COMPORTAMENTO
ALIMENTAR
E
RITMOS
CIRCADIANOS
DE
CONSUMO
NUTRICIONAL
DOS COLETORES
DE
LIXO
DA
CIDADE
DE
FLÓRIÀNÓPÓLISZ
RELAÇÕES
ENTRE
OS TURNOS DE TRABALHO
Orientador:
Markus
ViníciusNahas
Florianópolis --
SC
MARIA
ALICE
ALTENBURG
DE
ASSIS
Esta tese foi julgada
adequada
para obtenção do
Título de:DOUTOR
EM
ENGENHARIA
,..z~Programa
de
Pós
-
Graduação
em
Engenharia de
Produção
GEP
Banca Examinadora:
Moderador:
Prof.
Ric
oM
r~ia,
PhD
C
ordenador
do
P
EP
V
UFC/
9, OProf.
Markus
ViníciusN
. has,PhD
Orientador
Prof”
Rosa
'fli › z\"I,- e rcia,Dra
PUCCAMP
-Faculdad
- - Nutrição-
Í-
3ii/
#¬'À›z›,
5<1J~;
(`Êw
J
Prof” Anita
Sachs
Feuz,1%:
SP
Departamento
de
Medicina
PreventivaUNIFE
- ' ' 'Prof”
Rossana Pacheco da Costa
ProenEa,Dra
UFSCÍ
Departamento
dflutriçãoš
rof. Neri dos Santos, Dr. Ing.
UFSC
-PPGEP
xx/“bl
(/vvöxzckfl ,Prof*
Vera
Lucia
ardosoGarcia
Tramonte,
Dra
cENTRo
TECNOLÓGICO
PROGRAMA
DE PÓS-GRADUAÇÃO
EM
ENGENHARIA DE
PRODUÇÃO
COMPORTAMENTO
ALIMENTAR
E
RITMOS
CIRCADIANOS
DE
CONSUMO
NUTRICIONAL
DOS COLETORES
DE
LIXO
DA
CIDADE
DE
FLORIANÓPOLIS:
RELAÇÕES
ENTRE
os
TuRNos
DE
TRABALHO
Tese
deDoutorado
submetidaao Programa
de Pós-Graduação
em
Engenharia de Produção,como
requisitoparcial para obtenção
do
Títulode
Doutor.'
Centro Tecnológico
-
UFSC
MARIA
ALICE
ALTENBURG
DE
ASSIS
Orientador:
Markus
ViníciusNahas
minha
gente,
garis
de
minha
ilha,
gente
humilde,
pendurada
nos
estribos,
coletando o
lixo
em
ritmo
de
alegria.
Comida
requentada
e
barriga
cheia.
A
É
assimcomo
a
luzno
coração.. Viníciusde
Moraes
Salve
aquele
que
prestou,
por
quatro longos
anos,
solidariedade
a
estaocupaçao.
Te
acompanhar na
provas
bimestraisVocê
vai verSerei
de você
confidentefiel
Se
seupranto
molhar
meu
papel
Toquinho
Luiz
Eduardo
e
Pedro Henrique
Markus
Vinícius
Nahas
Fernando
PessoaO
esforço é grande...A
tese
sonhada
Clllnpfe-S8
3g0I'a.
a
mão
segura
que
a
conduziu.
Comovida
e
grata, registro,
neste
final de
jomada,
os
nomes
de
quem
sou para
sempre
devedora:
Arlete Corso, Cláudia Moreno, Cleunisse Canto, Cristina Mattos, Elizabeth Diamantopoulos, Elise Grillo, France Bellisle, Gerson
Faccin, Hélio Vidal, Ileana Kazapi, Joana Zucco, José de Fátima
Juvêncio, Manoel José Faustino Silveira, Marcia Pizzichini,
Maria José de Deus, Odília Carreirão Ortiga, Patrícia Di Pietro,
Paulo Pinho, Suely Grosseman, Sandra Avancini,
T
arcísio Cardoso,Vera
T
ramonte.E,
por
último, o
agradecimento
especial
ao
professor
Emil
Kupek,
Companhia
de
Melhoramentos
da
Capital PrefeituraMunicipal de
FlorianópolisDepartamento
de
NutriçãoUniversidade Federal de Santa Catarina
Fundação Coordenação
de Aperfeiçoamento de
Pessoalde
NívelSuperior
Ministérioda
Educação
edo Desporto
Institut
de
laSanté
etde
laRecherche
Medical
LISTA
DE TABELAS
.. .. ... . .. .. .. .. .. ...LISTA
DE
FIGURAS
...LISTA
DE
QUADROS
... .L ... ..LISTA
DE
ANEXOS
... ... .... .. E.RESUMO
... .. xivABSTRACT
... ..xv
1INTRODUÇÃO
... ..17
1.1. Objetivos ... .. 19 1.2 Questões investigadas ... ..20 1.3 Limitações ... ..21 1.4 Delimitações ... ..22 1.5Definição
de tennos ... ..22
1.6 Estruturado
Trabalho ... _.27
2
REVISÃO
DA
LITERATURA
... ..292.1
O
trabalho dos coletores de lixo e os riscos à saúde ... ..292.2
Comportamento
alimentar,desempenho
e aptidão ñsica ... ..30
2.3
Comportamento
alimentar, prazer edesempenho
cognitivo ... ..342.4
Ritmos
circadianos ... ..~ ... ..36
2.5
Comportamento
alimentar e ritmosde
consumo
... ..38
2.5.1
Ritmos
sazonais e semanais ... .... ..382.5.2
Ritmos
circadianos e ultradianos ... .... ..39
2.6
Comportamento
alimentar e estado nutricionalem
trabalhadores noturnos eem
turnos ... ..413
PARTICIPANTES
E
MÉTODOS..
... ... ..44
3.1 Participantes ... ... ..44
3.2
Métodos
... ..453.2.1 Análise
ergonômica do
trabalho ... ._45
3.2.2 Avaliaçãodo
estado nutricional ... ..493.2.3
Requerimento
energético ... _.50
3.2.4Comportamento
deconsumo
de refeições, lanches, alimentos e nutrientes ... ..52
3.2.4.1
Consumo
diário de refeições e lanches e aportede
calorias e macronutrientes .... ..55
3.2.4.2
Consumo
diário de alimentos e aporte de calorias e macronutrientes ... ..57
3.2.4.3 Apoite diário
de
calorias e macronutrientes ... ..58
3.2.4.4
Ritmos
circadianos dos eventos alimentares edo
consumo
calórico ede
macronutrientes ... .. 58 3.3 Análise dosDados
... ... ..59
4.2 Estado nutricional ... .. 71
4.3
Requerimento
energético ... ..72
4.4
Comportamento
deconsumo
de
refeições, lanches, alimentos 'e nutrientes... ..
