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Distribuição espacial e qualificação da cobertura vegetal do município de Natal, Rio Grande do Norte, Brasil

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Academic year: 2021

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(1)UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM GEOGRAFIA. JOCILENE DANTAS BARROS. DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL E QUALIFICAÇÃO DA COBERTURA VEGETAL DO MUNICÍPIO DE NATAL, RIO GRANDE DO NORTE, BRASIL. NATAL / RN 2017.

(2) Jocilene Dantas Barros. DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL E QUALIFICAÇÃO DA COBERTURA VEGETAL DO MUNICÍPIO DE NATAL, RIO GRANDE DO NORTE, BRASIL. Dissertação de mestrado apresentada ao Programa de Pós-graduação e Pesquisa em Geografia, do Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito final para obtenção do título de Mestre em Geografia. Orientador: Prof. Dr. Luiz Antonio Cestaro.. NATAL / RN 2017.

(3) Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial do Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes - CCHLA. Barros, Jocilene Dantas. Distribuição espacial e qualificação da cobertura vegetal do município de Natal, Rio Grande Do Norte, Brasil / Jocilene Dantas Barros. - 2017. 99f.: il. Dissertação (mestrado) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte.Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes. Programa de Pós-Graduação e Pesquisa em Geografia, 2017. Orientador: Prof. Dr. Luiz Antonio Cestaro. 1. Cobertura Vegetal Urbana. 2. Mapeamento. 3. Diversidade. 4. Índices. I. Cestaro, Luiz Antonio. II. Título. RN/UF/BS-CCHLA. CDU 910.27.

(4) Jocilene Dantas Barros. DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL E QUALIFICAÇÃO DA COBERTURA VEGETAL DO MUNICÍPIO DE NATAL, RIO GRANDE DO NORTE, BRASIL. Dissertação de mestrado apresentada à Pósgraduação em Geografia, do Centro de Ciência Humanas, Letras e Artes da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito final para obtenção do título de Mestre em Geografia.. Aprovada em: 30 de junho de 2017.. __________________________________________________________________ Prof. Dr. Luiz Antonio Cestaro Universidade Federal do Rio Grande do Norte Orientador. __________________________________________________________________ Profa. Dra. Ruth Maria Da Costa Ataide Universidade Federal do Rio Grande do Norte Membro da banca. __________________________________________________________________ Prof. Dr. Alfredo Marcelo Grigio Universidade do Estado do Rio Grande do Norte Membro da banca.

(5) AGRADECIMENTOS. Agradeço às pessoas e instituições que de maneira direta ou indireta contribuíram para a realização desta pesquisa: Ao meu companheiro Alexandre, que me ajudou em várias etapas da pesquisa, sofreu e se alegrou junto comigo, me escutou em momentos difíceis e fez críticas construtivas ao estudo. Obrigada por tudo, meu amor. À minha família, em especial meus pais João Maria e Merenice pelo apoio em vários momentos da pesquisa, por compreenderem minha dedicação ao mestrado e me escutarem nos momentos de angústia.. Às minhas irmãs queridas, Jeannie e Josianne, pelo apoio nos. momentos difíceis, pelos conselhos e por entenderem minha ausência em algumas situações. E ao meu cunhado Juninho pela ajuda na pesquisa de campo. Aos amigos que ganhei com o mestrado, Thereza, Joyce e Cleanto, pela ajuda na realização da pesquisa, em especial na pesquisa de campo, mas principalmente pela parceria, pelos estudos elaborados em conjunto, pelas risadas, conselhos, etc. Só desejo o melhor para vocês. Agradeço também ao professor Cestaro pelas orientações fundamentais para que essa pesquisa se concretizasse, pelas críticas construtivas, oportunidades, conselhos e pelas boas conversas sobre o conhecimento científico. À Maria Luiza, pela amizade e parceria no mapeamento da cobertura vegetal do Natal, obrigada. Aos professores do Departamento de Geografia, Lutiane, Zuleide, Ermínio, Rita, Paulo, Ruth (Departamento de Arquitetura), dentre outros, por todo conhecimento compartilhado e debatido. Aos professores da banca, Ruth e Alfredo, pela disponibilidade e interesse em participar da defesa. À André e Elaine da secretaria de pós-graduação em Geografia, por sanar várias dúvidas que tive durante o mestrado, sempre com gentileza. Agradeço ao professor Fernando Moreira que me ajudou bastante na preparação para o mestrado. Ao grupo de pesquisa Estudos Geoambientais, principalmente aos meus amigos Maria Luiza e Adalfran, por repassarem dados importantes para a realização desta pesquisa. Agradeço também à SEMURB e à SEMSUR pela disponibilização de materiais cartográficos fundamentais para a realização desta pesquisa. À incrível comunidade de usuários de Geotecnologias, pela ajuda, online, em vários momentos práticos relacionados ao mapeamento da cobertura vegetal. E à CAPES pelo auxílio financeiro..

(6) RESUMO. A cobertura vegetal oferece diversos benefícios para a sociedade, mas historicamente vem sendo suprimida pela ocupação antrópica em áreas urbanas. A análise de sua distribuição, quantificação e qualificação oferecem subsídios para a avaliação da qualidade ambiental. Os estudos sobre a cobertura vegetal do município de Natal são escassos, mas pesquisas sobre esse tema são importantes, pois possibilitam um diagnóstico da situação atual dessa cobertura para que planos de intervenção sejam aplicados de maneira mais sustentável. O objetivo da pesquisa foi analisar a cobertura vegetal do município de Natal a partir da sua quantificação, qualificação e distribuição espacial. Os procedimentos metodológicos consistiram na quantificação e mapeamento da distribuição da cobertura vegetal para o município de Natal e no mapeamento da diversidade da cobertura vegetal por interpretação visual em quatro bairros, sempre a partir da classificação de imagens do Google Earth PRO. Constatou-se que Natal possui 4.626 hectares de cobertura vegetal, distribuídos em 153.891 fragmentos. Mais de 60% da área de cobertura vegetal está localizada nas Zonas de Proteção Ambiental (ZPAs) da cidade e 83% dos fragmentos apresentam áreas menores que 100 m². Foi verificado que Natal apresenta um Índice de Cobertura Vegetal de 27,5% e 54,2 m² de cobertura vegetal para cada habitante. Em relação aos quatro bairros selecionados para análise da diversidade da cobertura vegetal, verificou-se que os bairros com tecido urbano contínuo, Cidade Alta e Petrópolis, possuem uma cobertura vegetal predominantemente antropizada e uma menor diversidade de classes de cobertura vegetal, 17 classes, enquanto que os bairros com tecido urbano descontínuo, Pitimbu e Pajuçara, apresentaram maior percentual de cobertura vegetal natural e uma maior diversidade de tipos de cobertura vegetal, 40 classes. Conclui-se que Natal ainda apresenta uma cobertura vegetal significativa, porém mal distribuída sobre o território, mais concentrada e diversa nas áreas periféricas, sobretudo nos bairros com presença de ZPAs, e mais fragmentada e antropizada nas áreas centrais. Palavras-chave: Cobertura Vegetal Urbana. Mapeamento. Diversidade. Índices..

