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O guarda-chuva do guarda

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Academic year: 2021

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(1)

2 3 4 5 Quem é esse que se diz “eu”? Se imaginarmos um “eu”

mascu-lino, por exemplo, poderíamos, num tom machista, sustentar que mulher tem de ser mesmo conduzida com rédea curta, porque senão voa; num tom mais feminista, poderíamos dizer que a mulher fez muito bem em abandonar alguém tão controlador. Está instalada a polêmica das muitas vozes que circulam nas prá-ticas sociais...

Se levamos alguns anos para aprender a decifrar o escrito com autonomia, ler na dimensão que descrevemos é uma aprendiza-gem que não se esgota nunca, pois para alguns textos seremos sempre leitores iniciantes.

DESCRIÇÃO DO PROJETO DE LEITURA

UM POUCO SOBRE O AUTOR

Contextualiza-se o autor e sua obra no panorama da literatura para crianças.

RESENHA

Apresentamos uma síntese da obra para permitir que o pro-fessor, antecipando a temática, o enredo e seu desenvolvimento, possa considerar a pertinência da obra levando em conta as ne-cessidades e possibilidades de seus alunos.

COMENTÁRIOS SOBRE A OBRA

Procuramos evidenciar outros aspectos que vão além da trama narrativa: os temas e a perspectiva com que são abordados, cer-tos recursos expressivos usados pelo autor. A partir deles, o pro-fessor poderá identificar que conteúdos das diferentes áreas do conhecimento poderão ser explorados, que temas poderão ser discutidos, que recursos lingüísticos poderão ser explorados para ampliar a competência leitora e escritora do aluno.

PROPOSTAS DE ATIVIDADES a) antes da leitura

Ao ler, mobilizamos nossas experiências para compreendermos o texto e apreciarmos os recursos estilísticos utilizados pelo au-tor. Folheando o livro, numa rápida leitura preliminar, podemos antecipar muito a respeito do desenvolvimento da história. “Andorinha no coqueiro,

Sabiá na beira-mar, Andorinha vai e volta, Meu amor não quer voltar.”

O guarda-chuva

do guarda

BARTOLOMEU CAMPOS DE QUEIRÓS

N

uma primeira dimensão, ler pode ser entendido como de-cifrar o escrito, isto é, compreender o que letras e outros sinais gráficos representam. Sem dúvida, boa parte das ativida-des que são realizadas com as crianças nas séries iniciais do Ensino Fundamental têm como finalidade desenvolver essa capacidade. Ingenuamente, muitos pensam que, uma vez que a criança te-nha fluência para decifrar os sinais da escrita, pode ler sozite-nha, pois os sentidos estariam lá, no texto, bastando colhê-los.

Por essa concepção, qualquer um que soubesse ler e conheces-se o que as palavras significam estaria apto a dizer em que lugar estão a andorinha e o sabiá; qual dos dois pássaros vai e volta e quem não quer voltar. Mas será que a resposta a estas questões bastaria para assegurar que a trova foi compreendida? Certa-mente não. A compreensão vai depender, também, e muito, do que o leitor já souber sobre pássaros e amores.

Isso porque muitos dos sentidos que depreendemos ao ler de-rivam de complexas operações cognitivas para produzir inferências. Lemos o que está nos intervalos entre as palavras, nas entrelinhas, lemos, portanto, o que não está escrito. É como se o texto apresentasse lacunas que devessem ser preenchidas pelo trabalho do leitor.

Se retornarmos à trova acima, descobriremos um “eu” que as-socia pássaros à pessoa amada. Ele sabe o lugar em que está a andorinha e o sabiá; observa que as andorinhas migram, “vão e

voltam”, mas diferentemente destas, seu amor foi e não voltou.

Apesar de não estar explícita, percebemos a comparação entre a andorinha e a pessoa amada: ambas partiram em um dado mo-mento. Apesar de também não estar explícita, percebemos a opo-sição entre elas: a andorinha retorna, mas a pessoa amada “não

quer voltar”. Se todos estes elementos que podem ser deduzidos

pelo trabalho do leitor estivessem explícitos, o texto ficaria mais ou menos assim:

Sei que a andorinha está no coqueiro, e que o sabiá está na beira-mar. Observo que a andorinha vai e volta,

mas não sei onde está meu amor que partiu e não quer voltar. O assunto da trova é o relacionamento amoroso, a dor-de-cotovelo pelo abandono e, dependendo da experiência prévia que tivermos a respeito do assunto, quer seja esta vivida pessoalmente ou “vivida” através da ficção, diferentes emoções podem ser ativadas: alívio por estarmos próximos de quem amamos, cumplicidade por estarmos distantes de quem amamos, desilusão por não acreditarmos mais no amor, esperança de encontrar alguém diferente...

Quem produz ou lê um texto o faz a partir de um certo lugar, como diz Leonardo Boff*, a partir de onde estão seus pés e do que vêem seus olhos. Os horizontes de quem escreve e os de quem lê podem estar mais ou menos próximos. Os horizontes de um leitor e de outro podem estar mais ou menos próximos. As leitu-ras produzem interpretações que produzem avaliações que reve-lam posições: pode-se ou não concordar com o quadro de valores sustentados ou sugeridos pelo texto.

Se refletirmos a respeito do último verso “meu amor não quer

voltar”, podemos indagar, legitimamente, sem nenhuma

esperan-ça de encontrar a resposta no texto: por que ele ou ela não “quer” voltar? Repare que não é “não pode” que está escrito, é “não quer”, isto quer dizer que poderia, mas não quer voltar. O que teria provo-cado a separação? O amor acabou. Apaixonse por outra ou ou-tro? Outros projetos de vida foram mais fortes que o amor: os estu-dos, a carreira, etc. O “eu” é muito possessivo e gosta de controlar os passos dele ou dela, como controla os da andorinha e do sabiá? ___________

* “Cada um lê com os olhos que tem. E interpreta a partir de onde os pés pisam.” A águia e

a galinha: uma metáfora da condição humana (37a edição, 2001), Leonardo Boff, Editora

Vozes, Petrópolis.

As atividades propostas favorecem a ativação dos conhecimen-tos prévios necessários à compreensão do texto.

 Explicitação dos conhecimentos prévios necessários para que os alunos compreendam o texto.

 Antecipação de conteúdos do texto a partir da observação de indicadores como título (orientar a leitura de títulos e subtítulos), ilustração (folhear o livro para identificar a loca-lização, os personagens, o conflito).

 Explicitação dos conteúdos que esperam encontrar na obra levando em conta os aspectos observados (estimular os alu-nos a compartilharem o que forem observando).

b) durante a leitura

São apresentados alguns objetivos orientadores para a leitura, focalizando aspectos que auxiliem a construção dos significados do texto pelo leitor.

 Leitura global do texto.

 Caracterização da estrutura do texto.

 Identificação das articulações temporais e lógicas responsá-veis pela coesão textual.

c) depois da leitura

Propõem-se uma série de atividades para permitir uma melhor compreensão da obra, aprofundar o estudo e a reflexão a respei-to de conteúdos das diversas áreas curriculares, bem como deba-ter temas que permitam a inserção do aluno nas questões con-temporâneas.

 Compreensão global do texto a partir da reprodução oral ou escrita do texto lido ou de respostas a questões formula-das pelo professor em situação de leitura compartilhada.  Apreciação dos recursos expressivos mobilizados na obra.  Identificação dos pontos de vista sustentados pelo autor.  Explicitação das opiniões pessoais frente a questões polêmicas.  Ampliação do trabalho para a pesquisa de informações com-plementares numa dimensão interdisciplinar ou para a pro-dução de outros textos ou, ainda, para produções criativas que contemplem outras linguagens artísticas.

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 sobre o mesmo assunto  sobre o mesmo gênero

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[

[

[

] ] ] ] ]

Leitor iniciante

Leitor em processo

Leitor fluente

BARTOLOMEU CAMPOS DE QUEIRÓS

O guarda-chuva do guarda

ILUSTRAÇÕES: ELISABETH TEIXEIRA

PROJETO DE LEITURA

Luísa Nóbrega

Maria José Nóbrega

(2)

2 3 4 5 Quem é esse que se diz “eu”? Se imaginarmos um “eu”

mascu-lino, por exemplo, poderíamos, num tom machista, sustentar que mulher tem de ser mesmo conduzida com rédea curta, porque senão voa; num tom mais feminista, poderíamos dizer que a mulher fez muito bem em abandonar alguém tão controlador. Está instalada a polêmica das muitas vozes que circulam nas prá-ticas sociais...

Se levamos alguns anos para aprender a decifrar o escrito com autonomia, ler na dimensão que descrevemos é uma aprendiza-gem que não se esgota nunca, pois para alguns textos seremos sempre leitores iniciantes.

