CULTURA DO CAQUIZEIRO
Diospyrus kaki
Itaqui 2017
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PAMPA CAMPUS ITAQUI
AGRONOMIA FRUTICULTURA II
FIGURA 1 – ORIGEM DO CAQUI.
BRASIL 1890
Família das Ebenaceas
Originário da Ásia - Cultivada principalmente na China e Japão.
Origem do Caquizeiro
O caquizeiro foi trazido em 1890 em São Paulo
Mas só se expandiu em1920, com a chegada de fruticultores japoneses. Hoje - Sudeste e Sul (maior produtor SP)
Fonte: FAO
Caquizeiro - Produção
Produção mundial de caqui: 3,3 milhões de toneladas China (1.387mil t.), Japão, Coréia do Sul, Brasil
Brasil ocupa o quarto lugar produzindo cerca de 160 mil toneladas. Região Sul e Sudeste
SP, RS, PR, MG
- SP 80%, cultivar Taubaté, Rama Forte e Fuyu - RS: Caxias, Bento Gonçalves e Farroupilha: Fuyu
Últimos anos: Procura maior porcaqui não taninoso Porquê?
Entre as frutíferas de clima subtropical, é mais adaptada ao RS Caqui não taninoso: Mercado mais distante e melhor preço Colheita: Fevereiro a junho (março/abril)
Adaptada a exploração nas pequenas propriedades Boa produtividade, rústica (pragas e doenças)
Produção: a partir do 3° e 4 ° ano, estabilizando no 15° ano Pode produzir até 40 anos
Pouco uso de Agrotóxicos Produtiva e rústica
Época de produção
Aumento na preferência dos caquis doces Baixa conservação
Caqui ‘doce’ é considerado ‘verde’
Utilizado principalmente como fruta de mesa, para consumo fresco. Também pode ser processado (passa de caqui e vinagre).
O caqui é rico em amido, pectina, açúcares e vitaminas A, B1, B2 e C. É considerado alcalinizante, antioxidante, estomáquico, fortificante,
laxante e nutritivo.
Apresenta também, em sua composição, cálcio, ferro e proteínas.
Caquizeiro – Importância nutricional
Classificação Botânica
Ordem Ericales Família Ebanaceae
Gênero Diospyros (20 espécies) Diospyros kaki (caqui comum):
Dios=Deus, pyrus=Alimento; Kaki= amarelo escuro
Diospyros virginiana (caqui americano: P.E. e madeira) Diospyros lotus (P.E.)
Diospyros ebenaster (denominada ébano: silvicultura) Diospyros inconstans (marmelinho arborização)
Características da planta
Planta perene, arbórea Até 12 metros
Copa arredondada e ramificada
Crescimento lento (Maturidade: 7-8 anos, máxima produtividade)
Muda enxertada: Boa produção a partir do 3° e 4° ano
Características da planta
Espécie de clima subtropical. Planta caducifólia (inverno).
Necessidade de frio hibernal (dormência):
As cultivares de menor exigência em frio (Taubaté, Rama-Forte e Giombo), precisam de 200 horas abaixo de 7,2°C
Já o caqui Fuyu, Jirô, Kakimel e Kioto, precisa de 600 horas de frio.
A maioria das variedades tem tendência para a produção de frutos partenocárpicos.
Características da planta
FOLHAS
Hábito Caducifólio
Folhas
alternadas,
com
coloração verde-brilhante
GEMAS
São axilares e em geral a gema
vegetativa
é
alongada
e
aguda.
A gema frutífera é mais curta
e larga.
Broto terminal e 2 ou 3 gemas
sucessivas contém as gemas
florais.
Características da planta - Flores
Surgem logo após a brotação – Ramos do ano Flores branco-amareladas, (surgem na primavera) Flores masculinas (em cacho, 3 a 5 flores)
Flores femininas (solitárias)
Hermafroditas (raras), associada a flores masculinas
Cultivares comerciais: maioria apenas com flores femininas (comportamento dióico).
Fuyu: flores femininas Plantas de pé-franco
Primeiros anos produz flores masculinas; Posteriormente algumas flores femininas
Flores masculinas (em cachos de três
flores).
Flores femininas (isoladas).
Flor de caquizeiro.
