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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

A ESCUTA DA CRIANÇA EM PROCESSO DE LITIGIO

Por: MÁRCIA ROGÉRIA DE OLIVEIRA FRANÇA

Orientador

Prof. MARY SUE PEREIRA

Rio de Janeiro 2009

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

A ESCUTA DA CRIANÇA EM PROCESSO DE LITIGIO

Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do Mestre – Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Psicologia Jurídica

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AGRADECIMENTOS

.... agradeço a Deus e a espiritualidade sobre todas as coisa, pois deles vem a minha forca e meu sustento, aos meus filhos, por me apoiarem, me incentivarem a sempre continuar, pelo amor e carinho, permitindo que eu roube muitos momentos que deveriam ser deles, para que eu possa crescer profissionalmente, agradeço aos meus pais, minha Irmã Mônica e minha prima Ana Paula, por acreditarem em mim, aos meus amigos,porque os amigos representam muito em minha vida os colegas de trabalho, que muitas vezes trabalharam em meu lugar para que eu pudesse estudar.E por fim a mim mesma, por minha garra e determinação, em superar obstáculos e transcender barreiras, pela Fé que trago dentro mim.

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DEDICATÓRIA

...dedico esse trabalho a todos os casais que estejam em processo de separação, a fim de que os mesmos possam repensar suas atitudes, procurando visar o bem estar físico,emocional e psicológico de suas crianças, antes de qualquer atitude individualista,para satisfação pessoal.

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RESUMO

Este trabalho visa provar que a escuta da criança em processo de litígio e fundamental, e pode diminuir e muito a demora no transcorrer dos processos de separação litigiosa e ou processos de guarda. Pois quando um determinado processo chegasse às mãos de um juiz, já com o parecer psicológico da situação, principalmente o da criança, seria um recurso judicial que tornaria mais fácil a compreensão dos fatos e detalhes, muitas vezes camuflados pelas partes, de tal forma que não se e possível detectar o verdadeiro foco.

E que esse parâmetro venha a ser adotado pelo tribunal de justiça, como medida inicial de um processo desta natureza, a fim de promover maior numero de conciliações, e mais agilidade nos processos.

A criança é parte integrante do processo, é a real interessada na solução dos impasses e problemas , e tem direitos garantidos pela lei, onde pode expressar sua opinião, e ainda deve saber sobre todo processo que à envolva. Os relatórios provenientes desses atendimentos a menores arrolados em processos, poderiam se tornar um recurso muitas vezes decisivo para o poder judicial. Se esse método fosse utilizado pelos tribunais logo nas iniciais dos processos, muito se economizaria em tempo, tornando os processos jurídicos mais ágeis, e ate no que diz respeito aos gastos financeiros, pois estes existem e são gerados por cada audiência feita.

Outrossim, vale ressaltar que esses direitos concedidos as crianças, vem sendo muito pouco respeitados e cumpridos, como veremos no decorrer deste trabalho.

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METODOLOGIA

Através de vários estudos de laudos periciais feitos por mim, para Vara de Família da Comarca do Rio de Janeiro, onde exerço o papel de psicóloga perita, pude constatar a necessidade, da escuta dos menores arrolados aos processos litigiosos ou de guarda, a fim de detectar o real foco do problema e ainda o de garantir a esses menores o direito dado a eles por lei de poderem ter ciência de todo e qualquer processo que os envolva, e que diga respeito. Todos os casos a mim designados foram solucionados depois das entrevistas psicológicas com os menores e suas respectivas famílias .

Mediante a essa constatação e tendo eu a oportunidade de participar das aulas da disciplina: Famílias e Poderes, do curso de psicologia jurídica, da Universidade Candido Mendes, ministrada pelo professor EDUARDO PONTE BRANDAO, tive embasamento teórico para defender minha tese, pude utilizar toda a matéria esplanada por esse brilhante orientador, e ainda a bibliografia indicada por ele como o descrito em seguida: QUANDO OS PAIS SE SEPARAM; SUJEITO DE DIREITO, SUJEITO DO DESEJO; PSICOLOGIA JURIDICA NO BRASIL. Desta forma pude elaborar minha monografia.

Alguns casos estão anexados ao processo embora, sem seus respectivos números, e sem o nome das partes envolvidas, para que se posa manter o sigilo necessário.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I - A Separação 09

CAPÍTULO II - A reorganização familiar 17

CAPITULO III – Reflexo da dinâmica familiar 21

CAPÍTULO IV – Direitos da criança 22

CAPITULO V – Direitos da família 25

CAPITULO VI – Guarda compartilhada 29

CAPITULO VII – Construindo afetividade 31

CONCLUSÃO 37 ANEXOS 40 BIBLIOGRAFIA 71 ÍNDICE 72 AVALIAÇÃO 73

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INTRODUÇÃO

Toda separação pré supõe perdas. A perda do convívio com uma das partes, e o que gera o maior numero de transtorno para as crianças, e ao processo de separação em si, trazendo mais dor e luto, para todas as partes.

Em geral quando ocorre uma separação de casal, o que menos é levado em consideração, é o bem estar psicológico e emocional da criança, provida desta relação. Na verdade o que as partes pensam e quererem é o melhor para esta, porém, valendo-se do seu ponto de vista, e atendendo principalmente aos seus conceitos e seu Ego, ou seja, por suas reais conveniências, ou ainda na intenção de saciar a sua sede de vingança, tentado provocar ou prejudicar a outra parte, fazendo assim com que as crianças virem verdadeiras armas, dentro de um campo de batalha.

De fato ninguém procura saber o que aquela criança, que é um sujeito de direito, quer, ou acha melhor para si, ou ainda seus reais sentimentos. Ou tão somente que ela possa ser informada sobre a verdade dos fatos, e permitir assim que a mesma participe das negociações entre as partes, pois diz respeito a sua vida , e ao seu futuro.

Em quase 90% dos casos de separação não existe concordância das partes, gerando assim um processo de litígio, onde neste trava-se uma enorme guerra, com imensos campos de batalha, onde essas crianças nunca podem ficar em um campo neutro, ao contrário, na maioria das vezes tornam-se armas poderosas contra o adversário.

Mediante a este problema, adotando o critério de interesse e de direitos da criança, apresento este trabalho a fim de que essa ESCUTA DA CRIANCA EM PROCESSO DE LITIGIO OU GUARDA , possa se tornar legalmente obrigatório, no inicio do processo, com a finalidade de analisar os reais fatos, facilitar as intervenções judiciais, sobre todas as diretrizes que tangem o bom desenvolvimento psicológico e emocional dos menores.

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CAPITULO I SEPARAÇÂO

Separação é sempre um processo doloroso pois significa o termino de sonhos e projetos que não serão realizados, a ruptura do convívio diário.

Quando o vinculo entre um casal é positivo e estável, a rotina da família é marcada pela presença do pai e de mãe no dia a dia, e no desenvolvimento dos filhos, que tem a oportunidade de aprender os dois papeis o masculino e o feminino, aprendendo assim sobre os elementos que permeiam a relação afetiva entre os adultos. Proporcionando assim um amadurecimento saudável. No instante em que essa relação se transforma em separação, a família sofre perdas, restando a todos a tarefa de reorganizar seu cotidiano, seus vínculos afetivos, seus sonhos e ideais. Para os filhos esse processo é sempre muito doloroso, já que, evidentemente , a convivência com uma das partes passará a ocorrer de forma diferente.

Esses lutos necessariamente não são o resultado final, pois com o tempo ocorre a reestruturação familiar , novos modelos de relacionamentos entre pais e filhos vão aparecendo, não é a quantidade de tempo que se passa junto que vai definir, e sim a qualidade do tempo que se passa junto.

Há vários tipos de separação, mas em geral, são sempre processos difíceis de readaptação , de reestruturação familiar, de luto, pois a separação não envolve somente o casal, mas toda a família, e quando nesta existem filhos, tudo torna-se ainda mais difícil.

Seria de suma importância que os pais não se esquecerem de que uma família é composta por dois tipos de relações ,a do casal e a relação entre pais e filhos , e que se a primeira é rompida ,não pode significar o rompimento da outra.