DESCRIÇÃO DO PROJETO DE LEITURA

UM POUCO SOBRE O AUTOR

Contextualiza-se o autor e sua obra no panorama da literatura para crianças.

RESENHA

Apresentamos uma síntese da obra para permitir que o pro-fessor, antecipando a temática, o enredo e seu desenvolvimento, possa considerar a pertinência da obra levando em conta as ne-cessidades e possibilidades de seus alunos.

COMENTÁRIOS SOBRE A OBRA

Procuramos evidenciar outros aspectos que vão além da trama narrativa: os temas e a perspectiva com que são abordados, cer-tos recursos expressivos usados pelo autor. A partir deles, o pro-fessor poderá identificar que conteúdos das diferentes áreas do conhecimento poderão ser explorados, que temas poderão ser discutidos, que recursos lingüísticos poderão ser explorados para ampliar a competência leitora e escritora do aluno.

PROPOSTAS DE ATIVIDADES a) antes da leitura

Ao ler, mobilizamos nossas experiências para compreendermos o texto e apreciarmos os recursos estilísticos utilizados pelo au-tor. Folheando o livro, numa rápida leitura preliminar, podemos antecipar muito a respeito do desenvolvimento da história. “Andorinha no coqueiro,

Sabiá na beira-mar, Andorinha vai e volta, Meu amor não quer voltar.”

O guarda-chuva

do guarda

BARTOLOMEU CAMPOS DE QUEIRÓS

N

uma primeira dimensão, ler pode ser entendido como de-cifrar o escrito, isto é, compreender o que letras e outros sinais gráficos representam. Sem dúvida, boa parte das ativida-des que são realizadas com as crianças nas séries iniciais do Ensino Fundamental têm como finalidade desenvolver essa capacidade. Ingenuamente, muitos pensam que, uma vez que a criança te-nha fluência para decifrar os sinais da escrita, pode ler sozite-nha, pois os sentidos estariam lá, no texto, bastando colhê-los.

Por essa concepção, qualquer um que soubesse ler e conheces-se o que as palavras significam estaria apto a dizer em que lugar estão a andorinha e o sabiá; qual dos dois pássaros vai e volta e quem não quer voltar. Mas será que a resposta a estas questões bastaria para assegurar que a trova foi compreendida? Certa-mente não. A compreensão vai depender, também, e muito, do que o leitor já souber sobre pássaros e amores.

Isso porque muitos dos sentidos que depreendemos ao ler de-rivam de complexas operações cognitivas para produzir inferências. Lemos o que está nos intervalos entre as palavras, nas entrelinhas, lemos, portanto, o que não está escrito. É como se o texto apresentasse lacunas que devessem ser preenchidas pelo trabalho do leitor.

Se retornarmos à trova acima, descobriremos um “eu” que as-socia pássaros à pessoa amada. Ele sabe o lugar em que está a andorinha e o sabiá; observa que as andorinhas migram, “vão e

voltam”, mas diferentemente destas, seu amor foi e não voltou.

Apesar de não estar explícita, percebemos a comparação entre a andorinha e a pessoa amada: ambas partiram em um dado mo-mento. Apesar de também não estar explícita, percebemos a opo-sição entre elas: a andorinha retorna, mas a pessoa amada “não

quer voltar”. Se todos estes elementos que podem ser deduzidos

pelo trabalho do leitor estivessem explícitos, o texto ficaria mais ou menos assim:

Sei que a andorinha está no coqueiro, e que o sabiá está na beira-mar. Observo que a andorinha vai e volta,

mas não sei onde está meu amor que partiu e não quer voltar. O assunto da trova é o relacionamento amoroso, a dor-de-cotovelo pelo abandono e, dependendo da experiência prévia que tivermos a respeito do assunto, quer seja esta vivida pessoalmente ou “vivida” através da ficção, diferentes emoções podem ser ativadas: alívio por estarmos próximos de quem amamos, cumplicidade por estarmos distantes de quem amamos, desilusão por não acreditarmos mais no amor, esperança de encontrar alguém diferente...

Quem produz ou lê um texto o faz a partir de um certo lugar, como diz Leonardo Boff*, a partir de onde estão seus pés e do que vêem seus olhos. Os horizontes de quem escreve e os de quem lê podem estar mais ou menos próximos. Os horizontes de um leitor e de outro podem estar mais ou menos próximos. As leitu-ras produzem interpretações que produzem avaliações que reve-lam posições: pode-se ou não concordar com o quadro de valores sustentados ou sugeridos pelo texto.

Se refletirmos a respeito do último verso “meu amor não quer

voltar”, podemos indagar, legitimamente, sem nenhuma

esperan-ça de encontrar a resposta no texto: por que ele ou ela não “quer” voltar? Repare que não é “não pode” que está escrito, é “não quer”, isto quer dizer que poderia, mas não quer voltar. O que teria provo-cado a separação? O amor acabou. Apaixonse por outra ou ou-tro? Outros projetos de vida foram mais fortes que o amor: os estu-dos, a carreira, etc. O “eu” é muito possessivo e gosta de controlar os passos dele ou dela, como controla os da andorinha e do sabiá? ___________

* “Cada um lê com os olhos que tem. E interpreta a partir de onde os pés pisam.” A águia e

a galinha: uma metáfora da condição humana (37a edição, 2001), Leonardo Boff, Editora

Vozes, Petrópolis.

As atividades propostas favorecem a ativação dos conhecimen-tos prévios necessários à compreensão do texto.

 Explicitação dos conhecimentos prévios necessários para que os alunos compreendam o texto.

 Antecipação de conteúdos do texto a partir da observação de indicadores como título (orientar a leitura de títulos e subtítulos), ilustração (folhear o livro para identificar a loca-lização, os personagens, o conflito).

 Explicitação dos conteúdos que esperam encontrar na obra levando em conta os aspectos observados (estimular os alu-nos a compartilharem o que forem observando).

b) durante a leitura

São apresentados alguns objetivos orientadores para a leitura, focalizando aspectos que auxiliem a construção dos significados do texto pelo leitor.

 Leitura global do texto.

 Caracterização da estrutura do texto.

 Identificação das articulações temporais e lógicas responsá-veis pela coesão textual.

c) depois da leitura

Propõem-se uma série de atividades para permitir uma melhor compreensão da obra, aprofundar o estudo e a reflexão a respei-to de conteúdos das diversas áreas curriculares, bem como deba-ter temas que permitam a inserção do aluno nas questões con-temporâneas.

 Compreensão global do texto a partir da reprodução oral ou escrita do texto lido ou de respostas a questões formula-das pelo professor em situação de leitura compartilhada.  Apreciação dos recursos expressivos mobilizados na obra.  Identificação dos pontos de vista sustentados pelo autor.  Explicitação das opiniões pessoais frente a questões polêmicas.  Ampliação do trabalho para a pesquisa de informações com-plementares numa dimensão interdisciplinar ou para a pro-dução de outros textos ou, ainda, para produções criativas que contemplem outras linguagens artísticas.

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O guarda-chuva do guarda

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PROJETO DE LEITURA

Luísa Nóbrega

Maria José Nóbrega

(3)

2 3 4 5 Quem é esse que se diz “eu”? Se imaginarmos um “eu”

mascu-lino, por exemplo, poderíamos, num tom machista, sustentar que mulher tem de ser mesmo conduzida com rédea curta, porque senão voa; num tom mais feminista, poderíamos dizer que a mulher fez muito bem em abandonar alguém tão controlador. Está instalada a polêmica das muitas vozes que circulam nas prá-ticas sociais...

Se levamos alguns anos para aprender a decifrar o escrito com autonomia, ler na dimensão que descrevemos é uma aprendiza-gem que não se esgota nunca, pois para alguns textos seremos sempre leitores iniciantes.

DESCRIÇÃO DO PROJETO DE LEITURA

UM POUCO SOBRE O AUTOR

Contextualiza-se o autor e sua obra no panorama da literatura para crianças.

RESENHA

Apresentamos uma síntese da obra para permitir que o pro-fessor, antecipando a temática, o enredo e seu desenvolvimento, possa considerar a pertinência da obra levando em conta as ne-cessidades e possibilidades de seus alunos.

COMENTÁRIOS SOBRE A OBRA

Procuramos evidenciar outros aspectos que vão além da trama narrativa: os temas e a perspectiva com que são abordados, cer-tos recursos expressivos usados pelo autor. A partir deles, o pro-fessor poderá identificar que conteúdos das diferentes áreas do conhecimento poderão ser explorados, que temas poderão ser discutidos, que recursos lingüísticos poderão ser explorados para ampliar a competência leitora e escritora do aluno.

