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Indumentária cênica e suas materialidades: fios e fibras, da extração a efeitos sob luzes e cores

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Academic year: 2021

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CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES DEPARTAMENTO DE ARTES

CURSO DE LICENCIATURA EM TEATRO

PIERRE KEYTH RODRIGUES FERREIRA

INDUMENTÁRIA CÊNICA E SUAS MATERIALIDADES: Fios e fibras, da extração a efeitos sob luzes e cores

NATAL/RN 2018

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INDUMENTÁRIA CÊNICA E SUAS MATERIALIDADES: Fios e fibras, da extração a efeitos sob luzes e cores

Trabalho de conclusão de curso apresentado à Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN, como requisito obrigatório para obtenção do título de graduação do Curso de Licenciatura em Teatro.

Orientadora: Profª. Ma. Laura Maria de Figueiredo

NATAL/RN 2018

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Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI

Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial do Departamento de Artes - DEART

Ferreira, Pierre Keyth Rodrigues.

Indumentária cênica e suas materialidades: fios e fibras, da extração a efeitos sob luzes e cores / Pierre Keyth Rodrigues Ferreira. - 2018.

77 f.: il.

Monografia (licenciatura) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes. Curso de Licenciatura

em Teatro, Natal, 2018.

Orientadora: Prof.ª Ms. Laura Maria de Figueiredo.

1. Indumentária cênica. 2. Cor luz. 3. Cor pigmento. I. Figueiredo, Laura Maria de. II. Título.

RN/UF/BS-DEART CDU 792.024

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Dedico este trabalho à Marilene Rodrigues Ferreira, minha mãe que incentivou e sempre apoiou os meus estudos e todos os trabalhos artísticos que fiz na área de figurino.

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Agradeço a minha mãe, Marilene Rodrigues Ferreira que sempre incentivou e investiu em meus estudos, por me matricular desde criança em cursos de desenho e por todos os livros que me deu, agradeço por ser uma inspiração como pessoa e profissional e pelas alegrias e ensinamentos na vida.

Agradeço a minha irmã, Priscilla Cenedese que sempre foi um exemplo como estudante e me ajudou em atividades escolares no ensino do primeiro grau.

Agradeço imensamente a professora, mestre e amiga Laura Maria de Figueiredo, por incentivar o estudo que é o tema desta monografia, por sua orientação neste trabalho e na vida.

Agradeço a Thalytta Bezerra e Dayana Fernandes por estar presente nos bons e ruins momentos da minha vida, numa amizade que rompe barreiras.

Agradeço a Pollyana Isbelo Melo, professora e amiga com quem tive a honra de aprender sobre indumentária, moda e fashion illustration, e que me incentivou a repensar sobre a proporção de croquis de moda.

Agradeço ao figurinista João Marcelino, com quem tive a honra de conviver, aprender e trabalhar.

Agradeço a Priscila Araújo, grande amiga e companheira que conheci no curso e levarei para a vida, obrigado por sempre estar ao meu lado.

Agradeço à minha família Ferreira, por me acolher e cuidar tão bem de mim na mudança de minha mãe, irmã e sobrinhos de país.

Agradeço a Deus por todas as oportunidades de estudo, por todos os trabalhos que fiz na área de artes e de moda, que foram essenciais para minha formação.

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“O que importa é a evolução do figurino no decorrer da representação, o sentido do contraste, a complementaridade das formas e das cores”.

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estudo sobre a interação de cor pigmento e cor luz a partir das características destas duas materialidades articuladas na criação de indumentárias para a cena. Trago exemplos de diferentes fibras originárias de alguns tipos têxteis para descrever suas características a partir da estrutura dos fios quando tecidos. A presença de uma indumentária na cena se manifesta de forma singular, a partir dessas formas dos tecidos e suas alterações sob a iluminação cênica. A cor, material de trabalho essencial para a tecnologia cênica, é abordada aqui por meio do trabalho de observação de sua manifestação articulada na interação da luz e do pigmento. A metodologia para o desenvolvimento deste estudo foi reunir bibliografia temática e registros fotográficos de alguns tipos de matéria-prima para observação e análise dos resultados da interação das duas materialidades: tecidos e luz, ou seja, as articulações entre cor luz e cor pigmento a partir da composição destes materiais.

Palavras-chave: Indumentária cênica. Cor Luz. Cor pigmento.

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This final paper to get a degree in Theatre Education presents a study on the interaction of pigment color and light color from the characteristics of these two materialities articulated in the creation of costumes for the scene. It is shown some examples of different fibers originated from some textile types to describe their char-acteristics from the structure of the strands when woven. The presence of a costume on the scene is manifested in a unique way, from these forms of fabrics and their changes under the stage lighting. The color, working material essential to the scenic technology, is addressed here through the work of observation of its manifestation articulated in the interaction of the light and the pigment. The methodology for the development of this study was to gather thematic bibliography and photographic rec-ords of some types of raw material for observation and analysis of the results of the interaction of the two materialities: fabrics and light, that is to say, the articulations between light color and pigment color from the composition of these materials.

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Quadro 1 – Grupo de fibras 22

Figura 1 – Tecido plano 35

Figura 2 – Tecido malha 36

Figura 3 – Nãotecido 37

Figura 4 – Corante para tingir fibras de origem natural 40

Figura 5 – Instruções do fabricante para tingimento 41

Figura 6 – Corante para tingir fibras de origem sintética e lustrosa 41

Figura 7 – Instruções do fabricante para tingimento 42

Figura 8 – Exemplo de luz branca sob objeto colorido 48

Figura 9 – Sistema CMYK 50

Figura 10 – Motivo geométrico pode ser obtido pelo processo jacquard ou por Impressão 53

Figura 11 – Motivo pied-de-poule, pode ser obtido pelo processo jacquard ou por impressão 53

Figura 12 – Exemplo de luz fria 54

Figura 13 – Exemplo de luz vermelha 55

Figura 14 – Exemplo de luz azul 55

Foto 1 – Exemplo de interação de cor luz em Algodão alvejado 57

Foto 2 – Exemplo de interação de cor luz em Algodão cru 58

Foto 3 – Exemplo de interação de cor luz em tecido plano Brim 59

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Foto 6 – Exemplo de interação de cor luz em nãotecido 62 Foto 7 – Exemplo de interação de cor luz em nãotecido pelúcia 63 Foto 8 – Exemplo de cor luz em Seda artificial, produzida por microfibras 64 Foto 9 – Exemplo de interação de cor luz em Cetim de fibras sintéticas 65 Foto 10 – Exemplo de interação de cor luz em tecido de Crepe de algodão 66 Foto 11 – Exemplo de interação de cor luz em Organza 67 Foto 12 – Exemplo de interação de cor luz em Seda mista 68 Foto 13 – Exemplo de cor luz em tecido utilizado para decoração com

acabamento em plastisol 69

Foto 14 – Exemplo de interação de cor luz em tecido Chita, motivo floral 70 Foto 15 – Exemplo de interação de cor luz em Chita, motivo floral estilizado 71 Foto 16 – Exemplo de interação de cor luz em Cetim, motivo animal print

(onça) 72

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Tabela 2 – FIBRAS QUÍMICAS ARTIFICIAIS EXTRAÍDAS DE MATÉRIA NATURAL NASCEM A PARTIR DE TRATAMENTOS QUÍMICOS 29 Tabela 3 – FIBRAS ARTIFICIAIS EXTRAÍDAS DE MATÉRIA PRIMA PROTEICA 30 Tabela 4 – FIBRAS EXTRAÍDAS DO MINÉRIO 31 Tabela 5 – FIBRAS QUÍMICAS OBTIDAS ATRAVÉS DO MIX DE OUTRAS

FIBRAS 32

Tabela 6 – CORANTES E SUAS ESPECIFICAÇÕES 42

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2 O QUE É TECIDO? TRAMAS E TRANÇADOS 18 2.1 Fibras e fios 22 2.2 Fibras 24 2.3 Tipos de tecidos 34 2.4 Tecido plano 34 2.5 Tecido de malha 35 2.6 Nãotecidos 36

