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A construção da sinonímia por encapsulamento anafórico: uma perspectiva sóciocongnitiva

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Academic year: 2021

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(1)UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO  CENTRO DE ARTES E COMUNICAÇÃO  PROGRAMA DE PÓS­GRADUAÇÃO EM LETRAS E LINGÜÍSTICA . A constr ução da sinonímia por  encapsulamento anafór ico:  uma per spectiva sócio­cognitiva . Cinthya Tor r es Melo . Orientadores:  Profa. Dra. J udith Hoffnagel (UFPE)  Prof. Dr. Luiz Antônio Marcuschi (UFPE) . RECIFE  2008.

(2) Melo, Cinthya Torres  A  construção  da  sinonímia  por  encapsulamento  anafórico: uma perspectiva sócio­congnitiva / Cinthya  Torres Melo. ­ Recife: O Autor, 2008.  130 folhas.  Tese  (doutorado)  –  Universidade  Federal  de  Pernambuco. CAC. Letras, 2008.  Inclui bibliografia.  1.  Lingüística.  2.  Sinonímia.  3.  Encapsulamento  anafórico. 4. Cognição.  5. Significação (Filosofia). 6.  Pragmática. 7. Semântica (Filosofia). I. Título.  801  410 . CDU (2.ed.)  CDD (21.ed.) . UFPE  CAC2008­  55.

(3) UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMRUCO CENTRO DE ARTES E CO~WNICACAO PROGRAMA DE POS-GRADUACAO EM LETRAS E LINGUISTICA. A construqIo da sinonimia por encaps~~larnento anafbrico: uma perspectiva s6cio-cognitiva. Cinthya Torres Melo Banca Examinadora: Profa. Dra. Elizabeth Marcuschi (UFPE). A y hI. ~. J. L. L-. Profa. Dra. M6n Profa. Dra. Judith ~ r o f a l ~ rRosane a. N~~C$~'(UFRPE). Tese apresentada ao Programa de Pos-graduaqzo em Letras da Universidade Federal de Pernambuco conio requisito parcial para obtenqgo do Grau de Doutora em Lingiiistica. RECIFE Julho dc 2008.

(4) 3 . Dedico este trabalho ao Professor Doutor Luiz Antônio Marcuschi  (UFPE), meu mestre e mentor acadêmico, que me ensinou a amar a  lingüística e a enxergar nos processos de referenciação anafórica o  mais belo campo de investigação científica para o estudo dos  processos de textualização.  ­ Esta obra é fruto das lições que você me ensinou!.

(5) 4 . AGRADECIMENTOS . A  Deus,  pela  dádiva  da  vida  plena  pela  qual  posso  pensar  e  construir  todos  os  meus  objetivos;  A  todos  os  amigos  da  Fraternidade  Espírita  Morada  do  Sol,  por  me  sustentarem  e  me  guiarem nos  árduos  momentos de escrita deste trabalho, principalmente aos amigos  Dr.  Adamastor,  Elionel  Grawost  e  Moisés  pela  compreensão  e  pelo  apoio  que  me  deram durante todo este último ano de escrita;  À  minha  mãe  Margarida  Martins,  por  me  apoiar,  me  incentivar  e  dedicar  horas  de  cuidados às minhas filhas para que eu pudesse me recolher e trabalhar sossegadamente;  Ao  meu  esposo  Márcio  Saraiva  e  às  minhas  filhas  Gabriela  (7  anos)  e  Maiara  (4  anos), por tanta compreensão nas minhas inúmeras horas de ausência familiar;  A  meu  sogro  Márcio  J osé  Valença  Saraiva  de  Melo  e  minha  sogra  Therezinha  Saraiva de Melo, pelo apoio constante e irrestrito que me dedicaram;  À  minha  cunhada  Tânia  Pinheiro  (UFC),  pela  força  e  pelo  incentivo  de  irmã  espiritual;  À minha amiga Vera Lúcia Maciel, pela constante presença amorosa e pelo incentivo  desmedido para que este trabalho não parasse pela metade e chegasse ao fim;  À Karina Falcone, companheira de doutorado, pela amizade e pelo conforto em todos  os momentos difíceis vividos durante o meu doutorado;  Ao amigo doutorando Leonardo Mozdzenski, por ter compartilhado comigo o dia da  apresentação deste trabalho;  À  Coordenação  da  Pós­Graduação  em  Letras  e  Lingüística  da  UFPE,  na  pessoa  da  Coordenadora  e  Professora  Doutora  Angela  Dionísio,  por  ter  reconduzido  a  minha  vida  acadêmica  após  o  afastamento,  por  doença,  do  meu  orientador  Luiz  Antônio  Marcuschi;.

