrutura de suporte para exploração do petróleo do fundo marinho. Essa pressão eleva os custos dos espaços disponíveis que estão fora das áreas de riscos, e “empurram” as populações de menor renda para residir onde os preços são mais baixos, e os riscos são

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mais altos. Também há parte da população de renda mais alta que procuram locais para residências, atraidos por beleza cênica, conforto térmico, natureza mais conservada e acabam morando em locais de risco. Nesses locais, os desastres naturais não escolhem o nível de renda e acabam por atingir tanto os mais ricos como também os pobres, estes últimos com maior extensividade e frequência.

DESLIZAMENTOS E AVALANCHES:FRAGILIDADES AMBIENTAIS DA SERRA

DO MAR

Motivados por novas catástrofes promovidas pelos deslizamentos na Serra do Mar no município de Cubatão-SP em janeiro de 1985, quando em uma noite chuvosa de verão quase que instantaneamente fez surgir 583 locais de deslizamentos deixando suas marcas na escarpa em forma de grandes cicatrizes com rochas e solos expostos à erosão pluvial. Essas cicatrizes ficaram por vários anos expostas aos processos erosivos pluviais e que não raro induzem a novos pequenos deslizamentos a elas associadas.

A pesquisa, cujo projeto teve suporte financeiro e técnico da CETESB-Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental, desenvolveu-se nos anos de 1990 e 1991 sob a responsabilidade dos geógrafos Luiza Saito Junqueira Aguiar, Roney Perez dos Santos e orientação técnico-científica do Prof.Dr.Jurandyr Luciano Sanches Ross, a partir de uma parceria estabelecida entre a CETESB e o Laboratório de Geomorfologia do DG/FFLCH-USP –Departamento de Geografia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciencias Humanas da Universidade de São Paulo.

Esta pesquisa desde inicio tinha como principal objetivo estabelecer uma avaliação do comportamento morfodinâmico da escarpa da serra do Mar nas vertentes das bacias dos rios Moji, Quilombo e Cubatão (margem esquerda), visando avaliar a sensibilidade do meio natural e estabelecer os diferentes níveis de instabilidade potencial aos processos de deslizamentos.O suporte teórico-metodológico adotado foi baseado nos princípios da Ecodinâmica de TRICART-(1977, 1976, e 1965) e ROSS (1989).

A preocupação desde o início foi analisar o comportamento morfodinâmico das vertentes escarpadas da Serra do Mar, tomando-se como ponto de partida da pesquisa mapear todas as cicatrizes de deslizamentos ocorridas no ano de 1983 nas bacias supra citadas. Com auxilio de fotografias aéreas e imagens de satélite e controle de campo, identificou-se 583 cicatrizes que foram plotadas em mapa topográfico- base na escala 1:25.000 posteriormente reduzida para 1:50.000.

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A partir dos registros dos pontos de deslizamentos construiu-se um conjunto de mapas temáticos tendo como suporte o mapa topográfico que permitiu a construção dos mapas hipsométricos, clinográficos, orientação de vertentes, rede hidrográfica.Com o auxilio das fotos aéreas, imagens de satélite e controle de campo elaborou-se o mapa de uso e ocupação da terra, o mapa morfológico setorizando as tipologias de vertentes.As informações sobre a geologia foram extraídas do Mapa Geológico-Folha Santos, escala 1:50.000, compilado pelo IPT (1987) a partir do trabalho de SADOWSKI (1974). A inexistência na época de um Mapa Pedológico de semi-detalhe, ou seja em escala compatível com a pesquisa, inviabilizou a combinação da variável solos no processo de análise integrada. As informações de solos foram extraídas das observações de campo e de dados genéricos retirados da bibliografia disponível.As informações sobre a pluviometria foram extraídas de relatórios do IPT (1985) e CETESB (1985) que tem como suporte os dados de Estações Meteorológicas de Saboó (Santos), Cubatão Residencial, Usina Henri Borden, Caixa 10 (Cubatão).

Os dados de chuvas foram tabulados para cada uma das Estações Meteorológicas e sintetizados em médias Normais anuais por períodos de 42 a 56 anos e o volume total para o ano de 1985, que foi muito chuvoso e com isso induziu as ocorrências dos deslizamentos.

