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A SUBFAMÍLIA HELIOTROPIOIDEAE (BORAGINACEAE JUSS.) NO ESTADO DA BAHIA, BRASIL.

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Academic year: 2021

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SIMONE FIUZA CONCEIÇÃO 

A SUBFAMÍLIA HELIOTROPIOIDEAE 

(BORAGINACEAE JUSS.) 

NO ESTADO DA BAHIA, BRASIL. 

F

EIRA DE 

S

ANTANA 

– B

AHIA 

(2)

U

NIVERSIDADE 

E

STADUAL DE 

F

EIRA DE 

S

ANTANA 

D

EPARTAMENTO DE 

C

IÊNCIAS 

B

IOLÓGICAS 

P

ROGRAMA DE 

P

ÓS

­G

RADUAÇÃO EM 

B

OTÂNICA 

A SUBFAMÍLIA HELIOTROPIOIDEAE 

(BORAGINACEAE JUSS.) 

NO ESTADO DA BAHIA, BRASIL. 

Simone Fiuza Conceição 

Dissertação  apresentada  ao  Programa  de  Pós­Graduação  em  Botânica  da  Universidade  Estadual  de  Feira  de  Santana  como  parte  dos  requisitos  para  a  obtenção  do título de Mestre em Botânica. 

O

RIENTADOR

: P

ROFA

. D

RA

. T

ÂNIA 

R

EGINA DOS 

S

ANTOS 

S

ILVA 

(UEFS) 

F

EIRA DE 

S

ANTANA 

– BA 

2007

(3)

Banca Examinadora 

_____________________________________________  Prof. Dr. André Márcio Araújo Amorim  (Universidade Estadual de Santa Cruz)  _____________________________________________  Prof. Dr. Flávio França  (Universidade Estadual de Feira de Santana)  _____________________________________________ 

Profa. Dra. Tânia Regina dos Santos Silva 

(Universidade Estadual de Feira de Santana)  Orientadora e Presidente da Banca  Feira de Santana – BA  2007

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(5)

Para cada lágrima triste que chorei  Surgiram dez poemas diferentes  Ao pai agradeço a estrada que passei  Passei e se Ele quiser vou novamente  Pois quem acredita em Deus  Não tem medo da escuridão  Aprende que quem faz o mal  Só merece perdão  Perdão que é o perfume da flor  O abraço contra a solidão  Sorriso no rosto e a bondade estampada nas mãos  Para cada mentira que um dia suportei  Em mim uma verdade falava docemente  Que o bem não estava nas sobras que eu dei  O pobre é aquele que ajuda indiferente  Pergunte pro seu coração  Se fez pensando em receber  Se a gente pode ser feliz vendo o outro sofrer  Pergunte pro seu coração  Se foi certo o passo que deu  Porque se a gente melhorar  Vence você e eu  O amor é benção que vem de Deus  Há quem diga: é só meu!  O amor é de quem quiser, quem tiver  O amor é a chave de uma razão  Que sempre tem solução  Pra tudo que a gente quer...  Marron Brasileiro

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AGRADECIMENTOS 

Agradeço à Deus, por ter me concedido a vida e muito mais que isso: força  para superar os obstáculos que apareceram nela. 

Aos meus pais, “seu Conrado” e “dona Tereza”, que entenderam todas as  minhas  dificuldades  e  me  apoiaram  e  incentivaram  incondicionalmente,  aqui  registro todo o meu amor e eterna gratidão. 

À  minha  orientadora  Tânia  Silva,  por  ter  me  conduzido  desde  a  iniciação  científica, contribuindo fundamentalmente na minha formação acadêmica. 

A  grande  amiga  e  pesquisadora  Maria  Stapf,  pelas  fotografias  de  tipos,  bibliografia,  discussões  taxonômicas  enfim,  pelo  enorme  apoio  concedido  para  realização deste estudo.  À Universidade Estadual de Feira de Santana.  A todos os curadores e funcionários dos herbários visitados, por terem me  recebido e enviado os empréstimos solicitados.  Ao curador do HUEFS e a todos os funcionários e amigos deste herbário.  À todos do Laboratório de Taxonomia, em especial à Vanilda. 

A  CAPES  pela  bolsa  concedida  e  a  todos  os  projetos  de  pesquisa  que  contribuíram financeiramente com este trabalho. 

Ao CNPq, pelo financiamento do Projeto Flora da Bahia. 

Aos coordenadores e professores da Pós­Graduação em Botânica. 

A  todos  os  amigos  da  Pós­Graduação  que  sempre  estiveram  na  torcida,  em especial às amigas Déa e Daí!!!! 

Às amigas Paula e Edlane, minhas companheiras nas visitas aos herbários.  A todos que concederam fotos das Heliotropioideae. 

Aos  meus  irmãos  (Eliana,  Beth,  Rosália,  Sandra  e  Ramon)  e  aos  demais  familiares, agradeço pelo incentivo e por sempre acreditar em mim. 

Às  minhas  companheiras  de  república,  “Flavicolas”  (que  sempre  me  escutou  nos  momentos  “críticos”...)  e  “Ezi”  (por  toda  sua  calma  e  “bons  conselhos”). E às amigas Ednalva, Enne e Haydeé, por estarem sempre presente,  não me deixando ficar triste nunca... Vocês conseguem tornar minha estada aqui  em Feira muito mais divertida! Valeu!

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INDICE 

INTRODUÇÃO...1  1­ HISTÓRICO...4  A­ Boraginaceae...4  B­ Heliotropioideae...6  C­ Heliotropioideae no Brasil...9  MATERIAL E MÉTODOS...11  REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...15 

CAPÍTULO  1:  MORFOLOGIA  DA  SUBFAMÍLIA  HELIOTROPIOIDEAE  NA  BAHIA...19  1­ Hábito...20  2­ Folha...22  3­ Inflorescência...27  4­ Fruto...33  REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...35  CAPÍTULO 2: FLORA DA BAHIA: Boraginaceae I – Heliotropioideae...36  1­ Heliotropium L...39  1.1­ Heliotropium angiospermum Murray...42  1.2­ Heliotropium barbatum DC...48  1.3­ Heliotropium elongatum (Lehm.) I.M.Johnst...50  1.4­ Heliotropium filiforme Lehm...54  1.5­ Heliotropium fruticosum L...57  1.6­ Heliotropium indicum L...60  1.7­ Heliotropium polyphyllum Lehm...62  1.8­ Heliotropium procumbens Mill...66  1.9­ Heliotropium salicoides Cham...68  1.10­ Heliotropium ternatum Vahl...72  1.11­ Heliotropium transalpinum  Vell...75  1.12­ Heliotropium sp...78  2­ Schleidenia Endl...80  2.1­ Schleidenia paradoxa (Mart.) DC...81  3­ Tournefortia L...85  3.1­ Tournefortia bicolor Sw...88

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3.2­ Tournefortia breviflora DC...92  3.3­ Tournefortia candidula (Miers.) I.M. Johnst...94  3.4­ Tournefortia floribunda Humb., Bonpl. & Kunth...97  3.5­ Tournefortia gardneri A.DC...102  3.6­ Tournefortia melanochaeta DC...105  3.7­ Tournefortia paniculata Cham...107  3.8­ Tournefortia rubicunda Salzm. ex DC...111  3.9­ Tournefortia salicifolia (Gardn.) DC...113  3.10­ Tournefortia subsessilis Cham...115  3.11­ Tournefortia villosa Salzm. ex DC...118  3.12­ Tournefortia  sp...121  AGRADECIMENTOS...122  REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...122  LISTA DE EXSICATAS...124  CONSIDERAÇÕES FINAIS...128

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ÍNDICE DE FIGURAS 

Figura 1. Mapa das principais formações vegetais do Estado da Bahia...11 

CAPÍTULO 1:  Figura 1. Schleidenia paradoxa, Heliotropium polyphyllum, H. angiospermum e T.  bicolor...21 

Figura  2.  Heliotropium  angiospermum,  Tournefortia  floribunda,  T.  candidula,  H.  procumbens, H. elongatum e T. subsessilis...23 

Figura 3. Indumento das folhas de Heliotropium...25 

Figura 4. Indumento das folhas de Tournerfortia e Schleidenia...26 

Figura 5. Flor...30 

Figura 6. Corola aberta...31 

Figura 7. Gineceu...32 

Figura 8. Fruto...34 

CAPÍTULO 2:  Figura 1. Heliotropium angiospermum, H. barbatum, H. elongatum, H. indicum, H.  polyphyllum e H. procumbens...45 