(6) 5 . A  todos  os  funcionários  da  Pós­Graduação  em  Letras  e  Lingüística  da  UFPE,  em  especial  a  J ozaías  F.  Santos  e  à  Diva  Albuquerque  pela  disposição  e  boa  vontade  constantes nos atendimentos burocráticos;  A CAPES, pelos dois anos de bolsa de doutorado concedidos para esta pesquisa;  À Professora  Doutora Beth  Marcuschi  (UFPE), por  ter  acreditado  que  tudo isto era  possível  e  feito  inúmeros  questionamentos  sobre  o  conteúdo  deste  trabalho,  possibilitando riquíssimas reflexões e reescritas em todos os capítulos;  À Professora Doutora Dóris Cunha (UFPE), pelas ressalvas preciosas que fez a alguns  pontos  da  tese  e  que  me  fizeram  ter  forças  para reescrevê­los  do  início  ao  fim,  após  a  qualificação;  À  Professora  Doutora  Mônica  Cavalcante  (UFC),  por  mais  uma  vez  ter  aceitado  o  convite  para  fazer  parte  da  minha  banca  de  defesa,  tal  como  no  mestrado,  e  ter  contribuído imensamente para algumas reformulações finais;  À Professora Doutora Rosane Alencar  (UFRPE), por ter participado da minha banca  de defesa e ter sugerido aspectos relevantes neste trabalho;  Aos  Professores  Doutores  Antônio  Carlos  Xavier   (UFPE)  e  Francisco  Alves  Filho  (UFPI), por terem se disponibilizado a ocupar a posição de suplentes na banca final;  E em especial, aos dois grandes guerreiros desta minha empreitada:  À  minha  segunda  orientadora  Professora  Doutora  J udith  Hoffnagel,  por  ter  permanecido ao meu lado e acreditado no meu trabalho, ultrapassando os limites de seus  campos  de  pesquisa  científica  para  se  aventurar  comigo  em  um  trabalho  anteriormente  iniciado, me orientando com suas leituras e questionamentos;  E  ao  meu  primeiro  orientador   Professor  Doutor   Luiz  Antônio  Marcuschi,  que  desafiou  as  próprias  limitações  de  sua  convalescença  para  acompanhar  a  leitura  das  idéias gerais dos capítulos, participando assim deste trabalho..

(7) 6 . “Pensar em meio às ciências significa:  passar ao lado delas, sem desprezá­las.”  Heidegger (1950)  Caminhos do Campo.

(8) 7 . RESUMO . Este  trabalho  é  uma  investigação  teórica  sobre  a  sinonímia  por  encapsulamento  anafórico. Este tema é novo e a expressão ‘sinonímia por encapsulamento anafórico’ foi  criada por nós para explicar um outro olhar que temos do fenômeno lingüístico descrito  por Conte (2003) como encapsulamento anafórico. A definição de encapsulamento dada  por Conte (2003:117) diz que este é “um recurso coesivo pelo qual um sintagma nominal  funciona  como  uma  paráfrase  resumitiva  de  uma  porção  precedente  do  texto”.  Nossas  análises  indicam  que  este  fenômeno  também  pode  dar­se  por  uma  sinonímia  sócio­  cognitiva  e  não  apenas  por  uma  paráfrase  resumitiva,  como  atestado  por  Conte.  Para  comprovar a nossa observação, partimos de um estudo semântico­filosófico sobre o que  quer  dizer  significado  e  sentido  aplicados  às  noções  de  sinonímia  como  igualdade  de  significado  (Platão),  como  identidade  de  significado  (Aristóteles)  e  por  fim  como  equivalência de sentido, que é a forma pela qual nós concebemos este tipo de sinonímia.  Em  verdade,  não  negamos  a  existência  das  noções  de  igualdade  e  de  identidade  de  significado  na  sinonímia,  dentro  do  escopo  de  uma  semântica  formalista.  Mas,  apontamos  que  esta pode  ser  vista  por  um  outro  ângulo  teórico.  A  perspectiva  teórica  escolhida  para  observarmos  a  sinonímia  por  encapsulamento  anafórico  é  a  perspectiva  sócio­cognitiva.  Esta  concebe  a  língua  como  uma  ação  social  situada,  onde  os sujeitos  constroem na interatividade discursiva os objetos de discurso e os sentidos, inseridos em  contextos  referenciais socialmente partilhados  (Salomão,1999; Marcuschi,2003; Koch e  Cunha­Lima,2004). Buscamos comprovar que esta sinonímia ocorre por uma relação de  sentido construída por uma equivalência sócio­cognitiva sobre as bases de um processo  inferencial que se encontra apoiado em Frames (Barsalou, 1992) e Relevâncias (Sperber  e  Wilson,  1986).  O  sentido  apresenta­se  como  um  ponto  de  vista,  um  modo  pelo qual  compreendemos algo, uma possibilidade de interpretação (Husserl) que se estabelece por  caminhos  inferenciais  (Frege,1978;  Marcuschi,2000;  2003;  2007b)  construídos  em  uma  interação  social.  Para  defesa  desta  hipótese,  analisamos  exemplos  extraídos  de  autores  discutidos  ao  longo  deste  trabalho.  Nossas  conclusões  apontam  este  novo  objeto  lingüístico,  chamado  de  sinonímia  por  encapsulamento  anafórico,  como  um  possível  campo de estudo para as áreas da referenciação anafórica indireta e da sócio­cognição.  Palavras­Chave:  Sinonímia.  Encapsulamento  Anafórico.  Sentido.  Sócio­Cognição.  Referenciação. Anáfora Indireta. Inferenciação..

