LINTyERsTDADE DE
Évona
MEsTRADO
EMINTERYENÇÃO
sÓcIO-oRGANZACIONAL
Na
SlÚpB
Curso ministrado em parceria com a Escola Superior de Tecnologa da Saúde de Lisboa
(DR
-
II
Sêrie, no. 250 de 29 de Outubrc de 2002)Área de esPecialização em
Políticas
deAdminisfra$o
e Gestão de Serviços de Saúde"AlideÍança
na§
OÍganizaçóes
de
Saúde"
Entre
o
Fomal
e
o
Informal
O
Caso dosTécnicos
deRadiologia
de três unidadeshospitalares
daRegião
deLisboa
eYaIe
rloTejo
Disserta@o de Mestrado apÍesentada por:
Maria
Manuela
Carvalho
dos Santos
Pacheco
Pafia
Orientado(a):
Prof.
Doutor
CarlosAlberto
da SilvaÉvora
Junhor
2007I]NI]TERSIDADE
DE
EVORA
MESTRADO EM INTERYENÇÃO
sÓcIO-ORcANTZACIONAL NA
SALIDECurso ministrado em parceia com a Escola Superior de Tecnologpa da Saúde de Lisboa
(DR
- II
Série, n" . 250 de 29 de Outubro de 2002) Área de especialização emPolíticas de Adminisnaçáo e Gesüio de Serviços de Saúde
ííA
Liderança,nas
Orgaln-izações de
Saúde"
Entre
o
Formal
e
o
Informal
O
Caso dosTécnicos
deRadiologia
de três unidadeshospitalares
daRegião
deLisboa
eYale
doTejo
Dissertação de Mestrado apresentada por:
Maria Manuela Carvalho
dos Santos Pacheco
PÍuÍa
Orientado(a):
Prof.
Doutor
CarlosAlberto
da Silva)
te
i3g
Évora
Junho,2007
fl.os
meuspdb,
"Eu sou o vosso servidor. Não me coloco perante vós como um
líder, alguém acima dos outros. Somos uma grande equipa- Os líderes vão e vêm, mas
a
organização e a liderança colectiva (...) monter-se-ão. E as ideias que eu expresso não são ídeias inventadas da minha própria mente"§elson
Mandela, cit. InO'Toole,
1995:.99)A Liderança
nasActuais
Organizações de Saúde -Entre
oFormal
e oInformal:
O Caso dos Técnicos de
Radiologia
de três unidades hospitalares da Região da Saúde deLisboa
eVale
doTejo
Resumo
O presente estudo pretende abordar a análise orgarúzacional, nomeadamente
a
temâticada lideranga e os seus aspectos essenciais, tendo em consideração as transformações que as actuais organizações
de
saúdevivem.
A
finalidade do
mesmo, consisteem
saber quais as percepções de lideres e liderados,no
contexto dos técnicos deradiologia
faceaos modelos de liderança em
vigor
em três hospitais da região de Lisboa e Vale do Tejo.O
enquadramentoteórico
segueo
modelo
de liderança transaccional/transformacional de Bass (1985). Os objectivos gerais de investigação empíricarealizada: a)Analisar
asinterdependências
entre
os
factores
organizacionais,as
característicasdo líder
e
o processode
liderança,na
perspectivados técnicos de radiologia, tendo
em vista
acompreensão
das
situaçõesque influenciam
o
seu desempenho numa organização desaúde;
b)
Contribuir
parao
delineamento e implementação depoliticas,
estratégias quepromovam uma melhoria nas relações de liderança, tendo em conta os vários modelos de liderança e o contexto de mudança das actuais orgarizaçóes de saúde.
Foi
empregue neste estudouma
abordagemqualitativa, com
estratégiade
estudo decaso,
com
recursoà
entrevista semi-estrufuradae
análise de conteúdoda
informaçãorecolhida.
Como conclusões principais, fundamentadas na literatura revista e na análise dos dados recolhidos através das entrevistas destaca-se
o
défice de conhecimento e formação em relação àsdisciplinas
respeitantes ao temaem
estudo, uma desadequação da liderança face às actuais expectativas dos cidadãos organizacionais, o papel doTécnico-Líder
dofuturo,
onde abunda uma visão edefinição
dos objectivospouco
clara,num
processo carenteem
imparcialidade, isenção,recoúecimento
e
autonomia. Liderese
liderados encaram a liderança real como um instrumento de gestão que valorizam.Palavras-Chave: Liderança, Organizações Saúde, Liderança Transformacional, Técnicos de
Leadership
in Health
Organizations
-
BetweenFormal
andInformal
Process:The
Case ofRadiographers
from
threeHospital Units in Lisbon
and TagusValley
Health
RegionAbstract
The present study intends
to
approachof
the symbolic pointof view
the organizationalanalysis, considering the challenges of the health organizations
of now-a-day.In
fact wewould like
to
know which
are leaders and leadereds' perceptions,in
úe
contextof
theradiographers
point
of
view
about
the
models
of
leadershipin
three
Portuguesehospitals. The theoretical framework
follow
the Transactional/
Transformational modelof
leadership developedby
Bass (1985).The
main
objectivesof
researchare: a)
toanalyse the relations between
the
organizations factors, the leaders characteristics and the leadership process,in
the radiographerspoint of view
about the situations related totheir
perforÍnance improvement
in
health
organization;
b) to
contribute
for
thedelineation and implementation
of
politics,
strategies that promote an improvementin
the
leadershiprelations, having
in
accountthe
somemodels
of
leadershipand
the context of change of the actuals health organizations'A
qualitative design was appliedin
the present research,following
a
strategyof
case study,with
resourceof
half-structuralizedinterview
and content analysisof
the
datagathered.
As main conclusions, we found a
deficit
of knowledge and training about the disciplines relatedto the
subjectof the
study, an inadaptationof
the
leadership facethe
actualsexpectations
of
the organizations citizens, where abound avision
anddefinition
of
theobjectives
little
clearin
a
devoid
processin
impartiality,
exemption,recognition
andautonomy. Leaders
and
leaderedsthey face the real
leadershipas
a
management instrument, that values.Key-Words:
Leadership,
Health
organizations, Transformational
leadership' RadiographersAgradecimentos
As Direcções das instituições incluídas no estudo, aos Coordenadores, aos Técnicos de Radiologia, meus colegas de profissão e sobre os quais
incidi
o meu estudo, semprenuma perspectiva de desenvolvimento da nossa identidade.
O trabalho aqui desenvolvido só aparentemente é fruto de um esforço
individual.
Semum colectivo de boas vontades de todos os envolvidos, não seria certamente possível concluir esta dissertação.
Para que o tempo não apague a dedicação e o esforço de cada um,
aqui
frca adevida referência através do meu mais profundo agradecimento.Ao
Prof.Dr.
CarlosAlberto
da Silva, orientador da presente dissertagão, pelo estímulo,disponibilidade e apoio.
Ao
Paulo o meu marido,À
Leonor e à Inês as minhas filhas,Indice
RESUMO
ABSTRACT
AGRADECIMENTOS
ÍN»rcn
cERAL
ÍNurcn
DE
euADRos
ETABELAS
ÍN»rcs
DE FIGURAS E ESQUEMAS
ABREVIATURAS
E
SIGLAS
TNTRoDUÇÃo t
1.