3 TECIDOS, PADRÕES E SUAS FORMAS DE COLORAÇÃO 38

3.1 Processo de tingimento 38

3.2 Motivos e padrões 43

4 COR: A SUBJETIVIDADE DA INTERAÇÃO LUZ E PIGMENTO 45

4.1 Cor luz 46

4.2 Cor pigmento 48

4.3 Comportamento e efeito de cor 51

4.4 Observações prévias do comportamento da cor pigmento sob efeito da cor luz 52

5 RESULTADOS DE REFLETÂNCIA DOS TECIDOS, FIBRAS, CORES E CONTRASTES 57

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS 75

REFERÊNCIAS 77

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1 INTRODUÇÃO

O interesse pelo tema desta monografia, surgiu a partir de uma paixão pela área de criação do vestuário, baseada em uma linguagem romântica sobre o ofício do design de moda que lida com a roupa feita sob medida, alta-costura. Esta apresenta nos processos de criação etapas que dialogam com os métodos utilizados para a construção de uma indumentária cênica, são elas: pesquisa de um determinado tema, estudo de cores, pesquisa de materialidades, o croqui que apresentam as formas, texturas e motivos de estampas que representam o tema independente da linguagem artística utilizada no projeto, o uso diversificado de tecidos, não-tecidos, pedrarias plásticos, materiais em estado bruto, tintas e pinturas, tudo feito metodicamente e detalhadamente à mão.

As indumentárias humanas, desde as épocas remotas até os dias atuais, contam a história de um povo, uma cultura e um grupo social. Elas permitem por meios visuais a identificação e diferenciação de classes sociais, cultura, etnia, categorias profissionais e outros signos da história sócio cultural da humanidade. Figurinistas e designers de moda pesquisam o tempo todo na História, buscando inspirações para construir uma caracterização de um modelo ou um personagem. Muitas vezes se faz uma releitura de algo que já existiu, revisitando o passado para criar algo novo no presente. Por abordar nesta monografia a materialidade básica para a construção de uma vestimenta, que é o tecido com a qual ela é confeccionada, optei usar a palavra indumentária, pois se adéqua melhor aos processos de manuseio da matéria em questão, pois indumentária está relacionada com a arte do vestuário.

O interesse cresce no momento em que ingresso no curso de Licenciatura em Teatro da Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN, quando me deparo matriculado na disciplina de Figurino ministrada pelo Prof. Sávio Araújo no CENOTEC - Laboratório de estudos cenográficos e tecnologias cênicas no primeiro semestre em 2012. A disciplina incentivou a continuar investigando o processo de pesquisa relacionado ao tema e transformar o texto em imagem, assim como a prática do croqui e os métodos de reunir e traduzir ideias a partir da construção física de um portfólio. Os conhecimentos adquiridos nas disciplinas de Figurino, assim como na de Iluminação Cênica também do CENOTEC, na qual mergulhei

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curioso por entender melhor estímulos visuais causados pelos aparelhos projetores de luz para o teatro, assim como o interesse pela discussão sobre o comportamento da cor que foi tema de algumas aulas, também influenciado sobre a questão de luz e sombras causadas pela luminescência. A partir dessas considerações, comecei a estudar sobre as cores sempre com foco no vestuário para a cena, dentro do projeto de monitoria no Teatro Laboratório Jesiel Figueiredo (2016 a 2017), onde os alunos bolsistas1 desenvolveram uma caixa cênica com lâmpada de LED dicróica que iluminariam personagens em miniaturas para exemplificar didaticamente a relação da luz com o espaço, e observar interações entre cor luz e cor pigmento.

Neste momento, já com alguns trabalhos como figurinista e como assistente de figurino de João Marcelino2, percebi a gama de possibilidades de materialidades, assim como erros e acertos da prática profissional quando misturando tecidos diferentes em uma única peça, como a transformação de objetos diversos que bordam e que valorizam a tridimensionalidade a peça. É dentro de um atelier que começo a investigação nos mais variados tipos de tecidos e com o apoio teórico de Pezzolo (2013), pude me aprofundar nos assuntos que envolvem os tecidos, como: fibras, fios, tecelagem, surgimento e história dos materiais têxteis, tenho acesso a um mundo até então desconhecido, que são os conhecimentos técnicos da área têxtil, onde o Salem (2010), apresenta os tipos de fibras, processos de tingimento e a tecnologia necessária para a produção dos filamentos e fios. Por este motivo a presente monografia busca propagar de forma didática conhecimentos essenciais relacionados à área de figurino para estudantes que se interessem pelo tema. Buscando mesclar o conhecimento têxtil com a arte efêmera da interação de cor luz e cor pigmento, começarei este trabalho falando sobre a origem dos fios, que são as fibras, assim como a origem de extração. Portanto o capítulo um alinhava em ordem sequencial a origem das fibras e de extração, separando por tipos e mostrando de onde são extraídas, a partir desses conhecimentos, chegamos aos filamentos ou simplesmente fios, que tecem os tecidos. Quanto aos tecidos, apresento as diferenças assim como o possível comportamento a partir da estrutura de tecelagem, essas diferenças estão diretamente ligadas à ordem de trama dos fios,

1

Projeto de Fomento às Atividades do Teatro - Laboratório Jesiel Figueiredo. Bolsistas: Juciê Borges, Lucifran-klin Vitorino e Camila Thiago então mestranda do PPGarC.

2

João Marcelino, artista nascido no município de Macaíba, no estado do Rio Grande do Norte. Renomado figurinista, diretor de teatro e diretor artístico.

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são eles: tecidos planos, malhas e nãotecidos. Quanto aos nãotecidos, sabemos que são materiais utilizados com frequência em diversas áreas do meio profissional e a Associação Brasileira das Indústrias de Nãotecidos (ABINT, 2001), disponibiliza um catálogo com instruções de processos industriais, que permite compreender a necessidade e importância desse ‘novo’ material. De forma acessível, o presente conhecimento é a base para que um estudante de figurino possa identificar e levar em consideração as diferenças na hora de elaborar um projeto.

Percebendo e compreendendo as diferenças de fibras e tecidos, procurei falar dos diferentes processos de tingimento de um artigo têxtil. Esses processos, que englobam o beneficiamento do tecido podem ser feito de diversas formas, tanto na indústria, no atelier, ou em nossas casas. No segundo capítulo abordo os tipos de corantes que aplicados à fibra natural e sintética, para mostrar que a qualidade da cor pigmento interfere diretamente no resultado do trabalho. A cor, fenômeno químico e físico importante para a materialidade cênica e seus elementos visuais, é o estudo principal desta monografia com objetivo de observar as interações dessas matérias. Como afirma Pedrosa (2009) à cor não tem existência material, quanto ao pigmento, esta é apenas uma sensação causada por certas organizações nervosas motivadas pelo estímulo do feixe de luz. Procuro de forma objetiva mostrar a importância da estampa, assim como uma possível reflexão sobre os temas e motivos das estampas, que na cena teatral muitas vezes ajudam a dar textura e sublinhar alguma característica da persona.

A partir da compreensão dos assuntos citados nos parágrafos acima, começo a costurar as teorias de luz, relacionada à teoria tricromática conhecida como RGB (Red, Green and Blue, vermelho, verde e azul) da mesma forma abordo a teoria de cor pigmento conhecida como CMYK (Cian, Magenta, Yellow and Black). Essas teorias são a base para a obtenção do resultado da observação desse trabalho, onde me inspirei no método de trabalhar do Johannes Itten, professor da escola Bauhaus. Sua metodologia era baseada na observação das materialidades em relação à luz e provocava em seus alunos a discussão do que fora observado. Como pintor, Itten sabia que luz e sombra são de extrema importância para configurar a tridimensionalidade em uma superfície plana e ampliar sua expressividade, fenômeno que o fazia instigar seus alunos a pensar sobre o objeto observado perguntando se era grande, pequeno, leve e pesado sob diversas relações entre

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cores, formas e luzes. Dessa maneira, reuni alguns artigos têxteis, de cores, texturas e fibras diferentes e observamos sob cinco fontes de luz com temperaturas de cor: fria, quente, azul, verde e vermelho. Nestas interações entre o caimento do tecido que geram as zonas de luz e sombra, com os possíveis resultados da aplicação de cor luz sobre cor pigmento, com objetivo de demonstrar que a cor pigmento é efêmera, pois depende da luz para ser enxergada, assim como a interação da luz artificial do teatro altera consideravelmente a nossa percepção em relação às indumentárias na cena, pois a luz pinta os tecidos no momento em que entra em contato com o pigmento.