PROPOSTAS DE ATIVIDADES a) antes da leitura

Ao ler, mobilizamos nossas experiências para compreendermos o texto e apreciarmos os recursos estilísticos utilizados pelo au-tor. Folheando o livro, numa rápida leitura preliminar, podemos antecipar muito a respeito do desenvolvimento da história. “Andorinha no coqueiro,

Sabiá na beira-mar, Andorinha vai e volta, Meu amor não quer voltar.”

O guarda-chuva

do guarda

BARTOLOMEU CAMPOS DE QUEIRÓS

N

uma primeira dimensão, ler pode ser entendido como de-cifrar o escrito, isto é, compreender o que letras e outros sinais gráficos representam. Sem dúvida, boa parte das ativida-des que são realizadas com as crianças nas séries iniciais do Ensino Fundamental têm como finalidade desenvolver essa capacidade. Ingenuamente, muitos pensam que, uma vez que a criança te-nha fluência para decifrar os sinais da escrita, pode ler sozite-nha, pois os sentidos estariam lá, no texto, bastando colhê-los.

Por essa concepção, qualquer um que soubesse ler e conheces-se o que as palavras significam estaria apto a dizer em que lugar estão a andorinha e o sabiá; qual dos dois pássaros vai e volta e quem não quer voltar. Mas será que a resposta a estas questões bastaria para assegurar que a trova foi compreendida? Certa-mente não. A compreensão vai depender, também, e muito, do que o leitor já souber sobre pássaros e amores.

Isso porque muitos dos sentidos que depreendemos ao ler de-rivam de complexas operações cognitivas para produzir inferências. Lemos o que está nos intervalos entre as palavras, nas entrelinhas, lemos, portanto, o que não está escrito. É como se o texto apresentasse lacunas que devessem ser preenchidas pelo trabalho do leitor.

Se retornarmos à trova acima, descobriremos um “eu” que as-socia pássaros à pessoa amada. Ele sabe o lugar em que está a andorinha e o sabiá; observa que as andorinhas migram, “vão e

voltam”, mas diferentemente destas, seu amor foi e não voltou.

Apesar de não estar explícita, percebemos a comparação entre a andorinha e a pessoa amada: ambas partiram em um dado mo-mento. Apesar de também não estar explícita, percebemos a opo-sição entre elas: a andorinha retorna, mas a pessoa amada “não

quer voltar”. Se todos estes elementos que podem ser deduzidos

pelo trabalho do leitor estivessem explícitos, o texto ficaria mais ou menos assim:

Sei que a andorinha está no coqueiro, e que o sabiá está na beira-mar. Observo que a andorinha vai e volta,

mas não sei onde está meu amor que partiu e não quer voltar. O assunto da trova é o relacionamento amoroso, a dor-de-cotovelo pelo abandono e, dependendo da experiência prévia que tivermos a respeito do assunto, quer seja esta vivida pessoalmente ou “vivida” através da ficção, diferentes emoções podem ser ativadas: alívio por estarmos próximos de quem amamos, cumplicidade por estarmos distantes de quem amamos, desilusão por não acreditarmos mais no amor, esperança de encontrar alguém diferente...

Quem produz ou lê um texto o faz a partir de um certo lugar, como diz Leonardo Boff*, a partir de onde estão seus pés e do que vêem seus olhos. Os horizontes de quem escreve e os de quem lê podem estar mais ou menos próximos. Os horizontes de um leitor e de outro podem estar mais ou menos próximos. As leitu-ras produzem interpretações que produzem avaliações que reve-lam posições: pode-se ou não concordar com o quadro de valores sustentados ou sugeridos pelo texto.

Se refletirmos a respeito do último verso “meu amor não quer

voltar”, podemos indagar, legitimamente, sem nenhuma

esperan-ça de encontrar a resposta no texto: por que ele ou ela não “quer” voltar? Repare que não é “não pode” que está escrito, é “não quer”, isto quer dizer que poderia, mas não quer voltar. O que teria provo-cado a separação? O amor acabou. Apaixonse por outra ou ou-tro? Outros projetos de vida foram mais fortes que o amor: os estu-dos, a carreira, etc. O “eu” é muito possessivo e gosta de controlar os passos dele ou dela, como controla os da andorinha e do sabiá? ___________

* “Cada um lê com os olhos que tem. E interpreta a partir de onde os pés pisam.” A águia e

a galinha: uma metáfora da condição humana (37a edição, 2001), Leonardo Boff, Editora

Vozes, Petrópolis.

As atividades propostas favorecem a ativação dos conhecimen-tos prévios necessários à compreensão do texto.

 Explicitação dos conhecimentos prévios necessários para que os alunos compreendam o texto.

 Antecipação de conteúdos do texto a partir da observação de indicadores como título (orientar a leitura de títulos e subtítulos), ilustração (folhear o livro para identificar a loca-lização, os personagens, o conflito).

 Explicitação dos conteúdos que esperam encontrar na obra levando em conta os aspectos observados (estimular os alu-nos a compartilharem o que forem observando).

b) durante a leitura

São apresentados alguns objetivos orientadores para a leitura, focalizando aspectos que auxiliem a construção dos significados do texto pelo leitor.

 Leitura global do texto.

 Caracterização da estrutura do texto.

 Identificação das articulações temporais e lógicas responsá-veis pela coesão textual.

c) depois da leitura

Propõem-se uma série de atividades para permitir uma melhor compreensão da obra, aprofundar o estudo e a reflexão a respei-to de conteúdos das diversas áreas curriculares, bem como deba-ter temas que permitam a inserção do aluno nas questões con-temporâneas.

 Compreensão global do texto a partir da reprodução oral ou escrita do texto lido ou de respostas a questões formula-das pelo professor em situação de leitura compartilhada.  Apreciação dos recursos expressivos mobilizados na obra.  Identificação dos pontos de vista sustentados pelo autor.  Explicitação das opiniões pessoais frente a questões polêmicas.  Ampliação do trabalho para a pesquisa de informações com-plementares numa dimensão interdisciplinar ou para a pro-dução de outros textos ou, ainda, para produções criativas que contemplem outras linguagens artísticas.

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Luísa Nóbrega

Maria José Nóbrega

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2 3 4 5 Quem é esse que se diz “eu”? Se imaginarmos um “eu”

mascu-lino, por exemplo, poderíamos, num tom machista, sustentar que mulher tem de ser mesmo conduzida com rédea curta, porque senão voa; num tom mais feminista, poderíamos dizer que a mulher fez muito bem em abandonar alguém tão controlador. Está instalada a polêmica das muitas vozes que circulam nas prá-ticas sociais...

Se levamos alguns anos para aprender a decifrar o escrito com autonomia, ler na dimensão que descrevemos é uma aprendiza-gem que não se esgota nunca, pois para alguns textos seremos sempre leitores iniciantes.

DESCRIÇÃO DO PROJETO DE LEITURA

UM POUCO SOBRE O AUTOR

Contextualiza-se o autor e sua obra no panorama da literatura para crianças.

RESENHA

Apresentamos uma síntese da obra para permitir que o pro-fessor, antecipando a temática, o enredo e seu desenvolvimento, possa considerar a pertinência da obra levando em conta as ne-cessidades e possibilidades de seus alunos.

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Procuramos evidenciar outros aspectos que vão além da trama narrativa: os temas e a perspectiva com que são abordados, cer-tos recursos expressivos usados pelo autor. A partir deles, o pro-fessor poderá identificar que conteúdos das diferentes áreas do conhecimento poderão ser explorados, que temas poderão ser discutidos, que recursos lingüísticos poderão ser explorados para ampliar a competência leitora e escritora do aluno.

PROPOSTAS DE ATIVIDADES a) antes da leitura

Ao ler, mobilizamos nossas experiências para compreendermos o texto e apreciarmos os recursos estilísticos utilizados pelo au-tor. Folheando o livro, numa rápida leitura preliminar, podemos antecipar muito a respeito do desenvolvimento da história. “Andorinha no coqueiro,

Sabiá na beira-mar, Andorinha vai e volta, Meu amor não quer voltar.”

O guarda-chuva

do guarda

BARTOLOMEU CAMPOS DE QUEIRÓS

N

uma primeira dimensão, ler pode ser entendido como de-cifrar o escrito, isto é, compreender o que letras e outros sinais gráficos representam. Sem dúvida, boa parte das ativida-des que são realizadas com as crianças nas séries iniciais do Ensino Fundamental têm como finalidade desenvolver essa capacidade. Ingenuamente, muitos pensam que, uma vez que a criança te-nha fluência para decifrar os sinais da escrita, pode ler sozite-nha, pois os sentidos estariam lá, no texto, bastando colhê-los.