A
Pertinência do Estudo e Apresentação do Problema 12. Breves Notas da Pesquisa Realizada
-
Apresentagão da temâtica da Liderança 63.
A
Estrutura do Relatório 71.
ENQUADRAMENTO TEÓRrCO
91.1
-
As Organizações e aMudança:
breves considerações 91.1.1. As Organizações Actuais
-
OVelho
e o Novo Paradigma 9 L.1.2. AResistência Organizacional à Mudança 161.1.3.
A
Mudança Planeada - Na senda das Organizações Autentizóticas 191.2.
Paradigma
daLiderança
231.2.1. O conceito, a origem e conteúdo 23 1.2.2. O
Binómio
LiderançaI
Gestáo 27 1.2.3. Teorias de LiderançaZ91.2.3.1- Da Liderança baseada nos Traços
à
Liderança Carismática291.2.3.2- Da Contingência à Interacção nos Processos de
Liderança32
1.2.3.3-
A
liderança
baseada
em
Valores
e a
Liderança
Transformacional
I
Transaccional 36
1.2.3.4- O outro lado da
Liderarya42
1.2.3.5- Alguns Factores Condicionantes da
Lideratça44
2.- OS TÉCNICOS DE
RADIOLOGIA,
OS
HOSPITAIS
E
O
CONTEXTO DE
ESTUDO
652.1. Os Técnicos de
Radiologia
e suaCarreira
652.1.1. As Pessoas - O Contexto dos Técnicos de
Radiologia65
2.1.2.
A
Carreira dos Técnicos de Radiologia 682.2. Os
Hospitais
e os Serviços deImagiologia
702.2.1. Caractenzação dos Hospitais do Contexto de Estudo 70
2.2.2.Modelos de Gestão nos Hospitais Públicos como condicionantes da
Liderança72
2.2.3. Os Serviços de Imagiologia: Da orgânica à liderança no contexto dos Técnicos de Radiologia 75
2.2.3.1 As"Guide Línes" para Os Serviços de
Radiologia76
2.2.3.2.
A
Liderança no contexto dos Técnicos de Radiologia actuais organizatizações de Saúde: Algumas considerações 783.
ESTRATÉCIAS METODOLóCTCAS
gZ3.1. Considerações preliminares 82 3.2.Parudigma do Estudo 84
3.3.
A Amostra-
Os entrevistados 863.4. Procedimentos paÍa aRecolha de Dados 89
3.5. Modelo de análise e tratamento das Entrevistas 93
4.
APRESENTAÇÃO, ANÁLISE
EDISCUSSÃO
DOSRESULTADOS
974. I . Signifi cado de Liderança Or ganrzacional 97
4.2.
Condicionantes Organizacionais da Liderança:a
cultura organizacional, a visão, agestão dos objectivos 102
4.3 Importância da Liderança nas actuais orgafizações de saúde 107
4.4.
As
Competências de umLíder
1104.5. Liderança Operacional (Prática da liderança
-
função de Gestão, Relacionamento)u5
4.6.
A
Liderança baseada em Valores - liderar pelo exemplo 1224.7.
A
Satisfação Profissional nos Processos deLiderança126
4.8.
Desempeúo
do Líder como condicionante da Satisfação 1304.9.
A
Formação em Liderança - Natureza da Formação 1364.10 Participação na Formação em Liderança
-
Natureza e Caracterizaçãol4l
4.11. Expectativas Profissionais face à Liderança 1484.l2.I|;4lelhoria do
Modelo
de Liderança 152 4.13. Discussão dos resultados 159Considerações Finai s 17 4
Recomendações 177
Bibliografia
182ÍN»tcr
DE
euADRos
ETABELAS
pag. 11
Quadro
1.-
AsVariáveis Organizacionais...
pag.16
Quadro
2.-O
Velho
e o NovoParadigma
pag.4l
Quadro
3.-
Os Pressupostos daTeoria
daLiderança
Transformaccional/Transaccional..
.. . . ... . .pag.72
Quadro
4.-
Comparação
dos Modelos de Gestãoesfudo
dos
Hospitais
empag.75
Quadro
5.-
Valências deum
Seruiço deImagiologia
pag.90
Quadro
6.-
DeÍinição
das Dimensões deLiderança
pag.93
Quadro
7.-
Dimensões daAnálise
daInformação
pag.99
pag.100
Quadro
8.-
SigniÍicado
deLiderança Organizacional.
pag.102
pag.103
Quadro
9.-
Condicionantes Organizacionais
daLiderança.
pag.107
pag.108
Quadro
10.-
Importância
daLiderança
nas actuSaúde.
ais Organizações de
pag.110
pag. 111
Quadro
11.-
As Competências deum
Líder.
(Continuação)... -..
pag.115
pag.
ll7
pag.119
Quadro 12.
- A
Liderança
Operacional
Relacionamento
...
(Continuação)
...
(Conclusão)
...
Função
de
Gestão,pag.122
pag.123
Quadro
13.-
A
Liderança
Baseada em Valores-
Liderar
pelo exemplopag.126
pag.l27
Quadro
14.-
A
SatisfaçãoProfissional
nos Processos deLiderança...
pag.129
Quadro
15.-
Desempenho doLíder
comoCondicionante
da Satisfação(Continuação)
pag.132
pag.133
Quadro16.-AX'ormação
emLiderança
-
Natureza
daFormação
pag.135
pag. 136 ção na
Formação
emLiderança
-
Natureza
eCaracterização
...
(Continuação)
...
(Continuação
2) (Conclusão)...
Quadro
17. -Participa
pag. 140 pag.141pag.142
pag.143
Indicadores
deMelhoria
...
(Continuação)
...
Quadro
18.-
Expectativas Profissionais
face àLiderança
-pag.146
pag.147
no
Modelo
deLiderança
-
Indicadores
de(Continuação)
Quadro
19.-
Melhorias
pag.150
pag.153
Tabelal.-ALiderança
nas Organizações (percepçãoLiderados)
...
pag.157
Liderança
nas Organizações ( percepção Líderes) ...
Tabelal.a-A
pag.157
aracterísticas do
Líder
e dos Processos deLiderança (
Tabela
2.-C
pag. 159 do
Líder
e dos Processos deLiderança
(Líderes)
Tabela
2. a-
Características
pag. 160
atisfação
Profissional
eLiderança (Liderados)
Tabela 3.
-
Spag.162
a
-
SatisfaçãoProfissional
eLiderança
( Líderes)Tabela
3.pag.162
Tabela
4.-
Formação
eLiderança (Liderados)
pag.163
Tabela
4.a
-
Formação
eLiderança
( Líderes)
pag.164
ProÍissionais condicionantes
da Liderança
(
Tabela
5.