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2 O QUE É TECIDO? TRAMAS E TRANÇADOS

Para falar na criação de figurino, todo profissional procura inspiração nas mais diversas áreas do conhecimento dentre elas identificamos a História da Indumentária, que aborda o período da pré-história até os dias atuais. A palavra Indumentária que vem do Latim Indumentum significa “arte do vestuário, história do vestuário, uso do vestuário em relação às épocas ou povos”. (FERREIRA, 1975. p. 760). É evidente que desde o princípio em diferentes sociedades e culturas os seres humanos buscaram uma forma de se cobrir, em cada período por motivos diferentes como clima, atividade desenvolvida pelo indivíduo, crenças. Não ficou restrita apenas a segunda pele, mas procuraram desenvolver acessórios que auxiliassem na caça surgindo às primeiras bolsas. Ao longo desse processo das culturas humanas sabe-se dessa constante procura por um vestuário adequado. Segundo o conceito científico da evolução do Homo Sapiens no período Glacial ou Era do Gelo, o mesmo teria utilizado inicialmente a pele de animal a partir da caça para se cobrir, onde usavam a técnica de mascar e em seguida de sovar para manter a pele macia para que pudesse se adequar as formas do corpo. Segundo o mito religioso bíblico, Adão e Eva teriam utilizado o material orgânico/vegetal para se cobrir, ou seja, independente da origem dos primeiros humanos a habitar a Terra a matéria de construção apresenta-se tão importante quanto o desenho final de uma roupa.

Na história da Moda e História das Artes, podemos entender todo o processo de evolução do vestuário, o que define que a cada período foi desenvolvido uma vestimenta diferente, os motivos foram e são muitos até os dias atuais, as cores, a modelagem e o material têxtil que se tornaram um código e signo de identificação social, como diz PAVIS (2007) no Dicionário de Teatro: “A história do figurino de teatro está ligada à da moda da vestimenta, mas, ela a amplia e estetiza de maneira considerável”.

Com o desenvolvimento das sociedades e suas civilizações, e as trocas comerciais de produtos incluindo tecidos permitiram que a cada período houvesse uma evolução referente à construção da roupa. Acredita-se que o primeiro tecido tenha sido o feltro, seguido pelo algodão, e depois a seda. As cores receberam ao longo dos tempos fortes significados mundiais de acordo com o pigmento atingido e de como e onde eram extraídos/feito. O domínio da prata e do ouro seduziu alguns

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artesãos que desencadearam novos adereços e adornos, tanto para bordados, quando para acessórios de cabeça, pescoço, braço, dedos e tornozelos, o que acentua e diferenciava cada tribo e que podemos identificar nas pinturas que a construção da imagem era de fácil leitura, “O que inicialmente teria tido somente sentido prático, adquiriu sentido estético e de embelezamento, e os melhores caçadores ostentavam as melhores peles”. (BRITTO, 2016).

A ligação humana com o ser divino, fez com que desde o período Paleolítico fosse desenvolvido acessórios de joalheria e cintos, que as primeiras civilizações acreditavam que tinham ligação com os Deuses, os rituais e cerimônias que são espetáculos exigem uma indumentária específica, sendo assim um instrumento de hierarquia, comunicação, tornando o figurino teatral um instrumento presente de importante linguagem desde a antiguidade

O figurino é, no entanto, tão antigo quanto à representação dos homens no ritual ou cerimonial, onde o hábito, mais do que qualquer outro lugar, sempre fez o monge: os sacerdotes gregos de Elêusis, assim como os padres dos mistérios medievais usavam trajes também utilizados no teatro. (PAVIS, 2007. Pg. 168).

No Atelier de criação de indumentárias todos os tipos de materiais pode se transformar em vestuário, tanto no corpo como base (segunda pele), ou como bordado ou acabamentos. Hoje, na segunda década do século XXI vivemos em meio ao avanço da indústria têxtil e o acesso às novas tecnologias desenvolvidas nos mais diversos países, o que permite ao consumidor encomendar peças de tecidos de qualquer lugar, ou simplesmente criar uma estampa em casa e receber a mesma impressa em tecido por meio de técnicas do Silk screen (Serigrafia), que se adapta aos mais diversos tipos de superfície, seja os mais variados tipos de tecidos ou plásticos, metal, porcelana etc. E a Sublimação, que também é uma técnica de estamparia porém é aceita apenas sob o Poliéster, que é uma substância sintéticas. Todas essas possibilidades potencializa o trabalho do costume design, que pode construir uma indumentária rica em textura, estampa, e que se tornam peças exclusivas do espetáculo se usadas de acordo com a linguagem artística e as personalidades dos personagens, como diz PAVIS (2007) “O que importa é a evolução do figurino no decorrer da representação, o sentido do contraste, a complementaridade das formas e das cores”.

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O tecido que vem do latim Textilis, que quer dizer tecido, de texere que significa: urdir, tecer, entrançar, trançar é um material composto por fios de trama e urdume que podem ter origem de fibra natural, artificial ou sintética, podendo ser materializado por uma sequência organizada ou não dessa matéria prima, no processo tradicional dividimos em duas categorias, são elas: tecido plano e tecido de malha, no processo final de fabricação são obtidos o resultado de uma placa que conseguimos moldar, cortar e costurar. A estrutura de cada categoria de tecido muda de acordo com a trama e a quantidade de fios, assim como a gramatura da linha. Dentro desse sistema, encontra se uma categoria que engloba todos os tipos de tecidos, que são os panos que vem do latim pannus e se refere a pano, tecidos, trapo, farrapo, cueiro, faixa, saco. O pano se refere tanto aos meios tradicionais que são construídos no tear, como os nãotecidos que surgem com o desenvolvimento da tecnologia na área têxtil e o reaproveitamento dos diversos tipos de materiais que permitiu que desenvolvêssemos uma gama de tecidos e nãotecidos que se adéqua a cada situação incluindo, temperatura, resistência, rígida ou mole, fosca ou brilhosa, com textura, sólida ou transparente. É importante destacar que tanto os processos tradicionais como modernos utilizam técnicas diferentes de fabricação devido aos diversos tipos de extração de fibras. Com o desenvolvimento da tecnologia e as novas demandas do século XX no ramo do vestuário, a indústria além de investir fortemente na criação e produção de novos tecidos passou a pesquisar novas formas de aproveitar determinados materiais, tanto para fins de reciclagem como para conquistar outro nicho de mercado, foi aí que surgiram os nãotecidos, que entraram no mercado a partir da reciclagem, reaproveitamento das sobras dos próprios tecidos, do látex e do petróleo, assim como os mais variados processos de fabricação. O que é um nãotecido? É uma manta que pode ser moldada, cortada e costurada. Seu processo de construção é completamente diferente do método tradicional, aqui não existe uma ordem sequencial de fios como os de trama e urdume que é a base para os tecidos tradicionais, mas de toda e qualquer matéria, seja de origem natural ou sintética ou de reciclagem. Segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Nãotecidos (ABINT), existem três categorias para a produção dos nãotecidos em fase de construção da manta, são elas: via seca, via úmida, via fundida, após ser construída a mesma passa pelo processo de finalização onde recebe tratamentos de acordo com a matéria prima, esse processo final aumenta a resistência e faz o acabamento, para poder chegar ao mercado, os

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procedimentos utilizados são: Mecânico, químico e térmico. O beneficiamento dos nãotecidos pode ser simples ou mais rebuscado, o que irá definir a qualidade destes será a utilidade desse material no mercado. A ABINT cita três formas tradicionais de se obter um acabamento na finalização da manta

Após a formação do véu ou da manta é necessário realizar a consolidação (união das fibras ou filamentos), que em grande parte dos nãotecidos também dão o acabamento necessário para o produto final. Existem três métodos básicos para a consolidação/acabamento de nãotecidos, que também podem ser combinados entre si: Mecânico (fricção); Químico (adesão); Térmico (coesão). (ABINT, 1999/2001, p. 6).

