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Direito tributário. Prof Irapuã Beltrão

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Direito tributário

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O FATO GERADOR DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL LEGALIDADE + TIPICIDADE

“por força do princípio da legalidade estrita, corolário da tipicidade fechada, própria do Direito Tributário, apenas a lei em sentido formal pode estabelecer os elementos estruturais ou essenciais dos tributos, com exceção dos casos previstos expressamente no próprio CTN”.

(STJ – 2ª Turma, REsp 1110315, rel. Min. Eliana Calmon, j. em 26.8.2010, DJe 27.4.2011)

(3)

POSITIVISMO TRIBUTÁRIO

o Direito Tributário Brasileiro vive sob um positivismo-normativista

Necessidade de associação desta concepção às transformação da concepção do Direito

(4)

• Jurisprudência dos Conceitos

FERRAZ JR. Tércio Sampaio. Introdução ao estudo do direito – técnica,

decisão, dominação. 5ª.ed., São Paulo: Atlas, 2007, p. 79. “O sistema jurídico

é necessariamente manifestação de uma unidade imanente, perfeita e acabada, que a análise sistemática, realizada pela dogmática, faz mister explicitar. Essa concepção de sistema, que informa marcantemente a Jurisprudência dos Conceitos, escola doutrinária que, na Alemanha, se seguiu à Escola Histórica, acentua-se e desenvolve-se com Puchta e sua pirâmide de conceitos, o qual enfatiza o caráter lógico-dedutivo do sistema jurídico, enquanto desdobramento de conceitos e normas abstratas da generalidade para a singularidade, em termos de uma totalidade fechada e acabada.”

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• Jurisprudência dos Conceitos

→ positivismo normativista conceitualistas

→ fundamento de uma interpretação, que prega para uma dada

situação e para um dado conjunto de normas jurídicas a existência de somente um resultado possível dado pela ciência jurídica e independente da subjetividade do intérprete

→ A norma assume a qualidade de principal regedora da convivência

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• Jurisprudência dos Conceitos

→ prestígio para elisão fiscal, eis que o contribuinte terá a

prerrogativa de adotar as medidas para evitar a moldura legal

→ permitirá ao Estado a exigência de tributo ainda sem a

correspondente capacidade contributiva ou geração de efeitos econômicos, patrimoniais ou financeiros na hipótese legal

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• Jurisprudência dos Interesses

GUSMÃO, Paulo Dourado. Introdução ao Estudo do Direito. 38ª.ed., Rio de Janeiro: Forense, 2006, p. 405/406.

“Finalmente, entre as duas guerras mundiais (a de 1914 e a de 1939), preocuparam-se muitos juristas em encontrar uma forma de dar mais legitimidade ao direito, fazendo-o corresponder mais aos ideais e às

necessidades sociais. Dessa preocupação resultou o movimento

denominado Jurisprudência de Interesses, encabeçado por Phillip Heck, defendendo a obrigação do juiz indagar os ‘interesses causadores da lei’, em função dos quais deveria julgar os casos sub judice, ou seja, ‘com base nesses interesses deveria descobrir o direito socialmente mais adequado ao caso’ (...)”

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• Jurisprudência dos Interesses

→ mais importante era o fato social ou econômico, com grande

participação do juiz

“As normas de interpretação do Código Tributário alemão de 1919 tinham ascendência nitidamente positivista, na linha do sociologismo e do economicismo. A matriz teórica buscou-a a RAO na jurisprudência dos interesses, no afã de superar a orientação formalista da jurisprudência dos conceitos, embora nem sempre explicitamente.” (TORRES, Ricardo Lobo. Normas de Interpretação e Integração do

(9)

• Jurisprudência dos Interesses

Neste condão, surge a Teoria da Consideração Econômica do Fato Gerador, reduzindo o papel dos aspectos formais dos negócios jurídicos adotados pelo contribuinte, cabendo ao interprete os efeitos econômicos daqueles negócios, de tal sorte que o juiz poderia aplicar a norma tributária em relação a um contribuinte que não praticou aquele fato descrito na norma desde que os efeitos econômicos dos dois fatos fossem idênticos.

(10)

Interpretação Econômica

• A interpretação econômica é aquela que defende que se deve desconsiderar a forma jurídica – cuja moldura é dada pelo direito privado – de um determinado negócio jurídico, quando este for referido pela lei tributária. Ou seja, o que importa é o resultado econômico decorrente daquele negócio.