No processo de separação é fundamental o dialogo para que os filhos, possam expor seus sentimentos , angustias e receios, e ainda o de compreender que mesmo diante da perda é possível a reorganização de forma saudável,

procurando novas possibilidades de relacionamento e convívio, com relações positivas produtivas e saudáveis.

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1.1 SEPARAÇÃO JUDICIAL.

A Separação é o caminho mais simples e imediato que os casados dispõem, para promover dissolução da sociedade conjugal. A Separação Judicial pode ser consensual, ou seja sem litígio, ou pode ser contenciosa, com litígio. Quando é consensual as duas partes devem estar de acordo com os termos da separação. Quando há litígio é porque um dos Cônjuges não aceita a Separação ou os termos impostos pelo outro Cônjuge.

Então podemos dizer que temos dois tipos de separação: a consensual , onde o acordo, é feito estabelecido entre as partes, e somente oficializado junto à justiça.

E a separação litigiosa , onde não há acordos prévios, ao contrario geralmente muitos impasses e brigas, disputa de guarda e de patrimônios.

1.2 EFEITOS DA SEPARAÇÃO

Os efeitos da separação muitas vezes são danosos , tanto para as partes , quanto principalmente pelas crianças nascidas desta união, pois na sua maioria perdem o contato mais direto com uma das partes, o que pode trazer-lhe comprometimento psicológico e emocional, e em alguns casos ate físicos. Os filhos podem ou não perceber a tensão familiar pré- separação, mas

independente disso, suas maiores dificuldades e fontes de sofrimento referem-se à saída de casa de uma das figuras parentais e à falta de previsibilidade dos eventos da vida cotidiana, conseqüentes à separação dos pais.

Depoimentos em entrevistas feitas por mim a crianças e adolescentes em processo de separação relatam que estes sentem solidão, isolamento e ausência ou incapacidade de encontrar fontes de apoio, todos afirmaram que o divórcio foi uma boa solução para a família.

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Importantes aspectos de tensão e estresse infantis poderiam ser evitados através de ações de promoção de saúde, grupos de apoio e orientação dos pais. As crianças tem sua saúde mental associada ao bem estar dos pais, e à qualidade do relacionamento entre ambos. Assim, estarão sob risco, quando crescerem numa família onde o casal esteja em conflito, quer vivam juntos ou não. Por outro lado, os filhos de divorciados poderão ser competentes e bem ajustados quando o divórcio puder conter a escalada de conflitos entre os cônjuges e a mãe ou pai que estiver com a guarda das crianças for capaz de proporcionar um ambiente de cuidado positivo, a despeito do estresse inerente ao seu papel singular mais sobrecarregado .

O divórcio, mais que um evento isolado, é um longo e complexo processo, envolvendo múltiplas mudanças. Varias pesquisas comprovam que a reestrutura familiar leva em torno de quatro anos para acontecer, até que todos os ajustamentos familiares necessários tenham ocorrido. As adaptações infantis, consideradas sob uma perspectiva temporal, dependem, por um lado, da quantidade e qualidade do contato com a figura parental não detentora da guarda e, por outro, do ajustamento psicológico e da capacidade de cuidado da figura parental detentora da guarda, do nível de conflito entre os pais após a separação ou o divórcio.

Dar condições para que o divórcio se torne um instrumento de solução para as dificuldades e conflitos do casal, tem redundado no uso cada vez mais

freqüente da mediação conjugal, quer pela busca espontânea dos casais em processo de separação. .

Comparando guarda materna e paterna, segundo pesquisas, podemos dizer que as crianças que vivem com a mãe, comparadas às que vivem com o pai, tendem a descrevê-las como tendo mais dificuldade para lidar com problemas financeiros, cansadas, deprimidas, desprotegidas e sem condições de ajudar os filhos em suas interações com amigos, mas, ao mesmo tempo, com maior capacidade que os pais para cuidar deles quando estão doentes ou com dificuldades. As mães também são descritas como mais disponíveis e os pais como mais distantes. As crianças de ambos os grupos relataram, ainda, o medo e a ansiedade em relação à experiência familiar, no sentido de ter as suas necessidades atendidas. Preocupavam-se com o sucesso profissional de

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ambos os pais, mas principalmente da mãe, demonstrando grande preocupação com o futuro.

O tipo de explicação fornecida, e o momento escolhido para dar a informação e quem são os informantes podem fazer muita diferença, quanto ao sentimento que acarretará para a criança, a mesma faz mil fantasias, o medo de ser abandonada, às reações emocionais iniciais ,são diversas, e à tendência de tomar partido também.

Para a maioria dos filhos, a escolha seria a de não viver em uma família

nuclear ou divorciada, e sim viver numa família com ou sem conflitos. O desejo de reconciliação dos pais aparece apenas em entrevistas, daqueles que tem contato raro ou inexistente com a figura parental não residencial, quer fosse o pai ou a mãe. O tratamento dado aos filhos interfere em sua aceitação ou rejeição à separação.

Independente da idade, ou de ter vivido o divórcio dos pais, todas as crianças consideravam a tristeza, a mágoa, a sensação de abandono, a solidão e a saudade, como os sentimentos preponderantes quando da separação. No entanto, em entrevistas as crianças sempre mencionam que estes

sentimentos modificavam-se ao longo do tempo, principalmente quando a redução do conflito conjugal. Embora a separação fosse entendida como fonte de grande sofrimento, as crianças mostram-se capazes de diferenciar sua experiência em relação aos afetos parentais que haviam vivido o divórcio e, ocasionalmente, novas uniões parentais, mencionavam que os pais podiam ficar mais felizes com o passar do tempo, o que redundava num clima familiar de melhor qualidade e em uma melhora no cuidado para com elas.

Cabe destacar ainda que o relacionamento entre irmãos torna-se mais intenso e solidário entre os jovens que viveram o divórcio parental, e uma correlação positiva entre as relações mãe-madrasta, pai-padrasto e o relacionamento dos filhos com os novos cônjuges, indicando que a relação satisfatória com os pais permite ao jovem sentir-se mais seguro no relacionamento com os novos parceiros.

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Portanto as informações obtidas através de minhas entrevistas não se contrapõe. Ao contrário, complementam-se, deixando visualizar um quadro onde o conflito parental é central e o tipo de comunicação, bem como a

adequação das informações e condutas parentais, talvez possam minimizar os traumas e sofrimentos.

A saída do pai de casa e as informações que a criança recebe aparecem como um fato marcante que deve ser considerado nos trabalhos de orientação de pais. A consciência da ausência paterna materializa a separação sendo apontada sempre como o momento onde preponderam os "piores sentimentos".

Os sentimentos quase sempre descritos são os de tristeza, medo, medo do que iria acontecer, angústia, fechamento e raiva, assinalando a condição de desamparo, dos sentimentos de perda e comportamentos reativos, embora crianças que foram informados sobre a separação por ambos os pais não se referiram a sentimentos de culpa pela separação.

Quando as crianças contam como foram os momentos imediatos após a separação e suas primeiras conseqüências, os relatos começavam, sempre, descrevendo a confusão, a angústia e a raiva associada às mudanças na rotina de vida e pouca previsibilidade.

É possível perceber que estas mudanças estão associadas e assim, muitas delas incidem, ao mesmo tempo, sobre a mesma criança e têm, como

conseqüência, alterações significativas nas redes de relacionamento familiar e de amizade. As mudanças iniciais relatadas nos relacionamentos foram: 1. Mudanças no relacionamento com o pai e/ou redução de contato com o mesmo

2. Mudanças no relacionamento com a mãe, pois a mesma passa a ficar responsável por todas as questões da casa , da criança e da sua vida profissional.