Figura 2. Heliotropium angiospermum e H. barbatum...46 

Figura  3.  Mapa  de  distribuição  geográfica  de  Heliotropium  angiospermum,  H.  barbatum e H. elongatum...47 

Figura 4. Heliotropium elongatum e H. filiforme...53 

Figura 5. Mapa de distribuição geográfica de Heliotropium filiforme, H. fruticosum  e H. indicum...56 

Figura 6. Heliotropium fruticosum e H. indicum...59 

Figura 7. Heliotropium polyphyllum e H. procumbens...64 

Figura  8.  Mapa  de  distribuição  geográfica  de  Heliotropium  polyphyllum,  H.  procumbens e H. salicoides...65 

Figura  9.  Heliotropium  salicoides,  H.  ternatum,  H.  transalpinum,  Schleidenia  paradoxa, Tournefortia bicolor e T. candidula...70 

Figura 10. Heliotropium salicoides e H. ternatum...71 

Figura  11.  Mapa  de  distribuição  geográfica  de  Heliotropium  ternatum,  H.  transalpinum e Heliotropium sp...74 

Figura 12. Heliotropium transalpinum e Heliotropium sp...77 

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Figura 13. Schleidenia paradoxa...83  Figura 14. Mapa de distribuição geográfica de Schleidenia paradoxa...84  Figura 15. Tournefortia bicolor e T. breviflora...90  Figura 16. Mapa de distribuição geográfica de Tournefortia bicolor, T. breviflora e  T. candidula...91  Figura 17. Tournefortia candidula e T. floribunda...96  Tabela 1. Quadro comparativo de T. floribunda, T. membranacea e T. salzmannii,  baseado nos opus princeps de cada espécie...99  Figura 18. Tournefortia floribunda, T. melanochaeta, T. rubicunda, T. subsessilis e  T. villosa...100  Figura 19. Mapa de distribuição geográfica de Tournefortia floribunda, T. gardneri  e T. melanochaeta...101  Figura 20. Tournefortia gardneri e T. melanochaeta...104  Figura 21. Tournefortia paniculata e T. rubicunda...109  Figura  22.  Mapa  de  distribuição  geográfica  de  Tournefortia  paniculata,  T.  rubicunda e T. salicifolia...110  Figura 23. Tournefortia salicifolia e T. subsessilis...114  Figura 24. Mapa de distribuição geográfica de Tournefortia subsessilis, T. villosa e  Tournefortia sp...117  Figura 25. Tournefortia villosa e Tournefortia sp...120

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INTRODUÇÃO 

A  família  Boraginaceae  Juss.  está  incluída  na  subclasse  Asteridae  e  é  constituída  por  cerca  de  148  gêneros  e  2740  espécies  (Stevens,  2001)  distribuídas  largamente  nas  regiões  tropicais,  subtropicais  e  temperadas,  onde  ocorre  o  maior  número  de  táxons  (Cronquist,  1981).  Possui  centros  de  diversidade  genética  na  zona  temperada  do  hemisfério  Norte  e  nos  trópicos  (América  Central  e  norte  da  América  do  Sul)  (Al­Shehbaz,  1991).  Boraginaceae  compreende  seis  subfamílias:  Boraginoideae,  Cordioideae,  Ehretioideae,  Heliotropioideae,  Hydrophylloideae  e  Lennoideae.  Estas  são  separadas  pela  presença  de clorofila, posição  e  divisão  do  estilete,  tipos  de  frutos  e cotilédones  (Stevens, 2001). 

No Brasil a família é representada por doze gêneros com espécies nativas:  Antiphytum  DC.  ex  Meisn.,  Chamissoniophila  Brand,  Cordia  L.,  Heliotropium  L.,  Lepidocordia  Ducke,  Moritzia  DC.  ex  Meisn.,  Phacelia  Juss.,  Rotula  Lour.,  Schleidenia  Endl.,  Thaumatocaryum  Baill,  Tournefortia  L.  e  Wigandia  Kunth  (Barroso, 1991; Förther 1998; Souza & Lorenzi 2005; Gottschling et al. 2005). Os  gêneros  Anchusa  L.,  Borago  L.,  Cynoglossum  L.,  Echium  L.,  Myosotis  L.  e  Symphytum L. são espontâneos ou introduzidos (Barroso, 1991; Souza & Lorenzi  2005).  Dos  gêneros  com  espécies  nativas  do  Brasil,  cinco  ocorrem  na  Bahia:  Cordia, Rotula, Tournefortia, Heliotropium e Schleidenia. 

A  subfamília  Heliotropioideae  é  representada  por  ervas,  subarbustos,  arbustos, lianas ou pequenas árvores, que apresentam alcalóides pirrolizidínicos.  As  folhas  são  inteiras,  geralmente  alternas.  As  anteras  às  vezes  apresentam­se  coerentes; o estilete é terminal e o estigma  cônico, séssil ou não. O fruto é uma  drupa  ou  um  esquizocarpo,  com  2  ou  4  núculas,  com  endosperma  ausente.  Ocorre  nas  regiões  temperadas  e  tropicais  do  mundo  (Stevens,  2001).  Heliotropioideae  é  representada  por  8  gêneros  (Heliotropium,  Tournefortia,  Schleidenia,  Argusia  Böhm.,  Ceballosia  Kunkel,  Ixorhea  Fenzl,  Nogalia  Verdc.  e  Hilgeria  Förther)  e  aproximadamente  450  espécies  (Förther,  1998).  Os  maiores  gêneros  são  Heliotropium,  com  cerca  de  260  espécies  e  Tournefortia,  com  aproximadamente 150 espécies (Judd et al. 2002). No Brasil ocorrem mais de 25

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espécies  de  Heliotropium  (Melo  &  Sales,  2004),  16  espécies  de  Tournefortia  (Johnston, 1930) e 5 espécies de Schleidenia (Förther, 1998). 

O  gênero  Heliotropium  L.  é  composto  por  subarbustos  ou  arbustos.  As  flores  são  reunidas  em  inflorescências  que  geralmente  possuem  uma  ou  duas  cimas, raro 3­4, e flores com ou sem brácteas. O fruto é seco, dividindo­se em 2  ou 4 núculas. A área de dispersão corresponde às regiões tropicais e subtropicais  do  mundo,  especialmente  as  áridas  (Candolle,  1845;  Johnston,  1935;  Smith,  1970; Förther, 1998; Melo & Sales, 2004). 

Schleidenia  Endl.  é  pantropical  e  representado  por  ervas  anuais  ou  perenes com flores solitárias, axilares, e fruto drupáceo (Candolle, 1845; Förther,  1998). 

O gênero Tournefortia L. é representado por subarbustos, arbustos, lianas  ou mais raramente árvores. Possui flores agrupadas em inflorescências, as quais  variam  de  duas  até  muitas  cimas,  com  flores  sempre  sem  brácteas;  o  fruto  é  drupáceo. Este gênero possui distribuição pantropical (Candolle, 1845; Johnston,  1935; Smith, 1970; Silva 2004). 

Poucos  foram  os  levantamentos  florísticos  relacionados  à  subfamília  Heliotropioideae  para  o  Brasil.  Podem  ser  destacadas  as  seguintes  obras:  Fresenius (1857), o qual considerou 69 espécies deste grupo para o Brasil, sendo  que  21  destas  ocorreriam  na  Bahia;  Johnston  (1928,  1930),  o  qual  tratou  taxonomicamente as espécies de Heliotropium da América do Sul (onde citou 20  espécies para o Brasil e 10 para a Bahia) e as espécies de Tournefortia do Brasil,  Uruguai,  Paraguai  e  Argentina  (sendo  16 ocorrentes  no  Brasil  e  6  no  Estado  da  Bahia);  Smith  (1970),  na  “Flora  Ilustrada  Catarinense”,  que  registrou  5  espécies  de  Heliotropium  e  7  espécies  de  Tournefortia  para  esse  Estado;  Melo  &  França  (2003),  que  encontraram  três  espécies  de  Heliotropium  em  Grão­Mongol  (Minas  Gerais);  Melo  &  Sales  (2004),  que  realizaram  um  estudo  das  espécies  de  Heliotropium  do  Estado  de  Pernambuco,  onde  foram  listadas  7  espécies  deste  gênero; Silva (2004), que estudou as espécies extra­amazônicas  de Tournefortia  e que encontrou 15 espécies, das quais 11 teriam ocorrência para Bahia. 