• Por alguns saudada como ferramenta da igualdade, é por isso tida como não só válida, mas também necessária, uma vez que hipóteses iguais deveriam ser tributadas de forma idêntica. Por outros, a exegese que busca a consideração econômica afronta um dos pilares fundamentais sobre os quais se funda a ordem tributária, qual seja, a segurança jurídica refletida na certeza das situações a serem alcançadas pela tributação.

• Amílcar de Araújo Falcão era um dos defensores dessa tese no Brasil. Já em oposição à interpretação econômica Alfredo Augusto Becker é um dos principais

(11)

• Jurisprudência dos Interesses

WEISS, Fernando Lemme. Justiça Tributária. 2ª.ed., Rio de Janeiro: Lúmen Juris, 2004, p. 43/44. “A interpretação econômica nada mais é do que o processo de revelação da capacidade contributiva real, que justifica e impõe toda a tributação. Corrige os estritos limites da capacidade contributiva presumida, delineada na norma cuja interpretação restritiva pretende fazer valer o contribuinte que dissimula um fato gerador ou usufruiu uma brecha legal. Esta quebra da isonomia é o pernicioso efeito da aplicação da tipicidade fechada, de forma isolada e sem ponderação com outros princípios constitucionais e legais.”

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• Jurisprudência dos Valores

a jurisprudência de valores (wertungsjurisprudenz), que substitui a jurisprudência de interesses (interessenjurisprudenz), se baseia no reconhecimento de valores supralegais (übergesetzlicher) ou pré-positivos (vorpositiver) com crítica ao modelo da subsunção, com a preferência pela justiça do caso concreto e pela argumentação.

(TORRES, Ricardo Lobo. Normas de Interpretação e Integração do

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• Jurisprudência dos Valores

“A teoria da interpretação do Direito Tributário abre-se para o pluralismo, a interdisciplinaridade e a jurisprudência dos valores, procurando superar o maniqueísmo do formalismo e do sociologismo. Sofre a influência das idéias de Larenz, que, originariamente voltadas para a metodologia jurídica, repercutiram sobre os trabalhos dos tribunais fiscais alemãs e sobre a doutrina, inclusive produzida fora da Alemanha.”

(TORRES, Ricardo Lobo. Normas de Interpretação e Integração do Direito

(14)

Art. 107 CTN. A legislação tributária será interpretada conforme o disposto neste Capítulo.

(15)

Interpretação

• Interpretar uma norma é buscar o verdadeiro

conteúdo e o verdadeiro alcance dessa norma.

• Interpreta-se o texto, para dele se extrair a norma.

Já não se aplica o brocardo in claris cessat

interpretatio.

• A doutrina faz severa crítica ao capítulo do CTN que

trata de interpretação e integração da legislação tributária.

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INTERPRETAÇÃO - CARGA CONSTRUTIVA - EXTENSAO. Se é certo que

toda interpretação traz em si carga construtiva, não menos correta

exsurge a vinculação à ordem jurídico-constitucional. O fenômeno ocorre a partir das normas em vigor, variando de acordo com a formação profissional e humanística do intérprete. No exercício gratificante da arte de interpretar, descabe "inserir na regra de direito o próprio juízo (...) O conteúdo político de uma Constituição não é conducente ao desprezo do sentido vernacular das palavras, muito menos ao do técnico, considerados institutos consagrados pelo Direito. Toda ciência pressupõe a adoção de escorreita linguagem, possuindo os institutos, as

expressões e os vocábulos que a revelam conceito estabelecido com a passagem do tempo, quer por força de estudos acadêmicos quer, no caso do Direito, pela atuação dos Pretórios. (STF – RE148304, 2ª turma,

(17)

Integração da Legislação

• É o processo de preencher as lacunas da lei; quando

determinada situação não foi contemplada pela norma jurídica, tem-se a chamada lacuna da lei, ou vácuo legal.

• Como apreciar um caso concreto ou dar o devido tratamento

tributário, se não houver lei específica para aquele caso? A resposta virá através do processo de integração da norma.

• Não se confunde com interpretação porque esta busca o

conteúdo e o alcance da norma, logo, pressupõe a existência da norma a ser interpretada; já a integração, que visa preencher a lacuna da lei, tem como pressuposto exatamente a inexistência da lei.

(18)

INTEGRAÇÃO

➢ Não há norma regulando o caso → LACUNAS ➢ Art. 108, pela ordem:

a) Analogia (exceto para instituir tributo sem Lei); b) Princípios Gerais do Direito Tributário;

c) Princípios Gerais de Direito Público;

(19)

”Hierarquia” do art. 108 CTN

➢ Impõe o artigo, uma ordem na utilização dos meios ou

instrumentos de integração, que devem ser utilizados, sucessivamente naquela ordem.

