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4º TRIMESTRE 2013 SONDAGEM DE INOVAÇÃO DA ABDI. 4º Trimestre 2013 Outubro / Novembro / Dezembro

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SONDAGEM DE

INOVAÇÃO DA ABDI

4º Trimestre 2013

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SONDAGEM DE

INOVAÇÃO DA ABDI

4º Trimestre 2013 Outubro / Novembro / Dezembro

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Agradecemos ao IBGE as informações dos cadastros das empresas e a assistência técnica na elaboração do questionário e definição da amostra.

Supervisão

Maria Luisa Campos Machado Leal Equipe Técnica

Agência Brasileira de

Desenvolvimento Industrial –ABDI

Gustavo Varela Alvarenga Ricardo Luiz Chagas Amorim Rogério Dias de Araújo Talita Daher Gerente de Comunicação Oswaldo Buarim Jr. Supervisão de Publicação Joana Wightman Revisão Talita Daher

Projeto Gráfico e diagramação Marco Lucius

Juliano Cappadocio Batalha

Fundação Instituto de Pesquisas

Econômicas, Administrativas e Contábeis de Minas Gerais - IPEAD

Professor Wanderley Ramalho Thaize Vieira Martins

Elisabeth Pereira dos Santos Eduardo E. Antunes

Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional – CEDEPLAR/UFMG

Professor Cândido Guerra Ferreira Professor Gilberto Libânio

Professora Ana Valéria Carneiro Dias

Comitê Consultivo

David Kupfer (UFRJ)

Carlos Pinkusfeld Monteiro Bastos (UFF) Germano Mendes de Paula (UFU)

José Maria Ferreira Jardim da Silveira (Unicamp) Evando Mirra de Paula e Silva (CGEE)

Mario Sérgio Salerno (USP) ©2014 – Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial – ABDI

Qualquer parte desta obra pode ser reproduzida, desde que citada a fonte.

ABDI

Agência Brasileira de desenvolvimento Industrial Setor Bancário Norte, Quadra 1 - Bloco B

Ed. CNC - 70041-902 / Brasília DF Tel.: (61) 3962-8700

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República Federativa do Brasil

Dilma Rousseff Presidenta

Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior

Mauro Borges Lemos Ministro

Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial - ABDI

Maria Luisa Campos Machado Leal Presidente Substituta

Otávio Silva Camargo Diretor

Cândida Beatriz de Paula Oliveira Chefe de Gabinete

Roberto Alvarez

Gerente de Análises e Projetos Estratégicos Rogério Dias de Araújo

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SONDAGEM DE INOVAÇÃO DA ABDI

BOLETIM QUARTO TRIMESTRE DE 2013

RESUMO EXECUTIVO

A Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) realiza, desde o início de 2010, a Sondagem de Inovação, tendo em vista a crescente importância que as atividades de ciência e tecnologia vêm adquirindo nas políticas de desenvolvimento industrial. A Sondagem é uma pesquisa que tem por objetivo acompanhar trimestralmente a evolução da inovação tecnológica na indústria brasileira. A inovação tecnológica é definida pela introdução de um produto ou processo produtivo tecnologicamente novo ou substancialmente aprimorado pela empresa. O período de análise coberto por esta edição da pesquisa mostra a tendência de elevação gradual do ritmo de atividade econômica, acompanhada por uma pequena recuperação da dinâmica inovativa na indústria brasileira.

No quarto trimestre de 2013, 50,2% das empresas entrevistadas declararam ter realizado algum tipo de inovação tecnológica, de produto ou processo, para a empresa ou para o mercado, percentual cerca de 2,3 pontos acima do observado no último trimestre da pesquisa. Como de outras vezes, a taxa de inovação realizada ficou abaixo da expectativa de inovação declarada pelas empresas no trimestre imediatamente anterior. No terceiro trimestre de 2013, 57,6% das empresas declararam que pretendiam lançar um novo produto ou processo no quarto trimestre do ano, o que não se confirmou.

A Sondagem verificou, no quarto trimestre de 2013, estabilidade na taxa de inovação de empresas com produtos novos em relação ao trimestre anterior, de 39,2% para 39,3%. A inovação de processo, por sua vez, apresentou elevação expressiva em relação ao trimestre imediatamente anterior, explicado tanto pelas empresas que introduziram processo novo para a empresa (+3 p.p.), quanto para o mercado (+5 p.p.). A taxa total de inovação de processo passou de 32,3% no segundo para 37,1% no terceiro trimestre de 2013, o que pode estar associado à gradual recuperação das taxas de crescimento da economia brasileira no período.

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Quanto às expectativas de inovação, observa-se perspectiva de recuperação no segundo semestre de 2013, associada a expectativas um pouco mais otimistas para o crescimento do PIB e da produção industrial. Os dados mais recentes sugerem que a elevação no percentual de firmas com produtos e processos novos efetivamente introduzidos está sendo acompanhada por um aumento nos percentuais de empresas que pretendem lançar no próximo trimestre algum produto ou processo, novos para a empresa ou para o mercado nacional. A expectativa para realização de inovação no próximo trimestre subiu de 57,6% para 59,3%, explicada tanto pela expectativa de inovação de produto (em que houve expansão de 48,9% para 50,2%), quanto pela de processo (elevação de 39,5% para 41,4%). Note-se, no entanto, que tal elevação nas expectativas de inovação não é suficiente para atingir os níveis observados ao final de 2012.

Em relação aos esforços para inovação das firmas, no quarto trimestre de 2013 houve elevação de 23,1% para 24,1% nas empresas que declararam ter aumentado seus dispêndios em inovação. Por outro lado, houve declínio considerável no percentual de empresas que mantiveram o mesmo nível de investimento (58,8% contra 62,6% no trimestre anterior). Quanto às empresas que diminuíram ou não fizeram dispêndios em inovação o percentual subiu a 17,2% contra 13,2% no trimestre anterior. Ao se comparar os gastos com P&D interno e externo, verificou-se elevação no investimento em inovação deverificou-senvolvido pelas próprias empresas, de 1,9% para 2,6% do faturamento bruto, não acompanhada pela aquisição de P&D externo, que permaneceu estável, em 1,2% do faturamento.

Os dados referentes ao pessoal ocupado em atividades de inovação no quarto trimestre de 2013 apontam estabilidade no percentual de empresas que empregam doutores, assim como no caso de mestres. O percentual de empresas que tinham doutores exclusivamente ocupados em P&D no quarto trimestre de 2013 foi de 21,8%, as empresas que possuíam mestres ocupados exclusivamente em P&D alcançaram 46,5%, as com pós-graduados foram 72% e as com graduados ocupados exclusivamente em P&D foram 87,4%. Esses percentuais variaram pouco ao longo dos quatro anos da pesquisa, e comprovam que ainda há muito espaço para evolução da qualificação da mão de obra na indústria brasileira.

A decisão de inovar por parte das empresas no quarto trimestre de 2013 esteve mais fortemente associada a três fatores: (i) exigências dos clientes (67,2%), (ii) pressões adicionais de custo (62,4%), e (iii) busca por maior participação no mercado (62,4%). Desde o início da sondagem, no primeiro trimestre de 2010, estes têm sido os principais fatores que influenciam a decisão das empresas em inovar.

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Ao analisar o investimento em capacidade física instalada de produção, verifica-se que a maior parte das empresas respondentes (54,7%) manteve constantes seus gastos na aquisição de máquinas e equipamentos neste trimestre. Contudo, o percentual de empresas que aumentaram seus gastos em capital fixo se elevou de 20,1% para 26,3 % entre o terceiro e o quarto trimestres de 2013, ao passo que o número de empresas que reduziu ou não efetuou investimentos subiu de 18,1% para 19,1% no período.

Com relação à fronteira tecnológica, no quarto trimestre de 2013, a Sondagem de Inovação investigou junto às empresas pesquisadas o uso de biotecnologia, assim como foi feito nas pesquisas do quarto trimestre em 2010, 2011 e 2012. Neste trimestre, 94,1% das empresas afirmaram não utilizar biotecnologia moderna e 93,3% afirmaram não estar desenvolvendo projetos na área. Das empresas que já utilizam biotecnologia moderna, 72% afirmaram que esta substitui um processo tradicional e, finalmente, 11,7% das empresas afirmaram conhecer usos dessa tecnologia em outra empresa do setor.