74
4.4.1
Consumo
diário de refeições e lanches e aporte de calorias e macronutrientes ... _.74
4.4.2
Consumo
diário de alimentos e aporte de calorias e macronutrientes ... ..79
4.4.3 Aporte diário de energia e macronutrientes ... .. 83
4.4.4 Distribuição circadiana dos eventos alimentares e
do
consumo
calórico e demacronutrientes ... .. 86
5
DISCUSSÃO
DOS RESULTADOS
... .; ... ..935.1 Qualidade
de
vida dos coletores de lixoem
funçãoda
naturezada
atividade .e doshorários
de
trabalho. ... ... .. 935.1.1 Estilo
de
vida e níveis de satisfação dos coletoresde
lixo ... .. 955.1.2 Estilo
de
vida e níveis de satisfação e prazerem
relação aoconsumo
alimentardurante
o
trabalho ... ..97
5.2
Requerimento
energéticoem
funçãoda
naturezada
atividade e dos turnos detrabalho ... ..- ... ..
99
5.3
Comportamento
deconsumo
de refeições, lanches, alirnentos e nutrientesem
função
da
natureza das atividades e dos horários de trabalho ... _. 1025.4
Adequação
nutricionalda
alimentaçãoem
funçãoda
natureza e dos horários deatividade ... .. 106
5.5 Distribuição circadiana
do
consumo
alimentar e nutricionalem
funçãoda
natureza das atividades e dos horários de trabalho ... .. 1076
CONCLUSÕES
... .. 1 127
RECOMENDAÇÕES
... ..115REFRÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
... ..117LISTA
DE TABELAS
Tabela 1
-
Classificação do estado nutricionalem
adultos de acordocom
oIMC (WHO,
1998) ... ..49Tabela 2
-
Estimativa diária do gasto energético dos coletores de lixo nos dias de trabalho ... .. 50Tabela 3 - Condições ambientais de temperatura (°C) e umidade relativa (%) nos meses de junho e julho de 1997 e março a abril de 1999 ... _. 51
Tabela 4
-
Critério de classificação do valor calórico total(VCT)
e da adequação energéticapercentual dos macronutrientes
em
relação ao valor calórico total(WHO,
1985) ... _. 58Tabela 5
-
Número
e porcentagem de indivíduos, segundo a faixa etária, estado civil, níveleducacional e faixa de renda familiar, de acordo
com
os tumos de trabalho ... ._ 64Tabela 6
-
Indicadores de qualidade de vida no trabalho relacionados ao tipo de trabalho realdos coletores de lixo, segundo os tumos de trabalho.
Março
e abril de 1999 ... .. 65Tabela 7
-
Características do estilo de vida dos coletores de lixo segundo otumo
de trabalhona atividade (anos), duração do sono principal (horas) e
consumo
de bebidaalooólioa.
Média
(Í), doavio padiâo (DP), valorminimo
(Mia) omaximo
(Max) só Tabela 8-
Indicadores do estilo de vida quanto ao nível de satisfação dos trabalhadoresem
relação a estresse, lar, trabalho, lazer, qualidade de vida e situação financeira,
segundo os turnos de trabalho ... .. 67
Tabela 9
_
valores da média (Í), doavio padrao (DP), valormimmo
(Mm)
omaximo
(Max)V
da massa corporal (kg) e do
IMC
(kg/E2), segundo os turnos de trabalho ... .. 71Tabela 10
- Número
e porcentagem de indivíduos segundo o estado nutricional e os tumos detrabalho ... .. 72
Tabela ll
-
Valores da média (Í), desvio padrão (DP), valor mínimo (Min) emáximo
(Max)do gasto energético (kcal/hora), do tempo (horas) despendido na atividade e do gasto
A energético
no
trabalho (kcal/dia) da populaçãoestudada, segundo os tumos de
trabalho ... ._ 73
Tabela 12
-
valozoa da média (32), desvio paõiâo (DP), valor minimo (Mia) omaximo
(Max)do requerimento energético diário (kcal/dia) dos coletores de lixo, segimdo o turno
de trabalho ... ... .. 73
Tabela 13
-
Freqüência e qualidade nutricional das refeições e lanches consumidos portrabalhadores
do
tumo
matutino, de acordocom
os teores médios de caloria(kcal/dia) e macronutrientes (gdia) ... .. 75
Tabela 14
-
Freqüência e qualidade nutricional das refeições e lanches consumidos portrabalhadores do turno vespertino, de acordo
com
os teores médios de energiaTabela 15
-
Freqüência e qualidade nutricional das refeições e lanches consumidos portrabalhadores do turno noturno, de acordo
com
os teores médios de energia(kcal/dia) e macronutrientes (g/dia) ... ... ._
Tabela 16
-
Freqüência econsumo
médio diário dos grupos alimentares, segundo o valorcalórico total (kcal/dia) e o teor de macronutrientes (g/dia), dos trabalhadores do
tumo
matutino ... ._Tabela 17
-
Freqüência econsumo
médio diário dos grupos alimentares, segundo o valorcalórico total (kcal/dia) e o teor de macronutrientes (g/dia), dos trabalhadores do
turno vespertino ... ..
Tabela 18
-
Freqüência econsumo
médio diário dos grupos alimentares, segundo o valorcalórico total (kcal/dia) e o teor de macronutrientes (g/dia), dos trabalhadores do
turno noturno ... .; ... ..
Tabela 19
-
valores da médio (Y), desvio pzdrâo (DP), valormímmo
(Mm)
ommúmo
(Max)das variáveis dietéticas da alimentação dos trabalhadores do turno matutino ... ..
Tabela 20
-
Valores da média (Í), desvio padrão (DP), valor mínimo (Min) emáximo
(Max)V
das variáveis dietéticas da alimentação dos trabalhadores do turno vespertino ... ..
Tabela 21
-
Valores da média desvio padrão (DP), valor mínimo (Min) emáximo
(Max)das variáveis dietéticas da alimentação dos trabalhadores do turno
notumo
... ..Tabela 22
-
Níunero e porcentagem de trabalhadores segrmdo o turno de trabalho eaadequação calórica da dieta
em
24 horas ... ..Tabela 23
-Número
e porcentagem de sujeitos segtmdo o turno de trabalho e a adequaçãoprotéica da dieta
em
24 horas ... ..Tabela
24
- Número
e porcentagem de sujeitos segtmdo o turno de trabalho e a adequação de gordura da dietaem
24 horas ... ._Tabela
25
- Número
e porcentagem de sujeitos segundo otumo
de trabalho e a adequação decarboidratos da dieta
em
24 horas ... ..Tabela
26
-
Distribuição da fieqüência (%) dos eventos alimentares (lanches e refeições),realizados durante a madrugada, pela manhã, ao meio-dia, à tarde e à noite, segimdo
os turnos de trabalho ... ..
LISTA
DE
FIGURAS
Figura 1 - Distribuição (%) dos indivíduos segtmdo os turnos e os relatos de sensação de
fome, antes, durante e depois do trabalho ... ..
Fig\u'a 2 - Distribuição (%) dos indivíduos segimdo os turnos, e os relatos de sensação de
sede, antes, durante e depois do trabalho ... ..
Figura 3 Figura 4- Figura 5- Figura 6
-
Figura 7-
Figura 8-
Figura 9- Figura 10-Quadro
1-
Quadro
2-
Anexo
1-Anexo
2-Distribuição (%) dos indivíduos segtmdo os turnos, e o prazer relacionado ao
sabor das refeições oferecidas pela empresa ... .. 69
Distribuição (%) dos indivíduos segundo os turnos e o prazer relacionadoà
aparência das refeições oferecidas pela empresa ... ..
