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O TRABALHO NA SUA PERSPECTIVA HISTÓRIA: ELEMENTOS PARA O DEBATE NA CONTEMPORANEIDADE BRASILEIRA

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Academic year: 2021

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O TRABALHO NA SUA PERSPECTIVA HISTÓRIA: ELEMENTOS

PARA O DEBATE NA CONTEMPORANEIDADE BRASILEIRA

Eixo temático: Trabalho, Economia e Sociedade

Ana Paula Machado (Universidade Estadual de Ponta Grossa, Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPQ e-mail: paula.anamachado@outlook.com) Ana Paula Moreira (Programa de Pós Graduação em Ciências Sociais Aplicadas da Universidade Estadual de Ponta Grossa, Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPQ, e-mail: aluapm@gmail.com) Karoline Dutra Szul (Programa de Pós Graduação em Ciências Sociais Aplicadas da Universidade Estadual de Ponta Grossa, Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPQ e-mail: karoldszul@gmail.com) ORIENTADORAS Reidy Rolim de Moura (Universidade Estadual de Ponta Grossa, Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPQ, e-mail: reidymoura@gmail.com) Augusta Raiher Pelinski (Universidade Estadual de Ponta Grossa, Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPQ, e-mail: apelinski@gmail.com)

RESUMO

Com o avanço do modo de produção capitalista sob a égide do modelo neoliberal, a discussão sobre a categoria trabalho coloca-se fundamental na medida que constantemente, atacam-se diretos sociais trabalhistas conquistados a partir da luta intensa da classe trabalhadora ao longo dos séculos XIX e XX. No contexto brasileiro, principalmente a partir do golpe de 2016, onde os ideais de desmonte de direitos são legitimados, como por exemplo a Reforma Trabalhista, que demonstra como o trabalho vem sendo fragmentado e colocado sob forma de mercadoria, agudizando por sua vez a exploração do trabalhador e ainda, que reforçam o posicionamento do Estado frente a esta questão. Assim, o objetivo deste trabalho é discutir, a partir do método crítico dialético, como a categoria trabalho se constrói ao longo da história e de que forma se pode apreendê-la no cenário brasileiro, considerando que a conjuntura atual nos coloca uma nebulosa visão de futuro no que diz respeito aos direitos sociais e trabalhistas.

INTRODUÇÃO

A discussão acerca do tema trabalho é muito vasta e diversificada, assinalada pela face dual entre empregadores x empregados, burguesia x proletariado e ainda, pautada pela égide do modo de produção capitalista que engendra todo um aparato de desigualdade e agudização dicotômica de classes sociais exacerbada nas transformações do mundo do

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trabalho, qual vem precarizando as condições da classe trabalhadora e especificamente no contexto brasileiro, vem destituindo os mecanismos de proteção já conquistados outrora.

No Brasil o ponto de partida num contexto mais recente sobre a discussão das relações de trabalho se dá a partir da Constituição Federal de 1988, que permeia o alcance da regulação do Estado e em seguida nestes últimos 30 anos sucederam-se inúmeras tentativas de Reformas Trabalhistas, com claras propostas de flexibilização do trabalho e que em 2017 culminou na aprovação da Lei 13.467, tendo como único vetor, qual seja, o da redução de direitos e garantias dos trabalhadores, tendo como natural contrapartida o aumento exponencial de poder conferido aos donos dos meios de produção.

O estudo em tela se desenvolverá através da revisão bibliográfica e conforme Gil (1999, p. 65) “a principal vantagem da pesquisa bibliográfica reside no fato de permitir ao investigador a cobertura de uma gama de fenômenos muito mais ampla, constituído principalmente de livros e artigos científicos”. E assim, balizar teoricamente o pesquisador na acepção do conhecimento.

Este trabalho será dividido em cinco partes, constituídas por esta introdução, 1. Transformações no mundo do trabalho: a informalidade e a precarização da condição laboral, 2. A categoria trabalho e seu papel na vida do trabalhador (conceitos de trabalho, histórico da categoria trabalho), 3. Apontamentos sobre o atual contexto brasileiro e as considerações finais.

1. TRANFORMAÇÕES NO MUNDO DO TRABALHO: A INFORMALIDADE E A PRECARIZAÇÃO DA CONDIÇÃO LABORAL

O presente tópico busca discutir as mudanças no mundo do trabalho ao longo dos últimos dois séculos, principalmente sob a égide do modo de produção capitalista. Para tanto, discorre-se sobre a Divisão Internacional do Trabalho a fim de explicar como se dá as relações entre centro capitalista e semi-periferia, aliada a discussão dos modelos de produção (fordismo, taylorismo e Toyotismo) como formas de flexibilização do aparato produtivo.

Seguindo a lógica, elucida-se ainda a exclusão do emprego formal como uma forma de precarização da condição laboral, considerando a desproteção social trabalhista dos sujeitos, aliada à condição de trabalhos temporários, mal remunerados, que condiciona os trabalhadores à condição de pobreza e vulnerabilidade social.

Ao longo dos últimos dois séculos, a evolução do capitalismo produziu uma disparidade no mundo do trabalho, relacionada ao desenvolvimento tecnológico e às

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condicionalidades impostas pela regulação do mercado nacional que interferiu diretamente na qualidade de postos de trabalho. (Pochmann, 2001)

Antunes (1995) destaca que, especialmente a partir da década de 1980, os países de capitalismo avançado sofreram profundas transformações no mundo do trabalho, tanto na forma de estrutura produtiva, quanto na representação sindical e política. As mudanças ocorridas na década supracitada relacionam-se diretamente com o salto tecnológico, por meio da automação, da robótica e da microeletrônica que passaram a fazer parte do universo fabril e integrar as relações de trabalho.

Foram tão intensas as modificações, que se pode mesmo afirmar que a classe-que-vive-do-trabalho sofreu a mais aguda crise deste século, que atingiu não só sua materialidade, mas teve profundas repercussões na sua subjetividade e, no mínimo inter-relacionamento destes níveis, afetou a sua forma de ser. (ANTUNES, 1995, p. 15)

Mattoso e Pochmann (1998, p. 213) afirmam que: “Há muitos anos admite-se que o crescimento econômico capitalista seja um processo de destruição criadora1, no qual conviveriam continuamente desestruturações e reestruturações produtivas”. É possível notar que a classe trabalhadora se articulou continuamente ao processo de reestruturação e desestruturação produtiva, que interferiu diretamente nas relações de trabalho, gerando por si novos processos de trabalho.

