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INICIAÇÃO ESPORTIVA: UMA FORMA DE EDUCAR?

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UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE – UNESC

MICHEL LUIS DE LORENZI

INICIAÇÃO ESPORTIVA: UMA FORMA DE EDUCAR?

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UNIVERSIDADE DO ESTREMO SUL CATARINENSE – UNESC

MICHEL LUIS DE LORENZI

INICIAÇÃO ESPORTIVA: UMA FORMA DE EDUCAR?

Monografia apresentada à Diretoria de Pós-Graduação da Universidade do Extremo Sul Catarinense – UNESC, para a obtenção do título de especialista em Treinamento Esportivo.

Orientador: Prof. M.Sc. Joni Márcio de Farias

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Aos meus pais - vida.

Aos meus irmãos - fraternidade. À minha noiva - amor!

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AGRADECIMENTOS

A Deus onipotência e sabedoria, princípio de tudo;

À minha família e minha noiva,

pelo estímulo e apoio em todas as horas;

Ao Professor Joni Márcio de Farias, pela eficaz orientação;

Aos pais e alunos da Escolinha de Futsal, pela oportunidade de realização do trabalho.

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RESUMO

O trabalho está alicerçado na experiência realizada na Escolinha de Futsal da Prefeitura Municipal de Treviso, SC. Apresenta-se um estudo, do histórico à divulgação, do treinamento à prática, envolvendo ações motoras culminantes com desempenho. Destaca-se a aprendizagem como característica do ser humano e com isso procura-se enfatizar conhecimento, integração e realização como estágios para obtenção de autonomia em relação à iniciação do Futsal. Pretende-se afirmar, que a atividade física desenvolve o domínio, a capacidade de concentração e a responsabilidade. Acredita-se que a iniciação esportiva seja realmente uma forma de educar, de desenvolver qualidades morais como espírito de disciplina, respeito e confiança em si. E que a melhor maneira de educar a vontade esteja na prática de atividade física que, além de cultivar o físico, orienta o desenvolvimento intelectual pela ação pedagógica do ensinar, aprender, decidir e realizar.

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SUMÁRIO LISTA DE QUADROS ...08 LISTA DE FIGURAS ...09 1 INTRODUÇÃO ...10 1.1 Objetivos ...11 1.2 Objetivo Geral...11 1.3 Objetivos Específicos ...11 1.4 Metodologia...12 2 FUTSAL...13 2.1 Origem do Futsal...13

2.2 Iniciação e Aprendizagem do Futsal. ...15

2.3 Conceitos do Futsal...18 2.3.1 Fundamentos Técnicos ...19 2.3.1.1 Domínio ou Recepção...19 2.3.1.2 Condução ...20 2.3.1.3 Chute...21 2.3.1.4 Passe ...22 2.3.1.5 Drible...23 2.3.1.6 Finta ...23 2.3.1.7 Marcação...24 2.3.1.8 Antecipação...25

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2.3.1.9 Proteção de Bola...26

2.3.2 Fundamentos Técnicos (Goleiro) ...27

2.3.2.1 Posicionamento...27 2.3.3 Sistemas de Jogo...28 2.3.3.1 Manobras ...29 2.3.3.2 Tática...29 2.3.3.3 Técnica...30 2.3.3.4 Sistema 2x2...30 2.3.3.5 Sistema 2x1x1...31 2.3.3.6 Sistema 3x1...31 2.3.3.7 Sistema 1x2x1...31 2.3.3.8 Sistema Rodízio de 3 ...32 2.3.3.9 Sistema Rodízio de 4 ...32 2.3.3.10 Sistema 1x3...32 2.3.3.11 Sistema 5x0 (3x2 e 4x0)...32 2.3.4 Posições do Futsal ...33 2.4 Métodos de Treinamento...33

2.4.1 Método Parcial ou Analítico...33

2.4.2 Método Global ou Complexo ...34

2.4.3 Método Misto...35

2.4.4 Método Global em forma de Jogos ou Método de Confrontação ...35

2.4.5 Método em Série de Jogos...36

2.4.6 Método Recreativo ...36

2.4.7 Método Transfert ...37

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3 APRENDIZAGEM MOTORA...39

4 DESENVOLVIMENTO MOTOR ...48

5 PSICOMOTRICIDADE ...56

6 EDUCAÇÃO E CIDADANIA ...59

7 EDUCAÇÃO RELACIONADA À INICIAÇÃO ESPORTIVA ...61

8 MATERIAL E MÉTODOS...64

8.1 População e Amostra ...64

8.2 Instrumento Para Coleta de Dados ...65

8.3 Coleta dos Dados...65

9 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS ...67

10 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...76

REFERÊNCIAS...78

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1. Recepção de Bola ...20

Quadro 2. Condução de Bola...20

Quadro 3. Posse de Bola ...22

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LISTA DE FIGURAS

Figura 01. Por que seu filho freqüenta a Escolinha de Futsal? ...67

Figura 02. A Escolinha de Futsal contribui na responsabilidade da criança para o rendimento escolar?...68

Figura 03. Você percebeu alguma mudança de comportamento relacionada à educação nas crianças?...69

Figura 04. O esporte pode ser um meio de educar as crianças?...70

Figura 05. A participação na Escolinha de Futsal é uma forma de ajudar a educar as crianças?...71

Figura 06. Faça um comentário sobre a Escolinha de Futsal e a educação das crianças...72

Figura 07. Por que você participa da Escolinha de Futsal? ...73

Figura 08. A participação na Escolinha ajudou a melhorar seu rendimento escolar?...74

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1. INTRODUÇÃO

Como escola os desportos educam os indivíduos e preparam os cidadãos. A ação educativa dos desportos não é apenas de ordem física, mas principalmente de natureza moral e psíquica, contribuição decisiva para a formação do caráter, em duas etapas importantes na vida da criança: quando adquire o uso da razão e quando entra em contato com a sociedade na luta pela vida.

Das qualidades morais a serem desenvolvidas destacam-se: a coragem, perseverança, espírito de disciplina, cooperação, solidariedade, lealdade, confiança em si. E o melhor meio de educar a vontade está na prática de atividade física, que cultiva o físico e orienta o desenvolvimento intelectual.

Assim procura-se verificar a influência da iniciação esportiva na educação das crianças, utilizando-se a modalidade de Futsal, sua origem, iniciação e aprendizagem, conceitos e métodos de treinamento, baseado na aprendizagem motora, desenvolvimento motor, psicomotricidade, educação e cidadania.

Além de incentivar o aluno a ocupar prazerosamente as horas livres, conscientizar os pais da importância do esporte na educação e na formação da cidadania, a iniciação esportiva também promove a integração social.

Tornar o treino, não somente uma aprendizagem de técnicas e métodos, mas, sobretudo, um momento especial de construção de novas atitudes e aquisição de valores, constitui a base fundamental da elaboração desse estudo.

E que não somente o Futsal, mas outras modalidades esportivas sejam oferecidas às crianças, complementando o projeto político pedagógico da escola.

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Portanto, parece ser função básica da Escolinha de Futsal treinar a modalidade em questão, mas que esse aprendizado técnico esteja envolvido num contexto de formação integral do aluno.

1.1 Objetivos

1.2 Objetivo Geral

Este trabalho tem por objetivo geral utilizar a prática esportiva como instrumento auxiliar da educação das crianças que participam da Escolinha de Futsal, no Município de Treviso, SC.

1.3 Objetivos Específicos

E destaca como objetivos específicos:

• Verificar a mudança de comportamento da criança participante da Escolinha de Futsal;

• Demonstrar que a prática esportiva orientada desperta a responsabilidade da criança para com o rendimento escolar;

• Condicionar a prática esportiva à freqüência escolar, ensejando seu interesse pela escola;

• Proporcionar situações onde reine a amizade e o coletivo, tirando dessa forma as crianças das ruas.

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1.4 Metodologia

Para alcançar os objetivos propostos, a pesquisa contemplou os pais, e alunos do sexo masculino. Os alunos com faixa etária de 7 a 14 anos todos participantes da Escolinha de Futsal, da Prefeitura Municipal de Treviso, SC.

Para melhor entendimento, o trabalho foi dividido em quatro capítulos, ressaltando a fundamentação teórica, que versa sobre: Futsal, aprendizagem motora, desenvolvimento motor, psicomotricidade, educação e cidadania e a educação relacionada à iniciação esportiva, temas que reforçam a importância e relevância do trabalho.