(7) ABSTRACT. The vegetal cover offers several benefits to society, but historically it has been suppressed by anthropic occupation in urban areas. The analysis of its distribution, quantification and qualification offers subsidies for the evaluation of environmental quality. The studies about the vegetal cover of the municipality of Natal are scarce, but research about this theme is important, because they make it possible to diagnose the current situation of this coverage so that intervention plans are applied in a more sustainable way. The objective of the research was to analyze the vegetal cover of the municipality of Natal from its quantification, qualification and spatial distribution. The methodological procedures consisted in the quantification and mapping of the distribution of the vegetal cover for the municipality of Natal and mapping the diversity of vegetal cover by visual interpretation in four neighborhoods, always from the classification of images of Google Earth PRO. It was verified that Natal has 4,626 hectares of vegetal cover, distributed in 153.891 fragments. More than 60% of the vegetal cover area is located in the Environmental Protection Areas (ZPAs) of the city and 83% of the fragments have areas smaller than 100 m². It was verified that Natal presents a Vegetal Cover Index of 27.5% and 54.2 m² of vegetal cover for each inhabitant. In relation to the four neighborhoods selected for analysis of the vegetal cover diversity, it was verified that the neighborhoods with continuous urban fabric, Cidade Alta and Petropolis, have a predominantly anthropic vegetal cover and a lower diversity of vegetal cover classes, 17 classes, while the neighborhoods with discontinuous urban fabric, Pitimbu and Pajuçara, presented a higher percentage of natural vegetal cover and a greater diversity of vegetal cover types, 40 classes. It is concluded that Natal still presents a significant vegetal cover, but poorly distributed over the territory, more concentrated and diverse in the peripheral areas, especially in neighborhoods with the presence of ZPAs, and more fragmented and anthropized in the central areas.. Keywords: Urban Vegetal Cover. Mapping. Diversity. Indexes..

(8) LISTA DE FIGURAS. Figura 1 – Mapa de localização do município de Natal e Regiões Administrativas. ............... 30 Figura 2 – Expansão da ocupação territorial do Natal.............................................................. 33 Figura 3 – Diagrama climático para Natal/RN (normais climatológicas – 1984 a 2014). ....... 34 Figura 4 – Localização dos bairros selecionados para análise da diversidade da cobertura vegetal do Natal/RN. ................................................................................................................ 37 Figura 5 – Distribuição dos pontos da amostra utilizada na validação do mapa de distribuição da cobertura vegetal, os pontos verdes representam a classe Cobertura Vegetal e os pontos laranjas a classe Outros............................................................................................................. 55 Figura 6 – Exemplos de validação, ou não, da cobertura vegetal. Em “A” a mancha foi classificada corretamente. Em “B”, embora se tenha cobertura vegetal, a área foi classificada como Outros, indicando erro na classificação. ......................................................................... 56 Figura 7 – Mapa da distribuição da cobertura vegetal dos bairros do Natal segundo as classes de área. ..................................................................................................................................... 58 Figura 8 – Localização e cobertura vegetal das ZPAs do Natal. .............................................. 60 Figura 9 – Mapa do ICV para os bairros e Parque das Dunas do Natal. .................................. 64 Figura 10 – Mapa do ICVH para os bairros e Parque das Dunas do Natal. ............................. 65 Figura 11 – Distribuição proporcional das diferentes classes de cobertura vegetal para cada um dos bairros estudados. ............................................................................................................... 75 Figura 12 – Mapa de diversidade da cobertura vegetal para os bairros Cidade Alta e Petrópolis. .................................................................................................................................................. 77 Figura 13 – Mapa de diversidade da cobertura vegetal para o bairro Pitimbu. ........................ 78 Figura 14 – Mapa de diversidade da cobertura vegetal para o bairro Pajuçara. ....................... 79.

(9) LISTA DE GRÁFICOS E QUADROS Gráfico 1 – Variação da população dos bairros Cidade Alta, Petrópolis, Pitimbu e Pajuçara. 40 Gráfico 2 – Variação da renda per capita da população dos bairros Cidade Alta, Petrópolis, Pitimbu e Pajuçara. ................................................................................................................... 41 Gráfico 3 – Índice de Cobertura Vegetal (ICV) dos bairros do Natal em ordem decrescente. 63 Gráfico 4 – Índice de Cobertura Vegetal por Habitante (ICVH) dos bairros do Natal em ordem decrescente................................................................................................................................ 63 Gráfico 5 – Distribuição proporcional das diferentes classes de cobertura vegetal para o conjunto dos bairros estudados. ................................................................................................ 74 Quadro 1 – Funções e morfologia das ZPAs e bairros do Natal com presença de ZPAs. ........ 27 Quadro 2 – Procedimentos para obtenção do shapefile das áreas de cobertura vegetal urbana de Natal. ........................................................................................................................................ 44 Quadro 3 – Número e área dos fragmentos de cobertura vegetal do Natal segundo as classes de tamanho. ................................................................................................................................... 45 Quadro 4 – Tipologia de cobertura vegetal urbana para os quatro bairros escolhidos. ............ 50.

(10) LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Matriz de confusão do mapa de cobertura vegetal do Natal. .................................. 56 Tabela 2 – Coeficientes do mapa de cobertura vegetal do Natal.............................................. 56 Tabela 3 – Número e área dos fragmentos de cobertura vegetal dos bairros, segundo as classe de área. ...................................................................................................................................... 57 Tabela 4 – Área da cobertura vegetal dentro e fora das ZPAs do Natal................................... 59 Tabela 5 – Área e percentual da cobertura vegetal das ZPAs do Natal.................................... 59 Tabela 6 – ICV das Regiões Administrativas e do Parque das Dunas do Natal....................... 61 Tabela 7 – ICVH das Regiões Administrativas e do Parque das Dunas do Natal. ................... 61 Tabela 8 – Informações relativas à cobertura vegetal dos bairros do Natal. ............................ 62 Tabela 9 – Matriz de confusão do mapa da diversidade de cobertura vegetal para o bairro Cidade Alta. .......................................................................................................................................... 66 Tabela 10 – Coeficientes do mapa da diversidade de cobertura vegetal para o bairro Cidade Alta. .......................................................................................................................................... 67 Tabela 11 – Matriz de confusão do mapa da diversidade de cobertura vegetal para o bairro Petrópolis. ................................................................................................................................. 67 Tabela 12– Coeficientes do mapa da diversidade de cobertura vegetal para o bairro Petrópolis. .................................................................................................................................................. 68 Tabela 13– Coeficientes do mapa da diversidade de cobertura vegetal para o bairro Pitimbu. .................................................................................................................................................. 68 Tabela 14 – Matriz de confusão do mapa da diversidade de cobertura vegetal para o bairro Pitimbu. .................................................................................................................................... 69 Tabela 15 – Coeficientes do mapa da diversidade de cobertura vegetal para o bairro Pajuçara. .................................................................................................................................................. 70 Tabela 16 – Matriz de confusão do mapa da diversidade de cobertura vegetal para o bairro Pajuçara. ................................................................................................................................... 71 Tabela 17 – ICV e ICVH dos bairros Cidade Alta, Petrópolis, Pitimbu e Pajuçara................. 72 Tabela 18 – Classes de cobertura vegetal dos bairros Pitimbu, Pajuçara, Cidade Alta e Petrópolis, onde Arv. = Arbóreo; Arb./Herb. = Arbustivo/Herbáceo. ....................................................... 73 Tabela 19 – Quantidade e proporção das classes de cobertura vegetal natural e antropizada para os bairros com tecido urbano contínuo e descontínuo. ............................................................. 80.

