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O PADRÃO RECENTE DA PCT&I BRASILEIRA E AS MÁXIMAS DO INOVACIONISMO

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Academic year: 2021

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O PADRÃO RECENTE DA PCT&I BRASILEIRA E AS MÁXIMAS

DO INOVACIONISMO

Tildo José Furlan Junior1

RESUMO

O objetivo desse artigo é mostrar como o discurso inovacionista emergiu na PCT&I brasileira a partir de meados dos anos 1990 e moldou, desde então, o padrão de atuação desta política. Para isso, este trabalho se divide em dois momentos: em primeiro lugar procura mostrar a ascensão do discurso pró-inovação por meio da construção das máximas do inovacionismo; em segundo lugar, recupera ações da PCT&I brasileira a partir da segunda metade dos anos 1990 que evidenciam como este discurso se materializou de forma contundente nesta política. O artigo traz evidências de que a PCT&I brasileira tem sido orientada pelas ideias contidas nas máximas do inovacionismo e busca contribuir para a construção de uma visão crítica que mostre o papel hegemônico destas ideias e o seu caráter pouco democrático. Palavras-chave: política pública; ciência e tecnologia; inovacionismo; Brasil.

1. INTRODUÇÃO

Este artigo é basicamente dividido em duas partes. Primeiro busca-se resgatar a discussão sobre a emergência do discurso inovacionista na politica científica e tecnológica brasileira principalmente a partir da metade dos anos 1990, mais especificamente, a partir de 1999, quando tem início a política dos Fundos Setoriais. A segunda parte deste trabalho direciona seus esforços na recuperação de uma série de ações da política pública federal brasileira de ciência, tecnologia e inovação (PCT&I) a partir de meados dos anos 1990 até os anos atuais, ou seja, ao longo dos dois mandatos dos presidentes Fernando Henrique Cardoso, Luiz Inácio da Silva e do mandato em vigor da presidente Dilma Rousseff.

A recuperação da discussão sobre a emergência do discurso inovacionista traz a visão de alguns autores que constatam o processo de hegemonização da temática da inovação e da competitividade no discurso dos formuladores da PCT&I brasileira e também na agenda desta política pública. Autores como Eduardo Viotti, Marcos Oliveira e Rafael Dias são fundamentais nessa etapa da argumentação.

Conectado a isso, inicia-se o debate sobre como essa racionalidade pró-inovação toma forma e domina a agenda política. Esse processo se dá por meio da

1 Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) –

tildofurlan@ige.unicamp.br – Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Política Científica e Tecnológica (CAPES 6) do Departamento de Política Científica e Tecnológica (DPCT) da Unicamp e membro do Grupo de Análise de Políticas de Inovação (GAPI/Unicamp).

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2 construção das máximas do inovacionismo, afirmações categóricas que expressam as crenças desse discurso.

As ações apresentadas na segunda parte deste artigo procuram mostrar a materialização das ideias contidas no discurso inovacionista na PCT&I brasileira a partir da segunda metade dos anos 1990. São apresentadas de forma sucinta as principais diretrizes dos quatro grandes planos industriais, dos dois grandes planos de C&T, dos dois principais instrumentos de política de C&T e das duas principais leis referentes ao setor.

Com relação aos planos industriais, são apresentados, com vistas a evidenciar a forte inspiração inovacionista presente em suas orientações estratégicas: o PACTI (Programa de Apoio à Capacitação Tecnológica da Indústria); a PITCE (Política Industrial, Tecnológica e de Comércio Exterior); a PDP (Política de Desenvolvimento Produtivo); e o PBM (Plano Brasil Maior). Ainda nesse âmbito de atuação política de fomento à inovação também é apresentado o Plano Inova Empresa, recentemente lançado.

Com relação aos planos de C&T, são apresentados, também com o intuito de mostrar a importante influência da questão da inovação nas diretrizes e eixos dos programas: o PACTI (Plano de Ação em Ciência, Tecnologia e Inovação) e a ENCTI (Estratégia Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação).

Os principais instrumentos de política de C&T destacados são os Fundos Setoriais e o FNDCT (Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), cujos objetivos estão fortemente ancorados no fomento às atividades inovadoras, inclusive no estímulo ao estabelecimento de parceria entre o setor produtivo e as Universidades.

No âmbito jurídico, são elencadas as duas principais leis referentes ao setor que foram promulgadas no período estudado e que tem como mote central a promoção da inovação via isenções fiscais e subvenção econômica: a Lei da Inovação e a Lei do Bem.

Finalmente, são propostas algumas articulações entre os elementos apresentados na primeira parte do trabalho, concernentes à emergência do discurso pró-inovação na PCT&I brasileira após a metade dos anos 1990 e expressos nas máximas do inovacionismo, e as ações políticas recuperadas na segunda parte. Indicações de linhas de pesquisa futura também compõem as considerações finais deste artigo.

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3 2. A EMERGÊNCIA DO DISCURSO PRÓ-INOVAÇÃO

Os anos finais da década de 1990 são conhecidos por trazer importantes mudanças para o panorama político-institucional no campo da ciência e tecnologia brasileira. O início da política de fundos setoriais com a criação dos Fundos Setoriais de Desenvolvimento Científico e Tecnológico em 1999 é o marco inicial dessa virada nos rumos da política pública federal brasileira de ciência e tecnologia.

No campo das ideias, a temática da inovação e da competitividade surge com força no discurso dos diferentes policy makers e se torna ponto comum em todas as diretrizes, objetivos e metas dos documentos e planos das agências oficiais e dos principais instrumentos de política, que por sua vez passaram por importantes reestruturações e reformulações que permitiram a eles atuar no sentido da busca pela promoção da inovação.

Nesse sentido, Viotti (2008) é um dos autores que defendem a ideia de que foi nesse período que “a promoção da inovação tecnológica passou a ser incluída de maneira explícita entre os principais objetivos da política brasileira” de ciência e tecnologia. Mais do que isso, o autor afirma que na atual fase desta política, que teve início na virada para o século 21, “um de seus aspectos marcantes é, sem dúvidas, a relevância sem precedentes que vem assumindo a inovação no discurso da política de C&T”.

É válido destacar que segundo Viotti (2008), esse processo de emergência da preocupação com a promoção da inovação tem origem no começo dos anos 1990. Segundo o autor, já no início da última década do século passado foi introduzida a questão da inovação como um objetivo da política apesar da aspiração neoliberal das políticas públicas de forma geral. Em suas palavras:

O objetivo de estimular a inovação conseguiu furar o bloqueio imposto pelos liberais ao debate sobre políticas públicas por ser uma novidade que, além de não poder ser associada às velhas e então execradas políticas desenvolvimentistas, podia ser entendida como sendo próxima aos ideais da livre iniciativa e do empreendedorismo, que são tão caros ao liberalismo. Nesse sentido, os liberais aceitaram a introdução da inovação no discurso por entenderem que ela seria uma conseqüência mais ou menos natural do conjunto correto de incentivos e punições que estaria sendo proporcionado pela liberalização do mercado. Contudo, com o passar do tempo e a crescente frustração das elevadas expectativas de resultados das políticas liberalizantes, a inovação foi ganhando força como uma meta a ser promovida por intermédio de políticas públicas ativas. A inovação foi progressivamente ganhando espaço significativo no discurso das políticas de C&T e inclusive em políticas de desenvolvimento regional, estadual e municipal. No final dos anos 1990, já se configurava claramente a introdução da inovação como um novo elemento constituinte das políticas de ciência e tecnologia, ao menos de seus objetivos explícitos (VIOTTI, 2008, p. 148).