Características da planta - Frutas
Frutificação em ramos do ano
Tendência de produzir frutos partenocárpicos Sem semente
Frutos com formato esférico, levemente achatados, cor amarelo-alaranjado a vermelho, 250 a 500g
Cor da polpa variada (semente)
Polpa clara sem sementes (não polinizados)
Fenologia do
caquizeiro
Polinização
Dispensável na maioria das cultivares
Fuyu sem polinização: 50% de queda de frutos
Ex. Polinizadoras para a cv. Fuyu: IAC-5 e Zendimaro Plantas polinizadoras devem florescer na mesma época Abelha polinizador
Polinização em pomares a serem implantados
Proporção 1:6
Polinização em pomares já estabelecidos
Polinização
Pomares instalados: Sobreenxertia em cada planta
Queda de frutas
Queda de frutos Setembro/outubro Dezembro/janeiro
Frutos apirenos: maior abortamento
de frutos em algumas cultivares.
Pouca luz ou sombreados: maior queda Anelamento reduz a queda
Fonte: Martins & Pereira (1989)
Tipos de cultivares – quanto a concentração de
tanino
Fonte: F.P. Martins
Taninosos (Sibugaki)
Cultivares
Variedade Taubaté Plantas vigorosas Bastante produtivas Frutos grandes (180g), globosos e boa aparência Colheita: março a abril
Precisa escoramento de ramos
Tendência de amolecimento rápido e rachamento dos frutos após a destanização
Frutos de ‘Taubaté’.
Fonte: Martins & Pereira (1989)
Fonte: F.P. Martins
Taninoso (Sibugaki)
Cultivares
Variedade Pomelo (IAC 6-22) Plantas vigorosas
Bastante produtivas Planta monóica
Frutos grandes (160g)
Globosos e sabor agradável
Inconveniente: Muitas sementes Maturação mais precoce
Não Taninoso (Amagaki)
Variedade Fuyu
Plantas de porte médio Boa produção
Fruto: 230g
Precisa polinizadora
Frutos grandes, globosos-achatados Polpa crocante
Excelente qualidade Colheita: abril/maio
Boa conservação pós-colheita Ideal para exportação
Frutos de ‘Fuyu’.
Fonte: Martins & Pereira (1989)Fonte: F.P. Martins
Não Taninoso (Amagaki)
Variedade Fuyuhana
Plantas bastante produtivas Vigorosas
Frutos de tamanho médio (130g), globosos Polpa firme de sabor agradável
Fonte: F.P. Martins
Variável – taninoso ou não taninoso
Polpa amarela ou polpa escura
Polpa adstringente ou polpa sem adstringência
> n. de sementes: sementes liberam fenóis que insolubilizam o tanino (chamado caqui chocolate)
Ex. Rama Forte, Giombo
Fonte: F.P. Martins Variedade Rama Forte:
Muito usada da região Sudeste Planta vigorosa
Bastante produtiva
Frutos de tamanho médio (130g), achatado Colheita: março a maio
Polpa mole, taninoso
Consistente após a destanização
Cultivares
Fonte: F.P. Martins
Figura 5 – Frutos de ‘Rama Forte’.
Cultivares
Fonte: F.P. Martins Variedade Giombo
Conhecida como ‘Chocolate’ Planta vigorosa
Copa fechada
Muito produtiva: 150kg/planta Maturação tardia
Frutos (180g), formato oval Polpa crocante
Polpa possui muito tanino quando os frutos não tem sementes
Polpa firme quando destanizados
Pela pouca exigência em frio pode ser cultivado em regiões de inverno ameno
Cultivares
Variedade Kioto
Planta tem vigor médio
Boa produtividade, de 40 a 60 t/ha em pomares bem conduzidos.
Cultivar selecionada por agricultores no Estado do Rio Grande do Sul.
Plantas são monóicas (auto-fértil). Tem polpa escura e doce,
Fruto em formato arredondado um pouco alongados.
O tamanho é médio180 a 240g. A colheita inicia junto com o Fuyu.
Cultivares
Fonte: F.P. Martins
Caqui ‘Chocolate’ - Detalhe do caqui Sibugaki (sempre taninoso) e VariávelCor em função da semente
Cultivares
Adapta-se bem a diferentes tipos de clima e solo Ventos fortes são prejudiciais
Caducifólia/Período de repouso Frio para quebra de dormência
Rama Taubaté, Rama Forte e Giombo 100h Fuyu e Kioto 300h
Vale do São Francisco potencial agronômico e econômico.
indução da floração pode ser feita em qualquer mês do ano, com flores abundantes e elevado pegamento de frutos, sendo necessário realizar o raleio.
período de colheita poderá ser direcionado para os meses de baixa oferta de caquis no mercado melhores preços para os produtores.
Solo com boa drenagem, profundo Adaptação ao solo: P.E.