69
Contribuição (%) dos componentes do gasto energético diário ao requerimento
energético (kcal/dia) dos trabalhadores, segimdo o turno de trabalho ... .. 74
Contribuição ao
consumo
diário de calorias (%kcal), proteínas (g%), gorduras (g%)`e carboidratos (g%) das refeições e lanches, segundo o turno de trabalho ... ._ 78
Contribuição relativa (%) das calorias fornecidas pelos grupos de alimentos ao
valor calórico total da dieta dos coletores de lixo, segundo o turno de trabalho.
Média
e erro padrão ... .. 81Contribuição relativa do
consumo
dos alimentos mais importantes quanto aofornecimento diário percapita de calorias (kcal%) e de macronutrientes (g%) ... .. 82
Distribuição circadiana da ingestão de calorias e dos macronutrientes
(kcal/hora/pessoa),
em
intervalos deuma
hora, segundo os tumos de trabalho.Média
(E) ... .. s9Ritmos circadianos de ingestão calórica total, de proteínas, de gorduras e de
carboidratos nos eventos alimentares realizados durante a madrugada (01:00h-
04h59), pela
manhã
(05h00-11h59), ao meio-dia (12h00-15h59), à tarde (l6h00- l9h59) e à noite (20h00-00h59), segimdo o turno de trabalho.Média
e intervalode confiança de
95%
... .. 92LISTA
DE
QUADROS
Categorias de eventos alimentares de acordo
com
a densidade e perfil nutricionalde grupos de alimentos (modificado de Lennernãs et al., 1999) ... _. 56
Critérios para classificação dos eventos alimentares segimdo a qualidade
nutricional, a partir da combinação dos grupos alimentares do quadro 1 (modificado
de
Lennemãs
et al., 1999) ... _. 56LISTA
DE
ANEXOS
Comportamento Alimentar e Ritmos Circadianos de
Consumo
Nutricional dosColetores
do
Lixo da Cidade de Florianópolis: Relações entre os Turnos deTrabalho ... .I ... _. 128
Comportamento Alimentar e Ritmos Circadianos de
Consumo
Nutricional dosColetores
do
Lixo da Cidade de Florianópolis:Relaçõescom
os Turnos deAnexo
3-Anexo
4-Anexo
5-Anexo
6-Anexo
7-Anexo
8-Comportamento Alimentar e Ritmos Circadianos de Ingestão
em
Coletores doLixo da Cidade de Florianópolis ... .. 133
Comportamento Alimentar e Ritmos Circadianos de Ingestão
em
Coletores doLixo da Cidade de Florianópolis ... ._ 134
Quantidade de Lixo (Toneladas/mês) Coletado
em
Florianópolis, pelo Sistema deColeta Convencional, segundo os Turnos de Trabalho. Março/98 a Maio/99 ... .. 136
Deveres e obrigações do gari
em
suas atividades ... .. 137Aporte calórico (kcal/grupo/dia) e de macronutrientes (ggrupo/dia) nos lanches e
refeições consumidos por coletores de -lixo dos turnos matutino, vespertino e
noturno.
Média
e desvio padrão ... .. 139Distribuição circadiana da ingestão calórica (kcal/hora/pessoa) e dos
macronutrientes (%kca1/hora/pessoa), nos eventos alimentares dos trabalhadores
RESUMO
Diante da constatação de que trabalho
em
turnostem
sido objeto de abordagem macroscópica de ergonomistas e cronobiologistas-
em
detrimento da análise do .impacto das tarefas específicas-
euma
análise eficiente do trabalho real implica que seja enfocadotambém
o comportamentoalimentar do trabalhador, procurou-se, no presente estudo, integrar as áreas de ergonomia, nutrição
e cronobiologia, tendo-se
como
objeto 0 comportamento alimentar dos coletores de lixo da cidadede Florianópolis, através da avaliação da qualidade da dieta
como
um
todo (considerando-se os requerimentos energéticos, a freqüência e a composição nutricional dos alimentos e tipos derefeições consumidas),
bem
como
a distribuição circadiana doconsumo
calórico e dosmacronutrientes,
em
relação à natureza das atividades realizadasem
diferentes turnos. Participaramdo estudo 66 individuos, 22 de cada turno, representando respectivamente 52,4%,
39,3%
e84,6%
dos coletores de lixo dos
tumos
matutino, vespertino e noturno.Na
análise ergonômica dotraballio, procedeu-se à análise da
demanda
e da tareià, dando-se especial ênfase à análise daatividade, tendo sido coletados indicadores relacionados ao tipo de trabalho real.
As
característicasda população
em
estudo foram abordadas de forma múltipla, abrangendo, entre outras, dados demográficos, qualidade de vida, sensação de fome e prazer diante das refeições, estadonutricional, requerimento energético diário e gasto energético
no
trabalho, estabelecendo-se,sempre que possível, correlações e inferências entre os turnos, e o comportamento de
consumo
nutricional e alimentar.
Um
terço dos garis dos turnos matutino e vespertino foram categorizadoscomo
pré-obesos e os demais trabalhadores foram classificados na faixa de normalidade do estadonutricional. Independente do turno de trabalho, mais de
50%
do requerimento energético diáriocorrespondeu ao dispêndio na coleta do lixo.
O
consumo
satisfez as necessidades energéticas dostrabalhadores dos turnos noturno e vespertino,
porém
não atingiu os requerimentos de68%
dostrabalhadores do período matutino.
Em
média, os valores estirnados para a ingestão calóricaem
24horas não apresentaram diferenças entre os grupos. Independente do turno, as dietas consumidas foram classificadas
como
excessivasem
proteínas e gorduras. Quanto à adequação de carboidratos, as dietas dos grupos vespertino enotumo
atingiram a recomendaçãomínima
daOMS,
enquantono
grupo matutino a proporção foi insuficiente.No
entanto, a distribuição circadiana da ingestão denutrientes se caracterizou pelo maior
consumo
de carboidratos, seguido das gorduras e proteínas.Entre os alimentos consumidos e que contribuiram
com
os teores mais significativos de calorias,proteínas e' gorduras na dieta diária de todos os trabalhadores, destacaram-se a carne bovina, o
frango, as pastelarias, os peixes e fiutos do mar, o pão, o feijão e o óleo. Quanto ao fomecimento
de carboidratos, distinguiram-se o pão, o arroz, os refrigerantes, o açúcar, as pastelarias e o feijão.