➢ Técnica de recurso mais específico antes do geral ➢ Técnica de respeito ao Princípio da Legalidade

(20)

Integração – prescrição no CTN

2. Em relação ao termo ad quem da prescrição para a cobrança de créditos tributários, a Primeira Seção, ao julgar o recurso representativo da controvérsia REsp. n. 1.120.295/SP (Primeira Seção, Rel. Min. Luiz Fux, DJe de 21.5.2010) estabeleceu que a prescrição para a cobrança do crédito tributário se interrompe pelo despacho do juiz que ordenar a citação em execução fiscal (redação dada pela Lei Complementar n. 118/2005) ou pela citação pessoal feita ao devedor (redação original do CTN), retroagindo à data da propositura da ação (art. 219, §1º, do CPC). 3. Muito embora o CTN no seu art. 174, a exemplo do CPC, eleja expressamente o suporte fático hipotético para haver a interrupção do prazo prescricional (citação ou despacho), ele é omisso em relação ao momento da produção de seus efeitos, pois não estabelece uma data para tal. Essa data, seja por emprego da analogia, por emprego da equidade ou dos princípios gerais de Direito Público (fórmula prevista no art. 108, I, III e IV, do próprio CTN) pode e deve ser buscada no CPC que estabelece expressamente em seu art. 219, §1º, como sendo "a data da propositura da ação". Sendo assim, não há equívoco ou conflito normativo algum em interpretar-se o art. 174, do CTN, em combinação com o art. 219, §1º, do CPC. (REsp 1282955/RS, Rel. Min. MAURO CAMPBELL MARQUES, 2ª t, j. em 19/02/2013, DJe 26/02/2013)

(21)

A N A L O G I A

➢ É a integração da lei por meio da comparação com normas

similares ou análogos.

➢ A analogia busca suprir as lacunas da lei, tentando regular, de

maneira semelhante, os fatos semelhantes.

No direito tributário a analogia poderá ser utilizada “in

favorem”, ou seja, jamais em relação aos elementos constitutivos da obrigação tributária, componentes taxativos da lei.

(22)

A N A L O G I A

(...). Não se pode confundir analogia com interpretação analógica ou extensiva. A analogia é técnica de integração, vale dizer, recurso de que se vale o operador do direito diante de uma lacuna no ordenamento jurídico. Já a interpretação, seja ela extensiva ou analógica, objetiva desvendar o sentido e o alcance da norma para então definir-lhe, com certeza, a sua extensão. A norma existe, sendo o método interpretativo necessário, apenas, para precisar-lhe os contornos.. (...)

(23)

Responsabilidade, Sucessão

e Bens Móveis

Art. 131. São pessoalmente responsáveis:

I - o adquirente ou remitente, pelos tributos relativos aos bens adquiridos ou remidos;

➢ Não se aplica aos Bens Imóveis, que já foram tratados no

art. 130.

➢ No caso de bens móveis, não há qualquer excludente de

(24)

Responsabilidade, Sucessão,

Leilão e Bem Móvel

“TRIBUTÁRIO ARREMATAÇÃO JUDICIAL DE VEÍCULO DÉBITO DE IPVA -RESPONSABILIDADE TRIBUTÁRIA - CTN, ART. 130, PARÁGRAFO ÚNICO. 1. A arrematação de bem em hasta pública é considerada como aquisição originária, inexistindo relação jurídica entre o arrematante e o anterior proprietário do bem. 2. Os débitos anteriores à arrematação subrogam-se no preço da hasta. Aplicação do artigo 130, § único do CTN, em interpretação que se estende aos bens móveis e semoventes.” (REsp 807455)

“- O credor que arremata veículo em relação ao qual pendia débito de IPVA não responde pelo tributo em atraso. O crédito proveniente do IPVA subroga-se no preço pago pelo arrematante. Alcance do Art. 130, parágrafo único, do CTN).” (Resp 905208)

(25)

Mas o uso da Integração Não Pode Resultar

em Exigência de Tributo Não Previsto em Lei

TRIBUTÁRIO. ISS. INEXIGIBILIDADE. CONSTRUÇÃO SOB O REGIME DE CONTRATAÇÃO DIRETA ENTRE OS ADQUIRENTES DAS UNIDADES AUTÔNOMAS E O CONSTRUTOR/INCORPORADOR (PROPRIETÁRIO DO TERRENO). ATIVIDADE QUE NÃO SE CARACTERIZA COMO PRESTAÇÃO DE SERVIÇO. (…)

1. Na construção pelo regime de contratação direta, há um contrato de promessa de compra e venda firmado entre o construtor/incorporador (que é o proprietário do terreno) e o adquirente de cada unidade autônoma. Nessa modalidade, não há prestação de serviço, pois o que se contrata é "a entrega da unidade a prazo e preços certos, determinados ou determináveis" (art. 43 da Lei 4.591/64). Assim, descaracterizada a prestação de serviço, não há falar em incidência de ISS.