Para  a  Bahia  destacam­se  os  seguintes  trabalhos  relacionados  a  Heliotropioideae:  Harley  &  Mayo  (1980),  que  listaram  21  espécies  de  Boraginaceae  para  a  Bahia,  entre  elas  8  Heliotropium  e  2  Tournefortia;  Harvey  (1995), na flora do Pico das Almas que levantou três espécies de Boraginaceae,

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sendo  uma  delas  (Heliotropium  salicoides  Cham.)  pertencente  à  subfamília  em  estudo. 

A escassez de estudos das espécies de Heliotropioideae direcionados para  o  Estado  da  Bahia,  torna  necessário  o  presente  trabalho,  o  qual  teve  como  objetivos: 

1­  Realizar  um  levantamento  das  espécies  de Heliotropioideae  no  Estado  da Bahia; 

2­  Apresentar  chaves  de  identificação  para  as  subfamílias,  para  os  gêneros e para as espécies; 

3­  Identificar,  descrever  e  ilustrar  as  espécies  encontradas  na  área  de  estudo; 

4­  Elaborar mapas de distribuição geográfica das espécies;  5­  Apresentar comentários taxonômicos das espécies estudadas; 

6­  Historiar  as  principais  contribuições  para  o  estudo  de  Boraginaceae  e  Heliotropioideae; 

7­  Detalhar as características morfológicas de Heliotropioideae; 

8­  Enriquecer  as  coleções  de  Boraginaceae  encontradas  no  Estado  da  Bahia.

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1­ HISTÓRICO 

A­ Boraginaceae 

Candolle  (1845)  baseado  no  hábito,  em  características  do  ovário,  do  estilete,  dos  cotilédones  e  do  endosperma  apresentou  a  subdivisão  de  Borragineae  em  quatro  tribos:  Cordieae;  Ehretieae;  Heliotropeae  e  Borrageae. O  autor incluiu o gênero Tournefortia L. na tribo Ehretieae. Ele descreveu o gênero  Heliophytum  DC.  e  o  posicionou,  juntamente  com  os  gêneros  Heliotropium  L.,  Schleidenia  Endl.,  Coldenia  L.,  Pentacarya  DC.  e  Euploca  Nutt.,  na  tribo  Heliotropeae. 

Fresenius  (1857)  reconheceu  para  o  Brasil  a  subtribo  Boragineae,  representada  pelos  gêneros  Echium  L.,  Moritzia  DC.  e  Antiphytum  DC.  O  autor  considerou  ainda  outros  dois  grupos  taxonômicos,  sendo  eles  a  família  Cordiaceae  (constituída  pelos  gêneros  Cordia  L.  e  Patagonula  L.)  e  a  tribo  Heliotropieae,  a  qual  pertencia  Heliotropium  e  Tournefortia,  juntamente  com  os  gêneros Heliophytum e Schleidenia. 

Gürke  (1893)  foi  o  autor  da  monografia  da  família  Boraginaceae  intitulada  “Die  Natürlichen  Pflanzenfamilien”,  editada  por  Engler  &  Prantl.  Nesta  obra,  Boraginaceae  foi  posicionada  dentro  da ordem  Tubiflorae,  baseado  na  presença  de  flores  hipóginas  (raro  epígenas),  corola  gamopétala,  óvulos  geralmente  anátropos  e  endosperma  usualmente  celular.  Tubiflorae  foi  subdividida  em  seis  Subordens:  Boragineae,  Convolvulineae,  Verbenineae,  Solanineae,  Myoporineae  e  Phrymineae.  Boraginaceae,  foi  incluída,  juntamente  com  as  famílias  Lennoaceae  e  Hydrophyllaceae,  na  subordem  Boragineae,  pela  presença  de  flores quase sempre actinomorfas, estames 5, raro 10 (Lennoaceae) e 2 carpelos,  raro 6­14 (Lennoaceae). Gürke (1893) subdividiu Boraginaceae em 4 subfamílias  (Boraginoideae,  Heliotropioideae,  Ehretioideae  e  Cordioideae),  baseado  principalmente  na  posição  de  inserção  do  estilete  no  ovário  (ginobásico  ou  terminal), número de ramificação do estilete (1, 2 ou 4) e o tipo de fruto. 

Melchior  (1964),  na  última  edição  do  “Syllabus  der  Pflanzenfamillien”  de  Engler  manteve  as  subfamílias  propostas  por  Gürke  (1893),  acrescentando,  entretanto  a  subfamília  Wellstedioideae,  formada  pelo  gênero  Wellstedia  Balf.,

(15)

antes  incluído  em  Boraginoideae.  Esta  subfamília  separou­se  das  demais  pela  presença de fruto capsular e estilete terminal. 

Cronquist  (1981)  inseriu  Boraginaceae  dentro  das  Asteridae,  na  ordem  Lamiales,  junto  com  as  famílias  Lennoaceae,  Verbenaceae  e  Lamiaceae.  Estas  compartilham  com  Boraginaceae  a  presença  de  ovário  bicarpelar  (sendo  que  cada carpelo é dividido por um falso septo) e de estilete ginobásico (apenas com  a subfamília Boraginoideae). 

Takhtajan  (1987)  considerou  a  família  Boraginaceae  junto  com  as  Hydrophyllaceae, Tetrachondraceae, Hoplestigmataceae e Lennoaceae na Ordem  Boraginales,  baseado  nas  inflorescências  cimosas  e  flores  actinomorfas  ou  ligeiramente zigomorfas. 

Heubl et al. (1990) analisaram o número de cromossomos, a morfologia do  grão  de  pólen  e  o  padrão  dos  cristais  na  madeira  dos  gêneros  Cordia,  Tournefortia  e  outros  gêneros  de  Boraginaceae.  A  configuração  dos  cristais  apresentou  valor  taxonômico,  pois,  enquanto  na  subfamília  Cordioideae  estes  eram cristais prismáticos ou colunares, em Heliotropioideae estes eram cristais de  drusas. 

Estudos  filogenéticos  com  dados  moleculares  têm  sugerido  que  Boraginaceae  é  fortemente  relacionada  à  parte  da  família  Hydrophyllaceae.  Boraginaceae  senso  lato  seria  um  grupo  parafilético,  que  só  se  tornaria  monofilético  com  a  inclusão  de  Hydrophyllaceae  (excluindo  Hydrolea  L.)  (Olmstead et al. 1992, 1993; Chase et al. 1993; Ferguson, 1999). 

Böhle & Hilger (1997) realizaram uma análise filogenética de Boraginaceae  s.l. utilizando seqüências de DNA de cloroplasto. A partir deste estudo, os autores  propuseram  que  o  tradicional  conceito  de  Boraginaceae  com  cinco  subfamílias  fosse  abandonado.  No  novo  conceito  proposto  por  Böhle  &  Hilger  (1997),  Boraginaceae  s.l.  seria  elevada  à  ordem  (Boraginales),  a  qual  englobaria  cinco  famílias: Boraginaceae s. str. (incluído Wellstedia Balf.), Cordiaceae, Ehretiaceae,  Heliotropiaceae e Hydrophyllaceae. 

Os estudos de Gottschling et al. (2001) baseados na estrutura secundária  da  região  nuclear  ITS  (“internal  transcribed  spacer”)  confirmaram  o  parafiletismo  de  Boraginaceae  s.l.  Além  disso,  reforçaram  a  idéia  de  que  Lennoaceae  (representada  por  plantas  aclorofiladas,  parasitas  de  raízes)  fosse  associada  à  Boraginaceae (Engler & Prantl, 1893; Cronquist, 1968, 1981; Takhtajan, 1987).

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Judd  et  al.  (2002)  posicionaram  as  Boraginaceae  na  ordem  Solanales  baseados nas corolas simpétalas, na simetria radial e nas folhas simples, alternas  e  sem  estípulas.  Segundo  os  autores,  a  esta  ordem  também  pertenceriam  as  famílias Convolvulaceae, Solanaceae e Hydrophyllaceae. 

Buys  &  Hilger  (2003)  apresentaram  uma  discussão  sobre  a  estrutura  da  inflorescência  em  Boraginaceae.  Eles  concluíram  que  tais  estruturas  são  exclusivamente cimas escorpióides, embora tenha sido associadas erroneamente  a cimas helicoidais. 

APG II (2003), baseando­se em estudos filogenéticos, posicionou a família  Boraginaceae  (incluindo  Hydrophyllaceae)  no  clado  “Asterids”.  Entretanto,  a  família ocupou uma posição incerta, dentro do subclado “Euasterids I”. 