-
Expectativaspag.166
a
-
ExpectativasProfissionais
condicionantes daLiderança
(Líderes)
Tabela
5.pag.166
Tabela
6.-
Melhorias
noModelo
deLiderança
(Liderados)
pag.167
a
-
Melhorias
noModelo
deLiderança
( Líderes)ÍNnrcn
DE
FIGURAS
EESQUEMAS
pag.13
Figura
1.-O
Iceberg
da
Cultura
Organizacional
pag.18
Figura
2.-Diagrama
de CamPo de Forçaspag.32
doLíder
Figura
3.-
Modelo
dosEfeitos
doComportamento
A Liderança nas Actuais Organizações de Saúde - Entre o Formal e o Informal: O Caso dos Técnicos de
Radiologia de tês unidades hospitalares da Região da Saúde de Lisboa e Vale do Tejo
INTRODUÇÃO
1-
A Pertinência
doEstudo
e
Apresentação doProblema
As
organizações
surgem
e
formam-se
para
dar
resposta
a
uma"necessidade
Social".
Assim
sendo,
«a
organizaçãoé
uma
entidade
socialconscientemente
coordenad4 gozando
de
fronteiras relativamente
bemdelimitadas, que funciona numa base relativamente contínuo)
(Bilhim
1996:21).No
século
)O(I,
as
organizaçõesconfrontam-se
com
mudangas nâpidas ecomplexas, descoberta de novas tecnologias, modificações demográficas drásticas
e
globalização.Ao
visualizarmos estas organizações dofuturo e
considerando oque
diz
Bennis (1995), as
mesmas ooserãoem
redes,grupos,
equipesmulti-disciplinares
ou
multi-funcionais
(...),
quasetudo
menospirâmides",
aspectosestes que nos fazem
pensÍr
queou
quais as transformações irãoter ou
sofrer osactuais modelos de liderança.
Analisando o paradigma da liderança, para Jesuíno (1999) a "liderança é o
factor que transforma a gestão corrente, qualquer que seja
o nível
organizacional em que ela se exerçq numa estratégia de mudança, visando uma maior capacidadede resposta aos desafios do
meio
envolvente" e para Waldmané
o
"ingredienteessencial
a
qualquerprojecto
de implementaçãode
qualidade". Ferreira (1996),citando Bowers
e
Bradac, consideraa
Gestãoe
Liderançacomo
um
processodependente
de
múltiplas variáveis
e
significados,
o
mesmo autor
diz
queotgarrizaçáo
e
sociedadese
encontram
representadasnos indivíduos que
asconstifuem, influenciando o seu comportamento e sistema de valores.
Partindo destas concepgões de liderança enunciadas, afigura-se importante a análise das estruturas e contextos organizacionais, de algum modo relacionados com conceito e processos formais e informais de liderança.
Sainsaulieu (1937) afirma que qualquer organização, para se desenvolver e se preparar pa.ra o futuro, tem sempre que contar com a dinâmica e vitalidade dos seus
próprios
membros. Contudo, a dinâmica da coesão social necessiíria para acolaboração entre os diferentes actores da produção ou o o' desenvolvimento social
A Liderança nas Actuais Organizações de Saúde - Entre o Formal e o Informal: O Caso dos Técnicos de
Radiologia de tês unidades hospitalares da Região da Saúde de Lisboa e Vale do Tejo
estruturas formais, mas igualmente da qualidade do
jogo
das interacções entre osdiferentes actores sociais
e,
também,
dos
efeitos
da
socialização
e
doentendimento
face aos objectivos legítimos que
resultamda
cultura
veiculadapelos indivíduos e pelos grupos de trabalho.
Parafraseando
sainsaulieu,
não
basta
descrevero
esquemaformal,
aorganizaçáo
oÍicial,
os
procedimentos,as
definições
das várias
funções.
Énecessário
percorer
a
estrutura
formal
e
informal
do
hospital
em
váriasdimensões, passar
pelos
diferentes meandrosda
realidadehospitalar onde
seintercruzam
inúmeras clivagensfuncionais
e
estruturaisque
opõemos
actores,fruto
das
diferentes ideologias
e
formas de
protagonismodos
profissionais, revelando anafixeza dos seus saberes, as suas posições na estrutura, e assim, comos contributos obtidos, alcançar
a
organização na sua complexidade sui-generis, entrelaçada por uma teia de complexas relações sociais tecida pelas estratégias dos profissionais.A
análisedos
processosde
transformaçãoe
mudançanas
organizaçõescomporta
uma multiplicidade de
questões. SegundoMintzberg (1979,
1986) osprocessos
políticos
e relações de podertais
como a pressão paraa
cerrtralizaçáoverificada no topo
das organizações, pressãono
sentido da profissionalização ou especializaçãopor
parte dos operacionais, pressão no sentido da estandardizaçãopor
parte dos
elementosdo grupo
ottafiliação
departamental, parao
autor
osclimas
emergem
como
resultado
de
pertença
a
determinada
estrutura organizacional.No
entanto para Dubar"As
identidades sociais e proÍissionais típicas não são nem expressões psicológicas de personalidadesindividuais
nem produtos deestruturas
ou
depoliticas
económicas que se impõem apartir
decima,
elas são construçõessociais
que implicam a
interacção entretrajectórias
individuais
esistemas de emprego, sistemas de trabalho e sistemas de formação"
(Dubar,
1997:23e)
Peyton
Young
(1991)um
dos teóricosrecoúecidos da
análise negocial,propõe
que
"negociaçãoé
o
processode
tomadade
decisõesem
conjunto.
E comunicação, directa ou tácita entre indivíduos que tentam estabelecerum
acordo parabeneficio
mútuo",
Correia Jesuíno concorda com esta visão,referindo:
"
A
2
A Liderança nas Actuais Organizações de Saúde - Entre o Formal e o Informal: O Caso dos Técnicos de
Radiologia de tês unidades hospitalares da Região da Saúde de Lisboa e Vale do Tejo
negociação é essencialmente um processo de tomada de decisão, num contexto de
interacção estratégica ou de interdependência".( Jesuíno, 1 992)
No
entantouma melhor
formação académicaimplica
uma melhoria
do desempenhoprofissional, uma melhoria
na
qualidadedos
cuidados prestados acentuando o progresso dos profissionais na carreira que por sua vez desencadeiauma
melhoria
das condições detabalho,
melhoria do
statuse da
legitimidade profissionalUm
outro
factor
essencial
na
liderança
e a
legitimidade
e
oreconhecimetto,fazer com que os actores adiram ao projecto e dêem o seu melhor
através de uma acção negociada.
A
verdadeé
quehoje
os sistemas sociais das organizações, são cada vez mais desenvolvidos, informados e profissionalmente autónomos, ou seja, são cadavez
mais
cidadãos organizacionais
Pareceportanto inevitável, como
refereManuela
Brioso
(1996), queo
firncionamento das organizações hospitalares, nãopossa
deixar
de
depender
da
interacção
entre
as
suas
estruturas
e
dos comportamentos individuais e grupais, encontrando-se na base dessa interacção asnorÍnas, os indivíduos e a própria cultura organizacional.