Outrossim, quando se discute as mudanças no mundo do trabalho associado ao modo de produção capitalista, se faz necessário atentar para a historicidade deste, ou seja, como institucionalizou-se ao longo do tempo e atualmente se constitui como um modelo hegemônico que rege as relações de trabalho e também nossas relações sociais, ditando um mercado de consumo desenfreado e um modelo de transnacionalização de fronteiras sob o efeito da globalização.

Pochmann (2001) explica a evolução do capitalismo com base na Divisão Internacional do Trabalho, que pode ser dividida em três etapas, a saber: primeira Divisão Internacional do Trabalho, segunda Divisão Internacional do Trabalho e nova Divisão Internacional do trabalho. De acordo com o autor supracitado, a Divisão Internacional do Trabalho se expressa:

      

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[...] inicialmente como relação dicotômica entre bens manufaturados e produtos primários, para, posteriormente expressar uma relação entre produtos industriais de maior e menor valor agregado e alto e baixo coeficientes tecnológicos e, mais recentemente, uma relação entre serviços de produção e bens manufaturados. Essas relações, que sustentam distintas divisões de trabalho, podem ocorrer simultaneamente no tempo entre nações do centro, da semiperiferia e da periferia. (Pochmann, 2001, p.18)

Pochmann (2012, p. 494) afirma que: “[...] a partir do século 19, com a transição para a sociedade urbana e industrial, surgem novas modalidades emancipatórias para a condição de trabalho fundado quase que na exclusiva luta pela sobrevivência”. Assim, o trabalho que antigamente voltava-se para a subsistência individual ou coletiva, agora é orientado pela perspectiva da sobrevivência, tendo de recorrer a mecanismos externos de absorção de mão de obra.

A primeira Divisão Internacional do Trabalho foi marcada pela dualidade entre produtos manufaturados do centro capitalista e os produtos primários da periferia mundial. Neste cenário, a Inglaterra assumiu o centro da economia mundial ao longo do século XIX, devido ao monopólio da industrialização, tal posição manteve-se de forma isolada até 1914, sendo além de núcleo financeiro internacional a principal nação a investir no exterior. Poucos países puderam acompanhar a produção decorrente das Revoluções Industriais, alguns em grau mais avançados, outros, mais atrasados, como é o caso da Alemanha, Estados Unidos, França, Japão e Rússia. Já outros países tiveram dificuldades de acesso a Segunda Revolução Industrial e Tecnológica, e tornaram-se nações periféricas, as quais tinham por principal característica a dependência da monocultura agrícola2 como meio de financiar a importação de produtos manufaturados do centro industrializado. Com isso, se estabelece uma relação dual com as outras nações, que compensam a grande importação dos produtos manufaturados ingleses pela exportação de produtos primários, basicamente alimentos e matéria prima. (Pochmann, 2001).

Destaca-se que o grande empregador nos países periféricos era o setor agrícola, enquanto que nos países de economia central era o setor urbano, em especial, a indústria, que empregou a maior parte da mão de obra. Pochmann (2001, p. 22) afirma: “Toda essa estratificação e hierarquização do trabalho no mundo contribuiu para a manutenção de enormes diferenças de potencialidades do desenvolvimento nacional”.

      

2 Pochmann (2001) salienta que na década de 1990 o Brasil tinha quase 80% de sua produção voltada para

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Sobre essa relação dual com as nações que mais tarde viriam a compor o bloco de países semi-periféricos, Mattoso e Pochmann (1998, p. 216) destacam:

[...] alguns países podem apresentar estagnação ou entrar em decadência. Por outro lado, mas não menos importante, um determinado país pode apresentar um saldo positivo desta destruição criadora em um determinado período de tempo de intenso crescimento econômico, dominância de aspectos reestruturadores da produção e geração de empregos e um saldo negativo em outro período, com relativamente baixo crescimento e dominância dos aspectos desestruturadores da produção e do emprego.

Pochmann (2012) e Antunes (1995) salientam que a Primeira Divisão Internacional se atrela também a passagem de uma produção artesanal para o centro-urbano industrial, que se generalizou desde o século XIX e mais tarde viria a compor novos modos de produção orientados pela alta escala sob o viés do consumo. A inclusão do trabalho, no âmbito do processo produtivo urbano industrial, passou a expandir-se desde o século XIX, neste momento os artesãos perderam aos poucos o monopólio de técnicas de produção. Dessa forma, a introdução da mecanização aliada ao conhecimento do trabalho artesanal absorvido pela manufatura permitiu um crescimento espantoso na produtividade do trabalho. Nesta ótica, Pochmann (2012, p. 497) afirma que: “[...] O processo de trabalho individual e autônomo do artesão qualificado transitou para o processo de trabalho coletivo desqualificado do empregado subordinado ao ritmo da produção estabelecido pela máquina”.

Frente a isso, a segunda Divisão Internacional do Trabalho se consolida a partir da constituição de um bloco de países semi-periféricos, com o apoio e ordem econômica mais favorável a difusão do padrão de industrialização norte-americano.

Para ressaltar as características da segunda Divisão Internacional do Trabalho, especialmente em relação aos países de menor renda, foram adotados os conceitos de fordismo periférico, de sociedade salarial incompleta e de periferização do setor industrial3, com indicações de situações distintas em relação ao que havia

anteriormente ocorrido nas economias de altas rendas (Pochmann, 2001, p. 25)

Sobre tal, Antunes (1995) salienta que o modelo fordista de produção, junto ao taylorismo, foram as formas pelas quais a indústria e o processo de trabalho consolidaram-se ao longo do século XX. Destaca-se que o modelo fordista manteve-se pelo menos até 1973, baseado numa produção em massa através de uma linha de montagem, previa produtos mais homogêneos, o controle do tempo e movimento dos trabalhadores, delineando a existência de       

3 Sobre isso, Antunes (1995) usa o termo desproletarização do trabalho industrial fabril, que caracteriza-se pela

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um trabalhador parcelar e a fragmentação das funções. Sobre este modelo, Antunes (1995, p.18) o compreende sob uma esfera ampliada: “[...] não somente como restrito à esfera fabril e tecnológica, mas também abrangendo as relações sociais de produção”. Ressalta-se que a descentralização produtiva aliada a fragmentação do trabalho e ao aparato tecnológico resulta ao capital maiores possibilidades de exploração quanto um maior controle sobre a força de trabalho.