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4 Na visão deste autor, esse conjunto de medidas, além de evidenciar “um deslocamento do eixo da política de C&T na direção de uma aproximação das empresas e do setor produtivo”, mostra como a inovação assume um papel cada vez mais relevante na política de desenvolvimento científico e tecnológico brasileiro, “como propõe a abordagem associada aos sistemas nacionais de inovação, o chamado Modelo Sistêmico” (VIOTTI, 2008, p. 158).

É muito interessante notar como Viotti (2008) argumenta sobre o uso dessa abordagem fundamentada no conceito de Sistema Nacional de Inovação para a formulação da PCT&I. Segundo ele:

A compreensão de que a mudança técnica é central a qualquer processo de desenvolvimento passa a ser favorecida pela sua progressiva incorporação na teoria econômica convencional, que originalmente a considerava como uma variável externa ao núcleo de sua formulação. As teorias evolucionárias ou neoschumpeterianas avançam significativamente a compreensão do fenômeno da inovação tecnológica e contribuem para a construção de um marco de referência essencial à concepção de políticas modernas de ciência e tecnologia com foco na inovação tecnológica, o qual se articula em torno da abordagem baseada no conceito de Sistema Nacional de Inovação (VIOTTI, 2008, p. 159).

Assim como Viotti (2008), Dias (2009) também traz elementos que mostram como os primeiros anos da década de 1990 influenciaram a PCT brasileira. Segundo este autor, as mudanças pelas quais o País passou a partir da segunda metade da década de 1980 já davam sinais de que a orientação da PCT brasileira seria conduzida a partir de uma nova agenda, a “agenda da competitividade”.

Com relação aos primeiros anos da década de 1990, Dias (2009) destaca a criação da Lei nº 8.661/93, que se revelou de grande importância para os rumos da política de incentivos fiscais às atividades de P&D e de inovação que passaria a ser implantada nos próximos anos. A própria Lei da Inovação e a Lei do Bem, que viriam a ser promulgada mais de dez anos depois, segundo o autor, contêm os mesmo elementos que fazem parte da racionalidade da lei de 1993.

É fundamental a percepção de que nesse contexto de emergência e incorporação de um marco de referência baseado no fenômeno da inovação tecnológica nos processos de concepção de políticas públicas na área de C&T, há também o surgimento de um discurso político que se torna bastante aderente aos interesses dos principais atores envolvidos no processo de formulação da política científica e tecnológica.

Conforme Oliveira (2011a, p. 670), tal discurso pode ser definido como “a diretriz que postula a obtenção de inovações como objetivo primordial da pesquisa

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5 científica, entendendo-se por inovação uma invenção, quando efetivamente lançada no mercado por uma empresa”. Esse processo de deslocamento dos rumos da pesquisa científica para a obtenção de inovações é bastante complexo e se insere num contexto maior de mercantilização da ciência promovida pela ascensão do neoliberalismo. E o inovacionismo enquadra-se nesse ponto. Nas palavras deste autor:

A ciência é mercantilizada nessa dimensão quando os rumos da pesquisa são ditados pelo mercado. A principal estratégia do neoliberalismo para promover esse resultado pode-se chamar

inovacionismo. Ela tem seu fulcro no conceito de inovação; consiste

em postular a obtenção de inovações como objetivo primordial da pesquisa científica (OLIVEIRA, 2011b, p. 534).

Oliveira (2011b) confere a Christopher Freeman papel fundamental na difusão do inovacionismo. Segundo ele, o livro de Freeman publicado em 1974 teve influência decisiva em questões relacionadas à administração da pesquisa científica. Outro conceito importante que surgiu posteriormente à obra de Freeman, mas que também recebeu sua contribuição é o de sistema nacional de inovação.

Assim como Viotti (2008), Oliveira (2011b, p. 535) também caracteriza a segunda metade de década de 1990 como o período em que “a inovação se estabelece como conceito chave nas PCT neoliberais, grosso modo, primeiro nos países centrais, depois nos periféricos; no Brasil, a partir do ano 2000”. Uma importante decorrência desse processo é relativa ao financiamento à pesquisa. Nessa conjuntura de predomínio do inovacionismo:

As fontes públicas de financiamento também são direcionadas para a obtenção de invenções rentáveis e, sob essa luz, a autonomia neoliberal revela-se uma forma de operacionalizar o inovacionismo, de remover os obstáculos à vinculação da pesquisa aos interesses empresariais, para com isso colocar a determinação de seus rumos nas mãos do mercado (OLIVEIRA, 2011b, p. 536).

Em resumo, Oliveira (2011a, p. 670) afirma que “o inovacionismo é explicado como um meio de promover a mercantilização da ciência, e envolve uma associação estreita, um ‘casamento’ da ciência com o setor empresarial”.

Esse discurso pró-inovação, pode se expressado por um conjunto de afirmações categóricas que aqui chamamos de máximas do inovacionismo. Nelas estão contidas e expressas as ideias presentes na racionalidade inovacionista. Este trabalho buscou sintetizar três máximas que devido a sua frequência em trabalhos da área, podem ser consideradas relevantes, a saber: a) “A empresa privada é o locus

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6 privilegiado na inovação”; b) “A inovação é fonte de competitividade”; c) “Inovar é uma missão da Universidade pública”.

A máxima da empresa privada como locus privilegiado da inovação refere-se ao entendimento de que a firma privada é o principal agente econômico capaz de gerar produtos ou processos inovadores. Essa condição legitima a ideia de que deve ser uma obrigação das políticas públicas concederem incentivos de diversas naturezas para que as empresas se engajem nas atividades inovativas. A partir desse ponto de vista, o fracasso dessas políticas usualmente é explicado com o argumento de que elas se deram de forma parcial ou incompleta, ou seja, é preciso acreditar que a continuidade e a intensificação de políticas dessa natureza lograriam resultados melhores.

A máxima da inovação como fonte de competitividade está relacionada à ideia de que a inovação, quando bem sucedida, é o instrumento responsável por conferir maior competitividade para a empresa inovadora. Do ponto de vista teórico, essa afirmação é condizente com o entendimento de que a inovação é a arma por excelência da concorrência, ou seja, com a visão schumpeteriana de que é a inovação que faz com que as empresas se diferenciem umas das outras e aufiram lucros extraordinários se destacando no processo concorrencial e assumindo maiores parcelas do mercado. No entanto, a crença nessa máxima faz com que se legitime a ideia de que a promoção da inovação no nível empresarial levaria ao aumento da competividade das firmas e certamente levaria por consequência ao aumento da competividade da economia nacional como um todo. É preciso ressaltar, todavia, que apesar da promoção da inovação como forma de garantir a competividade de uma empresa possa ser um fato verificável, esse fenômeno não se trata de um processo de nível micro que pode ser verificado automaticamente no nível macroeconômico. Esse argumento

,

caro à heterodoxia econômica, condiz com a ideia de que determinada estrutura econômica não é o resultado da soma das partes que a compõe.