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2 FUTSAL

2.1 Origem do Futsal

Na literatura específica sobre Futsal existem algumas respostas que não são definitivas e ainda não são consensuais referentes à sua origem. Alguns estudiosos afirmam que o Futsal (ou futebol de salão) tem sua origem no Brasil e outros dizem que nasceu no Uruguai.

Nos anos de 1924 e 1928 a seleção uruguaia de futebol sagrou-se bicampeã olímpica e, em seguida, em 1930, campeã mundial. Diante dessas conquistas, a paixão pelo esporte fez com que os espaços dos salões de baile fossem os lugares escolhidos para a prática do esporte, fazendo-se denominar de indoor-foot-ball, que corresponderia a futebol de salão (TENROLLER, 2004).

Como atestam Lucena (2000) e Teixeira Jr. (1996), a prática do futebol de salão data da década de 30, e conforme Lucena (2000) e Tenroller (2004), a elaboração das primeiras regras do Futsal é atribuída ao professor Juan Carlos Ceriani, da ACM de Montevidéu, em 1933, sendo fundamentadas no futebol, basquete: tamanho da quadra, handebol: trave e áreas e pólo aquático: a regulamentação do goleiro.

O futebol de salão, no Brasil, teve seu início também na década de 30, tendo como referência um trabalho de Roger Grain na Revista Educação Physica, nº 6, de 1936, editada no Rio de Janeiro, publicando normas e regulamentações para a prática do futebol de salão (LUCENA, 2000; TENROLLER, 2004).

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As Associações Cristãs de Moços, ACM, do Rio de Janeiro e de São Paulo, protagonizaram as primeiras práticas do futebol de salão no Brasil, sendo bastante divulgado, chegando aos clubes recreativos e escolas regulares, ganhando cada vez mais popularidade, impondo a necessidade de se aperfeiçoar e unificar as regras do jogo em todo o território nacional, isso na década de 40 (LUCENA, 2000).

De acordo com Tenroller (2004), no ano de 1955, foi fundada a Federação Paulista de Futebol de Salão, a primeira do país, seguida posteriormente pela do Rio de Janeiro, Minas Gerais, Pernambuco, Paraná e Rio Grande do Sul.

Para Lucena (2000), em julho de 1954 foi fundada a primeira entidade oficial, a Federação Metropolitana de Futebol de Salão, no Rio de Janeiro, e em seguida, junho de 1955, a fundação da Federação Paulista.

Lucena (2000) e Teixeira Jr. (1996), descrevem que em março de 1958, a Confederação Brasileira de Desporto (CBD), oficializou a prática do futebol de salão no país, fundando o Conselho Técnico de Futebol de Salão, tendo as Federações Estaduais como filiadas, e no ano de 1959 ocorreu o primeiro Campeonato Brasileiro de Seleções, com o Rio de Janeiro sagrando-se campeão.

Com a fundação da Confederação Sul-Americana, em 1969, começaram a surgir os primeiros campeonatos de clubes e seleções sul-americanas. A partir da criação da Federação Internacional de Futebol de Salão, FIFUSA, fundada no Rio de Janeiro, em 25 de julho de 1971, sendo presidente o brasileiro João Havelange, e promovidos os Campeonatos Pan-Americanos e Mundiais entre clubes e seleções (LUCENA, 2000; TENROLLER, 2004; TEIXEIRA JR., 1996).

Em 15 de julho de 1979, com a extinção da CBD, foi fundada no Rio de Janeiro, a Confederação Brasileira de Futebol de Salão, tendo como primeiro presidente Aécio de Borba Vasconcelos e possibilitando a realização de grandes

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eventos a nível nacional e internacional, contribuindo para a ascensão do esporte no Brasil (TEIXEIRA JR., 1996; LUCENA, 2000).

Na década de 90, com a fusão do futebol cinco (prática esportiva reconhecida pela FIFA) e do futebol de salão (FIFUSA), a terminologia adotada passou a ser Futsal, para identificar essa fusão no contexto esportivo internacional.

Embora as primeiras regras tenham surgido no Uruguai, nada foi feito no sentido de aperfeiçoá-las ou divulgá-las, cabendo aos brasileiros a responsabilidade pelo crescimento, divulgação e ordenação do Futsal como modalidade esportiva. De tal forma podemos afirmar que devido à identificação, popularidade e dimensão alcançada no Brasil, o Futsal é um desporto genuinamente brasileiro (LUCENA, 2000, p. 2).

2.2 Iniciação e Aprendizagem do Futsal

O Futsal, como esporte nascido e estruturado sob a influência do Futebol, no Brasil ganhou proporções de popularidade, e nos últimos anos vem apresentando um grande crescimento equiparando-se em quantidade de praticantes com o Futebol. O interesse da mídia, dos clubes e associações e de empresas patrocinadoras, levou o Futsal a um notório crescimento nas duas últimas décadas, atingindo e mantendo-se em alto nível, não só considerando os aspectos do jogo, como também os organizacionais (GOMES; MACHADO, 2001, p. 19).

A criança ou “jovem atleta” pratica o Futsal geralmente pela influência do meio, e em muitos casos, aspirando tornar-se um atleta profissional, de Futsal ou Futebol. Mas para que isso aconteça, é necessário lembrar-se de que essa criança não deve ser submetida ao mesmo processo de formação técnica e competitiva dos adultos, devendo-se considerar sua adaptação, seu desenvolvimento (físico e mental) e seus interesses.

O Futsal que inicialmente era praticado como meio de Educação Física, passou por muitas mudanças, profissionalizou-se e a exemplo de outros esportes no

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Brasil, esqueceu-se do trabalho de formação, de adaptar o esporte para a prática adequada em várias idades (GOMES; MACHADO, 2001).

O treinamento de base tem como finalidade à formação básica, através de meios e métodos de treinamento múltiplo e formação geral, bem como a aquisição de habilidades e técnicas básicas, visando estabelecer uma base ampla e a competição, o jogo ou campeonato, deve ser um elemento constitutivo desse contexto (GOMES; MACHADO, 2001, p. 33).

Desta forma, entende-se que o treinamento de Futsal deve ser orientado para que seus participantes desenvolvam aspectos de autonomia, autoconfiança, responsabilidade, estímulos positivos, além de integração, cooperação e apoio social (GOMES; MACHADO, 2001).

Para o progresso do Futsal é necessário que professores, técnicos e treinadores se dediquem de forma a oferecer uma orientação segura, baseada nos conceitos da pedagogia, da didática e da psicologia (MUTTI, 1999).

Gomes & Machado (2001) e Mutti (1999), consideram que toda iniciação esportiva, inclusive o Futsal, está sendo iniciada muito cedo, no que se refere ao período de formação geral da criança, por volta dos 5-6 anos de idade, em função da maior participação técnica/motora da criança, estendendo-se até aos 10 anos de idade, considerada a fase da produtividade.

Na iniciação do Futsal são aplicados diversos movimentos e experiências, proporcionando o aumento do acervo motor da criança, através da combinação de exercícios com bola e pequenos jogos, que devem se tornar cada vez mais complexos, tanto em regras como em movimentos à medida que houver aprendizado. Nessa fase não deve haver preocupação com o rendimento, com a especialização e com o aprimoramento técnico, pois a criança não possui ainda

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desenvolvimento fisiológico e psíquico adequados para serem cobradas nestes aspectos (MUTTI, 1999).

Para aprender um desporto, no caso Futsal, é necessário adequar algumas técnicas corporais básicas às características da modalidade, influenciadas pelo equilíbrio, ritmo, coordenação motora, de espaço e tempo (LUCENA, 2000). De acordo com o mesmo autor, alguns aspectos básicos devem ser observados no aprendizado do Futsal:

a. Conhecimento do perfil da criança: possibilita uma maior interação professor-aluno, tornando possível estabelecer uma linha de ensino adequada às possibilidades da criança;

b. Desenvolvimento dos componentes motores básicos: fortalece na criança a capacidade de executar uma combinação de todos os movimentos específicos ou não da modalidade;

c. Procedimentos básicos de ensino: atuam como agente facilitador da aprendizagem, proporcionando maior suporte didático e pedagógico às aulas e ao processo de ensino;

d. Linguagem didático-esportiva: necessário observar as ações motoras contidas nas diferentes técnicas individuais e suas implicações na execução dos elementos do jogo para identificar, listar, classificar e definir tais ações motoras, estabelecendo uma linguagem didático-esportiva, para desenvolver o aprendizado dentro de uma seqüência pedagógica de ensino.