(11) SUMÁRIO. 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 11 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ...................................................................................... 13 2.1 A cidade enquanto sistema .......................................................................................... 13 2.2 Os benefícios da cobertura vegetal urbana ................................................................ 15 2.3 Diversidade da cobertura vegetal urbana .................................................................. 16 2.4 Distribuição da cobertura vegetal urbana.................................................................. 21 2.5 Estudos sobre a cobertura vegetal urbana do Natal ................................................. 23 2.6 A cobertura vegetal urbana do Natal e os condicionantes normativos ................... 25 3 CARACTERIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO ............................................................. 30 3.1 Breves considerações sobre o processo de expansão urbana do Natal .................... 31 3.2 Aspectos ambientais da cidade do Natal .................................................................... 34 3.3 Bairros selecionados para análise da diversidade de cobertura vegetal do Natal .. 36 3.3.1 Cidade Alta .............................................................................................................. 36 3.3.2 Petrópolis ................................................................................................................. 38 3.3.3 Pitimbu .................................................................................................................... 38 3.3.4 Pajuçara ................................................................................................................... 39 4 MATERIAIS E MÉTODOS ............................................................................................... 42 4.1 Diagnóstico da cobertura vegetal urbana do Natal ................................................... 42 4.1.1 Mapeamento da cobertura vegetal ........................................................................... 42 4.1.2 Área mínima mapeável ............................................................................................ 45 4.1.3 Avaliação da acurácia do mapeamento ................................................................... 46 4.1.4 Distribuição e índices de cobertura vegetal ............................................................. 49 4.2 Diversidade da cobertura vegetal urbana dos bairros selecionados ........................ 49 4.2.1 Critérios para elaboração da tipologia ..................................................................... 49 4.2.2 Avaliação da acurácia dos mapeamentos ................................................................ 52 4.2.3 Mapeamento da tipologia de cobertura vegetal ....................................................... 53.

(12) 5 RESULTADOS .................................................................................................................... 55 5.1 Distribuição da cobertura vegetal do Natal ............................................................... 55 5.1.1 Avaliação da acurácia do mapeamento ................................................................... 55 5.1.2 Distribuição da cobertura vegetal para Natal .......................................................... 57 5.2 Diversidade da cobertura vegetal dos bairros selecionados ..................................... 66 5.2.1 Avaliação da acurácia dos mapeamentos ................................................................ 66 5.2.2 Diversidade da cobertura vegetal para os bairros .................................................... 72 6 DISCUSSÃO ........................................................................................................................ 81 7 CONCLUSÕES.................................................................................................................... 89 REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 91.

(13) 11. 1 INTRODUÇÃO. Em meio a um ambiente cada vez mais urbanizado, os estudos sobre o meio natural se destacam, pois permitem elaborar diagnósticos e subsidiar ações visando o equilíbrio ambiental. Segundo dados apresentados por MINURVI (2016), aproximadamente 86% da população brasileira no ano de 2015 já ocupava áreas urbanas e a tendência é que haja um aumento da população nessas áreas nas próximas décadas. Esses dados evidenciam a necessidade de se pensar em cidades sustentáveis, que amenizem as consequências negativas da urbanização no meio ambiente. A expansão urbana é um fator que vem degradando um dos elementos naturais mais importantes para a manutenção do equilíbrio ambiental e da qualidade de vida dos próprios habitantes citadinos, a cobertura vegetal. Fazem-se necessárias ações que visem o equilíbrio entre o progresso humano e a conservação dos ambientes naturais, em especial a cobertura vegetal em áreas urbanas, tendo em vista os benefícios ecossistêmicos, paisagísticos e de promoção do lazer que oferece. São diversas as funções ecossistêmicas da cobertura vegetal. (BOLUND;. HUNHAMMAR, 1999), dentre elas a filtragem do ar, que contribui para a diminuição da poluição atmosférica; a regulação microclimática, atenuando os efeitos das ilhas de calor urbanas e melhorando a sensação térmica; a redução da velocidade do vento e de ruídos; e a drenagem de águas pluviais pela infiltração da água em solos vegetados, diminuindo o escoamento superficial e a possibilidade de alagamentos. A função estética/paisagística da cobertura vegetal ocorre por meio da diversificação da paisagem construída, contribuindo para um ambiente belo e agradável para os habitantes. Como função de promoção de lazer destacam-se as áreas verdes, que são espaços livres com presença de cobertura vegetal equipadas com mobiliário urbano, como parques urbanos e praças, fornecendo um ambiente agradável para práticas esportivas, reuniões, descanso e contemplação da paisagem (MINAKI; AMORIM; MARTIN, 2006). Diversos autores versam sobre a análise da cobertura vegetal nas cidades, apontando uma relação entre a distribuição da cobertura vegetal, sua fragmentação e a ocupação antrópica, como Luchiari (2001), Melazo e Nishiyama (2010), Souza et al. (2013), Queiroz (2014) e Silva (2015). Uma das formas de analisar a distribuição da cobertura vegetal urbana é por meio da análise espacial baseada em técnicas de geoprocessamento, pois permite investigar a forma de distribuição e quantificar as áreas de cobertura vegetal da cidade..

(14) 12. Há também estudos que analisam como a cobertura vegetal se diversifica, estudando desde áreas naturais de grande expressividade espacial até a cobertura vegetal em praças, áreas privadas e árvores isoladas em vias, como Lima et al. (1994), Luchiari (2001), Dalbem e Nucci (2006) e Domingos (2009). Os estudos sobre a cobertura vegetal do município de Natal são escassos. Destacam-se os trabalhos de Silveira et al. (2012) e Sucupira (2013) na análise da cobertura vegetal através de um índice de vegetação, assim como o de Silva et al. (2009) sobre os espaços livres da cidade, nos quais a cobertura vegetal se inclui. Os resultados de pesquisas sobre a cobertura vegetal são importantes, pois fornecem subsídios para criação de planos de arborização, de áreas verdes e de áreas de proteção da vegetação nativa. Natal em seu Plano Diretor (NATAL, 2007) é considerado um município totalmente urbano, mas apresenta diversos espaços com vegetação nativa, sobretudo nas Zonas de Proteção Ambiental. Também apresenta áreas de menor concentração de cobertura vegetal, em áreas privadas ou na arborização de vias e praças, variações influenciadas pelo processo de ocupação da cidade. A distribuição, quantificação e qualificação da cobertura vegetal torna-se importante no planejamento de uma cidade, conforme destacam Rodrigues e Luz (2007), Nucci (2008) e Matos e Queiroz (2009). Entender como ela se distribui no espaço urbano permite verificar o seu grau de fragmentação e abrangência na cidade, já sua qualificação permite compreender a diversidade de tipos de cobertura vegetal, distribuídos em praças, parques, terrenos privados e vias. Essas análises, segundo os autores, oferecem parâmetros para avaliação da qualidade ambiental urbana. Tendo como objeto de estudo a cobertura vegetal do município de Natal, os seguintes questionamentos são feitos: como se distribui espacialmente a cobertura vegetal do município de Natal? Qual a diversidade dessa cobertura vegetal? Existe uma diferenciação nos tipos de cobertura vegetal entre bairros de ocupação contínua e descontínua? O objetivo geral da pesquisa é, portanto, analisar a cobertura vegetal do município de Natal a partir da quantificação, qualificação e distribuição espacial. Os objetivos específicos se dividem em: realizar um diagnóstico da cobertura vegetal para Natal/RN em relação a sua distribuição e quantidade; verificar a diversidade de cobertura vegetal em bairros com tecido urbano contínuo e tecido urbano descontínuo..