Os dados mostram valores elevados de precipitação tanto para as médias como para o ano de 1985. Na Estação Caixa-10- a média de 42 anos apresentou valor de 2267,8mm/a e total de 3225,7 mm/a para 1985.Na Estação Henry Borden, a normal de 56 anos apresentou valores de 2953,9mm/a e o total de 1985 de 3346,7mm/a.. Os estudos do IPT (1985), indicam que os maiores volumes de chuvas anuais ocorrem na borda da escarpa (da meia altitude para o topo) onde registra-se mais de 4000mm/a, enquanto que na base da escarpa as médias anuais estão entorno de 2500mm/a.A pesquisa de NUNES (1990), cuja dissertação denomina-se Impacto Pluvial na Serra do Mar e Baixada Santista, ao examinar dados de Estações localizadas na escarpa e na baixada apontam para totais pluviométricos anuais que com relativa freqüência ultrapassam valores acima de 3000 e 4000mmm/a., ocorrendo eventualmente nos meses de verão, totais que podem atingir de 800 a 1000mm/mês, sendo entretanto freqüentes valores acima de 400mm/mês para dezembro, janeiro, fevereiro e março.

AB`SABER (1987), para analisar o evento dos escorregamentos/deslizamentos ocorridos em 22 de janeiro de 1985, utilizou os dados dos Postos de Paranapiacaba da

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RFFSA, da Eletropaulo e da Divisão de Serviços de Hidrometeorologia para os anos de 1984 e 1985. No período de julho de 1984 a junho de 1985 ocorreram 4121mm/ano de chuvas, sendo o mês mais chuvoso o de janeiro de 1985 com volume de 871,8mm/m. Especificamente no dia em que ocorreu os deslizamentos, o volume foi de 280,4mm/dia, ou seja valor semelhante aos totais mensais dos meses de outono e primavera, quando os valores para a essa área oscilam entre 200 e 300mm/m. Conforme dados extraídos de AB ´SABER (1987) apud CETESB (1991) os 4221 mm/a do período 1984/85 foram assim distribuídos: julho/1984-257mm, agosto 365,4mm, setembro 177,2mm, outubro 283mm, novembro 217,8, dezembro 407,2mm, janeiro 871,8mm, fevereiro 387,6mm, março 350,2mm, abril 527,6mm, maio 113,6mm, e junho 162,8mm. Percebe-se portanto que o mês de janeiro apresentou valores totais que correspondem ao dobro do que normalmente ocorre neste mês em anos de maior normalidade pluviométrica.

Os valores apresentados pelas pesquisas sobre a dinâmica das chuvas na Serra do Mar, deixam claro o importante papel das excepcionalidades pluviométricas nos processos geomorfológicos que desencadeiam os deslizamentos acompanhados das avalanches que atingem os fundos de vales até a base da escarpa.

Ao confrontar o Mapa das Cicatrizes de Deslizamentos com o Mapa Geológico, supra citado, constatou-se o que segue. Dos 583 pontos de ocorrência de deslizamentos, 120 estavam sobre rochas de tipo Micaxistos, 57 em rochas cataclásticas, 31 em rochas ígneas/granito, e 375 em rochas de diferentes tipos de Migmatitos, com destaque para os Migmatitos estromatiticos. Em síntese, fica evidente a relação de maior quantidade de ocorrências de deslizamentos sobre rochas metamórficas de diversas composições e gêneses. Isto certamente se explica em função da maior heterogeneidade do material lítico de origem, dos planos de xistosidade, das linhas de fraqueza (falhas/fraturas/juntas) que são mais abundantes nestes tipos de litologias.

Litologias Total dos Deslizamentos

Micaxistos 120

Migmatitos (diversos) 375

Cataclasitos 57

Granitos 31

A relação entre as cicatrizes dos deslizamentos e as tipologias de vertentes identificadas e registradas no Mapa Morfológico, pôs em evidência que algumas formas de

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vertentes são mais propicias e indutoras ao desencadeamento dos processos de deslizamentos do que outras. Assim constatou-se que das 583 cicatrizes, 42 ocorreram nos setores convexos para os retilíneos das vertentes e 541 foram registradas nos setores retilíneos para os côncavos e nenhuma marca de deslizamentos foi registrada nos setores côncavo para a rampa coluvial, bem como também nos patamares de rampa coluvial.Assim sendo, fica evidente que os setores retilíneos para os côncavos são os mais vulneráveis aos processos de deslizamentos.