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2.3 Conceitos do Futsal

“O Futsal deve ser conceituado tecnicamente como um esporte acíclico, coletivo e com fins diferenciados. Ele é acíclico devido às suas variáveis em toda a sua movimentação” (BELLO, 1998, p. 71).

Segundo Bello (1998), o Futsal pode ser dividido conforme suas aplicações práticas, suas formações básicas e pelas diferentes etapas de vida esportiva:

a. Futsal Recreativo: início da prática esportiva, buscando a integração do indivíduo na modalidade esportiva e que a pratique sob forma de lazer;

b. Futsal Educativo: obedece aos princípios pedagógicos do esporte, com iniciação dos movimentos básicos e fundamentos que envolvam a modalidade esportiva;

c. Futsal Competitivo: formação de atletas de alto nível. O Futsal é trabalhado por profissionais que estejam visando uma formação de atletas em busca de altas performances e desempenho esportivo.

Todo desporto tem suas particularidades, regras, situações e um conjunto de técnicas específicas denominadas Fundamentos Técnicos, que para Gomes & Machado (2001, p. 84) “Fundamento Técnico significa base, alicerce, sustentáculo”.

No ensino de um fundamento técnico, constrói-se uma “base”, e se bem formada, essa base, influenciará em futuros resultados no desempenho de alto rendimento (GOMES; MACHADO, 2001).

Lucena (2000) considera que os elementos das técnicas individuais (fundamentos técnicos) empregados durante o jogo de Futsal dividem-se em

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elementos das técnicas individuais de linha e elementos das técnicas individuais de goleiro.

“Os elementos das técnicas individuais são resultantes de todas as ações motoras específicas, interagindo com a bola, sobre os quais se constroem todos os elementos técnicos do jogo” (LUCENA, 2000, p. 8-9).

“A importância do treinamento específico para goleiros, trabalhados adequadamente desde as categorias de base, é de vital relevância para o aprimoramento técnico do atleta” (FONSECA, 1998, p. 11).

2.3.1 Fundamentos Técnicos

De acordo com Santana (2005), os fundamentos técnicos, também chamados de habilidades, são movimentos específicos de quem pratica o esporte, habilidades essas que facilitam e expressam a maneira individual de jogar.

2.3.1.1 Domínio ou Recepção

É o ato ou ação motora que visa interromper a trajetória da bola passada por um companheiro ou na antecipação de uma bola adversária (LUCENA, 2000; GOMES; MACHADO, 2001).

A trajetória descrita pela bola é que determina a forma adequada para exercer a recepção.

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Quadro 1. Recepção de Bola

Quanto à trajetória Quanto à execução (recepção)

Rasteira Face interna, externa e solado dos pés. Meia altura Com os pés: face interna e externa.

Com a coxa: face interna e anterior.

Parabólica Cabeça, peito, coxa, dorso e solado dos pés. Fonte: Adaptado por Lucena, 2000; Gomes; Machado, 2001.

Considerações ao executar a recepção, segundo Lucena (2000) e Santana (2005):

a. Adequar o corpo em relação à trajetória da bola;

b. Manter a posse da bola para dar seqüência ao jogo, seja passando, conduzindo, driblando ou chutando;

c. Recepcionar com todas as partes do corpo.

2.3.1.2 Condução

É a ação de progredir com a bola por todos os espaços possíveis de jogo, mantendo-a sob seu domínio e próxima ao corpo (LUCENA, 2000; GOMES; MACHADO, 2001).

Quadro 2. Condução de Bola

Quanto à trajetória Quanto à execução (condução)

Retilínea Face interna, externa, dorso e solado dos pés.

Sinuosa ou zigue-zague Face interna, externa e solado dos pés. Fonte: Adaptado por Lucena, 2000; Gomes; Machado, 2001.

Considerações sobre a recepção, de acordo com Lucena (2000) e Santana (2005):

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a. Tocar na bola levemente e várias vezes, ou seja, empurrar mais do que bater; b. Manter a bola próxima ao corpo;

c. Visualizar o espaço de jogo com a cabeça erguida;

d. Dar seqüência a outras ações como passe, drible e chute.

2.3.1.3 Chute

“Ação de golpear a bola, visando desviar ou dar trajetória à mesma, estando ela parada ou em movimento” (LUCENA, 2000, p. 52).

O chute, de acordo com o seu objetivo, pode ser ofensivo e defensivo. Ofensivo quando finaliza em direção à meta adversária e defensivo para impedir as ações de ataque adversário. De acordo com Lucena (2000) e Santana (2005), podem ser:

a. Simples: bater com o dorso do pé e com a parte interna;

b. Bate-pronto ou semi-voleio: chutar a bola ao mesmo tempo em que esta toca no chão;

c. Voleio ou sem pulo: chutar a bola ainda no ar;

d. Bico: chutar com a face anterior do pé. É considerado o mais fácil, porém devido à superfície de contato do pé de chute ser pequena, não é muito preciso;

e. Por cobertura: chutar embaixo da bola a fim de que ganhe uma trajetória alta.

Para Lucena (2000) e Santana (2005), os fatores que interferem no chute são:

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b. Pé de apoio: ao lado ou atrás da bola;

c. Pé de chute: quanto maior a superfície deste em contato com a bola mais preciso será o chute;

d. Posicionamento do tronco: inclinado para frente (ocasionando uma trajetória rasteira), inclinado para trás (uma trajetória alta).

2.3.1.4 Passe

“Ação de enviar a bola a um companheiro ou determinado setor do espaço de jogo” (LUCENA, 2000, p. 9). Segundo o autor, o passe é classificado quanto à distância, à trajetória (altura), à execução (parte do corpo), ao espaço do jogo (quadra) e à habilidade.

Quadro 3. Passe de Bola

Distância Curto: até 4m Médio: de 4 a 10m Longo: acima de 10m

Trajetória Rasteiro

Meia-altura Parabólico

Execução Face interna, externa, anterior (bico), solado e dorso dos pés.

Espaço de jogo Lateral Diagonal Paralelo

Passes de habilidade Cabeça, ombro, peito, coxa, calcanhar, parabólico ou cavado.

Fonte: Adaptado por Lucena, 2000.

Deve-se levar em conta algumas considerações referentes ao passe, conforme afirmam Lucena (2000) e Santana (2005):

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b. Cabeça erguida para melhor visão do espaço de jogo; c. Precisão e objetivo.

2.3.1.5 Drible

É a ação individual, exercida com a posse da bola, com o objetivo de passar pelo adversário, exigindo velocidade, mudança de direção e criatividade, o drible eficaz é aquele que provoca no outro o desequilíbrio (LUCENA, 2000; SANTANA, 2005).

Lucena (2000) descreve que o drible pode ser aplicado ofensivamente quando o objetivo é chegar à meta adversária e defensivamente quando o objetivo é manter a posse da bola em segurança.

2.3.1.6 Finta

Segundo Gomes & Machado (2001), a finta consiste quando o jogador, sem a posse da bola, afasta-se do adversário com deslocamentos rápidos, buscando um espaço livre pela quadra.

Para o autor acima, a finta propicia o trabalho de passe da equipe e a finalização ao gol.

“É a ação de, estando sem a bola, desequilibrar e deslocar o adversário, saindo dessa forma, de sua marcação” (SANTOS FILHO, 2000, p. 164).

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“Desmarcar significa, então, colaboração mútua dos elementos de uma equipe” (GOMES; MACHADO, 2001, p. 113).

Para executar a finta é necessário saber fintar (drible de corpo), ser ágil, ter noção espaço-temporal e ter velocidade de execução.

2.3.1.7 Marcação

“Ação de impedir que o oponente direto tome a posse da bola, e quando da posse da mesma, venha a progredir pelo espaço de jogo” (LUCENA, 2000, p. 60). Segundo Lucena (2000), Santos Filho (2000) e Teixeira Jr. (1996), a marcação é classificada em:

a. Marcação individual ou homem a homem: é a marcação mais eficiente, porém a mais difícil, pois exige excelente preparo físico dos atletas e constante concentração. A ação de marcar deve ser direta a um determinado oponente, ou seja, cada jogador é responsável por um adversário;

b. Marcação por zona ou espaço: divide-se a quadra em zonas, onde serão definidos os jogadores responsáveis pela marcação em cada zona correspondente; c. Marcação mista: é a combinação das ações da marcação individual e da marcação por zona.