Para Pochmann (2012), o modelo fordista de produção justificou-se mediante a separação entre o trabalho intelectual, através dos cargos de direção e supervisão, e o trabalho manual caracterizado pelo conjunto de empregados alocados no chão de fábrica, para uma produção em série de atividades num sistema rotineiro de repetições.

A partir da década de 1960, observou-se o acirramento da competição entre os capitais, considerando a desorganização das bases institucionais do desenvolvimento capitalista, construídas no pós-guerra. Aliado ao esgotamento do padrão de industrialização norte americano e ao paralelo esvaziamento do poder hegemônico dos Estados Unidos nas décadas de 1970-1980, que não foi superado por outras nações com a mesma capacidade regulatória e padrões similares. (Pochmann, 2001). Neste cenário, “(...) a retomada norte americana no final dos anos 80 proporcionou a posição de império quase absoluto, fundada no poder econômico, militar e tecnológico.4” (p. 26).

Neste momento, como contrapartida ao fordismo, surge o toyotismo ou modelo japonês, o qual pode ser marcado por eventos que levaram a sua institucionalização, definidos por Antunes (1995), primeiramente, a partir da introdução na indústria automobilística japonesa, da experiência do ramo têxtil, dada especialmente pela necessidade de o trabalhador operar simultaneamente com várias máquinas, em segundo lugar, a necessidade de a empresa responder à crise financeira, aumentando a produção sem aumentar o número de trabalhadores. Dessa forma, esse modelo causa maior impacto, de acordo com Antunes (1995, p. 23): “ [...] tanto pela revolução técnica que operou na indústria japonesa, quanto pela potencialidade de propagação que alguns dos pontos básicos do toyotismo têm demonstrado, expansão que hoje atinge uma escala mundial”

      

4 De outro lado, com desmoronamento do Sistema Financeiro Internacional fundado no acordo de Bretton

Woods, esvaiu-se as condições necessárias para a repressão financeira que primavam pela maior valorização produtiva do capital e o compromisso com o pleno emprego por meio de políticas keynesianas. Neste cenário, a globalização financeira ganha espaço com o desenvolvimento de inovações financeiras aliada a informatização dos mercados. (Pochmann, 2001). Que potencializou, de acordo com Pochmann (2001, p. 26): “(...) o volume de transações de curto prazo, pressionamento a eliminação de controle cambiais, a liberalização de taxas de juros e a desregulamentação bancária”.

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O modelo toyotista promove a chamada flexibilização do aparato produtivo e da organização do trabalho, recorrendo às ‘subcontratações’ ou ao chamado processo de terceirização da mão de obra, que acaba por intensificar a exploração do trabalho. Sobre a flexibilização, afirma Antunes (1995, p. 28):

(...) para a efetiva flexibilização do aparato produtivo, é também imprescindível à flexibilização dos trabalhadores. Direitos flexíveis, de modo a dispor desta força de trabalho em função direta das necessidades do mercado consumidor. O toyotismo estrutura-se a partir de um número mínimo de trabalhadores, ampliando-os, através de horas extras, trabalhadores temporários ou subcontratação, dependendo das condições de mercado. O ponto de partida básico é um número reduzido de trabalhadores e a realização de horas extras.

Em resumo, ao contrário do fordismo, o toyotismo volta-se diretamente pela demanda, tem produção diversificada e pronta para suprir o consumo. Assim, a produção se sustenta na existência do estoque mínimo e o melhor aproveitamento possível do tempo de produção é garantido pelo just in time5. (Antunes, 1995).

Frente a isso, a partir da década de 1970, ocorreu uma modificação substancial na Divisão Internacional do Trabalho, passando a ser denominada como Nova Divisão Internacional do Trabalho, tendo a dimensão financeira como comando sobre a influência de dois vetores estruturais: a reestruturação empresarial e a expansão dos Investimentos Diretos no Exterior (IDE)6. O primeiro, vem acompanhado de uma nova Revolução Tecnológica e da concentração de oligopólios mundiais responsáveis pela dominação dos principais mercados. O segundo, apesar do fluxo de recursos estrangeiros em países semiperiféricos, o IDE concentra-se nas economias formais. (Pochmann, 2001).

Ainda sobre a nova Divisão Internacional do Trabalho, Pochmann (2012, p.495) afirma que esta visa: “[...] a adoção de novas estratégias de competitividade e de

      

5 Em termos dos processos produtivos internos às empresas, organizar a produção sob regime just-in-time

significa que, na montagem do produto, todos os seus componentes, fabricados em processos distintos de submontagem, devem chegar aí no momento exato e na quantidade estritamente necessária, sem a formação de estoque nem tempo de espera entre os postos de trabalho. (PINTO, 2013).

6Investimento estrangeiro direto (IED) é todo aporte de dinheiro vindo do exterior que é aplicado na estrutura

produtiva doméstica de um país, isto é, na forma de participação acionária em empresas já existentes ou na criação de novas empresas. Esse tipo de investimento é o mais interessante porque os recursos entram no país, ficam por longo tempo e ajudam a aumentar a capacidade de produção, ao contrário do investimento especulativo, que chega em um dia, passa pelo mercado financeiro e sai a qualquer momento. Entre as décadas de 1960 e 1980, o Brasil recebeu grandes volumes de investimento estrangeiro direto, mas perdeu o posto para países do Leste Europeu recém-saídos do comunismo. Com a globalização, o fluxo de capitais ficou mais fácil e os investimentos aumentaram. Atualmente, o Brasil disputa com economias emergentes, como Índia, China e

África do Sul. Ver mais em:<http://desafios.ipea.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=2103:catid=28&Itemid=23>.

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produtividade representada por uma nova conduta empresarial [...] razões explicativas para as intensas mudanças na organização do trabalho”.

A partir dos anos 80, vê-se uma reformulação dos processos globais de acumulação. De acordo com Pochmann (2001, p. 30): “[...] coordenada por grandes corporações transnacionais que buscam incessantemente explorar novas oportunidades mais lucrativas de investimento”. Os governos nacionais submetem-se a esse processo, favorecendo redes de subcontratação que podem ser de três tipos, a saber: subcontratação primária, subcontratação secundária e subcontratação terciária.