Para a materialização dos tecidos encontramos no mercado uma grande variedade em linhas, que deriva das mais variadas fibras, tanto em textura como na gramatura, a indústria desenvolveu um tipo de linha para cada tipo de tecido, essas podem ser usadas para a construção de uma lâmina de tecido, para costurar ou simplesmente para adornos, bordados ou acabamentos. As linhas em algodão, normalmente são usadas para tecidos planos e normalmente na máquina reta, temos as linhas com elastano, para malhas ou tecidos/nãotecidos que devido a sua estrutura possibilita esticar de acordo com o movimento, as linhas em poliéster que tem uma alta tenacidade, boa resistência e costurabilidade é a linha coringa, pois pode ser usada em diversos tipos de matéria prima sem causar danos. Todos os tipos de linhas citados à cima são usados para a construção de um tecido de ordem clássica, incluindo tecidos planos e malhas. As fibras provenientes de Animais, Vegetais e minerais são extraídos da natureza, meio ambiente por processos naturais que são considerados básicos e clássicos que é tirado de origem animal, mineral e vegetal. A de origem animal é utilizada para a fabricação de Lã e seda, a de origem mineral (amianto) que é uma variedade fibrosa de sais minerais metamórficos de ocorrência natural moldável e altamente resistente que são usados para fabricação de materiais altamente rígidos e resistentes e as fibras de origem vegetal que resultam em Juta, Cânhamo, Linho e sisal. Temos também as fibras (filamentos) sintéticas que são produzidos pelo homem usando como matéria prima, produtos químicos da indústria petroquímica. Esses materiais são transformados em poliéster, poliamida, acrílico, polipropileno, poliuretano elastomérico além das aramidas (Kevlar e nomex).

Segundo Kuasne (2008) podemos classificar as fibras têxteis de uma forma racional da seguinte forma:

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Quadro 1 Grupos de fibras

Fibras Naturais: Animal, vegetais e mineral. No grupo dos animais incluem-se todas as fibras produzidas por animais, nas fibras vegetais, todas as fibras compostas por celulose e que se encontram na natureza já em forma de fibras e nas minerais, as rochas fibrosas.

Fibras não naturais: Fibras têxteis artificiais, sintéticas, orgânicas, inorgânicas e metálicas. Nas artificiais, a que se pode chamar também regeneradas, incluem-se as fibras cuja estrutura química final é a mesma ou muito próxima da matéria prima que lhe deu origem como, por exemplo, a celulose (polpa da madeira), no grupo das sintéticas orgânicas incluem-se as fibras obtidas por síntese a partir de matérias primas orgânicas que é hoje o grupo com maior relevo quanto à produção e consumo mundiais, no grupo das sintéticas inorgânicas incluem-se as fibras de vidro e finalmente as fibras metálicas são constituídas por metais podendo este grupo ser considerado também como de fibras regeneradas.

Fonte: KUASNE, Angela. Curso têxtil em malharia e confecção 2º módulo: fibras

têxteis – Araranguá, SC: Ministério da educação, 2008.

A partir dos tipos de fibras, que formam as bases para desenvolver os mais diferentes tipos de materiais. Esses resultam nos tecidos Planos, Malhas, Nãotecidos e aviamentos como: bicos, fitas, viés, galão etc. Cada tipo tem uma estrutura diferente, que pode ser construído no tear com pontos e agulhas diferentes, tanto no processo de seleção de fibras como na ordem das tramas e como são traçadas.

2.1Fibras e fios

Para que possamos compreender a estrutura de um tecido, assim como o caimento e o comportamento do mesmo no espaço iluminado é preciso conhecer sua característica física, mais do que os variados tipos de tecidos que encontramos no mercado. Isso está ligado à origem do fio e a matéria prima que é utilizada para a produção do mesmo. Vamos entender de onde são extraídos e o efeito deles na composição do tecido. Como diz EDWARDS (2012) “materiais fundamentais para a confecção da maioria dos têxteis, os fios são produzidos por fibras, tanto naturais quanto químicas (estas, divididas entre artificiais e sintéticas)”. Segundo o que nos diz a história da indumentária o homem nômade começou aos poucos a substituir o uso de peles pelas fibras que encontraram na natureza, observou em suas viagens

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que alguns caules soltavam uma fibra quando em contato com rios, lagoas ou poças de água, analisaram que essas fibras eram facilmente moldáveis e resistentes, passaram então a utilizá-las em amarrações, como diz PEZZOLO (2013)

Cascas de árvores, fibras de caules e de folhas foram inicialmente tramadas para abrigo nas cavernas. As mais maleáveis acabaram sendo usadas na proteção do corpo. A utilização de fibras vegetais em tecelagem é provavelmente tão antiga quanto à agricultura. (p. 118).

Até então era comum o uso de peles de animais e nesse momento o costume significava mais do que a simples proteção climática. As novas fibras vegetais permitiram um avanço tecnológico e de novas possibilidades de vestuário, assim como o conforto. As fibras vegetais que até hoje são extraídas de sementes e frutos, caules e folhas permitiu que o homem investisse numa nova forma de se cobrir, é ai que as fibras começam a passar por um processo químico e se transformam em fios e finalmente é criado o primeiro tear, que inicialmente foi vertical. Algumas fibras também são extraídas de pêlos de animais, como: carneiro, cabra, coelho, lhama, alpaca, camelo, vicunha e iaque, que produzem a lã. Já as fibras provenientes de animais como: cavalo, asno e boi são extraídos da crina e, da lagarta é produzido o fio da seda. Por muitos séculos e até o presente momento os fios que advém desses animais e vegetais são extremamente valorizados pelo mercado pela qualidade que apresenta. Porém, a constante pesquisa na área têxtil fez com que fibras químicas de boa qualidade surgissem nos laboratórios. Essas por sua vez, podemos classificar em duas categorias, são elas: artificiais e sintéticas. As artificiais resultam em fibras de raiom, feitas de acetato e viscose, modal, tencel liocel, que advém da matéria prima vegetal. Outras são as que resultam de estudos de matéria-prima natural mineral: amianto, fibra de carbono, vidro e metálica. De matéria-prima natural animal tem o lanital. Das fibras sintéticas que são obtidas do petróleo temos: acrílico, elastano (lycra), poliamida (náilon), poliéster e polipropileno. Esse constante estudo por fibras artificiais são provenientes das necessidades da vida moderna e das mudanças ambientais, como diz Pezzolo “os laboratórios têxteis se cercam dos mais variados processos para chegar o mais próximo possível das fibras naturais – vegetais ou animais” (PEZZOLO, 2013 p.119). Toda essa tecnologia influencia diretamente a nossa relação com o tecido, tendo em vista que o mesmo é o resultado de uma sequência lógica de fios que são produzidos pelas fibras. Todas as fibras citadas acima são matérias primas utilizadas separadamente para a

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construção de um fio, mas um único tecido pode conter em sua estrutura vários tipos de fios diferentes. Como diz Edwards: “Os diversos tipos de fios apresentam propriedades distintas, que afetam a aparência final de um padrão ou desenho no tecido”. (EDWARDS, 2012 p.26) Este por sua vez terá resultado visto a olho nu de fosco, opaco, brilhoso, fino, grosso, com ou sem elasticidade, que consequentemente mostrará à resistência do fio que está ligado a qualidade. Quando o fio já passou por todos os processos químicos e de torção ele é inserido no tear ou simplesmente em carretel embalados e distribuídos para lojas especializadas, onde encontramos facilmente para máquinas ou em tubos menores para costuras rápidas, nesse último caso o processo de fabricação do fio é diferente. Aespessura do fio resultará na gramatura do tecido, a origem da fibra, resultará na elasticidade, resistência e brilho. Todos de extrema importância para o resultado que se quer obter em uso seja no figurino teatral, cenografia, decoração ou na moda.