As
refeições classificadascomo
incornpletas foram consumidascom
maior freqüência por todos ostrabalhadores. Quanto às refeições completas, relevou-se que os trabalhadores noturnos as
consumiram
com
maior fieqüência do que os colegas de trabalho dos outros turnos. Por sua vez, ostrabalhadores do
tumo
vespertino consumiram lanches de baixa qualidade, que lhesfomeceram
teores significativamente mais elevados de calorias e macronutrientes. Este estudo revelou várias
diferenças interessantes
no
padrão alimentar dos coletores de lixo, identificando-se ritmoscircadianos de ingestão alimentar nos três turnos. Evidenciou-se a influência dos horários de
trabalho, da periodicidade de sono e do
consumo
de lanches, durante as atividades de coleta deABSTRACT
Given the realization that shittwork has been studied only through macroscopic approaches
by
ergonomists and chronobiologists - in detriment to the analysis of the impact of specific tasks
-
andthat an eflicient analysis of real
work
implies that the eating habits of the Worker also be studied, this study seeks to integrate the fields of ergonomics, nutrition and chronobiology.The
object ofthe study is the eating habits of garbage collectors in the city of Florianópolis, through the
evaluation of the quality of the diet as a whole (considering caloric requirements, frequency and the
nutritional composition of the foods and types of meals consumed), as well as the circadian
rhythms, of caloric consumption and that of macronutiients, in relation to the nature of the
activities conducted in different
work
shifis. Sixty-six individuals participated in the study, 22 fromeach shift, representing respectively 52.4%,
39.3%
and84.6%
of the garbage collectors of themorning, evening and night shifi. In the ergonomic study, task and
demand
analyses wereundertaken, with special ernphasis given to the analysis of the activity itself Indicators were
collected that were related to the type of real
work
of the garbage collectors, according to theirshifts. Multiple characteristics of the population in study were considered including demographic
data, quality of life, sense of hunger and pleasure during meals, nutritional status, caloric
requirement and energy spent at
work
by shift, establishing whenever possible, relationships andinferences between the shifls, the specific activities and the behavior of nutritional consumption
and eating. All of the workers were classified as being within the normal range of nutritional
status, although one third of those working the morning and evening shifts were categorized as pre-
obese. Regardless of the
work
shifi,more
than50%
of the daily caloric requirement correspondedto the energy expended in garbage collection. Consumption satisfied the caloric needs of the
workers of the night and evening shifts although it did not meet the requirements of
68%
ofworkers on the
moming
shifi.On
average, the estimated values for the caloric intake in 24 hours were not difierent between the groups. Independent of the shifl, the diets were classified asexcessive in proteins and fats, and insuflicient in the proportion of carbohydrates for the workers
on
the morning shifi. However, the circadian distribution, of the ingestion of nutrientswas
characterized
by
the greater consumption of carbohydrates, followedby
fiats and proteins.Among
the foods
consumed
which contributed to the most significant protein, fat and caloric content in thedaily diet of all of the workers stood are beefi chicken., fiied snacks, fish and sea food, bread, beans and oil.
The
mostcommon
sources of carbohydrates were bread, rice and soda, sugar, fried snacksand beans.
The
meals most frequentlyconsumed by
all of the workers were classified asincomplete. Workers on the night shift were found to consume complete meals with greater
frequency than workers on the other shifis.
The
workerson
the evening shificonsumed
low qualitysnacks, which provided
them
with high quantities of calories and macronutrients. Clear 24-hourrhythms were identified for the amount eaten and the macronutrients ingested during the day.
Working hours, nature of the activities, sleeping schednles and the consumption of snacks during
garbage collection, were found to be influential as synchronizers of the times large meals were
A
atividade dos trabalhadoresda
coleta de lixo é caracterizada, basicamente, por duas situações de trabalho potencialmente críticasdo
ponto de vista ergonômico.Por
um
lado, a natureza
da
tarefa exige capacidade fisico-muscular, habilidade sensório-motora,desempenho
cognitivo e alto gasto energético.Por
outro, o trabalhoem
horários irregulares-
principalmenteo
trabalho noturno-
determina nestes individuos hábitos de vida dessincronizadosem
relação aos ritmos biológicos e sociaisda
sociedadeque
os cerca.A
natureza desta atividade despertou a atenção de estudiosos, tendo sido objeto de inúmeras publicações científieasque
destacam os acidentes e as doenças ocupacionais aque
estão sujeitos os trabalhadores nela envolvidos.Os
fatoresde
risco são multifatoriais,sendo
que
os aspectos técnicos (equipamentos, vestimentas), organizacionais e ambientais (temperatura, umidade, poluição)atuam
em
conjuntocom
a alta carga de trabalho, a fadigavisual,
muscular
e auditiva (Anjos et al., 1997; Duarte, 1998; Poulsen&
Breum,
1995;Robazzi et al., 1992; Silva, 1983).
O
trabalhoem
turnos e noturnotem
sido consideradocomo
uma
das manifestaçõesmais
contraditórias entre os interesses individuais e coletivos, ocorrendocom
freqüência cada vezmaior
nos países industrializados, devidoa
imperativos técnicos,caracterizados pelo processo contínuo; econômicos,
que
buscam
a rentabilização de investimentos; e sociais, decorrentesda
prestaçãode
serviços durante24
horas (Quéinnecet al., 1992). Inserem-se, nesta última categoria, instituições tradicionalmente presentes e
absolutamente indispensáveis
em
todas as sociedades, citando-se, entre elas, as empresas responsáveis pela coleta de lixo.Em
contrapartida, estas atividades se realizamem
detrimentoda
saúde dos trabalhadores envolvidos edo
desempenho
de
suas tarefas,conseqüência
comprovada
por diversas publicaçõesque
têm
relatadoo
aumento
dos errose acidentesde
trabalho durante certos períodosdo
dia eda
noite (Fischer et al., 1993).O
trabalho noturno eem
tumos
altemadospode
conduzir a patologias cardiovasculares e gastrintestinais, decorrentes principalmente de Luna dessincronizaçãódo
relógio biológico, que prejudica a qualidade e a duração
do
sono, e deum
comportamento
alimentar irregular, os quais interferem nas funções metabólicas
do
organismo. (Lennernäs et al., 1994; Reinberg, 1983).Não
menos
importantes são as conseqüências psicossociais ocasionadas pela marginalização socialdo
trabalhadornotumo
ou
daquele que trabalhaem
horáriosirregulares.
As
dificuldades de realizar as refeiçõesem
famíliaou
de participarde
outrasatividades sociais
em
comum
trazemcomo
conseqüênciauma
deterioraçãodo
convívio familiar e dasatisfaçãono
trabalho(Duchon
&
Keran, 1990;Waterhouse
et al., 1997).Ergonomistas e cronobiologistas
vêm, há
muitas décadas, realizando estudos sobre a velocidade e o sentidoda
rotação dos turnos, a duração e os horáriosde
atividades;tais estudos traduziram-se
em
recomendações
para a legislação e propostas de intervençõesnos locais
de
trabalho (Gadbois&
Quéinnec, 1984;Moreno
et al., 1997; Rutenfranz et al.,1989).