A inovação como uma missão da Universidade pública é uma máxima que vem assumindo crescente importância no meio acadêmico: responsável por transformar o apelo social da Universidade pública em relação universidade-empresa, pode ser evidenciada no aumento dos números dos convênios entre IES (Instituições de Ensino Superior) públicas e empresas privadas. Essa máxima está relacionada à ideia de que a Universidade pública deve desempenhar papel fundamental no desenvolvimento das capacidades de pesquisa científica, tecnológica e de inovação dentro das empresas. Mais do que fornecer mão-de-obra qualificada, a relação Universidade-empresa está baseada na utilização dos recursos humanos, materiais e financeiros da Universidade pública para a realização de projetos de interesse privado.

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7 O próximo item deste trabalho pretende mostrar ações específicas da PCT brasileira que podem ser identificadas com as máximas do inovacionismo a fim de evidenciar como se deu a materialização do discurso pró-inovação apresentado acima de forma concreta nesta política pública no Brasil.

3. A MATERIALIZAÇÃO DO DISCURSO INOVACIONISTA NAS AÇÕES DA PCT&I BRASILEIRA

A preocupação com a inovação e a competitividade passou a fazer parte do discurso da PCT brasileira a partir de meados dos anos 1990 e as ações desta política pública, mais do que a materializar as máximas do inovacionismo contribuíram para consolidá-lo.

No mesmo período em que é possível identificar evidências da emergência do inovacionismo, também é possível notar o surgimento de ações específicas da PCT imbuídas de suas ideias. Nesse sentido, Viotti (2008, p. 153) destaca como um “conjunto significativo de importantes e complexas medidas de políticas de C&T” tomadas a partir da segunda metade dos anos 1990, a criação dos Fundos Setoriais, a promulgação da Lei da Inovação e da Lei do Bem, assim como a elaboração da Política Industrial, Tecnológica e de Comércio Exterior (PITCE).

Mais evidências desse processo que marcou a política científica e tecnológica brasileira ao longo das décadas des 1990 e 2000 são trazidas por Dias (2009). Este autor faz uma separação cronológica entre os anos governos FHC e Lula, que duraram, respectivamente, de 1995-2002 e 2003-2010. Além disso, é possível identificar também medidas mais recentes, tomadas nos primeiros anos do governo Dilma. As principais medidas políticas que realizadas durante esses mandatos são mostradas no Quadro 1 abaixo:

QUADRO 1 – MEDIDAS POLÍTICAS POR CATEGORIA E GOVERNO

Categoria Governo FHC Governo Lula Governo Dilma

Planos da Indústria Programa de Apoio à Capacitação Tecnológica da Indústria (PACTI)

Política Industrial, Tecnológica e de Comércio Exterior – PITCE

(2004-2008).

Plano Brasil Maior – PBM (2011-2014) Política de Desenvolvimento

Produtivo – PDP (2008-2010) Plano Inova Empresa

Planos de C&T

Plano de Ação em Ciência, Tecnologia e Inovação – PACTI

(2004-2007).

Estratégia Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação – ENCTI

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8 Quadro 1: Elaboração própria com base em Viotti (2006) e Dias (2009).

Além destas medidas, entre os anos de 1985 a 2002 houve três grandes planos para a área de ciência e tecnologia e o recém-criado Ministério de Ciência e Tecnologia3 (MCT) esteve à frente de todos eles. São os chamados PADCT – Programas de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico: o primeiro deles foi criado em 1984 e executado entre 1985 e 1990; o segundo durou de 1990 a 1995; e o terceiro de 1997 a 2002. Segundo Dias (2009), esses programas buscavam “estimular o aumento dos gastos privados com atividades de C&T, bem como a formação de parcerias entre universidade e empresas privadas através de projetos cooperativos em áreas prioritárias” (PLONSKY, 1998; apud DIAS, 2009, p. 87).

Dias (2009, p. 89) argumenta, dessa forma, que a década de 1990 se revelou para a PCT brasileira como um momento de mudanças, destituindo-a de seu “caráter mais amplo” e conferindo a ela a preocupação com “ações orientadas para o aumento da intensidade e da eficiência das atividades inovativas”.

Programa de Apoio à Capacitação Tecnológica da Indústria

Lançado em 1992 e posto em prática durante os governos do presidente Fernando Henrique Cardoso, o Programa de Apoio à Capacitação Tecnológica da Indústria visava “estimular as atividades de P&D e sua interação com universidades e laboratórios públicos, com o intuito de aproximar o patamar de gastos privados com pesquisa no Brasil àquele dos países centrais” (VELHO & SAENZ, 2002; apud DIAS, 2009, p. 93).

Segundo Dias (2009), apesar de já estar presente em documentos anteriores ao PACTI, o tema da inovação se encontra em lugar de destaque neste programa. Mais do que isso, esse programa dá início à consolidação da ideia da inovação “como condição absolutamente necessária (e, em alguns casos, suficiente) para a promoção

2

Embora tenha sido criado pelo Decreto-Lei nº 719 de 31 de Julho de 1969, o Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT) sofreu importantes alterações institucionais por meio da Lei 11.540 de 12 de Novembro de 2007. Por essa razão está situado cronologicamente nesse período nesta tabela.

3

O MCT foi criado em 1985 e devido a grande instabilidade institucional pós-democratização, foi constante a troca de ministros e a alteração do status da pasta, ora transformado em secretaria ora estabelecido como ministério.

Instrumentos Fundos Setoriais FNDCT2

Legislação

Lei da Inovação Lei do Bem

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9 do desenvolvimento econômico e social, como passou a ser a partir da década de 1990” (DIAS, 2009, p. 96).

Os principais programas e instrumentos do PACTI, segundo Dias (2009) são: PDTI/PDTA – criado em 1994, com o objetivo de estimular investimentos em pesquisa e desenvolvimento tecnológico em empresas industriais e agrícolas visando aumentar sua competitividade; ALFA – criado em 1997, com o objetivo de contribuir para o desenvolvimento tecnológico e para o sucesso comercial de micro e pequenas empresas; OMEGA – criado em 1996, com objetivo de estimular o desenvolvimento de projetos de pesquisa cooperativos no País, conduzidos por centros de pesquisa, universidades e institutos tecnológicos de natureza pública ou privada; PNI – criado entre 1998 e 1999, com o objetivo de coordenar ações multi-institucionais de apoio às incubadoras de empresas existentes e promover a criação e a consolidação de incubadoras de empresas caracterizadas pela inovação tecnológica, pelo conteúdo tecnológico de seus produtos, processos e serviços, e pelo uso de modernas técnicas de gestão; e, finalmente, o PGTec – criado em 1995, com o objetivo de desenvolver competências em gestão tecnológica dentro das empresas brasileiras.

Política Industrial, Tecnológica e de Comércio Exterior - PITCE

Lançada em março de 2004, o objetivo da PITCE era, segundo a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial – ABDI (2013) de “fortalecer e expandir a base industrial brasileira por meio da melhoria da capacidade inovadora das empresas”. O pilar principal desta política, segundo ABDI (2013), era “a inovação e a agregação de valor aos processos, produtos e serviços da indústria nacional” e os seus três eixos centrais são as Linhas de Ação Horizontais, os Setores Estratégicos e as Atividades Portadoras de Futuro.