3. Mudanças no relacionamento com irmãos 4. Aproximação da família materna

5. Afastamento da família paterna

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O número de mudanças descritas mostra o quanto a situação envolve perdas múltiplas. A criança acaba tendo que enfrentar não só as modificações da estrutura e funcionamento familiar, mas também tem que enfrentar alterações profundas em sua rotina de vida, o que, por si só, é extremamente doloroso. O número e diversidade das mudanças relatadas apontam para a quantidade de estresse envolvido, o qual requer das crianças um número tal de adaptações que dificilmente poderiam ser enfrentadas, mesmo por um adulto.

Todos consideraram que, com o passar do tempo, com a fixação de um sistema de visitas e o estabelecimento e/ou desenvolvimento de confiança na previsibilidade das novas rotinas, o impacto emocional cedeu lugar a novas adaptações. A maioria dos entrevistados não conseguiu precisar um período de tempo transcorrido para que as primeiras adaptações tivessem lugar. Contaram apenas que foram compreendendo como as coisas iriam ficar e, com isso, a ansiedade foi se reduzindo. A previsibilidade da vida e a adaptação às mudanças concretas como moradia, escola, novos amigos foram descritas como se processando durante um período de seis meses a um ano. As

relações familiares assumiram papel de destaque.

Mesmo durante este processo de adaptação posterior, a solidão, a sensação de falta de apoio e fechamento em si mesmo estiveram bastante presentes.. .É importante ressaltar que, entre as crianças que se sentiram acolhidas, preponderavam apoios externos ao círculo familiar, com destaque para a presença de amigos de mesma idade.

1.3 GUARDA DOS FILHOS

Para as situações em que a separação ocorra em razão da ruptura da vida em comum por mais de um ano, a lei estabelece que os filhos permaneçam com o cônjuge em cuja companhia ficou durante este tempo. Essa medida evita que a demanda se estenda apenas para discussão da guarda de filhos quando esta questão não havia sido objeto de litígio .

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Quando a separação é concedida em razão de grave doença mental do outro cônjuge, é normal, salvo situação especialíssima, que os filhos fiquem com o cônjuge que tenha condição de assumir a responsabilidade de bem protegê-los e educá-los..

Mas, o Juiz sempre terá como objetivo maior a segurança, educação e

interesse dos filhos, por isso a lei outorga-lhe a faculdade de, em se havendo motivos graves, alterar, de forma diferente àquelas que a lei estabelece, a relação dos filhos com os pais.

.

Lei 6.515/77

Art. 15 - Os pais, em cuja guarda não estejam os filhos, poderão visitá-los e tê- los em sua companhia, segundo fixar o juiz, bem como fiscalizar sua

manutenção e educação.

1.4 DIREITO DE VISITAÇÃO JUDICIAL

É o meio de convivência de uma das partes com os filhos, media utilizada pela justiça que visa solucionar ou amenizar as divergências entre os pais .

Dessa forma os procedimentos legais são uma forma de priorizar o bem estar da criança e do adolescente, garantindo seus direitos de convivência com os dois pais, de acordo com os elementos favoráveis , para o deferimento do Direito de Visita, pois a finalidade maior é protegê-los de relações familiares que interfiram no cumprimento desse direito,principalmente os ocasionados pelo abuso do pátrio poder, praticado por esses pais, os quais em sua maioria desconhecem a gravidade de sua conduta.

O Direito de Visita via de regra é facultado aos pais que logicamente serão submetidos apenas a momentos esporádicos para estar com seus filhos,

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apesar de ser uma das atribuições provenientes da relação de direito, quem tiver com o direito da guarda dos filhos, posteriormente o outro terá direito a visitação, preservando assim a convivência, assim como assisti-los

materialmente em suas necessidades.

Tal medida tem por finalidade assegura a continuidade fundamental das partes.

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CAPITULO II

A REORGANIZAÇÃO DA VIDA FAMILIAR

A reorganização da vida e a realização interna da relação conflito-separação demora entre dois a quatro anos, segundo trabalhos feitos por mim em

atendimento a família, entrevistados foram capazes de apontar um período de tempo para tal reorganização. Quando isso ocorreu, foi possível desenvolver uma relação diferenciada com o pai e a mãe e com o conflito conjugal que os envolveu, expressa pelos jovens como: compreender o porquê da separação e passar a raiva de ambos os pais ; desenvolver uma relação diferenciada com o pai e a mãe ; reaproximar-se da mãe e depois do pai ; reaproximar-se e

restabelecer uma relação positiva com o pai; alienar-se do relacionamento conjugal ou familiar .

Também foram os próprios entrevistados que identificaram os elementos que, ao longo do tempo, contribuíram ou não para a melhora na qualidade de vida. A redução ou perpetuação do conflito conjugal após a separação, emergiu como o tema central. Eles consideraram positivo os seguintes aspectos: redução do conflito entre os pais ; estabelecimento de uma relação positiva entre os pais, depois da separação; compreensão das conseqüências da separação na rotina de vida ; novas relações conjugais . Por outro lado, contribuíram negativamente para a qualidade de vida individual e familiar a perpetuação do conflito no sistema de guarda, pensão e visitas ; a

superproteção materna ou da família extensa; e as novas relações conjugais . Portanto, a relação com os novos parceiros parentais foi apontada tanto como um aspecto positivo quanto negativo. Embora a presença destes implique em ajustar-se a novos relacionamentos, também traz elementos seguros da irreversibilidade do rompimento parental.

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As relações foram descritas como inicialmente tensas ou negativas apenas nas três separações descritas pelos

filhos como tendo sido causadas por novos relacionamentos amorosos dos pais. Todos afirmaram que, na verdade, com o passar do tempo, a vida volta ao normal ou então fica diferente, mas fica bem. Há uma recuperação da confiança na previsibilidade da vida e um novo equilíbrio de relacionamentos com os pais, e entre estes, se estabelece. Isto fez com que a unanimidade dos participantes considerassem que, apesar da tristeza inicial, o divórcio foi uma boa solução senão para o conflito parental, ao menos, para o clima familiar. A separação é um processo que exige um complexo de adaptações ao longo do tempo, podendo ter um impacto bastante diverso sobre os filhos

Estas demandas reforçam não só o papel dos trabalhos de mediação familiar, como evidenciam a necessidade de produção de alternativas de orientação de pais

As informações que os pais fornecem aos filhos, isto é, o que dizem, como e quando, são fundamentais para o processo de reorganização da vida familiar. Os relatos sugerem a importância de se dar condições aos pais para

trabalharem com o "fechamento em si mesma", por parte da criança, e com a expressão sintomática do sofrimento. Quando os filhos não fazem perguntas, nem sempre compreenderam o que está ocorrendo e acabam estabelecendo um pacto de silêncio com os familiares, evitando, todos, tocar em temas que supõem dolorosos

O mito social de que falar sobre temas dolorosos amplifica o sofrimento precisa ser derrubado. As crianças nem sempre identificam a tensão conjugal, e

mesmo quando isto ocorre, não estabelecem, necessariamente, a relação causal conflito-separação. Os pais podem explicar aos filhos os motivos da separação e que esta não os envolve, mas também precisam informar acerca dos aspectos de sua vida que, de fato, se modificarão, dali para a frente. Além disso, precisarão repetir a informação várias vezes e nos diferentes momentos de ajustamento infantil: pré-separação, crise inicial e período de adaptação. De acordo com os resultados apresentados, as reações negativas iniciais não necessariamente refletem um comprometimento a longo prazo, o que nos faz pensar que estas reações são uma expressão normal da crise os.

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A crise, provocada pelas mudanças no espaço doméstico e pela menor disponibilidade de relacionamento com um dos genitores, é potencializada pelas mudanças na rotina de vida e na rede social que, se minimizadas, provavelmente reduziriam as dificuldades infantis. Tal demanda conduz novamente à necessidade de se promover a orientação de pais, uma relação co-parental positiva depois da separação e um aprimoramento na

comunicação pais-filhos.

A identificação de alguns sentimentos e necessidades da criança faz pensar que, à medida que ela consegue alguma previsibilidade de sua vida, aumenta sua capacidade de sentir-se tendo algum controle sobre a situação.