Quéinnec
et al. (1992) consideramque
estaabordagem macroscópica
tem
prevalecido nos estudos
da
área,em
detrimento deuma
análisedo
impacto dasespecificidades
da
tarefa,uma
vezque
o baixodesempenho
notumo tem
sido observadoem
situaçõesbem
diferentes, escondendo,de
fato, asnumerosas
disparidadesque
'somenteuma
análisedo
trabalho real permite desvendar.As
pesquisasque
integram os aspectos cronobiológicos ao estudodo
comportamento
alimentar de trabalhadorestambém
têm
apresentadoproblemas
metodológicos, entre os quais citam-se a desconsideração das variáveis inerentes às condicionantesda
tarefa e a generalização dos resultados e das discussões sobre a relação entre asrecomendações
nutricionais e os horários irregularesde
trabalho (Gatenby, 1997,Gibney
&
Wolever, 1997, I-Ialberg, 1989).Desse
modo, tem
sido relatado, defonna
generalizada para diferentes categorias profissionais,
que
os trabalhadoresdo
período noturno eem
tumos,em
comparação
aos diurnos, apresentammaior
irregularidadena
periodicidade e freqüência de refeições e
maior
insatisfaçãocom
os padrões alimentares (Hercberg et al., 1983;Niedhammer
al, 1996a; Reinberg et al, 1979;Romon-Rousseaux
etal.,1985;
Smith
et al, 1982; Tagaki, 1972; Tepas, 1990).Diante de tais constatações, procurou-se,
no
presente estudo, integrar as áreas de ergonomia, nutrição e cronobiologia, tendo-se,como
objeto, ocomportamento
alimentardos coletores de lixo
da
cidade de Florianópolis, atravésda
avaliaçãoda
qualidadeda
dietacomo
um
todo, considerando-se os requerimentos energéticos, a freqüência e acomposição
nutricional dos alimentos e tipos de refeições consumidas,
bem
como
a distribuiçãocircadiana
do
consumo
calórico e dos macronutrientes,em
relação à natureza das atividades realizadasem
diferentes turnos de trabalho. ›Ficam
caracterizados, dessa maneira, os critériosde
originalidade, relevância enão-trivialidade deste estudo, sendo consideradas, igualmente, a ausência de publicações
sobre os padrões
de
consumo
nutricional dos coletores de lixoem
diferentes turnosde
trabalho e a
demanda
da
comunidade
científicada
área de nutrição,que
tem
enfatizado a importânciada
inserção dos aspectos cronobiológicos nas pesquisas sobreo
comportamento
alimentarde
trabalhadores.1.1. Objetivos
Geral
Caracterizar e
comparar o comportamento
alimentar dos coletores de lixoda
cidadede
Florianópolis,em
funçãoda
naturezada
atividade e dos turnos de trabalho.Específicos
_
a) Caracterizar, através
da
metodologiada
análise-ergonômica
do
trabalho,possíveis condicionantes
que determinam o comportamento
alimentar dos trabalhadores,em
relação aos seguintes aspectosda
atividade de coletado
lixo:
0 Organizacionais;
0 Técnicos; 0 Cognitivos.
b) Caracterizar e comparar, nos trabalhadores,
segundo o
turno de trabalho: 0 Indicadores de qualidade de vida;0 Estado nutricional;
0
Requerimento
energético diário;0
Comportamento
de
consumo
alimentar e nutricional; 0Adequação
nutricionalda
dieta;0 Distribuição circadiana
do
consumo
calórico ede
macronutrientes.1.2
Questões
investigadasGeral
Quais são as possíveis condicionantes
da
atividadede
coletado
lixo edo
trabalhoem
turnosque determinam
ocomportamento
deconsumo
alimentar e nutricional dos trabalhadores?Específicas
O
trabalhode
coletade
lixo executadoem
diferentestumos
exerce influênciasobre:
0
A
qualidadede
vida dos coletoresde
lixo, considerandocomo
indicadores:em
relação aos hábitos de vida; níveis de satisfação e prazerem
relação aoconsumo
de
alimentos e bebidas duranteo
trabalho;0
O
requerimento energético diário desses trabalhadores?0
O
comportamento
deconsumo
alimentar e nutricional ?0
A
adequação
nutricionalda
alimentação habitual ?0 a distribuição circadiana
do
consumo
alimentar e nutricional?1.3 Limitações
No
.estudo serão utilizados instrumentosque
apresentam limitações- como
asmedidas
de apreciação hedônica dos hábitos de vida edo
consumo
alimentar, o inquéritorecordatório alimentar
de 24
horas eo sofiware
para cálculos e avaliação de dietas.Na
medida de
apreciação hedônicado
consumo
alimentar não semensuram
asqualidades organolépticas,
mas
sim
o
grau de satisfação propiciado porum
comportamento
de
consumo,
degustaçãoou
digestão.A
avaliaçãodo
prazer éuma
medida de
cinto prazo, pois nela intervém,além
das variáveis sensoriais,o
aprendizado condicionado pelas experiências pessoais, familiares, sociais e culturais.O
sujeito responde por simesmo
apartir
do
seu estadono
momento
e, dessemodo,
elepode
gostar deum
alimentonum
diaerejeitá-lo
num
outro (Issanchou&
Hossenlopp, 1992).Uma
das limitaçõesdo
método
do
inquérito recordatório de24
horas é a possibilidadede
subestimativado
consumo
de
alimentos, poisa
obtenção de dadosque
representema
ingestão atualdepende da
memória
do
entrevistado eda
habilidadedo
entrevistador
em
motivar as respostas,sem
interferênciasou
induções,bem
como
de
efetuar estimativas precisas dostamanhos
das porções consumidas.Cuidados
“devem sertomados
para garantiruma
boa
confiabilidade e validadedo
método, taiscomo
aplicaçãode
múltiplos recordatórios, representatividadeda
amostrana
população estudada, inclusão proporcionalde
todos os diasda
semana, treinamento das pessoasque realimm
a entrevistaNo
presente estudo,foram
levadasem
consideração asrecomendações da
literatura para garantir
uma
boa
confiabilidadedo
método
do
inquérito recordatório de24
horas, aperfeiçoado a partir de
um
estudo realizadona
mesma
população (Duarte (1998),padronjzando-se o instrumento e realizando-se treinamento dos entrevistadores.
Os
sofiwares de
avaliação de alimentosconsumidos
fomecem
valores decomposição
de alimentos retirados de tabelas baseadasem
valoresmédios
obtidosde
análises químicas de alimentos comercializados
em
outro país.Devido
a tais diferenças,não
é possível obter dados exatos (Gibson, 1990).1.4 Delimitações
Este estudo restringe-se a investigar o
comportamento
alimentar,de
acordocom
ostumos
de trabalho,numa
amostra de coletoresde
lixoda
Companhia
deMelhoramentos
da
Capital(COMCAP),
em
Florianópolis, e os resultadosnao
são,em
princípio,generalizáveis para outras populações.