Por essa concepção, qualquer um que soubesse ler e conheces-se o que as palavras significam estaria apto a dizer em que lugar estão a andorinha e o sabiá; qual dos dois pássaros vai e volta e quem não quer voltar. Mas será que a resposta a estas questões bastaria para assegurar que a trova foi compreendida? Certa-mente não. A compreensão vai depender, também, e muito, do que o leitor já souber sobre pássaros e amores.

Isso porque muitos dos sentidos que depreendemos ao ler de-rivam de complexas operações cognitivas para produzir inferências. Lemos o que está nos intervalos entre as palavras, nas entrelinhas, lemos, portanto, o que não está escrito. É como se o texto apresentasse lacunas que devessem ser preenchidas pelo trabalho do leitor.

Se retornarmos à trova acima, descobriremos um “eu” que as-socia pássaros à pessoa amada. Ele sabe o lugar em que está a andorinha e o sabiá; observa que as andorinhas migram, “vão e

voltam”, mas diferentemente destas, seu amor foi e não voltou.

Apesar de não estar explícita, percebemos a comparação entre a andorinha e a pessoa amada: ambas partiram em um dado mo-mento. Apesar de também não estar explícita, percebemos a opo-sição entre elas: a andorinha retorna, mas a pessoa amada “não

quer voltar”. Se todos estes elementos que podem ser deduzidos

pelo trabalho do leitor estivessem explícitos, o texto ficaria mais ou menos assim:

Sei que a andorinha está no coqueiro, e que o sabiá está na beira-mar. Observo que a andorinha vai e volta,

mas não sei onde está meu amor que partiu e não quer voltar. O assunto da trova é o relacionamento amoroso, a dor-de-cotovelo pelo abandono e, dependendo da experiência prévia que tivermos a respeito do assunto, quer seja esta vivida pessoalmente ou “vivida” através da ficção, diferentes emoções podem ser ativadas: alívio por estarmos próximos de quem amamos, cumplicidade por estarmos distantes de quem amamos, desilusão por não acreditarmos mais no amor, esperança de encontrar alguém diferente...

Quem produz ou lê um texto o faz a partir de um certo lugar, como diz Leonardo Boff*, a partir de onde estão seus pés e do que vêem seus olhos. Os horizontes de quem escreve e os de quem lê podem estar mais ou menos próximos. Os horizontes de um leitor e de outro podem estar mais ou menos próximos. As leitu-ras produzem interpretações que produzem avaliações que reve-lam posições: pode-se ou não concordar com o quadro de valores sustentados ou sugeridos pelo texto.

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voltar”, podemos indagar, legitimamente, sem nenhuma

esperan-ça de encontrar a resposta no texto: por que ele ou ela não “quer” voltar? Repare que não é “não pode” que está escrito, é “não quer”, isto quer dizer que poderia, mas não quer voltar. O que teria provo-cado a separação? O amor acabou. Apaixonse por outra ou ou-tro? Outros projetos de vida foram mais fortes que o amor: os estu-dos, a carreira, etc. O “eu” é muito possessivo e gosta de controlar os passos dele ou dela, como controla os da andorinha e do sabiá? ___________

* “Cada um lê com os olhos que tem. E interpreta a partir de onde os pés pisam.” A águia e

a galinha: uma metáfora da condição humana (37a edição, 2001), Leonardo Boff, Editora

Vozes, Petrópolis.

As atividades propostas favorecem a ativação dos conhecimen-tos prévios necessários à compreensão do texto.

 Explicitação dos conhecimentos prévios necessários para que os alunos compreendam o texto.

 Antecipação de conteúdos do texto a partir da observação de indicadores como título (orientar a leitura de títulos e subtítulos), ilustração (folhear o livro para identificar a loca-lização, os personagens, o conflito).

 Explicitação dos conteúdos que esperam encontrar na obra levando em conta os aspectos observados (estimular os alu-nos a compartilharem o que forem observando).

b) durante a leitura

São apresentados alguns objetivos orientadores para a leitura, focalizando aspectos que auxiliem a construção dos significados do texto pelo leitor.

 Leitura global do texto.

 Caracterização da estrutura do texto.

 Identificação das articulações temporais e lógicas responsá-veis pela coesão textual.

c) depois da leitura

Propõem-se uma série de atividades para permitir uma melhor compreensão da obra, aprofundar o estudo e a reflexão a respei-to de conteúdos das diversas áreas curriculares, bem como deba-ter temas que permitam a inserção do aluno nas questões con-temporâneas.

 Compreensão global do texto a partir da reprodução oral ou escrita do texto lido ou de respostas a questões formula-das pelo professor em situação de leitura compartilhada.  Apreciação dos recursos expressivos mobilizados na obra.  Identificação dos pontos de vista sustentados pelo autor.  Explicitação das opiniões pessoais frente a questões polêmicas.  Ampliação do trabalho para a pesquisa de informações com-plementares numa dimensão interdisciplinar ou para a pro-dução de outros textos ou, ainda, para produções criativas que contemplem outras linguagens artísticas.

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Se levamos alguns anos para aprender a decifrar o escrito com autonomia, ler na dimensão que descrevemos é uma aprendiza-gem que não se esgota nunca, pois para alguns textos seremos sempre leitores iniciantes.

DESCRIÇÃO DO PROJETO DE LEITURA

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Apresentamos uma síntese da obra para permitir que o pro-fessor, antecipando a temática, o enredo e seu desenvolvimento, possa considerar a pertinência da obra levando em conta as ne-cessidades e possibilidades de seus alunos.

COMENTÁRIOS SOBRE A OBRA

Procuramos evidenciar outros aspectos que vão além da trama narrativa: os temas e a perspectiva com que são abordados, cer-tos recursos expressivos usados pelo autor. A partir deles, o pro-fessor poderá identificar que conteúdos das diferentes áreas do conhecimento poderão ser explorados, que temas poderão ser discutidos, que recursos lingüísticos poderão ser explorados para ampliar a competência leitora e escritora do aluno.

PROPOSTAS DE ATIVIDADES a) antes da leitura

Ao ler, mobilizamos nossas experiências para compreendermos o texto e apreciarmos os recursos estilísticos utilizados pelo au-tor. Folheando o livro, numa rápida leitura preliminar, podemos antecipar muito a respeito do desenvolvimento da história. “Andorinha no coqueiro,

Sabiá na beira-mar, Andorinha vai e volta, Meu amor não quer voltar.”

O guarda-chuva

do guarda

BARTOLOMEU CAMPOS DE QUEIRÓS

N

uma primeira dimensão, ler pode ser entendido como de-cifrar o escrito, isto é, compreender o que letras e outros sinais gráficos representam. Sem dúvida, boa parte das ativida-des que são realizadas com as crianças nas séries iniciais do Ensino Fundamental têm como finalidade desenvolver essa capacidade. Ingenuamente, muitos pensam que, uma vez que a criança te-nha fluência para decifrar os sinais da escrita, pode ler sozite-nha, pois os sentidos estariam lá, no texto, bastando colhê-los.

Por essa concepção, qualquer um que soubesse ler e conheces-se o que as palavras significam estaria apto a dizer em que lugar estão a andorinha e o sabiá; qual dos dois pássaros vai e volta e quem não quer voltar. Mas será que a resposta a estas questões bastaria para assegurar que a trova foi compreendida? Certa-mente não. A compreensão vai depender, também, e muito, do que o leitor já souber sobre pássaros e amores.

Isso porque muitos dos sentidos que depreendemos ao ler de-rivam de complexas operações cognitivas para produzir inferências. Lemos o que está nos intervalos entre as palavras, nas entrelinhas, lemos, portanto, o que não está escrito. É como se o texto apresentasse lacunas que devessem ser preenchidas pelo trabalho do leitor.

Se retornarmos à trova acima, descobriremos um “eu” que as-socia pássaros à pessoa amada. Ele sabe o lugar em que está a andorinha e o sabiá; observa que as andorinhas migram, “vão e

voltam”, mas diferentemente destas, seu amor foi e não voltou.

Apesar de não estar explícita, percebemos a comparação entre a andorinha e a pessoa amada: ambas partiram em um dado mo-mento. Apesar de também não estar explícita, percebemos a opo-sição entre elas: a andorinha retorna, mas a pessoa amada “não

quer voltar”. Se todos estes elementos que podem ser deduzidos

pelo trabalho do leitor estivessem explícitos, o texto ficaria mais ou menos assim:

Sei que a andorinha está no coqueiro, e que o sabiá está na beira-mar. Observo que a andorinha vai e volta,

mas não sei onde está meu amor que partiu e não quer voltar. O assunto da trova é o relacionamento amoroso, a dor-de-cotovelo pelo abandono e, dependendo da experiência prévia que tivermos a respeito do assunto, quer seja esta vivida pessoalmente ou “vivida” através da ficção, diferentes emoções podem ser ativadas: alívio por estarmos próximos de quem amamos, cumplicidade por estarmos distantes de quem amamos, desilusão por não acreditarmos mais no amor, esperança de encontrar alguém diferente...