Profundo, Bem drenado,
Semente
Rebentões ( das raízes) (D. virginiana)
Estacas
Enxertia*
Propagação
Diospyrus kaki (caqui comum ou asiático): Semente Ex: Giombo e chocolate
Sistema radicular pivotante Não tolera solos rasos e úmidos Plantas de porte mais baixo
Diospyrus virginiana (caqui americano): Rebentos da raiz Sistema radicular superficial
Melhor adaptação em solos rasos e úmidos Maior teor de açúcar
Alto perfilhamento (emissão de rebentos)
Semeadura para obtenção dos P. E. Frutos maduros
Sementes lavadas e extração da mucilagem
Recomenda-se semeadura imediata e 2 sementes por recipiente Germinação: 30 dias após semeadura
Desbaste após a germinação
Propagação - enxertia
Propagação - enxertia
Formação da muda Enxertia
Enxertia de garfagem tipo fenda cheia
Enxertia borbulhia em T no período vegetativo Eliminar brotações do PE
Figura 7 – Produção de mudas por garfagem em fenda cheia.
Fonte: F.P. Martins
Figura 8 – Produção de mudas por borbulhia.
Fonte: F.P. Martins
Plantio
Espaçamento
Variedades vigorosas (Taubaté, Giombo) 8 x 7 m; 7 x 7 m e 7 x 6 m
Variedades menos vigorosas (Fuyu) 7 x 6 m; 6 x 6 m e 6 x 5 m
4 a 5 m entre filas (RS) 3 a 4 m entre plantas (RS)
Cuidados após o plantio
Amarrar uma estaca junto a muda, deixando até a muda pegar e fixar bem na terra.
Eliminar ramos ladrões ou arqueá-los se necessário. Controlar as formigas. Cuidado com as lebres.
Retirar os frutos que se formarem no 1º. ano.
Manter uma área (coroa) sem vegetação e roçar sempre que crescer demais.
Cuidados após o plantio
Se a vegetação for muito rala, plantar no outono/inverno: pastagens - aveia, azevém, ervilhaca.
Não usar grade para "limpar" o pomar.
No primeiro e segundo ano, poderão ser plantadas algumas culturas nas entrelinhas, como feijão, milho, melão, melância.
Para semear pastagens nos outros anos é só distribuir as sementes nas entrelinhas, sem precisar incorporar.
Adubação
Realizar análise de solo.
No mínimo 3 meses antes do plantio.
Aplicar primeiro calcário. Não se aplica junto com adubo. Depois aplicar o adubo recomendado, mas antes do plantio.
Lembrar sempre que: Qualquer que seja o adubo, se entrar em contato com as raízes, poderá queimá-las e provocar a morte da muda.
30-50 cm 1/3 40 inverno 30inverno 50inverno 10 inverno 20inverno Arqueamento
Poda de formação
Muda de haste única: desenvolver 3-4 pernadas, 50-70 cm Pernadas: encurtadas no inverno seguinte e arqueadas a 30°
Próximos anos: encurtamento e desbaste de ramos (luz, ramos sobrepostos)
Poda de Frutificação
Frutificação: Ramos mistos do ano.
Ramos mistos do ano são formados a partir da brotação de gemas terminais dos ramos do ano anterior.
Geralmente se formam 2 ou 3 ramos mistos do ano por ramo do ano anterior.
Poda: desbaste de ramos supérfluos, mal situados, doentes e secos, não fazer encurtamento de ramos. Ramos vegetativos Ramos Reprodutivos DESPONTE, pode ser feito?
Escoramento de ramos em produção
Ramos não tem resistência e se quebram com facilidade Plantas adultas com grande produção
Ramos mais abertos e carregados
Realizar quando os frutos estiverem com tamanho pequeno Ex. Cv. Rama Forte
Figura 9 – Ramo de ‘Rama Forte’ sem escoramento (esquerda), planta
com escoramento (direita).
Fonte: F.P. MartinsSuperação de dormência
Antecipação da safra: Antes do início da safra
Uniformizar e antecipar a brotação (áreas não sujeitas a geadas): Antecipação da safra.
Produto:
Cianamida Hidrogenada
30 a 45 dias antes da brotação Horas de frio insuficiente
Após a queda natural, se necessário.
Melhorar a qualidade dos frutos (tamanho e coloração). Evitar quebra de ramos.
Frutos devem ficar distanciados para que não se toquem Ex. Cv. Pomelo e Fuyu (alternância de produção).
Desbaste de 50% quando muita carga.
Ex. Cultivares com frutificação em abundância e sem queda natural.
Raleio
Giberelina
Retarda maturação dos frutos em 30 dias
Aplicação na planta (30 dias antes da colheita) ou após a colheita
O AG3 atua inibindo a ação de clorofilases e inibindo a produção de etileno.