2. Ademais, a lista de serviços sujeitos ao ISS é taxativa, não obstante admita interpretação extensiva. Além disso, é vedada a exigência de tributo não previsto em lei através do emprego da

analogia (art. 108, parágrafo único, do CTN). Desse modo, se a previsão legal é apenas em relação à

execução de obra de engenharia por administração, por empreitada ou subempreitada, não é possível equiparar a empreitada à incorporação por contratação direta, para fins de incidência do ISS, como entendeu o acórdão embargado. (REsp 1263039, DJe 19/09/2011)

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A N A L O G I A

(...) 6. A analogia instituidora de tributo é vedada pelo art. 108, § 1º, do CTN, o que ocorreria in casu se admitido o enquadramento das atividades sub judice na hipótese de incidência do ICMS. 7. Ubi eadem ratio ibi eadem

dispositio, por isso que eventual analogia é apenas instrumento de

integração da legislação tributária, consoante dispõe o art. 108, § 1º do CTN, razão pela qual só deve ser utilizada para preencher as lacunas da norma jurídica. In casu, a analogia restou utilizada para inclusão dos serviços suplementares ao serviço de comunicação no âmbito de incidência do ICMS, invadindo, inexoravelmente, o terreno do princípio da legalidade ou da reserva legal que, em sede de direito tributário, preconiza que o tributo só pode ser criado ou aumentado por lei. (...) (STJ – REsp 760230, rel. Min. Luiz Fux, j. em 27.5.2009)

(27)

INTEGRAÇÃO

Art. 109. Os princípios gerais de direito privado utilizam-se para pesquisa da definição, do conteúdo e do alcance de seus institutos, conceitos e formas, mas não para definição dos respectivos efeitos tributários.

(28)

INTEGRAÇÃO

Art. 110. A lei tributária não pode alterar a definição, o conteúdo e o alcance de institutos, conceitos e formas de direito privado, utilizados, expressa ou implicitamente, pela Constituição Federal, pelas Constituições dos Estados, ou pelas Leis Orgânicas do Distrito Federal ou dos Municípios, para definir ou limitar competências tributárias.

(29)

INTEGRAÇÃO

Utilização do Direito Privado

• Manutenção dos sentidos e conceitos privados • Impossibilidade de mudança pela lei tributária

• emprego dos conceitos na concepção constitucional dos tributos

(30)

STF – Informativo 408: Concluído julgamento de uma série de recursos

extraordinários em que se questionava a constitucionalidade das alterações promovidas pela Lei 9.718/98, que ampliou a base de cálculo da COFINS e do PIS, cujo art. 3º, § 1º, define o conceito de faturamento. O Tribunal (...) deu-lhes provimento para declarar a inconstitucionalidade do § 1º do art. 3º da Lei 9.718/98. Entendeu-se que esse dispositivo, ao ampliar o conceito de receita

bruta para toda e qualquer receita, violou a noção de faturamento pressuposta no art. 195, I, b, da CF, na sua redação original, que equivaleria ao de receita bruta das vendas de mercadorias, de mercadorias e serviços e de serviços de qualquer natureza, conforme reiterada jurisprudência do STF. Ressaltou-se

que, a despeito de a norma constante do texto atual do art. 195, I, b, da CF, na redação dada pela EC 20/98, ser conciliável com o disposto no art. 3º, do § 1º da Lei 9.718/97, não haveria se falar em convalidação nem recepção deste, já que eivado de nulidade original insanável, decorrente de sua frontal incompatibilidade com o texto constitucional vigente no momento de sua

(31)

Locação é Obrigação

de Dar e Não de Fazer

TRIBUTO – FIGURINO CONSTITUCIONAL. A supremacia da Carta Federal é conducente a glosar-se a cobrança de tributo discrepante daqueles nela previstos. IMPOSTO SOBRE SERVIÇOS – CONTRATO DE LOCAÇÃO. A terminologia constitucional do Imposto sobre Serviços revela o objeto da tributação. Conflita com a Lei Maior dispositivo que imponha o tributo considerado contrato de locação de bem móvel. Em Direito, os institutos, as expressões e os vocábulos têm sentido próprio, descabendo confundir a locação de serviços com a de móveis, práticas diversas regidas pelo Código Civil, cujas definições são de observância inafastável - artigo 110 do Código Tributário Nacional.