(9) 8 . RESUMEN . Este  trabajo  es  una  investigación  teórica  sobre  la  sinonimia  por  encapsulamento  anafórico.  Este tema es nuevo y la expresión ‘sinonimia por encapsulamento anafórico’  fue  creada  por  nosotros  para  explicar  una  otra  forma  de  ver  el  fenómeno  lingüístico  descrito  por  Conte  (2003)  como  encapsulamento  anafórico.  La  definición  de  encapsulamento dada por Conte (2003:117) dice que este es “un recurso cohesivo por el  cual  un  sintagma  nominal  funciona  como  una  paráfrasis  resumida  de  una  porción  precedente del texto”. Nuestros análisis indican que este fenômeno tambien puede se da  por  una  sinonimia  socio­cognitiva  y  no  solamente  por  una  paráfrasis  resumida,  como  atestado  por  Conte.  Para  comprobar  nuestra  observación,  partimos  de  un  estudio  semántico­filosófico  sobre  lo  que  quiere  decir  significado  y  sentido  aplicados  a  las  nociones  de  sinonimia  como  igualdad  de  significado  (Platón),  como  identidad  de  significado  (Aristóteles)  y por  fin  como  equivalencia de sentido, que es la forma por la  cual nosotros concebimos este tipo de sinonimia. En realidad, no negamos la existencia  de  las  nociones  de  igualdad  y  de  identidad  de  significado  en  la  sinonimia,  dentro  del  límite de la semântica formalista. Pero, apuntamos que esta puede ser vista por un otro  ángulo  teórico.  La  perspectiva  teórica  elegida  para  observarnos  la  sinonimia  por  encapsulamento anafórico es la perspectiva socio­cognitiva. Esta concibe la lengua como  una acción social ubicada, donde los sujetos construyen en la interactividad discursiva los  objetos  de  discurso  y  los  sentidos,  inseridos  en  contextos  referenciales  socialmente  compartidos  (Salomão,1999;  Marcuschi,2003;  Koch  e  Cunha­Lima,2004).  Buscamos  comprobar  que  esta  sinonimia  ocurre  por  una  relación  de  sentido  construida  por  una  equivalencia  socio­cognitiva  sobre  las  bases  de  un  proceso inferencial que se encuentra  apoyado en Frames (Barsalou, 1992) y Relevancias (Sperber e Wilson, 1986). El sentido  se  presenta  como  un  punto  de  vista,  un  modo  por  lo  qual  comprendemos  algo,  una  posibilidad  de  interpretación  (Husserl)  que  se  establece  por  caminos  inferenciales  (Frege,1978; Marcuschi,2000; 2003; 2007b) construidos en una interacción social. Para  defensa de esta hipótesis, analizamos ejemplos extraídos de autores discutidos a lo largo  deste  trabajo.  Nuestras  conclusiones  apuntan  este  nuevo  objeto  lingüístico,  llamado  de  sinonimia  por  encapsulamento  anafórico,  como  un  posible  campo  de  estudio  para  las  áreas de la referenciación anafórica indirecta y de la socio­cognición.  Palabras­Clave:  Sinonimia.  Encapsulamento  Anafórico.  Sentido.  Socio­Cognición.  Referenciación. Anáfora Indirecta. Inferenciación..

(10) 9 . ABSTRACT . This  thesis  is  a  theoretical  investigation  of  synonymy  through  anaphoric encapsulation.  This theme is new and the expression “synonymy through anaphoric encapsulation” was  created by us to explain another view of this linguistic phenomenon described by Conte  (2003)  as  anaphoric  encapsulation.  The  definition  for  encapsulation  given  by  Conte  (2003:117) tells us that this is “a cohesive resource by which a noun phrase functions as  a  short  paraphrase  of  a  preceding  portion  of  text”.  Our  analysis  indicates  that  this  phenomenon  also  comes  about  through  a  socio­cognitive  synonymy  and  not  only by  a  short  paraphrase  as  attested  by  Conte.  To  prove  our  observation,  we  begin  with  a  semantic­philosophical study of meaning and sense applied to the notions of synonymy as  equality  of  meaning  (Plato),  as  identity  of  meaning  (Aristotle)  and  finally  as  the  equivalence  of  sense,  which  is  the  way  we  conceive  this  kind  of  synonymy  within  the  scope  of  a  formal  semantics.  But  we  point  out  that  this  could  be  seen  from  another  theoretical  angle.  The  theoretical  perspective  chosen  to  observe  synonymy  through  anaphoric encapsulation is the social cognitive perspective, which conceives language as  a  situated  social  action,  where  the  subjects  construct  in  discursive  interactivity  the  objects  of  discourse  and  the  senses,  inserted  in  socially  shared  referential  contexts  (Salomão,1999;Marcuschi,  2003;  Koch  e  Cunha­Lima,2004).  Our  objective  is  to  show  that this synonymy occurs through a relation of senses constructed by a socio­cognitive  equivalence based on an inferential process, that find their support in Frames (Brasalou,  1992) and Relevance (Sperber and Wilson, 1986). Sense is presented as a point of view,  a way in which we understand something, a possibility of interpretation (Husserl) that is  established by inferential means (Frege,1978; Marcuschi,2000;2003;2007b) built through  social  interaction.  To  defend  this  hypothesis,  we  analyzed  examples  extracted  from  authors  discussed  throughout  this  thesis.  Our  conclusions  point  towards  this  new  linguistic object, called synonymy through anaphoric encapsulation, as a possible field of  study for the areas of indirect anaphoric reference and social cognition.  Keywords:  Synonymy.  Anaphoric  Encapsulation.  Sense.  Social  Cognition.  Reference.  Indirect anaphora. Inference..