Com isto, ela pode realizar a associação entre o conflito e a separação

conjugal, diferenciando-se do mesmo e, por conseqüência, libertar-se para um relacionamento mais positivo com um ou ambos os genitores. Provavelmente, também é este o período de maior risco para a potêncialização de distúrbios infantis. Assim, acreditamos ser urgente que os psicólogos clínicos dirijam seus esforços para além da psicoterapia infantil, dedicando-se, também, à geração de propostas mais preventivas e de promoção de saúde, como os grupos de apoio para crianças, mesmo porque este suporte infantil mútuo parece ser aquele que a maioria delas mais se beneficia.

Se, por um lado, torna-se necessário facilitar aos pais a diferenciação de seus sentimentos relativos à separação e aqueles da criança, também é

fundamental permitir-lhes compreender a experiência infantil, suas dificuldades frente às múltiplas mudanças na vida e a importância de contar com a família extensa e, principalmente, com os amigos de mesma idade.

De fato, as particularidades da experiência infantil identificadas descortinam a necessidade de se desenvolver uma "cultura do divórcio", permitindo à

sociedade como um todo e, particularmente, aos equipamentos de

socialização das crianças como as escolas, creches, e outros, compreenderem o estresse e mudanças de vida pelas quais elas estão passando quando da separação e adaptação à mesma, sem superproteção ou vitimização, mas permitindo-lhes a expressão e elaboração dos sentimentos.

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Portanto, fica evidenciada a necessidade de implementação de projetos de pesquisa interdisciplinares, que possibilitem compreender a complexidade do processo de separação ou divórcio e suas implicações para o desenvolvimento da criança e da família. Atenção especial deveria ser dada a investigações que aprofundem a compreensão dos relacionamentos positivos criança-criança, tanto no que se refere à relação entre pares, quanto no que se refere às relações fraternas.

.

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CAPITULO III

REFLEXO DA DINAMICA FAMILIAR

Toda atitude da criança e reflexo da dinâmica familiar, desta forma vale ressaltar que uma família em processo de desordem, tende a desordenar a vida e atitudes tomadas pelas crianças.

A separação e um momento de desordem familiar, porem quando essa procura se reestrutura se reorganizar de forma saudável, pouco prejuízo pode trazer para os membros da família .

Por outro lado quando esta família por questões de brigas e de não conseguirem encontram um consenso, acabam por desestruturar todo o âmbito emocional e psicológico dos menores.

A separação do casal não deveria nunca ser sinônimo da separação entre pais e filhos, sabemos ser difícil morar com os dois pais, porem o poder paterno deve ser exercido pelas duas partes, salvo quando alguma delas não tenha condições de exercer seu papel.

O papel de pai e esposo, de mãe e esposa não pode ser confundido, devem ser desenvolvidos independentemente. Não podemos permitir que as falhas conjugais, sejam artifícios para se julgar o direito de se exercer a função parental.

E importante frisar aos pais ou responsáveis legais de menores em processo de separação parental, que o que mais deve ser levado em conta e o bem estar físico psicológico e emocional da criança e que esses só podem estar saudáveis, se os direitos da criança forem respeitados.

E o direito de convivência e de ser educado pelos dois pais, e ainda fazer valer seus direitos de opinião , liberdade de expressão e informação sobre os fatos que digam respeito a sua vida e futuro..

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CAPITULO IV

DIREITO DA CRIANÇA

Em nosso Pais o texto foi aprovado pelo Congresso Nacional em 14/09/1990. No mesmo ano a legislação nacional e alterada através da publicação do ESTATUTO DA CRIANCA E DO ADOLESCENTE (ECA) , baseado na doutrina de proteção integral da criança.Tornando crianças e adolescentes em

SUJEITOS DE DIREITO e não mais objetos de direito.

Nos artigos que compõe a CONVENCAO INTERNACIONAL DOS DIREITOS DA CRIANCA, fica estabelecido que a criança tem o direito de SER EDUCADA

POR SEUS DOIS PAIS, e ainda direito de OPINIÃO, LIBERDADE DE EXPRESSAO E DE INFORMACAO.

“A CRIANCA DEVE ESTAR PLENAMENTE PREPARADA PARA UMA VIDA INDEPENDENTE NA SOCIDADE E DEVE SER EDUCADA DE ACORDO COM IDEAIS PROCLAMADOS NA CARTA DAS NACOES UNIDAS, ESPECIALMENTE COM ESPIRITO DE PAZ, DIGNIDADE, TOLERANCIA, LIBERDADE, IGUALDADE E SOLIDARIEDADE.”

3.1 – ARTIGOS QUE COMPÕE ESTA CONVENÇÃO:

ARTIGO 9 – SEPARAÇÃO DA FAMILIA

E direito da criança ser cuidada pelos pais, exceto quando o interesse da criança torne necessária a separação. A criança separada da família, tem o direito de manter contato com os pais. Se foi o estado quem promoveu esta separação , ele era responsável por garantir seus direitos, e possibilitar revisão do processo.

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ARTIGO 12 – LIBERDADE DE OPINIÃO

A criança tem o direito de expressar sua opinião livremente em todos os assuntos que lhe digam respeito, e esta deve ser levada em conta.

A criança será ouvida quando envolvida em processo judicial ou administrativo.

ARTIGO 13 – LIBERDADE DE EXPRESSAO E INFORMACAO

Toda criança tem direito a liberdade de expressão e de obter informação . Esse direito será restringido para assegurar o respeito e proteção dos diretos individuais e políticos dos outros.

ECA – CAPITULO III – DO DIREITO A CONVIVENCIA FAMILIAR E COMUNITARIA.

Art. 21 O pátrio poder será exercido, em igualdade de condições, pelo pai e

pela mãe, na forma do que dispuser a legislação civil, assegurando a qualquer um deles o direito de , em caso de discordância, recorrer à autoridade

competente para a solução da divergência.

Baseada nestes artigos, e enquanto profissional ligada à área da justiça , que envolvem crianças e adolescentes, sinto - me na obrigação de fazer valer esses direito. Principalmente o direito da ESCUTA da criança.

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Saber escutar. É muito gratificante sentir-se escutado pois todos precisamos

de desabafar. Por isso, há que dar oportunidades ao outro para se expressar, para se sentir compreendido, e para isso há que guardar silêncio, externo e interno. Calar, nalgumas ocasiões, não é fácil, e escutar supõe sempre pôr-se no lugar do outro, saber por que diz as coisas, captar os seus sentimentos. Todos necessitamos de comentar coisas, de ser e de nos sentirmos

escutados. Escutar uma pessoa é valorizá-la como merece. Mais: se alguém se sente habitualmente ouvido, sente-se querido.

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CAPITULO V

DIREITO DE FAMILIA

Instituído historicamente, o direito foi estabelecido na sociedade capitalista em função de necessidades e interesses de regulação, foram sendo impostos através dos valores culturais e posteriormente assimilados pelos homens. O direito vem sendo estratégia dos grupos dominantes para controlar e exercer seu poder de mando sobre os mais fracos, favorecendo-se privilegiando-se em detrimento da maioria da sociedade.

Foi através das relações de forças sociais que o direito se estabeleceu ate se tornar em direito positivo, regulamentado por lei . O direito construído através dos confrontos foi instituído para privilegiar interesses particulares visando apenas o individuo e não a coletividade.

A legitimação do poder ocorre através da ordem e obediência, justificada pela necessidade de segurança subordinado aos princípios da harmonia social são assim, ordem do poder que os indivíduos em suas relações familiares e comunitárias estão submetidos.

O direito de família define a relação do direito recíproco no âmbito familiar, capaz de proteger os componentes do grupo no que concerne aos seus direitos e deveres , com a finalidade de não haver negligência que leve os sujeitos a perdas e damos principalmente morais e sociais.

O direito de família legitimado na Constituição Federal de 1988, a qual estabelece direitos iguais entre homens e mulheres.

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Art. 226 inciso 5º “Os direitos e deveres referente a sociedade conjugal são exercidos igualmente pelo homem e pela mulher”(Const.1988 :p 136).