[...] a subcontratação primária, que ocorre pelo uso de serviços diretos dos compradores finais, como a distribuição de produtos; a subcontratação secundária, que implica alguma montagem de equipamento ou produto, com baixa agregação de valor; a subcontratação terciária, em que há vínculos semipermanentes na obtenção de materiais e uniformização do processo produtivo. (Pochmann, 2001, p. 30)

Neste campo, destaca-se o conceito de subproletarização7 do trabalho. De acordo

com Antunes (1995, p. 44): “[...] presente nas formas de trabalho precário, parcial, temporário, subcontratado, “terceirizado”, vinculado à “economia informal”, entre tantas modalidades existentes”. Dessa forma, vários países de capitalismo avançado assistiram a decadência dos empregos em tempo completo e paralelamente, assistiram a expansão e trabalhadores parciais, temporários e subcontratados.

Outro ponto para o qual Antunes (1995) chama a atenção é para a heterogeneização do trabalho, ou seja, o crescimento expressivo da mão de obra feminina a partir da década de 1980, considerado um traço marcante das transformações no mundo do trabalho. De acordo com Antunes (1995, p. 45): “[...] foi expressiva a presença feminina, mas em novos ramos, como a indústria microeletrônica, sem falar do setor de serviços”. Isso possibilitou também a exploração da força de trabalho das mulheres em ocupações de tempo parcial, ou denominados trabalhos “domésticos”.

Dessa forma, Mattoso e Pochmann (1998, p. 213) afirmam que:

Quando observada as situações históricas específicas vêem-se diferentes movimentos e intensidade desse processo de destruição criadora. Também mostram-se distintos saldos deste processo de reestruturação e demostram-sestruturação, de criação e destruição, assim como as diferentes condições macroeconômicas, sociais institucionais em que se baseia esse processo.

      

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Na década de 1990, a estratégia marcante de corporações transnacionais foi a de procurar permanecer o mais livre possível dos investimentos de longa duração, com o intuito de explorar rapidamente as oportunidades lucrativas de investimento. Frente a isso, os países periféricos e semiperiféricos aceitam, na maioria das vezes, o programa de agências multilaterais como Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Internacional de Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD), que de acordo com Pochmann (2001, p. 31):

(...) termina por provocar o rebaixamento ainda maior do custo do trabalho (usando recurso público para qualificar mão de obra, criando contratos de trabalho especiais, ampliando jornada de trabalho, entre outras medidas) e a desregulamentação dos mercados de trabalho.

Neste cenário, a nova Divisão Internacional do trabalho refere-se ao antagonismo entre a produção manufatureira em parte dos países semiperiféricos e a produção de bens industriais de informação e comunicação sofisticados nos países do centro capitalista, aos quais grandes partes do total de ocupações concentram-se no setor de serviços que é menos globalizado e, portanto, mais protegido que os setores industriais e agropecuários. Frente a isso, os trabalhadores dos países periféricos e semiperiféricos sofrem diretamente os efeitos nocivos da globalização, decorrentes da liberação comercial e da desregulamentação do mercado de trabalho. Por sua vez, a nova Divisão Internacional do Trabalho representa uma oportunidade de maior concentração com postos de trabalho não qualificados, ao mesmo tempo em que impõe limites à dinâmica dos bons empregos aos países pobres, há elevação no grau de desigualdade na distribuição de renda entre as populações dos distintos grupos de países. (Pochmann, 2001)

O mundo do trabalho, no fim do século XX, refletiu de acordo com Pochmann (2001, p. 41): “[...] as mutações técnico produtivas, marcadas pela maior insegurança no emprego e por elevada concorrência na população ativa”. Assim, a exigência profissional volta-se para os trabalhadores com polivalência multifuncional e capacidades laborais adicionais no exercício do trabalho. (Pochmann, 2001).

Nesta seara, surgem novos processos de trabalho, aos quais, de acordo com Antunes (1995, p. 16): “[...] o cronômetro e a produção em série e de massa são “substituídos” pela flexibilização da produção, pela “especialização flexível”, por novos padrões de busca de produtividade [...]”. O mesmo autor ainda complementa que o fordismo e o taylorismo não são mais únicos e mesclam-se com outros processos produtivos, como neofordismo, neotaylorismo, pós-fordismo.

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Dessa forma, o estágio atual do capitalismo demarca a transição do modelo taylorista-fordista para novas formas de organização da produção e de gestão de mão de obra. No fim do século XX, essa transição se dá como face de uma “nova empresa” que operaria em redes, adaptada a variação do mercado e diferenciação do produto com a desregulamentação da concorrência intercapitalista. Dessa forma, caberia a empresa moderna, de acordo com Pochmann (2001, p. 43): “[...] focalizar a produção, terceirizar atividades ligadas aos serviços de apoio (alimentação, segurança, transporte etc.) e à produção (componentes definidos em rede) ”.

De acordo com Pochmann (2012, p. 496):

[...] as renovadas configurações no interior do antigo padrão fordista-taylorista, como as redes de produção e redistribuição no espaço mundial, terminam por combinar tanto o novo como o velho nas relações de trabalho. Em outras palavras, situações de produção portadoras de novas condições e relações de trabalho coexistem com retrocessos nas atividades laborais próximas das do século 19.

Pochmann (2001) chama a atenção às estratégias empresariais para readaptação dos trabalhadores, considerando as transformações no ambiente ocupacional. Divide as estratégias em dois segmentos, a saber: de competitividade e de produtividade. A primeira diz respeito à desverticalização da produção, a diversificação dos produtos, a redução dos custos de produção, nova conduta empresarial por meio de fusões ou desnacionalização de empresas, a redefinição de fornecedores etc. A segunda, contempla flexibilidade produtiva, o desmonte de parte da estrutura produtiva, programas de remuneração variável e distintos contratos de trabalho e terceirização e subcontratação da mão de obra.

Sobre a flexibilidade produtiva, Antunes (1995, p. 27) denota que:

[...] o trabalho passa a ser realizado em equipe, rompendo-se com o caráter parcelar típico do fordismo. Uma equipe de trabalhadores opera frente a um sistema de máquinas automatizadas. Além da flexibilidade do aparato produtivo, [há] a flexibilização da organização do trabalho. Deve haver agilidade na adaptação do maquinário e dos instrumentos para que novos produtos sejam elaborados.