“A lã, antes de ser fiada, já era usada de modo compactada, prensado, como um não tecido primitivo”, (PEZZOLO, 2013. p. 118). O não tecido, ainda que numa estrutura primitiva, já estava presente na vida dos povos antigos, assim como o feltro que fora criado inicialmente. O cuidado com a matéria-prima seja ela qual for tem início no cultivo, no caso da lã que foi citada anteriormente, até a parte do animal que é retirada influência em sua qualidade. Abaixo apresentaremos os mais variados tipos de extração de fibras.

2.2 Fibras

A fibra é a matéria prima mais importante para a fabricação de um artigo têxtil, ela é a origem do produto. Suas características químicas terão influência direta na visibilidade do tecido, essas, por sua vez, tem um longo caminho até se transformarem efetivamente em tecido. Esse processo é conhecido como beneficiamento têxtil, no qual primeiramente elas são dissolvidas e tem suas partes solidamente ligadas, homogeneizadas, e, em seguida, passam por diversas máquinas que estiram transformando em filamentos, algo fino e comprido, e depois dão a torção, essa torção está ligada à gramatura do fio e sua resistência. Os filamentos que são contínuos, ou seja, tem longo comprimento em metros, podem sofrer nessa fase do processo uma modificação física que é a texturização. Abaixo, apresentaremos cinco tabelas contendo os mais variados tipos de fibras, são elas:

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naturais, artificiais naturais, fibras artificiais de origem proteica, fibras de matéria-prima mineral e as sintéticas. A partir do tipo de fibra, é possível identificar o comportamento que o tecido terá após a tecelagem, no sentido da lustrosidade, elasticidade se houver e do possível caimento. A tabela identifica que algumas dessas fibras sintéticas artificiais substituem algumas de origem natural, como é o caso das microfibras, que substituem a seda devido a sua maciez, leveza no caimento e a cintilância que é um resultado obtido devido às dimensões estruturais das microfibras. Algumas dessas fibras são utilizadas 100% na construção de uma lâmina de tecido, como é o caso do algodão, seda, lã dentre outras que encontramos facilmente no mercado. Com o aparecimento de novas fibras e as possíveis possibilidades em obtenção de em um único fio conter em sua estrutura a inclusão de outras fibras, essas que somadas há outras ampliam a resistência, elasticidade e a usabilidade do tecido.

Ao comprar um tecido ou até mesmo uma peça de vestuário, em sua etiqueta consta a informação da composição do produto, ou seja, do tecido. A medição varia de 0 a 100%, Ex: 70% Algodão e 30% Poliéster. Ao obtermos uma etiqueta de identificação semelhante ao exemplo, temos uma peça mista, devido à mistura de matéria prima, esses dois tipos de fibras cuja origem é diferente, implicará, portanto na manutenção da peça que exigirá cuidados diferenciados seja nas instruções de lavagem ou de engomar, o comportamento dessa peça no espaço também será diferente. O fato é que a interferência seja ela de 3, 5 ou 70% resultará em um tecido com aspecto e visibilidade diferenciada, tendo a aparência mais dura e plástica se em sua composição tiver alta porcentagem de fibras sintéticas, ou mais maleáveis e sinuosos caso seus fios tenham origem natural, ou seja, feito com finos filamentos. 3% de determinada fibra, principalmente se for sintética, de origem do petróleo ou metal apresenta brilho, e esse tecido absorverá 50% de luz e refletirá os outros 50%. Normalmente os fios compostos em sua totalidade por fibras animal natural absorvem a luz, apresentando nova cor em sua superfície. A seda, que é extraída de origem animal, apresenta certo brilho em seus fios, este por sua vez absorve e ao mesmo tempo reflete a luz que incide sobre ele, normalmente onde há a maior incidência de luz no tecido desse tipo a cor obtida é o branco ou tons de amarelo a depender da intensidade de luz projetada sobre o objeto.

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fibras utilizadas na indústria têxtil, apresentaremos nas tabelas abaixo, a origem de extração das fibras utilizadas para a confecção de tecidos, buscando diferenciar, classificar e exemplificar cada tipo, sendo dividido por área, assim como, apresenta detalhes importantes que interfere na qualidade do filamento que será produzido pela fibra.

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Fibras de origem natural:

Vegetais:

Sementes e frutos:

Algodão A fibra, assim como o tecido composto por 100% do fio de algodão aceita facilmente o tingimento, absorvendo todas as cores de tintas sem nenhuma dificuldade, o tecido de algodão absorve a cor luz e quando somadas a cor do pigmento se transforma.

Fibra de bananeira Como o nome já diz ela é extraída de uma bananeira especial, que não dá fruto, proveniente da China, mais precisamente da região de Okinawa. O tecido construído com essa fibra é feito até os dias atuais de forma artesanal e o resultado final é parecido com a cambraia, ou seja, um tecido fosco, sem brilho. As fibras do miolo do caule são finas e resultam numa espécie de cambraia, também fina. (Pezzolo, 2013 p. 124).

Caules Cânhamo É uma fibra extraída das espécies de plantas cannabis sativa. “as

fibras do cânhamo, embora mais rústicas, possuem propriedades comparáveis às do linho”. (Pezzolo, pag. 123).

Linho É uma fibra extraída da entrecasca do caule da planta linum usitatissimun. “A fibra de linho não é constituída de celulose tão pura quanto o algodão e tem comportamento químico semelhante a este”. (SALEM, 2010. p. 31). A fibra de linho assim como o algodão absorve cor luz.

Juta Fibra rústica proveniente de plantas pertencentes ao gênero Corchorus normalmente usada para fabricação de saco, embalagem, cordas, tecidos para revestimentos etc. A juta, por conter composto de composição semelhante ao tanino, é tingida com corantes básicos, sem prévia mordentagem. (Salem, 2010 p. 31).

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Fibras de origem natural:

Vegetais Rami Fibra da planta rami, da família das urticáceas (Boehmeria nívea), de ori-gem asiática. O tecido produzido com essa fibra, semelhante ao linho, é usado principalmente em decoração (cortinas, forração de móveis, etc.).Pellozo, 2013 p. 124)

Ráfia Esta fibra é extraída de palmeiras africanas e americanas. Como diz Pez-zolo “A tecelagem se destina à montagem de chapéus, bolsas, calçados, esteiras, toalhas para mesa e bandeja”. (2013, p. 124).

Animais Extraído de partes extratégicas do pelo dos animais: Carneiro, cabra, Coe-lho, Lhama, Alpaca, Camelo, Vicunha, Iaque, Cavalo, Asno, Boi. Segundo Salem em relação aos pelos dos demais animais: “As propriedades quími-cas e tintoriais são, em princípio semelhantes as da lã. (Salem, 2010 p. 32)

Seda Produzida pela lagarta da espécie: Bombix mori que se alimenta unica-mente de folhas de amoreira. Cada lagarta produz cerca de 1.000,00 me-tros de fio de seda, cada fio tem em sua composição 70% de fibroína e 30% de sericina que é conhecida como cola da seda. Devido a sua com-posição química natural a seda é lustrosa, permitindo que absorva 50% e reflita 50% do faixo de luz incidida sobre ela.

Conclusão Fonte: PEZZOLO, Dinah Bueno. Tecidos: história, tramas, tipos e usos. 4ª Ed. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2013.

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QUÍMICOS.

Fibras químicas artificiais de polímeros naturais:

Viscose Fibra artificial de celulose, fabricada a partir de cavacos de madeira de árvores pouco resinosas ou do línter da semente do algodão. Segundo Pezzolo “Os fios e fibras de viscose são semelhantes ao algodão em absorção de umidade, resistência à tração, maciez do toque e caimento”. (Pezzolo, 2013 p. 129). A viscose é uma fibra utilizada nos tecidos planos e malhas

Acetato de celulose É uma substância pertencente ou extraído do sal ou éster do ácido acético, como diz PEZZOLO (2013) Esta fibra (também chamada raiom acetato) é produzida pela reação da celulose com anidrido acético e ácido acético, na presença de ácido sulfúrico. Em seguida, o produto é hidrolizado para remoção do ácido sulfúrico e grupos sulfato e acetato, chegando às propriedades desejadas. (p. 130)

Fonte: PEZZOLO, Dinah Bueno. Tecidos: história, tramas, tipos e usos. 4ª Ed. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2013.