(11) 10 . SUMÁRIO . INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 11  CAPÍTULO 1 DO SIGNIFICADO AO SENTIDO NA SINONÍMIA: UMA VISÃO  SEMÂNTICO­ FILOSÓFICA ..................................................................................... 20  1.1­ . O Uso dos Termos Significado e Sentido................................................................ 24 . 1.2­ . O Significado na Semântica Filosófica Clássica: a noção de igualdade na sinonímia .... 32 . 1.3­ . Do Significado ao Sentido em Aristóteles: a noção de identidade na sinonímia............. 39 . 1.4­ . O Sentido na Semântica Moderna: a noção de sentido na sinonímia ........................... 48 . CAPÍTULO 2 O SENTIDO COMO UM CRITÉRIO VÁLIDO NA RELAÇÃO DE  SINONÍMIA: UMA ABORDAGEM BASEADA NA LÓGICA MODERNA.............. 52  2.1­ . Sentido e Referência na Sinonímia ........................................................................ 54 . 2.2­ . O Valor Cognitivo na Relação de Igualdade para Frege ........................................... 61 . 2.3­ . O Sentido como uma Relação de Inferência ............................................................ 63 . CAPÍTULO 3 A CONSTRUÇÃO DA SINONÍMIA POR ENCAPSULAMENTO  ANAFÓRICO: UMA PERSPECTIVA SÓCIO­COGNITIVA ..................................... 68  3.1­ . A Perspectiva da Sinonímia na chamada Paráfrase Resumitiva ................................. 69 . 3.2­ . O Sentido na Posição de Sintagma Nominal Encapsulador ....................................... 74 . 3.3­ . A Sinonímia por Encapsulamento Anafórico como uma Ação Social ......................... 81 . CAPÍTULO 4 O ACESSO AO SENTIDO NA SINONÍMIA POR ENCAPSULAMENTO  ANAFÓRICO.............................................................................................................. 88  4.1­ . O Acesso ao Sentido pela Teoria da Fenomenologia de Husserl................................. 89 . 4.2­ . O Acesso ao Sentido pela Teoria da Relevância: o modelo ostensivo­inferencial de  Sperber e Wilson ................................................................................................ 98 . 4.3­ . O Acesso ao Sentido pela Construção de Frames: a teoria de atributos e valores de  Barsalou.......................................................................................................... 111 . CONCLUSÃO ............................................................................................................... 120  REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................ 125.

(12) 11 . INTRODUÇÃO . Este trabalho trata da descrição de um tipo de sinonímia que até então não  é  vista  em  nenhuma  literatura  lingüística  de  nosso  conhecimento.  Trata­se  daquilo que  nós  ‘batizamos’  de  sinonímia  por  encapsulamento  anafórico.  Para  a  construção  teórica  desta  sinonímia  mergulhamos  em  discussões  que  estão  nas  bases  teóricas  da  semântica filosófica, da semântica formalista e analítica, da semântica pragmaticista e da  lingüística  textual,  cognitiva  e  sócio­cognitiva.  Através  dessas  discussões  buscamos  mostrar  que  há,  nestes  campos  teóricos,  pequenas  brechas  por  onde  nós  podemos  enxergar os caminhos que nos levam a situar este tipo de sinonímia na perspectiva sócio­  cognitiva e as razões que nos conduzem a isto.  O  leitor  pode  estranhar  não  iniciarmos  esta  investigação  abordando  a  perspectiva  sócio­cognitiva.  Contudo,  o  nosso  argumento  é  que como se trata de uma  investigação  essencialmente  teórica,  de  um  tema  sem  nenhum  precedente  científico  no  qual  pudéssemos  no  apoiar,  nós  optamos  por  não  desconsiderar  o  que  a  tradição  dos  estudos  lingüísticos  nos  legou  sobre  a  sinonímia  tal  como  nós  a  conhecemos: sobre as  bases de uma semântica filosófica formal e de uma semântica pragmática.  Optamos  por  pinçar destas teorias aquilo  que refletidamente pudemos, de  alguma  forma,  correlacionar  com  a  essência   da  perspectiva  sócio­cognitiva  que  é:  1)  língua como ação social; 2) estudo do léxico como uma rede de relações conjunta que  envolve aspectos sociais, culturais e cognitivos para a produção de sentido socialmente  situado;  3)  atividade  referencial  como  uma  atividade  inferencial  situada  em  processos  enunciativos  que  ocorrem  em  atividades  de  textualização;  e  4)  processamento  da  informação  através  de  cálculos  cognitivos  inferenciais  guiados  por  contextos  socialmente partilhados. Em geral, estes quatro itens já abarcam grandes discussões, por  isso não nos sentimos comprometidos em apresentar e discutir outros pontos.  Como dissemos o tema é novo, mas ao mesmo tempo conhecido porque se  trata de apresentar o encapsulamento anafórico, só que sob a perspectiva da sinonímia e  não  apenas  da  paráfrase  resumitiva  como  defende  e  define  Conte  (2003).  Esta  idéia.