A marcação individual pode ser exercida por duas maneiras:

a. Pressão parcial: diminuir a distância entre o marcador e seu adversário, induzindo-o ao passe, drible ou chute em condições adversas e com maior possibilidade de erro;

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b. Pressão total: pressionar o adversário por toda a quadra, procurando reduzir ao máximo seu espaço.

Santos Filho (2000) descreve algumas considerações sobre marcação: a. Aproximar do adversário sem afobação;

b. Estar em situação de equilíbrio, com o centro de gravidade mais baixo, possibilitando mudanças de direção;

c. Olhar a movimentação das pernas e quadril do adversário, sem perder a bola de vista;

d. Deslocar o adversário para as laterais da quadra, diminuindo o ângulo de passe e chute.

2.3.1.8 Antecipação

“Antecipa-se quando se toma à frente do adversário” (SANTANA, 2005. Disponível em: http://www.pedagogiadofutsal.com.br/habilidades.php).

“Ação na qual o elemento toma a frente do oponente, interceptando a bola quer venha alta, usando a cabeça, ou rasteira, com os pés” (GOMES; MACHADO, 2001, p. 114).

Gomes & Machado (2001), descrevem dois objetivos para a antecipação: retomar a posse da bola e impedir que o adversário receba a bola.

Segundo os autores acima, para a antecipação é necessário posicionar-se lateralmente ao adversário, esperar o momento certo (noção espaço temporal),

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definir a continuidade do jogo e evitar que o adversário jogue encostado, dificultando a antecipação.

2.3.1.9 Proteção de bola

“Proteger significa manter a posse de bola quando marcado diretamente

por um adversário” (SANTANA, 2005. Disponível em:

http://www.pedagogiadofutsal.com.br/habilidades.php).

“É a ação que o elemento realiza, usando seu corpo como obstáculo entre o marcador e a bola, visando manter a posse da mesma” (GOMES; MACHADO, 2001, p. 92).

A proteção da bola é utilizada para evitar que o adversário retome a bola, quando o jogador estiver sem opção de jogo, fazer uma proteção temporária para preparar uma jogada para outro jogador da equipe, manter a posse da bola no setor defensivo e ganhar tempo (GOMES; MACHADO, 2001).

A classificação da proteção de bola, em relação ao posicionamento do corpo, pode ser feita de duas maneiras, conforme Gomes & Machado (2001): posicionamento lateral do corpo, um dos braços apoiando no adversário e com o apoio em uma das pernas, possibilitando uma saída rápida da situação e o posicionamento de costas, permitindo ao jogador realizar o giro para um dos lados, buscando a finalização ao gol.

Fazer o uso dos braços impedindo o ataque adversário, dar uma seqüência rápida ao jogo, movimentar a bola constantemente e olhar o espaço de

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jogo, são algumas recomendações para a proteção de bola (GOMES; MACHADO, 2001).

2.3.2 Fundamentos Técnicos (Goleiro)

2.3.2.1 Posicionamento

O fundamento básico para o goleiro de Futsal é o posicionamento, pois isto irá facilitar em muito a sua defesa para os chutes dos jogadores adversários. O goleiro deve ficar posicionado com os pés afastados na linha dos ombros e um pouco à frente da linha do gol, mantendo os braços levemente flexionados e com as mãos um pouco abaixo da linha do quadril (FONSECA, 1998, p. 13).

Para Fonseca (1998) o goleiro deve deslocar-se lateralmente sem cruzar os pés e sem encostar um pé no outro, facilitando o desequilíbrio do corpo para uma possível realização de defesa.

De acordo com Lucena (2000) e Fonseca (1998), a empunhadura ou pegada é o posicionamento das mãos, ou seja, ambas as mãos recebem a bola. O contato deve ser com a palma da mão utilizando os dedos para segurar a bola.

Defesa alta ou pegada alta são ações de defesa exercidas com as mãos (polegares e indicadores) e os braços em forma de triângulo. Realizada da linha do quadril para cima.

Defesa baixa ou pegada baixa são ações de defesa exercidas abaixo da linha do quadril, com as mãos em forma de concha para receber a bola e tronco levemente flexionado.

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Lançamento ou arremesso é a ação de colocar a bola em jogo, visando um companheiro ou espaço de jogo, mantendo a bola na linha do ombro, com uma pequena inclinação do tronco, auxiliado por uma pequena flexão das pernas.

Saídas de gol são “Intervenções do goleiro fora de sua área de meta, objetivando impedir as finalizações ou ações de ataque” (LUCENA, 2000, p. 68).

Jogo de quadra acontece quando o goleiro necessita sair da área de meta para definir um lance. Caracterizado pela utilização dos fundamentos técnicos de recepção, passe e chute (FONSECA, 1998).

O fundamento da queda é realizada com o desequilíbrio lateral do corpo em direção à bola, proporcionado pela flexão da perna do lado da queda, juntamente com a impulsão da perna contrária. O contato com o solo deve ser feito pela parte lateral da coxa fletida e pelo tronco. O goleiro deve evitar o choque das articulações contra o solo, como os joelhos, quadril e cotovelos (FONSECA, 1998, p. 18).

2.3.3 Sistemas de Jogo

Para Lucena (2000, p. 79) sistema de jogo é “a distribuição ordenada dos componentes de uma equipe em quadra, visando facilitar a aplicação das diferentes manobras”.

Para Santos Filho (2000, p.52), é a “esquematização adotada, através do posicionamento e da movimentação que os atletas, previamente orientados e treinados, assumem dentro da quadra de jogo”.

Lucena (2000) considera dois tipos básicos de sistemas de jogo:

a. Ofensivo: tem por objetivo chegar ao gol adversário utilizando manobras pré-estabelecidas;

(30)

b. Defensivo: tem por objetivo impedir as manobras ofensivas utilizadas pelo adversário.

2.3.3.1 Manobras

“Ações individuais ou coletivas, aplicadas nos diferentes sistemas de jogo” (LUCENA, 2000, p. 79).

Para o autor acima, as manobras podem ser utilizadas ofensiva ou defensivamente, conforme o sistema de jogo utilizado.

É importante diferenciar sistema de tática, pois os sistemas são uma constante em termos de posicionamentos básicos, enquanto a tática é mutável, oferecendo uma variedade de estratégias previamente elaboradas, aplicadas de acordo com os adversários (LUCENA, 2000).

2.3.3.2 Tática

Teixeira Jr. (1996, p. 64), relata que a tática “é a ação individual de cada jogador em suas diferentes posições, de modo a obter o máximo de rendimento no transcurso de uma partida”. Santos Filho (2000, p. 53) complementa que tática é a “adaptação dos atletas a um sistema previamente estabelecido, o qual deverá, sempre, aproveitar e explorar ao máximo todas as qualidades físicas e técnicas dos atletas que compõem a equipe”.

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Bello Jr. (1998), coloca que a tática esportiva é dividida em ofensiva e defensiva. A tática ofensiva é utilizada quando prevalece a superioridade técnica da equipe que a utiliza e a tática defensiva é caracterizada pela precaução, quando não se conhece o adversário ou quando é superior tecnicamente.

2.3.3.3 Técnica

Execução de um gesto motor com qualidade de movimento desejável, onde esteja envolvido um elemento específico do jogo (fundamento técnico) ou os processos desenvolvidos, geralmente pela prática, para resolver mais racional e economicamente um problema motor determinado (GOMES; MACHADO, 2001, p. 79).

Conforme Teixeira Jr. (1996), existem, de maneira básica, quatro sistemas de jogo característicos: 2x2, 2x1x1, 3x1 e 1x2x1. Entre suas variações encontram-se o 1x3, rodízio de 3 e rodízio de 4.

Para Tenroller (2004), devido às alterações das regras, o goleiro assume uma função ofensiva e faz parte do mais novo sistema, o 5x0.

2.3.3.4 Sistema 2x2

Sistema de jogo utilizado nas categorias menores, devido a sua simplicidade de execução. Basicamente consiste em posicionar dois atletas na meia quadra defensiva e dois atletas na meia quadra ofensiva (TEIXEIRA JR., 1996; LUCENA, 2000; SANTOS FILHO, 2000).