O
sector da Saúde, comparado com outros sectores de actividade, parece ser,um
dos campos organizacionais que apresenta maior complexidade de gestão e liderança devidoà
confluência de aspectos, tais como os económicos, financeiros,tecnológicos,
sociais
e
políticos. Neste contexto,
a
Lideranga
não pode
serconsiderada
uma
realidade isolada,
mas
sim
influenciada
por
diferentesconfigurações organizacionais
e
culturais.A
evolução tecnológica,a
orientaçãopaÍa
o
cliente
e a
atençãoà
concorrência,obrigam a
um
esforçode
inovação constante, factos que levam a um deslocar da atenção por parte do líder, dosjogosinternos de poder para o projecto da organização e sua reformulação permanente e
à
necessidadede
maior
descentralizaçáodos
processosde
decisão para níveisoperacionais.
Assim
a nova conceitualizaçáo sócio-económica de saúdecom
a necessidade dedefinir um perfil
psico-profissionalna
áreada
Administraçãodos
Serviços de Saúde e as preocupações politicas com aeficiênciq
eficácia e equidade em saúde,no
trilho
da
qualidadee
excelênciade
cuidados prestados, apontam, cada vezA Liderança nas Actuais Organizações de Saúde - Entre o Formal e o Informal: O Caso dos Técnicos de
Radiologia de tês unidades hospitalares da Região da Saúde de Lisboa e Vale do Tejo
mais, para uma maior premência em áreas como a selecção, formação e
o
treinodos demais lideres nas organizações de saúde.
Os Técnicos de Radiologia não podem alhear-se desta realidade. O papel
do
Técnico
Coordenadoré
hoje muito mais
abrangente, considerando-se umagente de inovação e de mudança, não exercendo funções de mero orientador, mas
de
mediador,mobilizando
recursos, capacidadese
aptidõesnele e
no
grupo
de modo a dar resposta às constantes evoluções nas organizações de saúde.Torna-se,
cadavez mais
evidente
que nos
consciencializemosque
aliderança,
no
contexto
dos
Técnicos
de
Radiologia, exige
uma
constante aprendizagem e empeúamento pessoal e profissional, conseguido à custa de umafundamentação
da
nossa
prâtica
e
que
depende essencialmentede
factoressubjectivos que
o
técnico coordenadortem
desi,
que os outros técnicostêm
dotécnico líder,
assimcomo
da
percepçãodas
funçõesque desempeúa.
Assim sendo,o
Técnico
Coordenador pode delegara
eficiência, mas deve enfrentar a eficácia nas suas orgarizações. Para ser eficaz, deve compreender a importânciaprimordial
depermitir
e incentivar nos outros o desenvolvimento do seu potencial, tanto humano como organizacional.Face à problemática da pesquisa, coloquei como perguntas de investigação
o seguinte:
a)
Como é
que os técnicos de radiologia percepcionam o(s) processo(s) deliderança nas organizações de serviço de saúde?;
b)
Estarão enquadradosno novo
contexto
organizacional
e
adaptados àrealidade actual dos Técnicos de Radiologia?;
c)
Será
que os
coordenadoresdos
serviçose
os "liderados"
apresentam perspectivas similares?Para dar resposta às questões colocadas,
delimitei
o
estudo aonível
dos técnicos de radiologia da Região de Lisboa e Vale do Tejo, sendo os objectivos deestudo formulados no modo seguinte:
I
- Objectivos gerais do estudo:a)
Analisar
as
interdependênciasentre
os
factores
organizacionais,
as característicasdo
líder
e
o
processode
liderança,na
perspectiva dos4
A Liderança nas Actuais Organizações de Saúde - Entre o Formal e o lnformal: O Caso dos Técnicos de
Radiologia de tês unidades hospitalares da Região da Saúde de Lisboa e Vale do Tejo
técnicos de
radiologia,
tendo emvista
a compreensão das situações que influenciam o seu desempenho numa organizaçáo de saúde;b)
Contribuir
parao
delineamento e implementação depoliticas,
estratégiasque promovam uma melhoria nas relações de liderança, tendo em conta os
vários
modelos
de
Liderança
e
o
contexto
de
mudançadas
actuais oÍgantzações de saúde.2- Objectivos específicos:
a)
IdentiÍicar
as
características
da
Liderança
"Real"
nas
acfuais Organizações de Saúde no domínio dos Técnicos de Radiologia;b)
Analisar como os
Técnicosde Radiologia
percepcionama
importânciadas relações de Liderança, as competências do
líder
e de como os viíriosModelos
de
Liderança,
condicionam
ou
influenciam,
o
seucomportamento organiz;aciorral
no
contexto da qualidade do desempenhode cuidados prestados;
c)
Analisar
como
as
relações
de
liderança influenciam
a
satisfaçãoprofissional
e
de como
esta,inÍluência a
qualidadedo
desempenho nasactuais orgaruzações de saúde;
d)
Caracteizar
como é que os
coordenadoresdos
servigosde
radiologia percepcionamas
interacçõesque
se desenvolvem,com os
modelos de liderançautilizados
e
de
que
maneira,condicionam
o
comportamento organizacional.Neste sentido, pretendi
com o
presente estudo abordardo
ponto de vistasimbólico
a
análise organizacionaltendo
em
conta
a
alteraçãode
paradigma nomeadamenteno
contexto da liderança, condicionadapor
alterações da cultura orgatizacional e formação dos actores, com vista a uma melhoria do desempeúo e qualidade de cuidados prestados.Para melhor contextualizar a pesquisa, assim como para enquadrar o tema
do estudo, coloquei uma hipótese geral da pesquisa, formulada no modo seguinte:
Não
existe
um
modelo
único
de liderança nos
semiços
de radiologia,
na
A Liderança nas Actuais Organizações de Saúde - Entre o Formal e o Informal: O Caso dos Técnicos de
Radiologia de tês unidades hospitalares da Região da Saúde de Lisboa e Vale do Tejo
quanto
à
importância
que
os
processos
da
Lideranço
exercem
sobre
osconturtos organizocionais
e opróprio indivíduo
(técnico tleradiologia) no
seud e s e mp e n h o p rofrs s io n a
l.
2.
Breves Notas
da
Pesquisa
Realizada
-
Apresentação
da
temática
daLiderança
Tendo em conta a pluralidade de domínios de análise e de factores que se articulam entre si de modo a alcançar os objectivos propostos na investigação,
foi
necessário
recolrer aos
contributos
teóricos de
diversas áreas específicas noâmbito da Sociologia da Psicologia e da Gestão. Neste sentido,
foram
adoptadasalgumas perspectivas
teóricas
na
éreada
Sociologia
das
organizaçõese
daSociologia
da
Saúde,bem
como
no
que
diz
respeitoàs
áreasda
psicologiainerentes
aos
Processos
de
Liderança,
onde cada
uma
delas
contribui
substancialmente, sob a forma de teorias centrais e auxiliares, consoante o carácter mais amplo ou restrito das potencialidades analíticas e operativas que apresentam para os objectivos dapesquisa (Lopes, 2001).