Quem produz ou lê um texto o faz a partir de um certo lugar, como diz Leonardo Boff*, a partir de onde estão seus pés e do que vêem seus olhos. Os horizontes de quem escreve e os de quem lê podem estar mais ou menos próximos. Os horizontes de um leitor e de outro podem estar mais ou menos próximos. As leitu-ras produzem interpretações que produzem avaliações que reve-lam posições: pode-se ou não concordar com o quadro de valores sustentados ou sugeridos pelo texto.

Se refletirmos a respeito do último verso “meu amor não quer

voltar”, podemos indagar, legitimamente, sem nenhuma

esperan-ça de encontrar a resposta no texto: por que ele ou ela não “quer” voltar? Repare que não é “não pode” que está escrito, é “não quer”, isto quer dizer que poderia, mas não quer voltar. O que teria provo-cado a separação? O amor acabou. Apaixonse por outra ou ou-tro? Outros projetos de vida foram mais fortes que o amor: os estu-dos, a carreira, etc. O “eu” é muito possessivo e gosta de controlar os passos dele ou dela, como controla os da andorinha e do sabiá? ___________

* “Cada um lê com os olhos que tem. E interpreta a partir de onde os pés pisam.” A águia e

a galinha: uma metáfora da condição humana (37a edição, 2001), Leonardo Boff, Editora

Vozes, Petrópolis.

As atividades propostas favorecem a ativação dos conhecimen-tos prévios necessários à compreensão do texto.

 Explicitação dos conhecimentos prévios necessários para que os alunos compreendam o texto.

 Antecipação de conteúdos do texto a partir da observação de indicadores como título (orientar a leitura de títulos e subtítulos), ilustração (folhear o livro para identificar a loca-lização, os personagens, o conflito).

 Explicitação dos conteúdos que esperam encontrar na obra levando em conta os aspectos observados (estimular os alu-nos a compartilharem o que forem observando).

b) durante a leitura

São apresentados alguns objetivos orientadores para a leitura, focalizando aspectos que auxiliem a construção dos significados do texto pelo leitor.

 Leitura global do texto.

 Caracterização da estrutura do texto.

 Identificação das articulações temporais e lógicas responsá-veis pela coesão textual.

c) depois da leitura

Propõem-se uma série de atividades para permitir uma melhor compreensão da obra, aprofundar o estudo e a reflexão a respei-to de conteúdos das diversas áreas curriculares, bem como deba-ter temas que permitam a inserção do aluno nas questões con-temporâneas.

 Compreensão global do texto a partir da reprodução oral ou escrita do texto lido ou de respostas a questões formula-das pelo professor em situação de leitura compartilhada.  Apreciação dos recursos expressivos mobilizados na obra.  Identificação dos pontos de vista sustentados pelo autor.  Explicitação das opiniões pessoais frente a questões polêmicas.  Ampliação do trabalho para a pesquisa de informações com-plementares numa dimensão interdisciplinar ou para a pro-dução de outros textos ou, ainda, para produções criativas que contemplem outras linguagens artísticas.

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Leitor iniciante

Leitor em processo

Leitor fluente

BARTOLOMEU CAMPOS DE QUEIRÓS

O guarda-chuva do guarda

ILUSTRAÇÕES: ELISABETH TEIXEIRA

PROJETO DE LEITURA

Luísa Nóbrega

Maria José Nóbrega

(6)

7 8 9

O guarda-chuva do guarda

BARTOLOMEU CAMPOS DE QUEIRÓS

6

UM POUCO SOBRE O AUTOR

Nascido em Papagaio, Minas Gerais, em 1944, Bartolomeu Campos de Queirós é autor de vários livros para crianças, de peças teatrais e de textos sobre arte-educação. Teve o seu primeiro livro, O peixe e o pássaro, publicado em 1974. Depois vieram Pedro, Onde tem bruxa tem fada, Faca afiada, Ciganos,

Flora, Indez, Correspondência, Cavaleiros das Sete Luas, Por parte de pai, Menino de Belém, Até passarinho passa, Vida e obra de Aletrícia depois de Zoroastro, O olho de vidro do meu avô,

entre outros.

Recebeu os mais significativos prêmios no Brasil por seu tra-balho literário: Selo de Ouro da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil, Prêmio Bienal Internacional de São Paulo, Prê-mio Prefeitura de Belo Horizonte — O Melhor para Jovem ––, Prêmio Jabuti da Câmara Brasileira do Livro, Grande Prêmio da APCA –– Associação Paulista dos Críticos de Arte ––, Prêmio Orígenes Lessa — Fundação Nacional do Livro Infantil e Juve-nil —, Diploma de Honra do IBBY, Quatrième Octogonal ––

França ––, Rosa Blanca de Cuba, Bienal de Belo Horizonte, Prê-mio da Academia Brasileira de Letras na categoria Melhor Livro Infanto-juvenil e Prêmio Ofélia Fontes — O Melhor para a Criança — “Hors concours” da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil.

Bem-humorado, apreciador do silêncio, Bartolomeu costuma dizer: “Sou frágil o suficiente para uma palavra me machucar, como sou forte o bastante para uma palavra me ressuscitar”.

RESENHA

Um guarda que anda sempre com seu guarda-chuva, es-perando a chuva chover; um pernilongo que perturba a to-dos com seu canto longo e fino; uma serpente que, mesmo careca, nunca se separa de seu pente; um tatu-bola poeta; um mico que levou um soco e virou mico-estrela... Esses são alguns dos personagens que Bartolomeu Campos de Queirós nos apresenta nesse pequeno livro de poemas. Com uma linguagem simples, o autor nos encanta e nos faz rir com as pequenas situações plenas de imaginação e estranheza.

COMENTÁRIOS SOBRE A OBRA

Bartolomeu usa as palavras como matéria-prima para o di-vertido jogo que propõe nesse seu livro de poemas: brinca por vezes com a sonoridade das palavras (por meio de rimas e aliterações), outras vezes descobre os muitos sentidos que uma mesma palavra pode ter (polissemia) e outras ainda monta e desmonta palavras, revelando, como um mágico, palavras que podem estar escondidas dentro de outras.

Permitindo-se bastante liberdade para jogar, construindo e desconstruindo, o autor usa de bastante imaginação para ar-ticular as palavras, chegando a imagens inusitadas que nos encantam e surpreendem. As situações, que beiram o surrealismo, nos tocam de maneira diversa, criando um efeito por vezes cômico e por vezes lírico e delicado.

Áreas envolvidas: Língua Portuguesa, Educação Artística

Temas transversais: Pluralidade cultural

Público-alvo: leitor iniciante

PROPOSTAS DE ATIVIDADES

Antes da leitura:

1. Mostre aos alunos a capa do livro e estimule-os a expressar

suas expectativas a respeito do que vão ler. Por que o guarda está sentado dentro de um guarda-roupa? Por que ele está de guarda-chuva aberto se não está chovendo?

2. Alguns dos recursos poéticos usados por Bartolomeu

Campos de Queirós em seus poemas são comuns também aos trava-línguas: repetição de palavras parecidas, repeti-ção insistente de uma mesma vogal e consoante. São essas características que tornam esses textos tão difíceis para ler em voz alta. Faça um levantamento dos trava-línguas co-nhecidos pelas crianças e organize um mural com os que conseguirem lembrar.

Durante a leitura:

1. As ilustrações do livro podem despertar a imaginação e

aju-dar a entender o sentido do texto. Peça aos alunos que pres-tem atenção a elas e que relacionem cada um dos poemas à ilustração correspondente, procurando elementos comuns ou diferentes.

2. Depois, desafie-os a ler autonomamente. Como o livro é

es-crito em letra maiúscula, o texto favorece a leitura das crianças que ainda não são capazes de ler as letras minúsculas.

Depois da leitura:

1. O autor não deu títulos aos poemas do livro. Peça aos alunos

que criem um título para cada um dos poemas. A atividade exi-ge que eles se concentrem na significação global do poema, favorecendo a compreensão.

2. Muitos livros de poesia possuem um sumário, o que torna

mais fácil para o leitor localizar o poema que procura. Propo-nha aos alunos que organizem um sumário para O

guarda-chu-va do guarda, indicando a numeração das páginas do livro com

os títulos criados por eles para cada um dos poemas.

3. Verifique se perceberam que o título do livro, O

guarda-chuva do guarda, é um dos poemas que integram o volume.

Explique que, em geral, o título dos livros de poesia costuma repetir o título de um de seus poemas.

4. Aproveite para perguntar a eles: Se pudessem escolher

outro poema para ser o título do livro, qual seria? Sugira que escolham para o novo título seu poema preferido.