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SONDAGEM DE INOVAÇÃO DA ABDI

BOLETIM DO QUARTO TRIMESTRE DE 2013

OUTUBRO / NOVEMBRO / DEZEMBRO 2013

INTRODUÇÃO

A Sondagem de Inovação é uma pesquisa realizada pela Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) com o objetivo de acompanhar trimestralmente a evolução da inovação tecnológica na indústria brasileira. A ABDI é uma entidade ligada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) que busca oferecer apoio técnico sistemático às instâncias de articulação e gerenciamento da política industrial (Plano Brasil Maior) e produzir estudos conjunturais, estratégicos e tecnológicos para diferentes setores da indústria. Em vista da crescente importância que as atividades de ciência e tecnologia vêm adquirindo nas políticas de desenvolvimento industrial, a ABDI passou a realizar, desde o início de 2010, a Sondagem de Inovação, visando acompanhar, de maneira sistemática, a evolução dos indicadores de inovação tecnológica da indústria brasileira e orientar eventuais ajustes nas políticas públicas adotadas.

A realização da Sondagem é fruto do esforço de um conjunto de instituições, que tem trabalhado em parceria com a ABDI nesta pesquisa, em destaque a Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), e a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas Administrativas e Contábeis de Minas Gerais (IPEAD). A Sondagem conta também com o apoio técnico-científico de uma equipe de pesquisadores do Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional (CEDEPLAR) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e de especialistas setoriais renomados de outras instituições acadêmicas brasileiras. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) prestou auxílio técnico na elaboração do questionário e na definição da amostra das empresas consultadas.

A Sondagem de Inovação segue os padrões internacionais de coleta e tratamento de dados sobre pesquisa e desenvolvimento (P&D), consolidados no “Manual Frascati” 1, e

sobre inovação, disponíveis no “Manual de Oslo” 2. Nesse sentido, há correspondência

metodológica com a Pesquisa de Inovação Tecnológica (PINTEC) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e com pesquisas internacionais como o Community

Innovation Survey realizado nos países que compõem a União Europeia.

1 ORGANIZAÇÃO PARA A COOPERAÇÃO E O DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO (OCDE). Frascati Manu-al: proposed standard practice for surveys on research and experimental development. Paris: OCDE, 2002. 2 ORGANIZAÇÃO PARA A COOPERAÇÃO E O DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO (OCDE). Guidelines for collecting and interpreting innovation data. 3rd ed. Paris: OCDE, 2005.

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De acordo com os padrões empregados na elaboração da Sondagem, a inovação tecnológica é definida pela introdução de um produto ou processo produtivo tecnologicamente novo ou substancialmente aprimorado pela empresa. O produto ou processo pode ser novo para a firma ou para o mercado. Em virtude de sua periodicidade trimestral, a Sondagem cobre uma lacuna na produção de indicadores conjunturais que possam monitorar os esforços tecnológicos das empresas no Brasil.

Para a elaboração da Sondagem de Inovação, são entrevistadas, trimestralmente, as empresas industriais com 500 ou mais pessoas ocupadas. De acordo com dados da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), havia, em 2010, aproximadamente 1.650 empresas com essa característica na indústria brasileira e foi sobre esse conjunto que se realizou a amostragem para a Sondagem (ver o Anexo I para uma análise da distribuição setorial e regional das empresas com 500 ou mais pessoas ocupadas). A amostra definida a partir do estudo populacional compreende 304 empresas da indústria extrativa e de transformação, abrangendo 25 divisões da CNAE 2.0.

A escolha das grandes empresas industriais para realizar a Sondagem foi motivada por sua importância nos processos de inovação no setor produtivo brasileiro. Com efeito, de acordo com dados da última edição da PINTEC relativos ao período 2009-2011, enquanto a taxa média de inovação da indústria brasileira foi de 35,6%, a taxa de inovação do estrato formado pelas empresas com mais de 500 pessoas ocupadas foi de 55,9%.

A Sondagem reúne informações de caráter retrospectivo (referentes ao trimestre de referência) e prospectivo (referentes aos três meses subsequentes ao trimestre de referência) provenientes de um total de 14 perguntas segmentadas em quatro blocos (ver questionário no anexo II). No primeiro bloco de questões, levanta-se o número de produtos e processos novos que a empresa lançou no trimestre anterior à pesquisa e o número de produtos e processos que a empresa pretende lançar no próximo trimestre. São colhidas informações também sobre os projetos abandonados e em andamento. No segundo bloco de perguntas, é caracterizado o esforço das empresas em atividades de inovação. O objetivo é saber se os gastos em atividades em inovação das empresas têm aumentado ou diminuído ou se mantêm constantes. Também são levantados o número de pesquisadores envolvidos em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) e sua qualificação.

No terceiro bloco de questões, identificam-se os motivos que levariam a empresa a realizar inovações tecnológicas no trimestre seguinte. Finalmente, no último bloco, é perguntado se a empresa aumentou, diminuiu ou manteve estáveis os investimentos para expandir a sua capacidade produtiva instalada.

A cada trimestre, a Sondagem de Inovação inclui um bloco de perguntas sobre temas relevantes da fronteira tecnológica e que tenham grande impacto sobre o

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desenvolvimento industrial brasileiro. Nesta Sondagem, referente ao quarto trimestre de 2013, foram introduzidas perguntas sobre os investimentos em biotecnologia moderna. O objetivo de tais perguntas foi mapear a difusão, na indústria brasileira, de tecnologias localizadas na fronteira do conhecimento científico e tecnológico. Este mesmo bloco de perguntas havia sido incluído na pesquisa referente ao quarto trimestre de 2010, 2011 e 2012, o que permite um exame da evolução anual de tais indicadores.

Neste trimestre, a pesquisa Sondagem de Inovação completa seu quarto ano, e o presente boletim alcança agora sua décima sexta edição consecutiva. Assim como nas edições passadas, os resultados da pesquisa possibilitam uma observação das tendências mais recentes da inovação na indústria brasileira, e permitem também a comparação com o mesmo período do ano anterior, considerando eventuais efeitos de sazonalidade na inovação. Este décimo sexto boletim da Sondagem consolida os resultados das edições anteriores e permite uma vez mais a comparação do mesmo período (quarto trimestre) de quatro anos consecutivos (2010, 2011, 2012, 2013). Possibilita, assim, explorar a informação inédita gerada pela pesquisa ao longo de quatro anos para traçar um panorama mais abrangente da dinâmica de inovação na indústria brasileira no período.

A CONJUNTURA ECONÔMICA E A INOVAÇÃO TECNOLÓGICA NA INDÚSTRIA BRASILEIRA

As sucessivas edições da Sondagem de Inovação têm verificado uma relação sistemática entre a inovação tecnológica na indústria brasileira e a dinâmica de crescimento da economia nacional. No quarto trimestre de 2013, esta relação entre atividade econômica e atividade inovativa continua sendo um dos principais elementos de análise da evolução do setor industrial. Observa-se nesse período a manutenção da trajetória de recuperação nos níveis de atividade econômica, representada pelas taxas anualizadas de crescimento da economia brasileira, bem como do PIB da indústria de transformação, o que ajuda a explicar a elevação observada na maioria dos indicadores de inovação na indústria.

Segundo dados das Contas Nacionais Trimestrais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a economia brasileira apresentou crescimento de 0,7% no quarto trimestre de 2013, em relação ao trimestre anterior, considerando a série com ajuste sazonal. O setor industrial, por sua vez, registrou uma retração de 0,2% no trimestre. Na comparação com o mesmo período de 2012, a elevação do PIB foi de 1,9%, ao passo que o PIB industrial observou crescimento de 1,5%, puxado principalmente pelos resultados positivos verificados em Eletricidade e gás, água, esgoto e limpeza urbana (+3,4%) e na construção civil (+2,4%).