A efetiva concretização desses direitos depara-se com a questão social decorrente de diversos fatores, entre os quais podemos citar: miséria, desemprego, má distribuição de renda, baixo nível de instrução das famílias entre outras, o que requer do poder público a atenção as necessidades das famílias empobrecidas que não dispõe de mínimos sócias à sua existência, e este, em conjunto com a sociedade civil no

compromisso de aplicação dos direitos.

Sobre esse aspectos da reestruturação familiar, por mais que as famílias contemporâneas busquem se adequar ao modelo de família nuclear, depara-se com as características marcantes do sistema autoritário e excludente da sociedade capitalista que lhes empoe padrões de comportamento que influenciam diretamente na composição familiar.

As famílias na atual conjuntura variam de acordo com suas relações de convivência e poder aquisitivo para o consumo de bens e serviços necessários a sua sobrevivência.

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A família Brasileira hoje é diversificada, alem da família nuclear, composta por pai, mãe, e filhos, existem também as famílias monoparentais, formada por mãe e filho ou pai e filho, são famílias decorrentes de divórcios, separação,ou abandono por uma das partes.

Existem ainda as famílias de mães/adolescentes solteiras que assumem seus filhos , de mulheres que optaram por uma produção independente, famílias de casais homossexuais que assumem a guarda e cuidados de crianças e adolescentes, com algum grau de parentesco ou não. Famílias formadas sem nenhum vinculo consangüíneo ,ligadas pela afetividade, dependência e responsabilidade a conseqüência de sua omissão é a negligência das famílias, estando estas sujeitas as devidas punições, se vierem a usar de violência contra crianças e adolescentes.

.

Certamente os conflitos nas relações familiares se refletem com freqüência em transgressões e violências, atingindo todas as classes sociais. Entretanto, como sabemos as famílias empobrecidas são as mais sacrificadas e culpabilizadas dentro desse quadro de transgressões e violência, por não conseguir por meio de seus próprios esforços proporcionar aos seus filhos bem-estar social. .

O Estado para integrar certas categorias da população às normas do sistema capitalista implanta políticas sociais discriminatórias que exigem dos indivíduos esforços pelos seus próprios meios, para almejar ganhos suficientes para

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sustentar-se dentro dos valores e normas do sistema, pois aquele que não consegue alcançar a considerada vida normal é censurado e considerado fracassado. As políticas sociais não garantem direitos universais, seu discurso omite da articulação com a população a realidade desumana, posto que suas medidas são de interesse do capital.

Como podemos verificar o ECA, Estatuto da Criança e do Adolescente (1990) se depara com três questões fundamentais: a concretização desses direitos, que implica necessariamente na defesa e aplicação dos direitos da criança e do adolescente, impedindo que seus direitos sejam lesados; a priorização do governo em beneficiar a população em suas necessidades mais urgentes de sobrevivência, como saúde, educação moradia, alimentação, cultura e outros e a gestão democrática, entendida como responsabilidade social, governo e sociedade civil na possibilidade de criar mecanismos de superação da grave situação econômica, política e social em que se encontram as crianças e adolescentes do nosso país.

A abordagem em questão não tem por objetivo contemplar esses eixos, mais não podemos deixar de evidenciar que as estratégias de ação do governo, têm se revelado imediatistas, ineficientes e inadequadas para uma objetiva solução do problema social. Assim a justiça, enquanto prestadora de serviços de natureza jurídica está acima das classes, procurando alcançar entre os que se excluem um único consenso ou pelo pai e pela mãe. Na audiência, o juiz deixará claras as condições e a importância da guarda compartilhada e as sanções em caso de descumprimento do acordo.

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CAPITULO VI

GUARDA COMPARTILHADA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva sancionou o projeto de lei que institui no Código Civil a guarda compartilhada dos filhos em caso de separação. Atualmente, este tipo de guarda já existe na prática, concedida por juízes, mas a lei só prevê a guarda unilateral (dada a um dos pais).

A partir de agora, o juiz passa a ter um instrumento legal que permitirá, preferencialmente, dar a tutela a ambos os pais, ao contrário do que ocorria, quando, na maioria das vezes, a autoridade determinava com quem os filhos ficariam. Ela não diz que a criança deva morar tantos dias na casa de um e tantos na de outro. Essa é uma das decisões que deverão ser tomadas pelo ex-casal, pelo bem do filho.

Na guarda compartilhada, tanto o pai como a mãe assumem a responsabilidade pelo bem-estar dos filhos. A exemplo da guarda unilateral, a temporária poderá ser determinada por um período específico. Pode ser requisitada por consenso dos pais ou decretada pelo juiz.

De acordo com o texto, a guarda compartilhada garante que todas as decisões relativas aos filhos de um casal que se separa ou se divorcia serão decididas conjuntamente: a escola onde estudarão, os cursos extracurriculares, o pediatra, o dentista, as atividades de lazer e cultura. Há co-responsabilidade de direitos e deveres dos pais.

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Na guarda única, a responsabilidade maior é daquele com quem a criança vive. O outro não tem maior poder para interferir nas decisões e visita a criança nos dias fixados pela Justiça. Na guarda compartilhada, a criança continua vivendo com um dos pais, mas o outro não terá que aguardar o dia de visita para ver o filho. Tudo será negociado, com o juiz, e há flexibilidade, levando em conta o interesse da criança. Na guarda única, a responsabilidade maior é daquele com quem a criança vive. O outro não tem maior poder para interferir nas decisões e visita a criança nos dias fixados pela Justiça. Na guarda compartilhada, a criança continua vivendo com um dos pais, mas o outro não terá que aguardar o dia de visita para ver o filho. Tudo será negociado, com o juiz, e há flexibilidade, levando em conta o interesse da criança.

Pelo texto, a guarda compartilhada poderá ser fixada por consenso ou por determinação do juiz, para prevalecer por determinado período, levando em conta a faixa etária da criança e outras condições. Pode ser pedida por consenso ou pelo pai e pela mãe. Na audiência, o juiz deixará claras as condições e a importância da guarda compartilhada e as sanções em caso de descumprimento do acordo.

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CAPITULO VII

CONSTRUINDO AFETIVIDADE

Partindo do principio que a afetividade é que percussora do desenvolvimento infantil, no qual o individuo constrói toda sua base de personalidade, vamos falar um pouca da importância e a responsabilidades dos pais, no que tange ao desequilíbrio afetivo num processo de separação, onde toda formação da criança pode estar comprometida.

A criança ao nascer, antes de estabelecer atividades de relação com o meio, isto é, no sentido de conhecer, descobrir o mundo físico, permanece por um dado período, voltada para si mesma, como se estivesse desenvolvendo ou exercitando determinadas habilidades para poder mais tarde interagir com a realidade. As influências afetivas que envolvem a criança desde o inicio de sua vida, sobretudo por meio das relações que mantêm com os outros, serão determinantes na sua evolução psíquica. Isso porque, o desenvolvimento da afetividade e da inteligência tem uma base orgânica e ao mesmo tempo social, ou seja, mesmo a criança possuindo todas as condições biológicas de desenvolvimento, isso só será possível mediante as condições sociais. Nesse sentido, concluímos que o psiquismo se desenvolve com base nessa relação entre os fatores orgânicos e sociais, durante todo o percurso do desenvolvimento humano. Um conjunto de manifestações, englobando os sentimentos, que considera serem de origem psicológica, e as emoções, que considera serem de origem a afetividade, nesse caso corresponde a um período mais tardio no desenvolvimento da criança, precisamente quando

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surgem os elementos simbólicos. Dessa forma a afetividade constitui em cada estágio de desenvolvimento, um tipo de manifestação diferente, sobretudo em função das necessidades e possibilidades maturacionais da criança. Ao lado da inteligência e da motricidade a afetividade vai tornando possível a evolução psíquica da criança, que ocorre por meio de uma interação contínua, formando pares que se alternam, contribuindo assim com o funcionamento do psiquismo como uma unidade. A diferenciação entre inteligência e afetividade se inicia logo nos primeiros anos de vida da criança, no entanto, a alternância entre as duas se mantém de tal forma que uma sempre vai repercutir sobre a outra permanentemente.