(15) 13. 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA. 2.1 A cidade enquanto sistema. Um sistema é um complexo de elementos em interação (BERTALANFFLY, 1976), considerado fechado quando é isolado de seu ambiente, ou aberto, quando mantém fluxos de energia e matéria com o meio que o envolve. A Teoria Geral dos Sistemas (TGS) proposta pelo biólogo Ludwig von Bertalanffy é a base dessa análise. Segundo Bolós i Capdevila (1992), cada um dos elementos que compõem o sistema está organizado, por sua vez, em outro subsistema mais simples, e este por outros, havendo uma “hierarquização em relação ao grau de complexidade dos elementos constituintes” (BOLÓS I CAPDEVILA, 1992, p. 34). A cidade é analisada pelo viés sistêmico quando há uma preocupação no entendimento das interações entre seus elementos, sejam eles naturais ou artificiais. O ambiente urbano pode ser compreendido como um ecossistema ou como um complexo formado por vários ecossistemas individuais ou subsistemas (REBELE, 1994). Nessa perspectiva de análise, o foco é dado para os seres vivos e as relações entre eles e o meio. Para Odum (1983, p. 45), as cidades são consideradas ecossistemas incompletos, pois dependem de grandes áreas externas “para a obtenção de energia, alimentos, fibras, água e outros materiais”. Os ecossistemas possuem diversas funções, como a regulação da composição química da atmosfera e de fluxos hidrológicos, formação e fixação do solo, habitat para populações residentes e transitórias, fornecimento de materiais biológicos, dentre outros (COSTANZA et al., 1997). Nas áreas urbanas a vegetação tem grande importância na melhoria da qualidade ambiental, definida como as “condições e os requisitos básicos [...] de natureza física, química, biológica, social, econômica, tecnológica, cultural e política”, necessárias a dinâmica e autossuperação do ecossistema (MACEDO, 1995, p. 17). Para Kent e Coker (1994), a vegetação é a mais óbvia representação física de um ecossistema, além ser a base da pirâmide trófica e atuar como habitat para organismos. Vários autores salientam que a perspectiva sistêmica é importante para compreensão integral de um fenômeno da Geografia. O espaço geográfico é o objeto de estudo dessa ciência, definido por Santos (2006, p. 39) como um “conjunto indissociável, solidário e também contraditório, de sistemas de objetos e sistemas de ações”. Christofoletti (1999) ressaltou que a Geografia estuda as organizações espaciais dos sistemas socioeconômicos e dos sistemas ambientais físicos. Para Santos (2006), o espaço geográfico é uma forma-conteúdo, é a.

(16) 14. materialidade e as relações sociais, a forma e a função, que só existem se forem vistas em conjunto, como um sistema. A análise sistêmica do espaço possibilita a compreensão da estrutura e funcionamento das cidades brasileiras, pois, segundo Santos (2009, p. 107), “a organização interna de nossas cidades, grandes, pequenas e médias, revela um problema estrutural, cuja análise sistêmica permite verificar como todos os fatores mutuamente se causam”. O ambiente urbano também pode ser analisado à luz da abordagem geossistêmica, que insere os fenômenos naturais e as atividades humanas como integrantes de um sistema em constante evolução. Ele é definido como um complexo essencialmente dinâmico resultante de uma combinação de um potencial ecológico, uma exploração biológica e uma ação antrópica (BERTRAND, 2004). Diferente do ecossistema, no qual a comunidade de seres vivos é o componente principal, em um geossistema observam-se as interações entre todos os elementos, possibilitando inserir o homem como integrante desse sistema. A análise sistêmica é fundamental para o estudo proposto, pois a partir dela é possível compreender as relações existentes entre a cobertura vegetal e as atividades antrópicas, sobretudo no que se refere ao processo de urbanização. O processo de urbanização do Brasil intensificou-se em meados do século XX, com políticas do poder público que incentivaram a industrialização do país, ativando o próprio processo de urbanização e crescimento demográfico das cidades médias e grandes (SANTOS, 2009). Essa industrialização, aliada à grande concentração de terras, fez com que houvesse uma crescente migração para as cidades, em busca de melhor infraestrutura e oportunidades de trabalho. A urbanização brasileira, porém, não foi acompanhada de uma absorção de toda a população nos setores da economia e da construção de infraestruturas necessárias para suprir a massa populacional que migrou para as cidades. Uma das consequências dessa concentração populacional foi a expansão desordenada da população pelo território, trazendo consequências socioeconômicas, como a valorização de áreas centrais em termos de investimentos públicos e preço do solo e ocupação irregular de áreas periféricas; além de consequências para os sistemas naturais, por meio da ocupação de áreas de risco, desmatamento, despejo de resíduos, rejeitos domésticos e industriais no ambiente (ROSS, 2005). A expansão urbana é um processo que contribui para a degradação de um dos elementos naturais mais importantes para a manutenção do equilíbrio ambiental da cidade e melhoria da qualidade de vida de seus próprios habitantes, a cobertura vegetal. Fazem-se necessárias ações.

(17) 15. que vivem o equilíbrio entre o progresso humano e conservação dos ambientes naturais, em especial da cobertura vegetal em áreas urbanas, diante dos diversos serviços que oferece.. 2.2 Os benefícios da cobertura vegetal urbana. A cobertura vegetal é um elemento que oferece diversos benefícios para o ambiente urbano, desde a manutenção do equilíbrio ambiental até a melhoria psicológica dos habitantes. Do ponto de vista dos serviços ecossistêmicos, a vegetação em áreas urbanas oferece os seguintes serviços (BOLUND; HUNHAMMAR, 1999):  Filtragem do ar: diminuição da poluição do ar, a depender da localização e estrutura da vegetação;  Regulação microclimática: diminuição dos efeitos das ilhas de calor urbanas, fornecimento de sombra e redução da velocidade do vento, melhorando a sensação térmica;  Redução de ruído: influenciada pelas características do solo e porte da vegetação;  Drenagem de águas pluviais: infiltração da água em solos vegetados, diminuindo o escoamento superficial e estabilizando o solo;  Tratamento de esgoto: assimilação de nutrientes por seres vivos em zonas úmidas, como manguezais, purificando a água;. A fragmentação de ecossistemas é um problema recorrente nas cidades que tem como causas antrópicas os processos migratórios e de adensamento populacional, a estrutura fundiária e o uso da terra, bem como a introdução de espécies invasoras pelo homem (RAMBALDI; OLIVEIRA, 2003). De acordo com os mesmos autores, a fragmentação ocasiona a perda da diversidade e simplificação dos sistemas ecológicos, diminuindo os serviços proporcionados pelos ecossistemas. Segundo Paiva e Gonçalves (2002), somente grandes áreas vegetadas são capazes de exercer serviços ambientais em larga escala, como proteção do solo, redução de temperatura e contenção de enchentes, por isso é necessário preservar porções naturais do espaço urbano. As áreas vegetadas atuam na diminuição de riscos ambientais, pois contribuem para o controle de deslizamentos, erosões e enchentes (MATOS; QUEIROZ; 2009). As áreas vegetadas também são importantes para a filtragem da água, diminuindo a possibilidade de alagamentos..