(STF - AI 623226 AgR, Rel. Min. MARCO AURÉLIO, 1ª t, j. em 01/02/2011, DJe 11/03/2011)

(32)

Locação é Obrigação

de Dar e Não de Fazer

IMPOSTO SOBRE SERVIÇOS (ISS) – Locação de veículo automotor – Inadmissibilidade, em tal hipótese, da incidência desse tributo municipal – Distinção necessária entre Locação de Bens Móveis e (Obrigação de Dar ou de Entregar) e Prestação de Serviços (Obrigação de Fazer) – Impossibilidade de a Legislação Tributária Municipal alterar a definição e o alcance de conceitos de direito privado (CTN, ART. 110) – Inconstitucionalidade do item 79 da antiga lista de serviços anexa ao Decreto-Lei nº 406/68 –precedentes do Supremo Tribunal Federal – Recurso Improvido. - Não se revela tributável, mediante ISS, a locação de veículos automotores (que consubstancia obrigação de dar ou de entregar), eis que esse tributo municipal somente pode incidir sobre obrigações de fazer, a cuja matriz conceitual não se ajusta a figura contratual da locação de bens móveis. Precedentes (STF). Doutrina. (RE 446003 AgR, Rel.: Min. CELSO DE MELLO, Segunda Turma, DJ 04/08/2006)

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Art. 109, CTN: Institutos do Direito Privado

DÍVIDAS TRIBUTÁRIAS DA MATRIZ. PENHORA, PELO SISTEMA BACEN-JUD, DE VALORES DEPOSITADOS EM NOME DAS FILIAIS. (...)

1. No âmbito do direito privado, cujos princípios gerais, à luz do art. 109 do CTN, são informadores para a definição dos institutos de direito tributário, a filial é uma espécie de estabelecimento empresarial, fazendo parte do acervo patrimonial de uma única pessoa jurídica, partilhando dos mesmos sócios, contrato social e firma ou denominação da matriz. Nessa condição, consiste, conforme doutrina majoritária, em uma universalidade de fato, não ostentando personalidade jurídica própria, não sendo sujeito de direitos, tampouco uma pessoa distinta da sociedade empresária. Cuida-se de um instrumento de que se utiliza o empresário ou sócio para exercer suas atividades. (...)

4. A obrigação de que cada estabelecimento se inscreva com número próprio no CNPJ (...), não afastando a unidade patrimonial da empresa, cabendo ressaltar que a inscrição da filial no CNPJ é derivada do CNPJ da matriz.

5. Nessa toada, limitar a satisfação do crédito público, notadamente do crédito tributário, a somente o patrimônio do estabelecimento que participou da situação caracterizada como fato gerador é adotar interpretação absurda e odiosa. Absurda porque não se concilia, por exemplo, com a cobrança dos créditos em uma situação de falência, onde todos os bens da pessoa jurídica (todos os estabelecimentos) são arrecadados para pagamento de todos os credores, (...). Odiosa porque, por princípio, o credor privado não pode ter mais privilégios que o credor público, salvo exceções legalmente expressas e justificáveis.

(34)

Art. 107 CTN. A legislação tributária será interpretada conforme o disposto neste Capítulo.

(35)

Críticas da Doutrina ao CTN

1ª) pretensão do CTN supor que a lei tributária é lei especial ou pelo menos diferente das demais leis dos demais ramos do direito. Isso se depreende do art. 107, CTN, que afirma que a legislação tributária tem regras próprias de interpretação, e essas regras são aquelas estabelecidas no próprio CTN.

A lei tributária é norma jurídica como outra qualquer, estabelece regras de conduta como qualquer outra lei, e, portanto, deve ser interpretada exatamente como qualquer outra lei.

2ª) Ao fixar normas de interpretação o Código tenta impor regras em algo que é essencialmente subjetivo, e como tal, não admite esse excesso de regulamentação.

o resultado da interpretação depende essencialmente das experiências já vividas pelo intérprete, da sua cultura, grau de informação que ele possui, origem social.

(36)

Exemplo de Interp. Autêntica?