A história da construção da pessoa será constituída por uma alternância de momentos dominantemente afetivos, ou dominantemente cognitivos, não paralelos, mas integrados. Cada novo momento terá incorporado as aquisições feitas no nível anterior, ou seja, na outra dimensão. Isso significa que uma depende da outra para evoluir. Desta forma podemos afirmar que a desordem familiar pode e deixar seqüelas no desenvolvimento psi da criança. .

Enquanto a criança não domina a linguagem verbalizada, é através do ato motor que são traduzidos as manifestações do psiquismo infantil, garantindo a relação da criança com o meio, ou seja, inicialmente a base da sua comunicação com o mundo tem por fundamento o tônus. Como ainda não dispõe da linguagem verbalizada, a criança projeta para o meio social suas sensações, por meio dos gestos, dos espasmos e dos reflexos. Na fase sensório- motor projetivo, a afetividade se beneficia da linguagem simbólica para ampliar seu raio de ação e assim se apropriar das duas dimensões semânticas da linguagem, a oral e a escrita. Nessas condições, a possibilidade

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de uma nutrição afetiva por essas vias passa a se acrescentar as anteriores, que se reduziram à comunicação tônica: O toque e a entonação da voz. Instala-se o que poderia se chamar de forma cognitiva de vinculação afetiva. Essa evolução da afetividade garantirá à criança a apropriação do universo simbólico da cultura, elaborado e planejado pelos homens ao longo de sua história, dando assim origem à atividade cognitiva. Nessa fase a criança estará voltada para a investigação e exploração da realidade exterior, bem como pela aquisição da aptidão simbólica e pelo início da representação, caracterizando-se numa etapa preponderantemente intelectual. Em outros termos a inteligência dedica-se à construção da realidade, ou seja, nomear, identificar e localizar os objetos são conquistas importantes para a criança. É um momento de reconhecimento espacial dos objetos, de si mesma e de maior diversidade de relações com o meio. Na fase categorial, exigências racionais são colocadas às relações afetivas como respeito, reciprocidade, senso de justiça, igualdade de direitos, etc. As relações afetivas se estendem para o campo do respeito e da admiração, e passarão a ser dirigidas para o meio social, concretizando a idéia de que a afetividade evolui de uma sociabilidade sincrética para uma individualização psicológica, garantindo assim a capacidade da criança em ser capaz de se diferenciar do outro. Nesse processo de individualização, a criança passa a se perceber e a se diferenciar dos objetos que estão a sua volta por meio das relações sociais.

Embora a criança possua capacidade biológica para se desenvolver, isso só é possível por meio do social. Dessa forma, observamos que a afetividade e a inteligência juntamente com a motricidade são elementos inseparáveis na evolução psíquica da criança, pois ambas têm papéis bem definidos e

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integrados, permitindo a mesma alcançar níveis de pensamento cada vez mais elevados. Nesse processo, o orgânico e o social são os fatores que possibilitam as condições para que essa evolução ocorra. Entendemos que a afetividade assim como a inteligência, não são funções que aparecem na criança de forma pronta e acabada pelo contrário, ambas evoluem ao longo do desenvolvimento humano, sendo construídas e modificadas de uma fase à outra. Há momentos em que a predominância é afetiva, ocorre em sentido centrípeto, nesse caso, o que está em primeiro plano é a construção do sujeito, que acontece pela interação com os outros pares. Há momentos em que a predominância é cognitiva, nesse caso a direção do desenvolvimento é centrifugo, é a construção do objeto e da realidade que passa a acontecer por meio da aquisição dos instrumentos elaborados historicamente pela sociedade. É importante enfatizar que tanto numa fase quanto na outra, o ato motor se torna indispensável, para a constituição do conhecimento e para a manifestação das emoções, portanto inerente ao cognitivo e ao afetivo, por sua vez à constituição da pessoa.

Portanto, devemos concluir que inteligência, afetividade e motricidade relacionam-se e integram-se mutuamente e que, a criança, ao elaborar o conhecimento e expressar suas emoções o faz mediante a influência direta dessas funções, uma servindo de base para a outra, o tempo todo.

O papel das relações interpessoais no desenvolvimento afetivo e intelectual da criança é primordial. Considerando que o meio social e o cultural são condições para o desenvolvimento psíquico e, ainda, que a família é um meio no qual acontecem as principais relações interpessoais, convém refletirmos o papel dessas relações no desenvolvimento afetivo e intelectual.. Sabemos que

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a criança, logo no início da sua vida, é totalmente dependente do meio externo. Sua dependência é tanta que necessita do meio para interpretar, dar significado e trazer respostas às suas necessidades.

No caso a família, podem ser considerados também grupos, uma vez que a sua existência se assenta na reunião de indivíduos que mantêm entre si relações que destinam a cada um papel ou lugar definido, no caso pai, irmão, filho etc.: As relações de mediação feitas devem ser sempre permeadas por sentimentos de acolhimento, simpatia, respeito e apreciação, além de compreensão, aceitação e valorização do outro.

O afeto inclui não apenas beijar, abraçar, mas também conhecer, ouvir, conversar, admirar a criança.,no nível, por exemplo da linguagem. Da mesma forma que os adultos necessitam de um afeto mais cognitivo, as crianças em idade escolar necessitam mais de atenção, de carinho, de elogios. Muitas vezes, o fato dos pais demonstrarem que se interessam por seus problemas, e que admiram sua capacidade, que se interessa pela sua vida, tem um peso muito mais significativo que um beijo ou um abraço. Podemos perceber que assim como a inteligência, a afetividade também passa por um processo de evolução, e isso precisa ser respeitado e levado em conta nas relações que professores e alunos mantêm na sala de aula. Conforme a criança vai se desenvolvendo, as trocas afetivas vão se ampliando, pois, agora, são as funções simbólicas que constituem a base de suas representações. Dessa forma, para a criança, torna-se bastante significativo o que é dito sobre ela. Os elogios que são dispensados a ela e a atenção as suas dificuldades são formas sutis do professor manifestar interesse pelo seu desenvolvimento, levando assim a criança ao destravamento cognitivo. Diante do que foi

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exposto, notamos que a afetividade, assim como a motricidade e a inteligência mantêm uma relação constante e recíproca no processo de constituição do psiquismo da criança, influenciando de maneira preponderante no desenvolvimento de sua aprendizagem e de sua personalidade. A afetividade se constitui num fator significativo na construção de subjetividades, por isso precisa ser considerada na determinação dos tipos de relação que se estabelecem na escola e nos tipos de atividades que são propostas aos alunos na produção do conhecimento. Vimos ainda que as relações sociais são fundamentais para consolidação do desenvolvimento da criança.

Finalizo minha considerações convencida de que para a criança, a relação com os outros, bem como o desenvolvimento de vínculos afetivos são necessários e fundamentais para que esta possa se apropriar do mundo simbólico e assim ampliar sua capacidade cognitiva. Além disso, é possível concluirmos ainda que a afetividade se faz presente em todas as etapas do desenvolvimento infantil. Os pais portanto, tem uma função primordial na consolidação de um desenvolvimento saudável, onde os vínculos familiares e parentais são fundamentais para este.

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CONCLUSÃO

A criança na nossa nova legislação passa a ser um SUJEITO DE DIREITO E

NÃO MAIS UM OBJETO DE DIREITO dos pais ou da família ou da sociedade,

ela tem direitos que lhe são peculiares, dentre esse direitos destaca-se a preocupação com a representação da criança através da sua expressão , direito a liberdade de expressão podendo assim opinar em tudo o que diz respeito ao seu futuro e ao seu desenvolvimento.

A criança passa assim a ser membro afetivo e de direito da família.