(18) 16. A cobertura vegetal urbana também proporciona a manutenção da biodiversidade, compondo “corredores ecológicos para remanescentes florestais das zonas periférica e rural que circundam as cidades” e ainda oferecendo “alimentos para avifauna, quando há escassez de alimento no ambiente natural” (MATOS; QUEIROZ, 2009, p. 20). A Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO, 2016) destaca os benefícios das árvores urbanas, como o arrefecimento do ar, regulação do fluxo e melhoria da qualidade da água, fornecimento de alimentos, economia de energia pela redução do uso de ar-condicionado, fornecimento de habitat para outros seres vivos e valorização de áreas através do paisagismo. Ressalta-se que a distribuição de pequenos grupos ou árvores isoladas também geram benefícios, tanto ambientais, quando paisagísticos e de promoção do lazer. A cobertura vegetal gera benefícios psicológicos para os citadinos, como diminuição da pressão arterial e estresse (FAO, 2016), trazendo bem estar físico e mental para os habitantes. Os ambientes com cobertura vegetal também possuem valores recreativos e culturais, possibilitando momentos de lazer e descanso ao serem equipados com infraestruturas urbanas (BOLUND; HUNHAMMAR, 1999). Mascaró e Mascaró (2005) destacam o uso social da vegetação, que pode ser potencializado pela gestão pública com a arborização de espaços da cidade com plantas frutíferas ou medicinais, beneficiando a população de menor poder aquisitivo. Conforme os autores, “a vegetação dos bairros populares, áreas geralmente ocupadas precária ou irregularmente, pode ter funções adicionais à da cidade formal: além das ambientais e compositivas, as de alimentação e medicinal” (MARCARÓ E MASCARÓ, 2005, p. 77). Em suma, a cobertura vegetal urbana é um elemento que contribui para o equilíbrio do meio ambiente, entendido como “o conjunto dos componentes da geosfera-biosfera” (CHRISTOFOLETTI, 1999, p. 37), além de melhorar a qualidade de vida dos habitantes. Portanto, entender como a mesma se apresenta no espaço urbano é uma forma de subsidiar ações que visem o uso sustentável de seus recursos, garantindo que seus serviços sejam mantidos para as gerações futuras.. 2.3 Diversidade da cobertura vegetal urbana. Existem diferentes nomenclaturas para representar a diversidade de elementos em um ambiente urbano, qualificando os espaços, e isso também se aplica à cobertura vegetal. Os autores que estudam as áreas não edificadas das cidades argumentam que há uma confusão entre os termos utilizados na análise dessas áreas, como espaços livres, áreas verdes,.

(19) 17. arborização urbana, verde urbano e cobertura vegetal (CAVALHEIRO et al., 1999; LIMA et al., 1994; BARGOS; MATIAS, 2011). Essa confusão dificulta, por exemplo, uma análise comparativa entre diferentes cidades, pela ausência de uma definição clara do termo adotado, do método de coleta dos dados ou mesmo da escala espacial considerada, não estabelecendo parâmetros para comparação (NUCCI, 2008). O conceito mais amplo para tratar dos espaços não construídos em áreas urbanas é o de espaço livre, definido como todo espaço não coberto por edifícios, em áreas urbanas ou em seu entorno (LIMA et al., 1994; MAGNOLI, 2006), tendo ou não a presença de cobertura vegetal. Nele estão incluídos “quintais, jardins públicos ou privados, ruas, avenidas, praças, parques, rios, florestas, praias urbanas”, dentre outros (MAGNOLI, 1982, apud TÂNGARI et al., 2009). Também são encontrados nessas áreas os terrenos vazios, entendidos como áreas sem edificações que não possuem uma função urbanística aparente, do ponto de vista estético/paisagístico, embora contribuam com funções ecológicas (por exemplo, recarga do lençol freático). Os terrenos baldios são exemplos dessa categoria. A cobertura vegetal está inserida nesses espaços livres. Por vezes é entendida como sinônimo de verde urbano ou mesmo de vegetação. Cavalheiro et al. (1999) definiram o verde urbano como sendo a projeção do verde em cartas planimétricas, existente nos três sistemas da zona urbana, os sistemas de espaços construídos, espaços livres e espaços de integração, e nas Unidades de Conservação. Outros autores definem cobertura vegetal como sendo as formas de vegetação natural ou plantada em determinado terreno (VEROCAI, 1997; ORMOND, 2006; QUEIROZ, 2014). Vegetação é um conceito que se refere à cobertura total das plantas considerada sempre em seu conjunto, sendo formada por uma ou mais comunidades vegetais de uma região (ROMARIZ, 1974; CANADIAN, 2016). Uma comunidade vegetal é “uma coleção de espécies de plantas que crescem em conjunto num local específico, mostrando uma determinada associação ou afinidade entre si” (KENT; COKER, 1994, p. 14). As definições que apresentam a cobertura vegetal como sendo a própria vegetação desconsideram os indivíduos isolados no ambiente urbano, pois os mesmos não podem ser entendidos como vegetação, visto que existem diferenças do ponto de vista ecológico entre um conjunto de plantas que desenvolvem-se naturalmente em interação, a vegetação, e indivíduos ou grupos isolados dispersos pelo tecido urbano, que possuem maior influência antrópica. As diferenças também podem ser vistas na intensidade dos serviços ambientais, na função atribuída à cobertura vegetal e na forma de distribuição espacial na área urbana. A vegetação, de maneira geral, fornece serviços ambientais em larga escala, tem seu uso limitado.

(20) 18. pela legislação ambiental para fins de preservação e abrange grandes áreas em termos espaciais. Já os indivíduos isolados ou agrupados possuem funções ambientais locais, geralmente são utilizados no embelezamento de vias e nos espaços de lazer por meio de planos de arborização e estão dispersos pela cidade em menores dimensões espaciais. Em síntese, é um equívoco nos estudos científicos considerar a cobertura vegetal como sinônimo de vegetação. Propõe-se, portanto, uma definição mais genérica para o termo cobertura vegetal urbana: um conjunto de formas de vida vegetal natural ou plantada dentro dos espaços livres da cidade. Valerio Filho et al. (2013) afirmam que em muitas cidades forma-se um tecido urbano desigual, constituído por áreas consolidadas, densamente ocupadas e construídas, com ausência ou poucos espaços livres, e áreas ainda não consolidadas, normalmente periféricas, nas quais a presença de espaços livres é maior. Essa diferenciação é expressada também na cobertura vegetal, que está incluída nos espaços livres. Segundo Paiva e Gonçalves (2002, p. 12) existe uma diferença das funções da cobertura vegetal nas áreas centrais e periféricas. Para eles, “quanto mais o morador vai se interiorizando urbanisticamente, mais vai perdendo o contato com o verde natural e mais vai necessitando do verde artificial, plantado para atuar como paliativo somático e psicológico”. Os autores consideram que a cobertura vegetal é mais escassa e pobre em diversidade nas áreas centrais e mais abundante e diversa nas áreas periféricas. Essa situação pode ser explicada pelo próprio processo de ocupação das cidades, que normalmente inicia-se em um núcleo, expandindo-se posteriormente para áreas periféricas, seja de forma contínua ou fragmentada, alterando a forma original da cobertura vegetal. Considerando as áreas naturais, uma forma de classificação da cobertura vegetal brasileira é o sistema de classificação da vegetação nativa proposto por Veloso, Rangel Filho e Lima (1991) e que, modificado, foi publicado por IBGE (2012). Esse sistema é adotado oficialmente no Brasil, servindo de base, inclusive, para apoiar a legislação que trata da gestão da vegetação nativa. Entende-se como vegetação nativa aquela que ocorre naturalmente em um determinado bioma (MATOS; QUEIROZ, 2009). São exemplos de formações vegetais nativas a Floresta Estacional Semidecidual, subdividida em formação aluvial e formação das terras baixas; a vegetação de Savana, também denominada de cerrado; as vegetações com Influência Marinha (restinga), Fluviomarinha (manguezais e campos salinos) e Fluvial. Nas cidades também pode estar presente a vegetação secundária, “resultante de processos naturais de sucessão, após supressão total ou parcial de.