As Linhas de Ação Horizontais da PITCE envolvem: Inovação e Desenvolvimento Tecnológico; Inserção Externa/Exportações; Modernização Industrial; e Ambiente Institucional. São considerados Setores Estratégicos da Política: Software; Semicondutores; Bens de Capital; Fármacos; e Medicamentos. As atividades elencadas como Portadoras de Futuro são, por sua vez: Biotecnologia, Nanotecnologia; e, finalmente, Energias Renováveis.

Dias (2009) analisa as opções estratégicas da PITCE e mostra como os eixos verticais escolhidos por ela evidenciam o foco em setores que são considerados de alta intensidade tecnológica e que possuem importante papel como difusores de conhecimento na indústria. Segundo este autor, mais do que isso, “a ênfase conferida pela PITCE sobre a questão da inovação reforça um aspecto da política científica e tecnológica brasileira que vem se desdobrando desde a década de 1990: a ideia

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10 muitas vezes não percebida, de que a inovação representa um fim em si próprio” (DIAS, 2009, p. 105).

Política de Desenvolvimento Produtivo – PDP

A PDP foi lançada em 2008 com o objetivo, segundo a ABDI, “de fortalecer a economia do país, sustentar o crescimento e incentivar a exportação”. A política se baseou em quatro macrometas, a saber: ampliação do investimento fixo; elevação do gasto privado em P&D; ampliação da participação das exportações brasileiras; e dinamização das micro e pequenas empresas.

A estrutura de governança da política determina que sejam desenvolvidas Ações Sistêmicas, Destaques Estratégicos e Programas Estruturantes. Estes últimos seriam organizados dentro de três grandes áreas: os programas mobilizadores em áreas estratégicas; os programas de fortalecimento para a competitividade; e os programas para consolidação e expansão da liderança.

As Ações Sistêmicas deveriam tomar medidas de: estímulo ao investimento e a produção; estímulo à inovação; estímulo às exportações; estímulo ao desenvolvimento de micro e pequenas empresas; e aprimoramento do ambiente jurídico. Os Destaques Estratégicos eram relacionados: às exportações; à integração com a África; a integração produtiva com a América Latina e Caribe; às micro e pequenas empresas; à produção sustentável; e à regionalização. Os Programas Estruturantes Mobilizadores em Áreas estratégicas deveriam atuar nas áreas de: Biotecnologia; Complexo Industrial da Saúde; Complexo Industrial de Defesa; Energia Nuclear; Nanotecnologia; Tecnologias da Informação e da Comunicação. Os Programas Estruturantes voltados ao Fortalecimento para a Competitividade deveriam, por sua vez, atuar nas áreas de: Bens de Capital; Biodiesel; Brinquedos; Complexo Automotivo; Complexo de Serviços; Construção Civil; Couro, Calçados e Artefatos; Eletrônica de Consumo; Higiene, Perfumaria e Cosméticos; Indústria Marítima; Madeira e Móveis; Plásticos; Sistema Agroindustrial; Têxtil e Confecções; e Trigo. Os Programas Estruturantes para a Consolidação e Expansão da Liderança deveriam, finalmente, atuar nas áreas de: Bioetanol; Carnes; Celulose e Papel; Complexo Aeronáutico; Mineração; Petróleo, Gás Natural e Petroquímica; e Siderurgia.

Plano Brasil Maior - PBM

Lançado pelo governo federal como política industrial, tecnológica, de serviços e de comercio exterior para o período de 2011 a 2014, segundo a ABDI (2013), o objetivo do Plano Brasil Maior é estimular a inovação e a produção nacional “para alavancar a competitividade da indústria nos mercados interno e externo”.

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11 O Plano é organizado em torno de ações sistêmicas e setoriais. De acordo com a ABDI (2013), as ações sistêmicas “são voltadas para a eliminação de gargalos e o aumento da eficiência produtiva da economia como um todo” e as ações setoriais “estão organizadas em cinco blocos que ordenam a formulação e implementação de programas e projetos”.

Segundo o Texto de Referência do Plano Brasil as seguintes orientações estratégicas direcionam as ações da política: promoção da inovação e do desenvolvimento tecnológico; criação e fortalecimento de competências críticas da economia nacional; aumento do adensamento produtivo e tecnológico das cadeias; ampliação dos mercados internos e externos das empresas brasileiras; e garantia de crescimento socialmente inclusivo e ambientalmente sustentável.

As principais ações que Plano Brasil Maior aborda são relativas às seguintes áreas: desoneração dos investimentos e das exportações; ampliação e simplificação do financiamento ao investimento e às exportações; aumento de recursos para inovação; aperfeiçoamento do marco regulatório da inovação; estímulos ao crescimento de micro e pequenos negócios; fortalecimento da defesa comercial; criação de regimes especiais para agregação de valor e de tecnologia nas cadeias produtivas; e, finalmente, regulamentação da lei de compras governamentais para estimular a produção e a inovação no país.

Plano de Ação em Ciência, Tecnologia e Inovação - PACTI

O Plano de Ação em Ciência, Tecnologia e Inovação – PACTI – foi lançado pelo Governo Federal em 2006 e é estruturado em torno de quatro prioridades estratégicas. São elas, a saber: i) Expansão e consolidação do Sistema Nacional de C, T&I; ii) Promoção da Inovação Tecnológica nas Empresas; iii) Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação em Áreas Estratégicas; iv) Ciência, Tecnologia e Inovação para o Desenvolvimento Social.

A primeira prioridade estratégica tem como objetivo principal a expansão, integração, modernização e consolidação do Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação. A segunda prioridade estratégica busca a intensificação das ações de fomento à inovação e de apoio tecnológico nas empresas. A terceira prioridade estratégica visa o fortalecimento das atividades de pesquisa, desenvolvimento e inovação em áreas estratégicas para o País; e, finalmente, a quarta e última prioridade estratégica tem como finalidade a popularização e o aperfeiçoamento do ensino de ciência nas escolas, bem como a produção e a difusão de tecnologias e inovações para a inclusão e o desenvolvimento social.

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12 As quatro grandes prioridades estratégicas subdividem-se, por sua vez, em diretrizes mais pontuais, que são chamadas pelo PACTI de Linhas de Ação. Compõem a primeira prioridade estratégica as linhas de ação: Consolidação Institucional do Sistema Nacional de C,T&I; Formação e Capacitação de Recursos Humanos para C,T&I; e Infraestrutura e fomento da Pesquisa Científica e Tecnológica. Fazem parte da segunda prioridade estratégica as linhas de ação: Apoio à Inovação Tecnológica nas Empresas; Tecnologia para Inovação nas Empresas; Incentivo à Criação e à Consolidação de Empresas Intensivas em Tecnologia.

A terceira prioridade estratégica é composta das seguintes linhas de ação: Áreas portadoras de Futuro (Biotecnologia e Nanotecnologia); Tecnologias da Informação e Comunicação; Insumos para a Saúde; Biocombustíveis; Energia Elétrica, Hidrogênio e Energias Renováveis; Petróleo, Gás e Carvão Mineral; Agronegócio; Biodiversidade e Recursos Naturais; Amazônia e Semiárido; Meteorologia e Mudanças Climáticas; Programa Espacial; Programa Nuclear; e Defesa Nacional e Segurança Pública. A quarta prioridade estratégica integra, finalmente, as duas últimas linhas de ação: Popularização da Ciência, Tecnologia e Inovação e Melhoria do Ensino de Ciências; Tecnologias para o Desenvolvimento Social.