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TABELA 3 – FIBRAS ARTIFICIAIS EXTRAÍDAS DE MATÉRIA PRIMA PROTEICA

Fibras artificiais de origem proteica

Lanital Esta fibra é derivada da caseína do leite e não é encontrada no mercado brasileiro.

Vicara Fibra derivada da proteína do milho, não é produzida no Brasil.

Soybean Fibra derivada da proteína da soja, esta também não é produzida no Brasil.

Ardil Fibra derivada da proteína do amendoim, também não é produzida pelas indústrias do Brasil.

Tencel Obtida da celulose da polpa da madeira de árvores específicas. Essas árvores são híbridas, produzidas geneticamente com a finalidade de fornecer uma polpa mais branca e de melhor qualidade. (Pezzolo, 2013 p. 130)

Modal Fibra ecologicamente produzida da celulose encontrada na madeira acrescenta características de conforto, maciez e suavidade aos tecidos. O modal absorve 33 % mais água que o algodão e evapora quatro vezes mais rápido – essa é a razão de proporcionar o chamado conforto seco”. (Pezzolo, 2013 p. 131).

Fonte: PEZZOLO, Dinah Bueno. Tecidos: história, tramas, tipos e usos. 4ª Ed. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2013. SALEM, Vidal. Tingimento têxtil: fibras, conceitos e tecnologias. São Paulo: Blucher: Goldeb Tecnologia, 2010.

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TABELA 4 – FIBRAS EXTRAÍDAS DO MINÉRIO

Fibras químicas artificiais obtidas de matéria-prima mineral

Amianto Pertence a um pequeno grupo de fibras pouco comuns nos dias atuais para fabricação têxtil. “Grupo pouco extenso, constituído de fios metálicos, de amianto e de lã de vidro”. (Salem, 2010 p. 34) O amianto é uma fibra proibida em diversos países devido a sua estrutura química ser diretamente prejudicial à saúde. Segundo a ABREA, Associação Brasileira dos Expostos ao Amianto: É neste sentido que defendemos o banimento imediato do amianto e a reconversão produtiva das plantas industriais com manutenção dos níveis atuais de emprego.

Carbono É um elemento químico encontrado na natureza cristalizado ou amorfo, utilizadas normalmente para a confecção de acessórios. As fibras, normalmente são leves e resistentes, estas são elaboradas de fibras acrílicas, celulósicas.

Metal Fios de ouro, prata, platina, alumínio, cobre e certas ligas de aço podem ser utilizados na realização de produtos especiais. A indústria aproveita suas propriedades na fabricação de materiais de alta resistência mecânica ou térmica. Os fios metálicos são usados sozinhos ou associados a outros tipos de fibras. (Pezzolo, 2013 p.133)

Vidro Incombustível e dotado de grande resistência, a fibra de vidro é vista hoje como excelente material tanto para a elaboração de tecidos usados na proteção contra o fogo como para a fabricação de materiais isolantes e de construção. (Pezzolo, 2013 p. 134) Fonte: PEZZOLO, Dinah Bueno. Tecidos: história, tramas, tipos e usos. 4ª Ed. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2013.

SALEM, Vidal. Tingimento têxtil: fibras, conceitos e tecnologias. São Paulo: Blucher: Goldeb Tecnologia, 2010. Www.abrea.com.br/o-amianto/amianto-no-brasil.html

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Fibras químicas de polímeros sintéticos

Acrílico Fibra obtida por síntese de diferentes elementos extraídos do carvão, petróleo e cálcio, pode ser misturada com a maioria das outras fibras, naturais ou sintéticas. (Pezzolo, 2013 p. 135)

Elastano ou fibras de poliuretano As fibras elastoméricas exercem papel complementar em relação às demais fibras têxteis (naturais ou químicas): sua função específica é conferir elasticidade aos tecidos convencionais (de malha ou planos), o que permite confeccionar peças de vestuário que aderem ao corpo, acompanhando-lhes as formas sem tolher os movimentos. (Pezzolo, 2013 p. 135)

Poliamida ou fibras poliamídicas A resina de poliamida é a substância básica formadora do náilon. Trata-se de um composto obtido pela polimerização de aminoácidos ou pela condensação de diaminas com ácidos dicarboxálicos. (Pezzolo, 2013 p. 135 e 136)

Microfibra Filamentos extremamente finos provenientes de fibras de acrílico, poliamida ou poliéster que surgiram no mercado na década de 1990. (Pezzolo, 2013 p. 137) Estas por sua vez, apresentam características de maciez comparável a seda, sendo o seu custo/benefício melhor.

Tactel Marca registrada da DuPont, 100% poliamida, é um tipo de microfibra cuja estrutura possui fios texturizados a ar, o que a torna capaz de alta secagem (principalmente quando exposta ao sol) e permite alta transpiração. (Pezzolo, 2013 p. 137)

Supermicrofibra Ainda mais fina que a microfibra tradicional, resulta em produtos extremamente leves, macios e confortáveis. O tecido feito com a SuperMicrofibra apresenta outras características positivas: é durável, fácil de lavar, possui secagem rápida e dispensa ferro de passar; mantém suas cores mesmo após várias lavagens; proporciona contato agradável; possui respirabilidade”. (Pezzolo, 2013 p. 137)

Poliéster Produto da reação de policondensação do ácido tereftálico com etilenoglicol. (Salem, 2010 p. 36)

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Fibras químicas de polímeros sintéticos

Polipropileno Não se trata de uma fibra importante para o vestuário ou para o uso doméstico. Mas, por causa da sua elevada inércia química, leveza e resistência à umidade, à abrasão e à ação de mofos e bactérias, torna-se ideal para a produção de sacarias (ela protege os produtos assim acondicionados) e forrações de interiores e exteriores. É usada também na fabricação de feltros e estofamentos”. (Pezzolo, 2013 p. 138).

Conclusão Fonte: PEZZOLO, Dinah Bueno. Tecidos: história, tramas, tipos e usos. 4ª Ed. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2013.

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2.3 Tipos de tecidos

Como vimos acima, temos no mercado popular três classes de tecidos, cada uma se diferencia pela estrutura, que interfere diretamente na confecção de produtos, devido à gramatura, textura, maleabilidade, aderência e o brilho que pode somar ou subtrair. Da roupa ao uso medicinal (faixas e curativos), a estrutura de materialidade é a mesma porque estamos falando de vestuário para a cena e nesse caso tudo se transforma. Para entender melhor, vamos exemplificar as estruturas de cada tipo de tecido, começando pelo:

2.4 Tecido plano:

são resultantes do entrelaçamento de dois conjuntos de fios que se cruzam em ângulo reto. Os fios dispostos no sentido horizontal são chamados de fios de trama e os fios dispostos no sentido vertical são chamados de fios de urdume. Tecido Plano: é uma estrutura produzida pelo entrelaçamento de um conjunto de fios de urdume e outro conjunto de fios de trama, formando ângulo de (ou próximo) a 90º.

• Urdume: Conjunto de fios dispostos na direção longitudinal (comprimento) do tecido.

• Trama: Conjunto de fios dispostos na direção transversal (largura) do tecido. (PEREIRA, 2009, p. 42)

O entrelaçamento rígido do fio de trama e urdume criam uma superfície de tecidos que não estica, a gramatura pode variar, pois estão associadas à espessura do fio. Essa estrutura compõe uma vasta gama de tecido entre os leves e transparentes assim como podem ser densos. Os mais grossos é ideal para criar peças com volumes e formas mais expressivas, pois mantém o desenho original. Normalmente esses panos têm uma origem mais nobre, pois são produzidos com fibras naturais e sintéticas que muitas vezes são mais demoradas e tem um processo mais caro. Exemplos: cetim, seda pura ou mista, sarja, shantung, lã e tricoline, algodão, brim sem elastano. Vale salientar que a estrutura por trama e urdidura mantém o tecido mais firme, por esse motivo ele (o tecido) plano não estica. Podemos também encontrar pontos de trama e urdume mais fechados e mais abertos, quanto mais fechado for o ponto mais rígido será o tecido, nesse caso a porosidade do mesmo é praticamente nula, aumentando a temperatura e impedindo a circulação de ar, aumentando a sensação de desconforto.