• Art. 3º e 4º da Lei Complementar 118/05 → Acaba com a tese

dos 5 + 5, na repetição do indébito tributário.

Art. 3º Para efeito de interpretação do inciso I do art. 168 da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 – Código Tributário Nacional, a extinção do crédito tributário ocorre, no caso de tributo sujeito a lançamento por homologação, no momento do pagamento antecipado de que trata o § 1º do art. 150 da referida Lei.

Art. 4º Esta Lei entra em vigor 120 (cento e vinte) dias após sua publicação, observado, quanto ao art. 3º, o disposto no art. 106, inciso I, da Lei nº 5.172, de 25 de outubro de 1966 – Código Tributário Nacional.

(37)

Aplicação da Legislação Retroatividade da Lei Tributária:

A lei aplica-se a ato ou fato pretérito:

a) Em qualquer caso, quando seja expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade à infração dos dispositivos interpretados. (CTN, art. 106, I).

(38)

DIREITO TRIBUTÁRIO – LEI INTERPRETATIVA – APLICAÇÃO RETROATIVA DA LEI COMPLEMENTAR Nº 118/2005 – DESCABIMENTO – VIOLAÇÃO À SEGURANÇA JURÍDICA – (...) Quando do advento da LC 118/05, estava consolidada a orientação da Primeira Seção do STJ no sentido de que, para os tributos sujeitos a lançamento por homologação, o prazo para repetição (...) A LC 118/05, embora tenha se auto-proclamado

interpretativa, implicou inovação normativa, tendo reduzido o

prazo de 10 anos contados do fato gerador para 5 anos contados do pagamento indevido. Lei supostamente interpretativa que, em verdade, inova no mundo jurídico deve ser considerada como lei nova.

(39)

Inocorrência de violação à autonomia e independência dos Poderes, porquanto a lei expressamente interpretativa também se

submete, como qualquer outra, ao controle judicial quanto à sua

natureza, validade e aplicação. A aplicação retroativa de novo e reduzido prazo para a repetição ou compensação de indébito tributário estipulado por lei nova, fulminando, de imediato, pretensões deduzidas tempestivamente à luz do prazo então aplicável, bem como a aplicação imediata às pretensões pendentes de ajuizamento quando da publicação da lei, sem resguardo de nenhuma regra de transição, implicam ofensa ao princípio da

segurança jurídica em seus conteúdos de proteção da confiança e de garantia do acesso à Justiça. (STF – RE 566.621, Pleno, Rel.

(40)

HERMENÊUTICA

INTERPRETAÇÃO ECONÔMICA

O fato gerador é um fato econômico de

relevância jurídica (escola alemã);

O art. 118 do CTN é norma de

interpretação? Princípio do non olet.

(41)

HERMENÊUTICA - CLASSIFICAÇÕES

Quanto à fonte:

Autêntica

(próprio legislador)

Doutrinária

(estudos acadêmicos)

Judicial

(jurisprudência dos tribunais)

Administrativa (aplicação

e

contencioso

adm.)

(42)

Classificação da Interpretação Quanto à Fonte Interpretação Quanto à Fonte Administrativa Jurisprudencial Doutrinária Autêntica

É aquela que é feita pelo Próprio Órgão que elaborou

a lei a ser interpretada

É a interpretação feita pelos Estudiosos do Direito. Não Vincula, mas orienta os Juízes

É aquela que se cria através de entendimentos reiterados

Dos Tribunais

É aquela que é criada pela Administração Pública quando

(43)

HERMENÊUTICA - CLASSIFICAÇÕES

Quanto ao resultado (ou efeitos):

puramente declaratória

Extensiva

(o legislador disse menos ?)

Restritiva

(o legislador disse mais ?)

(44)

Classificação da Interpretação

Quanto ao Resultado

Extensivo é o resultado da interpretação que conclui que a lei disse menos do que deveria ter dito.

Exemplo: Art. 150, IV, CF – Vedação ao Confisco para tributos, mas o STF interpretou-o ampliando também para multas.

Restritivo é o resultado da interpretação que conclui que a lei disse mais do que deveria ter dito.

• Exemplo: Art. 195, § 6º CF – Noventena para Contribuições Sociais (instituição/modificação); STF interpretou-o restringindo a necessidade de se observar apenas daquele tributo.

Declaratório é o resultado de interpretação ideal para o direito, porque conclui que a lei não disse nem mais, nem menos do que deveria ter dito.