É o
desenvolvimento das ciências sociais que permite ultrapassar de umaforma
compreensiva,o
nível de
registos biográficos, permitindo conhecer
oconteúdo
e
processode
liderança.A
metodologiana qual
seinclui
este estudo desenvolve-se nas ciências sociais e humanas.Estudos empíricos descrevem
a
"liderança
como um processo dinâmicoque
varia
de uma situaçãopara
outra,
coma
mudança de líderes, dos liderados ou das situações,facto
este amplamente defendido pelos defensores dos modelosde
liderança contingêncial"; Jesuíno (1999), outros
acrescentamque
asorgaruzações bem sucedidas têm uma característica que as distingue das demais, uma liderança dinâmica
e
efrcaz. Assim, se é importante a percepção dos diversosestilos de liderança dos líderes,
é
igualmente importante que os mesmos advêmnão de uma maneira
de
comportamento queos
líderes pensamter
perante umasituação,
mas
a
maneira como
os
outros,
os
subordinados percepcionam essecomportamento.
6 Maria Manuela Parra
A Liderança nas Actuais Organizações de Saúde - Entre o Formal e o Informal: O Caso dos Técnicos de
Radiologia de tês unidades hospitalares da Região da Saúde de Lisboa e Vale do Tejo
A
Radiologiatem sido uma
das areas das denominadas Tecnologias da Saúde, nomeadamente dos Técnicos de Diagnóstico e Terapêutic4 cuja trajectóriaidentitárria
tem
sofrido
modificaçõesou
mudanças,com
grandes alterações ao nível dos seus "saberes", num processo estratégico em que se destacam a tentativade
demarcaçãodo
poder
de
outras profissões,
a
constnrçãode
modelos
deautonomia profissional
e
avaloização
dos seus desempeúos ao nível das acfuais orgailzações de saúde.Segundo Correia Jesuíno, quando
todavia
o
interesse se centra sobretudo nos processos de mudanç4 torna-se forçoso uma mudança de paradigma. Dumapsicologia diferencial
dos
líderes, passa-seentão
a
uma psicologia
social
da liderança, enquanto processo de influência social.Como
refereo
autor,
é
todavia nestediálogo,
senãodialéctic4
entre
génese eestrutura, entre acção e investigação, que o processo de liderança, como qualquer outro processo social se toma
inteligível.
3.
A Estrutura
doRelatório
O
presenterelatório de
investigação
é
compostopor
três
fases
:
Naprimeira
fase
desenvolve-se
o
coúecimento
da
liderança
nas
actuais organizações de Saúde, no contexto dos técnicos deradiologia
detrês
unidadeshospitalares da Região de Lisboa e Vale
do
Tejo.A
segunda fase é composta pelaRevisão
Bibliográfica.
A
terceirafase
compreendeo
tratamentoe
análise dosdados
e
elaboraçãodo
relatório.
Sistematizando
a
dissertação apresenta-seestruturada
em:
Introdução,
Corpo
composto
por
quatro
Capítulos
eConsiderações Finais.
Na
Introdução
procurei
explicitar as
razõesde
escolha
do
tema,
aapresentação
do
problema,a
pesquisa realizada e também breves consideraçõessobre
as
opções metodológicas adoptadas desdeos
objectivos às
hipóteses do estudo.O corpo do trabalho é composto por quatro capítulos:
O
primeiro
capítulo
EnquadramentoTeórico onde
apresentoas
liúas
A Liderança nas Actuais Organizações de Saúde - Entre o Formal e o Informal: O Caso dos Técnicos de
Radiologia de tês unidades hospitalares da Região da Saúde de Lisboa e Vale do Tejo
literatura
incidiu
nas teorias e mudançasno
contexto organizacional, nas pessoas como centro das organizações e mudança (contexto dos Técnicos de Radiologia),as razões
da
resistênciaà
mudança,As
orgaÍizações que se preocupamcom
o"bem-estar" dos profissionais. Relativamente à temática da liderança,
foi
abordadaquanto à
origem,
ao conteúdo, teoriase
condicionantes nas actuais organizações de saúde. Breve abordagem aos modelos de Gestão das organizações hospitalares que integram o estudo.o
segundo
capítulo Metodologia aborda
as
opções
metodológicas,paradigma
e
estratégiado
estudo na pesquisarealizada. Descreve-seo
recurso àtécnica
de
análise
de
conteúdo
para
tratamento
dos
dados resultantes
dasentrevistas semi-
estruturadas-No terceiro capítulo Apresentação dos Resultados onde descrevo
e
analiso ainformação recolhida
no
terreno.
Neste
capítulo
faz-se
a
apresentação dos resultados obtidosNo
quarto capítulo Discussão dos Resultados procede-se à discussão dos resultados obtidos num confronto com o quadro teórico.Após,
os
capítulos
do
corpo
do
presente
relatório,
apresento
as ConsideraçõesFinaís
e Recomendações, onde sistematizo náo só os resultados dainformação recolhida durante
a
investigação, indicando algumas
limitaçõesreferentes ao estudo e sugerindo
um
plano de intervenção sócio-organizacional e outras possíveis ou novas abordagens para atemática .8
A Liderança nas Actuais Organizações de Saúde - Entre o Formal e o Informal: O Caso dos Técnicos de
Radiologia de tês unidades hospitalares da Região da Saúde de Lisboa e Vale do Tejo
1.-
ENQUADRAMENTO TEÓRrCO
No
presente capítulo apresentoo
resultado da pesquisabibliográfica
queconstitui
o
suporteteórico
desta investigação.A
análise das organizações, das pessoas, o paradigma da liderança, o conceito, o conteúdo, as teorias ou modelos eas vaÍiáveis
organizacionais condicionantesda
liderançae
gestilonas
actuais organrzações de saúde no contexto dos Técnicos de Radiologia.1.1. As Organizações
Actuais
-
OVelho
e o NovoParadigma
A
sociedademoderna
é
uma
sociedadede
organizações (Boulding,Keneth, 1963). Define-se
organizaçáocomo
sendo
um
dispositivo
socialparticular, com acento no carácter intencional explícito e codificado da sua ordem, estruturas, norÍnas, procedimentos
e
objectivos,
sobreos
quais
a
organização recai, contrariamente a outras formas de acção colectiva.As
organizaçõesconstituem
uma das mais
complexas
e
admiráveisinstituições sociais que a criatividade e engenho humano construíram.
Na verdade, «a noção de organização apresenta dois significados:
por
umlado,
designa unidades
e
entidades
sociais,
conjuntos
práticos, como,
por exemplo, as fabricas,os
bancos,a
administraçãopública.