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2.3.3.5 Sistema 2x1x1

Variação do 2x2 consiste em colocar dois atletas posicionados em meia quadra defensiva, estando um em cada lado da área, um terceiro posicionado na altura da linha central e o quarto atleta próximo à área adversária (TEIXEIRA JR.,1996; LUCENA, 2000).

2.3.3.6 Sistema 3x1

Para Teixeira Jr. (1996) e Santos Filho (2000), basicamente, a equipe ataca e defende com três atletas, necessitando de jogadores versáteis para marcar, armar e finalizar. Normalmente têm-se dois jogadores fixos, um na defesa e outro no ataque, e os outros dois movimentam-se pela quadra procurando defender, armar e atacar com a mesma eficiência.

Lucena (2000) descreve que se trata de um sistema mais compacto tanto ofensivo quanto defensivamente.

2.3.3.7 Sistema 1x2x1

Consiste em ter um atleta fixo atuando na quadra defensiva, dois atletas deslocando-se pelas laterais ora atacando ora defendendo e um atleta posicionado na quadra ofensiva (TEIXEIRA JR., 1996; SANTOS FILHO, 2000).

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2.3.3.8 Sistema Rodízio de 3

Lucena (2000) relata que as manobras ofensivas são feitas com movimentação constante entre os atletas.

2.3.3.9 Sistema Rodízio de 4

Necessita de um alto grau de concentração e sincronia entre os componentes da equipe para a realização da movimentação (LUCENA, 2000).

2.3.3.10 Sistema 1x3

Deve ser colocado em prática quando a equipe está em desvantagem no placar. É denominado sistema “suicida”, pois o último jogador tenta uma jogada individual para, após, fazer uma assistência aos demais atletas posicionados na quadra adversária (TENROLLER, 2004).

2.3.3.11 Sistema 5x0 (3x2 e 4x0)

Sistema mais recente que existe no Brasil. Criado em virtude das mudanças ocorridas no livro de regras do ano de 2000 da FIFA.

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Necessita de goleiros que atuem fora da área, bons de passe, saibam conduzir a bola, chutem forte e com direção. O goleiro auxilia a organização das jogadas, com o objetivo de desgastar o adversário, com bom toque de bola (TENROLLER, 2004).

2.3.4 Posições do Futsal

De acordo com Lucena (2000), à medida que o jogo adquire um caráter maior de organização, faz-se necessário à identificação das posições, suas características básicas e áreas de atuação:

a. Goleiro: responsável por defender o gol, utilizando qualquer parte do corpo para realizar as ações de defesa. A área de meta é o seu espaço de atuação;

b. Fixo: coordena as ações de defesa, podendo atuar nas manobras ofensivas articuladas por sua equipe. Atua no centro de sua meia quadra defensiva;

c. Alas: articulam as ações ofensivas, atuando nas laterais da quadra;

d. Pivô: distribui as jogadas ofensivas e exerce as ações de finalização, atuando na meia quadra ofensiva.

2.4 Métodos de Treinamento

2.4.1 Método Parcial ou Analítico

“Consiste em ensinar destrezas motoras por partes para, posteriormente, uni-las” (XAVIER apud TENROLLER, 2004, p. 51).

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“A prática divide-se em fases, dentro de uma seqüência pedagógica, partindo do mais fácil para o mais complexo, agrupando as fases seqüencialmente até chegar no movimento completo” (GOMES; MACHADO, 2001, p. 81).

Para Tenroller (2004), na adoção desse método, para ensinar o fundamento de chute, por exemplo, as partes a serem ensinadas serão: a perna de apoio com uma pequena inclinação deverá estar ao lado da bola, a ponta do pé de apoio indicará o local onde a bola deverá ser chutada, no percurso rasteiro a bola deverá ser atingida na parte superior, enquanto que no parabólico na parte próxima do solo e por último, o tronco deverá estar inclinado em direção à bola, sustentado pela perna de apoio.

2.4.2 Método Global ou Complexo

“Consiste em ensinar uma destreza motora apresentando o seu conjunto” (XAVIER apud TENROLLER, 2004, p. 52).

De acordo com Gomes & Machado (2001), é o método próprio e adequado para desenvolvimentos motores simples e de estrutura pouco complexa.

Ao utilizar esse método, no aprendizado do fundamento chute, por exemplo, este deverá ser executado sem a intervenção do professor, o aluno executa de modo completo, e caso necessário, o professor contribui nas próximas repetições (TENROLLER, 2004).

Por meio desse método é possível observar os fundamentos técnicos do Futsal de forma global ou complexa, utilizando o jogo propriamente dito (TENROLLER, 2004).

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Xavier (apud TENROLLER, 2004, p. 52), descreve que “o método global é o mais adequado para crianças de 07 a 18 anos de idade, para os fundamentos de passe, drible, chute e também para o jogo”.

2.4.3 Método Misto

É a sincronia dos métodos global-parcial-global, onde acontece a execução do gesto como um todo, em seguida ocorre a divisão do gesto, possibilitando os detalhes de correção, e finalmente, a prática completa dos movimentos (TENROLLER, 2004; GOMES; MACHADO, 2001).

Em resumo, no caso do fundamento técnico chute, primeiro o aluno executa o chute à sua maneira, ou seja, livre. Em seguida, são feitas as correções do movimento, divididas em etapas, visando uma melhoria e por último, executa-se o chute novamente de maneira completa, com as devidas correções.

2.4.4 Método Global em forma de Jogos ou Método de Confrontação

Tenroller (2004) relata que esse método parte do princípio de que se aprende um desporto por meio do próprio jogo, ou seja, deve haver a prática da modalidade como um todo, com todos os fundamentos.

Para (DIETRICH apud TENROLLER, 2004, p. 53), o lema desse método é “jogar, jogar, jogar!”.

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Resumindo, podemos descrever, segundo o autor acima, que para a criança aprender e aperfeiçoar os fundamentos técnicos do Futsal deverá ser oportunizada a prática do jogo, pois só assim, jogando, a criança aprende como ter o controle da bola, como conduzir, como passar a bola ao companheiro, a melhor maneira de executar o chute, enfim, todos os movimentos envolvidos no jogo de Futsal.

2.4.5 Método em Série de Jogos

“A idéia, ao adotar esse método, é que jogando, aprende-se, antes de tudo, através dos próprios jogos” (TENROLLER, 2004, p. 54).

Em cada série de jogos, um fundamento técnico do Futsal terá mais ênfase, por meio de pequenos jogos.

Como exemplo, um jogo de 5 minutos com ênfase maior nos diferentes tipos de passes. Em outro jogo, executar o drible utilizando somente o pé esquerdo. No próximo, executar o chute após ter saltado cones.

2.4.6 Método Recreativo

É o método mais adotado na iniciação do Futsal. Os elementos técnicos ou táticos, quando abordados de forma lúdica, ou seja, recreativa, proporcionam um melhor aprendizado do desporto (TENROLLER, 2004).

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Exemplo: forma-se duas colunas, tendo à frente vários cones. Os primeiros componentes de cada equipe, conduzindo a bola, deverão dar a volta nos cones na ida e na volta. Será ganhadora a equipe que terminar primeiro. Objetivo: fundamento técnico de condução de bola.

2.4.7 Método Transfert

“Nesse método é possível trabalhar mais de uma modalidade desportiva na mesma atividade, associando-se gestos técnicos desses esportes” (BAYER apud TENROLLER, 2004, p. 55).

Exemplo: a criança deverá realizar a condução de bola com os pés, bola de Futsal, e ao mesmo tempo quicar uma bola de handebol. Com isso, desenvolvem-se as percepções óculo-pedais e óculo-manuais em uma só atividade.

2.4.8 Método da Cooperação-Oposição

“Enfatiza o significado do jogar ‘com’ em detrimento do jogar “contra” (TENROLLER, 2004, p. 56).

Para o ensino e entendimento da estrutura do jogo, as noções de companheiro e de adversário são básicas, dando-se ênfase aos valores de cooperação (TENROLLER, 2004).

De modo resumido, para acontecer o jogo ou a competição, os praticantes precisam do adversário, que deverá ser visto como um cooperador.

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Sendo assim, uma Escolinha de Futsal deve ser conduzida de maneira que os participantes sejam bem orientados, sintam prazer no desenvolvimento da atividade, em que todos são cooperadores uns dos outros. Ao contrário, se não houver orientação e o desprazer afetar a atividade, certamente os alunos abandonarão a Escolinha.