Cabe ainda notar as taxas de crescimento anuais, tanto para a economia como um todo quanto para a indústria de transformação, mantêm a trajetória de recuperação iniciada no inicio de 2013 (gráfico 1). Desde 2011, o PIB observou uma trajetória de desaceleração, que culminou com crescimento de 1% no ano de 2012. Entretanto, os

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resultados observados ao longo de 2013 sinalizam claramente uma perspectiva de recuperação – ainda que gradual – das taxas de crescimento da economia brasileira

Gráfico 1 - Variação do PIB, do PIB da Indústria de Transformação – taxa acumulada em 12 meses – e taxa de Investimento

5,3% 4,9% 3,7% 2,7% 1,9% 1,2% 2,0% 2,3% 2,3% 5,3% 1,4%1,9% 19,2% 19,2% 20,5% 18,9% 19,5% 18,8% 20,0% 18,8% 18,8% 17,8% 18,7% 17,4% 18,4% 18,4% 19,1% 17,7% 2,5% 7,6% 7,5% 6,3% 0,9% 1,0% 1,3% -1,5% 10,6% 10,1% 6,8% 3,9% 1,7% 0,1% -1,2% -2,9% -3,0% -2,4% -1,8% 0,6% -10,0% -5,0% 0,0% 5,0% 10,0% 15,0% 20,0% 25,0% I 2010 II 2010 III 2010 IV 2010 I 2011 II 2011 III 2011 IV 2011 I 2012 II 2012 III 2012 IV 2012 I 2013 II 2013 III 2013 IV 2013

PIB PIB Indústria Transf. Taxa de investimento

Fonte: IBGE

Tendência semelhante se observa no setor industrial, que desacelerou sistematicamente a partir de 2011 e encerrou 2012 com taxas negativas de crescimento (-0,8%). A indústria de transformação, em particular, ficou praticamente estagnada em 2011, com expansão de 0,1% no ano, em contraste a uma taxa de crescimento expressiva observada em 2010 (cerca de 10,0%). Em 2012, a indústria de transformação também observou tendência recessiva, com variação negativa (em 12 meses): -2,4%. No quarto trimestre de 2013, observa-se a manutenção da tendência de recuperação (+1,9%) iniciada no primeiro semestre. Cabe ainda notar que este é o melhor resultado no setor desde o terceiro trimestre de 2011. Como este segmento da indústria concentra aproximadamente 98,0% das empresas participantes da pesquisa Sondagem de Inovação, seu desempenho é visto como uma importante variável explicativa na dinâmica de inovação e investimentos detectada pela pesquisa.

O comportamento dos investimentos neste trimestre acompanhou, em linhas gerais, a tendência do nível de atividade econômica. No quarto trimestre de 2013, a formação bruta de capital fixo mostrou elevação de 0,3% em relação ao trimestre anterior. No entanto, quando se considera a taxa de crescimento anual (acumulada em quatro trimestres), o investimento se expandiu de forma significativa (+6,3%) e contribuiu positivamente para o desempenho da economia em 2013. Como o crescimento do PIB no trimestre foi superior à elevação dos investimentos, a taxa de investimento (FBCF/ PIB), apresentou declínio em comparação ao trimestre anterior, atingindo 17,7% do PIB. A redução no ritmo de crescimento dos custos industriais ajuda a entender o comportamento da formação bruta de capital fixo. O crescimento dos custos

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no trimestre atual foi de 1,9%, em relação ao trimestre anterior, enquanto que o valor observado para o terceiro trimestre foi de 3,6%, de acordo com os dados disponibilizados pela Confederação Nacional da Indústria – CNI. Essa queda no crescimento dos custos industriais guardou forte relação com o menor patamar de crescimento dos custos relacionados à aquisição de bens intermediários. Os custos deste tipo, que no trimestre anterior apresentaram um crescimento de 4,7%, se expandiram em apenas 2,1% no quarto trimestre de 2013. Os custos tributários da indústria também apresentaram crescimento mais ameno no último trimestre do ano (1,6%). Já os custos com pessoal cresceram acima do patamar verificado no terceiro trimestre, alcançando 1,5% no quarto trimestre do ano.

Dado este quadro, é importante mencionar, que assim como favorece o investimento, tal redução no crescimento dos custos abre margens para a ampliação dos dispêndios industriais em P&D e inovação. Tal quadro deve ajudar a explicar também a melhora dos indicadores de inovação no quarto trimestre de 2013.

As importações de bens de capital no período mostraram um comportamento condizente com o verificado acima. A taxa de crescimento mensal média no quarto trimestre apontou uma ampliação das importações de bens de capital no Brasil de 6,7% no período. No entanto, a produção interna de bens de capital apresentou uma retração, tendo uma taxa mensal média de crescimento negativa em mais de 5% para o período entre outubro e dezembro de 2013. Logo, a expansão da formação bruta de capital fixo no país deve ter sido atendida prioritariamente por importações e/ou estoques do setor de bens de capital.

A respeito das vendas industriais, estas se alteraram apenas levemente em relação ao trimestre anterior, como indica o Índice de Faturamento Real Dessazonalizado da Indústria, divulgado também pela CNI. Observa-se que o crescimento mensal médio do faturamento real foi negativo em pouco mais de meio por cento. Ou seja, o faturamento da indústria se manteve praticamente estável no período considerado, mas com viés declinante. Esse resultado se deveu principalmente ao comportamento da indústria nos meses de outubro e dezembro, quando o faturamento foi contraído em relação aos meses precedentes.

Quadro similar se observa para a utilização da capacidade instalada na indústria de transformação, também divulgada pela CNI. No último trimestre do ano, a utilização da capacidade instalada da indústria se manteve em torno de 82%, resultado muito próximo do que havia sido constatado nos trimestres anteriores.

Por outro lado, ao se considerar dados relativos ao depósito de patentes, o que representa um indicador da inovação tecnológica nacional, as informações captadas junto ao INPI para este trimestre revelam recuperação expressiva. No quarto trimestre de 2013, o volume de patentes depositadas reverte a tendência de queda observada desde o quarto trimestre de 2012. Foram verificados 2.221 depósitos de patentes no

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INPI, o que corresponde a um aumento de quase 130% em relação ao verificado no trimestre anterior. Como será visto mais adiante neste Boletim, os dados do INPI vão ao encontro das observações verificadas pela Sondagem de Inovação para o período, pela qual se observou um aumento nos indicadores relativos à inovação de produto e processo. O número de depósitos de patentes alcançou neste quarto trimestre o maior patamar desde o último trimestre de 2012. Embora seja um indicador com algumas deficiências, já que nem todas as inovações são patenteadas, o número de depósitos de patentes serve como um termômetro para a análise do desempenho tecnológico nacional. Cabe destacar que o comportamento do volume de depósitos de patentes junto ao INPI desde 2010 anda no mesmo compasso das observações apresentadas pela Sondagem de Inovação no período.

Em resumo, 2013 foi um ano de recuperação paulatina da atividade econômica, observando-se elevação gradual nos indicadores de crescimento (taxas anualizadas), tanto para a indústria de transformação como para a economia como um todo. Como se verá nas próximas seções deste Boletim, a tendência de recuperação do ritmo de atividade econômica e, em particular, da atividade industrial, tal como revelada pelos dados mencionados, parece ter sido acompanhada de uma aceleração na dinâmica inovativa na indústria no quarto trimestre de 2013. Tal associação entre a atividade inovativa da indústria e o desempenho da economia como um todo foi verificada de forma recorrente em edições anteriores da Sondagem, e pode ser vista como um reflexo da estrutura industrial brasileira, com pouca densidade tecnológica e baseada em setores já maduros. Nesse sentido, a inovação está mais atrelada ao investimento e ao gasto empresarial, seja na aquisição de máquinas (inovação de processo) seja na aquisição de tecnologias (licenças e direitos para o uso de tecnologias desenvolvidas por terceiros), que à pesquisa e ao desenvolvimento contínuos nas firmas. Assim, a atividade de inovação acaba por se manter estreitamente vinculada às oscilações macroeconômicas, em virtude dos possíveis efeitos destas sobre a disponibilidade de recursos e as expectativas empresariais.

A INOVAÇÃO TECNOLÓGICA NO TERCEIRO TRIMESTRE

DE 2013 (OUTUBRO/ NOVEMBRO/ DEZEMBRO)

A. INOVAÇÕES REALIZADAS DE PRODUTO E PROCESSO NO QUARTO TRIMESTRE DE 2013

Os indicadores de inovação tecnológica na indústria brasileira observaram trajetória de recuperação no período recente, revertendo uma tendência à estagnação da atividade inovativa detectada pela Sondagem de Inovação desde o início de 2013. No quarto trimestre de 2013, 50,2% das empresas entrevistadas declararam ter realizado algum tipo de inovação tecnológica, de produto ou processo, para a empresa ou para o mercado, valor 2,3 pontos percentuais acima do observado no último trimestre da pesquisa. De fato, este resultado se aproxima com os valores detectados pela Sondagem no final de 2012, o que sugere que os percentuais observados nos últimos

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dois trimestres podem representar um piso para tal indicador (tabela 1). A confirmação desta hipótese dependerá da evolução da atividade inovativa da indústria brasileira nos próximos trimestres.

Tabela 1: Percentual de empresas industriais com mais de 500 pessoas ocupadas que inovaram – 2012 / 2013

Percentual de empresas: 4º trimestre 2012 1º trimestre 2013 2º trimestre 2013 3º trimestre 2013 4º trimestre 2013 Inovadoras de produto ou processo 51,8 54,7 46,9 47,9 50,2 De produto 38,8 42,2 37,7 39,2 39,3 Produto novo para empresa 35,6 38,0 33,8 34,5 36,0 Produto novo para o mercado nacional 12,7 14,5 13,9 14,1 13,3 De processo 35,0 37,7 31,8 32,3 37,1 Processo novo para a empresa 31,5 34,6 29,3 30,3 33,3 Processo novo para o mercado nacional 8,6 10,1 8,2 7,7 12,6

Fonte: Sondagem de Inovação da ABDI.