Morfologias das Vertentes Total dos Deslizamentos Transição do Convexo para Retilíneo 42 ocorrências Transição do Retilíneo para o Concavo 541 ocorrências Transição do Côncavo para rampa coluvial nenhuma ocorrência. A comparação do mapa das cicatrizes com o mapa clinográfico, que apresenta cinco classes de declividades revelou que: na classe de menor declividade das vertentes, ou seja inferior a 5° não ocorreu nenhum registro de deslizamentos. Na segunda classe entre 5° e 15° ocorreram 26 cicatrizes, na classe 15° a 25° registra-se 120 cicatrizes, na classe 25° a 35° ocorreram 246 cicatrizes e na classe acima de 35° encontrou-se 191 cicatrizes de deslizamentos.Como se pode perceber as maiores ocorrências estão entre 25° e 35°, entretanto os processos têm maior potencial de ocorrência a partir dos 15° de declividades.

Classes de declividades Total dos deslizamentos Inferior a 5º (graus) nenhuma ocorrência 5 a 15º 26 ocorrências

15 a 25º 120 ocorrências 25 a 35º 246 ocorrencias Acima de 35º 191 ocorrencias.

Associando o mapa das cicatrizes com o Mapa Hipsométrico, as ocorrências são mais freqüentes à medida que os valores altimétricos se elevam. A distribuição das ocorrências pelas classes altimétricas mostram que: até 20m de altitude não ocorreram nenhum deslizamentos, na classe de 20 a 150m ocorreram 20 deslizamentos, na classe 150 a 300m registra-se 119 cicatrizes, de 300 a 450m, observaram-se 158 cicatrizes, 450 a 600m. ocorreram 132 cicatrizes, de 600 a 750m ocorreram 122 cicatrizes e acima de 750m apenas

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32 marcas de deslizamentos.Assim sendo, nas altitudes entre 150 e 750m é o intervalo de maior freqüência de ocorrências.

Classes altimétricas Total de deslizamentos Até 20m sem ocorrência

20 a 150m 20 ocorrências 150 a 300m 119 ocorrências 300 a 450m 158 ocorrências 450 a 600m 132 ocorrências 600 a 750m 122 ocorrências Acima de 750m 32 ocorrências

Também confrontou-se o mapa das 583 cicatrizes com o mapa de Uso da Terra e da Cobertura Vegetal, que revelou os seguintes dados: Nas áreas cobertas com Matas Nativas Primárias, registrou-se 16 cicatrizes, nas Matas Degradadas ocorreram a maior parte dos eventos, ou seja 384 ocorrências, nas diferentes categorias de Capoeiras registraram-se 170 eventos, e nos campos apenas 4 eventos e em áreas de manutenção ocorreram 9 deslizamentos.

Os dados revelam que nas áreas mais protegidas por cobertura florestal primária e nos campos são as coberturas vegetais que menos apresentam potencial aos processos de deslizamentos.

Tipos de cobertura vegetal Total das ocorrências Matas nativas primárias 16 ocorrências Matas degradas 384 ocorrências Capoeiras/matas secundárias 170 ocorrências

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CONCLUSOES

A partir da análise integrada de componentes físico-naturais, foi possível entender um pouco mais sobre a fragilidades aos processos de deslizamentos na escarpa da serra do Mar. Através dos geo-indicadores identificados pelas variáveis de análise e seus parâmetros, foi possível hierarquizar as diferentes condições naturais dos ambientes susceptíveis aos deslizamentos.Para isso, os trabalhos dos autores supra citados, foram fundamentais para este entendimento. Diante disto, pode-se portanto estabelecer alguns geo-indicadores, que com seus parâmetros permitem antever em quais condições ambientais é possível desencadear processos de deslizamentos nas escarpas em ambientes tropicais úmidos.

1- fato notório é que as águas das bacias hidrográficas costeiras, que drenam as vertentes da escarpa da serra do Mar, embora sejam de pequena dimensão territorial, têm um grande poder de erosão, transporte e deposição de material detrítico heterogêneo, nos eventos climáticos não regulares, ou seja naqueles em que os volumes e intensidades das chuvas são anômalos e de menos recorrência.Nestas ocasiões são os momentos em que ocorrem os deslizamentos nas vertentes e as avalanches nos fundos de vales.

2 - Confrontando-se as datas de ocorrências dos deslizamentos com as condições pluviográficas, constata-se que um conjunto de fatos climáticos possibilitam o desencadeamento dos processos.Entre eles estão: grandes volumes de chuvas acumulados por vários episódios de chuvas ao longo de alguns dias consecutivos, seguidos de episódios de longa duração em um só dia (acima 150/200mm/d) e que no acumulado de três ou quatro dias valores que somam entre 250 a 400mm.