Soltis  et  al.  (2005),  apresentou  dados  modificados  do  APG  II,  onde  Boraginaceae  (incluindo  Hydrophyllaceae  e  Lennoaceae)  aparece  como  grupo  irmão de Vahliaceae. Porém, este grupo ainda apareceu em uma posição incerta  dentro das “Euasterids I”. 

B­ Heliotropioideae 

Os  gêneros  Heliotropium  e  Tournefortia  foram  publicados  por  Linnaeus  (1753),  na  obra  “Species  Plantarum”.  O  nome  Heliotropium  provém  do  grego  “helios”,  sol  e  “trope”,  virando  e  foi  dado  a  este  gênero  devido  às  suas  flores  crescerem  voltadas  para  cima,  em  direção  ao  sol.  Já  o  epíteto  genérico  Tournefortia  foi  dado  em  homenagem  ao  renomado  botânico  francês,  Joseph  Pitton Tournefort (1656­1708). 

Schleidenia  foi  publicado  por  Endlicher  (1839  apud  Förther,  1998),  sendo  assim denominado em homenagem ao botânico alemão Matthias Jacob Schleiden  (1804­1881). 

Candolle  (1845)  colocou  os  gêneros  Tournefortia  e  Heliotropium  em  tribo  distintas,  baseado  no  hábito  e  em  características  dos  frutos.  Tournefortia  foi  posicionada na tribo Ehretieae e Heliotropium, juntamente com Heliophytum DC.,  Schleidenia, Coldenia L., Pentacarya DC. e Euploca Nutt., na tribo Heliotropee. O  autor  subdividiu  Tournefortia  em  cinco  seções  (Tournefortia  sect.  Mallota  A.DC.;  Tournefortia sect. Arguzia DC.; Tournefortia sect. Pittonia Humb., Bonpl. & Kunth;  Tournefortia  sect.  Tetrandra  DC.  &  A.DC.  e  Tournefortia  sect.  Messerschmidia

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DC.), baseando­se no forma e no número de lobos da corola e em características  do estigma e dos frutos. Heliotropium, por sua vez, foi dividido em quatro seções  (Heliotropium  sect.  Catimas  A.DC.;  Heliotropium  sect.  Piptoclaina  Endl.;  Heliotropium  sect.  Euheliotropium DC.  e  Heliotropium sect.  Orthostachys  A.DC.),  com base na presença de tricomas no tubo da corola e no estigma, na forma do  fruto e no número de sementes. 

Fresenius  (1857)  apresentou  69  espécies  de  Heliotropieae,  assim  distribuídas:  Heliotropium  (3),  Heliophytum  (12),  Schleidenia  (28)  e  Tournefortia  (26).  Estes  gêneros  foram  separados  com  base  nas  anteras,  no  número  de  lóculos  e  tipo  de  fruto.  As  espécies  que  possuíam  fruto  seco,  4­carpelar,  foram  assim  divididas:  carpelos  divididos  em  dois  segmentos  biloculares,  corresponderiam  ao  gênero  Heliophytum;  as  demais  espécies  que  possuíam  carpelos  separados  em  quatro  segmentos  uniloculares,  distinguiam­se  pelas  anteras: anteras com ápices pubescentes ou glanduloso, coerentes (Schleidenia)  ou  anteras  com  ápices  glabros,  livres  (Heliotropium).  As  espécies  com  fruto  drupáceo seriam do gênero Tournefortia. 

Benthan  &  Hooker  (1873)  transferiram  o  gênero  Heliophytum  para  Heliotropium sect. Heliophytum (DC.) Benth. & Hook. 

Gürke  (1893)  reuniu  os  gêneros  Heliotropium e  Tournefortia  na subfamília  Heliotropioideae,  juntamente  com  o  gênero  Cochranea  Miers  (que  ocorreria  no  Brasil, na Argentina e na América do Norte). Ele subdividiu Heliotropium em sete  seções: Heliotropium sect. Messerschmidia DC. (considerada por Candolle (1845)  como Tournefortia sect. Messerschmidia DC.); Heliotropium sect. Catimas A.DC.,  Heliotropium  sect.  Piptoclaina  Endl.;  Heliotropium  sect.  Euheliotropium  DC.;  Heliotropium  sect.  Monimantha  Franch.;  Heliotropium  sect.  Heliophytum  (DC.)  Benth.  &  Hook.;  e  Heliotropium  sect.  Orthostachys  A.DC.  (para  qual  foi  transferido o gênero Schleidenia). 

Johnston  (1928)  apresentou  um  estudo  das  espécies  sul­americanas  de  Heliotropium.  O  trabalho  incluiu  descrições  e  chave  de  identificação  para  as  10  seções  nas  quais  o  gênero  foi  subdividido,  além  de  descrições  e  chave  de  identificação  para  as  espécies.  O  autor  aceitou  que  o  gênero  Cochranea  fosse  transferido  para  Heliotropium  sect.  Cochranea  (Miers.)  Reiche.  Johnston  (1928)  subdividiu  Heliotropium  sect.  Orthostachys  A.DC.  em  três  subseções,  (Heliotropium sect. Orthostachys subsect. Axillaria  I.M.Johnst.; Heliotropium sect.

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Orthostachys  subsect.  Ebracteata  I.M.Johnst.  e  Heliotropium  sect.  Orthostachys  subsect. Bracteata I.M.Johnst.). 

Johnston (1930) realizou um estudo com as espécies dos gêneros Cordia e  Tournefortia conhecidas no Brasil, Paraguai, Uruguai e Argentina. Neste trabalho,  Johnston  apresentou  16  espécies  de  Tournefortia,  contidas  em  duas  seções:  Tournefortia  sect.  Eutournefortia  (caracterizada  por  possuir  frutos  obscuramente  lobados,  evidentemente  bicarpelar,  núculas  irregulares  com  1­2  sementes  e  embrião reto) e Tournefortia sect. Cyphocyema (que possui frutos evidentemente  lobados,  obscuramente  bicarpelar,  com  quatro  núculas  aproximadamente  do  mesmo tamanho, com 1 semente cada e embrião curvo). 

Förther  (1998)  revisou  e  lectotipificou  mais  de  150  taxa  do  gênero  Heliotropium  e  o  classificou  em  19  seções,  com  base  na  ramificação  da  inflorescência,  na  forma  da  corola  e  presença  de  tricomas  no  interior  e  exterior  desta, na forma do gineceu e das anteras e nas formas dos frutos e das núculas.  Segundo  Förther  (1998),  Heliotropioideae  seria  formada  pelos  gêneros  Heliotropium,  Tournefortia,  Schleidenia,  Argusia  Böhm.,  Ceballosia  Kunkel,  Ixorhea  Fenzl,  Nogalia  Verdc.  e  Hilgeria  Förther.  O  autor  restabeleceu  o  gênero  Schleidenia,  baseado  em  dados  morfológicos  e  anatômicos.  Entretanto,  Förther  não considerou todas as espécies de Heliotropium s.l. que tivessem anteras com  ápice glanduloso ou pubescente e coerentes, como Schleidenia, de acordo com o  conceito  de  Fresenius  (1857).  Ele  só  considerou  como  Schleidenia  as  espécies  que  possuíam  estas  características  do  androceu,  combinadas  com  a  apresentação  de  flores  solitárias  e  axilares.  Assim,  as  espécies  de  Schleidenia  corresponderiam  às  espécies  de  Heliotropium  sect.  Orthostachys  subsect.  Axillaria I.M. Johnst. 

Análises  sistemáticas  baseada  em  dados  moleculares  e  morfológicos,  realizadas  por  Diane  et  al.  (2002),  mostraram  que  Heliotropium  e  Tournefortia  formam,  juntamente  com  Schleidenia,  Ixorhea  Fenzl  e  Ceballosia  Kunkel,  um  grupo monofilético. Entretanto, esse estudo revelou que o gênero Heliotropium é  parafilético  e  Tournefortia,  polifilético,  sendo  apenas  estas  as  conclusões  dos  autores. 