Por outro lado, assim como verificado de forma consistente em rodadas anteriores da pesquisa, a taxa de inovação ficou abaixo da expectativa de inovação declarada pelas empresas no trimestre imediatamente anterior. No terceiro trimestre de 2013, 57,6% das empresas declararam que pretendiam lançar um novo produto ou processo no quarto trimestre de 2013, o que não se confirmou na taxa de inovação desta Sondagem. Observa-se ainda que a diferença entre a intenção de inovar e a taxa de inovação neste trimestre apresentou ligeira elevação em relação ao trimestre anterior, atingindo 7,4 pontos percentuais, indicando que um menor percentual da expectativa passada de inovação foi concretizado no período. Por fim, constata-se que a intenção de inovar também apresenta elevação em relação ao trimestre anterior, o que sugere que o crescimento atual nos indicadores de inovação pode gerar expectativas mais otimistas em relação a novos produtos ou processos a serem implementados no trimestre seguinte.

De forma geral, a trajetória dos indicadores de inovação ao longo dos últimos três anos permite observar uma clara tendência declinante. Com efeito, entre o inicio de 2011 e o final de 2013, houve um declínio sistemático na taxa de inovação, explicada pelos efeitos negativos do baixo ritmo de crescimento da economia brasileira e da incerteza no cenário internacional que marcaram esse período. Tais elementos continuam a

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influenciar a dinâmica atual de inovação na economia brasileira, a despeito da leve recuperação observada neste trimestre. O Gráfico 2 permite visualizar com clareza tal evolução.

Gráfico 2- Expectativas de inovação e inovação efetivamente realizada pelas empresas industriais com mais de 500 pessoas ocupadas – 2011 / 2013

Fonte: Sondagem de Inovação da ABDI.

Como mencionado antes, a dinâmica da atividade inovativa no Brasil está fortemente ligada à trajetória macroeconômica, principalmente em virtude de seus reflexos sobre as decisões internas às firmas. Tanto a inovação de produto quanto a de processo envolvem um importante componente de incerteza, atrelado a custos elevados de P&D e estruturação, o que pode justificar uma relativa acomodação no comportamento inovador das empresas industriais brasileiras, considerando que a economia nacional em 2013 apresenta um quadro de lenta recuperação do nível de atividade. Por outro lado, segundo a ótica microeconômica da inovação, períodos de crise e/ou instabilidade também podem figurar como uma janela de oportunidade para a indústria, pois são mais propícios para mudanças na estrutura de concorrência, sendo que aqueles que souberem se aproveitar melhor de tal situação sairiam fortalecidos. Por isso, o esforço inovativo nesses períodos configuraria uma importante estratégia para a obtenção de possíveis ganhos comerciais e concorrenciais. Cabe observar, contudo, que os indícios de recuperação nos indicadores de inovação verificados no atual trimestre não são suficientes para serem vistos como uma janela de oportunidade para que a indústria local mude de posição no cenário tecnológico internacional.

Das empresas que responderam à Sondagem, 36% declararam ter introduzido produtos novos já existentes no mercado nacional. Observa-se, neste caso, certa elevação em comparação ao trimestre anterior, quando 34,5% das empresas haviam respondido positivamente a essa questão, recuperando os níveis verificados no final de 2012.

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Trajetória semelhante se observa também nos demais indicadores de inovação em produto. Os indicadores de inovação em processo, por sua vez, após atingirem um aparente “piso” nos dois últimos trimestres, sofreram significativa elevação no final de 2013, também recuperando os patamares observados anteriormente. Em particular, o percentual de empresas que declararam ter implementado um processo novo para a empresa aumentou 3 p.p. em relação ao trimestre anterior, atingindo 33,3% – o segundo valor mais alto dos últimos dois anos da pesquisa. Como mencionado antes, estes resultados parecem estar associados a uma relativa recuperação nos indicadores conjunturais de atividade econômica, que estimula a expansão dos gastos em máquinas e equipamentos, embora persista ainda uma percepção cautelosa por parte da indústria quanto ao comportamento da demanda futura e à presença de elementos de incerteza no plano doméstico e internacional.

Em resumo, pode-se dizer que os resultados da Sondagem no quarto trimestre de 2013 sugerem uma tendência à recuperação no lançamento de produtos e processos novos no mercado doméstico, após dois trimestres em baixa, voltando aos patamares observados no final de 2012: 1) a taxa de inovação realizada apresentou recuperação, superando os percentuais observados nos dois últimos trimestres; 2) a taxa de inovação desagregada foi superior à apresentada no terceiro semestre de 2013, em cinco dos seis os indicadores pesquisados.

O gráfico 3 mostra a evolução do percentual de firmas inovadoras em produto desde 2011. Neste caso, as firmas são classificadas de acordo com o número de produtos novos para a empresa, mas já existentes no mercado nacional.

Os resultados sugerem uma ligeira elevação no percentual de empresas que introduziram novos produtos. No quarto trimestre de 2013, pode-se perceber uma relativa recuperação na taxa de inovação em comparação ao trimestre anterior, explicada por uma elevação em dois dos três grupos em análise. No grupo mais expressivo, das empresas que introduziram até três novos produtos no mercado nacional, não se verificou alteração, mantendo-se em 23,3% das firmas. Os demais grupos, de empresas que introduziram de quatro a seis e sete ou mais produtos novos, observaram evolução, respectivamente, de 5,5% para 6,0% e de 5,7% para 6,7%. Por outro lado, uma tendência de ligeira elevação também se observa quando se compara este trimestre com o mesmo período de 2012: embora o percentual de empresas que introduziram até 3 novos produtos tenha declinado de 25,6% para 23,3%, a elevação nos demais grupos foi mais acentuada e determinou assim uma pequena variação positiva do indicador agregado: de 4,3% para 6,0% na introdução de 4 a 6 novos produtos, e de 5,7% para 6,7% no percentual de empresas que lançaram 7 ou mais novos produtos. Estes resultados sugerem uma vez mais que a elevação no ritmo da inovação em produto na economia brasileira neste trimestre atingiu principalmente as empresas de perfil fortemente inovador.

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Gráfico 3: Percentual de empresas com produtos novos, mas já existentes no mercado nacional – 2011 / 2013

Fonte: Sondagem de Inovação da ABDI.

O indicador de inovação referente à introdução de produtos novos ainda não existentes no mercado nacional é um dos que apresenta menor variabilidade ao longo do tempo. Ainda assim, é importante salientar que tal indicador é o único para o qual não se observou recuperação neste trimestre. No quarto trimestre de 2013, o percentual de empresas inovadoras atingiu 13,3%, o que representa uma queda de 0,8 pontos percentuais em relação ao trimestre anterior (gráfico 4). Cabe notar que a redução nos percentuais de firmas inovadoras se concentrou nos grupos de empresas que introduziram até 3 novos produtos (-1,0 p.p.) e de 4 a 6 novos produtos (-0,5 p.p.). Por sua vez, o percentual de firmas que introduziram 7 ou mais produtos novos e ainda não existentes no mercado nacional se elevou (+0,7 p.p.) em comparação com o trimestre anterior. Tais resultados são coerentes com a percepção, destacada anteriormente, de que a recuperação na atividade inovativa neste trimestre tem sido liderada pelas firmas de perfil mais fortemente inovador.

Como esperado, o percentual de empresas que introduziram produtos novos para o mercado nacional é menor do que o percentual de firmas que lançaram produtos novos para a empresa, mas já existentes no mercado. Tal resultado corrobora a percepção de que a introdução de produtos novos para o mercado nacional requer maior esforço inovativo; por isso apresenta menor variabilidade trimestral e é concentrada em um número proporcionalmente menor de empresas.

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Gráfico 4: Percentual de empresas com produtos novos ainda não existentes no mercado nacional – 2011 / 2013

Fonte: Sondagem de Inovação da ABDI.

Em suma, varias razões podem explicar o comportamento dos indicadores de inovação de produto no período recente. Obviamente, as expectativas empresariais frente a um contexto de baixo crescimento da economia brasileira respondem por uma boa parcela do comportamento desta classe de inovações, principalmente no que se refere ao declínio sistemático nos indicadores de inovação, observado entre meados de 2011 e o final de 2012. Contudo, a expansão da formação bruta de capital fixo, bem como a tendência de crescimento no faturamento do setor industrial ao longo de 2013 são elementos que podem alimentar uma retomada concomitante nos indicadores de inovação, como verificado pela Sondagem no terceiro e quarto trimestres de 2013. Resta ainda confirmar se tal recuperação deve se consolidar nos próximos trimestres, a despeito das seguidas revisões (para baixo) nas projeções de crescimento da economia brasileira para 2014.