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Figura 1 - Tecido plano.

Fonte: https://www.audaces.com/tipos-de-tecido-plano-x-tecido-malha/ 2.5 Tecido de Malha:

O tecido de malha é bastante diferente do tecido plano, devido a sua estrutura de tecelagem. Este pode ser tecido com apenas um fio colocado no tear como também pode ser por dois fios. O que vai diferenciar um tecido plano de um tecido de malha é a estrutura. A malha é tecida por laçadas e em momento algum ela é ponteada. As laçadas permitem que o tecido estique quando tensionado e volte ao seu tamanho normal quando não estiver submetido à tensão. Essa flexibilidade que é característica de um artigo de malha é o que permite que esta abrace qualquer tipo de forma e se adapte a ela da melhor maneira possível. O filamento normalmente é composto por elastano, o que permite que o fio dobre de tamanho sem quebrar, porém existem malhas no mercado que não possuem em sua composição o elastano e mesmo assim estica, o que altera nesse caso é a capacidade que ela poderá aumentar

Entretanto, deve-se notar que, se de um lado as características de flexibilidade e recuperação elástica são altamente interessantes na aplicação em determinados artigos, trazem implicitamente uma conseqüência bastante negativa em alguns casos que se reflete em “deformação” e problemas de “estabilidade dimensional”, o que torna difícil a aplicação de malhas em artigos em que a rigidez, a não deformação e o bom caimento são importantes. (PEREIRA, 2009, p. 47)

A aplicação e comportamento da malha é completamente diferente do tecido plano, devido a sua estrutura de laçadas que permite a possibilidade de esticar, ela se adapta melhor às curvas e as mais variadas formas permitindo o uso na

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cenografia. A rápida costura e o bom rendimento popularizou o uso do tecido que tem a vantagem e facilidade de tingimento, absorção do pigmento. Porém ela não aceita o mix com outros tipos de materiais, no sentido de união de costura do plano com a malha, a costura pode por muitas vezes se desfazer sem rasgar. Exemplos de tecido de malha: viscolycra, helanca, jersey, space dye, molinê, brim com elastano.

O que permite o estiramento da malha não é o tipo de fio, mas o uso do mesmo em formas de laçadas, podendo ser usado um único fio para a elaboração de um tecido. Como diz PEZZOLO (2013)

O tecido de malha é ainda elástico porque as laçadas podem escorregar umas sobre as outras, quando sob tensão, e retornar à posição inicial ao fim da solicitação. Outra propriedade da malha é a porosidade, o que lhe confere excelente conforto. (p. 222)

A porosidade da malha advém exatamente de sua estrutura, por laçadas que permite a esse tecido uma ventilação, permitindo a sensação de conforto e frescor na pele quando, por exemplo, o indivíduo é submetido a água ou suor. Em relação à malha podemos citar dois exemplos em sua fabricação: Malharia por trama, “formada por um único fio que corre continuamente ao longo da largura do tecido”. (idem, p. 223), e na malharia por urdume, “os fios são entrelaçados no sentido do comprimento do tecido”. (idem ibidem, p. 223).

Figura 2 - Tecido de malha

Fonte: https://www.audaces.com/tipos-de-tecido-plano-x-tecido-malha/ 2.6 Nãotecidos:

Conforme a norma NBR – 13370, não-tecido é uma estrutura plana, flexível e porosa, constituída de véu ou manta de fibras, ou filamentos, orientados direcionalmente ou ao acaso, consolidados por processos: mecânico (fricção) e/ou químico (adesão) e/ou térmico (coesão) ou combinação destes. (PEREIRA, 2009, p. 83)

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Os nãotecidos estão presentes no nosso dia a dia, eles estão nos carros, nas nossas casas, nos forros de estofados, almofadas, forros de roupas de frio etc. Essa estrutura composta por fibras cortadas ou filamentos contínuos que são distribuídos de forma aleatória e que são ligados por processos mecânicos, térmicos ou químicos permitiram uma nova possibilidade, esses materiais permitem funções como reforço, filtração, impermeabilização e erosão (desgaste lento de superfície). Hoje no mercado encontramos os mais variados tipos, podendo ser reflexivos, altamente brilhosos, texturizados, incolor ou de cores diversas. Essa nova possibilidade, está inserida no nosso dia a dia, nos bancos dos carros, almofadas, capas de chuvas, bolsas etc. Os exemplos mais comuns são o TNT e o feltro, esse por sua vez como disse PEZZOLO (2013) "O feltro resulta de uma mistura prensada de fibras animais. Pode ser classificado como um dos mais antigos materiais utilizados pelo homem como proteção. O feltro difere de qualquer outro material pelo fato de suas fibras não serem fiadas, nem tecidas, nem trançadas, nem tricotadas." Tecidos, história, tramas, tipos e usos. (p. 219).Essa categoria na verdade não é tão nova, ela teria surgido antes do tear, ou seja, dos tecidos planos, e da malha, com os povos nômades que substituíram o uso de pele pela praticidade do feltro, tendo eles observado como o emaranhado de pêlos de carneiro se comportava. O processo de construção desse material nos dias atuais é químico e complexo, algumas máquinas são essenciais para a obtenção de um resultado positivo. Abaixo podemos conferir os variados processos segundo a Associação Brasileira das Indústrias dos Nãotecidos – ABINT.

Figura 3 – Nãotecido.

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3 TECIDOS, PADRÕES E SUAS FORMAS DE COLORAÇÃO

Os tecidos, que fazem parte da história da humanidade, que contam e ilustram o costume de épocas, trazem em suas tramas, cores e tipos, signos históricos representativos. Hierarquicamente há os tecidos de origem mais nobres devido à complexidade de sua construção e os tecidos mais simples, cujo processo de extração de fibras, a tecelagem e o processo de tingimento é mais primário. Sabemos que um tecido e um nãotecido é um material à base de fios de fibras naturais, artificiais e sintéticas que composto de diversas formas torna-se lâminas maleáveis onde conseguimos moldar, dobrar, cortar e costurar. Além das gramaturas dos fios, que define se um tecido será leve ou pesado há os motivos, este último está ligado ao design de um têxtil, ou seja, a estampa, o motivo é a categoria que o desenho estampado se encaixa que são divididos em: mundo natural, floral, animal, estilizado, geométrico, abstrato, objetos, grades e listras, figuras humanas e figurativas, independente do motivo às formas de obtenção deste se dá através de variados processos, que podem ser por bordados, pelo tingimento dos fios antes de ser levada a tecelagem em que os temas são obtidos através do processo jacquard que é inserido no tear maquinetado um cartão perfurado com o padrão a ser desenhado, assim como os fios em suas respectivas cores, também pode obter um padrão por serigrafia, sublimação, plastisol e as impressões digitais, além das pinturas feitas à mão. A cor pigmento, que é um elemento de grande importância na indústria têxtil, pode ser obtida em diversas partes do processo de fabricação de um tecido, início, meio e fim, as técnicas aplicadas apesar de diferentes podem resultar em imagem pictórica de alta qualidade.

3.1 Processo de tingimento

Independentemente da origem da fibra, a cor obtida em um filamento em seu estágio inicial é o branco, bege ou amarelado, o que torna mais fácil a obtenção da cor pigmento no material. Normalmente a tinta ou corante utilizados para a obtenção de cor de um determinado artigo têxtil é sólida e pura, ou seja, um determinado tom de vermelho é gerado através de fórmulas exatas para a obtenção desta cor específica em uma determinada fibra, caso uma outra cor seja acrescentada no ato do tingimento, a cor obtida será a soma das duas, resultando em uma nova cor, portanto o sistema de cor pigmento é um sistema de subtração. A indústria têxtil

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trabalha com dois tipos de tingimento, os corantes e os pigmentos. Neste caso o processo de tingimento é considerado uma técnica que proporciona cor aos substratos por corantes ou pigmentos.