Estratégia Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação - ENCTI

Lançada em 2012, a Estratégia Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (ENCTI 2012-2015) é o grande plano do Governo Dilma para a área de ciência, tecnologia e inovação. O plano é dividido em quatro Eixos de Sustentação, seis Programas Prioritários para Setores Portadores de Futuro, duas áreas consideradas Fronteiras para a Inovação, quatro áreas relacionadas à Economia Verde e três áreas ligadas ao Desenvolvimento Social.

A ENCTI enfatiza o discurso inovacionista na medida em que reforça a crença na importância da inovação para desenvolver o País. Nas palavras do documento oficial do plano:

A ENCTI ratifica o papel indispensável da inovação no esforço de desenvolvimento sustentável do País, com ênfase na geração e apropriação do conhecimento cientifico e tecnológico necessário à construção de uma sociedade justa e solidaria e de um ambiente empresarial mais competitivo no plano internacional (MCT&I, 2012).

Os Eixos de Sustentação da Estratégia são: Promoção da Inovação nas Empresas; Novo Padrão de Financiamento Público para o Desenvolvimento Científico e Tecnológico; Fortalecimento da Pesquisa e da Infraestrutura Científica e Tecnológica; e Formação e Capacitação de Recursos Humanos. Os Programas

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13 Prioritários para os Setores Portadores de Futuro são relacionados às seguintes áreas: Tecnologias da Informação e da Comunicação; Fármacos e Complexo Industrial da Saúde; Petróleo e Gás; Complexo Industrial da Defesa; Aeroespacial; e Nuclear.

As áreas consideradas Fronteiras para a Inovação são ligadas à Biotecnologia e à Nanotecnologia. O Fomento da Economia Verde passa por áreas como: Energias Renováveis; Biodiversidade; Mudanças Climáticas; e Oceanos e Zonas Costeiras. As áreas ligadas ao Desenvolvimento Social estão relacionadas à: Popularização da C,T&I e melhoria do ensino de ciências; Inclusão produtiva e social; e, finalmente, Tecnologias para cidades sustentáveis.

Plano Inova Empresa

O Plano mais recente lançado pelo governo federal prevê que sejam investidos, segundo o MCT&I (2013), R$ 32,9 bilhões com o objetivo de “impulsionar, por meio da inovação tecnológica, a produtividade e a competitividade em diversos setores da economia”. A ideia do Plano é que empresas de todos os portes, setores da indústria, da agricultura e serviços sejam beneficiadas.

Serão disponibilizadas pelo Inova Empresa, de acordo com o MCT&I (2013), quatro linhas de financiamento às atividades de pesquisa, desenvolvimento e inovação: para subvenção econômica às empresas será destinado R$ 1,2 bilhão; para o fomento de projetos em parceria entre instituições de pesquisa e empresas serão destinados R$ 4,2 bilhões; para participação acionária em empresas de base tecnológica serão direcionados R$ 2,2 bilhões; e, finalmente, como crédito para empresas serão direcionados R$ 20,9 bilhões na forma de empréstimos, com taxa de juros subsidiadas entre 2,5% a 5% ao ano, quatro anos de carência e 12 anos para pagamento.

Os agentes encarregados para a execução do Plano são o Banco Nacional Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e a Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCT&I). O Plano prevê ainda aportes financeiros de mais de R$ 3,5 bilhões da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), para estimular atividades de pesquisa e desenvolvimento no setor de telecomunicações (MCT&I, 2013).

Com este plano, o financiamento do governo federal para inovação tecnológica atingirá um patamar sem precedentes. Estamos dando um salto rumo à consolidação da ciência, tecnologia e inovação como eixo estruturante e sustentado da economia brasileira (MCT&I, 2013).

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14 O Plano Inova Empresa tem sete eixos estratégicos: Agropecuária e Agroindústria; Energia; Petróleo e Gás; Saúde; Defesa; Tecnologia da Informação e da Comunicação; e Sustentabilidade Socioambiental (MCT&I, 2013).

Além das linhas de financiamento às atividades de P,D&I, assim como os eixos estratégicos e às ações a serem incentivadas incluídas no Plano Inova Empresa, também foi lançado o modelo de constituição da Empresa Brasileira para Pesquisa e Inovação Industrial – Embrapii, que será uma organização social cujo objetivo principal será a “ampliação da articulação entre universidade, centros de pesquisa e empresas no desenvolvimento de tecnologias inovadoras” (MCT&I, 2012; MCT&I, 2013).

Ainda sobre a Embrapii, o texto da Estratégia Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação 2012-2015 afirma que:

A EMBRAPII busca atender a demanda da indústria por inovação, afastando-se da logica da oferta, como facilitadora da interação entre instituições científicas e tecnológicas e empresas (MCT&I, 2013). A EMBRAPII tem como objetivos centrais fomentar projetos de cooperação envolvendo empresas nacionais, instituições tecnológicas ou instituições de direito privado sem fins lucrativos, voltadas para atividades de pesquisa e desenvolvimento, que objetivem a geração de produtos e processos inovadores (MCT&I, 2013).

Hoje é importante implantar um modelo que aproxime a infraestrutura cientifica e tecnológica nacional do desenvolvimento de novos produtos e processos, que viabilize o investimento nas fases intermediárias da inovação. As agências brasileiras de fomento têm apoiado principalmente recursos para investimentos nas instituições de pesquisa, mas há dificuldades para financiar o custeio das atividades realizadas em colaboração com as empresas para a inovação, principalmente em tarefas relacionadas ao escalonamento de processos e provas de conceito de produtos. Entende-se que este é um importante gargalo do sistema de inovação brasileiro e também o elo da cadeia de inovação que apresenta maior risco. Outros Países estão investindo em modelos de atuação que permitam suprir essas deficiências, como é o caso dos institutos da organização de pesquisa Fraunhofer, da Alemanha, ou do Instituto Avançado de Ciência e Tecnologia da Coreia (KAIST) (MCT&I, 2013).

Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – FNDCT

O Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT) foi criado pelo Decreto-Lei nº 719 de 31 de Julho de 1969 e sofreu alterações por meio da Lei 11.540 de 12 de Novembro de 2007. Segundo esta Lei, o FNDCT é um Fundo de natureza contábil e seu objetivo é promover o financiamento da inovação e do desenvolvimento científico e tecnológico buscando agenciar o desenvolvimento econômico e social do País (BRASIL, 2007).

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15 Com relação à origem das receitas do FNDCT4 chama a atenção o fato de que além dos recursos provenientes na lei orçamentária o Fundo recebe: parcelas sobre o valor dos royalties sobre a produção de petróleo ou gás natural; percentual da receita de empresas de energia elétrica; percentual do faturamento de empresas que desenvolvem ou produzem bens e serviços de informática e automação; o montante referente ao rendimento de seus investimentos em programas e projetos; entre outras fontes.