(45)

HERMENÊUTICA - CLASSIFICAÇÕES

→ Quanto aos critérios:

A doutrina tem aconselhado vários métodos de interpretação. Entre outros, são mais citados:

• gramatical • lógico • histórico • teleológico • sistemático • econômico ou funcional

(46)

Interpretação do que

seja Veículo Automotor

• Segundo o CTN, o fato gerador do IPVA é a propriedade

de veículo automotor.

• E o que é veículo automotor? Segundo Aurélio Buarque

de Holanda:

• Veículo. 1. Qualquer dos meios utilizados para transportar ou conduzir pessoas, objetos, etc., de um lugar para outro, especialmente os construídos pelo homem ou dotados de mecanismo; meio de transporte; transporte.

• Automotivo. 1. Dotado de mecanismo ou sistema

autopropulsionado. 2. De, relativo a, ou referente a veículos ou máquinas autopropulsionadas (como, p. ex. aviões, automóveis, barcos a motor, etc.)

(47)

Jurisprudência do STF

• Diante dos conceitos apresentados (e da ausência de normas gerais, como dito), alguns Estados como RJ, SP, MS e AM, tentaram incluir no campo de incidência do IPVA, a propriedade de aeronaves e embarcações.

• No entanto, o STF decidiu da seguinte forma:

• “IPVA – Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (CF, art. 155, III; CF 69, art. 23, III e § 13, CF EC 27/85): campo de incidência que não inclui embarcações e aeronaves.” RE 134.509/AM (no mesmo sentido, RE 255.111)

(48)

INTERPRETAÇÃO DA LEGISLAÇÃO

CTN não esgota → indica algumas normas

Interpretação literal

• isenções

• Hipóteses de suspensão e exclusão do crédito • Dispensa das obrigações acessórias

(49)

O art. 111 CTN – Exceção

• O que é regra se presume

• A exceção deverá estar expressa em lei

• Assim, para casos de suspensão, exclusão de credito tributário, isenção, dispensa de obrigação acessória, a interpretação deverá

(50)

Interpretação Literal

TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL. PIS E COFINS. LEIS 10.637/2002 E 10.833/2003. REGIME DA NÃO CUMULATIVIDADE. DESPESAS DE FRETE. TRANSFERÊNCIA INTERNA DE MERCADORIAS ENTRE ESTABELECIMENTOS DA MESMA EMPRESA. CREDITAMENTO. IMPOSSIBILIDADE. INTERPRETAÇÃO LITERAL.

1. Consoante decidiu esta Turma, "as despesas de frete somente geram crédito quando relacionadas à operação de venda e, ainda assim, desde que sejam suportadas pelo contribuinte vendedor". Precedente. (…)

3. A norma que concede benefício fiscal somente pode ser prevista em lei

específica, devendo ser interpretada literalmente, nos termos do art. 111 do CTN, não se admitindo sua concessão por interpretação extensiva, tampouco analógica. Precedentes.

(51)

O art. 111 CTN – Exceção

SÚMULA 95 STJ - A redução da alíquota do imposto sobre produtos industrializados ou do imposto de importação não implica redução do ICMS.

(52)

O art. 111 CTN – Exceção

As isenções devem ser legalmente autorizadas pelo mesmo ente tributante dotado de competência para instituir a exação, sujeitando-se a lei isentiva a interpretação literal, consoante o disposto no artigo 111, II, do CTN. 6. A norma integrativa da legislação reguladora do Imposto de Renda, dotada de força para excluir do seu campo de incidência a disponibilidade econômica decorrente de determinados comportamentos ou mesmo a renda auferida por uma categoria de contribuintes (norma isentiva) não pode ser automaticamente estendida a tributo diverso, definido por regra matriz própria e regido por um conjunto específico de comandos normativos. (STF – AI 767141, rel. Min. Luiz Fux, j. 3.4.2102)

(53)

O art. 111 CTN – Exceção

Consoante proclamou esta Segunda Turma do STJ, ao julgar o REsp 1.039.325/PR, sob a relatoria do Ministro Herman Benjamin (DJe 13.3.2009), o fato de as empresas optantes pelo SIMPLES poderem pagar de forma simplificada os tributos listados no art. 3º, § 1º, da Lei 9.317/96 não induz à conclusão de que não se sujeitam a nenhum tributo posteriormente instituído. As isenções só podem ser concedidas mediante lei específica, que regule exclusivamente a matéria ou o correspondente tributo (art. 150, § 6º, da Constituição da República). A interpretação extensiva da lei de isenção, para atingir tributos futuramente criados, não se coaduna com o sistema tributário brasileiro. O art. 3º, § 4º, da Lei 9.317/96 deve ser interpretado de forma sistemática com o disposto no art. 150, § 6º, da Constituição e no art. 111 do CTN. (...) (STJ – AgRg no Resp 1434314,