Os corantes são substâncias solúveis ou dispersáveis no meio de aplicações líquidas, normalmente dissolvidas em altas temperaturas, agindo, portanto quimicamente sendo absorvido pela fibra/fio mais rapidamente proporcionando maior durabilidade ao artigo. Os corantes devem proporcionar ao material cor sólida e intensa. Dentro desse processo, temos a forma adotada para a obtenção de cor, que é o tingimento contínuo e por esgotamento.

● Contínuo, o fio ou o tecido deve permanecer parado, enquanto que o corante age em movimento. Para a fixação de cor o objeto é colocado a calor seco, vapor ou repouso. Para obter cor uniforme em toda a dimensão do objeto, não deve haver dobraduras nem amarrações. Caso o tintureiro queira obter manchas ou degradê, deve ser feitas amarrações delimitando o espaço que se quer obter o efeito.

● Esgotamento, nesse caso o fio ou o tecido é submerso e mantém contato direto com o corante que fora dissolvido em substância líquida, os dois são mantidos em constante movimento para a total impregnação de cor no substrato têxtil e a cor é obtida pela substantividade, que é quando o corante passa da substância para a fibra. Caso o tintureiro queira obter manchas propositais, basta amarrar o tecido em pontos estratégicos, delimitando os espaços, o efeito da técnica neste caso é conhecido como Tie Dye.

Os pigmentos para a indústria têxtil são as tintas líquidas ou a jato, ou seja, substâncias prontas para colorir, como por exemplo, as tintas para tecidos que são facilmente encontradas em lojas de artesanato. Essas tintas, ou pigmentos já estão prontos para dar cor a um artigo têxtil, ou seja, não precisam de outras composições ou misturas químicas. Normalmente os tecidos são mergulhados em recipientes contendo os pigmentos e nesse caso pode ou não ter aumento de temperatura.

Um exemplo mais acessível para diferenciar as duas formas, são: imagine o corante em pó que encontramos em lojas de artesanato, desse tipo temos duas fórmulas químicas, um para tecidos sintéticos e outro para os de fibras naturais. Nas indicações de uso diz que devemos despejar o produto em água fervente, ou seja, em ebulição, em seguida o sujeito deve mexer para misturar o corante na água, para

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que em seguida seja submerso o material a ser tingido. Nesse caso, o corante tinge o fio, que passa pelo processo de substantividade. Outro exemplo prático que se encaixa no processo contínuo é o de um tecido de cor clara, em que o sujeito quer obter outra cor sólida, pega-se uma tinta para tecidos e com um pincel ou por imersão do mesmo em um recipiente com a tinta ele é submerso nessa substância, em seguida é estirado e deixado secar a vapor ou ao natural, a cor obtida será superficialmente na face do tecido.

Figura 4 - Corante para tingir fibras de origem natural.

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Figura 5 - Instruções do fabricante para tingimento.

Fonte: Pierre Keyth

Figura 6 - Corante para tingir fibras de origem sintética e lustrosa.

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Figura 7 - Instruções do fabricante para tingimento.

Fonte: Pierre Keyth

Os diferentes tipos de matéria-prima, fez com que surgissem diversos tipos de corantes para facilitar a obtenção de cor em cada tipo de tecido, e por este motivo, alguns corantes são absorvidos mais facilmente por determinadas fibras do que outros. Na tabela abaixo, são citados seis tipos de corante e seus respectivos usos. TABELA 6 CORANTES E SUAS ESPECIFICAÇÕES

Corantes e suas especificações para cada tipo de fibra

Corantes diretos

São os que proporcionam cores inalteráveis e duradouras sem o auxílio de produtos químicos. Um bom exemplo de corante direto é a casca de noz, que resulta em tons de marrom e preto.

Corantes a mordente

A maioria dos corantes naturais não se fixa satisfatoriamente nos tecidos se estes não forem tratados com os chamados mordentes. Os mordentes – a maioria de origem mineral, como o alúmen, os sais de ferro, o cromo ou os sais de estanho – fazem com que a tinta “morda” ou se fixe nos tecidos.

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TABELA 6 CORANTES E SUAS ESPECIFICAÇÕES

Corantes e suas especificações para cada tipo de fibra

Corantes a cuba O têxtil é mergulhado num banho contendo o derivado do corante, que é incolor. Em seguida, o têxtil é exposto ao ar para que a oxidação dê surgimento à cor.

Corante a cobre O têxtil é tratado num banho de sulfato de cobre. O processo resulta em tinturas resistentes à luz e a lavagens.

Corantes ácidos Tingem lã e seda num banho ácido.

Corantes na massa Em fibras químicas (tanto artificiais quanto sintéticas,

como o raiom e o náilon), a tintura é adicionada à massa líquida ou pastosa antes que ela seja transformada em fios.

Fonte: PEZZOLO, Dinah Bueno. Tecidos: história, tramas, tipos e usos. 4ª Ed. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2013.

3.2 Motivos e padrões

Os motivos são os temas principais em que a estampa do tecido se encaixa e o padrão é a técnica empregada para a obtenção da estampa. Estes podem ser adquiridos por diversas formas, da artesanal, que normalmente são desenhadas e pintadas à mão, até as técnicas mais sofisticadas do processo Jacquard, que tem este nome porque foi desenvolvido pelo mecânico Joseph Marie Jacquard no século XVIII para que pudesse otimizar os processos de estamparia por fio que eram feitos a mão. A técnica é feita do seguinte modo: O desenho da estampa é feito em um cartão perfurado, em seguida este é inserido no tear, os fios são selecionados e distribuídos de acordo com as cores e a ordem que serão empregados na tecelagem. As estampas, além de ajudar ao figurinista a contar a estória, pode muitas vezes realçar determinados desenhos ou esconder/disfarçar determinadas partes do corpo, a depender justamente da interação entre luz e figurino. Independente do processo adotado para estampagem em tecido, este permitiu que em um único artigo têxtil tivesse mais de uma cor, os tecidos decorados apresentam uma estória, uma região, país, classe social etc. Através dos motivos e das cores empregadas neles. O figurinista, normalmente trabalha com uma paleta de cores, onde no processo de criação ele cria um Moodboard, que é um painel de referência que ajuda a criar foco no projeto, define um estilo, organiza e traduz visualmente uma ideia, pode ser físico ou digital. Esse material vai apresentar as texturas, cores

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e formas, assim como mostras de tecidos. Tanto na moda como no figurino para o teatro e cinema é comum encontrar nos projetos, variados tipos de tecidos em uma única indumentária, o que torna a peça mais rica, dando diversas texturas e movimentos. Além de um tecido ter um desenho, a partir das cores pigmento e dos padrões que podem ser lisos, estampados e texturizados, há ainda outros processos no beneficiamento têxtil e que fazem parte dos acabamentos. Em algum momento, já ouvimos falar sobre tecidos crus, alvejados etc. Estes fazem parte do processo de finalização da matéria antes de chegar às mãos dos criadores. Segue abaixo uma tabela com os mais variados tipos de acabamentos, termos populares que também dão nomes e são utilizados pelos técnicos.

TABELA 7 TIPOS GERAIS DE PADRÃO TIPOS DE TRATAMENTOS X PADRÃO

TECIDOS CRUS Não sofrem acabamento a úmido após

serem tecidos.

TECIDOS ALVEJADOS Passam pelo processo de

alvejamento/branqueamento.

TECIDOS TINTOS Recebem uma coloração única em toda

sua extensão.

TECIDOS MESCLADOS

Resultam da mistura de fibras ou fios de diferentes colorações dispostos irregularmente.

TECIDOS ESTAMPADOS

Mostram desenhos obtidos por meio da aplicação de corantes em áreas específicas.

TECIDOS LISTRADOS

Apresentam listras que podem ser formadas, somente, pelo urdume ou pela trama.

TECIDOS XADREZES Mostram a combinação de listras formadas pelo urdume com listras formadas pela trama.

PEZZOLO, Dinah Bueno. Tecidos: história, tramas, tipos e usos. 4ª Ed. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2013.

Todos os motivos, padrões e os tipos de fibras serão levados em consideração na elaboração de um projeto de figurino, eles terão valores importantes para comunicar as características sociais do personagem, e deverão se adequar à paleta de cores geral do espetáculo, onde cenário, figurino, acessórios e luz trabalham com paletas de cores iguais ou complementares.

Referências

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