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3 APRENDIZAGEM MOTORA

É um processo interno que reflete o nível de capacidade de performance do indivíduo, podendo ser avaliado por demonstrações de performances relativamente estáveis. Todavia, a fim de que o sujeito aprenda tarefas motoras, precisa engajar-se em tentativas de performance ou de prática. Como resultado dessa prática, a capacidade do mesmo para produzir a ação desejada aumenta (SCHMIDT; WRISBERG, 2001, p. 26).

“Aprendizagem pode ser definida como uma mudança interna no indivíduo, deduzida de uma melhoria relativamente permanente em seu desempenho, como resultado da prática” (MAGILL, 1984, p.12).

Segundo Magill (1984), a aprendizagem é o centro de toda a educação, podendo ser classificada como ocorrendo em três domínios do comportamento humano:

a. Cognitivo: descreve o comportamento nesse domínio como ‘atividades intelectuais’, tendo como característica aquilo que o organismo faz com a informação de que dispõe;

Essas operações, informações, memória (armazenamento) e tomadas de decisões, são consideradas opiniões componentes integrais realizadas no domínio cognitivo.

Magill (1984) descreve que em 1956, Benjamim Bloom, desenvolveu uma taxonomia no domínio cognitivo para entendê-lo, ordenando as diversas operações mentais em uma seqüência do mais simples ao mais complexo.

b. Afetivo: a maior parte senão a totalidade do comportamento afetivo é comportamento aprendido. Esses comportamentos afetivos incluem comportamentos sociais, podendo ser considerados e planejados especificamente no desenvolvimento da instrução como prestar atenção, obedecer às regras, aceitar

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a importância de objetivos sociais, conservar os valores humanos e desenvolver uma filosofia de vida;

c. Motor: “O movimento é a base do domínio motor, às vezes mencionado como domínio psicomotor por implicar o envolvimento de um componente mental ou cognitivo na maioria das habilidades motora” (MAGILL, 1984, p. 6).

Descreve ainda que é difícil aceitar que uma habilidade motora, como jogar futebol, envolva apenas o domínio motor, uma vez que comportamentos cognitivos e afetivos também estão envolvidos no processo.

A classificação de um comportamento seja ele no domínio cognitivo, afetivo ou motor, deve estar baseada nas características primárias desse comportamento, ou seja, executar um chute no Futsal, apesar de envolver atividade cognitiva, basicamente é um comportamento motor, sendo classificado no domínio motor (MAGILL, 1984).

A organização do comportamento humano em domínios permite que os objetivos sejam definidos com mais propriedade para ampla aprendizagem, ou seja, maior atenção ao comportamento que se deseja como resultado de uma situação de aprendizagem (MAGILL, 1984).

“Se a meta da educação é a educação do indivíduo como um todo, então um entendimento dos domínios do comportamento pode servir como base para garantir que o processo educacional de fato envolve o indivíduo inteiro” (MAGILL, 1984, p. 8).

“A capacidade para desempenhar habilidades é uma característica proeminente da existência humana” (SCHMIDT; WRISBERG, 2001, p.18).

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Schmidt & Wrisberg (2001), descrevem que as habilidades humanas tomam muitas formas, desde aquelas que envolvem o controle da coordenação de grandes grupos musculares, como no Futsal, até aquelas em que os pequenos grupos musculares são precisamente sintonizados.

Segundo os autores acima, as pessoas já nascem com algumas habilidades e precisam de maturação e experiência para produzi-las, ou seja, para alcançar uma eficiência maior em algumas habilidades, torna-se necessário uma quantidade considerável de prática.

“Nossa vida como ser humano é caracterizada pela performance e aprendizagem de habilidades” (SCHMIDT; WRISBERG, 2001, p. 18).

Magill (2000), afirma que quando uma pessoa caminha, corre, chuta uma bola, dança ou trabalha, está utilizando uma ou mais habilidades humanas chamadas de habilidades motoras.

Isto significa dizer que as pessoas precisam adaptar aspectos de seus movimentos às características mutáveis do ambiente onde são realizadas as habilidades.

O que é habilidade motora?

Na literatura sobre aprendizagem motora diversos termos estão relacionados às habilidades motoras. São as habilidades, os movimentos e as ações (MAGILL, 2000).

Para Schmidt & Wrisberg (2001), as habilidades motoras podem ser conceituadas de duas formas. Primeira, podem ser vistas como tarefas e segunda, para distinguir o executante de alto nível do de nível mais baixo, isto é, indicador de qualidade de desempenho.

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O termo habilidade pode ser definido como uma tarefa com uma finalidade específica a ser atingida. A habilidade motora exige movimentos voluntários do corpo e/ou dos membros para atingir o objetivo.

Em resumo, no emprego das habilidades motoras há uma meta a ser atingida, são desempenhadas voluntariamente, requerem movimento do corpo e/ou dos membros e precisam ser aprendidas (MAGILL, 2000).

Movimentos são características de comportamento de um membro específico ou de uma combinação de membros. Como exemplo, podemos citar o ato de caminhar, em diferentes terrenos, concreto, areia ou lama. Os membros se movimentam de forma bastante diferente em cada solo (MAGILL, 2000).

“Ações são respostas a metas que consistem em movimentos do corpo e/ou dos membros” (MAGILL, 2000, p. 7).

Por exemplo, subir os degraus de uma escada é uma ação. Subir devagar, rápido, de dois em dois degraus, a ação é a mesma, porém os movimentos são bem diferentes.

Assim, podemos descrever que uma variedade de movimentos pode produzir a mesma ação, atingindo a mesma meta (MAGILL, 2000).

As características utilizadas para classificar tarefas incluem a forma de como o movimento é organizado, a importância relativa dos elementos motores e cognitivos e o nível da previsibilidade ambiental envolvendo a performance da habilidade (SCHMIDT; WRISBERG, 2001).

Para Magill (2000), uma característica que descreve a maioria das habilidades motoras é a dimensão da musculatura envolvida.

Assim, classificam-se as habilidades motoras em duas categorias, as habilidades motoras grossas, que requerem menor precisão de movimentos e

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envolvam a musculatura grande, também denominada de habilidades motoras fundamentais, como caminhar, pular, saltar, etc.

As habilidades motoras finas requerem maior controle de músculos pequenos, principalmente aqueles envolvidos na coordenação mãos-olhos, exigindo um alto grau de precisão no movimento das mãos e dedos (MAGILL, 2000).

As habilidades podem ser classificadas pela organização da tarefa, ou seja, pela maneira como o movimento é organizado (MAGILL, 2000; SCHMIDT; WRISBERG, 2001).

Quando uma tarefa de habilidade é caracterizada por uma breve duração e tem início e fim bem definidos – habilidade motora discreta. Exemplo: chutar uma bola, pressionar as teclas do piano, levantar-se da posição sentada (MAGILL, 2000; SCHMIDT; WRISBERG, 2001).

Habilidade motora seriada é a habilidade caracterizada pela coordenação de vários movimentos discretos em uma seqüência, sendo a ordem da ação importante para o sucesso da performance (MAGILL, 2000; SCHMIDT; WRISBERG, 2001). Exemplo: trocar a marcha de um automóvel, tocar piano.

Por último, as habilidades motoras contínuas, constituídas por movimentos repetitivos ou rítmicos, com a ausência de início e fim específicos (MAGILL, 2000; SCHMIDT; WRISBERG, 2001). Como exemplo podemos citar, nadar, correr, pedalar uma bicicleta.

Outro sistema de classificação das habilidades motoras enfatiza a importância relativa dos elementos motores e cognitivos (SCHMIDT; WRISBERG, 2001).

“Na habilidade motora o principal determinante do sucesso do movimento é a qualidade do próprio movimento” (SCHMIDT; WRISBERG, 2001, p.20). Em

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resumo, tomada de decisão minimizada e controle motor maximizado. Por exemplo, salto em altura, levantamento de peso.

Por outro lado, na habilidade cognitiva, a natureza do movimento é menos importante para o sucesso do que é a decisão ou estratégia sobre qual movimento realizar. Por exemplo, jogar xadrez, treinar uma equipe esportiva.

Em resumo, uma habilidade cognitiva enfatiza “saber o que fazer” enquanto na habilidade motora enfatiza “a execução correta” (SCHMIDT; WRISBERG, 2001).