Assim como na inovação de produto, a inovação de processo também apresenta uma tendência de recuperação no quarto trimestre de 2013, após dois trimestres em que estes indicadores observaram seus valores mais baixos na série histórica iniciada em 2010. Na comparação dos resultados do quarto trimestre de 2013 com o trimestre imediatamente anterior, observa-se elevação considerável no percentual de firmas que lançaram processos novos já existentes no mercado nacional (de 30,3% para 33,3%). A recuperação, neste caso, se explica pelo comportamento de todos os grupos de empresas: entre as empresas que introduziram até três novos processos, verificou-se uma elevação de aproximadamente 1,0 ponto percentual. Nos demais grupos (4 a 6, e 7 ou mais novos processos), foram observadas elevações de 1,1 p.p e 0,9 p.p., respectivamente.

A comparação entre o quarto trimestre de 2013 e igual período de 2012 confirma o mesmo padrão de recuperação na dinâmica de inovação na indústria brasileira, e retorno aos patamares anteriores, tal como já destacado neste Boletim: verificou-se

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aqui uma elevação de aproximadamente 2 pontos percentuais no indicador de firmas que introduziram processos novos para a empresa, explicado principalmente pela elevação no percentual de empresas que introduziram até 3 novos processos (gráfico 5). Tal resultado sugere que, também para esse tipo de inovação, verifica-se certa recuperação no comportamento das firmas, após um período de estagnação nos dois últimos trimestres.

Gráfico 5: Percentual de empresas com processos novos, mas já existentes no mercado nacional – 2011 / 2013

Fonte: Sondagem de Inovação da ABDI.

Por outro lado, verifica-se uma ligeira recuperação também no número médio de inovações de processos novos e já existentes no mercado nacional no quarto trimestre de 2013, que passou de 0,69 para 0,87. Tal elevação se concentra principalmente em empresas sem departamentos de P&D formalizados.

O gráfico 6 apresenta os resultados para o indicador de inovação referente à introdução de processos novos ainda não existentes no mercado nacional. Assim como ocorre com a introdução de produtos não existentes no mercado nacional, este indicador também apresenta pouca variabilidade ao longo do tempo. Ainda assim, tal indicador apresentou elevação bastante expressiva no quarto trimestre de 2013 (crescimento de quase 5 p.p.), em relação ao trimestre anterior, quando havia atingindo seu valor mais baixo desde o inicio da Sondagem em 2010. Neste trimestre, constata-se que a recuperação se deve majoritariamente à elevação no percentual de firmas que introduziu até três processos novos para o mercado nacional (de 7,4% para 11,4%)..

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Gráfico 6: Percentual de empresas com processos novos e ainda não existentes no mercado nacional – 2011 / 2013

Fonte: Sondagem de Inovação da ABDI.

Assim como no caso dos demais indicadores de inovação em processo, a comparação entre o quarto trimestre de 2013 e o mesmo período do ano anterior indica recuperação considerável no percentual de empresas que introduziram novos processos no mercado nacional (crescimento de 4,0 p.p.). Tal resultado é de certa forma surpreendente, considerando-se que a adoção de processos previamente inexistentes no mercado nacional apresenta variabilidade relativamente baixa ao longo do tempo, o que se justifica pelo elevado esforço requerido para a obtenção desse tipo de inovação. Em linhas gerais, pode-se afirmar que a inovação de processo foi a mais afetada pela retração da atividade inovativa brasileira a partir de meados de 2011. Algumas explicações para isto se relacionam diretamente com a questão macroeconômica, como a estabilidade do nível de investimentos e as perspectivas de baixo crescimento da economia nacional, mas há também elementos importantes, ligados à dinâmica intra-firma, que ajudam a explicar tal comportamento.

A inovação em processo está ligada à prática produtiva e, muitas vezes, demanda mudanças na dinâmica de trabalho, bem como na estrutura física da firma. Envolve, assim, esforços de treinamento e requalificação da força de trabalho, visando o desenvolvimento de novas capacitações e habilidades produtivas. A escassez de mão-de-obra com qualificação técnica e tecnológica, bem como o limitado interesse empresarial em investir na qualificação de seu contingente profissional (principalmente em períodos de baixo crescimento), pode explicar em parte a estagnação observada nos indicadores de inovação em processo no país no período recente. Já as mudanças na estrutura física da firma se relacionariam diretamente com a aquisição de maquinário ou novos sistemas produtivos, resultando basicamente de esforços empresariais em termos

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de investimentos visando à modernização produtiva. Os dados referentes à formação bruta de capital fixo no Brasil não sugerem a ocorrência de tais esforços entre 2011 e 2012, em compasso com a desaceleração da economia brasileira como um todo, mas a elevação de verificada a partir de meados de 2013 representa uma sinalização positiva em direção a uma recuperação dos indicadores de inovação de processo.

Ressalte-se ainda que o perfil predominante na indústria brasileira, particularmente entre grandes empresas, é composto por firmas atuando em segmentos nos quais a tecnologia produtiva já se encontra em estágio avançado de maturidade. Nesse sentido, haveria pouco espaço para incrementos e pequenos incentivos para tal. Ademais, os custos e riscos relacionados à busca por novas tecnologias nestes segmentos seriam pouco convidativos. Assim, a ocorrência de inovações de processo seria atrelada, sobretudo, à clara existência de ciclos de crescimento econômico. Tais ciclos gerariam os incentivos necessários, em termos de competição e lucratividade, para a expansão dos gastos em máquinas e equipamentos, que em geral representa o principal fator de geração de inovações de processo.

Nem toda a inovação tecnológica de produto está necessariamente ligada a uma inovação tecnológica de processo, assim como nem toda a inovação de processo é realizada para produzir um novo produto. Entretanto, as firmas que realizam inovações tecnológicas de produto e de processo geralmente fazem esforços para inovação maiores do que a média das demais firmas. No quarto trimestre de 2013, pouco menos de um quarto (23,6%) das grandes firmas industriais brasileiras realizaram inovações tecnológicas de produto e de processo novo para a empresa, mas já existentes no mercado nacional (tabela 2). Este percentual também apresentou tendência declinante entre 2010 e meados de 2011, e tem apresentado certa estabilidade desde então. Os dados deste trimestre mostram elevação considerável em relação ao trimestre anterior (+3,3 p.p). Por outro lado, a introdução de produto e de processo novos e ainda não existentes no mercado nacional foi declarada por 4,3% das empresas no quarto trimestre de 2013, em comparação a um percentual de 3,2% no trimestre imediatamente anterior.

Tabela 2: Percentual de empresas industriais com mais de 500 pessoas ocupadas que inovaram em produto e processo no

quarto trimestre de 2013 (outubro/novembro/dezembro)

Empresas que inovaram em Processo

Para empresa Para mercado

Produto Para empresa 23,6% 8,1%

Para o mercado 9,8% 4,3%

Fonte: Sondagem de Inovação da ABDI.

Em resumo, e em consonância com outros indicadores discutidos anteriormente, a taxa de inovação nas grandes empresas industriais estabeleceu-se em um patamar relativamente baixo e estável a partir do segundo semestre de 2011, condizente com a perspectiva de baixas taxas de crescimento da economia nacional, associada às

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incertezas no cenário internacional no período. Os indicadores de inovação na indústria atingiram seus valores mais baixos em meados de 2013, mas os resultados do quarto trimestre do ano sugerem recuperação, explicada pela gradual recuperação nas taxas de crescimento e pela expansão dos gastos em formação bruta de capital fixo (gráfico 7). Cabe notar, entretanto, que o ritmo de inovação ainda não voltou a atingir os resultados observados até o início de 2011, a despeito dos esforços de política macroeconômica e de política industrial empreendidos com tal finalidade.

Gráfico 7: Percentual de empresas industriais com mais de 500 pessoas ocupadas que inovaram em produto e/ou processo – 2011 / 2013

Fonte: Sondagem de Inovação da ABDI.

B. EXPECTATIVAS DE INOVAÇÃO DE PRODUTO E PROCESSO PARA O PRIMEIRO TRIMESTRE DE 2014

Os resultados apresentados na seção anterior dizem respeito a produtos e processos efetivamente introduzidos no mercado. Ao lado desses dados, a Sondagem de Inovação reúne informações sobre a intenção ou expectativa declarada de lançar produtos e processos novos para a empresa e para o mercado nacional no trimestre subsequente à pesquisa.