Avaliações nutricionais das refeições
da
empresa fomecedora
das refeições eda
adequação
fisico-ambientalda
cozinha industrial e dos refeitóriosnão foram
objetivosde
análise
no
presente estudo.1.5 Definição
de termos
Acrofase
Medida
de
tempo
transcorrido entreum
instante (fase)de
referência ea
fasena
qual é
maior
a probabilidadede
ser encontradoo
valormais
elevadode
uma
variável,a
minutos, segundos, etc.), ângulo
ou
episódio fisiológico(número de
batimentos cardíacos, porexemplo) (Marques
&
Menna
Barreto, 1997).~
Adaptaçao
temporalProcesso
de
ajuste dos ritmos biológicos a ciclos ambientaisou do
próprioorganismo (Marques
&
Menna
Barreto, 1997).Arrastamento
ou
sincronizaçãoAjuste temporal de
um
ritmo por outro ritmo. Refere-se ao processo de ajustetemporal de organismos a ciclos ambientais. Diz-se
que
um
ritmo estáarrastado/sincronizado
quando
mantém
relações de fase estáveiscom
o
cicloarrastador/sincronizador
(Marques
&
Menna
Barreto, 1997).Coleta seletiva
de
lixoTriagem
domiciliardo
lixo para posterior reciclagem ecompostagem
(COMCAP,
1999)
Cronobiologia
Refere-se
ao
estudo sistemático das características temporaisda
matéria viva,em
todos os seus níveis
de
organização. Incluio
estudo dos ritmos biológicoscomo,
por exemplo, as oscilações periódicasem
variáveis biológicas e asmudanças
associadas ao desenvolvimento(Marques
&
Menna
Barreto, 1997).Ergonomia
Conjunto
de
conhecimentos relativosao
homem em
atividade e necessários paraa
concepção de
ferramentas,máquinas
e dispositivosque
possam
ser utilizadoscom
o
máximo
de
conforto, segurança e eficácia (Santos&
Fialho, 1995). AEsforço dinâmico
São
as exigências fisicasque o
trabalhoimpõe
como,
porexemplo,
os deslocamentos a pé, ritmosde
corrida, transportede
cargas, utilizaçãode
escadas (Santos&
Fialho, 1995).Esforço estático
São
os esforços relativos à postura exigida para a realização de Luna detenninada atividade (Wisner,1972 apud
Santos&
Fialho, 1995).Eventos alimentares
Refere-se a todas as ocasiões
em
que
sãoconsumidos
alimentos e bebidas,que
constituíram os lanches e refeições realizados ao longo de24
horas (Lennernäs,&
Anderson, 1999).Fatores de risco
São
as qualidades congênitas,comportamentos
adquiridosou
condições de vida ede
trabalhoque
limitam a capacidade de adaptação de Luna pessoa,do
ponto de vistada
saúde.
A
existência desses fatores,em
piincípio,não
provoca determinada doença,mas
há
maior
possibilidadede
surgiruma
enfermidadequando há
um
fatorde
risco (Rutenfranz et al., 1989).ú
Fase
Momento
detenninadode
um
ciclo.Pode
referir-se aum
momento
pontual,como
o
valormáximo
deuma
variável(Marques
&
Merma
Barreto, 1997).Freqüência
É
onúmero
de vezesem
que
um
fenômeno
se repetena
unidadedo
tempo
(Marques
&
Menna
Barreto, 1997).Glândula pineal
Glândula situada
no
sistema nervoso central de vertebrados eque
produzo
hormônio
melatonina, segregadona
fase escurado
ciclo claro/escuro(Marques
&
Menna
Jet-lag
Efeito
de
alteração de fase devido amudanças
de fuso horário provocadas por viagens transmeridianas rápidas(Marques
&
Menna
Barreto, 1997).Lambiscar
Comercom
freqüência,mas
pouco
de cada vez (Ferreira,1986).Livre-curso
Situação
na
qual são eliminadas oscilações externas (por exemplo,um
laboratóriosob iluminação constante, 24h/dia) dos ritmos biológicos nela observados
(Marques
&
Menna
Barreto, 1997).i
Núcleos
supraquiamátícos(NSQ)
Par
de
núcleosda
porção anteriordo
hipotálamoque
tem
sido identificadocomo
um
dos relógios biológicos circadianosno
sistema nervoso central de vertebrados(Marques
&
Menna
Barreto, 1997).Relógio biológico
Estrutura capaz
de
produzir oscilações regularesque
sirvamcomo
mecanismos
temporizadoresdo
organismo, cujo periodo seja relativamente estável sob diversas condiçõesde
temperatura eque
seja capaz de sincronizarcom
ciclos ambientais(Marques
&
Memia
Barreto, 1997).V
Ritmo
circanualRitrno
com
períodos de 12 (12)meses (Marques
&
Menna
Barreto, 1997).Ritmo
circadianoRitmo
com
períodosde 24
(i4) horas(Marques
&
Memia
Barreto,1997
).Ritmo
ultradianoS
incronizadorou
agente arrastadorOscilações
extemas
sincronizadoras dos ciclos endógenos,também
denominadas
Zeítgebers
(Marques
&
Menna
Barreto, 1997). 'Tarefa prescrito
Trata-se
do
conjunto de objetivos, procedimentos,métodos
emeios
de trabalhofixados
pela organização para os trabalhadores.É
o aspecto oficial e formaldo
trabalho (Santos&
Fialho, 1995).Trabalho
em
turnosRefere-se a formas de organização
da
jomada
diária de trabalhoem
que
as atividades são realizadasem
diferentes horáriosou
em
horário constante,porém
incomum
(por exemplo, períodonotumo
permanente).O
turno resultasempre do
fato deque
amesma
atividadedeve
ser executadaem
diferentes períodosdo
dia eda
noite, por váriosempregados,
em
igual jornada.Turmas
deempregados
podem
exercer suas atividades modificando seus horáriosde
trabalho periodicamente(uma
vez por semana, a cada dois,três dias,
uma
vez por quinzena)ou permanecer sempre no
mesmo
horário de trabalho: sóde
manhã,
só à tarde, só à noite.A
organizaçãoda
jornadade
trabalhoem
turnos difereda
escala regular
da média da
população, sobretudoem
relação aos horários deum
dia.Considera-se jornada
de
trabalho normal,em
geral, a divisãodo
tempo
de trabalhono
horário entre seis e dezoito horas,
com
basena
semana
de cinco dias e nas quarenta horas semanais (Rutenfranz et al., 1989).Trabalho noturno
A
CLT
(Consolidação das Leisdo
Trabalho) dispõeem
seu artigo 73, parágrafo29,
que
o período noturnode
trabalho éo compreendido
entre as22h
de
um
dia e as5h do
dia seguinte.
Trato genículo-hipotalâmico
, Fibras nervosas
que
ligam neurôniosdo
tálamo (folheto intergeniculado)ao
Trato retino-hzpotalâmíco
Fibras nervosas
que
ligam neurôniosda
retina ao hipotálamo (núcleo supraquiasmático)(Marques
&
Menna
Barreto, 1997).Zeitgeber
Fator cíclico ambiental
que
promove
o
arrastamento dos ritmos biológicos.Neologismo alemão que
significa “doador detempo”
(Czeisler et al., 1990,apud
Marques
et al., 1997).