(13) 12 . surgiu como uma possibilidade investigatória em uma das aulas de Lingüística de Texto,  ministrada na UFPE, durante o primeiro ano de doutorado.  O  projeto  desenvolvido  para  ser  a  tese  de  doutorado  tinha  como  foco  a  sinonímia  na  produção  textual,  mas  este  foi  redirecionado  para  unir­se  com  o  encapsulamento anafórico em virtude de enxergarmos que no encapsulamento anafórico  apresentado  por  Conte  (2003)  havia  uma  brecha  pela  qual  podíamos  desenvolver  um  estudo  sinonímico  que  se  realizava  por  uma  relação  de  sentidos  construídos  por  uma  inferência de natureza sócio­cognitiva.  Ao  invés  de  apresentarmos  um  processo  de  sinonímia  onde  o  sujeito  é  excluído  de  seu  papel  de  criador,  manipulador  e  reformulador  de  sentidos  construídos  socialmente,  nós  apresentamos  uma  sinonímia  que  considera  a  presença  de  um  sujeito  cognitivo  cuja  bagagem  sócio­histórica­cultural  é  elemento  co­criador  dos  sentidos  construídos  na  interatividade  da língua, re­unindo pensamento,  linguagem e mundo  em  uma dimensão que os vê como “operadores da conceptualização socialmente localizada  através da atuação de um sujeito cognitivo, em situação comunicativa real, que produz  significados  como  construções  mentais,  a  serem  sancionadas  no  fluxo  interativo”,  conforme expõe Salomão (1999:64).  A  hipótese  sócio­cognitiva,  assim  chamada por  Margarida  Salomão e sua  equipe  de  pesquisadores,  busca  um  equilíbrio  entre  fontes  de  conhecimento  como  gramática,  esquemas  conceptuais  e  molduras  comunicativas  que  proporcionam  um  caminho  promissor  para  as  questões  que  envolvem  procedimentos  de  produção  de  sentido  em  discursos  cotidianos  (Marcuschi,  2004).  Por  esta  razão  a  escolhemos  para  ser a perspectiva teórica sobre a qual nos debruçamos para investigar a construção e o  funcionamento da sinonímia por encapsulamento anafórico. Pois estudar este fenômeno  é  estudar  processos  de  significação  (referência  +  sentido)  ligados  diretamente  ao  contexto sócio­discursivo da língua em atividades de textualização interativas, como já  dissemos.  A  nossa  proposta  de  trabalho  parte  de  algumas  concepções  que  são  importantes serem apontadas neste momento:  1­  Partimos de uma visão de língua não­formalista, que concebe a linguagem como  ação  social  (Clark,1996;  Marcuschi,2003,  2003a;  Koch  e  Cunha­Lima,2004;.

(14) 13 . Koch,2005;  Salomão,1999;  Mondada  e  Dubois,2003;  Mondada,  1994;1997;  e  outros)  cujos  indivíduos  são  atuantes  no  processo  de  categorização  e  recategorização  dos  sentidos  construídos  em  ações  interativas  comunicativas  cujas  vivências  sociais,  históricas  e  culturais  somam­se  para  a  produção  de  sentidos situados. “A língua é uma forma de representação simbólica geralmente  opaca,  não­transparente  e  indeterminada  sintática  e  semanticamente”  (Marcuschi, 2003a:3).  2­  Em  todo  o  processo  analítico  do  funcionamento  da  língua  em  atividades  interativas,  a  cognição  é  o  elo  que  liga  todos  os  modos  de  construção  da  compreensão,  da  interpretação,  sob  uma  perspectiva  não­representacionista  da  língua  (Marcuschi,  2004).  A  língua  “não  providencia  uma  semântica  a  priore  para  o  léxico,  não  estamos  dizendo  que  as palavras  são vazias  de  sentido,  mas  que  o  sentido  por  nós  efetivamente  atribuído  às  palavras  em  cada  uso  é  providenciado pela atividade cognitiva situada” (Marcuschi, 2003a:7).  3­  As  expressões  significado  e  significação  possuem  entendimentos  diversos  em  contextos teóricos específicos e por isto não podem ser usadas indistintamente, e  muitas  vezes  como  sinônimas  (Marcuschi,1999;2000).  Consideramos  que  o  significado,  inicialmente  nos  estudos  semântico­filosóficos  formais,  diz  respeito  apenas  à  relação  entre  os  nomes  e  as  coisas  do  mundo  sob  uma  perspectiva  referencialista da língua. Depois, o significado passa a agregar uma outra noção  além  da  noção  de  referência  vericondicional  entre  nomes  e  coisas:  a  noção  de  sentido  (Frege,1978).  O  estudo  do  sentido  associado  à  referência  indireta  e  intencional  estudada  por  Frege  (1978),  aos  nossos  olhos,  abre  caminhos  para  mostramos  que  podemos  estudar  o  sentido  como  um  objeto  lingüístico  “essencialmente sócio­cognitivo de resolução textual­discursiva e não semântica  do léxico no funcionamento contextual de uso da língua (Marcuschi,2004). Por  esta  razão,  consideramos  que  a  significação,  estudo  da  referência  associada  ao  sentido  compartilhado  e  situado  em  atividades  comunicativas  interativas,  é  diferente  do  estudo  do  significado  que  contempla  a  referência  como  uma  propriedade  da  língua  e  não  como  uma  “ação  praticada  pelos  falantes  com  a  língua” (Marcuschi,2003a:4)..