3 - A concentração de episódios de chuvas acumuladas levam a saturação por água pluvial do manto de alteração (solo mais alterito), elevando o nível do lençol freático, aumentando o peso do material solido pelo acréscimo da água, acompanhado do aumento da plasticidade e liquidez destes materiais.

4 - Os pontos de ocorrência dos deslizamentos tendem a estar associados aos locais onde o lençol freático aflora em superfície, nas áreas de transição dos perfis de vertentes retilíneas para as côncavas, com freqüência nas cabeceiras de drenagem de formato espacial côncavo.

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5 - As declividades das vertentes também exercem importante papel nos processos de deslizamentos.Declividades acima de 15º, 17º, 20º e 25º são as mais propicias a esses processos.

6 - Nas áreas de ocorrências de rochas metamórficas muito xistosas com bandeamentos bem definidos, acompanhados de juntas/contatos litológicos e com elevada concentração de fraturas e falhas, são elementos que estabelecem linhas de fraqueza que favorecem ao longo do tempo os processos erosivos e os deslizamentos.

7 - Os mantos de alteração ou de intemperismo profundos que se desenvolvem principalmente sobre rochas metamórficas sem entretanto constituírem solos bem desenvolvidos, estruturados (latossolos, argissolos, nitossolos) , caracterizados principalmente por solos instáveis rasos e pedregosos (Neossolos Litólicos e Cambissolos Háplicos), fornecem as condições favoráveis aos processos de deslizamentos.

8 - O arranjo estrutural das rochas metamórficas quando as vertentes são coincidentes com os planos de mergulho das pseudo-camadas, os deslizamentos planares são mais freqüentes. O manto de alteração que se forma sobre estas condições podem ter contato abrupto com a rocha sã criando-se um plano inclinado favorável aos deslizamentos.

9 - Fato semelhante ao anterior, também ocorre quando vertentes muito inclinadas se desenvolvem sobre rochas graníticas, onde o manto de alteração pouco espesso ao ser saturado pelas águas pluviais tornam-se mais liquefeitos e com maior plasticidade possibilitando os deslizamentos.

10 - A cobertura vegetal com Florestas Tropicais Primárias, que estejam em áreas de alto potencial ‘a ocorrência de deslizamentos, tendem a fornecer maior estabilidade às vertentes em função da densa rede de raízes profundas que ajudam a reter os processos erosivos e de deslizamentos. Nas Florestas muito degradas pelas ações humanas, os resíduos de raízes e troncos mortos que permanecem nos solos, induzem a infiltração e acúmulo temporário de água pluvial, potencializando o desencadeamento dos processos de deslizamentos.

11 - As intervenções humanas na natureza, como edificações, obras de infra-estrutura em geral, promovem fortes impactos, provocando transformações incisivas na natureza e se o lugar têm algum potencial aos deslizamentos, estes acabam ocorrendo por indução antrópica. Entre as intervenções pode-se citar:

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• cortes profundos e aterros para implantação de sistema viário tendem a desestabilizar as vertentes e induzirem os deslizamentos nas margens rodoviárias; • desmontes totais ou parciais de vertentes ou de morros isolados gerando aterros com material detrítico muito siltoso ou arenoso que têm baixa capacidade de agregação ficam sujeitos a deslizamentos e a vigorosos processos erosivos produzidos pelo escoamento das águas pluviais.

• construções de residências uni ou pluri-familiares em vertentes muito inclinadas que exigem cortes profundos e aterros são altamente potencializadoras aos processos de deslizamentos porque desestabilizam as vertentes..

• instalação de grande densidade de fossas para disposição das águas servidas tendem a saturar os solos de seu entorno nas vertentes muito inclinadas com potencial para ocorrerem os deslizamentos.

• Descarte de águas servidas em superfície saturando os solos também induzem aos deslizamentos.

• Depósitos a céu aberto de resíduos sólidos doméstico (matéria orgânica) e entulhos são propícios ao acúmulo de águas pluviais e a desestabilização das vertentes induzindo os deslizamentos.

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REFERÊNCIAS

AB´SABER, A.N.-1987-A Serra do Mar na Região de Cubatão:Avalanches de janeiro de 1985:A ruptura do equilíbrio ecológico na Serra de Paranapiacaba e a Poluição Industrial: in: Simpósio sobre Ecossistemas da Costa Sul e Sudeste Brasileira. São Paulo-Academia de Ciências do Estado de São Paulo, v.