Os recursos do FNDCT são destinados às mais variadas atividades de ciência, tecnologia e inovação assim como à formação de pessoal capacitado e à manutenção de infraestrutura de pesquisa do País. As receitas do Fundo podem ser aplicadas em três modalidades de diferentes naturezas. O Quadro 2 abaixo reproduz o 12º artigo da Lei, que versa sobre tais modalidades.

QUADRO 2 – MODALIDADES DE APLICAÇÃO DAS RECEITAS DO FNDCT I – Não Reembolsável

Para financiamentos de despesas correntes e de capital, na forma do regulamento para:

a) Projetos de instituições científicas e tecnológicas – ICTs e de cooperação entre ICTs e empresas; b) Subvenção econômica para empresas;

c) Equalização de encargos financeiros nas operações de crédito.

II – Reembolsável

Destinados a projetos de desenvolvimento tecnológico de empresas. Sob a forma de empréstimo à FINEP, que assume o risco integral da operação.

III – Aporte de capital

Como alternativa de incentivo a projeto de impacto, mediante participação efetiva em:

Empresas de propósitos específicos, criadas pelo no art. 5º da Lei n° 10.973, de 2 de dezembro de 2004. Quadro 2: Elaboração própria com base nas informações dispostas na Lei N° 11.540 de 12 de Novembro de 2007 (BRASIL, 2007).

O FNDCT pode ainda, de acordo com o 14º artigo da Lei que o institui, financiar as chamadas ações transversais, que são entendidas pelo parágrafo primeiro desse artigo como aquelas que, ligadas aos objetivos do FNDCT, são financiadas por recursos de mais de um Fundo Setorial.

Fundos Setoriais de Desenvolvimento Científico e Tecnológico

Em 1999 foram criados os Fundos Setoriais de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, que ficaram conhecidos como Fundos Setoriais. Os Fundos têm como objetivo promover o desenvolvimento científico e tecnológico, por meio do “apoio financeiro a programas de pesquisa científica e tecnológica cooperativa entre universidades, centros de pesquisa e centros tecnológicos” (FINEP, 2013).

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O FNDCT possui uma Secretaria Executiva cuja gestão é de responsabilidade da Agência Brasileira da Inovação – FINEP (antiga Financiadora de Estudos e Projetos).

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16 Nesse sentido, os Fundos Setoriais devem priorizar algumas categorias específicas de iniciativas, como: a) estudos de demanda e prospecção de oportunidades a serem feitos sob encomenda; b) projetos de P&D tecnológico; c) bolsas de estudo para capacitação de recursos humanos que estejam ligados a projetos de pesquisa e à área tecnológica; d) congressos, seminários e workshops voltados para discussões sobre a definição de políticas, análise de mercados nacionais e internacionais, intercâmbio e transferência de conhecimentos, avaliação de tecnologias, estabelecimento de parcerias e alianças estratégicas, entre outros (FINEP, 2013).

Assim, é permitido aos seguintes grupos de atores engajarem-se nos programas dos Fundos e utilizar seus recursos: a) universidades (públicas ou privadas) do país sem fins lucrativos e suas fundações; e b) centros de pesquisa (públicos ou privados) do país sem fins lucrativos. Quanto ao ramo empresarial, o acesso das empresas públicas ou privadas aos programas dos Fundos Setoriais é permitido desde haja um convênio com instituições de ensino e/ou pesquisa: “as empresas ou grupos de empresas podem ser signatárias dos convênios e, para tanto, devem manifestar o interesse na parceria com as universidades ou centros de pesquisa e definir formalmente a contrapartida técnica e financeira” (FINEP, 2013). Finalmente, é importante destacar que os Fundos Setoriais devem tratar os projetos que envolverem a participação de empresa ou grupo de empresas como “preferenciais nos processos de avaliação e contratação”.

Segundo a FINEP (2013), a criação dos Fundos Setoriais representa “o estabelecimento de um novo padrão de financiamento para o setor” e se configura como “um mecanismo inovador de estímulo ao fortalecimento do sistema de C&T nacional”. Nesse sentido, segundo a Agência, os Fundos serviriam para garantir um fluxo estável de recursos e criar um novo modelo de gestão, que contasse com atores de diferentes segmentos sociais e promovesse uma “maior sinergia entre as universidades, centros de pesquisa e o setor produtivo”. Apesar de estarem ligados a diferentes áreas, os Fundos possuem pontos em comum no que diz respeito a sua operacionalização.

De acordo com FINEP (2013), os mecanismos básicos de funcionamento dos Fundos são de cinco naturezas diferentes: Vinculação de Receitas; Plurianualidade; Gestão Compartilhada; Fontes Diversas; e Programas Integrados. Os recursos dos Fundos cujas receitas são vinculadas, não podem ser transferidos para outros Fundos e devem ser aplicados para estimular a cadeia do conhecimento e o processo inovativo do setor no qual se originam. Os Fundos cuja natureza é plurianual podem programar o apoio a ações e projetos com duração superior a um exercício fiscal. Os

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17 Comitês Gestores dos Fundos de Gestão Compartilhada são constituídos por representantes de ministérios, agências reguladoras, comunidade científica e setor empresarial, com o intuito de garantir transparência na aplicação dos recursos e na avaliação dos resultados. Existem também os Fundos cujas fontes de recursos são diversas, ou seja, cujos recursos são provenientes de diferentes setores, como royalties, compensação financeira, licenças, autorizações, entre outras. Finalmente, os recursos dos Fundos voltados para Programas Integrados podem ser utilizados para apoiar projetos que estimulem toda a cadeia de conhecimento, desde a ciência básica até as áreas mais diretamente vinculadas a cada setor. Estes recursos devem ser em geral, aplicados em projetos selecionados por meio de chamadas públicas, cujos editais são publicados nos portais da FINEP e do CNPq.

Os Fundos Setoriais de Ciência e Tecnologia se dividem em grupos: são catorze Fundos relativos a setores específicos, dois de natureza transversal e dois de caráter especial. O Quadro 3 apresenta a seguir todos os Fundos.

QUADRO 3 – FUNDOS SETORIAIS

Tipo Fundo Setor

Vertical

CT-Aeronáutico Aeronáutico

CT-Agronegócio Agronegócio

CT-Aquaviário Transporte Aquaviário e Construção Naval

CT-Biotecnologia Biotecnologia

CT-Energia Energia

CT-Espacial Espacial

CT-Hidro Recursos Hídricos

CT-Info Tecnologia da Informação e Informática

CT-Saúde Saúde

CT-Transporte Transportes Terrestres e Hidroviários

CT-Petro Petróleo e Gás Natural

CT-Mineral Recursos Minerais

Horizontal

Verde e Amarelo Relação Universidade-empresa

CT-Infra Infraestrutura

Regional CT-Amazônia P&D na Amazônia

Especial

FUNTTEL Desenvolvimento Tecnológico das Telecomunicações

FSA Audiovisual

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18 Os 14 Fundos de natureza vertical foram criados com o intuito de serem fontes complementares de recursos e auxiliar na promoção do financiamento para o desenvolvimento de setores estratégicos para o Brasil. Os dois fundos de natureza horizontal, a saber, o Fundo Verde-Amarelo (FVA) e o Fundo Setorial de Infraestrutura (CT-Infra) são destinados a promover a interação entre universidade e empresa e a apoiar a melhoria da infraestrutura das Instituições Científicas e Tecnológicas – ICTs (FINEP, 2013).