(15) 14 . 4­  Processos  inferenciais  não  se  restringem  apenas  às  análises  das  condições  de  verdade ou falsidade das sentenças ou enunciados. Eles são resultantes, também,  de  uma  variabilidade  de  fatores  que  envolvem  coerência,  progressão  tópica,  conhecimento  de  mundo,  conhecimento  partilhado,  conhecimento  lingüístico,  efeitos  de  sentido,  estratégias  cognitivas,  construção  de  frames  etc.  Por  isto,  muitas  produções  de  sentido  estão  fundamentadas  em  nossas  experiências  e  raciocínios  inferenciais,  em  uma  relação  com  a  língua  no  uso  público  (Marcuschi,2000;2004);  5­  A  sinonímia  por  encapsulamento  anafórico  é  considerada  neste  trabalho  como  um processo sócio­cognitivo que realiza operações de projeção de entidades ou  atributos  de  entidades  entre  ambientes  cognitivos,  estabelecendo  assim  uma  relação de equivalência sócio­cognitiva entre os sentidos construídos;  6­  A  sinonímia  por  encapsulamento  anafórico  também  é  um  processo  de  referenciação  não­nominalista  que  concebe  a  língua  como  atividade  sócio­  cognitiva  que  integra  a  cultura,  a  experiência  e  os  aspectos  situacionais  e  os  considera  como  fatores  de  interferência  na  determinação  referencial.  Nesta  perspectiva, a língua é social e cognitiva.  Todas essas concepções formam a nossa base teórica para defendermos a  tese de que:  A  sinonímia  por  encapsulamento  anafórico  é  um  processo  de  referenciação  que  ocorre  por   uma  equivalência  de  sentido  construída  sócio­cognitivamente. Nesta perspectiva, o sentido apresenta um ponto  de  vista;  um  modo  pelo  qual  compreendemos  algo; uma  possibilidade  de  interpretação  que  se  estabelece  por  um  caminho  inferencial  construído em uma interação social. . A discussão desta idéia será exclusivamente teórica a fim de que possamos  estabelecer a compreensão do que é a sinonímia por encapsulamento anafórico, como se  dá o seu funcionamento discursivo e como temos acesso ao sentido construído por ela,  cognitivamente..

(16) 15 . Por serem todos os capítulos teóricos, não reservamos a esta investigação  uma  análise  de  corpus  propriamente  dito.  Trabalhamos  essencialmente  com  exemplos  retirados  de  Conte  (2003)  e  Francis  (2003),  discutindo­os  e  conduzindo­os  para  a  perspectiva sócio­cognitiva da sinonímia por encapsulamento anafórico. Não buscamos  constituir  e  nem  analisar  um  corpus  coletado  por  nós,  investigando  gêneros  diversos,  porque  a  nossa  preocupação  foi  desenvolver  uma  teoria  que  fosse  capaz  de explicar o  fenômeno  da  sinonímia  por  encapsulamento  e  torná­lo  visível  aos  olhos  dos  leitores  deste  trabalho,  chegando­se  a  comprovação  de  sua  existência  lingüística.  Depois  disto  sim, será possível, em outro trabalho, abrir o campo de investigação para vermos o seu  funcionamento em diversos gêneros textuais.  Por tal razão, não temos um capítulo metodológico dedicado a um corpus.  Mas  ressaltamos  que  os  exemplos  de  Conte  (2003)  e  de  Francis  (2003) são  exemplos  retirados  do  domínio  jornalístico:  em  Conte,  os  exemplos  originais  em  italiano  foram  tirados do jornal Corriere della Sera  e os exemplos originais em inglês foram tirados da  revista  Newsweek.  Francis  (2003)  tirou  exemplos  da  coleção  de  corpora  do  Bank  Of . English,  mantido  em  Cobuild,  Birmingham,  e  em  particular,  do  corpus  de  edições  completas  do  The  Times.  Entendemos  que  os  exemplos  trabalhados  por  estes  autores  formam  um  corpus  natural,  o  que  já  nos  oferece  a  possibilidade  de  verificarmos  o  fenômeno da sinonímia por encapsulamento em ações comunicativas públicas.  Nosso objetivo geral é teorizar o estudo da sinonímia para além dos limites  já  instituídos  pela  semântica  formal  e  pela  semântica  pragmática,  inserindo­a,  também,  no campo teórico da sócio­cognição, nas investigações de fenômenos de textualização e  estudo do léxico.  Os  objetivos  específicos  são  dois:  1)  mostrar,  teoricamente,  que  a  sinonímia  por  encapsulamento  pode  ser  considerada  como  objeto  de  investigação  lingüística; e 2) que o sentido é o critério válido para sua construção.  A  relevância  investigativa  deste  estudo  é  oportunizar  uma  revisão  teórica  sobre o funcionamento da sinonímia nos processos de textualização e nos processos de  seleção lexical sobre as bases de teorias sócio­cognitivas.  A  metodologia  de  trabalho  escolhida  por nós é de caráter essencialmente  analítico,  teórico  e  interpretativo  a  partir  de  uma  reunião  de  teorias  selecionadas  e.