Por
outro,
o
mesmotermo
designa certas condutas sociais,
certos
processossociais:
o
acto
de organizartais
actividades,a
disposiçãodos meios
relativamenteaos
fins,
aintegração dos diversos membros numa unidade coerente»
(Bilhim,
1996:21).Podemos entender facilmente que
a ideia
de função deuma
orgarização mateializa-se soba forma
de objectivos, enquanto instrumentos orientadores daprópria
organizaçáo.Jâ
dizia
Amitai Etzioni
queos
objectivos
sãoa fonte
de legitimidade(a
razáo de ser da organização) e também constituem os elementos que permitem a avaliação daprópria
organizaçáo. Neste sentido,tal
como sugere Edgar Scheina
organização representa «a coordenação racional de actividades deum
certonúmero de
pessoas, tendoem
vista
a
realizaçáode
um
objectivo
ou intenção explícita e comum, através de uma divisão do trabalho e funções, de uma hierarquia de autoridade e de responsabilidade»(Bilhim,
1996:.22).A Liderança nas Actuais Organizações de Saúde - Entre o Formal e o Informal: O Caso dos Técnicos de
Radiologia de tês unidades hospitalares da Região da Saúde de Lisboa e Vale do Tejo
Efectivamente, «a estrutura organizacional define a forma como as taÍefas
devem ser destinadas, especifica quem depende de quem; define os mecanismos
formais; constitui
um
conjunto variáveis complexas, sobre
as
quais
os administradores e gestores fazem as escolhas e as decisões»(Bilhim,
1996:22). Odesenho organizacional envolve a configuração estrutural da organizaçáo e
o
seu funcionamento.Assim, a
conÍiguração da estrutura organizacional representa osórgãos
que
compõem
a
própria
organização
e as
suas
relações
deinterdependência,
e
o
funcionamento está
ligado
à
forma de
coordenação eactividade da organização tendo em vista o alcance dos seus objectivos.
As
organizaçõessão
constituídaspor
pessoase
dependemdelas
paraatingir
os
seus
objectivos
e
cumprir as
suas
missões;por
outro lado
elasconstituem
para as
pessoasum
meio
pelo qual
elaspodem
alcançarmuitos
evariados obj ectívos pessoais.
Se atendermos
que "qualquer
organizaçãoé
compostade
duasou
maispessoas
que
interagem
entre si,
através
de
relações recíprocasparo
atingir
objectivos comuns" (Chiavenato, 1982:
35),
então,
as
organizações, segundo Chiavennato (1982), surgem exactamente para aproveitar a sinergia dos esforços dos viârios individuos que trabalham em conjunto:o
As pessoas como seres humanos.
As pessoas como meros recursos (humanos) organizacionais.o
As
pessoascomo
parceiros
da
organizaçáo, capazesde
conduzi-la
àexcelência e ao sucesso.
E indubitável
que as organizações são sistemas extremamente complexos (Chiavenato, 1982), altamente diferenciados, com determinados níveis de análise eque possuem caracteristicas como:
.
Complexidader
Anonimatoo
Rotinas padronizadaso
Estruturas personalizadas e nãooficiais
o
Tendência à especializaçáo e proliferação de funçõeso
Tamanho das organizações.A Liderança nas Actuais Organizações de Saúde - Entre o Formal e o Informal: O Caso dos Técnicos de
iadiologia de tês unidades hospitalares da Região da Saúde de Lisboa e Vale do Tejo
Abordando a dinâmica ambiental
da
organização,ou
seja sobreo
prisma da estabilidade versus instabilidade, na realidade são duas situações estremas numcontinuum. Para Chiavenato
(1997),
quandoo
ambientede tarefa
é
estável eestático, permite
reacções padronizadase
rotineiras
na
oÍganizaçáoe o
seucomportamento é conservador e previsível. Normalmente é
utilizado um
modeloburocrático
,
mecanicisÍ4
estabelecendo regras e regulamentos derotina
para as actividadesdos
seusvários
departamentos. Actualmentea
dinâmica
ambiental mudou, o ambiente é mutável, imprevisível e turbulento, com o ingresso na era da Informação ,a
orgatização passa autilizar
um modelo orgônico ou adhocrático .Uma
das maneiras de sistematizaÍ os atributos organizacionais é recolrerao
modelo
sugerido
por
Mintzberg (1979), que distinguiu as variaveis
decontexto, de estrufura e de processo dentro de uma organizaçáo.
Quadro 1- Variáveis Organizacionais
Fonte : Mintzeberg (1979)
Desta forma,
a
orgarrização é moldada intencionalmente pelo homem, paraatingir
determinadosobjectivos
organizacionais,e é
ele que define
a
estruturainterna
da
orgarização. Segundo esta perspectiva de Mintzeberg e de Chiavenato,a orgaruzação pode ser visualizada sob dois aspectos:
. a
organização
formal:
é
baseadana
divisão
do
trabalho,
na diferenciação e integração, ou seja,é
aotganização planeada, em trocadeste compromisso
a
organização concede recursospara
executar afunção que lhe está atribuída.
.
a
organtzação
informal:
é
a
que
suÍge
espontaneamenteentre
aspessoas da organização
formal.
Forma-se como
surgimento de gruposV.
Contexto V. Estrutura V. Processo- Idade e Dimensão - Tecnologia - Meio Envolvente - Poder Mecanismos de Coordenação e controle
Elementos base da estrutura Parâmetros de concepção Configuração Organizacional Processos de Comunicação Processos de Liderança Processos de Decisão Processos Políticos
A Liderança nas Actuais Organizações de Saúde - Entre o Formal e o Informal: O Caso dos Técnicos de
Radiologia de tês unidades hospitalares da Regiâo da Saúde de Lisboa e Vale do Tejo
informais
através de interacções e relacionamentos sociais (Chiavenatote82).
O relacionamento da pessoa com
a
organizaçáo não se resume à dimensãoformal,
a
dimensão
psicológica abarca
aspectos
implícitos
não
menossignificativos,
o
seu conteúdoé
compostopor
expectativas mútuas, sentimentos de confiança e atitudes de empenhamento que os contratos formais não consagrame esta definição psicológica é determinada em grande medida pela avaliação que o
indivíduo faz da sua relação com o seu superior.
A
dimensãosocial
respeitaao modo
como
o
indivíduo
percepciona acultura
organizacional,é
por
seuintermédio
queos
membroslêem a
realidadeorganizacional, a interpretam e decidem responder às solicitações e desafios que se lhes apresentam.
A
culfura
organizacional
refere-se
aos
entendimentos
importantespartilhados
pelos
seus membros,tais
como norÍnas, valores, atitudes, crenças, asua estrutura, como refere Herman, pode ser comparada
awn
iceberg, emque
nasuperficie estão os aspectos abertos ou formais como os objectivos, a tecnologia, a
estrutura,
as políticas, os
resursosfinanceiros,
os
procedimentos,abaixo
dasuperfície estão
os
aspectosmais ocultos,
os
aspectosinformais
da
vida
organizacional.
Distingue-se, então tradicionalmente
na
organização uma estruturaformal
e uma informal.A
primeira corresponde à parteoficial
e codificada das estruturas, asegunda reenvia para o faseamento das práticas, interacções e relações não previstas oficialmente, vistas clandestinas e ocultas e que formam o que podemos denominar uma segunda realidade paralela em oposição à primeira.
Com efeito, a estrutura formal não é independente do campo de forças que ela constrói. Ela é, ao contrário, paúe integrante, ela não é a simples expressão de uma lógica de eficácia.
E
um
produto da negociação entre os membros,é
a
expressãocristalizada
e
codificada de uma relação de forças e de um compromisso entre osparticipantes. (Sainsaulieu, 1 987).