Nas habilidades classificadas pelo nível de previsibilidade ambiental, segundo Magill (2000) e Schmidt & Wrisberg (2001), considera-se até que ponto o ambiente é estável e previsível durante o desempenho.

Uma habilidade aberta é “aquela realizada em um ambiente que é variável e imprevisível durante a ação” (SCHMIDT; WRISBERG, 2001, p.22). Exemplo, jogar futebol.

Por outro lado, a habilidade fechada é realizada em um ambiente estável e previsível (SCHMIDT; WRISBERG, 2001). Exemplo, ginástica, nadar sozinho em uma raia da piscina.

“Uma característica importante da aprendizagem de habilidades motoras é que todas as pessoas parecem passar por estágios diferentes, à medida que adquirem habilidades” (MAGILL, 2000, p.150).

Magill (2000) e Schmidt & Wrisberg (2001), descrevem que Fitts e Posner (1967) propuseram que a aprendizagem se dá em três estágios. No cognitivo, o principiante se concentra nos problemas de natureza cognitiva marcado por um grande número de erros, desempenho variável, com uma falta de consistência de uma tentativa para outra. No segundo estágio, o associativo, a pessoa comete

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menor número de erros, devido à associação de certos movimentos para atingir a meta, embora precisam ser aperfeiçoados. Também referido como estágio de refinamento, com a pessoa concentrada no desempenho bem sucedido. Detectam e identificam alguns de seus próprios erros de desempenho.

No terceiro estágio, depois de muita prática e experiência, passam para o estágio autônomo, estágio final da aprendizagem tornando a habilidade automática.

Gentile (1972 apud MAGILL, 2000, p.151–152) propôs dois estágios do ponto de vista da meta do aprendiz. Primeiro estágio consiste em “captar a idéia do movimento”, ou seja, o que é preciso fazer para atingir a meta da habilidade. Em termos de movimento a “idéia”, envolve o padrão de movimento.

No segundo estágio, a meta do aprendiz é descrita em termos de fixação/diversificação. A pessoa adapta o movimento às solicitações de desempenho, aumenta a consistência para atingir a meta e desempenha a habilidade com menos esforço.

Newell (1985) e Adams (1971) (apud SCHMIDT; WRISBERG, 2001), dividem em dois os estágios da aprendizagem. Newell descreve: 1º estágio: coordenação: adquirir padrão, 2º estágio: controle: adapta padrão conforme a necessidade. Para Adams o 1º estágio é o verbal–motor (mais fala), e o 2º estágio o motor (mais ação).

À medida que ocorre a aprendizagem de habilidades, é possível observar quatro características gerais do desempenho, segundo Magill (2000):

a. Aperfeiçoamento: significa que a pessoa, em determinado instante, desempenha melhor que antes, uma certa habilidade;

b. Consistência: os níveis de desempenho da pessoa tornam-se mais semelhantes, entre uma tentativa e outra;

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c. Persistência: à medida que a pessoa melhora a aprendizagem de uma habilidade, sua capacidade de desempenho se estende por períodos maiores;

d. Adaptabilidade: “o desempenho aperfeiçoado se adapta a uma grande variedade de características do contexto de desempenho” (MAGILL, 2000, p.137).

“Todo esporte apresenta dois aspectos para atingir seu rendimento específico: a técnica dos movimentos deste esporte e a intensidade com que são realizados esses movimentos” (BARBANTI, 1997, p.146).

De acordo com Barbanti (1997), para aprendermos uma técnica, que consiste na noção de movimentos, freqüentemente usados o termo motor, estamos realizando uma aprendizagem motora.

Sendo assim, “os movimentos de conteúdo específico dependem essencialmente da pureza do movimento e da eficiência no ensinamento da aprendizagem motora” (GOMES; MACHADO, 2001, p.45).

Barbanti (1997, p.146), descreve que “toda movimentação da musculatura esquelética é regulada pelo sistema nervoso central, que coordenam os impulsos que lhes chegam, propiciando respostas específicas para cada estímulo”.

Para Barbanti (1997) e Gomes & Machado (2001), as pessoas que tiveram muitas experiências motoras, terão um armazenamento maior de movimentos ou gestos motores, aprendendo assim mais rápido a execução de um movimento e apresentando um elevado nível de desenvolvimento de suas qualidades físicas básicas.

Meinel (1960, apud BARBANTI, 1997) e Gomes & Machado (2001) destacam três fases que se sucedem no aprendizado de um movimento, sendo a primeira fase conhecida como de coordenação rústica dos movimentos,

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caracterizada pelos movimentos grosseiros, ocasionando um excesso de gastos, pois utilizam grupos musculares desnecessários, originando um rápido cansaço e um déficit de qualidade caracterizado também pela falta de ritmo, imprecisão e descoordenação de movimentos, como por exemplo, quando a criança tenta chutar e cai.

Na segunda fase, conhecida como coordenação fina dos movimentos, a aprendizagem motora adquirida se desenvolve após muitas repetições do movimento. Os movimentos são mais refinados e econômicos, permitindo uma melhora substancial na coordenação e precisão.

A terceira fase, estabilização dos movimentos, é caracterizada pela continuidade da melhora qualitativa do movimento.

O ponto central dessa fase é realçar a fixação do movimento, estabilizando-o por intermédio da repetição e executando-os com grande perfeição. Outra característica é a segurança contra processos perturbadores dos meios interno e externo, como, por exemplo, piso escorregadio, barulho dos torcedores, adversários desconhecidos, dores, lesões, etc.

O movimento automatizado proporciona maior velocidade de execução, segurança, precisão, facilidade de execução, naturalidade e ausência de esforços.

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4 DESENVOLVIMENTO MOTOR

“Desenvolvimento motor é a contínua alteração no comportamento ao longo do ciclo da vida, realizado pela interação entre as necessidades da tarefa, a biologia do indivíduo e as condições do ambiente” (GALLAHUE; OZMUN, 2001, p.30).

O desenvolvimento humano é basicamente estudado de acordo com a área de comportamento, sendo afetivo, cognitivo e psicomotor; pelo período de desenvolvimento relacionado à idade, pré-natal, neonatal, 1ª infância, infância, adolescência, idade adulta, meia-idade e velhice; ou a partir de fatores ambientais, biológicos ou de tarefas motoras.

O processo de desenvolvimento motor deve levar em consideração a individualidade de cada ser humano, pois cada indivíduo tem a sua época para a aquisição e desenvolvimento de habilidades motoras (GALLAHUE; OZMUN, 2001).

Gallahue & Ozmun (2001), fornecem uma classificação de idade cronológica e, embora o desenvolvimento esteja relacionado à idade, ele não depende exclusivamente dela, que fornece apenas uma estimativa aproximada do nível de desenvolvimento.

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Quadro 4. Classificação de Idade Cronológica

Período Escala aproximada de idade

1. Vida Pré-Natal (da concepção ao nascimento) a) período de zigoto Concepção – 1 semana

b) período embrionário 2 semanas – 8 semanas c) período fetal 8 semanas – nascimento 2. Primeira Infância (Nascimento aos 24 meses) a) período neonatal Nascimento – 1 mês

b) período da infância 1 – 12 meses c) infância posterior 12 – 24 meses 3. Infância ( 2 – 10 anos) a) período de aprendizado 24 – 36 meses b) infância precoce 3 – 5 anos c) infância intermediária/avançada 6 – 10 anos 4. Adolescência (10 – 20 anos)

a) pré-pubescência 10 – 12 anos (F); 11 – 13 anos (M) b) pós-pubescência 12 – 18 anos (F); 14 – 20 anos (M) 5. Idade Adulta Jovem (20 – 40 anos)

a) período de aprendizado 20 – 30 anos b) período de fixação 30 – 40 anos 6. Meia-Idade 40 – 60 anos a) transição para meia-idade 40 – 45 anos b) meia-idade 45 – 60 anos 7. Idade Terciária (60 + anos) a) início da terceira idade 60 – 70 anos b) período intermediário da Terceira idade 70 – 80 anos c) senilidade 80 + anos Fonte: Gallahue; Ozmun, 2001, p. 15.

Keogh e Sugden (1985 apud GALLAHUE; OZMUN, 2001, p. 18), definiram o desenvolvimento como “alteração adaptativa em direção à habilidade. Essa definição implica que, no decorrer da vida, é necessário ajustar, compensar ou mudar, a fim de obter ou manter a habilidade”.