O percentual de firmas com expectativa de inovação futura em produto ou processo manteve no quarto trimestre de 2013 a trajetória de recuperação iniciada no trimestre anterior (elevação de 1,7 p.p). Assim sendo, os dados mais recentes sugerem que a elevação no percentual de firmas com produtos e processos novos efetivamente introduzidos está sendo acompanhada por uma recuperação nos percentuais de empresas que pretendem lançar no próximo trimestre algum produto ou processo, novos para a empresa ou para o mercado nacional, tal como havia sido observado no gráfico 2. Ou seja, verifica-se simultaneamente uma tendência ascendente na inovação presente e nas expectativas de inovação futura, o que é esperado, dada a

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influência dos resultados realizados sobre as expectativas futuras. Cabe ainda notar que a elevação no percentual de inovação esperada é distribuída entre todos os indicadores (produto e processo, para a empresa e para o mercado).

Segundo a tabela 3, 50,2% das firmas respondentes planejam inovar em produto no próximo trimestre, valor que é 1,3 p.p. maior que o verificado no trimestre anterior. Por sua vez o percentual de firmas que espera inovar em processo se elevou em quase 2 pontos percentuais, de 39,5% no último trimestre para 41,4% no trimestre atual. No que se refere à expectativa de lançamento de novos produtos já existentes no mercado nacional, 45,9% das empresas esperam fazê-lo no primeiro trimestre de 2014, valor quase três pontos percentuais acima do observado no trimestre anterior. Esse percentual é maior do que os observados nos últimos dois trimestres, confirmando uma tendência de recuperação das expectativas de inovação da indústria brasileira. Resta aguardar as próximas rodadas da Sondagem para verificar se tal tendência se traduzirá efetivamente em elevação nos indicadores de inovação no futuro próximo. Por outro lado, os indicadores de inovação esperada para este trimestre são superiores ao percentual de empresas que efetivamente introduziram produtos novos já existentes no mercado nacional, tal como ocorreu em edições anteriores da Sondagem. Este resultado se explica pelo fato de que parte dos projetos de inovação desenvolvidos pelas firmas pode não dar os resultados planejados nos prazos estabelecidos.

Tabela 3: Expectativas de inovação (para o trimestre seguinte) das empresas industriais com mais de 500 pessoas ocupadas – 2012/2013

Percentual de empresas: 4º trim 2012 1º trim 2013 2º trim 2013 3º trim 2013 4º trim 2013 Inovadoras de produto ou processo 61,2 59,8 54,8 57,6 59,3 Produto 52,6 51,1 45,4 48,9 50,2

Produto novo para empresa 48,3 48,0 41,2 43,0 45,9 Produto novo para o

mercado nacional 20,2 19,3 17,1 19,4 20,5

Processo 43,9 44,1 39,2 39,5 41,4

Processo novo para a

empresa 38,8 39,7 34,0 36,3 36,7

Processo novo para o

mercado nacional 12,9 15,4 12,9 9,5 13,4 Fonte: Sondagem de Inovação da ABDI.

O percentual de empresas com produtos novos ainda não existentes no mercado nacional a serem introduzidos situou-se, no quarto trimestre de 2013, em 20,5%. Também neste caso, observa-se tendência de recuperação, pois se trata do maior valor detectado pela pesquisa desde o final de 2012, em um indicador que em geral

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apresenta grande estabilidade, dadas as já mencionadas dificuldades envolvidas nesse tipo de inovação.

Por outro lado, a comparação entre as tabelas 1 e 3 também indica expectativas mais otimistas, no quarto trimestre de 2013, acerca da inovação futura. Neste caso, tanto para produtos novos para a empresa como para o mercado, observa-se uma elevação da diferença entre a inovação corrente e a inovação esperada. Isto significa que a perspectiva de inovação futura das empresas se distanciou mais dos resultados efetivamente observados no trimestre, sugerindo expectativas mais favoráveis em relação às perspectivas futuras, e tendência de elevação do ritmo atual de inovação no futuro próximo, caso tais expectativas sejam concretizadas.

Os indicadores de inovação de processo no quarto trimestre de 2013, por seu turno, apresentaram comportamento semelhante ao observado para inovação de produto. Também neste caso, verifica-se em linhas gerais uma trajetória ascendente para a inovação efetiva e esperada neste trimestre. O número de empresas que pretendem introduzir algum novo processo se elevou em cerca de dois pontos percentuais neste trimestre, em relação ao trimestre anterior. Cabe notar que tal resultado se explica principalmente pela elevação no percentual de firmas que esperam introduzir processos novos para o mercado nacional, que teve crescimento de quase quatro pontos percentuais (de 9,5% para 13,4%). Tal resultado surpreende, pois a expectativa de introdução de processos novos para o mercado nacional representa o indicador de inovação em processo cuja trajetória apresentou menor variabilidade ao longo dos vários trimestres da Sondagem, o que é esperado, na medida em que a introdução de processos novos ainda não existentes no mercado nacional envolve maior esforço inovativo do que a utilização de processos já disponíveis no país. Por sua vez, o indicador de processos novos para a empresa apresentou relativa estabilidade frente ao trimestre anterior (ver tabela 3).

É interessante notar que, para todos os indicadores de expectativa de inovação, observa-se um movimento de declínio inicial e posterior recuperação ao longo de 2013. Uma possível explicação para tal comportamento dos indicadores pode estar associada a um ambiente mais otimista para o ritmo da atividade econômica no inicio de 2014, em virtude da recuperação gradual das taxas de crescimento da economia brasileira nos trimestres anteriores. Como dito anteriormente, a dinâmica da inovação no Brasil está intimamente ligada à trajetória macroeconômica, principalmente aos seus reflexos sobre as decisões internas às firmas. Como o cenário econômico brasileiro atual apresenta um quadro de recuperação gradual do nível de atividade, isto ajuda a explicar a revisão para cima das expectativas de inovação de produto e processo. Outra possível explicação se relaciona ao fato de que a maioria dos indicadores de inovação efetivamente realizada apresentou elevação nos últimos dois trimestres, e tal trajetória poderia gerar expectativas mais otimistas em relação a novos produtos ou processos a serem implementados nos trimestres seguintes. Caberá às próximas rodadas da Sondagem confirmar se tal tendência de melhoria nas expectativas de inovação, iniciada em meados de 2013, se manterá ao longo de 2014.

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Em resumo, os indicadores de inovação em produto ou processo efetivamente realizados apontam para um movimento de recuperação da inovação tecnológica no segundo semestre de 2013, após uma queda expressiva verificada nos primeiros meses do ano. Quanto às intenções de inovação para o próximo período, sua evolução recente sugere um movimento ascendente na expectativa de inovação na indústria brasileira, acompanhando a trajetória dos indicadores de inovação efetivamente observados no período.

C. ESFORÇO PARA INOVAR NO QUARTO TRIMESTRE DE 2013

A tendência de recuperação nas expectativas em relação à inovação futura, tal como destacado na seção anterior, não se reflete de forma inequívoca nos indicadores de esforços para inovação das firmas no quarto trimestre de 2013. Por um lado, o percentual de firmas que declararam aumentar seu gasto total em inovação oscilou positivamente em relação ao trimestre anterior. Por outro lado, se elevaram mais expressivamente os percentuais de empresas respondentes que reduziram ou não fizeram gastos em inovação. Em comparação com o terceiro trimestre de 2013, houve um aumento de aproximadamente um ponto percentual no número de empresas que expandiram seus gastos totais em inovação, o que foi acompanhado por um aumento de quatro pontos percentuais no numero de firmas que diminuíram ou não fizeram este tipo de dispêndio. Entretanto, e como já verificado em rodadas anteriores da Sondagem, a maior parte das empresas manteve constante seu gasto total em inovação neste trimestre.

Os resultados do quarto trimestre de 2013 revelam, mais especificamente, que 24,1% das empresas declararam uma ampliação nos seus dispêndios totais em inovação; 58,8% mantiveram o mesmo nível de investimento e cerca de 17,2% reduziram ou não fizeram investimentos em atividades de inovação (gráfico 8).

Gráfico 8: Situação da empresa em relação aos gastos totais em atividades de inovação – 2011/2013

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O elevado percentual de empresas que declararam manter os dispêndios em inovação ao longo dos últimos trimestres também se verifica, em maior ou menor grau, ao se avaliar os diversos tipos de investimento em inovação. Particularmente quanto ao quarto trimestre de 2013, cabe ressaltar o percentual de empresas que declararam aumentar os investimentos em máquinas e equipamentos, pois se trata da modalidade com maior percentual de empresas (33%) elevando os investimentos em relação ao trimestre anterior. Note-se ainda que este resultado representa um declínio de 2,5 p.p. em relação ao trimestre anterior e que esta modalidade de dispêndio tem sido aquela em que se observam os maiores percentuais em todas as rodadas da pesquisa. Confirma-se assim a percepção de que boa parte da inovação na indústria brasileira é incorporada em bens de capital. Os resultados do quarto trimestre de 2013 mostram ainda que o percentual de empresas que mantiveram constantes seus gastos na aquisição de máquinas e equipamentos foi de 37,1%, valor bastante próximo ao observado no trimestre anterior.