Hilger & Diane (2003) ampliaram este estudo utilizando dados moleculares  da região nuclear (ITS) e de plastidio (trnL), sendo que estes resultados suportam  fortemente  os  dados  obtidos  por  Diane  et  al.  (2002),  os  quais são contrários  às

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tradicionais circunscrições taxonômicas dos gêneros  Heliotropium  e Tournefortia.  Neste  trabalho,  Heliotropiaceae  (=  Boraginaceae  subfamília  Heliotropioideae)  foi  separada  em  dois  grandes  clados,  sendo  que  o  primeiro  clado  incluiu  na  sua  posição  basal  o  gênero  Ixorhea.  O  gênero  Myriopus  Small  (formado  por  Tournefortia  sect.  Cyphocyema)  apareceu  como  grupo  irmão  de  Euploca  (constituído pelos gêneros Hilgeria Föther, Schleidenia Endl., Heliotropium L. sect.  Orthostachys  R.Br.  subsect.  Axillaria  I.M.Johnst.).  As  demais  seções  de  Heliotropium,  Tournefortia  sect.  Tournefortia  e  três  gêneros  menores  (Argusia,  Ceballosia  e  Nogalia),  segregados  de  Heliotropium  formaram  o  segundo  grande  clado.  Ainda  assim,  eles  defenderam  a  manutenção  do  gênero  Tournefortia,  mesmo que com isso o gênero Heliotropium se tornasse parafilético e ressaltaram  a necessidade de uma revisão deste gênero (Hilger & Diane, 2003). 

C­ Heliotropioideae no Brasil 

O primeiro trabalho relacionado aos gêneros em estudo, para o Brasil, foi a  obra de Fresenius (1857), publicado na “Flora Brasiliensis” editada por Martius &  Eichler.  Nesta  são  apresentadas  69  espécies  do  que  ele  denominou  tribo  Heliotropieae. 

Smith (1970), na Flora Ilustrada Catarinense, apresentou um estudo sobre  a  família  Boraginaceae  para  o  Estado  de  Santa  Catarina.  Este  trabalho  apresentou  chaves  de  identificação,  ilustrações,  descrições  e  mapas  de  distribuição geográfica das espécies, foram tratadas sete espécies de Tournefortia  e cinco espécies de Heliotropium. 

Soares  (1973)  estudou cinco  espécies  de  Boraginaceae,  dentre  elas duas  espécies de Heliotropium, ocorrentes na cidade de Porto Alegre (RS) e arredores.  O  trabalho  tem  descrições  das  espécies  encontradas  e  informações  sobre  a  distribuição geográfica das mesmas. 

Ranga & Silva (1991) registraram três espécies de Tournefortia para a Ilha  do Cardoso, em São Paulo. O trabalho traz chave para identificação e descrições  das espécies. 

Vitta  (1992)  encontrou duas  espécies  de  Boraginaceae  na  Serra  do  Cipó,  em Minas Gerais. Uma delas foi Tournefortia paniculata Cham., a qual foi descrita  e ilustrada.

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Harvey  (1995),  na  flora  do  Pico  das  Almas,  encontrou  uma  espécie  (Heliotropium salicoides Cham.) pertencente à subfamília em estudo, em meio às  três espécies de Boraginaceae por ele registradas. O autor apresenta uma chave  para identificação e descrição das espécies.  Nagatani & Rossi (2000), em levantamento das espécies de Boraginaceae  de reserva do Parque Estadual das Fontes do Ipiranga, em São Paulo, encontrou  três espécies de Heliotropioideae, sendo uma espécie de Heliotropium e duas do  gênero  Tournefortia.  Este  trabalho  apresentou  chaves  de  identificação  para  os  gêneros e espécies e descrições destas. 

Cavalheiro et al. (2003) reconheceram sete espécies de Boraginaceae para  a  planície litorânea  de  Picinguaba  (Ubatuba  –  SP),  dentre  elas,  uma  espécie  de  Tournefortia  (T.  bicolor  Sw.).  No  trabalho  consta  chave  de  identificação  para  os  gêneros, descrição, ilustração e comentários taxonômicos sobre as espécies. 

Melo  &  França  (2003)  encontraram  quatro  espécies  de  Boraginaceae  em  Grão­Mongol (MG), sendo que três destas pertencentes ao gênero  Heliotropium.  Os  autores  apresentaram  chave  de  identificação,  descrições  e  ilustrações  das  espécies estudadas. 

Melo  &  Ranga  (2003)  registraram  uma  nova  ocorrência  de  Heliotropium  fruticosum  L.  para  o  Sudeste  do  Brasil.  Os  autores  forneceram  descrição,  ilustração,  dados sobre  distribuição geográfica  e comentários taxonômicos sobre  esta espécie. 

Silva (2004) estudou as espécies extra­amazônicas do gênero Tournefortia,  sendo que foram encontradas 15 espécies, sendo que uma delas (T. paniculata)  possuía  duas  variedades.  Segundo  a  autora,  das  espécies  encontradas,  onze  teriam ocorrência na Bahia. O trabalho traz chave para identificação das espécies,  descrições, comentários e informações sobre distribuição geográfica. 

Melo  &  Sales  (2004)  realizaram  um  estudo  das  espécies  de  Heliotropium  de  Pernambuco.  As  sete  espécies  encontradas  foram  descritas  e  ilustradas.  Foram apresentados neste trabalho comentários sobre a morfologia e uma chave  para identificação destas espécies.

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MATERIAL E MÉTODOS 

1. Área Estudada 

O Estado da Bahia localiza­se na região Nordeste do Brasil, ocupando uma  área de 567.295,03 Km 2 , o que corresponde a 36,34% do território desta região e  a 6,64% do território brasileiro (Bahia, 2001). Está localizado entre as latitudes 8º  –  19º  Sul  e  37º  ­  47º  Oeste,  limitando­se  com  os  Estados  de  Sergipe,  Alagoas,  Pernambuco e Piauí ao norte, Goiás e Tocantins a oeste, Minas Gerais e Espírito  Santo  ao  sul,  e  o  Oceano  Atlântico  a  leste.  O  Estado  possui  sete  ilhas  continentais e costeiras com aproximadamente 547km 2 , além de um arquipélago  oceânico, o qual constitui o Parque Nacional Marinho de Abrolhos. 

Fig.  1:  Mapa  das  principais  formações  vegetais  do  Estado  da  Bahia  (Fonte:  Queiroz,  1998).

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A Bahia apresenta uma grande diversidade de formações vegetais, sendo  que  estão  presentes  no  Estado  os  biomas  Caatinga,  Cerrado  e  Mata  Atlântica.  Dessa  forma,  são  encontradas:  florestas  ombrófilas  densa;  restingas,  dunas,  e  mangues (no litoral); floresta estacional semidecidual, floresta estacional decidual  e savanas estépicas; savanas (a oeste do Rio São Francisco, com disjunções na  Chapada  Diamantina);  e  campos  rupestres,  nas  áreas  acima  de  900m  na  chapada  Diamantina.  Além  desses  ecossistemas  principais,  ocorrem  ainda  formações locais como os “inselbergs”, as dunas do Rio São Francisco, as “matas  de  grotão”,  florestas  ciliares  e  de  encostas  e  a  “Mata  de  Cipó”  (Giulietti  et  al.,  2006). 

2. Coleta do material botânico 

Foram  realizadas  excursões  ao  campo,  com  o  objetivo  de  amostrar  os  mais  diferentes  tipos  de  vegetação  por  um  período  de  quinze  meses  para  observações  das  plantas  “in  loco”,  onde  foram  feitos  os  registros  das  características  que  são  perdidas  no  processo  de  herborização  (cor  das  folhas,  flores, textura, viscosidade dos ramos e folhas), coleta de material botânico para  herborização,  fixação  das  partes  florais  em  álcool  a  70%  e  fotografia  dos  espécimes em campo. 

Foram  realizadas  10  expedições  para  as  diferentes  regiões  da  área  de  estudo: duas para a Chapada Diamantina; uma para o Oeste e Sudoeste baiano;  duas para o Recôncavo; três para o semi­árido; uma para o Sul da Bahia; e uma  expedição para o Litoral Norte. 

O  material  herborizado  constou  de  folhas,  flores  e/ou  frutos.  Para  cada  número  de  coleta  foi  amostrado  um  mínimo  de  três  exsicatas,  exceto  naqueles  casos onde foi encontrado apenas um indivíduo. Este material foi processado de  acordo  com  o  método  convencional  de  herborização,  seguindo  a  metodologia  proposta  por  Mori  et  al.  (1989).  Todo  o  material  coletado  está  depositado  no  Herbário da Universidade Estadual de Feira de Santana (HUEFS). 