5. Depois, peça que cada aluno observe como foi que Elisabeth

Teixeira ilustrou o poema preferido por ele. Depois, pergun-te: Se você fosse convidado para ilustrá-lo de outro jeito, como faria?

6. Chame a atenção dos alunos para os jogos de palavras

que o autor propõe em seus poemas: palavras com mais de um sentido (guarda), palavras escondidas dentro de outras (serpente = ser + pente), palavras com sons parecidos (fofoqueira e mexeriqueira), nomes compostos (guarda-chu-va e guarda-roupa)... Use alguns dos poemas como exem-plo e depois peça que eles procurem outros jogos de pala-vras nos outros poemas do livro.

7. Concluído o trabalho, estimule os alunos a descobrir novos

jogos de palavras. Para isso, peça que eles pesquisem, entre as palavras que conhecem:

• palavras com mais de um sentido; • nomes compostos;

• palavras com uma ou mais palavras “escondidas” dentro

dela.

8. Convide-os, agora, partindo das palavras que eles

pesquisa-ram, a criar um poema parecido com os do livro, em que uma palavra apareça com vários sentidos diferentes, ou acompanha-da de nomes compostos que formem, ou revelem, palavras “es-condidas” dentro dela.

9. Aproveite as características dos poemas do livro, que os

tornam parecidos aos trava-línguas, e desafie-os a lê-los em voz alta:

• promova um sorteio dos poemas entre os alunos; • reserve alguns dias para que possam ensaiar a leitura; • combine a data da apresentação.

LEIA MAIS...

1. DO MESMO AUTOR

• De letra em letra –– São Paulo, Editora Moderna

• Bichos são todos ... Bichos –– São Paulo, Editora do Brasil • O pato pacato –– São Paulo, Editora Moderna

• Diário de classe –– São Paulo, Editora Moderna • De não em não –– Belo Horizonte, Editora Miguilim • Para criar passarinho –– Belo Horizonte, Editora Miguilim

2. SOBRE O MESMO ASSUNTO

• Ou isto ou aquilo –– Cecília Meireles, Rio de Janeiro,

Edi-tora Nova Fronteira

• A arca de Noé –– Vinicius de Moraes, São Paulo, Editora

Companhia das Letrinhas

• Poemas para brincar –– José Paulo Paes, São Paulo,

Edi-tora Ática

• Olha o bicho –– José Paulo Paes, São Paulo, Editora Ática • Poemas sapecas, rimas traquinas –– Almir Correia, Belo

Horizonte, Editora Formato

• Namorinho de portão –– Elias José, São Paulo, Editora

Moderna

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7 8 9

O guarda-chuva do guarda

BARTOLOMEU CAMPOS DE QUEIRÓS

6

UM POUCO SOBRE O AUTOR

Nascido em Papagaio, Minas Gerais, em 1944, Bartolomeu Campos de Queirós é autor de vários livros para crianças, de peças teatrais e de textos sobre arte-educação. Teve o seu primeiro livro, O peixe e o pássaro, publicado em 1974. Depois vieram Pedro, Onde tem bruxa tem fada, Faca afiada, Ciganos,

Flora, Indez, Correspondência, Cavaleiros das Sete Luas, Por parte de pai, Menino de Belém, Até passarinho passa, Vida e obra de Aletrícia depois de Zoroastro, O olho de vidro do meu avô,

entre outros.

Recebeu os mais significativos prêmios no Brasil por seu tra-balho literário: Selo de Ouro da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil, Prêmio Bienal Internacional de São Paulo, Prê-mio Prefeitura de Belo Horizonte — O Melhor para Jovem ––, Prêmio Jabuti da Câmara Brasileira do Livro, Grande Prêmio da APCA –– Associação Paulista dos Críticos de Arte ––, Prêmio Orígenes Lessa — Fundação Nacional do Livro Infantil e Juve-nil —, Diploma de Honra do IBBY, Quatrième Octogonal ––

França ––, Rosa Blanca de Cuba, Bienal de Belo Horizonte, Prê-mio da Academia Brasileira de Letras na categoria Melhor Livro Infanto-juvenil e Prêmio Ofélia Fontes — O Melhor para a Criança — “Hors concours” da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil.

Bem-humorado, apreciador do silêncio, Bartolomeu costuma dizer: “Sou frágil o suficiente para uma palavra me machucar, como sou forte o bastante para uma palavra me ressuscitar”.

RESENHA

Um guarda que anda sempre com seu guarda-chuva, es-perando a chuva chover; um pernilongo que perturba a to-dos com seu canto longo e fino; uma serpente que, mesmo careca, nunca se separa de seu pente; um tatu-bola poeta; um mico que levou um soco e virou mico-estrela... Esses são alguns dos personagens que Bartolomeu Campos de Queirós nos apresenta nesse pequeno livro de poemas. Com uma linguagem simples, o autor nos encanta e nos faz rir com as pequenas situações plenas de imaginação e estranheza.

COMENTÁRIOS SOBRE A OBRA

Bartolomeu usa as palavras como matéria-prima para o di-vertido jogo que propõe nesse seu livro de poemas: brinca por vezes com a sonoridade das palavras (por meio de rimas e aliterações), outras vezes descobre os muitos sentidos que uma mesma palavra pode ter (polissemia) e outras ainda monta e desmonta palavras, revelando, como um mágico, palavras que podem estar escondidas dentro de outras.

Permitindo-se bastante liberdade para jogar, construindo e desconstruindo, o autor usa de bastante imaginação para ar-ticular as palavras, chegando a imagens inusitadas que nos encantam e surpreendem. As situações, que beiram o surrealismo, nos tocam de maneira diversa, criando um efeito por vezes cômico e por vezes lírico e delicado.

Áreas envolvidas: Língua Portuguesa, Educação Artística

Temas transversais: Pluralidade cultural

Público-alvo: leitor iniciante

PROPOSTAS DE ATIVIDADES

Antes da leitura:

1. Mostre aos alunos a capa do livro e estimule-os a expressar

suas expectativas a respeito do que vão ler. Por que o guarda está sentado dentro de um guarda-roupa? Por que ele está de guarda-chuva aberto se não está chovendo?

2. Alguns dos recursos poéticos usados por Bartolomeu

Campos de Queirós em seus poemas são comuns também aos trava-línguas: repetição de palavras parecidas, repeti-ção insistente de uma mesma vogal e consoante. São essas características que tornam esses textos tão difíceis para ler em voz alta. Faça um levantamento dos trava-línguas co-nhecidos pelas crianças e organize um mural com os que conseguirem lembrar.

Durante a leitura:

1. As ilustrações do livro podem despertar a imaginação e

aju-dar a entender o sentido do texto. Peça aos alunos que pres-tem atenção a elas e que relacionem cada um dos poemas à ilustração correspondente, procurando elementos comuns ou diferentes.

2. Depois, desafie-os a ler autonomamente. Como o livro é

es-crito em letra maiúscula, o texto favorece a leitura das crianças que ainda não são capazes de ler as letras minúsculas.

Depois da leitura:

1. O autor não deu títulos aos poemas do livro. Peça aos alunos

que criem um título para cada um dos poemas. A atividade exi-ge que eles se concentrem na significação global do poema, favorecendo a compreensão.

2. Muitos livros de poesia possuem um sumário, o que torna

mais fácil para o leitor localizar o poema que procura. Propo-nha aos alunos que organizem um sumário para O

guarda-chu-va do guarda, indicando a numeração das páginas do livro com

os títulos criados por eles para cada um dos poemas.

3. Verifique se perceberam que o título do livro, O

guarda-chuva do guarda, é um dos poemas que integram o volume.

Explique que, em geral, o título dos livros de poesia costuma repetir o título de um de seus poemas.

4. Aproveite para perguntar a eles: Se pudessem escolher

outro poema para ser o título do livro, qual seria? Sugira que escolham para o novo título seu poema preferido.

5. Depois, peça que cada aluno observe como foi que Elisabeth

Teixeira ilustrou o poema preferido por ele. Depois, pergun-te: Se você fosse convidado para ilustrá-lo de outro jeito, como faria?

6. Chame a atenção dos alunos para os jogos de palavras

que o autor propõe em seus poemas: palavras com mais de um sentido (guarda), palavras escondidas dentro de outras (serpente = ser + pente), palavras com sons parecidos (fofoqueira e mexeriqueira), nomes compostos (guarda-chu-va e guarda-roupa)... Use alguns dos poemas como exem-plo e depois peça que eles procurem outros jogos de pala-vras nos outros poemas do livro.

7. Concluído o trabalho, estimule os alunos a descobrir novos

jogos de palavras. Para isso, peça que eles pesquisem, entre as palavras que conhecem:

• palavras com mais de um sentido; • nomes compostos;

• palavras com uma ou mais palavras “escondidas” dentro

dela.