Os recursos de todos os Fundos Setoriais listados na Tabela 9 são geridos pelo FNDCT e administrados pela sua Secretaria Executiva, a FINEP. No entanto, os dois últimos Fundos, o Fundo para o Desenvolvimento Tecnológico das Telecomunicações (FUNTTEL) e o Fundo Setorial do Audiovisual – FSA, não estão na alçada do FNDCT/FINEP e por consequência não se encontram subordinados ao Ministério de Ciência e Tecnologia: estes dois Fundos são geridos, respectivamente, pelo Ministério das Comunicações e pelo Ministério da Cultura (FINEP, 2013).

Alguns autores afirmam que a percepção a respeito da criação dos Fundos foi fundamentada de acordo com teorias de setorialidade, e que as mudanças trazidas com a introdução dessa perspectiva no sistema de ciência e tecnologia brasileiro basearam-se “mais na oportunidade de vincular recursos ao setor de ciência e tecnologia do que propriamente para alcançar maior nível de aproveitamento na aplicação dos recursos disponíveis” (PEREIRA, 2005, p. 9).

De acordo com Bagattolli (2008, p. 3), a política de Fundos Setoriais que teve início em fins da década de 1990, mais precisamente em 1999, marcou o começo do que ela chama de quarta e atual geração da PCT brasileira. Segundo essa autora, a concepção dos fundos foi baseada “em modernas teorias de inovação que visam tanto mobilizar o conjunto de agentes do processo inovativo, em especial o segmento empresarial, como estimular a interação entre eles” (PEREIRA, et. ali 2007, p. 1; apud BAGATTOLLI, 2008, p. 58).

Bagattolli (2008) traz uma classificação feita por Galvão (2007) quanto aos objetivos da criação dos Fundos Setoriais. Segundo ele, os objetivos se dividem em Focais e Difusos. São considerados objetivos Focais aqueles relacionados à intenção de criar um maior comprometimento do setor empresarial e, Difusos, aqueles ligados à intenção de fortalecer as atividades de C,T&I.

Focais: maior comprometimento dos empresários na formulação da agenda, nas decisões de aplicação de recursos e execução dos projetos:

• Empresa como foco da demanda tecnológica;

• Ambiente favorável às parcerias entre governos, ICTs e empresas; • Estratégias definidas pelos principais atores do setor.

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19 Difusos: fortalecimento das atividades de C,T&I no País, com ênfase no apoio às inovações nos setores selecionados:

• Infraestrutura de pesquisa e recursos humanos; • Desconcentração regional;

• Cooperação.

(GALVÃO, 2007; apud BAGATTOLLI, 2008, p. 58-59).

Esse formato institucional criado com os Fundos Setoriais, segundo Bagattolli (2008), conferiu ao setor produtivo o papel de ator central no processo de inovação e definiu o mecanismo dos arranjos cooperativos universidade-empresa como o principal instrumento para a promoção do financiamento e execução da pesquisa científica e tecnológica dentro das empresas.

Lei da Inovação

A Lei de Inovação é um importante instrumento legal criado para fomentar a inovação no Brasil. Responsável por estabelecer mecanismos que tem por objetivo estimular a inovação no País, a Lei nº 10.973, de 02/12/2004 criou condições para a constituição de parcerias estratégicas e a cooperação entre universidade, institutos de pesquisa públicos e empresas privadas, com a finalidade de intensificar as atividades de P, D&I e aumentar o número de inovações.

Um importante avanço dentro dos quadros dessa lei foi a permissão da participação minoritária do governo federal no capital de empresas privadas de propósito específico que tenham como escopo o desenvolvimento de inovações, assim como permite que o governo federal conceda recursos financeiros, sob a forma de subvenções econômicas, financiamentos ou participações acionárias. Possibilita ainda que o governo federal realize encomendas tecnológicas com vistas à otimização de processos e resolução de problemas que atendam a interesses públicos.

Nesse sentido, a Lei da Inovação cria, de acordo com seu artigo 1º, instrumentos de apoio à inovação e à pesquisa científica e tecnológica no ambiente produtivo. Da mesma forma, é responsável, por meio do seu artigo 2º, pela caracterização legal do que vem a ser uma agência de fomento, uma Instituição Científica e Tecnológica (ICT), um núcleo de inovação tecnológica e uma instituição de apoio, assim como pela conceitualização dos termos: criação, criador, inovação, pesquisador público e inventor independente.

O artigo 3º da Lei da Inovação permite que os órgãos da administração pública estimulem e apoiem parcerias e projetos de cooperação entre empresas nacionais, ICTs e organizações privadas sem fins lucrativos que busquem gerar produtos e processos inovadores.

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20 De acordo com o artigo 4º da mesma Lei, as ICTs poderão compartilhar a infraestrutura de suas instalações, como laboratórios, instrumentos e materiais desde que não haja interferência ou conflito com as atividades da instituição.

O artigo 5º da Lei de Inovação determina que ao governo federal seja permitido participar minoritariamente do capital de empresas privadas que visem desenvolver projetos científicos ou tecnológicos voltados para a inovação em produtos e em processos.

O artigo 9º da Lei faculta às ICTs a celebração de acordos de parceria com instituições públicas e privadas que tem como objetivo a pesquisa e o desenvolvimento de tecnologias e o artigo 13º, que visa proteger o pesquisador, assegura ao criador da tecnologia a participação mínima de 5% e máxima de 1/3 dos ganhos econômicos provenientes de sua criação.

A Lei da Inovação versa também sobre a obrigatoriedade de que uma ICT possua um núcleo de inovação tecnológica e sobre quais devem ser as suas atribuições. O objetivo é aprimorar a gestão da política de inovação da ICT e garantir a qualidade dos processos de pesquisa.

Com o objetivo de fomentar a inovação nas empresas a Lei da Inovação prevê em seu artigo 19º que o governo federal, as ICTs e as agências de fomento promovam e incentivem por meio de convênios ou contratos específicos as atividades de pesquisa e desenvolvimento, tendo como objetivo a satisfação das demandas da política industrial e tecnológica nacional. Um grande problema com relação ao artigo 19º é que seu parágrafo 1º não delimita quais são as prioridades que devem ser perseguidas.

É interessante destacar o artigo 21º da Lei de Inovação, que dispõe sobre a promoção de programas específicos por parte das agencias de fomento que visem estimular à inovação nas micro e pequenas empresas.

Ao tratar sobre as formas de financiamento e os fundos de investimento em empresas de base tecnológica a Lei é clara. Em seu artigo 23º existe a autorização expressa para a criação de fundos de investimento em empresas cuja atividade principal seja a inovação.

O artigo 27º da Lei da Inovação versa sobre as diretrizes para a sua aplicação, que devem objetivar: reduzir assimetrias regionais do País; formar recursos humanos; fomentar a indústria de defesa nacional; ampliar a exploração das zonas marítimas costeiras sob tutela brasileira; estimular as empresas de pequeno porte; e dar preferência às empresas de base tecnológica de capital nacional nas aquisições de bens e serviços pelo poder público. O artigo 28º, finalmente, dispõe sobre o papel da União no fomento à inovação empresarial por meio de incentivos fiscais.