E nos enquanto profissionais qualificados a exercer tais cargos de representatividade destas crianças, temos o dever legal e moral de zelar pelo cumprimento dessas leis, proporcionando a essas crianças o direito de se colocar perante as decisões a serem tomas a respeito de seu futuro, e assim proporcionando a elas um desenvolvimento mais sadio emocionalmente, fazendo com que se tornem cidadãos dignos e respeitados. Escutar a criança não quer dizer seguir o que ela sugere, seria desta forma uma loucura, pois dependendo da idade ou do próprio interesse da criança ela poderia optar pelo mais conveniente as suas vontades, porem deve se levar em consideração o que a criança e o adolescente tem vontade de verbalizar o que se passa com eles, ou às vezes para tirar duvidas, e que na maioria dos casos passa despercebido , passa o não dito, mas o sentimento esta ali, bloqueado por um sistema de submissão.

É de estrema importância para formação de cidadão o encorajamento da expressão própria desde terna idade, pois desta forma o mesmo poderá sempre se colocar perante as dificuldades da vida.

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Quando a criança é ouvida significa considerá-la membro da família.

Os pais tem os mesmos direitos, deveres e obrigações para com os filhos, nenhum deles deve ser beneficiado pela lei, somente deve prevalecer o que for de melhor interesse para o desenvolvimento do menor.

Devemos lutar pela efetivação da conciliação, feitas por profissionais qualificados principalmente a defender os direitos da crianças com o objetivo de trazer benefícios para família como um todo e para o próprio sistema judicial.

“Toda criança tem o direito de ser criada pelos dois pais”, porem quase sempre mediante as muitas brigas ,as partes se esquecem

do foco principal, o bem estar dos menores em questão.

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ANEXOS

Estarei anexando a este trabalho dois casos, onde fui Psicóloga Perita , no tribunal de Justiça da Comarca do Rio de Janeiro, afim de mostrar que a entrevista psicológica com os menores arrolados aos processos , são

fundamentais para que se possa avaliar a verdadeira dinâmica familiar, pois a criança sempre espelha seu comportamento e atitudes nesta.

Outrossim informo que esses anexos estão sem o real numero do processo, bem como sem o nome das partes envolvidas, constando apenas à letra da inicial de seus verdadeiros nomes, mantendo assim o sigilo advindo destes processos.

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ANEXO 1

10ª VARA DE FAMILIA DA COMARCA DA CAPITAL

AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA

I – IDENTIFICAÇÃO: Processo: 2006-001.000000

Ação: REGULAMENTAÇÃO DE VISITAS COM PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA

AUTOR: N

: E

MEORES:A. e M.

II – DESCRIÇÃO DA DEMANDA:

Trata-se de pedido de regulamentação de visitas com pleito de tutela antecipada formulado por N., no bojo da Ação de Regulamentação de visitas que move em face da mãe de seus filhos, E..

Alega o autor que a ré cria situações de contendas que visam dificultar o exercício de seu direito de convívio com os filhos, sustentando a suplicada, de outro lado, que o autor genitor não possui condições morais para conviver com os menores, afirmando ter ele distúrbios sexuais, utilizando-se de roupas íntimas por baixo de suas vestimentas e de objetos eletrônicos comprados em sex- shopping, conforme nota fiscal constante do processo. Tais

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circunstâncias, aduz a mãe das crianças, podem trazer comprometimento na formação moral e sexual dos filhos, razão pela qual teme que estes viajem para o exterior com o pai.

III – LIMITE E VALIDADE:

O propósito da Avaliação Psicológica é indicar,dentro do quadro contextual da lide, a situação mais adequada que vise à proteção e preservação da integridade psicológica do menor e de todos ligados diretamente com a problemática vivida.

A validade temporal do presente estudo diz respeito ao caráter situacional da dinâmica familiar, a qual hoje estão inseridas as partes e visa, ainda, assegurar ao menor o direito de conviver, saudavelmente, com ambos os genitores e os familiares destes, mostrando, outrossim, às partes a necessidade deste convívio e os abalos emocionais que podem ocorrer com os filhos quando este contato é tolido ou limitado.

IV – PROCEDIMENTO:

Foram realizadas as seguintes entrevistas: DUAS com o autor, Sr. N. com a ré, Sra. E; UMA com o filho adolescente das partes, A.; DUAS com o menor M , tendo sido entrevistados, ainda, a Sra. A, atual companheira do autor,o Sr. H, vizinho e amigo da família há mais de dez anos e a Sra. A., amiga da família há 22 anos, ou seja antes mesmo do casamento das partes.

Foi chamada ainda ao consultório, sem sucesso na realização da entrevista, a Sr. C, tia materna dos menores, seguindo, abaixo, a síntese das entrevistas.

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V – SÍNTESE DAS ENTREVISTAS:

1ª Entrevista – Sr. N

Inicia sua entrevista informando que está muito preocupado com o bem estar de seus filhos, estando exausto de enfrentar as acusações incabíveis e infundadas da ré e utilizadas por esta apenas para separá-lo dos filhos.

O autor relata que as partes tiveram um casamento saudável e feliz, durante 15 anos; tinha um excelente emprego, à época do casamento, tendo seu salário aumentado quando foi transferido, com a família, para São Paulo, com aceitação da ré. A suplicada não se adaptou com a vida fora do Rio de Janeiro, inclusive, porque não lhe agradava estar longe dos seus familiares, o que levou o autor, para agradar a esposa e visando receber salário maior, a aceitar proposta de uma outra multinacional, no Rio de Janeiro. Seus rendimentos, nesta época, eram altos e podia proporcionar à família vida muito farta. Porém, três meses após a volta da família ao Rio, a empresa na qual o autor laborava sofreu diversas mudanças, uma das quais acabou por demiti-lo.

Continua dizendo que a suplicada, ao tempo do namoro, já era dentista, tendo o autor lhe proporcionado o pagamento de vários cursos de especialização. Montou para a esposa cinco consultórios, dos quais nenhum prosperou. Os insucessos dos empreendimentos não incomodaram o autor porque ganhava o suficiente para manter toda a família.

Relata que as partes, após um tempo de namoro, resolveram morar juntos, advindo da relação dois filhos programados e muitos esperados. Após o nascimento dos filhos resolveram oficializar a união.

Para o autor, todos os problemas da família começaram quando o mesmo perdeu o emprego. Tentou desesperadamente se recolocar no mercado de trabalho, fazendo cursos, como o de hotelaria, para tentar algo diferente de

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sua área de atuação. Mesmo assim, nada conseguiu, o que o levou a gastar suas reservas financeiras, juntadas durante longos anos de trabalho.

Resolveu, então, em acordo com a mãe dos filhos, a entrar de sociedade com um amigo, em um comércio, empreendimento falido e no qual os sócios perderam todo o dinheiro que investiram.

Relata o autor que, mesmo mediante de todas essas dificuldades, a ré continuava a gastar dinheiro, inclusive em obras no apartamento e em outro consultório. Frequentava academia, contratava personal trainer, como se nada estivesse acontecendo, enquanto que o autor, inclusive, teve que fazer acompanhamento psicológico para se livrar de um possível quadro depressivo e para saber lidar com os menosprezos habituais e tempo depois, frequentes da ré.

Declara, continuadamente, que o motivo pelo qual saiu de casa, foi o fato de a ré ter ido à casa do irmão do mesmo e contar para a cunhada que estava tendo um “caso” com o personal trainer. Após o irmão do autor ter-lhe informado tal fato, ficou ensandecido e iniciou com a ré uma discussão. Esta, o trancou no quarto, razão pela qual arrombou a porta e resolveu, de fato, sair de casa. .

Finaliza a entrevista declarando que, atualmente, está empregado na sua área de atuação, casou-se novamente, está conseguindo refazer sua vida financeira e para completar a sua felicidade, precisa passar mais tempo com seus filhos, expressando a vontade, também de realizar, na companhia destes, viagem aos EUA, Disney, o que não fez até o presente momento porque a suplicada não autoriza a viagem. Esta procura, a todo o tempo, criar situações de brigas para afastá-lo dos filhos, não cumprindo, ao menos, liminar judicial que autoriza o exercício de seu direito de estar com os mesmos.

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SRA. E

Inicia a entrevista dizendo que está cansada deste processo,sentindo-se desgastada e desacreditada na Justiça , não se achando confortável com a intromissão de vários profissionais no caso, afirmando que, inclusive, a Sra. Assistente Social apoiou o autor.