3.  Identificação  do  material  botânico,  sistema  de  classificação  e  revisões  taxonômicas adotadas

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A  identificação  taxonômica  foi  realizada  com  o  auxílio  de  bibliografia  especializada para a família: Candolle (1845); Fresenius (1857); Johnston (1928,  1930,  1935);  Melo  &  Sales  (2004)  e  Silva  (2004).  Além  disso,  utilizou­se  a  comparação  com  as  coleções  de  herbário,  com  os  opus  princeps  e  com  as  fotografias  de  tipos,  que  estão  disponibilizadas  na  rede,  ou  que  foram  obtidas  através da colaboração de outros pesquisadores. 

Neste  trabalho  adotamos  como  sistema  de  classificação  o  APG  II,  o  qual  está sendo utilizado na Flora da Bahia. 

Os  nomes  utilizados  e  sinônimos  citados  para  os  gêneros  Heliotropium  e  Schleidenia  seguiram  Förther  (1998).  Para  as  espécies  de  Tournefortia,  foram  seguidos os nomes e sinônimos listados por Johnston (1928, 1935). 

4. Análise morfológica dos espécimes 

Para a análise do material botânico, inicialmente foi construída uma tabela  de  caracteres  com  as  características  mais  importantes  para  identificação  dos  táxons. A partir dessa tabela foram elaboradas as descrições, onde se utilizou os  valores máximos e mínimos das medidas obtidas. 

A  terminologia  utilizada  para  descrição  dos  tipos  de  indumento  seguiu  Hickey & King (2002). Para classificação dos tipos de venação utilizou­se Hickey  (1973).  A  descrição  das  demais  estruturas  vegetativas  e  das  estruturas  reprodutivas seguiu Radford et al. (1974). 

As  espécies  foram  analisadas  com  o  auxílio  de  estereomicroscópio  acoplado  à  câmara  clara.  Suas  características  foram  anotadas  e,  aquelas  mais  relevantes para o reconhecimento das espécies, foram ilustradas. 

5. Exame de espécimes de herbários 

Além dos materiais coletados com finalidade exclusiva para a dissertação,  foram  também  utilizados  os  demais  espécimes  depositados  no  HUEFS  e  as  coleções  dos  principais herbários do  país. Foram visitados  herbários  e solicitado  empréstimos de algumas exsicatas para análise mais detalhada e identificação do  material.

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Os  herbários  consultados  foram  os  seguintes  (siglas  de  acordo  com  o  Holmgren  et.  al.,  1990  e  com  o  Index  Herbariorum  (disponível  em:  http://sciweb.nybg.org/science2/IndexHerbariorum.asp): 

ALCB – Herbário Alexandre Leal Costa (BA);  CEPEC – Centro de Pesquisas do Cacau (BA);  HB – Herbário Bradeanum (RJ); 

HRB – Herbário RADAMBRASIL (BA); 

HUEFS  –  Herbário  do  Departamento  de  Ciências  Biológicas  da  Universidade Estadual de Feira de Santana (BA); 

MBM – Museu Botânico Municipal (PR); 

RB – Herbário do Jardim Botânico do Rio de janeiro (RJ); 

SP  –  Herbário  do  Estado  “Maria  Eneyda  P.  K.  Fidalgo”,  Instituto  de  Botânica (SP); 

SPF – Herbário do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo  (SP); 

UEC – Herbário da Universidade Estadual de Campinas (SP). 

6. Distribuição das espécies 

A  distribuição  geográfica  das  espécies  na  Bahia  foi  obtida  com  base  nas  informações  das  etiquetas  de  herbários  e  dados  disponíveis  na  bibliografia.  A  distribuição  geográfica  das  espécies  está  sendo  apresentada  de  acordo  com  o  modelo  da  Flora  da  Bahia  (disponível  em:  www.uefs.br/floradabahia),  que  está  sendo publicada na revista Sitientibus. 

8. Formato da dissertação 

A  dissertação  é  formada  por  dois capítulos, sendo  que  o capítulo  1  trata  da morfologia das espécies estudadas e o capítulo 2 formatado de acordo com as  normas  para  publicação  da  revista  Sitientibus,  na  qual  está  sendo  publicado  a  Flora da Bahia (Giulietti et al. 2006).

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 

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CAPÍTULO 1 

MORFOLOGIA DA SUBFAMÍLIA HELIOTROPIOIDEAE 

NA BAHIA

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MORFOLOGIA DA SUBFAMÍLIA HELIOTROPIOIDEAE  NA BAHIA 

1. Hábito 

As espécies de Heliotropioideae da Bahia apresentaram os seguintes tipos  de hábito: 

­  Ervas:  o  hábito  herbáceo  é  encontrado  apenas  na  espécie  Schleidenia  paradoxa.  Trata­se  de  uma  erva  totalmente  prostrada,  bastante  ramificada  (Fig.  1A­B). 

­ Subarbustos: este tipo de hábito foi encontrado em todas as espécies de  Heliotropium  (Fig.  1C­D) e  em alguns espécimes  de  Tournefortia  subsessilis.  Os  subarbustos  variaram  entre  0,1­1,5  m  de  altura,  podendo  ser  prostrados,  decumbentes  ou  eretos.  Algumas  espécies  variaram  entre  até  duas  dessas  formas. 

As  espécies  que  apresentaram  hábito  subarbustivo  prostrado  foram:  H.  barbatum, H. elongatum, H. polyphyllum (Fig. 1C), H. procumbens, H. salicoides,  H. ternatum e Tournefortia subsessilis. Os subarbustos com ramos decumbentes  foram: H. filiforme, H. fruticosum e H. polyphyllum. E as espécies de Heliotropium  que  são  subarbustos  eretos  são:  H.  angiospermum  (Fig.  1D),  H.  barbatum,  H.  elongatum, H. filiforme, H. indicum, H. procumbens, H. salicoides, H. ternatum, H.  transalpinum e Heliotropium sp. 

Ritidoma  está  presente  nas  seguintes  espécies:  H.  polyphyllum,  H.  salicoides, H. ternatum e Heliotropium sp. 

­  Arbustos:  todas  as  espécies  do  gênero  Tournefortia  e  apenas  uma  espécie de Heliotropium (H. transalpinum) apresentaram­se como arbustos. Estes  arbustos variaram  de  1,0­6,0  m  de  altura,  podendo ser:  decumbentes (T.  bicolor  (Fig. 1 E­F), T. candidula, T. floribunda, T. rubicunda e T. villosa); escandentes (T.  bicolor, T. breviflora, T. floribunda, T. gardneri e T.  melanochaeta); ou eretos (H.  transalpinum). Algumas espécies não vistas em campo (Tournefortia salicifolia, T.  paniculata e Tournefortia sp.) não possuíam nas exsicatas informações quanto ao  hábito.

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Em algumas  espécies  arbustivas  lenticelas  e/ou  ritidoma  estão  presentes,  nos  ramos  maduros.  As  espécies  que  tem  presença  de  lenticelas  são:  T.  floribunda,  T.  rubicunda  e  Tournefortia  sp.  As  que  possuem  ritidoma  são  T.  breviflora e Tournefortia sp. 

2. Folha 

As  folhas  possuem  disposição  alternas,  subopostas  ou  opostas.  Em  Tournefortia, Schleidenia e em H. fruticosum, H. polyphyllum, H. procumbens e H.  salicoides, as folhas são sempre alternas. Em H. elongatum as folhas variam de  alternas a subopostas. As demais espécies de Heliotropium (H. angiospermum, H.  barbatum,  H.  elongatum,  H.  filiforme,  H.  indicum,  H.  ternatum,  H.  transalpinum  e  Heliotropium  sp.)  possuem,  no  mesmo  indivíduo,  folhas  alternas,  subopostas  e  opostas. 

As  folhas  são  sempre  pecioladas,  com  exceção  de  H.  salicoides  que  geralmente  apresenta  folhas  sésseis.  O  pecíolo  variou  entre  0,5­58  mm  de  comprimento. 

A  lâmina  foliar  varia muito  dentro  deste  grupo,  consistindo  em  um caráter  taxonômico importante. As maiores folhas foram encontradas em T. breviflora (ca.  17,9 C 5,3 cm) e as menores em Heliotropium filiforme (ca. 0,5 C 0,1 cm). Quanto  à  textura,  as  folhas  podem  ser  membranáceas  (H.  angiospermum  (Fig.  2  A),  H.  barbatum,  H.  elongatum  (Fig.  2E),  H.  indicum,  H.  transalpinum,  S.  paradoxa,  T.  breviflora,  T.  rubicunda e  Tournefortia  sp.), cartáceas  (H.  filiforme,  H.  fruticosum,  H.  polyphyllum,  H.  salicoides,  H.  ternatum,  Heliotropium  sp.,  T.  bicolor,  T.  candidula (Fig. 2C) , T. gardneri, T. melanochaeta, T. paniculata, T. salicifolia e T.  villosa) ou crassas (em H. procumbens (Fig. 2D) e em T. subsessilis (Fig. 2F). As  folhas de T. floribunda variaram de membranáceas (Fig. 2B) a cartáceas. 