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21 Lei do Bem

A Lei 11.196, de 21 de Novembro de 2005, conhecida como Lei do Bem é responsável por instituir: o Regime Especial de Tributação para a Plataforma de Exportação de Serviços de Tecnologia da Informação (REPES); o Regime Especial de Aquisição de Bens de Capital para Empresas Exportadoras (RECAP); o Programa de Inclusão Digital; assim como dispõe sobre os incentivos fiscais para a inovação tecnológica (BRASIL, 2005).

O Capítulo I da Lei do Bem dispõe sobre o REPES e estabelece como beneficiária desse regime a pessoa jurídica cuja maior parte de suas atividades forem destinadas à produção de softwares ou à prestação de serviços de tecnologia da informação. Estas empresas devem se comprometer, ao se incluir no REPES, a exportar 60% ou mais de sua receita bruta anual.

A Lei considera que caso sejam vendidos ou importados bens novos com o intuito de promover o desenvolvimento de softwares e serviços de tecnologia da informação, no Brasil, suspende-se a necessidade de contribuir com alguns impostos como o PIS/PASEP, COFINS e IPI. As empresas incluídas no Sistema Integrado de Pagamento de Impostos e Contribuições e as empresas de natureza Micro e Simples são proibidas de aderir ao REPES, de acordo com o 10º artigo da Lei.

O Capítulo II da Lei do Bem dispõe sobre o RECAP. A Lei considera apta a ser beneficiária deste Regime, a pessoa jurídica que tenha como atividade principal a exportação. Vale ressaltar que as empresas registradas como Simples não tem direito de aderir ao RECAP e os estaleiros navais brasileiros, em contrapartida, possuem esse direito independentemente destes cumprirem o pré-requisito sobre exportação. Segundo seu artigo 14º, a Lei suspende a exigência de contribuição de impostos como o PIS/PASEP e o COFINS quando ocorre venda ou importação de máquinas, aparelhos, instrumentos e equipamentos novos.

A Lei do Bem dispõe ainda sobre os incentivos à inovação tecnológica através do seu Capítulo III: a pesquisa e a inovação tecnológicas passam a ser passíveis de serem classificadas como despesas operacionais para efeito de calculo do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ). Outros mecanismos também surgem com essa Lei, como a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) que incidem sobre insumos físicos adquiridos com o objetivo de servirem à pesquisa e ao desenvolvimento tecnológico e a redução até a eliminação da alíquota do Imposto de Renda (IR) retido na fonte relativo ao registro e manutenção de marcas, patentes e cultivares. Outros itens a serem destacados são a definição de inovação tecnológica e a dedução no IRPJ a ser calculada sobre gastos com pesquisa e inovação tecnológica contratados no Brasil com universidades, instituições de pesquisa ou inventores

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22 independentes. Finalmente, a Lei do Bem traz em seu artigo 21º, a possibilidade de subvenção econômica por parte da União, à remuneração de pesquisadores, mestres e doutores, que estejam engajados em projetos que busquem a inovação tecnológica em empresas situadas no Brasil.

Dias (2009) faz uma análise sobre os impactos da Lei do Bem e conclui que o conceito de inovação tecnológica é relativamente bem definido por ela. No entanto, faz uma ressalva: a distinção entre empresas de capital nacional e estrangeiro não é clara no texto da Lei, abrindo brechas para que grandes multinacionais façam uso de recursos públicos a fundo perdido por ela disponibilizados (DIAS, 2009, p. 120).

Outra discussão destacada por Dias (2009) diz respeito às críticas que a Lei do Bem tem recebido por dar incentivos apenas àquelas empresas que se enquadram no sistema de apuração do lucro real. Esse sistema é normalmente utilizado pelas grandes empresas, em sua maioria de capital estrangeiro. Em síntese, esse mecanismo acaba por favorecer às multinacionais e prejudicar as pequenas e médias empresas brasileiras (DIAS, 2009, p. 120).

Finalmente, Dias (2009) enfatiza como a Lei do Bem fornece apoio estatal à pesquisa empresarial por meio de recursos públicos: a lei prevê incentivos, principalmente sob a forma de renúncia fiscal, para empresas que realizarem atividades de P&D. Esse mecanismo de renúncia fiscal e, consequentemente, de apoio à pesquisa privada revela-se, dessa forma, “mais um indício da “privatização implícita” pela qual tem passado a PCT brasileira. Representa, além disso, uma forma de atuação tipicamente associada ao Estado neoliberal, na qual a promoção do gasto público se dá de forma indireta” (DIAS, 2009, p. 120).

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A discussão realizada nesse artigo procurou mostrar como a emergência de um discurso pró-inovação, que pode ser expresso e propagado pelas máximas do inovacionismo, se materializou em ações da política pública de ciência, tecnologia e inovação brasileira a partir de meados dos anos 1990.

Após trazer evidências de que PCT&I brasileira tem sido orientada pelas ideias de que a “empresa é o locus privilegiado da inovação”, de que a “inovação é fonte de competitividade”, e finalmente, de que “a busca pela inovação deve ser uma missão da Universidade pública brasileira”, este artigo pretende contribuir para a construção de uma visão crítica que mostre o papel hegemônico destas ideias e o seu caráter pouco democrático, já que não levam em consideração as demandas de diferentes atores sociais que poderiam colaborar para a elaboração desta política e dela também se beneficiar.

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23 Finalmente, vale lembrar que este trabalho não aspira chegar a conclusões finais sobre o tema. Ao contrário, abre espaço para novas linhas pesquisa, entre as quais se destaca a busca por um melhor entendimento da origem das ideias contidas nas máximas inovacionistas. Assim, investigar as principais influências teóricas e os processos de construção do discurso pró-inovação revela-se um interessante e necessário caminho a ser trilhado em busca de um melhor juízo a respeito da política de ciência, tecnologia e inovação brasileira.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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BAGATTOLLI, Carolina. Política científica e tecnológica e dinâmica inovativa no Brasil. Dissertação de mestrado, Universidade Estadual de Campinas, 2008.

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BRASIL. Lei nº 11.196 de 21 de novembro de 2005. Presidência da República, Casa Civil – Subchefia para assuntos jurídicos, 2005.

BRASIL Lei nº 11.540 de 12 de Novembro de 2007. Presidência da República, Casa Civil – Subchefia para assuntos jurídicos, 2007.

DIAS, Rafael de Brito. A trajetória da política científica e tecnológica brasileira: um olhar a partir da análise de política. Tese de doutorado, Universidade Estadual de Campinas, 2009.

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GALVÃO, Antônio Carlos Filgueira. Fundos Setoriais como instrumentos da nova política de C,T&I: propostas e referenciais para avaliação. In: Seminário Internacional Avaliação de Políticas de Ciência, Tecnologia e Inovação – Diálogos entre experiências internacionais e brasileiras. Rio de janeiro, 3 a 5 de dezembro de 2007. Disponível em: <www.cgee.org.br/arquivos/SI_cgee.AntonioGalvao.ppt>. Acesso em 02/12/2013.

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24 MCT&I. Governo Federal lança Plano Inova Empresa. Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. 2013.

<http://www.mcti.gov.br/index.php/content/view/345708/Governo_ federal_lanca_Plano_Inova_Empresa.html> Acesso em 04/12/2013.

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