Sustenta que o autor é uma pessoa de caráter duvidoso, que sempre faz-se de “bonzinho” para convencer as pessoas sobre suas versões. Afirma que o autor se utiliza de roupas intimas femininas por baixo do terno e que o mesmo deixou o lar conjugal porque, escandalizada quando presenciou, em cima da cama do casal, roupas e objetos sexuais eróticos, e após grave discussão, trancou o autor no quarto para que este se acalmasse e para que os filhos não presenciassem tal fato. O autor, ao contrário, ficou muito irritado e acabou por derrubar a porta do quarto, saindo de casa logo em seguida.

Questionei sobre o tempo em que as partes viveram juntas e a mesma declarou que viveram muito bem, que tinham uma vida feliz e saudável, acrescentando que o autor tinha o costume de usar roupas femininas, desde de criança, pois sua mãe, por querer ter uma filha, o manipulava fazendo com que tivesse comportamentos “estranhos”. Indagada sobre se viveu bem com o autor durante os quinze anos de casamento, mesmo diante de tais comportamentos, afirmou-me que sim, tendo dito, ainda, que sempre foi bom pai e bom marido e que apenas uma única vez alterou seu tom de voz para falar com ela na frente dos menores, tendo, logo após, se arrependido e pedido desculpas. Sobre os filhos, falou, igualmente, que ambos foram desejados e programados. Corroborou todo o histórico narrado pelo autor relativamente aos seus empregos e desemprego.

Durante a entrevista a genitora sempre manifestava sua descrença com a justiça e que não tinha mais esperança de que ela fosse feita, diante do que pode presenciar na audiência já ocorrida, onde Autoridades presentes não trataram à questão da utilização de roupas intimas e objetos eletrônicos pelo autor como algo anormal.

Perguntei se a mesma já havia participado das alegadas fantasias sexuais do ex- marido. Inicialmente, ficou arredia, mas, logo depois, disse que o autor

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nunca havia vestido “essas roupas” com ela e que a primeira vez que havia visto tais vestimentas foi na ocasião que pegou os objetos em cima da cama do casal.

Afirma ter medo que o autor viaje para fora dos País com os menores, acreditando que estariam eles desprotegidos sem a sua presença, na hipótese de o autor colocá-los em situação de risco por se relacionar com outros homens. Em seguida, a ré praticamente implora a essa profissional que tal viagem não ocorra, afirmando, que, se a “justiça” não ajudá-la, poderia persuadir e convencer os filhos para não aceitarem fazer a viagem.

Expliquei à entrevistada que a minha função no processo é de averiguar se o genitor dos menores poderia ou não trazer algum tipo de prejuízo moral ou físico para estes, não cabendo a mim, a qualquer integrante do Poder Judiciário ou a ela intrometer-se na eventual opção sexual do autor. A ré, não gostando do que escutou e falando, novamente, na sua descrença na Justiça, inicia uma crise de choro.

MENOR A

O menor inicia sua entrevista meio arredio e desconfiado, declarando, após ter-lhe explicado sobre a finalidade do presente estudo, que este seria desnecessário, o que levou-me a fazê-lo entender que, diante de toda a contenda vivida entre seus pais e as consequências emocionais da separação em todos os integrantes da família, tal análise seria necessária.

Pergunto sobre seu relacionamento com a mãe, ele diz ser bom, mas que não esta tendo muito tempo para ficar a família, pois está estudando muito para prestar vestibular. Diz adorar o pai e que este é muito legal, não tendo tido muito tempo para estarem juntos em função de seus estudos. Afirma que o autor sempre foi bom pai, presente e amoroso, não tendo percebido no pai nenhum comportamento “estranho” e nenhum envolvimento com pessoas “estranhas e diferentes”. Para o menor, a única diferença no pai foi ter casado novamente, declarando, logo em seguida, que não tinha nada contra a nova

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companheira do pai, que a mesma sempre tentava agradá-lo e a seu irmão, mas que, por conta dos estudos, não tinha muito tempo para conviver com a nova família do pai.

Falou sobre a vida em São Paulo e que não se lembrava do casal ter tido muitas brigas e estas, melhor esclarecendo, eram “ coisinhas de casal, nada sério”. Perguntei se o pai alguma vez demonstrou ser violento, o mesmo disse que não e que apenas, uma única vez, o pai foi grosseiro e violento com a mãe na presença deles, porém, arrependo-se de ter dado a entender que a atitude do pai foi desencadeada pela mãe, tentou disfarçar e mudou o rumo do assunto. Falou muito da tia materna, C. , com quem conviveu sempre e por quem tinha muito carinho. Disse que sempre iam para casa da mesma e que morou um tempo com ela.

O menor tenta, diante de todas as perguntas, proteger-se e ser sucinto, dizendo que prefere ser neutro no presente feito, desejando que “tudo termine logo”. Fada, ainda, de uma viagem que fez à Florianópolis com o Pai, recentemente, e que a mesma teria sido maravilhosa, tendo os três, ele o pai e o irmão, aproveitado muitíssimo. Pergunto sobre o desejo de ir à Disney com o pai, tendo, rapidamente, respondido, nervoso e de forma imediata e pronta, que não poderia ir de forma alguma, por conta do vestibular.

MENOR M.

O menor inicia a entrevista desinibido, pergunto sobre a família, sobre o que ele sabe sobre o processo, tendo dito que os pais se separaram e brigam muito; que adora a mãe e o pai também, afirmando que o pai sempre foi carinhoso e presente, mas que arrombou a porta do quarto de sua casa para ir embora, deixando a mãe muito nervosa com tudo isso.

Relatou que o pai é legal, que gosta dos finais de semana que passa na companhia deste e que a atual companheira do pai também é legal, mas que não fica muito na presença desta, porque trabalha muito. Indagado sobre a situação fática de separação dos pais, falou, sem demonstrar abalo emocional

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por conta disto, que a maioria de seus colegas são como ele, tem duas casas, a do pai e a da mãe. Falou sobre sua rotina, disse-me que estuda e que às vezes tem uma moça, secretaria da mãe, que fica com ele em casa e, outras vezes, fica sozinho, pois a mãe trabalha e o irmão estuda muito.

Falou-me que não tinha muitos amigos vez que sua mãe não permitia muito que o mesmo ficasse fora de casa, como por exemplo, brincando no prédio, acrescentando que em determinados dias ficava o dia inteiro na escola. Comentou sobre a viagem à Florianópolis, dizendo ter sido maravilhosa. Sobre a viagem à Disney, falou que o pai sempre prometia mas que nunca cumpria. Perguntado sobre se gostaria de ir, desconversou e preferiu não se posicionar. O menor demonstra ser uma criança saudável, sincera nos seus sentimentos pelos genitores e, por algumas vezes, emite discurso decorado.

Segunda entrevista com E. e com o menor M.

Chamei a Sra. C. ao consultório, com certa urgência, pois recebi um telefonema do Sr. N muitíssimo nervoso, alegando que desde a primeira entrevista, estaria a ré “ criando muito caso”, o impedindo, há mais de quinze dias, de ver e falar ao telefone com o menor Marcelo, não cumprindo a determinação judicial.

Por telefone, a suplicada, afirmou-me que, por não querer M. estar com o pai, não o levou à escola, fazendo-o perder sua prova e o escondeu do pai, já que este, bastante nervoso, a ameaçou, por torpedo, de que iria à escola, com um mandado, para fazer valer seu direito. Levou à ré a criança para seu local de trabalho. Informei a mesma, pelo telefone, que o autor, através de mandado, estaria apenas fazendo uso de seu direito devidamente concedido nos autos, não devendo a ré, portanto, descumprir determinação judicial, podendo, no entanto, consultar seu advogado para que o mesmo lhe desse a orientação cabível para o caso.

No dia agendado para a entrevista, a suplicada chegou ao consultório acompanhada de Marcelo, o qual ouvi, primeiro e separadamente da mãe.

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