A  margem  pode  ser  inteira  (H.  barbatum,  H.  polyphyllum,  H.  procumbens  (Fig.  2D),  Heliotropium  sp.,  S.  paradoxa  (Fig.  1  A­B),  T.  candidula  (Fig.  2C),  T.  rubicunda  e  Tournefortia  sp.),  crenada  a crenulada  (H.  elongatum  (Fig.  2E)  e  H.  indicum),  levemente  revoluta  (H.  filiforme)  ou  revoluta  (H.  salicoides  e  H.  ternatum).  Em  H.  fruticosum  e  T.  subsessilis  (Fig.  2E)  as  folhas  variaram  de  margem inteira a levemente revoluta. Em H. angiospermum as  folhas  podem  ter

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margem inteira (Fig. 2A) a crenulada (Fig. 1D). Já em H. transalpinum, T. bicolor,  T.  breviflora,  T.  floribunda  (Fig.  2B),  T.  gardneri,  T.  melanochaeta,  T. paniculata,  T.  salicifolia  e  T.  villosa  as  margens  foliares  variaram  de  inteira  a  levemente  sinuosa. 

Segundo  Diane  et  al.  (2003),  a  superfície  foliar  em  Heliotropioideae  pode  ser plana ou bulada. Nesse estudo foi encontrado apenas em H. elongatum (Fig.  2E)  e  em  alguns  espécimes  de  H.  angiospermum  (Fig.  1D)  e  H.  indicum  folhas  com superfície bulada. 

Os  integrantes  da  subfamília  Heliotropioideae  geralmente  possuem  um  denso  indumento,  sendo  raras  espécies  com  folhas  glabras  (Diane  et  al.  2003).  Todas  as  espécies  estudadas  apresentaram  tricomas,  pelo  menos  em  uma  das  faces  das  folhas  (Fig.  3A­L;  Fig.  4A­M).  A  face  adaxial  pode  possuir  tricomas  esparsos  [H.  angiospermum  (Fig.  3A1)  e  H.  indicum  (Fig.  3F1],  apenas  concentrados  nas  nervuras  principal  e  secundárias  [T.  villosa  (Fig.  4K1)]  ou  ser  glabra  [T.  subsessilis  (Fig.  4  J1)].  Nas  demais  espécies  o  indumento  na  face  adaxial pode ser: 

­  pubescente [T. floribunda e (Fig. 4 D1)]; 

­  serício  [H.  barbatum,  H.  filiforme,  H.  polyphyllum,  H.  procumbens  e  S.  paradoxa (Fig. 3 B1; D1; G1­H1 e Fig. 4 M1)]; 

­  tomentoso [ T. candidula (Fig. 4 C1)];  ­  viloso [T. salicifolia (Fig. 4 I1)]; 

­  hirsuto [Tournefortia sp. (Fig. 4 L1)]; 

­  híspido  [T.  bicolor,  T.  breviflora,  T.  melanochaeta,  T.  paniculata  e  T.  rubicunda (Fig. 4 A1­B1; F1­H1)]; 

­  estrigoso [H. fruticosum, H. salicoides, H. ternatum, Heliotropium sp., T.  gardneri, (Fig. 3 E2; I2­J2; L1  e Fig. 4 B1; E1)]; 

O  indumento  na  face  abaxial  das  folhas  das  espécies  estudadas  podem  ser: 

­  serício [H. barbatum, H. filiforme, H. polyphyllum e S. paradoxa  (Fig. 3  B2; D2; G2; Fig. 4 M2)]; 

­  pubescente [T. subsessilis (Fig. 4 J2)];  ­  híspido [T. bicolor (Fig. 4 A2)]; 

­  tomentoso [T. candidula e T. floribunda (Fig. 4 C2; C3)];  ­  viloso [T. gardneri , T. salicifolia e T. villosa (Fig. 4 E2; I2; K2)];

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­  estrigoso  [H.  fruticosum,  H.  salicoides  e  H.  ternatum,  T.  paniculata,  T.  rubicunda (Fig. 3 E2; I2; J2; Fig. 4 G2;H2)]; 

­  hirsuto [Tournefortia sp.  (Fig. 4L2)];  ­  hispidula [T. breviflora (Fig. 4 B2)]. 

Em H.  transalpinum  os  tricomas  são  bífidos  e  concentrados  nas  nervuras  principal  e  secundárias.  Em  Heliotropium  indicum  (face  abaxial)  e  H.  elongatum  (ambas  as  faces)  foram  encontrados  tricomas  curtos  intercalados  com  tricomas  longos,  sendo  que  em  H.  indicum  os  tricomas  longos  são  concentrados  nas  nervuras  principal  e  secundárias.  Os  tricomas  da  face  abaxial  das  folhas  de  H.  procumbens possuem base discóide. O indumento na  face abaxial das folhas de  T.  melanochaeta  variou  de  híspido  a  tomentoso.  Heliotropium  angiospermum  possui,  na  face  abaxial  de  suas  folhas,  tricomas  concentrados  apenas  nas  nervuras principal e secundárias. 

Diane  et  al.  (2003)  considerou  que  os  caracteres  foliares  em  Heliotropioideae  podem  ter  uma  interpretação  ecológica.  Espécies  com  folhas  lineares a lanceoladas, com margem revoluta e indumento denso seriam propícias  ao  ambiente  semi­árido  (Diane  et  al.  2003).  Estas  características  foliares  em  associação  às  condições  ambientais  citadas  também  foram  encontradas  neste  estudo,  nas  espécies  H.  filiforme,  H.  salicoides  e  H.  ternatum,  que  ocorrem  em  ambientes áridos. 

3. Inflorescência 

Em  Heliotropium  e  Tournefortia  as  flores  são  reunidas  em  cimas  escorpióides (Buys & Hilger, 2003). Em Heliotropium as inflorescências podem ser  inteiras  (Fig.  1D;  2A;  2E)  ou  bifurcadas  (Fig.  2D)  e  em  Tournefortia  as  inflorescências  são  sempre  ramificadas  (Fig.2B),  geralmente  com  mais  de  três  ramos.  As flores apresentam­se solitárias apenas em Schleidenia paradoxa (Fig.  1A­E). 

Em  muitas  espécies  de  Boraginaceae,  Solanaceae  e  Polemoniaceae  ocorrem  fenômenos  metatópicos,  que  é  o  deslocamento  de  órgãos  por  um  crescimento  diferenciado.  Um  destes  fenômenos  é  a  concaulescência,  onde  ocorre  o  afastamento  da  inflorescência  da  axila  da  folha  pelo  crescimento

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meristemático  intercalar  da  gema  que  a  originou.  Assim,  as  inflorescências  aparecem  em  posições  extra­axilares  ou  internodais  (Weberling,  1992).  Em  algumas  espécies  estudadas  de  Tournefortia  as  inflorescências  aparecem  em  posição internodal (T. bicolor, T. candidula (Fig. 2C), T. floribunda, T. gardneri, T.  melanochaeta, T. subsessilis, T. villosa). 

Tournefortia  breviflora  possui  inflorescências  exclusivamente  axilares.  As  demais  espécies  estudadas  de  Tournefortia  possuem  inflorescências  terminais,  sendo que podem ou não apresentar ramos axilares e/ou internodais. As espécies  que  possuem  apenas  inflorescências  terminais  são  T.  paniculata  e  em  T.  rubicunda.  As  que  apresentam  inflorescências  terminais  e  axilares  são:  T.  gardneri, Tournefortia sp.  e, mais raramente, T. melanochaeta e T. salicifolia. 

As inflorescências em Heliotropium são terminais. Apenas H. fruticosum, H.  procumbens  e  H.  ternatum  possuem  em  alguns  indivíduos  inflorescências  axilares, além das terminais. As flores são axilares em Schleidenia paradoxa (Fig.  1A­B). 