Como já mencionado, o gasto com a aquisição de máquinas e equipamentos é recorrentemente identificado como principal dispêndio em inovação por parte da indústria brasileira como um todo, sendo esta condição um dos reflexos da baixa densidade tecnológica da indústria nacional e da predominância de setores de tecnologia bastante madura. Nesses setores, a aquisição de maquinário costuma ter maior impacto sobre a produção que atividades de pesquisa e desenvolvimento, principalmente por ser a inovação de produto pouco recorrente. Esse cenário se reflete nos resultados da Sondagem da Inovação, uma vez que setores como a indústria metal mecânica ou a alimentícia apresentam grande representatividade na amostra.

Por outro lado, vale destacar o comportamento dos gastos em P&D interno, em que aproximadamente 62% das firmas declararam manter esse tipo de dispêndio no período, sendo este o gasto em que maior percentual de firmas declara manter constante ao longo de todas as edições da Sondagem. Cabe ainda mencionar que o percentual de firmas que expandiram esse tipo de gasto se manteve constante no trimestre (cerca de 19%), ao passo que 10% das firmas não realizaram gastos em P&D interno, valor aproximadamente 2,3 p.p. maior que no trimestre anterior.

Em linhas gerais, os dados sugerem relativa estabilidade dos gastos em inovação em praticamente todas as categorias, dado o elevado percentual de empresas que declarou manter constante seu dispêndio nas diversas atividades de inovação no período. Com exceção dos investimentos em máquinas e equipamentos, todos os demais tipos de dispêndio para inovação se mantiveram constantes para mais de 40% das empresas respondentes.

Os gastos em totais P&D (interno e externo) em relação ao faturamento, por sua vez, apresentaram expansão no quarto trimestre de 2013, após três trimestres consecutivos em queda. Neste trimestre, os gastos totais em P&D correspondem em média a 3,8% do faturamento das firmas. Conforme se pode observar, a recuperação recente é explicada

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particularmente pela elevação dos gastos em P&D interno (gráfico 9)3, liderada pelas

firmas com departamentos de P&D formalizados.

Gráfico 9: Gastos em P&D interno e externo em relação ao faturamento (%) – 2011 / 2013

Fonte: Sondagem de Inovação da ABDI.

É interessante notar a presença de um movimento cíclico, ao longo dos últimos dois anos, nos esforços das firmas industriais brasileiras no que se refere aos gastos em P&D. A partir de meados de 2012, houve uma tendência de elevação nos gastos em P&D mesmo frente a um cenário de desaceleração da economia e menores receitas para as firmas. Nesse sentido, a manutenção de esforços de P&D se justifica como uma estratégia importante para a retomada do crescimento industrial e sua possível expansão, ocupando novas brechas no mercado. Por outro lado, observa-se ao longo de 2013 uma reversão da trajetória anterior, com redução dos percentuais gastos em P&D em um período de elevação gradual das taxas de crescimento da economia brasileira e do faturamento das firmas. Por fim, o último trimestre de 2013 sugere a ocorrência de uma recuperação nos gastos em P&D, coerente com a melhoria nas expectativas de inovação, tal como discutido anteriormente neste Boletim. Note-se ainda que, no quarto trimestre de 2013, a elevação no percentual de empresas com intenção de introduzir novos produtos no mercado esteve acompanhada por indicadores de esforço para inovar que apontam em direções opostas. Em outras palavras, a elevação dos esforços em P&D industrial tende a gerar impactos positivos de curto e longo prazo sobre a inovação. Por outro lado, observou-se neste trimestre um ligeiro declínio nos

3 Note-se que este número não é diretamente comparável com os indicadores de esforço para inovar da Pes-quisa de Inovação Tecnológica (PINTEC), do IBGE. Em primeiro lugar, a amostra desta Sondagem é viesada em direção às empresas maiores e mais inovadoras. Em segundo lugar, esta Sondagem pergunta diretamente os gastos em P&D (interno e externo) em relação ao faturamento, e não os valores em si. Em terceiro lugar, o indi-cador aqui exposto é uma média aritmética simples das respostas, não ponderada pelo tamanho das empresas.

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investimentos em máquinas e equipamentos, com potenciais efeitos negativos sobre a atividade de inovação a curto prazo. Assim, a análise dos principais indicadores de esforço para inovar neste trimestre não permite estabelecer uma tendência claramente definida para a inovação na indústria brasileira no futuro imediato.

PESSOAL OCUPADO EM P&D

A Sondagem de Inovação coleta também informações sobre o pessoal ocupado em P&D nas empresas, segundo nível de escolaridade. O quadro de relativa recuperação na dinâmica inovativa, sugerido pelos dados acerca da introdução de novos produtos e processos no período recente, bem como pelas expectativas de inovação futura, não parece influenciar a trajetória dos percentuais de empresas com doutores, mestres, pós-graduados e pós-graduados alocados exclusivamente em atividades de P&D. De fato, os percentuais de empresas com números definidos desses profissionais ocupados em P&D tendem a apresentar baixa variabilidade ao longo das várias edições da Sondagem. No quarto trimestre de 2013, pode-se observar, em linhas gerais, uma relativa estabilidade nesses indicadores, nos vários estratos analisados. Neste período, 21,8% das empresas respondentes tinham doutores exclusivamente ocupados em P&D, sendo que 1,8% das empresas tinha entre 4 e 6 doutores alocados exclusivamente em P&D e apenas 0,7% possuíam 7 ou mais. Estes números são relativamente baixos para um país que tem potencial de ampliar de forma significativa o conteúdo do conhecimento envolvido nas inovações que suas empresas industriais realizam. 46,5% das empresas tinham mestres ocupados exclusivamente em P&D, sendo que 34,6% das firmas empregavam até 3 mestres, 5,2% entre 4 e 6 mestres e 6,6% tinham mais de 7 mestres ocupados em P&D. A grande maioria das empresas emprega pessoal exclusivamente em P&D que tem apenas graduação. Neste caso, observa-se que 87,4% das empresas respondentes têm profissionais apenas com graduação ocupados em P&D. (ver gráfico 10).

Gráfico 10: Percentual de empresas com pessoas ocupadas em P&D no quarto trimestre de 2013 (out/nov/dez)

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Cabe enfatizar que os percentuais de ocupação dos diversos níveis profissionais apresentam grande estabilidade ao longo do tempo, o que já era esperado, em virtude de uma relativa constância na estrutura organizacional das empresas. Ao longo dos últimos três anos, o percentual de empresas que empregam doutores exclusivamente em P&D oscilou entre 18% e 22%, ao passo que esses percentuais ficaram entre 41% e 47% para o caso de mestres (gráfico 11).

Gráfico 11: percentual de firmas com pessoal ocupado exclusivamente em P&D, por graduação – 2011/2013

Fonte: Sondagem de Inovação da ABDI.

D. FATORES QUE INFLUENCIAM A DECISÃO DE INOVAR NO QUARTO TRIMESTRE DE 2013

No quarto trimestre de 2013, a decisão de inovar por parte das empresas esteve mais fortemente associada a três fatores principais: (i) exigências dos clientes; (ii) pressões adicionais de custo; e (iii) busca por maior participação no mercado. Cabe notar que tais fatores têm sido consistentemente apontados, desde a primeira edição da Sondagem, como principais motivadores da decisão de inovar. Ao longo de quatro anos, foram considerados de alta importância na decisão de investimento em inovação por cerca de dois terços das empresas respondentes, em média. Neste trimestre, em particular, tais fatores foram considerados de alta importância na decisão de investimento em inovação por 67,2%, 62,4% e 62,4% das empresas, respectivamente, conforme pode ser visto no gráfico 12. A importância relativa desses fatores e sua estreita associação com os padrões

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de concorrência indicam os elementos que tendem a influenciar mais fortemente a maior parte das decisões de investir em inovação no país.