(21) 19. vegetação primária por ações antrópicas ou causas naturais, podendo ocorrer árvores remanescentes de vegetação primária” (CONAMA, 1994, art. 1º-2º). Outra cobertura vegetal natural bastante comum nas cidades, mas que não é apresentada por IBGE (2012), é a vegetação ruderal, envolvendo a comunidade de plantas espontâneas que ocupa ambientes alterados, como terrenos abandonados, caminhos, margens de rua, loteamentos e canteiros de obras (MACHADO FILHO et al., 2015, p. 58). Existem diferentes propostas de classificação da cobertura vegetal que vão além da distinção de formações vegetais, focando-se nos ambientes urbanos nos quais a cobertura vegetal é encontrada. Lima et al. (1994), Luchiari (2001), Domingos (2009), Melazo e Nishiyama (2010) apresentaram classificações baseadas nos ambientes nos quais a cobertura vegetal está inserida, como quintais, praças, parques, canteiros centrais, passeios públicos, jardins e terrenos vazios. Herold et al. (2002) diferenciaram a cobertura vegetal em três classes genéricas: natural/semi-natural, agrícola e urbana. Bolund e Hunhammar (1999), Luchiari (2001) e Alves e Figueiró (2014) propuseram uma divisão quanto ao porte das plantas: herbáceo, arbustivo e arbóreo. Já os autores Dalbem e Nucci (2006) e Queiroz (2014) utilizaram como critério a titularidade da cobertura vegetal, distinguindo-a entre pública, particular e potencialmente coletiva. A distinção entre cobertura vegetal particular e pública é interessante na medida em que pode mensurar a quantidade de cobertura vegetal disponível para utilização pela população, em contraposição às áreas particulares em que o acesso é restrito. Dalbem e Nucci (2006, p. 05) definiram cobertura vegetal pública como “toda a vegetação encontrada no acompanhamento viário, pátios de colégio, praças e terrenos baldios, e particular como toda a vegetação encontrada no interior de quarteirões construídos, quintais e condomínios fechados”. Uma das formas de cobertura vegetal antropizada bastante analisada nas cidades é a área verde, pois é um indicador de qualidade ambiental urbana (MINAKI; AMORIM; MARTIN, 2006). Para Nucci (2008), área verde é um tipo de espaço livre que deve ter predominância de áreas plantadas, cumprir as funções estética, ecológica e lazer, 70% do espaço deve ser permeável e precisa ser pública, sem regras rígidas de utilização. As áreas verdes urbanas também são abordadas no Código Florestal brasileiro, Lei Federal nº 12.651, de 25 de maio de 2012, que dispõe sobre a proteção da vegetação nativa. As áreas verdes na referida Lei são formadas por espaços urbanos públicos ou privados com vegetação que não podem ser utilizados para construção de moradia, pois têm como propósito a melhoria da qualidade ambiental da cidade. Elas são definidas como:.

(22) 20 espaços, públicos ou privados, com predomínio de vegetação, preferencialmente nativa, natural ou recuperada, previstos no Plano Diretor, nas Leis de Zoneamento Urbano e Uso do Solo do Município, indisponíveis para construção de moradias, destinados aos propósitos de recreação, lazer, melhoria da qualidade ambiental urbana, proteção dos recursos hídricos, manutenção ou melhoria paisagística, proteção de bens e manifestações culturais (BRASIL, 2012, art. 3º, § XX).. Para Paiva e Gonçalves (2002, p. 20), uma área verde é qualquer área, de propriedade pública ou privada, “que apresente algum tipo de vegetação (não só árvores) com dimensões vertical e horizontal significativas e que sejam utilizadas com objetivos sociais, ecológicos, científicos ou culturais”. A função estética/paisagística das áreas verdes ocorre por meio da diversificação da paisagem construída, contribuindo para um ambiente belo e agradável para os habitantes. A função recreativa e de lazer refere-se à utilização dessas áreas para atividades que trazem bemestar, como práticas desportivas, reuniões e atividades recreativas (MINAKI; AMORIM; MARTIN, 2006). O conceito de área verde não é algo padronizado na literatura científica e na legislação, gerando interpretações diversas. Dentre as áreas verdes públicas destacam-se os cemitérios, bosques, parques e praças com presença de cobertura vegetal. As praças se sobressaem por sua presença marcante na composição dos espaços urbanos brasileiros (GOMES; SOARES; 2003). Uma praça é entendida como uma “área pública normalmente situada entre quarteirões edificados e que é destinada ao lazer e ao convívio social” (MATOS; QUEIROZ, 2009). Um exemplo de área verde pública aplicado ao município de Natal é o Parque da Cidade Dom Nivaldo Monte, gerido pela prefeitura. Ele é um espaço livre cujo principal elemento é a cobertura vegetal, composto principalmente pela vegetação com influência marinha que recobre as dunas. Possui funções ambientais, como a recarga do aquífero e preservação da biodiversidade, estéticas por proporcionar uma visão privilegiada da cidade, e de lazer, com área de caminhada, trilhas e biblioteca. Outro tipo de cobertura vegetal que merece destaque nas cidades é o verde viário, correspondendo à cobertura vegetal distribuída em canteiros centrais, passeios públicos e rotatórias. É uma categoria que se destaca por ser uma alternativa diante da intensa ocupação urbana, permitindo um equilíbrio entre espécies arbóreas, fluxos de pessoas e ocupações (ALVAREZ; GALLO, 2012). O verde viário possibilita a integração entre as demais áreas de cobertura vegetal, pois “é um dos elementos vegetados dos ecossistemas urbanos capaz de.