Os  cálices  das  espécies  analisadas  possuem  tubo  muito  curto  e  cinco  lobos  ovais,  com  ápice  agudo  (Fig.  5A­Z).  Geralmente  o  cálice  não  supera  o  tamanho  do  tubo  da  corola,  com  exceção  de  T.  melanochaeta  (Fig.  5S),  onde  essa  estrutura  é  maior  do  que  a  corola.  O  cálice  pode  ser  acrescente  [em  H.  filiforme,  H.  fruticosum,  H.  polyphyllum,  H.  procumbens,  H.  salicoides,  H.  ternatum,  T.  gardneri  e  em  T.  paniculata  (Fig.  5  D­E,  G­J,  R  e  T)]  ou  não  na  frutificação.  Comumente  a  parte  acrescente  são  os  lobos  do  cálice.  Entretanto,  alguns  espécimes  de  T.  gardneri  apresentaram  tanto  cálice  com  lobos  acrescentes,  como  cálices  com  tubo  acrescente  na  frutificação  (neste  caso,  cobrindo  totalmente  o  fruto).  Em  algumas  exsicatas  desta  espécie  foram  encontrados os dois tipos de cálice citados. 

A corola pode variar em relação ao tamanho do tubo e em relação à forma  e tamanho dos lobos (Fig. 6A­Z). Os lobos das corolas podem ser: 

­ obovais: H. angiospermum (Fig. 7 A);  ­ ovais: H. barbatum (Fig. 7 B); 

­ ovais com ápice agudo: H. fruticosum, H. polyphyllum, H. procumbens, H.  salicoides,  H.  ternatum,  H.  transalpinum,  Heliotropium  sp.,  H.  filiforme  e  em  Tournefortia, sendo que em geral os lobos da corola das espécies de Heliotropium  são mais largos (Fig. 7 E; G­L; N­Z);

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­ rotundos: H. elongatum e H. indicum (Fig. 7 C; F);  ­ plicados: S. paradoxa (Fig. 7 M); 

Heliotropium  filiforme  têm  os  lobos  da  corola  ovais,  com  ápice  agudo,  porém desiguais entre si em relação ao tamanho (Fig. 7 D). 

As corolas das espécies de Tournefortia estudadas são geralmente verdes,  com  ou  sem  os  lobos  laranja,  podendo  ser  também  brancas  (Fig.  1E­F)  ou  vermelhas (apenas emT. rubicunda). 

Nas espécies de Heliotropium da Bahia, a corola pode ser: branca ou lilás  com fauce amarela (H. angiospermum (Fig. 1D; 2A), H. elongatum (Fig. 2E) e H.  indicum);  branca  com  fauce  amarela  (H.  barbatum,  H.  filiforme,  H.  polyphyllum  (Fig.  1C),  H.  procumbens  (Fig.  2D),  H.  salicoides  e  H.  ternatum),  amarela  (H.  fruticosum, H. polyphyllum e H. salicoides e Schleidenia  paradoxa (Fig. 1A­B) ou  totalmente  branca  (H.  transalpinum  e  Heliotropium  sp.).  Em  campo  só  foram  visualizados  espécimes  de  H.  salicoides  com  corola  amarela.  Entretanto,  em  algumas exsicatas foi citada, para a corola desta espécie, a cor branca com fauce  amarela e, em apenas uma exsicata, a cor rosa. 

As  anteras  podem  ser  livres  (Tournefortia,  com  exceção  de  Tournefortia  sp.;  H.  angiospermum,  H.  elongatum,  H.  filiforme,  H.  indicum,  H.  transalpinum  e  Heliotropium  sp.)  ou  unidas  pelo  ápice  (sendo  denominadas  anteras  coerentes)  nas  demais  espécies.  Podem  ser  inseridas  no  terço  inferior  (H.  elongatum,  H.  polyphyllum,  H.  salicoides  e  H.  ternatum),  no  meio  (H.  filiforme,  H.  indicum  e  T.  bicolor)  ou  no  terço  superior  do  tubo  (H.  angiospermum,  H.  barbatum,  H.  fruticosum, H. procumbens, H. transalpinum, Heliotropium sp. e Tournefortia, com  exceção de T. bicolor). 

O  ovário  possui  sempre  dois  carpelos,  que  em  geral  apresentam­se  divididos por um falso septo. Esta divisão origina um ovário pseudo­tetralocular. O  número de óvulos por lóculo varia de 1­2, de acordo com a presença deste falso  septo. 

O estigma  (Fig.  8A­Z) pode ser séssil  [H. angiospermum,  H.  barbatum,  H.  procumbens,  H.  transalpinum  T.  bicolor  (Fig.  7  A­B;  H;  N)]  ou  não,  nas  demais  espécies.  A  base  do  estigma  é  espessa,  sendo  denominada  disco  por  alguns  autores (Silva, 2004).

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4. Fruto 

Os frutos das espécies de Heliotropium (Fig. 8A­L) são esquizocárpicos, e  podem ter duas ou quatro núculas. As espécies que possuem duas núculas são:  H.  angiospermum,  H.  elongatum  e  H.  transalpinum  (Fig.  8  A,  C  e  K);  as  demais  espécies  (H.  barbatum,  H.  elongatum,  H.  filiforme,  H.  fruticosum,  H.  indicum,  H.  polyphyllum,  H.  procumbens,  H.  salicoides,  H.  ternatum  e  Heliotropium  sp.)  têm  quatro  núculas  (Fig.  8  B,  D­J  e  L).  As  núculas  geralmente  separam­se  na  maturidade, com exceção de H. elongatum e H. transalpinum. 

O fruto é uma drupa em S. paradoxa e em Tournefortia (Fig. 8M­Z). A cor  do fruto de S. paradoxa é verde. Já em Tournefortia, os frutos podem ser verdes  (T. bicolor. T. breviflora T. gardneri, T. paniculata, T.salicifolia e Tournefortia sp.),  vermelho,  laranja  ou  raramente  amarelo  (em  T.  rubicunda) e  branco com  quatro  manchas  esféricas  pretas  (T.  floribunda,  T.  subsessilis  e  T.  villosa).  Em  uma  exsicata  foi  referida  a  cor  roxa  para  os  frutos  de  T.  melanochaeta,  porém  em  campo só foram vistos frutos com cor verde. 

Os  frutos  podem  ser  glabros  [H.  elongatum,  T.  bicolor,  T.  breviflora,  floribunda, T. paniculata, T. rubicunda, T. subsessilis e T. villosa (Fig. 8 C, N­O, Q,  T­U, X­Y)] ou com indumento que varia entre pubescente [H. indicum, T. gardneri  e  T.  melanochaeta  (Fig.  8  F,  R­S)]  serício  [H.  barbatum,  H.  filiforme,  H.  polyphyllum, H. procumbens e S. paradoxa (Fig. 8 B, D, G­H e M)] tomentoso [T.  candidula ( Fig. 8 P)], hirsuto [Tournefortia sp. (Fig. 8 Z)], híspido [H. salicoides, H.  ternatum e Heliotropium sp.(Fig. 8 I­J e L)] estrigoso [H. fruticosum e T. salicifolia  (Fig.  8  E  e  V)]  ou  verrucoso  [H.  angiospermum  (Fig.  8  A)].  Os  frutos  de  H.  transalpinum (Fig. 8 K) são cobertos por tricomas bífidos.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS 

BUYS, M.H. & HILGER, H.H. 2003. Boraginaceae cymes are exclusively scorpioid  and not helicoids. Taxon 52: 719­724. 

DIANE, N.; JACOB. C. & HILGER, H.H. 2003. Leaf anatomy and foliar trichomes  in Heliotropiaceae and their systematic relevance. Flora 198: 468­485.  HICKEY,  L.J.  1973.  Classification  of  the  architecture  of  dicotyledonous  leaves. 

Amer. J. Bot. 60(1): 17­33 p. 

HICKEY,  M.  &  KING,  C.  2002.  The  Cambridge  illustrated  glossary  of  botanical  terms. Cambridge University Press. 

RADFORD,  A.E.;  DICKISON,  W.C.;  MASSEY,  J.R.;  BELL,  C.R.  et  al.  1974.  Vascular Plant Systematics. Harper & Row, Pubblishers, 83­166 p. 

SILVA,  L.C.  2004.  Estudos  taxonômicos  das  espécies  extra­amazônicas  de  Tournefortia L. (Boraginaceae s.l.). Universidade Estadual Paulista “Julio  Mesquita Filho”, Dissertação de Mestrado. 

WEBERLING, F. 1992. Morphology of flowers and inflorescences. Cambridge,  Univ. Press. 216­218 p.

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CAPÍTULO 2 

Referências

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