1.6
Estrutura
do Trabalho
Colocado
o problema, definidos os objetivos e as questões a pesquisar e demonstradas suas limitações e delimitaçãona
Introdução,o
presente estudo organizou-se, nos capítulos subseqüentes,
da
seguinte maneira:A
Revisão da
Literatura,que
incluiu os temasque
embasam
a formulaçãodo
problema
e as discussões, taiscomo
0 trabalho dos coletoresde
lixo e os riscos à saúde;comportamento
alimentar, aptidão,desempenho
fisico e cognitivo;comportamento
alimentar e ritmos
de
consumo
ecomportamento
alimentar e estado nutricional dos trabalhadoresem
turnos e noturno.Participantes e
Métodos,
capítulono
qual são detalhados os procedimentosa
serem
utilizados para a coleta e análise dos dados, incluindo-seo
delineamentodo
estudo,os participantes e as variáveis a
serem
estudadas.Rasultados,
onde
são apresentados os dados coletadossegundo o
turnode
trabalho e a atividade dos coletores de lixo, verificando-se possíveis diferenças entre elese
associações entre as variáveis
em
estudo.`
Discussão dos Resultados
em
que
os resultados serão discutidosem
relaçãoà
V
Op estudo encerra-se
com
Conclusões
eRecomendações, onde
sedestacam
os resultadosque
podem
servir de guia parauma
intervenção, levando-seem
consideração a naturezada
tarefa edo
trabalhoem
turnos; sugerem-se, ainda, estudos eprogramas
aserem
realizados
com
esta população.Na
seqüência, apresentam-se as Referências-2.1
O
trabalho dos coletoresde
lixo e os riscos à.saúde
A
coleta de lixo domiciliar éuma
prática universal e,embora
as característicasdos sistemas
possam
variarem
função das condições locais(tamanho da
cidade, capacidade econômica, tipo de ocupação, hábitos e costumes, clima, estaçõesdo
ano) eda
utilização
de
diferentesmeios
veiculares (de veículos compactadores a carroçasde
traçãoanimal), ela é
sempre
parte das principais preocupações dos administradores públicos(Anjos et al., 1997; Silva, 1983). E
No
Brasil, a coleta de lixo domiciliar envolveum
número
considerável detrabalhadores.
Segimdo a
pesquisa nacional desaneamento
básicodo
IBGE,
existiam,em
1989, cercade
90.000 trabalhadores envolvidoscom
a coleta de lixo domiciliar. (Anjos etal., 1997).
-_
Na
Europa, nos EstadosUnidos ou
no
Brasil, identificam-se, nestes trabalhadores,alta incidência
de
problemas gastrintestinais, initação dos olhos eda
pele, sintomasde
intoxicação orgânica (resfriados, dores musculares, fadiga, dores
de
cabeça), doençaspulmonares
eda
coluna vertebral (Looze et al., 1995, Poulsen&
Breum,
1995,Robazzi
et al., 1992).Alta prevalência
de
hipertensão arterial etambém
de
fatores comportamentaisde
risco às doenças cardiovasculares e pulmonares,
como
tabagismo e alcoolismo, foiidentificada
nos
garis dos municípiosdo
Rio de
Janeiro (Anjos et al., 1997), Ribeirão PretoA
exposição provocada a aerossóis ecompostos
voláteis indicaque
estestrabalhadores
podem
estar simultaneamente expostos a agentes múltiplos, taiscomo
bactérias provenientes
do
ar edo
lixo, endotoxinas, esporos de fungos e bolores,compostos
orgânicos voláteis e produtos provenientesdo
óleo diesel (Poulsen&
Breum,
1995)
Relativamente aos acidentes de trabalho, Robazzi et al. (1992) relataram
332
acidentes
de
trabalhoem
159 coletoresde
lixo domiciliardo
município de Ribeirão Preto,no
períodocompreendido
entre 1986 e 1988.Segundo
os autores, as partesdo
corpomais
lesadas
foram
osmembros
inferiores, seguidas dos superiores eda
coluna vertebral._ Frings-Dresen et al. (1995a)
formularam
guias para classificar a sobrecargade
trabalho dos coletores de lixo domiciliar, considerando a potência aeróbica, estimada
através
do
consmno
máximo
de
oxigênio (VOzmáx).Os
autoresrecomendaram
que
um
trabalho contínuo de oito horas
não
deveria ser realizadonuma
intensidade superior a30%
da
capacidade individualmáxima.
Seguindo esta classificação, a carga
de
trabalho foi considerada pesada para osgaris
da
Holanda
(Frings-Dresen et al.,l995b) edo Rio
de Janeiro (Anjos et al., 1997).O
dispêndio energético dos garis durante as atividadesde
coleta de lixo é comparávelao
dos atletas de alto nível (Duarte, 1998).Neste
sentido, considerou-se importante incluir trabalhos científicosque mostraram
oconsumo
alimentar de atletasantes, durante e após as competições e treinamentos,
bem
como
os padrõesde
ingestãode
bebidas e alimentos
recomendados
por comitês científicosda
áreade
nutrição esportiva.Tais achados contribuíram para a discussão dos resultados sobre
o comportamento
alimentar
da
população deste estudo.2.2
Comportamento
alimentar,desempenho
e aptidão físicaAs
pesquisasda
áreada
nutrição esportivatêm
avaliado a periodicidade eo
consumo
alimentar,com
enfoqueno
desempenho
dos atletasque
necessitam de ingestãocalórica relativamente alta, para atingirem os requerimentos energéticos elevados e
otimizarem a disponibilidade
de
carboidratos .Para atletas e pessoas muito ativas, a
recomendação
em
termosde
contribuiçãorelativa dos macronutrientes energéticos, para o valor calórico total
da
dieta, é similar àsrecomendações da
OMS
(1985) para a populaçãoem
geral. Contudo, diferençasquantitativas
devem
ser consideradas devido ao elevado requerimento energético destacategoria de indivíduos
(POSITION
of theAmerican
Dietetic Association and..., 1993).As
necessidadesde
carboidratos e proteínasdevem
ser calculadasem
primeirolugar, podendo, depois, ser estimado o teor de gordura para fornecer a energia adicional
num
nívelmáximo
de
30%.(POSITION
of
theAmerican
Dietetic Association and...,1993).
'
Os
carboidratos são a principal fonte de energia parao
metabolismo muscular e combustível primordial para exercícios demoderada
e longa duração. Contudo, as reservas endógenasde
carboidratos são limitadas, variando entre 1.900 e 2.400 kcalem
indivíduos saudáveis, e substancialmentemenores
do que
as requeridasem
atividadesde
longa duração(Hawley
&
Hopkins, 1995).Os
guias canadenses e americanosrecomendam
que
um
mínimo
de60
a65%
do
consumo
calórico total seja proveniente de carboidratos. Para atletasque
realizam treinamento intensivoem
dias consecutivos, a orientação é deque
a dieta forneça de 65 a70%
das calorias totaiscomo
carboidratos(American
Collegeof
Sports Medicine, 1991,apud
POSITION
of
theAmerican
Dietetic Association and..., 1993).Refeições realizadas
num
períodocompreendido
entre duasa
seis horas antes de eventosde
longa duração (mais deuma
hora), eque forneçam de
85 a200g de
carboidratos, são estratégias recomendadas,
sempre
respeitando as preferênciasindividuais.