(23) 21. integrar espaços livres, áreas verdes e remanescentes florestais, conectando-os de forma a colaborar com a biodiversidade” (MENEGUETTI, 2003, p. 01). Mesmo nos municípios considerados por seus planos diretores como totalmente urbanos, podem existir áreas com atividades agrícolas, importantes para o abastecimento da cidade. A cidade do Natal é um exemplo, pois apresenta nas áreas de menor adensamento urbano espaços utilizados pela agricultura, mesmo sendo considerada 100% urbana. Santos (2009) afirma que hoje as cidades de maiores dimensões “utilizam parte dos terrenos vazios, dentro da aglomeração ou em suas proximidades, com atividades agrícolas frequentemente modernas e grandemente destinadas ao consumo da respectiva população” (SANTOS, 2009, p. 73-74). Nesse contexto, também é importante considerar a cobertura vegetal de uso agrícola. A revisão apresentada evidencia a variedade da cobertura vegetal nas cidades, desde áreas naturais de grande expressividade espacial, até árvores isoladas em passeios públicos, todas com funções ambientais importantes, além da inexistência de um padrão de classificação da diversidade dessa cobertura. Conforme destacado por Rodrigues e Luz (2007), Nucci (2008) e Matos e Queiroz (2009), analisar a cobertura vegetal em termos de distribuição espacial, quantidade e qualidade, contribui para o diagnóstico das condições de cobertura vegetal atuais da cidade e oferece subsídios para análise da qualidade ambiental.. 2.4 Distribuição da cobertura vegetal urbana. A análise da cobertura vegetal oferece subsídios para um ordenamento do território que vai além da visão estética, conforme salienta Alves (2012). O diagnóstico da distribuição da cobertura vegetal possibilita análises mais específicas posteriores, como a distribuição de áreas verdes (praças e parques) para a população. Morero, Santos e Fidalgo (2007) ressaltam a necessidade das áreas verdes servirem a toda a população, atingindo seus anseios de lazer e sem privilégios de classes sociais. Para isso, as áreas verdes precisam estar bem distribuídas pela malha urbana, facilitando o acesso da população. Uma das formas de analisar a distribuição da cobertura vegetal urbana é por meio da análise espacial, pois permite investigar como ela se distribui e possibilita a quantificação dessas áreas na cidade. Essa análise é frequentemente subsidiada pelas geotecnologias, definidas como um conjunto de tecnologias “para coleta, processamento, análise e oferta de informações com referência geográfica” (ROSA, 2005, p. 81), incluindo os Sistemas de Informação Geográfica (SIGs), o Sensoriamento Remoto e o Sistema de Posicionamento Global (GPS)..

(24) 22. Uma referência na análise da distribuição espacial da cobertura vegetal é o trabalho de Jim (1989), que apresentou um mapeamento da cobertura vegetal arbórea da cidade de Hong Kong. O autor classificou a cobertura vegetal em termos de abrangência, conectividade e contiguidade, totalizando nove tipos de configuração da cobertura vegetal arbórea: isolada dispersa, aglomerada e aglutinada; linear - retilínea, curvilínea e anular; conectada - reticulada, ramificada e contínua. As configurações dispersa, aglomerada, retilínea e curvilínea predominaram, denotando uma má distribuição da cobertura vegetal arbórea na cidade. Luchiari (2001) comparou índices de cobertura vegetal com características socioeconômicas da população de uma microbacia do município de Campinas/SP. O autor observou que os maiores índices de cobertura vegetal estão associados às áreas que mesclam características rurais e urbanas, de menor densidade de ocupações, já os menores índices estão ligados aos bairros antigos, comerciais e residenciais, que possuem poucos espaços livres. Também foi possível constatar uma relação entre a distribuição da cobertura vegetal de cada bairro com a distribuição de renda familiar por bairro. Melazo e Nishiyama (2010) realizaram o mapeamento da cobertura vegetal arbóreoarbustiva em quatro bairros da cidade de Uberlândia/MG, um bairro periférico e três bairros centrais, mas com padrões de uso e ocupação diferenciados. Os resultados mostraram que o bairro periférico foi o que apresentou menor porcentagem de cobertura vegetal e o bairro central de uso residencial de alto padrão teve a maior porcentagem de cobertura vegetal. Mesmo assim, os autores ressaltam que os resultados apontaram “para áreas com uma quantidade insuficiente de cobertura vegetal (de 3 a 13%) apresentando-se de maneira geral, mal distribuída e desconexa” (MELAZO E NISHIYAMA, 2010, p. 64). Os bairros de Salvador/Bahia foram analisados por Oliveira et al. (2013) no que se refere ao mapeamento e índices de cobertura vegetal. Os autores argumentaram que os bairros com menor quantidade de cobertura vegetal por habitante estão localizados na área de consolidação mais antiga da cidade, já os bairros com maiores valores estão localizados em áreas de expansão urbana e de vegetação preservada. Concluíram que as constatações sobre a cobertura vegetal “reafirmam a característica de expansão da cidade do Salvador, do ponto de vista de uma ocupação concentrada em detrimento de uma intensa degradação da massa verde de seu território” (OLIVEIRA et al., 2013, p. 824). Souza et al. (2013) realizaram um mapeamento dos fragmentos florestais da cidade de Vitória/ES. Foram considerados como fragmentos todas as aglomerações de árvores de grande porte, naturais ou plantadas. Os autores destacaram que não há uma distribuição homogênea.

(25) 23. dos fragmentos na área urbana e que a topografia irregular influencia na preservação da vegetação existente em uma área mais afastada do litoral, dificultando a ocupação antrópica. Queiroz (2014) analisou a distribuição espacial da cobertura vegetal em uma cidade do Ponta Grossa/PR. Observou que nas áreas periféricas, com menor ocupação, existem manchas de cobertura vegetal maiores e mais contínuas. Nas áreas centrais, contudo, a cobertura vegetal é mais fragmentada e isolada. De forma inversa, os bairros centrais possuem uma maior quantidade de áreas verdes públicas, como praças e parques. A autora concluiu que a distribuição da cobertura vegetal está diretamente relacionada com o processo de urbanização e expansão da cidade. O mapeamento da cobertura vegetal arbórea urbana de Mossoró/RN foi feito por Silva (2015). O autor observou que nas áreas mais periféricas, de padrão urbano descontínuo e onde ocorre o processo de expansão urbana, a cobertura vegetal está mais concentrada. Sugeriu ao final do estudo que fossem criadas unidades de conservação urbanas, aproveitando as áreas de vegetação nativa sem grande interferência antrópica. Em síntese, os estudos apresentados evidenciam uma heterogeneidade da cobertura vegetal no ambiente urbano, influenciada pela ocupação antrópica, possuindo áreas com maior fragmentação e áreas com maiores percentuais de cobertura vegetal. É perceptível também que os autores geralmente utilizam índices de cobertura vegetal como uma estratégia de comparação entre as porções do espaço analisado.. 2.5 Estudos sobre a cobertura vegetal urbana do Natal. Foi feito por Cestaro et al. (2003, p. 02) um levantamento das árvores localizadas em canteiros centrais e passeios públicos do bairro Petrópolis. Foram encontradas 769 árvores e 45 espécies, das dez espécies mais abundantes, apenas três eram nativas. Os autores concluíram que o bairro mostrou-se bem arborizado, mas com baixa diversidade de espécies, e que, neste quesito, a ação do serviço público foi efetiva no processo de urbanização do bairro, com objetivo sobretudo estético e de amenização das temperaturas. Santos, Lisboa e Carvalho (2012) realizaram um inventário qualiquantitativo da arborização viária de quatro vias públicas do bairro Petrópolis. Identificaram 206 indivíduos, desses 79,1% foram definidos como espécies exóticas e 20,9% como nativas. Os autores concluíram que é necessário estabelecer “diretrizes e propostas de manejo da arborização viária do bairro de Petrópolis, que também poderão ser estendidas ao manejo da flora de toda a cidade” (SANTOS; LISBOA; CARVALHO, 2012, p. 104)..