A Liderança nas Actuais Organizações de Saúde - Entre o Formal e o Informal: O Caso dos Técnicos de
Radiologia de tês unidades hospitalares da Região da Saúde de Lisboa e Vale do Tejo
Figura
1.- O Iceberg da Cultura OrganizacionalFonte Adaptado de Stanley N. Herman, em Gestão para Administradores,
l9
, p.303Para
o
Sainsaulieu(1987),
não
basta
descrevero
esquemaformal,
a oÍgantzaçãooficial, os
procedimentos,
as
definições
das várias
funções.
Énecessário
percoÍrer
a
estrutura
formal
e
informal
do
hospital
em
várias dimensões, passar pelos diferentes meandros da realidade hospitalar onde se intercruzam inúmeras clivagens funcionais
e
estruturais que opõem os actores, fi:uto das diferentes ideologias e formas de protagonismo dos profissionais, revelando a nattxeZados
seUs saberes, aS SUas posiçõesna
estrutUra,e
aSSim,com
oScontributos obtidos,
alcançara
organizaçãona
sua complexidade sui-generisl,entrelaçada por uma teia de complexas relações sociais tecida pelas estratégias dos
profissionais.
1
'
Na Teoria da Contingêncra , no inicio da década de 70, com os trabalhos de Laurence, Lorsch e Schein,surge a abordagem ou conceito de Homem Complexo , em que o homem é visualizado como um micro sistema individual e complexo. Cada pessoa é considerada um mundo à parte, uma realidade distinta das
demais, composto de cognições. percepções, valores e motivações. O conceito de Homem Complexo
pressupõe que nas suas interacções com o ambiente organizacional, os individuos sejam motivados a usar as suas habilidades de solucionar problemas, ou ultrapassar os problemas com os quais se defrontam. No sistema
particular de personalidade individual, o padrão de valores de percepções e de motivações é o resultado da
interacção das características biológicas do indivíduo com a experiência de desenvolvimento que acumula ao
longo da vida. Objecüvos Tecnologia Estrutura Percep@es Atitudes Sentimentos -{raiva Medo, simpatia, Desespero, etc ) Valores Interacções Informais Normas do Grupo informais sobre os sistemas formais e
A Liderança nas Actuais Organizações de Saúde - Entre o Formal e o Informal: O Caso dos Técnicos de
Radiologia de tês unidades hospitalares da Região da Saúde de Lisboa e Vale do Tejo
O
interessereal das
característicasformais numa
oÍgarizaçáo
não
édeterminar
directamente
os
compoÍamentos,
mas
estrufurar
os
passos
danegociação
e o jogo
entreos
actores, até porquenos
encontramosna "era
dainformação";
que teveo
seuinicio
em
1999 e queé
caracteizada principalmentepelas mudanças rápidas, imprevistas e inesperadas: otma era de descontinuidade".
Um
outro
aspecto condicionantedo
desenvolvimento organizacionalé
a culfura organizacional, que segundo as palavras de Thévenet, mostraum
"estadode espírito
dos homensna
organização", (citadopor
Câmaraet
al,
1998:
131) encontrando-se intimamente interligada à dimensão social da organização.Segundo Donnadieu (citado por
Câmaraetal l998:131),
o homem deixa asituação de agente e passa à situação de actor social.
A
culturatoma-se
um meiode
orientar as
escolhasindividuais
e
colectivas
do
homemde
trabalho:
é
umsistema
de
auto controlo
e
reconhecimentomútuo. Tudo
isto
assenta numainteriorização das noÍTnas e valores da organização por parte dos actores.
Parece portanto inevitável
que
o
funcionamento
das
organizações hospitalares não possa deixar de depender da interacção entre as suas estruturas edos
comportamentosindividuais
e
de
grupo,
encontrando-sena
base
dessainteracção as norrnas, os indivíduos e a
própria
cultura da organrzação. (ManuelaBrioso,
1996). Pode-se
acrescentarque
tal
como os indivíduos
também
asorganizações
têm
uma
"personalidade"
própria
que
condiciona atitudes
ecomportamentos no seio dessa orgarizaçáo
(Câmara,l997:l5l).
As
organizagões hospitalares não fogem a essa regra.Há
várias
correntesque
nos
possibilitam
diferentesformas
de olhar
a culturada
orgarização:o
modelo de Schein, cuja conceptualizaçáo permite umamelhor compreensão dos níveis de profundidade da cultura organizacional. O lado
simbólico
vai
sustentar aparte maisvisível
de qualquer cultura organizacional.O
modelo
de
Sainsaulieu,
pela
análise
das
subculturas
ligadas
aidentidades profissionais.
A
Corporate Culture
urfla abordagem de cultura única(forte
e
única), um
sistemade
valores
e
norÍnas partilhadas,de
crenças, em interacção directa coma
orgarização e écaracteizada
por uma visão unifacetada,
integradora, virada parao interior.
A
Perspectiva Etnográfica, pela componentequalitativa que apresenta na compreensão da cultura organizacional.
A Liderança nas Actuais Organizações de Saúde - Entre o Formal e o Informal: O Caso dos Técnicos de
iadiologia de tês unidades hospitalares da Região da Saúde de Lisboa e Vale do Tejo
Gonçalves
das
Neves
propõe
uma
reconceptualizaçáode
cultura organizacional,em que
a
referecom várias
asserções;como uma
estrufura de referênciacomum
e
partilhada
por
uma
quantidadesignificativa de
pessoas, socialmente desenvolvida, aprendidae
transmitida
emteÍnos
comportÍtmentais cognitivos e emocionais. Compostapor
várias camadas, umas mais periféricas evisíveis e outras mais profundas e invisíveis.
O seu núcleo de base é constituído pelos pressupostos fundamentais a que
outros chamam
de
valores. Fornece às pessoasnornas
e
regras orientadoras em termos de perceber, pensar, sentir os problemasdo
funcionamento organizacional, quer do ponto de vista da integração interna, quer de adaptação externa contribuindopara a defi nição de identidad e organizacional.
Reto e Lopes subscrevem a ideia de que não existe uma cultura única como preconiza a corporate culture, existe um mosaico cultural dentro da otganização que forma a cultura organizacional. As sub culturas vão surgindo através da aprendizagem
e
adaptaçãode
valorese
noÍrnas particulares própriasde
cada sectorou
grupo profissional no desenrolar da actividade de cada um na organizaçáo. Acrescentam queesta configuração cultural é aúnica consentânea com o desenvolvimento do individuo moderno e do papel social que a organizaçáo desempenha. (Reto e Lopes, 1988).
pode considerar-se
o
Hospital como um palco de variadíssimas culturas, decomplexas interacções e suporte básico, dito no sentido de Vala (1993:357).
De relevar
quea
envolvente também condicionatodo
o
comportamentoorganizacional levando naturalmente a uma mudança de paradigma.
