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4.2 Diversidade da cobertura vegetal urbana dos bairros selecionados

4.2.1 Critérios para elaboração da tipologia

Para verificar a diversidade da cobertura vegetal em bairros com tecido urbano contínuo e descontínuo, foi necessário criar uma tipologia, entendida como uma classificação para qualificar os fragmentos de cobertura vegetal nos quatros bairros.

Foi elaborada uma tipologia preliminar baseada na revisão bibliográfica e na interpretação visual do mosaico de imagens da SEMURB; além de observações in loco realizadas em novembro de 2016 em pontos distribuídos pela cidade. No momento do mapeamento percebeu-se que a mesma estava adequada para a realidade dos bairros.

A tipologia de cobertura vegetal urbana adotada (Quadro 4) apresenta quatro níveis hierárquicos, visando qualificar a cobertura vegetal. O primeiro nível distingue a cobertura vegetal em natural e antropizada. Para a cobertura vegetal natural foi considerada apenas uma subdivisão (Nível 2), enquanto que para o grupo cobertura vegetal antropizada foram detalhados os locais de ocorrência e/ou tipos. O nível 4 se refere ao porte dessa cobertura vegetal, divido em arbóreo ou arbustivo/herbáceo.

Quadro 4 – Tipologia de cobertura vegetal urbana para os quatro bairros escolhidos.

1º NÍVEL 2º NÍVEL 3º NÍVEL 4º NÍVEL

Natural

Floresta Estacional Semidecidual Terras Baixas

Arbóreo Arbustivo/Herbáceo Savana

Vegetação com Influência Marinha Vegetação com Influência Fluvial Vegetação Secundária

Vegetação Ruderal Vegetação Degradada

Antropizada

Área Verde Pública Praça

Arbóreo Arbustivo/Herbáceo

Verde Viário Canteiro Central

Passeio Público Privada

Agrícola Cultivo Cíclico

Cultivo Permanente Terreno Público

Fonte: Elaborado pela autora (2017).

A cobertura vegetal urbana é definida como um conjunto de formas de vida vegetal natural ou plantada dentro dos espaços livres da cidade. A cobertura vegetal natural corresponde a toda vegetação encontrada no ambiente urbano, mantendo-se espontaneamente e formando uma ou mais comunidades de plantas. A definição das classes de cobertura vegetal natural foram baseadas em Nunes (2006), IBGE (2012) e Machado Filho et al. (2015) e são expostas a seguir:

 Floresta Estacional Semidecidual das Terras Baixas: vegetação composta por árvores que formam um dossel, adaptada ao clima estacional e que perde parcialmente as suas

folhas no período desfavorável. A formação das terras baixas, ocorre, geralmente, em depressões entre 5 e 100 m de altitude;

 Savana: também chamada de cerrado, é composta por árvores isoladas ou grupos de árvores e arbustos, sobre um estrato herbáceo ralo e descontínuo, presente nos tabuleiros costeiros;

 Vegetação com Influência Marinha: também chamada de restinga, é constituída por plantas que recobrem dunas, praias e planícies interdunares, ajudando na fixação do solo. Predomina o porte arbustivo/herbáceo;

 Vegetação com Influência Fluvial: conjunto de comunidades vegetais localizadas nas planícies aluviais, alagadas periodicamente, ou depressões alagáveis de corpos d’água, predominando o porte arbustivo/herbáceo;

 Vegetação Secundária: ocorre em áreas onde houve uma interferência antrópica prévia que descaracterizou a vegetação original, podendo apresentar remanescentes do ambiente anterior. Para o mapeamento foram consideradas áreas de vegetação secundárias aquelas onde há menor adensamento urbano, próximas ou dentro dos limites das ZPAs;

 Vegetação Ruderal: formada por comunidades vegetais pioneiras adaptadas aos ambientes antropizados, crescendo espontaneamente em terrenos baldios, construções abandonadas, canteiros de vias públicas, etc. Predomina o porte arbustivo/herbáceo. No mapeamento foi considerada como ruderal apenas a vegetação nas áreas de maior adensamento urbano;

 Vegetação Degradada: vegetação natural que sofreu e ainda sofre forte pressão antrópica, por corte, fogo, depósito de detritos e lixo e/ou pela invasão de espécies ruderais e/ou exóticas. No mapeamento foram encontradas apenas áreas de vegetação degradada de restinga de porte predominantemente arbustivo.

A cobertura vegetal antropizada é aquela plantada no ambiente pelo homem e envolve indivíduos isolados ou em grupo, presentes em diferentes áreas públicas ou privadas. As plantas isoladas, mesmo aquelas que cresceram naturalmente e são nativas do bioma, foram inseridas nessa classe no momento do mapeamento. As classes foram definidas da seguinte forma:

 Área Verde Pública: cobertura vegetal inserida em praças públicas, com funções ambientais, estéticas e de lazer. No mapeamento foram consideradas as praças

enumeradas pela Prefeitura de Natal e alguns casos de áreas com presença de mobiliário urbano, mas que não estavam incluídas na lista da prefeitura;

 Verde Viário: cobertura vegetal presente nas vias de circulação pública. Foi separada em canteiros centrais e passeios públicos;

 Privada: cobertura vegetal distribuída em fundos de quintais, jardins privados, terrenos não edificados e demais espaços, limitados por muros ou cercas dentro de quadras;  Agricultura: cobertura vegetal plantada para consumo, geralmente localizada em áreas

de menor densidade de ocupação. Foi dividida em cultivo cíclico (plantas temporárias) e cultivo permanente (plantas perenes). Os agrupamentos de plantas frutíferas em quintais foram incluídos nessa classe;

 Terreno Público: corresponde à cobertura vegetal presente em área pública e que não se enquadra nas outras categorias. Está localizada em áreas sem infraestrutura, associada, às vezes, a depósitos de detritos e lixo.

Ressalta-se que existem outros tipos de cobertura vegetal natural e antropizada na cidade, contudo, a tipologia apresentada no Quadro 4 foi construída considerando a realidade dos quatro bairros selecionados. Em Natal existem outros tipos de áreas verdes, como parques e bosques, bem como outras formações vegetais, como o manguezal.

Foram enquadrados na classe Terreno Público os polígonos de cobertura vegetal em lugares de acesso público e que não se enquadravam nas demais categorias (Área Verde, Verde viário, Ruderal). O mapeamento também foi baseado no shapefile de áreas verdes da prefeitura do Natal de 2009 e 2015, que espacializou o que entende-se nessa pesquisa como espaços livres públicos, pois nem todas as áreas verdes mapeadas possuem cobertura vegetal.

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