(26) 24. Silveira et al. (2012) avaliaram a dinâmica espaço-temporal da vegetação, umidade e temperatura da superfície do Natal entre os anos 1991 e 2011. A análise foi baseada em imagens do satélite Landsat 5 e cálculo do Índice de Vegetação por Diferença Normalizada (em inglês, NDVI), que varia de -1 (ausência de vegetação) a 1 (maior concentração de biomassa). Os autores observaram que no ano de 1991, além das áreas periféricas e ZPAs, existiam valores positivos de NDVI no centro da cidade associados a maior densidade de vegetação. Em 2011 houve uma diminuição das áreas vegetadas e o centro da cidade mostrou-se mais adensado por construções, com valores próximos ou abaixo de zero de NDVI. Silveira et al. (2012) concluíram que a cidade possui áreas com cobertura vegetal expressiva, mas que a amenização e umedecimento do ar acontece apenas no entorno dessas áreas, assim se faz necessário um projeto de arborização com ênfase na espacialização do verde e na escolha de espécies adequadas. A cobertura vegetal do Natal foi quantificada por Sucupira (2013) através da aplicação do NDVI em imagens do satélite WorldView-2 do ano de 2010. Foi calculada a taxa de cobertura vegetal (%) dos 36 bairros e mais a delimitação territorial da ZPA 2 (Parque das Dunas), apresentando maiores taxas de cobertura vegetal na ZPA 2 e nos bairros Guarapes, Redinha e Ponta Negra. Em contraponto, os bairros com menores porcentagens de cobertura vegetal foram Ribeira, Lagoa Seca e Cidade Alta. Constatou-se nesse estudo que a cobertura vegetal de Natal, no ano de 2010, correspondia a 40,41% da área do município. Um estudo sobre os espaços livres do município de Natal, envolvendo a cobertura vegetal e demais espaços não construídos, foi realizado por Silva et al. (2009). Os autores classificaram os espaços livres da cidade em quatro grupos: os sistemas de vias, incluindo passeios públicos, praças, parques, dentre outros; os espaços costeiros, como faixas de praias e margens dos rios e lagoas; os espaços de uso coletivo criados em torno dos reservatórios de detenção; as grandes porções territoriais definidas como Zonas de Proteção Ambiental (ZPAs); e as áreas privadas, localizadas no interior dos quarteirões e lotes e em algumas das ZPAs. Os autores observaram a irregularidade na distribuição desses espaços pela cidade, com maior concentração nos limites com outros município, nas regiões Oeste e Norte. Cabe destacar também o Manual de Arborização Urbana do Natal, elaborado em 2009 pela prefeitura. No documento expõem-se parâmetros para instalação de um projeto de arborização urbana visando colaborar no conforto ambiental da cidade (NATAL, 2009). O manual apresenta critérios para plantação de árvores em vias públicas, como tamanho mínimo das calçadas que condicionará o porte das árvores a serem plantadas; distanciamento entre árvores; características das mudas e escolha das espécies. Também expõe uma lista de espécies.

(27) 25. nativas que podem ser plantadas na cidade, visando a manutenção da biodiversidade.. 2.6 A cobertura vegetal urbana do Natal e os condicionantes normativos. A atuação em um espaço, seja ele natural ou modificado pelo homem, depende de uma série de normas que determinam a forma como ele será utilizado. Borges, Marim e Rodrigues (2010, p. 1) ponderam que o processo de ordenamento do espaço urbano deve levar em consideração diferentes aspectos ambientais, como “a manutenção ecológica, a permeabilidade e as propriedades do solo, a regulação da temperatura, o abrigo e produção de alimento para determinadas espécies”. A cobertura vegetal é um elemento fundamental nesse processo, considerando as funções que exerce no ambiente urbano. Natal é um centro urbano que apresenta amplos espaços com vegetação nativa, estando sujeito, além das leis locais, à legislação federal e estadual. Nesse sentindo, apresentam-se normas ambientais que regulamentam o uso e proteção da vegetação e que influenciam na ocupação antrópica em áreas naturais da cidade do Natal. A Constituição Federal de 1988 é a lei fundamental do Brasil que serve de parâmetro para leis específicas. O capítulo VI da mesma é dedicado inteiramente ao meio ambiente, resguardando o direito de um ambiente ecologicamente equilibrado para todos. Essa afirmação pode ser vista em seu artigo 225, no qual é assegurado que todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações (BRASIL, 1988, art. 225).. A cobertura vegetal é um elemento fundamental do meio ambiente, devendo ser protegida a fim de que todos tenham o direito de usufruir dos seus benefícios. No artigo 23, incisos VI e VII da Constituição, define-se que é de competência comum de todos os entes federados a proteção do meio ambiente, o combate à poluição em qualquer de suas formas e a preservação das florestas, da fauna e da flora. Portanto, cabe também aos estados e municípios elaborar normas que visem a conservação dos ambientes em seus territórios. Também merece destaque a Lei Federal nº 11.428, de 22 de dezembro de 2006, pois é instrumento de normatização que dispõe sobre o uso e proteção de áreas de vegetação nativa do bioma Mata Atlântica. Na cidade do Natal são encontrados diferentes tipos de vegetação desse bioma, como manguezais, restingas e florestas. Nela destaca-se que a proteção e a.

(28) 26. utilização deste bioma têm por objetivos “o desenvolvimento sustentável e [..] a salvaguarda da biodiversidade, da saúde humana, dos valores paisagísticos, estéticos e turísticos, do regime hídrico e da estabilidade social” (BRASIL, 2006, art. 6º). As áreas protegidas são definidas por Dudley (2008, p. 8) como “um espaço geográfico claramente definido, reconhecido, dedicado e gerido [...], de modo a alcançar a conservação a longo prazo da natureza e dos serviços ecológicos e valores culturais associados”. Um exemplo de regulamentação dessas áreas é o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC) instituído pela Lei nº 9.985, de 18 de Julho de 2000, nesse sistema estão incluídos dois grupos de unidades de conservação, as unidades de uso sustentável e as unidades de proteção integral (BRASIL, 2000). O Parque Estadual Dunas do Natal é um exemplo de unidade de proteção integral, localizado na cidade. Foi criado em 1977, é reconhecido pela UNESCO como parte integrante da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica Brasileira e é considerado o maior parque urbano sobre dunas do Brasil (RIO GRANDE DO NORTE, 2015), com cerca de 1.172 hectares. Quanto à legislação estadual, destaca-se o Zoneamento Ecológico-Econômico do Litoral Oriental do RN, lei estadual nº 7.871, de 20 de julho de 2000. A cidade do Natal, considerada totalmente urbana pelo Plano Diretor vigente (NATAL, 2007), está incluída na Zona Especial Costeira (ZEC), que “compreende as unidades ambientais legalmente protegidas e aquelas que, por suas características físicas, restringem o uso e a ocupação do solo, bem como dos espaços urbanizados e de expansão” (RIO GRANDE DO NORTE, 2000, art. 9º). De acordo com essa lei, são consideradas áreas de preservação os seguintes ambientes naturais encontrados na cidade do Natal: manguezal, mata ciliar e dunas com cobertura vegetal. Reforçase nesta lei a necessidade de preservação de determinados espaços naturais considerando a importância dos mesmos para o equilíbrio ambiental. Em relação às normas de atuação da gestão pública no nível municipal, ressalta-se em Natal o Plano Diretor (NATAL, 2007), a principal lei de uso e ocupação do solo urbano da cidade. Aprovado pela Lei complementar nº 082, de 21 de junho de 2007, em seu título III, art. 45º, trata do sistema de áreas verdes e arborização urbana, definindo-o como. o conjunto dos espaços livres formados por parques, praças, verdes complementares ou de acompanhamento viário, jardins e pontas de rua, orlas marítimas, lacustres e fluviais, arborização de ruas, avenidas e grandes extensões de jardins privados, bem como de unidades de conservação públicas e privadas existentes na cidade..

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