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O art. 111 CTN – Exceção

Nos autos do REsp n. 1.196.500/MT, julgado em 2.12.2010, esta Turma entendeu que a cegueira prevista no art. 6º, XIV, da Lei n. 7.713/88 inclui tanto a binocular quanto a monocular. Tal entendimento é permitido pelo art. 111, II, do CTN, eis que a literalidade da legislação tributária não veda a interpretação extensiva. Assim, havendo norma isentiva sobre a cegueira, conclui-se que o legislador não a limitou à cegueira binocular. No caso dos autos, contudo, a isenção concedida na origem não se arrimou em interpretação extensiva com base na literalidade da lei; antes, o Tribunal de origem laborou em interpretação analógica, o que não é permitido na legislação tributária para a hipótese. A cegueira é moléstia prevista na norma isentiva; a surdez não.

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O art. 111 CTN – Exceção

2. A Primeira Seção desta Corte, quando do julgamento do REsp n. 1.116.620/BA, de relatoria do Ministro Luiz Fux, na sistemática do art. 543-C, do CPC, pacificou entendimento no sentido de que o rol de moléstias passíveis de isenção de imposto de renda previstas no inciso XIV do art. 6º da Lei n. 7.713/88 é taxativo (numerus clausus), vale dizer, restringe a concessão de isenção às situações nele enumeradas.

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O art. 111 CTN – Exceção

3. O Poder Judiciário não pode substituir a vontade do legislador para conceder isenção onde a lei não prevê, sobretudo porque o art. 111 do CTN somente permite a interpretação literal de normas concessivas de isenção. Não se pode considerar que a omissão do legislador em incluir a surdez no rol do art. 6º, XIV, da Lei n. 7.713/88 tenha sido em razão de falha ou esquecimento e, ainda que esse fosse o caso, não poderia o julgador estender o benefício fiscal à hipótese não contemplada pela norma. Assim, o acórdão recorrido merece reforma, eis que, laborando em interpretação analógica, equiparou a deficiência auditiva do contribuinte à cegueira, sendo que somente a última encontra-se no rol do referido dispositivo legal. (STJ – REsp 1013600, rel. Min. Mauro Campbell Marques, j. em 10.5.2011, Dje 8.6.2012)

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INTERPRETAÇÃO DA LEGISLAÇÃO

In dubio, contra fiscum (Art. 112 CTN)

• Normas tributárias penais infrações • Somente em caso de dúvida sanções

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Interpretação Benéfica

ao Infrator

5. O art. 112 do CTN, que preconiza que a legislação tributária que comine sanção ao contribuinte deve ser interpretada de forma mais favorável ao acusado, conforme hipóteses ali previstas, é aplicável "em caso de dúvida", o que não ocorreu na espécie, haja vista o convencimento do magistrado a quo acerca da serventia e suficiência de documentos que comprovam a remessa de quantias à conta bancária mantida pela contribuinte no exterior, considerando que restou incontroversa nos autos a ocorrência de acréscimo patrimonial a descoberto.

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Interpretação Benéfica ao Infrator

Ao contrário do que afirma a recorrida, não se trata de questão de fato apenas, ou de reexame de provas, mas de possível violação ao art. 112 do CTN, haja vista as provas emprestadas aos autos que lograram êxito na esfera administrativa, havendo de se aferir o real alcance ou interpretação do direito à espécie.(...) No caso, a oscilação administrativa na conclusão da participação da recorrente em eventual esquema de utilização de notas frias para fins de credenciamento indevido de IPI e ICMS lança dúvida quanto à autoria do fato (art. 112, III do CTN). Com efeito, desde a apuração no âmbito federal, têm assinalado os órgãos de controle superiores que o Fisco não conseguiu demonstrar que a recorrente, participara dos possíveis ilícitos fiscais cometidos na cadeia negocial anterior. (...) O comerciante de boa-fé que adquire mercadoria, cuja nota fiscal (emitida pela empresa vendedora) posteriormente seja declarada inidônea, pode engendrar o aproveitamento do crédito do ICMS pelo princípio da não cumulatividade, uma vez demonstrada a veracidade da compra e venda efetuada, porquanto o ato declaratório da inidoneidade somente produz efeitos a partir de sua publicação. REsp 1215222 / SP, DJe 11/11/2011.

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Referências

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