(17) 16 . discutidas  no  corpo  desta  investigação.  Esclarecemos  ao  leitor  que  todas  as  nossas  análises teóricas e interpretativas representam o nosso ponto de vista sobre o que ocorre  no fenômeno chamado de encapsulamento anafórico. Pois todo ponto de vista, antes de  tudo,  é  uma  operação  de  categorização,  recategorização  e  identificação  de  referentes  efetuados  por  sujeitos  falantes  em  contextos  de  interação,  conforme  defendem  Apothéloz & Reichler­Béguelin (1995).  Este  trabalho  está  dividido  em  quatro  capítulos,  desconsiderando  a  introdução  e  a  conclusão.  O  capítulo  1  traz  uma  visão  panorâmica  sobre  a  distinção  entre  significado  e  sentido,  e  uma  discussão  semântico­filosófica  clássica  sobre  as  noções de igualdade e de identidade de significado discutidas por Platão em O Crátilo e  em  Aristóteles  em Dos  argumentos  sofísticos e  Tópico  I,  cap.  5  e  7,  até  chegarmos à  noção de sentido como o modo como pensamos os nomes das coisas e dos objetos do  mundo; o modo como construímos e interagimos com os objetos dos nossos discursos  elevado ao nível conceitual por intermédio das expressões de uma língua.  O capítulo 2 discute o sentido como um critério válido para a construção  da sinonímia por encapsulamento anafórico baseado nas discussões e interpretações que  fazemos  sobre  alguns  postulados  de  Frege  em  Sobre  Sentido  e  Referência .  Apresentamos, neste capítulo, como podemos relacionar o fator cognitivo e predicativo  abordados  nos  estudos  sobre  sentido  e  referência  com  o  fator  cognitivo  e  predicativo  que  ocorre  na  sinonímia  por  encapsulamento  anafórico  mostrando  porque  é  possível  inserir  este  fenômeno  nas  atividades  cognitivas  de  conceptualização.  O  foco  deste  capítulo  é  mostrar  que  através  da  concepção  de  referência  indireta  e  intencional  postulada  por  Frege  (1978),  nós  podemos  vislumbrar,  mesmo  que  timidamente,  a  natureza  essencialmente  cognitiva  da  sinonímia  por  encapsulamento  anafórico  que  é  determinada por predicações e acarretamentos predicativos no uso da língua.  O capítulo 3 apresenta o conceito de encapsulamento anafórico dado por  Conte (2003) e discute os nossos pontos de concordância e discordância encontrados na  sua  definição,  quando  aplicados  às  nossas  questões  sobre  a  sinonímia  por  encapsulamento  anafórico.  Neste  capítulo abordamos a importância e o funcionamento  do  sintagma  nominal  encapsulador  que  apresenta  o  sentido  neste  tipo  de  sinonímia.  Também  expomos  as  razões  pelas  quais  enxergamos  a  sinonímia  por  encapsulamento  como uma forma de ação social com a língua..

(18) 17 . Por  fim,  o  capítulo  4  traz  uma  convergência  de  aspectos  teóricos  postulados  por  Husserl  (1954),  Moore  (1953),  Mondada  e  Dubois  (2003),  Sperber  e  Wilson  (1986)  e  Barsalou  (1992)  quanto  a  construção  de  3  caminhos  de  acesso  ao  sentido construídos na sinonímia por encapsulamento anafórico:  1)  Acesso ao sentido por evidências lógico­analíticas trabalhadas através da Teoria  da  Consciência  Intencional  de  Husserl  (1900),  a  partir  dos  estudos  de  Held  (1995) que nos situa com clareza nos postulado de Husserl. Aqui damos ênfase à  concepção de Husserl de que nossos conhecimentos manifestam formas variadas  de percepção dos objetos do mundo, através de ângulos que podem nos remeter  a outros conhecimentos;  2)  Acesso  ao  sentido  por  inferências  por  evidências  pragmático­cognitivas  discutidas através da Teoria da Relevância de Sperber e Wilson (1986), a partir  do  olhar  inovador  trazido  por  Silveira  e  Feltes  (1997)  que  apresentaram  o  aspecto cognitivo existente nos postulados da Teoria da Relevância. Enfatizamos  a concepção de Sperber e Wilson sobre o fato dos indivíduos prestarem atenção  apenas aos fenômenos que lhes são relevantes aos interesses e circunstâncias do  momento;  3)  Acesso  ao  sentido  por  inferências  por  evidências  sócio­cognitivas  através  da  Teoria dos frames por Atributos e Valores de Barsalou (1992). A ênfase dada a  esta teoria consiste na concepção de Barsalou de que os frames apresentam uma  correlação  de  conceitos  e  um  meio  natural  de  dar  conta  da  variabilidade  contextual nas representações conceituais.  Todos  estes  três  acessos  evidenciam  uma  forma  de  conhecimento,  um  modo  de interpretar,  de  compreender  os  objetos  discursivos,  construindo  múltiplas  possibilidades de julgamentos e ações através de seleções lexicais que constituem um  nível central ligado à produção de sentido.  Em  todos  os  capítulos  são  apresentados  e  discutidos  exemplos  para  comprovação  dos  achados  da  nossa  investigação.  As  conclusões  são  expostas  gradativamente nestas discussões dispensando assim um capítulo longo dedicado a estas.  O que apresentamos como conclusão é o fechamento de todas as nossas discussões e as  diretrizes para a aplicabilidade deste trabalho e para futuras investigações..