O
desafio
é assegurarque
tais ingestões alimentaresnão causem
excessivasensação
de
plenitude, resultandoem
desconforto gastrintestinal durante estas atividades(Hawley
&
Burke, 1997).A
disponibilidadede
carboidratos durante os exercícios prolongados ede
moderada
intensidade,pode
melhorar a capacidadede
trabalho (Coyle et al., 1985).Um
consinno fracionado e freqüentede
pequenas quantidades de alimentosque
sejam
fontesde
carboidratos são estratégiasrecomendadas
durante eventosde
longa duração(Hawley
&
Burke, 1997).O
consumo
freqüente de alimentos se constituinuma
estratégia práticaque
permite oaumento da
ingestão energética, reduzindo concomitantementeo
desconforto gástricocausado por refeições
mais
volumosas, realizadasem
períodosmais
espaçados(Hawley
&
Burke, 1997).Em
atletas maratonistas e triatletas,Burke
et al. (1991) identificaramuma
freqüência de cinco a
nove
eventos alimentares por dia.A
importânciado
consumo
de
carboidratos logo após urna atividade fisica intensaé a
de
evitara
demora
da
provisão de substrato para a célula muscular,além da vantagem
de aumentar
a síntesede
glicogênio hepático.Enquanto
a glicose ea
sacaroseproduzem
uma
taxa equivalentede
síntese de glicogênio, a frutosepromove
uma
taxamais
baixa elenta porque necessita antes ser convertida
em
glicose.Além
disso, bebidascom
frutosetêm
sido associadas às queixas de desconforto gástricoem
muitos atletas(Reed
et al.,1989)
Coyle
et al. 1985recomendam
que
a ingestão de carboidratoscom
moderado
a altoíndice glicêmico
deva
ter prioridadena
dieta após o exercício eque
os alimentoscom
baixo índice glicêmiconão
devem
contribuircom
mais do que
1/3 nas refeiçõesde
restabelecimento.
Por
outro lado,o
consumo
de
carboidratosna forma
líquidaou
sólidaparece ser igualmente eficiente
no
fornecimentode
substratos para a ressíntesedo
glicogênio muscular
(Reed
et al., 1989).No
que
concerne às proteínas, é sugeridoque
o
cálculo das necessidades feitocom
base
na
massa
corporal (kg) sejamais
apropriadodo que o
efetuadocomo
porcentagem da
energia total. Neste sentido, é
recomendado de
1,0 a 1,5gde
proteína porkg de massa
corporal
(POSITION
of
theAmerican
Dietetic Association and..., 1993). Pesquisassugerem que a
quantidadede
proteína dietética necessária parapromover
um
estoquemáximo
sejade
1,5 g/kgde
massa
corporal eque o
fator limitante para a deposição protéicamuscular é
a
ingestão energética, enão
a protéica (Paul, 1987,apud
POSITION
of
the Arnerican Dietetic Association and..., 1993).Um
consumo
excessivode
proteínas atravéscontribuir para a performance atlética e para
o aumento da massa
muscular(Hawley
&
Burke, 1997).Uma
atividade fisica intensaamnenta
as necessidadesde
muitas vitaminas e minerais e tais requerimentospodem
ser atingidos através deuma
dieta variadaem
alimentos de alto teorde
carboidratos,médio
teorde
proteínas e baixo teorde
lipídios,sem
a necessidade
de
suplementos, cuja eficácia'não
tem
sido cientificamentecomprovada
(POSITION
of
theAmerican
Dietetic Association and..., 1993).Entre as
recomendações
e estratégias sugeridas pelas associações americana e canadense(POSITION
of
theAmerican
Dietetic Association and..., 1993) parao
consumo
de líquidos, destacam-se: duas horas antes
de
um
exercício de longa duraçãodevem
seringeridos pelo
menos
de474
a 592ml, repetindo-se a dose nos 15 a20
minutos precedentes; durante os exercícios intensos e independenteda
sensaçãode
sede,o
consumo
de líquidos
deve
ser realizadoem
intervalos regulares de30
minutos e seu conteúdo deve fornecer cerca de24g
de carboidratos. Entende-se que, neste período, as bebidasesportivas,
que contêm
carboidratos, sãomelhor
toleradasdo que
os alimentos sólidos.Para ambientes quentes e úmidos, orienta-se a ingestão freqüente
de pequenas
porções,ou
seja, a cada 15 minutos,
um
copo
(120ml) deágua
frescaou
outras bebidas reidratantes.Para os exercícios efetuados
em
períodos inferiores auma
hora,em
condiçõesde
temperatura moderada, a reposiçãocom
água
fiia constitui-senmna
medida
apropriada. Exercícios de longa duraçãoou
realizadosem
condições ambientais de alta temperatura eumidade
podem
justificaro
consumo
de
bebidas esportivascomo
partedo
processo dehidratação.
H
Com
o
intuito de estimularo
consumo
de
líquidos, as bebidas escolhidasdevem
satisfazer
o
gosto,não
causar desconforto gástrico, conter fontesde
carboidratosque
melhorem
odesempenho
durante as atividadesde
longa duração e otimizar a velocidadede
absorção dos fluidos.Os
atletasdevem
escolher alimentos familiares,que
satisfaçamo
paladar e
que não
causem
desconforto gástrico(POSITION
of
theAmerican
DieteticAssociation and..., 1993).
2.3
Comportamento
alimentar,prazer
edesempenho
cognitivoO
significadoda
alimentaçãonão
émeramente
o de satisfazer afome
e asnecessidades de nutrientes essenciais.
Além
dos requerimentos nutricionais,tem
importância a gratificação das necessidades sensoriais.
Em
todas as culturas, a nutriçãotem
um
significado socialque pode
ser fortalecido pela satisfação dasdemandas
sensoriais(Issanchou
&
Hossenlopp,l992).O
gostodoce do
açúcarnuma
sobremesa,o
sabor de preparações que incluem gorduras, sal e condimentos, o prazer deum
copo de
bebidaalcoólicaou de
café são algumsexemplos
do
papel estimulante dos alimentosna
vida diária (Bellisle et al., 1999).Os
efeitos negativosda
ingestão excessiva desses alimentos sobre a saúdetêm
sido objeto de inúmeras pesquisas, as quais
têm
mostrado a associaçãodo
consumo
de
alimentos gordurosos à obesidade e doenças cardiovasculares, o uso freqüente
do
açúcar à incidênciada
cárie dentária,o
excessode
bebidas alcoólicas a certos tipos de câncer eprejuízos à performance cognitiva, e
um
consumo
alto de cafeína a efeitos tóxicosem
adultos e ao desenvolvimento de osteoporoseem
mulheres(WHO,
1990). ,Mais
recentemente, as pesquisasem
nutriçãohumana têm
dirigido sua atenção aos alimentos funcionais,ou
seja,ao
estudo de propriedades aindanão
bem
esclarecidas, taiscomo
o papel das refeições e seus nutrientes sobrea
performance cognitiva.As
pesquisas sobre a influênciado comportamento
alimentar nas funções cognitivastêm
utilizado testesque
examinam
certas habilidadesou
capacidadesconcementes
àsfimções
de percepção,memória,
atenção, concentração, processamentode
informações, precisão e velocidadede movimento.
Os
efeitos dos alimentos e seusnutrientes sobre a perfonnance
de
diversas tarefas psicomotorasforam
mostradosem
pesquisas