Outro ponto que Pochmann (2001) atenta, são para as novas organizações de tarefas: novo perfil do trabalhador com a ampliação de tarefas exercidas pelo mesmo trabalhador, rompendo com a monotonia do trabalho; o trabalho polivalente a partir da rotação de funções com a adoção de tecnologias de uso flexíveis que exige do trabalhador o exercício de múltiplas tarefas; ampliação da autonomia relativa através da combinação entre atividades de

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execução com as de controle; e o trabalho em grupo com capacidade de decisão sobre os problemas. Sobre isso, Coriat (1992) apud Antunes (1995, p.26): “[...] fala em desespecialização e polivalência dos operários profissionais e qualificados, transformando-os em trabalhadores multifuncionais”.

Dessa forma, as novas tarefas de emprego relacionam-se diretamente às mudanças no mercado de trabalho, não significam necessariamente o enriquecimento, mas, atuam na direção de alterar a dinâmica do exercício do trabalho. Possibilita a transição de antigos postos de trabalho fixos para postos de trabalho com rotação de funções, às vezes, mais complexo, entretanto, nem sempre repetitivo. Assim, as mudanças na organização do trabalho trazem como consequências a degradação e a intensificação do trabalho, frente à difusão de programas de gestão da produção e organização do trabalho pelo fordismo-taylorismo. (Pochmann, 2001).

Neste cenário, novos processos de trabalho surgem, por exemplo, a produção em série e de massa passa a ser substituída pela flexibilização8 da produção, ou, como denomina Antunes (1995), “especialização flexível”, que se baseia pela busca de produtividade e adequação à lógica do capital e, conforme autores citados por Antunes (1995, p. 18): “(...) acarretou na intensificação do trabalho e consiste em um meio para desqualificá-lo e desorganiza-lo”.

Para tanto, Antunes (1995, p. 21) ainda reflete sobre a acumulação flexível:

[…] se apoia na flexibilidade dos processos de trabalho, dos mercados de trabalho, dos produtos e padrões de consumo. Caracteriza-se pelo surgimento de setores de produção inteiramente novos, novas maneiras de fornecimento de serviços financeiros, novos mercados e, sobretudo, taxas altamente intensificadas de inovação comercial, tecnológica e organizacional. A acumulação flexível envolve rápidas mudanças dos padrões do desenvolvimento desigual, tanto entre setores como entre regiões geográficas, criando, por exemplo, um vasto movimento no emprego no chamado “setor de serviços”.

Ainda em relação à acumulação flexível, complementa Antunes (1995, p. 22): “[...] em condições de acumulação flexível, parece que sistemas de trabalho alternativos podem existir lado a lado, no mesmo espaço, de uma maneira que permita que os empreendedores capitalistas escolham à vontade entre eles”. A consequência dessa forma do capitalismo se viu no alto nível de desemprego estrutural9. Os novos processos de trabalho trazem desdobramentos severos aos direitos dos trabalhadores. Antunes (1995, p. 16)

      

8Pochmann (2000) define como modernização conservadora

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[...] Estes são desregulamentados, são flexibilizados, de modo a dotar o capital do instrumental necessário para adequar-se a sua nova fase. Direitos e conquistas históricas dos trabalhadores são substituídos ou eliminados do mundo da produção.

Frente às mudanças do modo de produção capitalista, ficamos frente à duas tendências mundiais: a terceirização e a informalização. Considera-se que algumas das principais formas de exclusão social no Brasil é a de instituições formais. Os excluídos são desprovidos de direitos legais garantidos somente aqueles que pertencem à essas instituições. (Singer, 2003).

Antunes (1995) ainda discute a existência de uma processualidade contraditória frente às mudanças no modo de produção, por um lado, reduz o operariado industrial e fabril dando espaço para mecanismos eletrônicos que massificam a produção, por outro, aumenta o trabalho precário e subproletariado. Essa dimensão contraditória, ao mesmo tempo que incorpora o trabalho feminino, também exclui os mais jovens e os mais velhos, contemplando um processo de maior heterogeneização, fragmentação e complexificação da classe trabalhadora.

Dessa forma, compreende-se que, ao longo dos últimos anos, especialmente a partir das duas últimas décadas do século passado, o mundo do trabalho sofreu sérias transformações, as quais alavancaram condições precárias de trabalho aliadas à relações informais e desprotegidas, isso quando analisado numa perspectiva maior, traz consigo a dificuldade no acesso a trabalhos mais qualificados e com relações mais estáveis.

2. A CATEGORIA TRABALHO E SEU PAPEL NA VIDA DO TRABALHADOR (conceitos de trabalho, histórico da categoria trabalho)

A análise da categoria trabalho demanda a investigação acerca das diversas transformações ocorridas no mundo do trabalho ao longo da história da atividade humana, da luta pela sobrevivência e da centralidade assumida pelo trabalho na sociedade atual, especialmente na economia capitalista.

Os avanços científicos e metodológicos ao longo do tempo proporcionaram inúmeras conquistas, mas também resultaram em contradições no mundo do trabalho. Na medida em que a evolução das informações que propicia o planejamento e desenvolvimento de ações globais pautadas pela análise de múltiplos fatores - sociais, políticos, econômicos e ambientais – deveria favorecer o caráter emancipador do trabalho humano, a manipulação do

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capital pelas nações que o detém, resulta na segregação do trabalho como um meio de exploração, degradação e alienação humana, levando à precarização das relações laborais.

Neste sentido, o trabalho representa um importante conceito nas sociedades ocidentais contemporâneas, além de exercer uma influência considerável sobre a motivação dos trabalhadores.

Para Cavalheiro (2010) citado por Pereira & Tolfo (2016, p. 306), os estudos sobre os significados do trabalho se ampliaram a partir da década de 1970, sendo especialmente movidos pelas transformações nos modos de produção, sendo as principais delas: a intensificação do ritmo de trabalho, a exigência de maior qualificação e de desempenho dos trabalhadores e o desemprego.

O estudo do significado do trabalho pressupõe a investigação acerca da importância desta categoria no conjunto da vida das pessoas, do trabalho enquanto resultado de um processo de construção psicológica que envolve múltiplas dimensões, está em constante movimento e é resultado de variáveis pessoais e do ambiente em que o indivíduo está inserido.