2-AMARAL, R.do & GUTJHAR, M..R.-2012-Desastres

Naturais-Cadernos de Educação

Ambiental-SMA-SP-Instituto Geológico- São Paulo, pag.100

BACCARO, C.A.D.- 1982- Os Processos de Movimentos de Massa e a Evolução das Vertentes na Serra do Mar em Cubatão-SP-Dissertação de Mestrado-FFLCH-USP- São Paulo.

CETESB-Cia.de Tecnologia de Saneamento Ambiental-1991-Carta Morfodinâmica da Serra

do Mar na Região de

Cubatão-SP-Rel.Interno-pag.36 e mapas anexos.São Paulo-SP

CRUZ, O. -1974-A Serra do Mar e o Litoral na Área de Caraguatatuba: Contribuição à geomorfologia litorânea tropical. São Paulo-Instituto de Geografia-USP- Série Teses e Monografias-11

NUNES, L.H.-1990- Impacto Pluvial na Serra do Paranapiacaba e Baixada Santista-Dissertação de Mestrado-FFLCH-USP- pag126 e anexos-São Paulo.

SANTOS, A.R.dos- 2012- Enchentes e Deslizamentos:Causas e Soluções-Editora Pini-pag.136-São Paulo.

TOMINAGA, L.T.,SANTORO, J. e AMARAL, R.do-(org) 2009-Desastres Naturais:Conhecer para Prevenir- SMA-DP-Instituto Geológico- pag.196, São Paulo

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MORFODINÂMICA: SERRA DO MAR - BRASIL

EIXO EIXO 5 – Meio ambiente, recursos e ordenamento territorial

RESUMO

A serra do Mar estende-se desde o litoral centro-sul do Estado de Santa Catarina até o Centro norte do Estado do Rio de Janeiro com altitudes entre 700 e 900m e declividades entre 15° e 45°,.Há uma grande diversidade de formações rochosas, como granitos, e metamórficas. Os solos, são pouco desenvolvidos, rasos, argilosos e pedregosos, muito instáveis e altamente suscetíveis aos processos erosivos pluviais e deslizamentos. A magnitude das ocorrências catastróficas têm como mecanismo indutor os volumes e intensidades das chuvas tropicais, que nesta Serra podem atingir 4500mm/a. Esta pesquisa foi motivada pelos deslizamentos ocorridos em janeiro de 1985, quando ocorreram 583 deslizamentos.. A pesquisa, teve suporte financeiro e técnico da CETESB- e desenvolveu-se nos anos de 1990 e 1991, em parceria com o Laboratório de Geomorfologia do DG/FFLCH-USP. O principal objetivo foi avaliar o comportamento morfodinâmico da escarpa nas vertentes das bacias dos rios Moji, Quilombo e Cubatão, com suporte metodológico da Ecodinâmica de TRICART-(1977) e ROSS (1989). Mapeou-se todas as cicatrizes de deslizamentos com uso de fotografias aéreas e levantamento de campo, registradas em mapa topográfico na escala 1:25.000. Ao confrontar os Mapas das Cicatrizes de Deslizamentos e Geológico, constatou-se que das 583 ocorrências, 120 estavam sobre Micaxistos, 57 em cataclásticas, 31 em granitos, e 375 em Migmatitos. Na confrontação com as tipologias de vertentes, constatou que, 42 ocorreram nos setores convexos para os retilíneos e 541 nos setores retilíneos para os côncavos. Ao comparar com a clinografia constatou-se que entre 5° e 15° ocorreram 26, na 15° a 25° registrou-se 120, na classe 25° a 35° foram 246 e acima de 35° encontrou-se 191 cicatrizes. A distribuição das ocorrências com as altimetrias mostraram que: na classe de 20 a 150m ocorreram 20 deslizamentos, de 150 a 300m, 119 cicatrizes, de 300 a 450m, 158 ocorrências, de 450 a 600m, 132 cicatrizes, de 600 a 750m, 122 ocorrências e acima de 750m, 32 marcas de deslizamentos. Confrontando as cicatrizes com o Uso da Terra-Cobertura Vegetal, revelou que nas áreas cobertas com Matas Nativas primárias, registrou-se 16 cicatrizes, nas Matas Degradadas 384, nas Capoeiras 170 eventos, nos campos 4 e em áreas de manutenção, 9 deslizamentos. A partir da análise integrada de componentes físico-naturais, foi possível entender mais sobre a morfodinâmica aos processos de deslizamentos na escarpa da serra do Mar. A conjugação de fatores combinados como chuvas concentradas, declividades acima de 15º, solos instáveis, rochas frágeis e cobertura vegetal degradada são o ponto de partida para os deslizamentos.

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