Cabe ainda destacar dois outros fatores que parecem relevantes para motivar a inovação na indústria brasileira – logo após os três principais itens mencionados anteriormente. O primeiro deles é a variação da demanda interna. Ao longo dos últimos anos, a evolução do mercado doméstico foi apontada por cerca de 40,0% das empresas respondentes como sendo de alta importância na decisão de inovação. No quarto trimestre de 2013, em particular, aproximadamente 46% das firmas afirmaram que a demanda interna tem alta importância, e apenas 4,4% consideram que esse item não tem relevância para a inovação. Tal resultado é importante, pois ajuda a explicar a relação entre a dinâmica inovativa na indústria e o ritmo da atividade econômica, tal como verificado em edições anteriores deste Boletim. Em relação a este aspecto, é interessante notar que o percentual de empresas que afirmou que a demanda domestica tem alta importância foi sistematicamente mais alto nos períodos de aquecimento da atividade econômica – até meados de 2011. Ao contrário, nos períodos de menor crescimento econômico – de meados de 2011 até o final de 2012 – esses percentuais ficaram mais baixos, sugerindo menor importância da demanda interna para guiar as decisões de investimento em inovação. Nos últimos três trimestres, a mesma dinâmica se verifica, pois o percentual de empresas que atribui grande importância à demanda doméstica tem se elevado no período, em consonância com a elevação das taxas anualizadas de crescimento da economia brasileira.

O segundo fator a ser destacado é a variação da demanda externa, cuja importância vem sendo apontada sistematicamente pelas firmas a cada trimestre, a julgar pelos percentuais de empresas que indicam tal elemento como de alta importância para a decisão de investir em inovação. No quarto trimestre de 2013, em particular, esse percentual foi de 38% das firmas, o que representa o valor mais baixo para esse indicador desde o terceiro trimestre de 2012. Ainda assim, este resultado sugere que a dinâmica da economia internacional seja vista como de grande importância para as decisões de inovação, principalmente pela busca de mercados externos.

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Gráfico 12: Importância dos principais fatores para a decisão de investir em inovação Terceiro trimestre de 2013 (jul / ago / set)

Fonte: Sondagem de Inovação da ABDI.

Convém ainda observar que a importância de itens associados aos padrões de concorrência no mercado nacional, tais como “introdução de inovação dos concorrentes” e “entrada de novos concorrentes no mercado”, pode ser considerada mediana (30% a 35% de menções “alta importância”). Por fim, vale ressaltar que o item “exigência dos fornecedores” tem sido considerado, ao longo das várias edições da Sondagem, de pouca ou nenhuma importância (no quarto trimestre de 2013, quase dois terços das firmas respondentes consideraram tal fator pouco ou nada importante). Em outras

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palavras, em geral, para o universo das empresas com mais de 500 funcionários no Brasil, os fornecedores possuem papel de pouca relevância como indutores da inovação tecnológica por parte de seus clientes. Isso pode ser explicado pelo porte relativo dessas empresas, que tendem, no mercado doméstico, a ter escalas superiores às de seus fornecedores.

E. INVESTIMENTO EM CAPITAL FIXO NO QUARTO TRIMESTRE DE 2013 A Sondagem de Inovação examina também o comportamento dos investimentos realizados pelas grandes empresas para a ampliação da capacidade instalada de produção. Tipicamente, tais investimentos respondem a estratégias de expansão das firmas, guiadas por expectativas de crescimento da demanda doméstica ou externa, por busca de maior participação de mercado, entre outros.

Como pode ser visto no gráfico 13, houve entre 2011 e 2013 um declínio sistemático no percentual de empresas que expandiu seus investimentos em capacidade instalada, em relação ao trimestre imediatamente anterior. No quarto trimestre de 2013, entretanto, observa-se forte recuperação nesse indicador, com 26,3% das empresas a declarar que investiram mais em capacidade produtiva que no período anterior, o que corresponde a uma elevação de 6,2 p.p em relação ao verificado na edição anterior da Sondagem, e representa o mais alto valor da série histórica desde o quarto trimestre de 2011. Ainda assim, para a maior parte das firmas (54,7%), os investimentos se mantiveram estáveis no período. Cerca de 4,3% das empresas afirmaram ter reduzido os investimentos e 14,8% não realizaram investimentos para ampliar sua capacidade física de produção no quarto trimestre de 2013. Note-se que a elevação de quase 3 p.p. no numero de firmas que não realizaram investimentos no trimestre anterior representa um sinal contraditório no que se refere à recuperação no indicador de expansão dos investimentos. Assim sendo, os resultados verificados pela Sondagem não permitem confirmar de forma inequívoca a trajetória dos investimentos capturada pela FBCF no país neste período.

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Gráfico 13: Investimentos em capacidade física instalada de produção – 2011/2013

Fonte: Sondagem de Inovação da ABDI.

Assim como verificado com a maioria dos indicadores de inovação, os dados sobre investimento produtivo também sugerem uma relativa recuperação nos percentuais nos dois últimos trimestres de 2013. Para as próximas edições da Sondagem, resta observar se este indicador de investimento produtivo manterá sua trajetória de recuperação, guiado pela gradual elevação nas taxas de crescimento da economia brasileira para 2013 e 2014, que tende a alimentar expectativas mais otimistas acerca da expansão da demanda doméstica.

F. FRONTEIRA TECNOLÓGICA: BIOTECNOLOGIA

A biotecnologia moderna pode ser definida como um conjunto de técnicas e conhecimentos de diversas áreas, destinados a modificar organismos vivos ou suas partes, com finalidades de criação ou aperfeiçoamento de produtos, processos e serviços. Tal definição é ampla, assim como são as aplicações da biotecnologia. Não se trata de uma “indústria” em si, mas de um conjunto de técnicas e conhecimentos passíveis de serem utilizados em diversas indústrias (tais como a agricultura, saúde/ farmacêutica/veterinária, química, energia, meio ambiente, entre outras), panorama que confirma o seu caráter de tecnologia de uso geral.

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Tal como já havia sido feito no quarto trimestre de 2010, 2011 e 2012, a presente edição da Sondagem de Inovação inclui um mapeamento da difusão do conhecimento e do uso de biotecnologia moderna por parte das empresas. As empresas foram solicitadas a responder: (i) se utilizam biotecnologia moderna e, caso positivo, descrever tal uso; (ii) se, no momento da pesquisa, estava desenvolvendo algum projeto para utilização da biotecnologia moderna; e (iii) se conhece algum uso dessa tecnologia em alguma outra empresa do setor (e, caso positivo, descrever tal uso). O objetivo aqui é investigar em que medida as empresas estão caminhando rumo a novas fronteiras tecnológicas, representadas neste caso pela biotecnologia. Com a repetição das questões específicas sobre esse tipo de tecnologia, pode-se ter uma comparação ano a ano acerca do uso e conhecimento dessa tecnologia de fronteira.

Nas rodadas anteriores da pesquisa, os resultados indicaram que a grande maioria das empresas (entre 93% e 95%, aproximadamente) não utilizava biotecnologia moderna em seus produtos ou processos, nem estava desenvolvendo projetos para utilização de tal tecnologia (entre 91% e 93%). Nos três anos, o conhecimento do uso da biotecnologia moderna em outra empresa do setor foi declarado por pouco mais de 10% das firmas respondentes (entre 11,3% e 12,3%). Tais percentuais foram observados tanto para empresas com P&D, quanto para empresas sem P&D. Por outro lado, cerca de dois terços das empresas que afirmavam utilizar biotecnologia moderna em seus produtos ou processos haviam introduzido biotecnologia para substituir processos tradicionais (entre 61% e 68%, aproximadamente, de 2010 a 2012).

Na repetição da pergunta, no quarto trimestre de 2013, os dados pouco se alteraram. A grande maioria das empresas (94,1%) ainda não utiliza biotecnologia moderna em algum produto ou processo. Da mesma forma, é baixo o percentual das firmas que atualmente desenvolvem projetos nessa área (93,3% afirmam não estar desenvolvendo). Das empresas que já utilizam biotecnologia moderna, 72% afirmaram que esta substitui um processo tradicional, o que representa uma elevação de aproximadamente dez pontos percentuais em relação ao ano anterior.

Cabe ainda notar que alguns dos resultados quanto ao uso da biotecnologia diferem entre empresas com e sem departamentos de P&D formalizados. Neste caso, não se observa diferença significativa quanto ao percentual de utilização da biotecnologia (5,8% vs. 6,1%). Por outro lado, a diferença entre os dois tipos de empresa aparece nos percentuais de firmas que atualmente desenvolvem projetos para utilização de biotecnologia moderna (8,7% das firmas com P&D, contra 4,7% das demais firmas). As respostas referentes ao conhecimento do uso da biotecnologia moderna em outra empresa do setor também tiveram pouca variação em comparação aos três anos anteriores. Em 2013, 11,7% das firmas respondentes afirmam conhecer usos dessa tecnologia em outra empresa do mesmo setor. Curiosamente, a proporção é menor se considerarmos apenas empresas com P&D (8,7% afirmam conhecer, contra 14,5% em empresas sem P&D).

Referências

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