Ainda sobre este significado laboral, Pereira e Tolfo (2016) enunciam:

[...] os significados são explicados por três variáveis: a centralidade do trabalho ou o grau de importância e valor que o trabalho tem na vida; as normas sociais do trabalho, como os deveres e os direitos dos trabalhadores e, por fim; os resultados valorizados do trabalho, definidos como os produtos que os indivíduos buscam no trabalho e as funções que cumprem para eles, assim como as necessidades que permitem satisfazer. (PEREIRA & TOLFO, 2016, p.307)

Segundo Antunes (2015), o conceito de trabalho está vinculado ao ato de produção e reprodução da vida humana. O trabalho faz do homem um ser social e o distingue de todas as formas não humanas. O trabalho, compreendido como uma atividade orientada para a satisfação das necessidades humanas, não se realiza de modo imediato, mas sim, através de diversas aproximações com o real. No Capital, Marx afirma:

Antes de tudo, o trabalho é um processo de que participam o homem e a natureza, processo em que o ser humano com sua própria ação impulsiona, regula e controla seu intercâmbio material com a natureza. Defronta-se com a natureza como uma de suas forças. Põe em movimento as forças naturais de seu corpo, braços e pernas, cabeça e mãos, a fim de apropriar-se dos recursos da natureza, imprimindo-lhes forma útil à vida humana. Atuando assim sobre a natureza externa e modificando-a, ao mesmo tempo modifica sua própria natureza. Desenvolve as potencialidades nela adormecidas e submete ao seu domínio o jogo das forças naturais (MARX, 1988, p. 202)

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Sendo o trabalho entendido como um resultado da atividade humana, planejado e projetado na consciência antes de sua realização, o trabalho é determinado pelo homem e subordinado a sua vontade, que o torna possível.

Ainda em Marx (1983), o trabalho é entendido como “condição de existência do homem”, sendo considerado um mediador entre o conjunto de reações que se estabelecem entre o homem e a natureza.

Assim, Lukács (1979, p. 99) citado por Antunes (1995, p. 123), aponta para uma dupla transformação a partir desta interação, uma vez que o homem que trabalha é transformado pelo seu trabalho e também atua sobre a natureza de modo a convertê-la em matérias-primas, úteis ao processo produtivo.

A compreensão de trabalho vertente da sociedade capitalista revela um estranhamento na sua percepção, pois o trabalho não satisfaz o empregador e falha na tentativa de construção de uma identidade, do sentimento de pertencimento, levando a um “estranhamento” já que não contribui para o desenvolvimento do homem na sua plenitude e acaba inclusive, por contribuir para o processo de desumanização, ao impedir o desenvolvimento da personalidade humana.

Para Alves (2007, p. 31), as alterações promovidas pelo capital no processo do trabalho implicaram em novas determinações nas relações de troca entre homem e natureza, sendo estas determinações sociais de grande relevância “histórico-ontológica”, pois:

Elas alteram não apenas a forma de ser, mas a própria natureza do processo do trabalho e das múltiplas significações vinculadas originalmente a ele (por exemplo, a questão da qualificação profissional, o problema da ciência e da tecnologia). Assim, poderíamos dizer que, sob o modo de produção capitalista propriamente dito, da máquina e do sistema de máquinas, que instaura a grande indústria, o trabalho perde, pela primeira vez, o seu lugar como agente social ativo do processo de produção. (ALVES, 2007, P.32)

Ainda sobre este “estranhamento” no mundo do trabalho, Antunes (1995) relata que este sentimento pode ser notado em relação ao produto do trabalho do homem e em relação ao próprio ato de produção, e que assim, o ser social torna-se estranho em relação a si mesmo, “o homem estranha-se do próprio homem”.

É notável que o modo de produção capitalista não responde às necessidades humanas de realização laboral. As relações estabelecidas entre o homem e a natureza assumem um caráter abstrato, por meio da “coisificação” das relações sociais, em que apenas os produtos do trabalho são valorizados e o trabalho é descaracterizado como “atividade vital”.

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Até mesmo os vínculos sociais construídos a partir das relações de trabalho assumem o valor de “coisas”. A lógica capitalista que valoriza a racionalidade nas relações desconsidera as qualidades do trabalhador e, por meio da fragmentação dos processos produtivos, promove também, a ruptura entre “o elemento que produz e o produto desse trabalho”. (ANTUNES, 1995)

Segundo Marx (1983), citado por Antunes (1995, p. 128), a sociedade movida pelo capital estrutura-se a partir de uma notável contradição: ao passo que produz uma riqueza e multiplicidade de necessidades, também conduz ao empobrecimento do homem quando “converte o trabalhador em um ser “isento de necessidades”.

Ainda que o trabalhador tenha a garantia de um salário adequado que lhe permita o desfrute de uma “vida cheia de sentido”, a construção de uma vida plena, “com finalidade em si mesma” não existe sem a satisfação de todas as suas necessidades de consumo, que acabam por ser ditadas pelo capitalismo e que permeiam a vida do trabalhador. Assim, ele tem sua liberdade individual restringida e vinculada ao lugar que ocupa na divisão do trabalho, e não conforme as características presentes em sua personalidade. (ANTUNES, 1995, p. 129)

Ao analisarmos a venda da força de trabalho sob a perspectiva do capital, fica evidente essa redução do indivíduo uma vez que o trabalho não conduz para o desenvolvimento das potencialidades e para a realização do trabalhador. Dessa forma, a emancipação humana constitui-se numa realidade que parece distanciar-se cada vez mais do conceito de trabalho, uma vez este mesmo conceito sofre um esvaziamento de seu sentido mais genuíno: a realização do ser social com vistas a promoção humana.

É possível perceber uma desapropriação, em Marx, acerca do conceito de trabalho, pois se o trabalho é a forma pela qual o homem se apropria da natureza para a satisfação de suas necessidades, não sendo estas necessidades frutos da liberdade humana, o trabalho também passa a ser expropriado do próprio homem que o constitui.

A divisão social do trabalho demanda a qualificação do trabalho em detrimento da desqualificação humana. O sistema produtivo foge do domínio do homem que acaba sendo englobado pelas mudanças no sistema de relações de trabalho.

Em relação aos sentidos assumidos pelo trabalhado na vida das pessoas, para além da questão financeira, o trabalho é um meio para se relacionar com outras pessoas, uma maneira para evitar o tédio, para a possibilidade de sentir-se vinculado a algo ou como possibilidade de um objetivo de vida.