A
tecnologiatrouxe desdobramentos completamente imprevisíveis e transfoÍÍnou
o
mundo numa aldeia global.A
informação passoua
cÍvzar o planeta em milésimos de segundo.A
cultura organizacional sofreu forte impacto do mundo exterior e passou a privilegiar a mudançae a
inovação, voltadaspara
o
futuro
da
organização,num
contexto ambiental de turbulência e imprevisibil idade.Abordando
o
velho eo
noyoparadigma,
atitulo
de síntese e tendo como base de referência a Dinômica Ambientalda
Organização, ort seja sobre o prismada estabilidade versus instabilidade, na realidade são duas situações estremas num
continuum. Para Chiavenato
(1997),
quandoo
ambientede tarefa
é
estável e estático,permite
reacgões padronizadase
rotineiras
na
organzaçáo
e
o
seuA Liderança nas Actuais Organizações de Saúde - Entre o Formal e o Informal: O Caso dos Técnicos de
Radiologia de tês unidades hospitalares da Região da Saúde de Lisboa e Vale do Tejo
burocrático
,
mecantcista, estabelecendo regras e regulamentos de rotina para asactividades
dos
seus
vários
departamentos,
amplamente
utilizado
nas organizaçõesaté
à
segundametade
do
séculoXX.
Actualmente
a
dinâmicaambiental
mudou,
o
ambiente
é
mutável, imprevisível
e
turbulento,
com
o ingressona
eÍa da Informaçáo, a organização passaautilizar
um modelo orgânicoou adhocrático.
Quadro2
-
O velho e o novo paradigmaVelho Paradigma Novo Paradigma Idade industrial Estabilidade Controlo Competição Coisas Uniformidade Idade da informação Mudança Empowerment Colaboração Pessoas e relações Diversidade
Fonte: (Daft, 1999)
-
Daft, R. L. (1999). Leadership, Philadelphia, DrydenAs
pessoas são seres dotados de inteligência, conhecimentos, habilidades,personalidade, aspirações, percepções.
A
gestão de pessoas, representa a maneiracomo
as
organizaçõesprocuram
lidar
com as
pessoas,não como
recursosorganizacionais que são passivamente administrados, mas como seres proactivos, inteligentes, cap.ves de responsabilidade
e iniciativa e
dotados de habilidades e conhecimentos que ajudam ao sucesso das organizações.A
gestão ea
liderançadevem ser feitas
com
as pessoas e não às pessoas.É
o novo
paradigma, a novaconcepção;
"a
moedo dofuturo
não vai serfinanceira,
mas intelectual, o recursomais importante das organizações". (Chiavenato, 1997: 29).
1.1.2.
A
ResistênciaOrganizacional
àMudança
A
resistência à mudançapor
parte das organizaçõese
as pessoas que ascompõem
é
por um lado
positiva,
na
medida
queconfere
ao
comportamentoorganizacional
previsibilidade e
estabilidade, maspor outro lado a
resistência à mudançapode
considerar- se
uma
fonte de conflito
funcional
e diminuir
acapacidade de adaptação e o progresso organizacional como refere Câmara (1998)
A Liderança nas Actuais Organizações de Saúde - Entre o Formal e o Informal: O Caso dos Técnicos de
Radiologia de tês unidades hospitalares da Região da Saúde de Lisboa e Vale do Tejo
A
resistênciaindividual
à mudança éa
protagonizada pelos indivíduos deper
si.2A
resistência organizacional
é a
resistência oferecida
pelas
empresas
ou organizações em si mesmas, ejá
não pelos seus empregados individualmente.As
organizaçõessão
por
natuÍeza conservadorase
resistem activamente
à mudança.Robbins
citado
por
(Câmaraet
al,
1998: 174)
apontaseis
causas principais de resistên cia or ganrzacional :o
A
inércia
estrutural-
as organizagões possuem mecanismos estruturaispara garantir estabilidade (recrutamento, formação, recompensas) que de
forma
conjugada
reforçam atitudes
e
comportamentos
e
procuram assegurara
integração
das
pessoasna
cultura
da
otgantzação. Umamodificação
dessacultura
ou
parâmetrosfuncionais
irá
colidir com
aresistência
da
própria
estrutura,
que tende
a
manter
a
estabilidade existente.o
O
objectivo da
mudança:uma
oÍganizaçáoé
compostapor
sistemas esubsistemas
relacionados
e
interdependentes.O
âmbito
limitado
do processo de mudança, tende a anular os efeitos da própria mudança, sendo neutralizados pelos sistemas mais vastos e poderosos em que se integram eque ficam fora do processo.
o A
inércia
do
grupo:
ainda
que
algum membro
do
grupo
aceitemodificações das suas responsabilidades, se
o
gilpo,
comotal
resistir
aessas mudanças, a disponibilidade
individual
para as aceitar é neutralizada pela pressão do grupo.o
A
ameaça aos conhecimentos técnicos(Know
how):A
mudança pode pôrem
sausa
oS
coúecimentos
de
membros
da
organzaçáo.
Essa obsolescênciavai
originar
uma resistência orgânicaà
adopção de novos métodos de trabalho.o
A
ameaça à estrutura de poder:A
organização é uma estrutura de poder eque
qualquer mudança que ponhaem
causaa
divisão
depoder
no
seu 2S.gundo Câmara esta resistênci a per si, tem na sua origem causas de entre elas, o hábito recorrendo o
homem normalmente a comportamentos habituais, a segurança porque todas as pessoas têm necessidade de se
sentir seguras, os factores económicos, o medo do desconhecido porque qualquer mudança representa
ambiguidade insegurança e incerteza face ao que é conhecido e a informação selectiva porque segundo o autor, todos nós filtramos a realidade através da nossa percepção.
A Liderança nas Actuais Organizações de Saúde - Entre o Formal e o Informal: O Caso dos Técnicos de
Radiologia de tês unidades hospitalares da Região da Saúde de Lisboa e Vale do Tejo
o
interior
encontrará resistênciasindividuais
e
institucionais.
É o
que
sepassa
com a
introdução de sistemas de gestãoe
liderançaparticipativa
ecom o empowermenL que são vistos como ameaças ao poder que dispõem os gestores intermédios e de topo.
Ameaça à a locação de recursos:
um
processo de mudança organizacionalque
envolva uma
alteração nas prioridades estratégicas, determinará que há sectores que ganham recursos e outros ficam mais limitados e que estes últimos resistem ao processo de mudança.O
modelo de
Lewin aponta
viárias causas deum
compoÍamento e
nãouma
causaúnica.
É
titit
porquenos toma
conscientesdos muitos
factores quepodem
agir
como forças
impulsionadorasou
restritivas,
sendopara
o
autor,
odesempeúo
uma conciliação dos dois conjuntos deforças.
As
forçasresritivas,
que mantêm estável aorgarização, representam as potenciais fontes de resistência
a
mudangaos
programasde
mudança planeada destinam-
se
a
remover
ouenfraquecer estas forças restritivas e criar ou aumentar as forças impulsionadoras
existentes na orgarizaçáo.
Figura
2
-
Diagrama
deCampo
de ForçasForças de Mudança Forças que mantêm o status quo
Nova tecnologia
Normas do desempenho do grupo Matórias -primas melhores
Medo da mudança Concorrência de outros grupo
Complacência dos membros
Pressões do supervisor
Habilidades bem apreendidas
Nível actual
de desempenho
Nível
de desempenho
Fonte Adaptado de Organization Development
Maria Manuela Parra
and Change, 3" ed, Huse e Cummings, p.73