8. Convide-os, agora, partindo das palavras que eles

pesquisa-ram, a criar um poema parecido com os do livro, em que uma palavra apareça com vários sentidos diferentes, ou acompanha-da de nomes compostos que formem, ou revelem, palavras “es-condidas” dentro dela.

9. Aproveite as características dos poemas do livro, que os

tornam parecidos aos trava-línguas, e desafie-os a lê-los em voz alta:

• promova um sorteio dos poemas entre os alunos; • reserve alguns dias para que possam ensaiar a leitura; • combine a data da apresentação.

LEIA MAIS...

1. DO MESMO AUTOR

• De letra em letra –– São Paulo, Editora Moderna

• Bichos são todos ... Bichos –– São Paulo, Editora do Brasil • O pato pacato –– São Paulo, Editora Moderna

• Diário de classe –– São Paulo, Editora Moderna • De não em não –– Belo Horizonte, Editora Miguilim • Para criar passarinho –– Belo Horizonte, Editora Miguilim

2. SOBRE O MESMO ASSUNTO

• Ou isto ou aquilo –– Cecília Meireles, Rio de Janeiro,

Edi-tora Nova Fronteira

• A arca de Noé –– Vinicius de Moraes, São Paulo, Editora

Companhia das Letrinhas

• Poemas para brincar –– José Paulo Paes, São Paulo,

Edi-tora Ática

• Olha o bicho –– José Paulo Paes, São Paulo, Editora Ática • Poemas sapecas, rimas traquinas –– Almir Correia, Belo

Horizonte, Editora Formato

• Namorinho de portão –– Elias José, São Paulo, Editora

Moderna

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O guarda-chuva do guarda

BARTOLOMEU CAMPOS DE QUEIRÓS

6

UM POUCO SOBRE O AUTOR

Nascido em Papagaio, Minas Gerais, em 1944, Bartolomeu Campos de Queirós é autor de vários livros para crianças, de peças teatrais e de textos sobre arte-educação. Teve o seu primeiro livro, O peixe e o pássaro, publicado em 1974. Depois vieram Pedro, Onde tem bruxa tem fada, Faca afiada, Ciganos,

Flora, Indez, Correspondência, Cavaleiros das Sete Luas, Por parte de pai, Menino de Belém, Até passarinho passa, Vida e obra de Aletrícia depois de Zoroastro, O olho de vidro do meu avô,

entre outros.

Recebeu os mais significativos prêmios no Brasil por seu tra-balho literário: Selo de Ouro da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil, Prêmio Bienal Internacional de São Paulo, Prê-mio Prefeitura de Belo Horizonte — O Melhor para Jovem ––, Prêmio Jabuti da Câmara Brasileira do Livro, Grande Prêmio da APCA –– Associação Paulista dos Críticos de Arte ––, Prêmio Orígenes Lessa — Fundação Nacional do Livro Infantil e Juve-nil —, Diploma de Honra do IBBY, Quatrième Octogonal ––

França ––, Rosa Blanca de Cuba, Bienal de Belo Horizonte, Prê-mio da Academia Brasileira de Letras na categoria Melhor Livro Infanto-juvenil e Prêmio Ofélia Fontes — O Melhor para a Criança — “Hors concours” da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil.

Bem-humorado, apreciador do silêncio, Bartolomeu costuma dizer: “Sou frágil o suficiente para uma palavra me machucar, como sou forte o bastante para uma palavra me ressuscitar”.

RESENHA

Um guarda que anda sempre com seu guarda-chuva, es-perando a chuva chover; um pernilongo que perturba a to-dos com seu canto longo e fino; uma serpente que, mesmo careca, nunca se separa de seu pente; um tatu-bola poeta; um mico que levou um soco e virou mico-estrela... Esses são alguns dos personagens que Bartolomeu Campos de Queirós nos apresenta nesse pequeno livro de poemas. Com uma linguagem simples, o autor nos encanta e nos faz rir com as pequenas situações plenas de imaginação e estranheza.

COMENTÁRIOS SOBRE A OBRA

Bartolomeu usa as palavras como matéria-prima para o di-vertido jogo que propõe nesse seu livro de poemas: brinca por vezes com a sonoridade das palavras (por meio de rimas e aliterações), outras vezes descobre os muitos sentidos que uma mesma palavra pode ter (polissemia) e outras ainda monta e desmonta palavras, revelando, como um mágico, palavras que podem estar escondidas dentro de outras.

Permitindo-se bastante liberdade para jogar, construindo e desconstruindo, o autor usa de bastante imaginação para ar-ticular as palavras, chegando a imagens inusitadas que nos encantam e surpreendem. As situações, que beiram o surrealismo, nos tocam de maneira diversa, criando um efeito por vezes cômico e por vezes lírico e delicado.

Áreas envolvidas: Língua Portuguesa, Educação Artística

Temas transversais: Pluralidade cultural

Público-alvo: leitor iniciante

PROPOSTAS DE ATIVIDADES

Antes da leitura:

1. Mostre aos alunos a capa do livro e estimule-os a expressar

suas expectativas a respeito do que vão ler. Por que o guarda está sentado dentro de um guarda-roupa? Por que ele está de guarda-chuva aberto se não está chovendo?

2. Alguns dos recursos poéticos usados por Bartolomeu

Campos de Queirós em seus poemas são comuns também aos trava-línguas: repetição de palavras parecidas, repeti-ção insistente de uma mesma vogal e consoante. São essas características que tornam esses textos tão difíceis para ler em voz alta. Faça um levantamento dos trava-línguas co-nhecidos pelas crianças e organize um mural com os que conseguirem lembrar.

Durante a leitura:

1. As ilustrações do livro podem despertar a imaginação e

aju-dar a entender o sentido do texto. Peça aos alunos que pres-tem atenção a elas e que relacionem cada um dos poemas à ilustração correspondente, procurando elementos comuns ou diferentes.

2. Depois, desafie-os a ler autonomamente. Como o livro é

es-crito em letra maiúscula, o texto favorece a leitura das crianças que ainda não são capazes de ler as letras minúsculas.

Depois da leitura:

1. O autor não deu títulos aos poemas do livro. Peça aos alunos

que criem um título para cada um dos poemas. A atividade exi-ge que eles se concentrem na significação global do poema, favorecendo a compreensão.

2. Muitos livros de poesia possuem um sumário, o que torna

mais fácil para o leitor localizar o poema que procura. Propo-nha aos alunos que organizem um sumário para O

guarda-chu-va do guarda, indicando a numeração das páginas do livro com

os títulos criados por eles para cada um dos poemas.

3. Verifique se perceberam que o título do livro, O

guarda-chuva do guarda, é um dos poemas que integram o volume.

Explique que, em geral, o título dos livros de poesia costuma repetir o título de um de seus poemas.

4. Aproveite para perguntar a eles: Se pudessem escolher

outro poema para ser o título do livro, qual seria? Sugira que escolham para o novo título seu poema preferido.

5. Depois, peça que cada aluno observe como foi que Elisabeth

Teixeira ilustrou o poema preferido por ele. Depois, pergun-te: Se você fosse convidado para ilustrá-lo de outro jeito, como faria?

6. Chame a atenção dos alunos para os jogos de palavras

que o autor propõe em seus poemas: palavras com mais de um sentido (guarda), palavras escondidas dentro de outras (serpente = ser + pente), palavras com sons parecidos (fofoqueira e mexeriqueira), nomes compostos (guarda-chu-va e guarda-roupa)... Use alguns dos poemas como exem-plo e depois peça que eles procurem outros jogos de pala-vras nos outros poemas do livro.

7. Concluído o trabalho, estimule os alunos a descobrir novos

jogos de palavras. Para isso, peça que eles pesquisem, entre as palavras que conhecem:

• palavras com mais de um sentido; • nomes compostos;

• palavras com uma ou mais palavras “escondidas” dentro

dela.

8. Convide-os, agora, partindo das palavras que eles

pesquisa-ram, a criar um poema parecido com os do livro, em que uma palavra apareça com vários sentidos diferentes, ou acompanha-da de nomes compostos que formem, ou revelem, palavras “es-condidas” dentro dela.

9. Aproveite as características dos poemas do livro, que os

tornam parecidos aos trava-línguas, e desafie-os a lê-los em voz alta:

• promova um sorteio dos poemas entre os alunos; • reserve alguns dias para que possam ensaiar a leitura; • combine a data da apresentação.

LEIA MAIS...