Neste sentido, o trabalho assume a categoria de valor, de modo que “a organização do trabalho deve oferecer aos trabalhadores a possibilidade de realizar algo que tenha sentido, de

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praticar e de desenvolver suas competências, de exercer seus julgamentos e seu livre-arbítrio, de conhecer a evolução de seus desempenhos e de se ajustar.” (MORIN, 2001, p. 09)

No que diz respeito as transformações ocorridas no mundo do trabalho, estas avançam para além de questões como o desemprego estrutural que atinge o mundo em escala global, mas evidenciam a estruturação de relações sociais de subalternidade, ou seja, de produção capitalista. E assim, conforme enunciado por Alves (2007):

Na verdade, todos os que estão imersos em algum tipo de relação de subalternidade diante das mediações estranhadas do capital (salariato/propriedade privada/divisão hierárquica do trabalho/troca mercantil) podem ser considerados trabalhadores assalariados (ou, segundo a acepção clássica, proletários, onde etimologicamente, “proletariado” significa “aqueles que possuem apenas sua prole”). (ALVES, 2007, p. 38)

E assim, “a condição de trabalhador assalariado tornou-se uma condição humana, sendo elemento compositivo da normalidade social.” (ALVES, 2007, p. 39). A partir desta lógica capitalista neoliberal que objetiva a redução do trabalho a um fator de produção, percebe-se que também ocorrem danos aos direitos de cidadania, especialmente em momentos de crise econômica e reestruturação do mundo do trabalho, em que as fragilidades do ser social são expostas a partir desta reestruturação econômica.

O resultado desta exposição é a precarização das relações sociais que se estabelecem no mundo trabalho, que corrobora para a desconsideração do valor do trabalho como bem imaterial e cultural. Conforme Santos (2017, p?)

O trabalho será exatamente a nossa contribuição para a máquina produtiva. O trabalho não são pessoas, não são famílias, os trabalhadores não são entes que podem organizar-se politicamente. Enfim, o trabalho não dará mais acesso à cidadania, portanto não é mais trabalho com direitos. O trabalho deixará de ser uma identidade coletiva, de autoestima, porque foi destruído na sua identidade política e cultural. (SANTOS, 2017)

Se a cidadania laboral se constitui a partir de condições decentes e democráticas de trabalho, o Estado, por meio das políticas públicas, deve viabilizar estas condições de modo a assegurar também, os direitos de cidadania.

As organizações coletivas de trabalho surgem na perspectiva de assegurar a cidadania. É importante não estabelecermos uma visão romantizada acerca desta proposição, uma vez que o ingresso do trabalhador nestas instâncias, muitas vezes, está diretamente ligado à ausência do Estado como provedor de proteção social.

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Também a partir das relações estabelecidas no mundo do trabalho é possível estabelecer e identificar significados, e a partir da sociabilidade é possível ainda, identificar os avanços e desafios encontrados nesta categoria, visando a valorização das relações de trabalho e principalmente da subjetividade do trabalhador, que precisa ser amplamente considerada pelo poder público ao pensar políticas de bem-estar, segurança e qualidade de vida para os trabalhadores, como forma de superação das relações precarizadas de trabalho.

3. APONTAMENTOS SOBRE O ATUAL CONTEXTO BRASILEIRO

Se por outrora a construção teórica apresentada nos tópicos anteriores é vivenciada no contexto brasileiro, onde as transformações do mundo do trabalho impactam fortemente a reprodução da condição do trabalhador e hoje pautada pela lógica da flexibilização do trabalho, seja ele, trabalho precário, parcial, temporário, terceirizado, informalizado, não organizado (ANTUNES, 1995). e suscita a argumentação de uma crise no trabalho resultante do interesse sobre a capacidade crescente de produzir riqueza sobreposta ao aumento da exploração do trabalho. Gonzales (2009, p. 85) aponta que “houve um movimento expressivo de flexibilização do trabalho, centrado em mudanças na legislação [...] onde o contexto do mercado de trabalho favoreceu a proliferação de formas precárias de trabalho”.

Neste cenário o Estado emerge das relações de produção e exprime os interesses da estrutura de classe ligada às tais relações sociais de produção, onde representa a manifestação política de dominação de classes na sociedade capitalista.

Montaño e Duriguetto (2011, p. 36) expressam a determinação de Estado,

O Estado é a instância que diz representar o interesse universal, mas representa o de uma classe. Ele cumpre a universalidade reproduzindo o interesse da classe dominante [...] na medida em que ele garante a organização das condições gerais de um sistema social.

O Estado é representante de interesses particulares distintos, de tal maneira, autônomo e individualiuzado, ou ainda, uma comunidade ilusória (quando não representa o interesse geral da sociedade), se sobrepõe a ideologia e como órgão de dominação da classe opressora.

Neste limiar, Montaño e Duriguetto (2011, p. 39) “a dependência direta do Estado ao poder econômico, social e político da burguesia é a expressão das relações sociais de produção existente na sociedade capitalista”.

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E é nesta relação com o campo do trabalho se efetiva o interesse do grande capital, na concentração do mercado, enxugando os gastos com o trabalho contratado, diminuindo os postos de emprego, diminuindo os custos dos postos de trabalho, flexibilizando e precarizando as condições de trabalho (PISTORI, 2002).

Bem recentemente no Brasil observamos a desenfreada avalanche de retrocessos e/ou a destituição de direitos sociais e trabalhistas promovido após o golpe que levou Michel Temer a Presidência da República, após a destituição de Dilma Rouseff, burlando os princípios da democracia e promovendo os escracho sobre o voto popular. Temer assume integralmente os princípios que o colocou na posição de poder, promovendo garantia dos interesses do grande empresariado.

A Lei no 13.467/2017, que instituiu a chamada “reforma trabalhista” no Brasil, foi responsável pela maior mudança já ocorrida nesse campo regulatório desde a promulgação da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), em 1943 e usada a justificativa como sendo algo ultrapassado, de viés autoritário e que impõe uma série de limitações ao desenvolvimento econômico brasileiro. A promulgação desta lei altera profundamente o ordenamento jurídico das relações de trabalho no Brasil, corrompendo completamente não apenas a CLT, mas também a diretriz constitucional acerca da proteção ao trabalho humano

Carvalho (2017) destaca que tanto as mudanças mais amplas – que estimulam a terceirização e introduzem novas formas de contratação ou as mudanças mais específicas relacionadas à jornada de trabalho, aos intervalos e ao pagamento das horas de deslocamento entre casa e trabalho, por exemplo, serão provavelmente utilizadas para regularizar e ampliar práticas comuns.