Retardamento da safra
FERRI et al., 2004 Colheita
Fonte: F.P. Martins
Ensacamento dos frutos
Frutos de melhor qualidadeDoenças
Cercosporiose ou Mancha das folhas (Cercospora kaki)
Lesões irregulares, de tamanho variável Queda prematura das folhas
Tratamento de inverno
Aplicação de calda sulfocálcica, em tratamento de inverno, a 32°Baumé na diluição 1:8.
No inicio da frutificação é recomendada de 3 a 4 aplicações de calda bordalesa.
Doenças
Antracnose (Colletotrichum gloeosporioides)
Infecta folhas, ramos e frutos
Em folhas manchas concêntricas – queda prematura
Em frutos e ramos, lesões escuras e deprimidas no centro Frutos sem valor comercial
Controle:
Controlar insetos, principalmente mosca das frutas.
Evitar ferimentos nos frutos durante a colheita, seleção e embalagem.
Aplicação de calda sulfocálcica durante o inverno e 3 pulverizações de calda bordalesa no período vegetativo com intervalo de 2 semanas.
Podridão das raízes (Rosellinia sp.)
Galha da Coroa (Agrobacterium tumefaciens) Controle preventivo
Evitar o plantio em áreas com histórico da doença.
Utilização de mudas sadias.
Evitar ferimentos e realizar a drenagem do solo.
Eliminação de mudas identificadas com os sintomas da doença.
Doenças
Presença de podridão das raízes e de um micélio branco, cotonoso, que invade a região do câmbio, entre o córtex e a casca.
Fruto com larva da mosca da fruta, Anastrepha spp., Ceratitis capitata.
Pragas
Principalmente Frutos do Grupo Amagaki Ensacamento de frutos (perdendo a cor
verde)
Colheita
Crescimento vegetativo inicial bastante lento 1ª colheita: Mudas enxertadas no 3°ou 4° ano 1 planta adulta: 100 a 150 kg
Colheita
Ponto de Colheita
Frutos passam da coloração esverdeada para amarelo-alaranjada. Destanização
Shibugaki Variável
Destanização
Polimerização das moléculas de tanino destanização Acetaldeído é uma molécula muito reativa
Reage com proteínas que apresentam resíduos de aminoácidos com grupos funcionais como NH2 e SH
Reage com grupamentos fenóis, que são hidroxilas ligadas a anéis aromáticos, presentes, em grande número, em compostos fenólicos, como é o caso dos taninos.
Destanização
Acúmulo de acetaldeído
O acetaldeído é o composto responsável pela polimerização das moléculas de tanino.
Aceleração do amadurecimento
Induzir a produção de etileno destanização
Método usual realizado pelos consumidores de caqui aplicação de vinagre no cálice do fruto.
O ácido acético induz a produção de etileno aumenta acetaldeído e etanol destanização dos frutos.
Destanização
Aplicação de etanol Armazenamento dos frutos em câmaras sob condições que propiciem a evaporação do álcool.
Uma vez absorvido, o etanol acetaldeído, pela ação da enzima álcool desidrogenase destanização.
Caqui Giombo
aplicação de 3,85ml etanol L câmara-1 durante de 24h
temperatura de 20ºC
95% de umidade relativa (UR),
melhor período para consumo dos frutos situou-se entre o 4º e o 8º dia após o tratamento.
Destanização
Aplicação de etanol Caquis 'Rama Forte‘
1,70mL de álcool etílico por kilograma de fruto, 6 e 12h, 25°C e 90% UR.
perda da adstringência e na manutenção da firmeza dos frutos por um período de 8 dias.
Destanização
Armazenamento em ambiente com baixo teor de oxigênio ou alto de
CO2
Induzir a produção de acetaldeído condições de baixos níveis de oxigênio.
O piruvato proveniente da glicólise é descarboxilado, gerando grandes quantidades de acetaldeído e etanol.
Concentrações de CO2 entre 70 e 100%
'Rojo Brilhante‘ 98% de CO2 por 24h remoção da adstringência de mantendo a firmeza dos frutos adequada.
'Rama Forte‘ 70% de CO2 durante 12h.
Elevadas concentrações de dióxido de carbono por um período muito longo formação de manchas escuras tanto na casca quanto na polpa.
Destanização
Polimerização de moléculas de tanino na ausência de acetaldeído.
comum durante o amadurecimento dos frutos, quando ocorre o amolecimento desses.
Devido à atividade das celulases, a parede celular é degradada, formando pectinas solúveis que vão ao citosol podem sofrer interações não covalentes com as moléculas de tanino removendo a adstringência dos frutos