1. DO MESMO AUTOR

• De letra em letra –– São Paulo, Editora Moderna

• Bichos são todos ... Bichos –– São Paulo, Editora do Brasil • O pato pacato –– São Paulo, Editora Moderna

• Diário de classe –– São Paulo, Editora Moderna • De não em não –– Belo Horizonte, Editora Miguilim • Para criar passarinho –– Belo Horizonte, Editora Miguilim

2. SOBRE O MESMO ASSUNTO

• Ou isto ou aquilo –– Cecília Meireles, Rio de Janeiro,

Edi-tora Nova Fronteira

• A arca de Noé –– Vinicius de Moraes, São Paulo, Editora

Companhia das Letrinhas

• Poemas para brincar –– José Paulo Paes, São Paulo,

Edi-tora Ática

• Olha o bicho –– José Paulo Paes, São Paulo, Editora Ática • Poemas sapecas, rimas traquinas –– Almir Correia, Belo

Horizonte, Editora Formato

• Namorinho de portão –– Elias José, São Paulo, Editora

Moderna

(9)

7 8 9

O guarda-chuva do guarda

BARTOLOMEU CAMPOS DE QUEIRÓS

6

UM POUCO SOBRE O AUTOR

Nascido em Papagaio, Minas Gerais, em 1944, Bartolomeu Campos de Queirós é autor de vários livros para crianças, de peças teatrais e de textos sobre arte-educação. Teve o seu primeiro livro, O peixe e o pássaro, publicado em 1974. Depois vieram Pedro, Onde tem bruxa tem fada, Faca afiada, Ciganos,

Flora, Indez, Correspondência, Cavaleiros das Sete Luas, Por parte de pai, Menino de Belém, Até passarinho passa, Vida e obra de Aletrícia depois de Zoroastro, O olho de vidro do meu avô,

entre outros.

Recebeu os mais significativos prêmios no Brasil por seu tra-balho literário: Selo de Ouro da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil, Prêmio Bienal Internacional de São Paulo, Prê-mio Prefeitura de Belo Horizonte — O Melhor para Jovem ––, Prêmio Jabuti da Câmara Brasileira do Livro, Grande Prêmio da APCA –– Associação Paulista dos Críticos de Arte ––, Prêmio Orígenes Lessa — Fundação Nacional do Livro Infantil e Juve-nil —, Diploma de Honra do IBBY, Quatrième Octogonal ––

França ––, Rosa Blanca de Cuba, Bienal de Belo Horizonte, Prê-mio da Academia Brasileira de Letras na categoria Melhor Livro Infanto-juvenil e Prêmio Ofélia Fontes — O Melhor para a Criança — “Hors concours” da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil.

Bem-humorado, apreciador do silêncio, Bartolomeu costuma dizer: “Sou frágil o suficiente para uma palavra me machucar, como sou forte o bastante para uma palavra me ressuscitar”.

RESENHA

Um guarda que anda sempre com seu guarda-chuva, es-perando a chuva chover; um pernilongo que perturba a to-dos com seu canto longo e fino; uma serpente que, mesmo careca, nunca se separa de seu pente; um tatu-bola poeta; um mico que levou um soco e virou mico-estrela... Esses são alguns dos personagens que Bartolomeu Campos de Queirós nos apresenta nesse pequeno livro de poemas. Com uma linguagem simples, o autor nos encanta e nos faz rir com as pequenas situações plenas de imaginação e estranheza.

COMENTÁRIOS SOBRE A OBRA

Bartolomeu usa as palavras como matéria-prima para o di-vertido jogo que propõe nesse seu livro de poemas: brinca por vezes com a sonoridade das palavras (por meio de rimas e aliterações), outras vezes descobre os muitos sentidos que uma mesma palavra pode ter (polissemia) e outras ainda monta e desmonta palavras, revelando, como um mágico, palavras que podem estar escondidas dentro de outras.

Permitindo-se bastante liberdade para jogar, construindo e desconstruindo, o autor usa de bastante imaginação para ar-ticular as palavras, chegando a imagens inusitadas que nos encantam e surpreendem. As situações, que beiram o surrealismo, nos tocam de maneira diversa, criando um efeito por vezes cômico e por vezes lírico e delicado.

Áreas envolvidas: Língua Portuguesa, Educação Artística

Temas transversais: Pluralidade cultural

Público-alvo: leitor iniciante

PROPOSTAS DE ATIVIDADES

Antes da leitura:

1. Mostre aos alunos a capa do livro e estimule-os a expressar

suas expectativas a respeito do que vão ler. Por que o guarda está sentado dentro de um guarda-roupa? Por que ele está de guarda-chuva aberto se não está chovendo?

2. Alguns dos recursos poéticos usados por Bartolomeu

Campos de Queirós em seus poemas são comuns também aos trava-línguas: repetição de palavras parecidas, repeti-ção insistente de uma mesma vogal e consoante. São essas características que tornam esses textos tão difíceis para ler em voz alta. Faça um levantamento dos trava-línguas co-nhecidos pelas crianças e organize um mural com os que conseguirem lembrar.

Durante a leitura:

1. As ilustrações do livro podem despertar a imaginação e

aju-dar a entender o sentido do texto. Peça aos alunos que pres-tem atenção a elas e que relacionem cada um dos poemas à ilustração correspondente, procurando elementos comuns ou diferentes.

2. Depois, desafie-os a ler autonomamente. Como o livro é

es-crito em letra maiúscula, o texto favorece a leitura das crianças que ainda não são capazes de ler as letras minúsculas.

Depois da leitura:

1. O autor não deu títulos aos poemas do livro. Peça aos alunos

que criem um título para cada um dos poemas. A atividade exi-ge que eles se concentrem na significação global do poema, favorecendo a compreensão.

2. Muitos livros de poesia possuem um sumário, o que torna

mais fácil para o leitor localizar o poema que procura. Propo-nha aos alunos que organizem um sumário para O

guarda-chu-va do guarda, indicando a numeração das páginas do livro com

os títulos criados por eles para cada um dos poemas.

3. Verifique se perceberam que o título do livro, O

guarda-chuva do guarda, é um dos poemas que integram o volume.

Explique que, em geral, o título dos livros de poesia costuma repetir o título de um de seus poemas.

4. Aproveite para perguntar a eles: Se pudessem escolher

outro poema para ser o título do livro, qual seria? Sugira que escolham para o novo título seu poema preferido.

5. Depois, peça que cada aluno observe como foi que Elisabeth

Teixeira ilustrou o poema preferido por ele. Depois, pergun-te: Se você fosse convidado para ilustrá-lo de outro jeito, como faria?

6. Chame a atenção dos alunos para os jogos de palavras

que o autor propõe em seus poemas: palavras com mais de um sentido (guarda), palavras escondidas dentro de outras (serpente = ser + pente), palavras com sons parecidos (fofoqueira e mexeriqueira), nomes compostos (guarda-chu-va e guarda-roupa)... Use alguns dos poemas como exem-plo e depois peça que eles procurem outros jogos de pala-vras nos outros poemas do livro.

7. Concluído o trabalho, estimule os alunos a descobrir novos

jogos de palavras. Para isso, peça que eles pesquisem, entre as palavras que conhecem:

• palavras com mais de um sentido; • nomes compostos;

• palavras com uma ou mais palavras “escondidas” dentro

dela.

8. Convide-os, agora, partindo das palavras que eles

pesquisa-ram, a criar um poema parecido com os do livro, em que uma palavra apareça com vários sentidos diferentes, ou acompanha-da de nomes compostos que formem, ou revelem, palavras “es-condidas” dentro dela.

9. Aproveite as características dos poemas do livro, que os

tornam parecidos aos trava-línguas, e desafie-os a lê-los em voz alta:

• promova um sorteio dos poemas entre os alunos; • reserve alguns dias para que possam ensaiar a leitura; • combine a data da apresentação.

LEIA MAIS...

1. DO MESMO AUTOR

• De letra em letra –– São Paulo, Editora Moderna

• Bichos são todos ... Bichos –– São Paulo, Editora do Brasil • O pato pacato –– São Paulo, Editora Moderna

• Diário de classe –– São Paulo, Editora Moderna • De não em não –– Belo Horizonte, Editora Miguilim • Para criar passarinho –– Belo Horizonte, Editora Miguilim

2. SOBRE O MESMO ASSUNTO

• Ou isto ou aquilo –– Cecília Meireles, Rio de Janeiro,

Edi-tora Nova Fronteira

• A arca de Noé –– Vinicius de Moraes, São Paulo, Editora

Companhia das Letrinhas

• Poemas para brincar –– José Paulo Paes, São Paulo,

Edi-tora Ática

• Olha o bicho –– José Paulo Paes, São Paulo, Editora Ática • Poemas sapecas, rimas traquinas –– Almir Correia, Belo

Horizonte, Editora Formato

• Namorinho de portão –– Elias José, São Paulo, Editora

Moderna

Referências

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