Na sequência são apresentados tópicos das principais alterações promovidas pela Lei 13.467/2017, conforme citado por Carvalho (2017)

- Flexibilização da jornada de trabalho: se permite acordos que flexibilizem a jornada de trabalho, uso de banco de horas, compensação das horas extras, redução para trinta minutos de intervalo na jornada de trabalho de seis horas, ampliação da jornada de trabalho em ambientes insalubres, desvinculação do deslocamento para o trabalho como tempo de jornada de trabalho quando fornecido pelo empregador;

- Flexibilização da remuneração: permite que sejam amplamente negociados planos de cargos e salários, enquadramento de funções comissionadas, remuneração por produtividade e desempenho, prêmios de incentivo, participações nos lucros ou resultados e abonos pagos pelo empregador e diárias de viagens deixam de integrar o salário, e, assim, sobre esses valores deixam de incidir encargos trabalhistas, inclusive INSS;

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- Trabalho intermitente e trabalho autônomo: cria uma nova forma de contrato de trabalho: o intermitente e estabelece:

Art. 443 § 3o Considera-se como intermitente o contrato de trabalho no qual a prestação de serviços, com subordinação, não é contínua, ocorrendo com alternância de períodos de prestação de serviços e de inatividade, determinados em horas, dias ou meses, independentemente do tipo de atividade do empregado e do empregador, exceto para os aeronautas, regidos por legislação própria (Brasil, 2017).

Com o mesmo objetivo de legalizar a precarização do trabalho, a possibilidade do estabelecimento de vínculo empregatício com trabalhadores autônomos, mesmo em caso de relação exclusiva e contínua.

- Alterações na rescisão do contrato de trabalho: é extinta a necessidade de a homologação da rescisão para trabalhadores com mais de um ano, qualquer homologação poderá ser feita na empresa, e o trabalhador poderá contar com um advogado apenas se tiver condições para a remuneração do mesmo e introduz na legislação a rescisão de contrato recíproca.

Em suma, a reforma impacta diretamente nas condições do trabalho, exacerba a precariedade da condição do trabalhador frente aos mecanismos perpetrados pelos empregadores, desmobiliza e fragmenta a organização sindical dos trabalhadores, quando aprova o fim da contribuição sindical e ainda correlacionado a questão da produtividade está o impacto da reforma trabalhista sobre a rotatividade dos trabalhadores e quiçá as condições que permeiem à situações de desemprego.

Esta reforma trabalhista sancionada pelo governo Temer é a mais nova ofensiva do capital contra o trabalho. Muito embora a elite brasileira queira posar de defensora da modernidade, a destruição dos direitos trabalhistas expõe as entranhas de um empresariado que traz em seu legado resquícios dos anos de escravidão. O discurso de que é urgente e necessário a "modernização" da legislação trabalhista também é uma inverdade.

Esta reforma é muito ligada ao empresariado, embora eles não assumam, onde desejam o desmonte de uma estrutura organizada desde 1943 (CLT), e que nunca chegou a alcançar a maioria dos trabalhadores. O resultado só pode ser a institucionalização da precariedade do mercado de trabalho (CARVALHO, 2017).

Ao invés do governo propor alternativas à crise e ao desemprego, de fortalecer a Justiça do Trabalho para garantir o respeito à legislação trabalhista vigente, aposta somente em saídas que penalizam fortemente a classe trabalhadora.

Para Gonzales (2018) deve-se esperar uma ampliação das desigualdades, inicialmente, uma piora da desigualdade da renda com uma maior apropriação do excedente

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pelos empregadores. No entanto, cabe ainda acrescentar que o poder de barganha dos trabalhadores não é igualmente distribuído. Também pode ocorrer um aumento das desigualdades no mercado de trabalho. Aumento de jornada insuficiente para alguns, com respectiva menor duração, mais jornadas excessivas para outros (com menor remuneração de horas extras), com elevação dos efeitos adversos sobre a saúde e os acidentes de trabalho. E, com tendência a elevar a desigualdade de rendimentos, dependendo de setores que sofram maior concorrência de trabalhadores terceirizados, autônomos etc., setores em que sindicatos justamente encontram maior dificuldade de organizar sua base.

A reforma precariza a situação dos assalariados, reduzindo seus ganhos e sujeitando-os a contratsujeitando-os mais instáveis (que podem, no limite, ser rompidsujeitando-os ou extintsujeitando-os quase a qualquer tempo e sem qualquer indenização), ela interfere naquela estratégia de reprodução social da agricultura familiar. Por isso, vale dizer que a reforma pode suscitar, ainda que indiretamente, reflexos negativos sobre a autonomia produtiva do trabalhador, e acabar por torná-lo ainda mais subordinadas à dinâmica de acumulação do grande capital (CARVALHO, 2017).

De uma forma bem breve, buscou-se demonstrar o quão a Lei no 13.467/2017 impactará na desproteção do trabalhador, na ruptura árdua das conquistas contidas na CLT, onde as transformações do mundo do trabalho engendradas pelo capitalismo e reafirmadas pelo posicionamento explícito do Governo Temer, em pactuar suas ações ao e para o grande capital.

CONSIDERARÇÕES FINAIS

Buscou-se neste texto, apresentar subsídios teóricos sobre as transformações do mundo trabalho e como recentemente tais transformações no Brasil tem impactado fortemente no (des)direito do trabalhador em face a defesa ao capital. É sabido e bem difundido aos setores preocupados com a classe trabalhadora que em nenhum lugar do mundo a flexibilização da legislação trabalhista gerou mais e melhores empregos, ao contrário, serviu somente como instrumento para a precarização das relações de trabalho.

Temer quer aproveitar a fragilidade em que são colocados os trabalhadores em tempos de crise para desconstruir direitos, desregulamentar a legislação trabalhista, possibilitar a dispensa em massa, reduzir benefícios sociais, terceirizar e mitigar a responsabilidade social das empresas, que liquida definitivamente com a proteção ao trabalho no Brasil e faz com que, de fato, a CLT perca qualquer efeito de regulação das relações de trabalho.

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Esta discussão não se encerrará tão brevemente, tem-se a necessidade de se manter atinente as condições de precarização do trabalho vai impactar nas condições de vida dos sujeitos, afim de que se possa criar mecanismos plausíveis pela luta dos direitos trabalhistas que venham prescindir a condições de trabalho dignas ao trabalhador.

Vivenciamos um movimento de destruição em marcha dos direitos ao trabalho. Lutar contra ele não é uma opção, mas sim uma necessidade.

REFERÊNCIAS

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