(19) 18 . Os  nossos  conceitos  chaves  ligados  à  formulação  da  tese  que  buscamos  defender neste trabalho são: ·  LÍNGUA:  é  ação  social,  é  ação  conjunta,  é  ação  comunicativa  que  integra  experiências  sociais,  culturais  e  históricas  dos  indivíduos  (Clark,1996;  Salomão,1999; Marcuschi,1999, 2000, 2003, 2003a e 2004; Koch, 2004, 2005;  Koch e Cunha­Lima, 2004; Mondada, 1997; Mondada e Dubois, 2003); ·  SIGNIFICADO: diz respeito às questões de condições de verdade ou falsidade  dos  enunciados  nos  estudos  sobre  a  referência,  na  perspectiva  da  semântica  referencialista (Marcuschi, 1999, 2000, 2003, 2003a e 2004); ·  SIGNIFICAÇÃO:  diz  respeito  às  condições  de  uso  de  um  enunciado  associando os estudos da referência aos estudos da produção de sentido situado  (Marcuschi, 1999, 2000, 2003, 2003a, 2004); ·  CONTEXTO:  é  tudo  o  que  está  envolvido  em  uma  interação  comunicativa  situada em experiências sociais, históricas e culturais do mundo real e do mundo  imaginário, construídas nas atividades sócio­cognitivas dos indivíduos através de  ações comunicativas que ocorrem por processos associativos de natureza diversa  estudados  nos  escopos  da  cognição  e  da  sócio­cognição,  e  que  vão  além  da  semântica formal (Marcuschi, 2003, 2003a, 2004; Koch e Cunha­Lima, 2004); ·  SINONÍMIA: fenômeno essencialmente sócio­cognitivo, de perspectiva textual  e de resolução textual­discursiva e não semântica (Marcuschi, 2003a); fenômeno  de  construção  de  sentido  não  referencialista  e  não  representacionista  da  língua  (Marcuschi, 2007a); ·  SENTIDO:  um  modo  de  compreender  algo  através  de  experiências  compartilhadas  em vivências sociais que são construídas numa rede de relações  sociais, históricas e culturais (Salomão, 1999; Marcuschi, 2003, 2003a;); ·  SINONÍMIA  POR  ENCAPSULAMENTO  ANAFÓRICO:  um  processo  de  referenciação  que  ocorre  por  uma  equivalência  de  sentido  construída  sócio­  cognitivamente.  Nesta  perspectiva,  o  sentido  apresenta  um  ponto  de  vista;  um  modo pelo qual compreendemos algo; uma possibilidade de interpretação que se  estabelece por um caminho inferencial construído em uma interação social;.

(20) 19. ·  INFERÊNCIA: uma estratégia sócio­cognitiva­textual que integra um conjunto  de  saberes  de  natureza  histórica,  social  e  cultural.  São  cálculos  cognitivos  guiados  por  ações  desencadeadas  por  contextos  socialmente  partilhados  e  que  estão na base das categorias e dos conceitos (marcuschi, 2000; 2003); ·  EQUIVALÊNCIA  COGNITIVA:  relação  inferencial  em  nível  conceitual  que  opera  com  o  sentido  que  atribuímos  às  palavras  em  cada  uso,  e  que  é  providenciado por uma atividade cognitiva situada.  Por  fim,  as  nossas  conclusões  apontam  que  é  possível  considerarmos  a  sinonímia  por  encapsulamento  anafórico  como  um  objeto  lingüístico.  A  explicação  deste fenômeno pode ser vista em aspectos teóricos que foram pinçados da filosofia  da  linguagem,  das  semânticas  formal  e  analítica,  da  semântica  pragmaticista,  da  cognição  e  da  sócio­cognição  e  trabalhados  ao  longo  dos  quatro  capítulos  desenvolvidos.  Consideramos ainda que o sentido na sinonímia por encapsulamento  anafórico é um fenômeno lingüístico situado por evidenciar : ·  Finalidades (divertir, argumentar, ironizar, elogiar etc); ·  Objetivos dinâmicos e variavelmente flexíveis nas ações comunicativas; ·  E ser resultante da união de uma série de outras ações conjuntas mais simples..

(21) 20 . CAPÍTULO 1 . DO SIGNIFICADO AO SENTIDO NA SINONÍMIA: UMA VISÃO  SEMÂNTICO­ FILOSÓFICA . Aqui cabe muito bem a pergunta que Carlos Alberto Faraco me propôs um  dia, durante uma banca de Tese de Titular em Curitiba: “ o que você diria  sobre  a  verdade  desse  enunciado:  ‘A  justiça  é  cega’?.”   Creio  que  a  resposta  depende  das  condições  em  que  empregamos  esse  enunciado  que  poderia  ser  pertinente  simultaneamente  com  significações  opostas.  Sua  verificação  não  depende  de  condições  de  verdade  e  sim  de  condições  de  uso. Aquele enunciado não refere um fato, mas a construção de um fato.  Marcuschi (2007a:70) . A  citação  de  Marcuschi  nos  põe  de  frente  com  o  eixo  do  nosso  trabalho  que  é  estudar  a  sinonímia  nas  condições  de  uso  sócio­cognitivo 1  e  não  nas  condições  lógicas  de  verdade  ou  falsidade  dos  enunciados.  A  questão  posta  por  Faraco  pode  parecer  simples  de  ser  respondida,  mas  não  é.  Não  podemos  pensar  em  língua  como  algo  onde  os  contextos  social,  histórico  e  cultural  não  se  integram  para construção da  compreensão do que dizemos e do que os outros dizem. Também não podemos pensar  com  a  língua  sem  um  sistema  lógico  de  formas  e  conteúdos. Não  dá para dissociar os  dois aspectos quando pensamos com a língua.  A posição teórica adotada neste trabalho é a mesma de Marcuschi, na sua  resposta.  Para  compreendermos  algo  precisamos  entender  em  quais  condições  de  uso  um  enunciado  é  empregado  para  chegarmos  as  suas  significações,  que  podem  ser  variadas.  Para  Marcuschi,  o  termo  significação  nos  diz  muito  mais  do  que  o  termo  significado, considerado por muitas teorias semânticas formalistas como não um termo  que  não  é  distinguido  da  referência  sendo  bastante  usado  dentro  do  contexto  dos  postulados de uma semântica referencialista (2007a)..

Referências

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