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Sendo assim, o desenvolvimento motor compreende o que ocorre e como ocorrem as alterações no organismo humano desde a concepção até a maturidade e depois, a morte.

O processo de desenvolvimento motor revela-se basicamente por alterações no comportamento motor, permitindo um controle e eficiência na realização dos movimentos, provocados por fatores próprios do indivíduo (biologia), do ambiente (experiência) e da tarefa em si (físico/mecânicos) (GALLAHUE; OZMUN, 2001).

Essas transformações, segundo Guedes & Guedes (1997), verificam-se em ritmos e intensidades diferentes, dependendo da etapa da vida em que o indivíduo se encontra.

Durante as duas primeiras décadas de vida, a principal atividade do organismo humano é ‘crescer’ e se ‘desenvolver’, sendo que esses dois fenômenos, nesse período, ocorrem simultaneamente, tendo sua maior ou menor velocidade dependendo do nível maturacional e, em alguns momentos, das experiências vivenciadas pela criança e pelo adolescente (KARLBERG; TARANGER, 1976 apud GUEDES; GUEDES, 1997, p. 11)

“Crescimento corresponde às alterações físicas nas dimensões do corpo como um todo ou de partes específicas, em relação ao fator tempo” (GUEDES; GUEDES, 1997, p. 12), enquanto o desenvolvimento é caracterizado pela “seqüência de modificações evolutivas nas funções do organismo” (KARLBERG; TARANGER, 1976 apud GUEDES; GUEDES, 2001, p. 12).

O desenvolvimento resulta da maturação e das experiências oferecidas ao indivíduo (GUEDES; GUEDES, 1997).

O processo de maturação é caracterizado por mudanças biológicas, em ordem fixa de progressão, geneticamente determinadas e resistentes a influências externas ou ambientais.

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Nessa progressão, o ritmo pode variar, mas a seqüência do surgimento de características geralmente não varia, a não ser por experiência e aprendizado. Experiências são fatores ambientais que alteram o aparecimento de características de desenvolvimento no decorrer do processo de aprendizagem (GUEDES; GUEDES, 1997; GALLAHUE; OZMUN, 2001).

“As experiências de criança podem afetar o índice de aparecimento de certos padrões de comportamento” (GALLAHUE; OZMUN, 2001, p. 18).

Exemplificando, o aprendizado do fundamento passe no Futsal é influenciado pela maturação, mas a seqüência do aparecimento dessa habilidade é fixa e resistente à alteração, mudando apenas por influências ambientais de aprendizado e experiência.

Resumindo, no desenvolvimento de um indivíduo há que se considerar os aspectos biológicos, de maturação e as experiências vivenciadas pelo indivíduo (GUEDES; GUEDES, 1997).

Gallahue & Ozmun (2001), descrevem quatro fases do desenvolvimento motor, sendo que em cada uma delas são citados os estágios do desenvolvimento motor.

1. Fase Motora Reflexiva: os reflexos são as primeiras formas de movimento humano, compreendendo os primeiros movimentos do feto. Reflexos são movimentos involuntários que formam a base para as fases do desenvolvimento motor.

A partir desses movimentos involuntários, a criança obtém informações sobre seu corpo e o mundo exterior.

Os reflexos, considerados mecanismos de defesa, podem ser primitivos, classificados em agrupadores de informações, pois estimulam o desenvolvimento,

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caçador de alimentação e de reações protetoras, e posturais, compreendem movimentos involuntários, similares a comportamentos voluntários posteriores.

Essa fase é dividida em dois estágios:

a. Estágio de Codificação de Informações: caracteriza-se pela atividade motora involuntária, presente no período fetal até aproximadamente quatro meses pós-natal; b. Estágio de Decodificação de Informações: substituição da atividade sensório-motora, onde há simples reação aos estímulos, por habilidade motor-perceptiva, caracterizado por movimentos voluntários. Observável a partir do 4º mês de vida.

2. Fase de Movimentos Rudimentares: as primeiras formas de movimentos voluntários, caracterizados por uma seqüência previsível, resistente a alterações, variando de criança para criança, dependendo de fatores biológicos, ambientais e da tarefa.

Pode ser dividida em dois estágios:

a. Estágio de Inibição de Reflexos: inicia-se no nascimento até um ano de idade, onde os reflexos dominam os movimentos do bebê. Com o desenvolvimento do córtex, ocorre a inibição dos reflexos e os movimentos, embora objetivos, não possuem controle;

b. Estágio de Pré-Controle: nesse estágio, que se inicia por volta de um ano de idade, as crianças obtêm e mantêm o equilíbrio, manipulam objetos e locomovem-se com competência e controle. Trata-se de uma preparação para o desenvolvimento de habilidades motoras fundamentais.

3. Fase de Movimentos Fundamentais: nesse estágio, iniciado na 1ª infância, as crianças estão aprendendo a reagir com controle e proficiência motora a vários

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estímulos. São exemplos as atividades locomotoras (correr e pular), manipulativas (arremessar e apanhar) e estabilizadoras (andar com firmeza e equilibrar-se em um pé só).

Além da maturação, as condições do ambiente, as experiências práticas e a instrução, desempenham papel importante no desenvolvimento dos movimentos fundamentais.

Essa fase é dividida em três estágios seqüenciais:

a. Estágio Inicial: representa as primeiras tentativas da criança com o objetivo de desempenhar uma habilidade fundamental, caracterizado pelo uso exagerado do corpo e coordenação deficiente. Compreende a faixa etária de dois anos de idade em diante;

b. Estágio Elementar: maior controle dos movimentos fundamentais, embora mais coordenados, esses movimentos continuam geralmente restritos ou exagerados. Observável em crianças de três a quatro anos de idade;

c. Estágio Maduro: desempenhos eficientes, coordenados e controlados. A criança atinge esse estágio por volta dos cinco ou seis anos de idade e, embora algumas crianças atinjam esse estágio pela maturação, a grande maioria necessita de oportunidades para a prática em um ambiente que promova o aprendizado.

4. Fase de Movimentos Especializados: período em que as habilidades estabilizadoras, locomotoras e manipulativas são refinadas, combinadas e elaboradas para movimentos mais exigentes, ou seja, atividades motoras complexas.

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A fase de movimentos especializados compreende três estágios:

a. Estágio Transitório: as habilidades transitórias são aplicações de padrões de movimentos fundamentais em formas mais específicas e complexas. Pular corda e jogar bola são alguns exemplos de habilidades transitórias. Haubenstricker & Seefeldt (1986, apud GALLAHUE; OZMUN, 2001), relatam que as crianças entram nesse estágio aos sete ou oito anos de idade. Gallahue & Ozmun (2001), descrevem as idades de sete a dez anos para o estágio transitório;

b. Estágio de Aplicação: nesse estágio, devido às experiências adquiridas, o indivíduo é capaz de tomar decisões de aprendizado, como buscar ou evitar a participação em atividades específicas, baseados em fatores individuais, ambientais e da tarefa. É visível aproximadamente dos onze aos treze anos de idade;

c. Estágio de Utilização Permanente: começa por volta dos quatorze anos de idade e continua por toda a vida adulta. Representa o ápice de todos os estágios e fases anteriores, caracterizados pelo uso de todos os movimentos aprendidos ao longo da vida.

Para a execução da técnica, movimento esportivo essencial, a criança deve apresentar um bom desenvolvimento de suas capacidades motoras, caso contrário, a execução dos fundamentos do Futsal não será aprendida pela criança (GOMES; MACHADO, 2001).

Como exemplo, o desenvolvimento de noções de equilíbrio para a realização de um passe ou chute.

Para Gomes & Machado (2001), desenvolver significa construir um movimento qualitativo, formando a base do domínio motor. Este movimento, também chamado de gesto motor, quando aperfeiçoado para a realização de uma atividade

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técnica do Futsal, possibilita uma economia de energia e uma resposta motora mais satisfatória.

Significa dizer que na realização de movimentos específicos técnicos do Futsal, como condução, passe, chute, quanto maior a bagagem de conhecimentos ou experiências das crianças, maior será a facilidade de aprendizagem.

“Nos movimentos técnicos de Futsal, percebe-se a diferença entre indivíduos da mesma idade, no grau de dificuldade que cada um tem para chutar, passar, conduzir, etc” (GOMES; MACHADO, 2001, p. 37), devido ao desenvolvimento motor de cada criança.

Referências

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